Chamas já queimaram este ano mais de 316.000 hectares

  • Lusa
  • 17 Outubro 2017

Segundo o sistema da Comissão Europeia, só no domingo, o pior dia do ano em número de fogos, foram queimados quase 54.000 hectares.

Os incêndios já destruíram este ano em Portugal mais de 316.100 hectares, segundo o sistema da Comissão Europeia, que aponta para quase 54.000 hectares queimados só no domingo, o pior dia do ano em número de fogos.

Os dados disponíveis ao início da manhã de hoje no EFFIS – Sistema do Centro de Investigação Comum da Comissão Europeia, que apresenta áreas ardidas cartografadas em imagens de satélite, indicavam que só na zona do Pinhal Litoral, que abrange o Pinhal de Leiria, arderam no domingo e na segunda-feira 11.394 hectares.

Depois desta, a maior área destruída pelas chamas que deflagraram no domingo foi na região do Pinhal Interior Norte, que abrange os concelhos de Penacova e Arganil, entre outros, onde arderam mais de 16.000 hectares, segundo o EFFIS.

Se aos incêndios de domingo se juntarem os que deflagraram no sábado e na segunda-feira, o EFFIS apresenta um total superior a 64.000 hectares ardidos.

O país da União Europeia que mais se aproxima de Portugal em área ardida é a Itália, que apresenta um total de 133.526 hectares ardidos, menos de metade do território português.

O último relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), com dados até final de setembro, indicava que os incêndios florestais tinham queimado este ano mais de 215 mil hectares, o valor mais elevado dos últimos 10 anos.

Só os grandes incêndios (mais de 100 hectares) foram responsáveis por quase 90% do total de área ardida, segundo o ICNF.

Segundo os dados do ICNF, os piores anos de sempre em área ardida registaram-se em 2003 (425.839 hectares) e 2005 (339.089).

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Correia de Campos: “Mudança no PSD dá um certo conforto para pactos”

  • ECO
  • 17 Outubro 2017

Correia de Campos prevê mais margem para o entendimento entre o Governo e a oposição. "Provavelmente haverá outras cedências à direita", diz.

O presidente do Conselho Económico e Social (CES), Correia de Campos, acredita que a mudança na liderança do PSD trará “um certo conforto para pactos”. Acredita em mais cedências à direita mas não critica as cedências à esquerda.

“Acho que é possível um entendimento com todos os candidatos. As declarações de ambos são comuns numa aproximação ao centro, isso significa implicitamente que há uma vontade de um certo conforto para pactos”, diz o presidente do CES em entrevista ao Negócios (acesso pago). Sem nomear, observa que ambos os candidatos à liderança do PSD, Rui Rio e Santana Lopes, já demonstraram antes “vontade de diálogo e colaboração” — um, por ter “quase uma relação de amizade” com o primeiro-ministro”, outro, por ser alto-dirigente de uma administração do Estado.

"Acho que é possível um entendimento com todos os candidatos. As declarações de ambos são comuns numa aproximação ao centro, isso significa implicitamente que há uma vontade de um certo conforto para pactos”

Correia de Campos

presidente do Conselho Económico e Social

Para além da vontade de diálogo dos candidatos social-democratas, Correia de Campos acredita que o Governo também terá em atenção a vontade do partido da oposição. “Provavelmente haverá outras cedências à direita. Não se pode dizer que sejam cedências num só sentido“, diz.

Na opinião do presidente do CES, contudo, o papel do PSD como oposição tem deixado algo a desejar. “Eu não critiquei a oposição nestes dois últimos anos por não ser oposição, critiquei-a por não ter forçado o Governo a pensar estrategicamente“.

"Eu não critiquei a oposição nestes dois últimos anos por não ser oposição, critiquei-a por não ter forçado o Governo a pensar estrategicamente.”

Correia de Campos

presidente do Conselho Económico e Social

 

Já em relação aos parceiros do Governo, nomeadamente, o PCP, “não conhecemos o jogo negocial nem as contrapartidas“. Entende que o aumento do salário mínimo para 600 euros em 2018 “não terá grande viabilidade do ponto de vista político nas negociações” pelo que atuará sobretudo como uma “arma negocial”.

Este não é, portanto, um OE do BE e do PCP, diz Correia de Campos. “O Governo comprometeu-se a repor uma situação anterior e parece-me indiscutível que isso devia ter sido feito, defende. O “caminho de recuperação de rendimentos era absolutamente essencial”.

A crítica recai sobre as reformas da administração pública, que eram “importantes” e nas quais o Governo deveria “ter pensado um pouco mais”, também estimulado pela oposição. Agora, o Governo “vai a tempo” de fazer alterações mais escalonadas, nomeadamente na área da saúde, mas “com mais custo”, alerta o presidente do CES. Algo “como o Governo está a fazer muito bem neste aumento de pensões”, assinala.

Quanto às alterações previstas no Orçamento do Estado de 2018, Correia de Campos comenta: “É uma ilusão pensar-se que as regras fiscais têm de ser sempre absolutamente estáveis e imutáveis”. À luz da recente evolução do país parece impossível “fixismo ou rigidez fiscal”, defende.

Neste momento as perspetivas exigem mais rigor. E exigem um pouco mais cabeça fria.

