Fernanda Rollo: “Os dados vão ser o petróleo do futuro”

É chavão conhecido, mas a secretária de Estado Fernanda Rollo reconhece-o. Ainda assim, defendeu o acesso livre aos resultados e aos dados produzidos e alertou para a falta de competências digitais.

Fernanda Rollo participou esta quarta-feira no congresso anual da APDC (imagem de arquivo)HUGO DELGADO/LUSA

A secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Maria Fernanda Rollo, alertou esta quarta-feira para um “problema que é do país inteiro” — a “necessidade de capacitar os jovens para a era digital”. A governante falava na abertura de um painel sobre competências digitais no congresso da APDC.

O país carece de competências digitais, com 26% dos portugueses a não usarem a internet, segundo números citados esta manhã pela ministra da Presidência e Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques. À luz deste número, Fernanda Rollo reiterou que o país deve estar preparado para antecipar esse futuro. “Neste momento, temos pelo menos a pretensão de que podemos antecipar qualquer coisa”, afirmou.

A secretária de Estado mostrou-se ciente de que a transformação digital é um fenómeno capaz de ultrapassar “completamente” as instituições e que esse fenómeno obriga a alterações nos paradigmas — destacou, desde logo, a ideia de que o conhecimento produzido deve ser de acesso livre, para todos.

A pressão que é feita sobre o sistema é enorme. Obriga a esta partilha [de conhecimento]. Já não são só os resultados que produzimos, são os próprios dados. A gíria já tomou conta desta ideia de que os dados vão ser o petróleo do futuro.

Maria Fernanda Rollo

Secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

“No ministério, um dos desafios mais estimulantes é o de que achamos que o conhecimento produzido é para todos. É algo que está cada vez mais a ser assumido pelas instituições de ensino superior em geral. O conhecimento que produzimos já não é só nosso. Tem de ser disseminado e partilhado”, reiterou. Por isso, é também necessário “criar interfaces para que a sociedade em geral possa ter acesso a esse conhecimento”. E acrescentou: “A pressão que é feita sobre o sistema é enorme. Obriga a esta partilha. Já não são só os resultados que produzimos, são os próprios dados. A gíria já tomou conta desta ideia de que os dados vão ser o petróleo do futuro.”

Fernanda Rollo terminou a intervenção com dois alertas. Primeiro, sublinhou que, entre os jovens portugueses com idade para frequentar o ensino superior, apenas 1/3 o faz. “É uma preocupação não só do ministério. É uma preocupação de todos nós”, defendeu. Depois, afirmou: “O digital, sendo uma enorme, enorme oportunidade, pode ser um risco imenso de aumentar a divergência em alguns conceitos.”

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Arábia Saudita: quem ganha com as mulheres ao volante?

  • ECO
  • 27 Setembro 2017

Na Arábia Saudita as mulheres já vão poder conduzir. Depois desta decisão histórica, as ações das seguradoras e dos bancos valorizam. A Uber deverá ter quebras no serviço.

É uma decisão histórica: a Arábia Saudita vai permitir que as mulheres conduzam. São milhões de novas automobilistas que, em breve, irão tomar conta das estradas do reino. Prometem-se engarrafamentos nas ruas, mas também nos mercados, com os investidores a acelerarem para comprar ações de várias empresas, desde o setor automóvel aos seguros, sem esquecer a banca.

A Arábia Saudita tem mais de dez milhões de mulheres com mais de vinte anos, que em breve irão agarrar nos volantes e conduzir a economia do país pelo bom caminho. Esta mudança, pela qual muitos lutavam há mais de cem anos, vai beneficiar o mercado de várias formas, começando nos bancos, que vão lucrar com os empréstimos para as compras dos carros e as seguradoras, com os seguros automóveis.

"Os bancos vão presenciar uma procura pelos empréstimos automóveis.”

Sanyalak Manibhandu

Responsável de pesquisa no Banco NBAD Securities, em Abu Dhabi

No ramo dos seguros, as companhias já começaram a valorizar, com o índice Tadawul Insurance Index a valorizar 3,11% para os 5,123.77 pontos. Várias seguradoras seguiram o mesmo caminho: a primeira companhia de seguros a nível nacional Tawuniya valorizava 8,12% para os 98,50 riyal; Al Rajhi Company for Cooperative Insurance subia 6,76% para os 57,30 riyal e a AXA Cooperative Insurance Co, a principal seguradora do país, valorizava 3,97% para os 21,20 riyal.

As empresas de aluguer de automóveis também saem a ganhar com esta nova decisão, e prova disso foi a United International Transportation que entrou a ganhar 5,26% para os 24,22 riyal.

As marcas de automóveis talvez precisem de pensar em modelos menores e mais compactos, feitos a pensar nas condutoras femininas, dizem os analistas. Enquanto isso não acontece, as ações continuam numa corrida até ao topo. A procura por automóveis vai aumentar significativamente neste mercado, beneficiando várias empresas presentes nas estradas da Arábia Saudita. Entre elas a Toyota, que representa 32% dos 676 mil veículos vendidos no país em 2016 e a Hyundai, que detém 24% dos veículos, disse Jeff Schuster, vice-presidente do departamento de previsões da LMC Automotive.

Por outro lado, o cenário não é assim tão positivo para a Uber, que depende da falta de pessoas habilitadas a conduzir ou, pelo menos, da falta de vontade em conduzir, algo que não parece que vá acontecer. O mais certo é a empresa sofrer uma queda significativa da procura, à medida que as condutoras começarem a assumir o controlo do volante, dado que 80% das viagens da empresa são para transportar mulheres.

