EDP e Gas Natural criam gigante ibérico. E na Europa?
É apenas um rumor que já foi desmentido pelas duas empresas. Mas uma junção da EDP com a Gas Natural iria dar à luz um dos maiores players do setor da energia no Velho Continente. Quanto vale a fusão?
Há rumores, há desmentidos, há análises e o negócio para uma eventual fusão entre a EDP e a Gas Natural foi o tema dominante dos mercados. A acontecer, estamos perante um gigante da energia na Península Ibérica. Mas não só. Esta utility ibérica seria também uma das maiores a atuar no continente europeu. Temos três gráficos que comparam a “nova empresa” com os maiores players do setor.
Quarta maior em capitalização bolsista
A italiana Enel e a espanhola Iberdrola são as maiores cotadas no setor elétrico europeu, apresentando capitalizações bolsistas na ordem dos 48,4 mil milhões e 43,3 mil milhões de euros, respetivamente. A fechar o pódio está atualmente a francesa Engie, com uma avaliação de mercado de aproximadamente 32,6 mil milhões de euros.
Agora a novidade: a empresa que resultar da fusão entre EDP e Gas Natural pode fixar uma avaliação de mercado de cerca de 31 mil milhões de euros, saltando diretamente para o quarto posto entre as maiores utilities do Velho Continente, de acordo com a soma das atuais capitalizações das duas empresas. À frente da francesa EDF, cujo valor de mercado está nos 27,6 mil milhões de euros.
Vêm aí o quarto gigante do setor europeu
Fonte: Bloomberg e BPI Research
O valor de mercado da nova utility luso-espanhola resulta da soma simples das avaliações de mercado da EDP e Gas Natural. A primeira vale cerca de 10,6 mil milhões. A segunda apresenta uma avaliação a rondar os 20,4 mil milhões.
Pódio nos lucros antes de impostos
A estimativa do BPI Research não contabiliza potenciais ganhos com sinergias resultantes da fusão. Mesmo assim, combinar os negócios de EDP e Gas Natural colocaria a nova empresa no último lugar do pódio no que toca a lucros antes de impostos e outras rubricas (EBITDA). Seria capaz de gerar um EBITDA de 8,7 mil milhões de euros num ano. Os analistas do Haitong e do BPI Research consideram que os portfolios das duas companhias se complementam. Ou seja, é positivo porque permitirá alargar o portfolio individual de cada empresa, mas é menos favorável à criação de sinergias dados não existir sobreposição de atividades.
“A entidade combinada terá maior escala e diversificação”, dizem os analistas Gonzalo Sánchez-Bordona e Flora Trindade, do BPI Research. “A nova empresa deverá ter 72% do seu EBITDA proveniente das atividades reguladas ou de produção contratada de longo prazo. (…) Deverá ter um rácio de dívida líquida/EBITDA de 3,1 vezes [que compara com o atual rácio de 3,5 vezes da EDP]”, adiantam ainda os analistas, estimando que a capacidade instalada combinada se situe nos 40.557 MW, para a qual as renováveis contribuem com 30% — a maior parte devido à exposição da EDP na EDP Renováveis.
Melhor desempenho na geração de resultados só mesmo a francesa EDP e a italiana Enel, que fecharam o ano passado com EBITDA de 17,3 mil milhões e 15,3 mil milhões de euros.
EDP/Gas Natural entra no pódio europeu do EBITDA
Fonte: Bloomberg e BPI Research
Impostos atiram fusão para quarto nos lucros
Os impostos em cada país pesam na atividade de cada empresa. E isso é vem evidente quando se resultado o resultado líquido. Neste parâmetro, a EDP/Gas Natural cai para o quarto lugar, com um lucro combinado de 2,4 mil milhões de euros, com as rivais Enel e Iberdrola ao alcance. Já a francesa EDF mantém a liderança: alcançou um lucro de 2,85 mil milhões de euros.
No ano passado, a EDP conseguiu lucrar 960 milhões de euros, enquanto a Gas Natural registou um lucro de 1,35 mil milhões de euros.
Lucro da EDP/Gas Natural sobe 2,4 mil milhões
Fonte: Bloomberg e BPI Research
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