Correia de Campos

presidente do Conselho Económico e Social

A subida da taxa de IRC aparece a Correia de Campos como um mal necessário: “Não me parece que isso seja muito saudável, mas até admito que isso faça parte to toma lá dá cá, da pequena negociação e do compromisso que é necessário estabelecer”.

Face a todas as alterações políticas e económicas, “Neste momento as perspetivas exigem mais rigor. E exigem um pouco mais cabeça fria” porque talvez não em 2018 mas pelo menos em 2019, Correia de Campos prevê um arrefecimento no crescimento da economia. “Neste momento é necessário, penso eu, a meio do ciclo político, ter alguma cabeça fria e saber o que se deve fazer realmente e olhar um pouco mais para o futuro. Porque em breve, acredita, “as exigências vão aumentar”.

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Tensão política ameaça rating da Catalunha, alerta a S&P

  • Lusa
  • 17 Outubro 2017

A agência de notação financeira alerta que a região poderá ver penalizada a sua avaliação caso avance para a independência. Afasta um cenário de corte do rating de Espanha.

A agência de notação financeira Standard & Poor’s (S&P) diz que a tensão na Catalunha pode descer o rating da região, mas não o de Espanha, e que a independência, mesmo que declarada, não deverá ser consumada.

“Não acreditamos que a independência da Catalunha vá ocorrer, apesar das declarações do Governo da Catalunha na terça-feira passada, que implicavam uma declaração unilateral de independência, que foi suspensa imediatamente a seguir”, escrevem os analistas do crédito soberano da S&P num comentário sobre este acontecimento.

Sobre a dúbia declaração do presidente da região autónoma da Catalunha, a S&P salienta que “em qualquer caso, a independência é definida não apenas pela maneira como um território se vê a si próprio, mas também pela maneira como é visto pelos outros” e aponta que “uma Catalunha soberana não seria reconhecida por um número significativo de governos nacionais, e certamente não pelos Estados-membros da União Europeia”.

Sobre a avaliação da qualidade do crédito soberano da região e do país, a S&P afirma: “Apesar de a recente escalada de tensões entre o Governo e a região poder levar a um impasse constitucional, não esperamos que a situação vá, por si própria, levar a uma descida dos ‘ratings’, com a exceção da Catalunha, cuja notação de B+ foi colocada em revisão negativa a 4 de outubro”.

Sobre Espanha, a agência de notação financeira diz que “a Perspetiva de Evolução [‘Outlook’] continua positiva, refletindo a expectativa de que os fundamentos da economia de Espanha continuem a fortalecer-se”.

O Fundo Monetário Internacional prevê um crescimento de 3,1% para este ano, praticamente em linha com os 3,2% que a Espanha cresceu no ano passado, mas deverá abrandar para 2% até final da década.

O perigo, do ponto de vista dos credores e investidores, é que “um período mais extenso de tensões políticas exacerbadas pode deprimir a confiança dos empresários e consumidores, causando um forte abrandamento na Catalunha e, potencialmente, perturbando os negócios em Espanha”.

O processo independentista da Catalunha entrou num novo momento crítico na sequência da realização, a 01 de outubro, de um referendo pela soberania na região, considerado ilegal pela justiça espanhola. Na consulta – organizada pelo governo regional e dirigido apenas aos catalães, o que contraria a Constituição – o “sim” ganhou com 90% dos votos, mas os resultados não foram certificados por entidades independentes.

A votação ficou marcada por cargas policiais da Guardia Civil e da Polícia Nacional espanhola, que visavam impedir o referendo, uma vez que a grande maioria dos agentes da polícia regional catalã, os Mossos d’Esquadra, não cumpriu uma ordem nesse sentido do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha.

Foram apresentadas várias queixas contra os Mossos d’Esquadra, considerando que a polícia regional agiu como “polícia política” a mando da Generalitat (governo regional), que defendia não só a realização do referendo ilegal como a resposta “sim” no mesmo.

Na sequência da votação, o presidente do governo regional fez uma declaração no parlamento local, que muitos entenderam como uma declaração de independência suspensa logo de seguida, à espera de negociações com Madrid.

O Governo espanhol respondeu pedindo esclarecimentos sobre se realmente foi declarada a independência, e estendeu o prazo até quinta-feira para Charles Puigdemont esclarecer se declarou ou não a independência da região.

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EDP volta a pressionar bolsa. BCP trava queda do PSI-20

A bolsa nacional continua a desvalorizar, mantendo a tendência negativa da primeira sessão da semana. A EDP, que afundou na última sessão, mantém o sinal negativo, levando o índice a cair.

A EDP continua a perder valor em bolsa. A revisão regulatória está a levar a elétrica nacional a recuar, levando o índice de referência da bolsa nacional a recuar. Com esta queda, a praça nacional está a contrariar a tendência positiva das restantes bolsas europeias.

O PSI-20 arrancou a sessão a cair 0,06% para 5.449,21 pontos, depois de ter recuado 0,1% na sessão anterior. Numa sessão que está a ser de ganhos na generalidade dos índices europeus, Lisboa está a perder valor, recuando 0,18%.

As ações da elétrica nacional perderam 3,51% na sessão desta segunda-feira, para 2,99 euros. Com isto, a EDP viu a sua capitalização bolsista emagrecer 387,6 milhões de euros, para 10,96 mil milhões, tendência que se mantém nesta sessão. As ações recuam 0,67% para 2,98 euros.

Em relação à REN, com a queda de 2,58% para 2,68 euros na primeira sessão da semana, o seu valor de mercado reduziu-se em 45,9 milhões de euros, para um total de 1,4 mil milhões. Os títulos da empresa recuam 1,04% para 2,65 euros, também penalizados pelas alterações regulatórias da ERSE.

Ainda no setor energético, a Galp Energia cede 0,03%, já o comportamento dos restantes pesos pesados está a impedir uma descida mais expressiva da bolsa nacional. A Jerónimo Martins está a valorizar 0,2%% para 15,76 euros. A Sonae segue inalterada.

O BCP é o título que mais contribui para travar a pressão vendedora no setor energético. As ações do banco liderado por Nuno Amado seguem a valorizar 0,7% para cotarem nos 25,90 cêntimos.

(Notícia atualizada às 8h20 com mais informação)

 

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Pressão na Catalunha leva Governo espanhol a rever em baixa previsão para o crescimento

O impasse em torno da independência da Catalunha obrigou Madrid a rever em baixa a projeção para o crescimento. Prevê agora uma expansão de 2,3% quando antes contava com uma subida de 2,6%.

Como esperado, o Governo reduziu a previsão para o crescimento no próximo ano. Um corte que já tinha sido sinalizado pelo Governo espanhol, numa altura em que se mantém a incerteza em torno da independência da Catalunha. Depois de um referendo, a região autónoma suspendeu os efeitos de uma declaração de independência à espera de diálogo com o Governo de Mariano Rajoy.

A economia de Espanha vai crescer 2,3% no próximo ano em vez de 2,6%, como estava previsto, afirmou o Ministério das Finanças espanhol num comunicado enviado por email e citado pela Bloomberg. O ministério justifica a sua decisão com o impacto do impasse político na Catalunha, que é responsável por um quinto do crescimento de Espanha.

Esta escalada da crise política acabou mesmo por levar o Tribunal Nacional em Madrid a ordenar a prisão de dois líderes separatistas catalães. Esta segunda-feira, a juíza Carmen Lamela deu ordem de prisão a Jordi Sanchez e Jordi Cuixart, líderes de dois grupos que lideraram a campanha da independência da Catalunha, por suspeitas de sedição. Já Josep Lluis Trapero, chefe da polícia catalã, teve de entregar o seu passaporte e ficou obrigado a comparecer no tribunal em Madrid de duas em duas semanas.

“Infelizmente, temos novamente presos políticos”, disse o Presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, no Twitter. “Estão a tentar prender ideias, mas tornam a necessidade de liberdade ainda maior”, acrescentou.

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Economistas pedem ajuste estrutural maior ao Governo

  • Lusa
  • 17 Outubro 2017

Os economistas consideram que o cenário económico previsto pelo Governo de António Costa em 2018 é "razoável". Mas alerta que deveria haver um ajustamento estrutural da economia "mais ambicioso".

Os economistas contactados pela Lusa consideram que o cenário macroeconómico esperado pelo Governo para 2018 “é razoável” e “realista”, alertando, no entanto, que seria desejável apontar para um ajustamento estrutural da economia portuguesa “mais ambicioso”.

Na sexta-feira, o Governo apresentou no Parlamento a proposta de Orçamento do Estado para 2018 (OE2018), em que antecipa um défice de 1% e um crescimento de 2,2% no próximo ano, tendo também melhorado as projeções para 2017, esperando um défice de 1,4% e um crescimento económico de 2,6%.

Para o professor da Universidade Católica João Borges Assunção, o facto de “a conjuntura económica estar tão mais favorável este ano do que em anos anteriores (…) torna as perspetivas para o ano de 2018 mais risonhas do que era habitual” e o exercício orçamental “relativamente simples” face a anos anteriores.

O académico considera que as previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano e do próximo ano parecem “bastante razoáveis” e diz que o cenário macroeconómico, “pela primeira vez em muito tempo”, é “relativamente confortável e risonho”. Também Rui Bernardes Serra, economista-chefe do Montepio, afirma que “o cenário de partida para o próximo ano é favorável” e “não é excessivamente otimista”.

Setor financeiro “continua a ser um grande peso”

No entanto, a economia portuguesa continua a enfrentar desafios, com o professor da Universidade Católica a referir que “o setor financeiro continua a ser um peso grande” e que “continuam a ser incertos os custos com o sistema financeiro este ano e os custos no próximo ano”. Borges Assunção alerta para que também o investimento poderá vir a ser um problema, sublinhando que “não é claro ainda se o bom crescimento do investimento este ano, que será de entre 7% e 8%, se mantenha a um ritmo elevado e se deixar de crescer isso é um risco grande”.

Quanto às perspetivas para as finanças públicas, o professor da Universidade Católica diz que a redução do défice em 2018 “parece ser muito inferior ao que seria adequado”, tendo em conta que “ainda é preciso consolidação orçamental”.

O economista afirma que “seria importante o Governo comprometer-se” com um ajustamento estrutural superior, “na ordem dos 0,5% a 0,6% em termos de défice estrutural”, que exclui os efeitos do ciclo económico e de medidas extraordinárias, sublinhando que “não parece haver medidas dessa ordem de grandeza”.

Medidas do OE2018 aumentam a despesa

Além disso, o professor aponta que as medidas mais emblemáticas da proposta de OE2018 aumentam a despesa (o descongelamento das carreiras na função pública) e reduzem a receita (as alterações no IRS), alertando para que “não é claro que haja folga para isso”, ainda que seja “compreensível que se faça alguma coisa” neste sentido.

João Borges Assunção reconhece que “é legítimo” que o Governo tome estas opções, mas deixa um aviso: “É fácil ao Governo dar estas prendas num ano. Mas depois, se for preciso tirar estas prendas, ninguém vai achar que são prendas, todas as pessoas vão achar que são direitos permanentes adquiridos”.

Para o professor faria mais sentido dirigir a folga orçamental para “medidas que fossem vistas sempre como pontuais, que não fossem aumentos permanentes de despesa, mas projetos de despesa”.

“Não me parece um bom conselho, mas se o Governo quiser gastar – e tem legitimidade para isso – pelo menos que gastasse numa despesa que não fosse rígida. Por exemplo, prémios em vez de aumentos de remuneração”, disse, advertindo que, “se for [um aumento de despesa] permanente, vai ficar protegido pelo sistema jurídico português e já se sabe o que é que isso quer dizer”.

No mesmo sentido, Rui Bernardes Serra considera que, “do ponto de vista social, faz algum sentido que o Governo tente recuperar os rendimentos e o próprio nível de fiscalidade que existia no período pré-crise em Portugal”.

No entanto, alerta para que “é necessário também transmitir aos mercados, às agências de ‘rating’ e aos investidores em dívida pública portuguesa um compromisso com uma consolidação orçamental no médio prazo”.

Dívida pública continua elevada

É que Portugal continua a ter “uma das dívidas públicas em percentagem do PIB [Produto Interno Bruto] mais elevadas entre as economias desenvolvidas” e, por isso, “a consolidação orçamental é algo que deverá estar sempre em cima da política económica nos próximos anos”.

O economista do Montepio sinaliza que “uma das medidas que deu um sinal menos positivo foi a previsão da redução do excedente primário“, que exclui os encargos com a dívida, em 0,1 pontos percentuais, para 2,6% do PIB em 2018. Isto porque, explicou, a partir de 2019, “com a expectável subida dos juros do Banco Central Europeu”, o efeito dos juros “passará a ser uma fatura” e não uma poupança, como se espera que seja no próximo ano.

Questionado sobre como deverá a Comissão Europeia acolher o Orçamento português, Bernardes Serra admite que “vai haver algumas discussões sobre o que é uma redução estrutural do défice”, mas, de um modo geral, “deverá aprovar as medidas propostas pelo Governo”.

Borges Assunção, por seu lado, considera que, “se [Bruxelas] verificar – como é possível – que a variação do saldo estrutural é substancialmente inferior aos 0,5% a 0,6% recomendados (…) pode fazer um reparo”. No entanto, antecipa que, “dado o traço geral da melhoria da situação económica em Portugal”, essa recomendação “não venha na forma de um combate” e que seja apenas “de bom senso”.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • Juliana Nogueira Santos
  • 17 Outubro 2017

É dia de comissão da Caixa Geral de Depósitos e de apresentação de dois dos maiores bancos norte-americanos. É também conhecida a taxa de inflação da Zona Euro para setembro.

Esta terça-feira é dia de comissão da Caixa Geral de Depósitos e de apresentação de dois dos maiores bancos norte-americanos. É também conhecida a taxa de inflação da Zona Euro e do Reino Unido relativamente a setembro. No Reino Unido, o governador do Banco da Inglaterra, Mark Carney, vai apresentar-se pela primeira vez perante os deputados após a votação do Brexit. Estes e outros acontecimentos que vão marcar o dia.

Apresentação das notas finais sobre a CGD

Nesta segunda comissão da Caixa Geral de Depósitos, os deputados vão discutir as conclusões relativamente às condições de contratação e demissão de António Domingues para a administração do banco público. No centro da polémica está a recusa deste em apresentar as declarações de rendimentos e património ao Tribunal Constitucional, uma obrigação da qual julgava estar isento devido a um acordo mutuo com o Governo. O relatório desta comissão conclui que o acordo nunca existiu e que Domingues se guiou por “pressupostos que julgava por adquiridos”. O documento vai ser apresentado pelo relator Luís Testa, deputado socialista.

Vítor Constâncio e Carlos Costa falam em Lisboa

O vice-presidente do Banco Central Europeu volta a Lisboa para debater os principais desafios à estabilidade financeira e à política macroprudencial. Vítor Constâncio estará presente na conferência “Estabilidade Financeira”, organizada pelo Banco de Portugal, onde estarão reunidos reguladores, supervisores financeiros e académicos. A sessão de boas-vindas e a nota de abertura vão ficar a cargo de Carlos Costa, governador do regulador da banca.

Carney estreia-se perante o parlamento britânico após o Brexit

O governador do Banco de Inglaterra, Mark Carney, vai apresentar-se perante o parlamento europeu pela primeira vez após a votação de junho de 2016. Após a maioria dos britânicos ter decidido pedir o divórcio da União Europeia, Carney poderá dar algumas pistas relativas ao caminho a seguir no que diz respeito à política monetária no período pós-Brexit.

Como avançaram os preços em setembro?

Terça é dia de saber como avançaram os preços em setembro não só na Zona Euro como também no Reino Unido. No mês passado, a taxa de inflação anual da Zona Euro acelerou para os 1,5%, num mês tradicionalmente de férias. Estes dados divulgados pelo Eurostat representavam uma reaproximação ao nível de crescimento dos preços verificado nos primeiros meses do ano, bem como ao objetivo fixado pelo Banco Central Europeu.

Bancos norte-americanos apresentam resultados

Esta terça-feira é dia de dois dos maiores bancos norte-americanos — o Morgan Stanley e o Goldman Sachs — apresentarem os seus resultados relativos ao terceiro trimestre do ano. Os bancos continuam à espera de uma decisão da Reserva Federal relativamente à taxa de juro diretora, que poderá estar para dezembro, como se pode ler nas minutas da última reunião. Junta-se também a estes gigantes a Johnson & Johnson e a tecnológica IBM.

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Subsídio de Natal volta a trocar contas dos pensionistas no início do ano

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 17 Outubro 2017

O subsídio de natal vai ser pago por inteiro em 2018, caindo a lógica de duodécimos. Tal como este ano, é de esperar que o rendimento disponível comece por descer, para depois crescer.

À semelhança do que aconteceu em 2017, também em 2018 os pensionistas deverão contar com uma redução do rendimento líquido no início do ano face ao valor a que estavam habituados. Mas isto não quer dizer que a pensão vá encolher: aliás, no conjunto do ano, é de esperar que todos saiam a ganhar. A alteração acontece porque o Governo decidiu regressar ao regime normal de pagamento do subsídio de Natal: em 2018, esta prestação vai ser paga por inteiro no final do ano.

O que muda então? Este ano, metade do subsídio de Natal tem vindo a ser distribuída por duodécimos e os restantes 50% serão pagos em novembro no caso da Caixa Geral de Aposentações (CGA) e, em dezembro, no caso da Segurança Social. Se em 2018 os duodécimos desaparecem — e o subsídio de Natal volta ao regime normal de pagamento, por inteiro, no final do ano — é de esperar que o rendimento líquido destas pessoas caia no início do ano mas recupere no final. Porém, também é preciso saber se há alterações nas tabelas de retenção na fonte de IRS que possam ter impacto positivo em alguns níveis de rendimentos.

No conjunto do ano, todos saem a ganhar: as pensões vão ser atualizadas em janeiro tendo por base os mecanismos previstos na lei e o Governo já indiciou que a economia terá avançado o suficiente no terceiro trimestre (pelo menos 2,44%) para que os aumentos sejam agora mais significativos, o que, somado à inflação mais elevada, atira o primeiro escalão das reformas — a maioria — para subidas que poderão rondar 1,7% (se assumirmos que a inflação relevante para o cálculo fica em 1,2%). As pensões mais altas têm aumentos inferiores mas também são atualizadas, ao contrário do que era habitual. E em agosto, está prometido novo aumento, desta vez por pensionista, mas apenas na medida do necessário para completar uma subida mínima de seis ou de dez euros, incorporando já a atualização de janeiro.

Como foi este ano?

Já este ano se verificou o mesmo movimento: o valor que chegou às contas dos pensionistas foi mais baixo em janeiro face aos meses de 2016, mesmo num cenário em que a maioria das pensões aumentou logo 0,5%. Foi este o resultado da transição entre um subsídio inteiro em duodécimos (em 2016) e o faseamento de apenas 50% da prestação (em 2017). Portanto, os reformados têm vindo a receber menos face a 2016 mas no conjunto do ano não saem a perder e, aliás, a maioria até ficará a ganhar: além da atualização de 0,5% em janeiro nas pensões até 842,63 euros, os pensionistas que, no total, recebiam até 631,98 euros, também tiveram aumento extra em agosto. No início do ano, o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social fez um conjunto de simulações para explicar aos pensionistas o impacto das mudanças.

Nos novos cálculos há, assim, alterações a ter em conta: em 2017, a atualização de janeiro foi de apenas 0,5% e só abrangeu o primeiro escalão de pensões; em 2018, todos os escalões deverão são aumentados, com especial impacto nas reformas mais baixas, que vão subir acima da inflação. Este crescimento mais elevado ajuda a mitigar o efeito da perda do duodécimo.

Além disso, há medidas de alívio fiscal, e é preciso conhecer as novas tabelas de retenção na fonte para perceber se podem vir a ter algum impacto no rendimento líquido dos pensionistas logo no início do ano, ainda que uma parte significativa já esteja sujeita a taxa zero. Também já se sabe que o Bloco de Esquerda vai insistir num complemento de reforma para os pensionistas que foram afetados pelo fator de sustentabilidade agravado a partir de 2014.

O que muda no rendimento líquido? Numa pensão de 500 euros, por exemplo, o pensionista recebe hoje 520,83 euros mensais, já que 20,83 euros correspondem ao duodécimo do subsídio de natal. A isto acresce, na altura correspondente, o subsídio de férias e, no final do ano, 50% do subsídio de Natal. Se assumirmos que esta pensão tem um aumento de 1,7% em janeiro de 2018, o reformado ficará a ganhar 508,5 euros, já que o subsídio de Natal deixa de ser pago em duodécimos. O rendimento disponível é assim mais baixo face ao valor habitual deste ano, ainda que a comparação não possa ser feita diretamente com o mês dezembro, já que, nessa altura, os pensionistas (da Segurança Social) vão receber ainda metade do subsídio de Natal — este ano, era possível comparar diretamente o rendimento de janeiro de 2017 e de dezembro de 2016 porque todo o subsídio de Natal estava em duodécimos naquela altura.

Na Função Pública, os duodécimos também desaparecem, mas neste caso é preciso ter em conta o efeitos do descongelamento das progressões, além das mexidas no IRS.

O regresso ao regime normal de pagamento de subsídios em 2018 já estava previsto no Orçamento do Estado (OE) para 2017. E isto mantém-se, já que o OE para 2018 não introduz qualquer norma transitória sobre o assunto, como vinha acontecendo nos últimos anos. O pagamento em duodécimos foi introduzido em 2013, e foi a forma de atenuar a perceção do enorme aumento de impostos anunciado na altura. No ano passado, o Governo começou a mudar esta lógica: em 2017, só metade (e não 100%) do subsídio de natal foi distribuído ao longo do ano e este ano é concretizado o regresso ao regime normal.

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Altice mais voltada para Portugal e com vontade de investir

A dona da PT/Meo assumiu compromissos que reforçam a ligação ao país, como a criação de emprego qualificado, a continuidade do investimento e mais casas com cobertura de fibra ótica.

A Altice está in love com Portugal — ou, pelo menos, é essa a imagem que quer passar. O grupo que detém a Meo juntou vários jornalistas em Lisboa num encontro com altos cargos da empresa, onde assumiu vários compromissos que reforçam a atividade da multinacional em território português.

É na capital portuguesa que o grupo realiza, este ano, o seu Encontro Mundial de Líderes. Por outras palavras, centenas de altos cargos executivos da companhia, vindos de diversas geografias, estão reunidos em Lisboa, incluindo o fundador Patrick Drahi, numa atividade anual que serve para acertar agulhas ao nível estratégico e de operações. A área do encontro é o Parque das Nações, mais propriamente a Meo Arena que, desde esta segunda-feira, se chama Altice Arena, anunciou Cláudia Goya, presidente executiva.

Depois de fazer um balanço sobre a situação dos incêndios, a líder da PT/Meo passou a palavra a Michel Combes, presidente executivo do grupo. Sobre os compromissos, Combes indicou que a PT é “uma forte empresa irmã para todos os ativos” do grupo, sublinhando a importância do Altice Labs em Aveiro na inovação e na tecnologia desenvolvidas pela empresa. É, como a Altice indica tantas vezes, o polo de inovação do grupo para todos os mercados em que opera.

Por isso, para Combes, o encontro representa “uma boa oportunidade” para explicar os compromissos da Altice para com o país e, também, para transmitir internamente a forma como a empresa espera “executar a estratégia de convergência entre telecomunicações, media e publicidade”.

Empresa de braço dado com o investimento e os conteúdos

Cláudia Goya retomou para assumir os tais compromissos. Desde logo, “a Altice está comprometida em investir no país, massivamente, em redes e infraestruturas de futuro”. Reiterou ainda o objetivo de chegar às 5,3 milhões de casas com fibra ótica até 2020 e de implementar o 5G, a nova geração de rede móvel. Além disso, garantiu que, desde que a PT foi comprada pela Altice, o grupo já investiu no país mais de mil milhões de euros.

Outro compromisso é a exportação de tecnologia e conhecimento made in Portugal, assim como na promoção do empreendedorismo e na abertura de portas lá fora às startups portuguesas. “A Altice vai implementar fibra made in Portugal em todos os territórios [em que opera] já a partir do próximo ano”, disse.

Por fim, a empresa mostrou-se ainda comprometida na “promoção da criação dos melhores conteúdos em português”, numa altura em que está em curso o processo de compra da Media Capital, dona da TVI e que também detém a produtora Plural.

“É importante para nós estarmos comprometidos com a criação e conteúdos não só portugueses mas em Portugal. Acreditamos que sabemos fazê-los”, disse Cláudia Goya aos jornalistas. E reiterou que isso será feito da “forma ética e plural” com que, diz, o grupo trabalha “todos os dias”. “É desta forma que pretendemos olhar para os conteúdos portugueses feitos em Portugal”, concluiu.

Na lista dos compromissos está ainda a criação de “emprego qualificado” no país, nomeadamente 4.000 empregos em call centers, 2.000 empregos “diretos e indiretos” na expansão da rede de fibra ótica e a contratação de meio milhar de jovens recém-licenciados até 2020 para funções como cientistas de dados ou analistas, entre outras.

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Acusada de despedir trabalhadores, Altice quer criar mais empregos

A Altice vai contratar nos próximos anos, disseram responsáveis da empresa aos jornalistas esta segunda-feira. Acontece ao mesmo tempo em que é acusada de despedir trabalhadores na PT.

A Altice quer criar mais empregos em Portugal e vai contratar, numa altura em que é acusada de fazer precisamente o oposto na PT/Meo. Responsáveis do grupo reuniram-se esta segunda-feira com jornalistas em Lisboa para anunciar uma série de compromissos para com o país — entre eles, a “criação de emprego qualificado em Portugal”.

Concretamente, a empresa estabeleceu como metas a criação de 4.000 empregos em call centers, 2.000 empregos “diretos e indiretos” na expansão da rede de fibra ótica e na contratação de 500 jovens portugueses recém-licenciados até 2020, em novas profissões como cientistas de dados e analistas.

“É muito importante estarmos comprometidos com o desenvolvimento de novas competências”, disse Cláudia Goya, líder da PT/Meo, apontando para a transformação digital que está cada vez mais acelerada e deverá ter largo impacto no mercado de trabalho.

"É muito importante estarmos comprometidos com o desenvolvimento de novas competências.”

Cláudia Goya

Presidente executiva da PT/Meo

Estas declarações acontecem numa altura em que a empresa está debaixo de fogo dos sindicatos. Estes acusam a empresa de estar a realizar um “despedimento coletivo encapotado”, recorrendo à figura da transmissão de trabalhadores para outras empresas do grupo ou parceiras. Um relatório da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), divulgado pelo ECO em primeira mão, aponta para 150 infrações na empresa ao nível do trabalho — entre elas, trabalhadores sem funções e situações de assédio moral –, mas não foi capaz de encontrar provas desse alegado despedimento.

Sobre o tema, Armando Pereira, cofundador do grupo Altice e braço direito de Patrick Drahi, defendeu-se: “Os postos de trabalho que criamos aqui são muitos mais do que aqueles que dizem que estamos a transferir.” E reiterou que, apesar de haver pessoas a serem transferidas para outras empresas, isso “não quer dizer” que “fiquem sem trabalho”.

"Os postos de trabalho que criamos aqui são muitos mais do que aqueles que dizem que estamos a transferir.”

Armando Pereira

Cofundador do grupo Altice

Aponta ainda o dedo à ACT, que diz acusar a Altice de não dar funções a muitos funcionários. “A inspeção do trabalho vem ter connosco e diz que temos de encontrar trabalho [para quem não tem funções. Podíamos chamá-las, mas não temos trabalho para elas.” Recentemente, o jornal Público [acesso condicionado] avançou que a empresa convidou trabalhadores sem funções a ficarem em casa a partir desta segunda-feira e até 15 de janeiro, dispensando-os do deve de deslocação ao emprego, até ser encontrada uma solução.

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Altice em silêncio na véspera da decisão da ERC sobre a TVI

Num encontro com jornalistas, altos cargos da PT/Meo e da Altice recusaram fazer qualquer comentário sobre a compra da Media Capital. ERC tem até terça-feira para se pronunciar.

Armando Pereira, Cláudia Goya e Michel Combes num encontro com jornalistas esta segunda-feiraPaula Nunes / ECO

A Altice não quis comentar o negócio da compra da Media Capital que, esta terça-feira, deverá conhecer uma nova página: a da decisão do regulador dos media que ditará se o negócio segue os seus trâmites ou morre nos termos em que é proposto. Num encontro com jornalistas esta segunda-feira, que contou com a presença de nomes de peso do grupo, a palavra de ordem foi ‘silêncio’.

Esta terça-feira é esperado que a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) se pronuncie acerca desta operação, mas não será tarefa fácil. O regulador tem nas mãos o poder de chumbar o negócio ou deixá-lo seguir para a avaliação final da Autoridade da Concorrência (AdC), mas a existência de duas cadeiras vazias no conselho regulador obriga-a à unanimidade para que possa emitir uma decisão. No entanto, um acordo entre os três membros da ERC em funções parece distante.

Questionado sobre o que espera da decisão da ERC, cujo prazo para emissão termina esta terça-feira, Michel Combes, presidente executivo da Altice, escusou-se a fazer qualquer comentário sobre o negócio. “Há um processo regulatório que está em curso. Não esperem que comente um processo regulatório neste palco”, atirou o chefe do grupo a nível internacional. Atitude seguida também por Cláudia Goya, líder da PT/Meo, e Armando Pereira, cofundador da Altice e o braço direito do multimilionário Patrick Drahi, dono da multinacional.

O negócio, através do qual a maior telecom do país em quota de mercado passa a deter o maior grupo de media português, está avaliado em 440 milhões de euros. Tem sido fortemente criticado pela concorrência, quer do lado das telecomunicações, quer do lado do setor dos media. Caso a ERC emita um parecer negativo, a operação não deverá avançar. Mas a falta de parecer poderá ditar que o negócio avance, por falta de capacidade da ERC de se pronunciar sobre o mesmo.

Há um processo regulatório que está em curso. Não esperem que comente um processo regulatório neste palco.

Michel Combes

Presidente executivo da Altice

A última posição conhecida da Altice, porém, partiu do próprio Michel Combes. Numa nota enviada à comunicação social por email, o líder da Altice disse: “A Altice tem plena confiança no processo de compra da Media Capital e nas instituições de regulação portuguesas. Confiamos que as suas decisões serão tomadas com base em factos e méritos. Francamente, temos ficado surpreendidos com a pressão indevida e infundada sobre os Reguladores orquestrada pelos nossos concorrentes e pelas suas insinuações públicas.

E acrescentou: “Como detentora de diversos órgãos de comunicação social muito respeitados (…), a Altice tem um grande historial e currículo de independência editorial e comprometimento com a qualidade.”

Na última sexta-feira, o ECO revelou em primeira mão que a Altice escreveu uma carta à AdC onde garante que quer manter a sua plataforma aberta aos concorrentes — contrariando as preocupações da concorrência de que o grupo possa fechar o acesso a canais como a TVI24. A carta foi enviada pouco depois do parecer não vinculativo emitido pela Anacom, que recomendou que a operação da compra da Media Capital pela Meo não deve avançar nos termos em que foi proposta.

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OE contempla seis vezes a palavra incêndio

Em 276 páginas, Pedrógão Grande não é refererido no documento. Mas o Orçamento fala na recuperação das áreas ardidas, de uma forma geral.

Numa altura em que o país está em estado de choque com mais um fim de semana trágico em termos de incêndios, e depois da apresentação do Orçamento do Estado, o ECO foi ver o que diz o documento sobre incêndios.

A palavra ‘incêndio’ aparece seis vezes no Orçamento de Estado, depois dos mais de 500 fogos registados no domingo, e de mais 36 mortes, que acontecem quatro meses após a tragédia de Pedrógão Grande — totalizando uma centena de mortes.

O que dizem as mais de 276 páginas do OE sobre incêndios?

Numa pesquisa do documento, a palavra ‘incêndio’/’incêndios’ e ‘fogos’ surge seis vezes. Já as palavras ‘combate’ e ‘prevenção’, referente a fogos florestais, aparecem referidas três e uma vezes, respetivamente.

O artigo 78ª do OE fala em despesas urgentes e inadiáveis. “Excluem-se do âmbito de aplicação do disposto no artigo 9º do decreto lei nº 127/2012, de 21 de junho, na sua redação atual, as despesas urgentes e inadiáveis a efetuar pelos municípios quando resultantes de incêndios ou catástrofes naturais e cujo valor, isolada ou cumulativamente, não exceda o montante de 100 mil euros”.

Mais à frente, fala-se em específico na região da Serra da Estrela. “O IRS não incide sobre as compensações e subsídios, referentes à atividade voluntária, postos à disposição dos bombeiros pela Autoridade Nacional de Proteção Civil, Municípios e Comunidades Intermunicipais e pagos pelas respetivas entidades detentoras de corpos de bombeiros, no âmbito do dispositivo especial de combate a incêndios florestais e do dispositivo conjunto de proteção e socorro na Serra da Estrela, nos termos do respetivo enquadramento legal”.

Sobre Pedrógão Grande não há referência em particular. Mas o Orçamento fala na recuperação das áreas ardidas, de uma forma geral. A nota está inscrita na rubrica das diversas alterações e transferências e dá conta de que haverá lugar à “transferência de saldos de gerência do Fundo Florestal Permanente para o orçamento do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, I.P: (ICNF, I.P:), até ao montante de 15 milhões de euros, para o financiamento de ações no domínio da defesa da floresta e da recuperação das áreas ardidas, nos termos a definir por despacho dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças e da agricultura”.

O Governo defende ainda a “transferência de verbas do fundo florestal permanente para o orçamento do ICNF, I.P. até ao montante de 10,1 milhões de euros para ações de prevenção estrutural e recuperação de áreas ardidas sob a sua gestão, nos termos a definir por despacho dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças e da agricultura”.

O documento do Orçamento do Estado define ainda a transferência de receitas próprias do fundo ambiental, até ao limite de 4,3 milhões de euros para o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, para efeitos do desenvolvimento de projetos no domínio da gestão das áreas protegidas, a prevenção de incêndios florestais e para outros projetos de conservação da natureza, ordenamento do território e adaptação às alterações climáticas nos termos a definir no despacho anual previsto no nº1 do artigo 7º do decreto lei nº42-A/2016, de 12 de Agosto”.

A região autónoma da Madeira, devastada há dois verões pelos incêndios não foi esquecida por António Costa e seus pares. O Orçamento do Estado para 2018 prevê o reforço dos meios de combate a incêndios e de apoio às populações daquela ilha.

“O Governo, em cooperação com os órgãos de governo da Região Autónoma da Madeira, reforça os meios de combate aos incêndios naquela região autónoma, equacionando, designadamente, a utilização de meios aéreos, e o apoio às populações afetadas, garantindo a recuperação das habitações e outros bens materiais”, pode ler-se no documento.

O documento prevê mesmo que haja lugar à transferência de uma verba no valor de 5,5 milhões de euros “proveniente dos saldos transitados do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, I.P. (IHRU, I.P.), por despacho dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças e do ambiente, para assegurar os compromissos do Estado no âmbito de comparticipações a fundo perdido em projetos de realojamento e reabilitação, no âmbito do Programa ProHabita, incluindo a concessão de apoios para o território da Madeira, em virtude dos incêndios aí ocorridos”.

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