Ainda assim, a Uber pode beneficiar do interesse das mulheres em se tornarem motoristas da empresa. Algo pelo qual o governo do país demonstra interesse: no sucesso da empresa. E adianta que o fundo soberano SAMA Foreign Holdings poderá ser um importante investidor nesse sentido.

"Estamos orgulhosos por se ter conseguido mobilidade extraordinária para as mulheres na Arábia e estamos entusiasmados com as oportunidades económicas que essa mudança poderá representar para elas no futuro.”

Uber

Esta decisão em permitir que as mulheres possam conduzir representa mais um esforço da Arábia Saudita em desenvolver e maximizar a economia, de forma a ficar menos dependente da exploração do petróleo. Desde que se descobriu petróleo no deserto árabe em 1938, o país é o principal exportador da matéria-prima do mundo. Mas, em 2014, desde que a queda nos preços do crude deixou o país com um enorme défice governamental, Mohammed bin Salman, filho do rei, está decidido a reinventar a economia saudita até 2030.

O país foi o último a acabar com esta proibição, que Rebecca Lindland, analista do site automóvel Kelley Blue Book, descreveu como “muito emocionante”. “Não vai ser sem obstáculos mas é um grande passo em frente para a Arábia Saudita, reconhecendo as contribuições que as mulheres podem trazer para a economia“, conclui.

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DBRS ameaça cortar rating do Montepio. Outlook cai para negativo

A agência de notação pode cortar o rating do banco liderado por Félix Morgado a qualquer momento. A DBRS reduziu o outlook para negativo, perante condições de financiamento mais fracas que os pares.

A DBRS cortou a perspetiva do Montepio para negativo. Ou seja, pode vir a cortar do rating do banco liderado por Félix Morgado a qualquer momento. A agência de notação canadiana, que tem uma classificação de BB para o banco, justifica esta revisão em baixa do outlook com as condições de financiamento mais fracas em relação aos pares.

“A alteração da tendência para negativo reflete os receios da DBRS em relação ao fraco perfil de financiamento do banco, depois de se terem registado algumas saídas de depósitos no primeiro trimestre de 2017“, refere a agência de notação num comunicado. A DBRS refere ainda um outro desafio: melhorar a qualidade dos ativos, “que continua fraca”, já que o banco não foi capaz de reduzir significativamente os ativos em incumprimento, refere a agência.

"A alteração da tendência para negativo reflete os receios da DBRS em relação ao fraco perfil de financiamento do banco, depois de se ter registado algumas saídas de depósitos no primeiro trimestre de 2017.”

DBRS

A entidade diz que o Montepio assistiu a uma “fuga significativa de depósitos durante o primeiro trimestre de 2017 e, embora o banco tenha aparentemente estabilizado o seu financiamento com os depósitos, a DBRS considera que as condições de financiamento do Montepio são mais fracas do que as dos pares”. Isto devido a um rácio de transformação elevado de 118% (como calculado pela DBRS) e ao financiamento obtido junto do Banco Central Europeu, que representava 15% do financiamento total no final de junho, refere.

A agência de notação confirmou o rating ao mesmo tempo que reduziu a perspetiva. “A confirmação do rating também tem em conta o facto de o Montepio ter feito alguns progressos a nível da rentabilidade e capital nos primeiros seis meses do ano, com o banco a reportar um lucro ligeiro e a receber uma injeção de capital de 250 milhões de euros por parte do seu maior acionista, a Associação Mutualista Montepio Geral em junho de 2017″, acrescenta.

Apesar de ser “improvável” a curto prazo, a agência não deixa de referir que podem surgir fatores positivos que levem a uma subida do rating, como um “fortalecimento significativo dos níveis de capital, redução do perfil de risco e melhoria significativa da qualidade dos ativos”. Por outro lado, a notação pode mesmo cair, caso o banco não consiga diminuir os ativos em incumprimento, assim como reforçar a rentabilidade e posição de capital, remata a DBRS.

(Notícia atualizada às 15h19 com mais detalhes)

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É desta que Trump divulga o plano fiscal. Wall Street em máximos

  • Juliana Nogueira Santos
  • 27 Setembro 2017

O plano fiscal de Donald Trump e a as declarações de Janet Yellen levam os principais índice norte-americanos a renovar máximos históricos.

Mais de oito meses depois de ter entrado na Casa Branca, Donald Trump irá anunciar o tão aguardado plano fiscal que significará mais benesses para as empresas. O presidente dos EUA afirmou esta terça-feira que tem “um grande anúncio” para fazer e os investidores, já descrentes, voltaram a prestar atenção. Assim, os principais índices norte-americanos iniciam a sessão em terreno positivo, impulsionados pela perspetiva de novas subidas de juros da Reserva Federal.

Para os lados do número 1.600 da Avenida Pensilvânia, Donald Trump poderá anunciar um alívio fiscal às empresas, o que resultará num aumento das receitas para a mesmas. À Reuters, Brad McMillan da Commonwealth Financial, considera que “o mercado precisa de medidas positivas”, pelo que uma reforma fiscal “poderá ser uma das únicas medidas positivas a tomar”.

No banco central dos Estados Unidos, as crenças poderão estar a mudar, com Janet Yellen a assumir uma posição mais moderada em relação aos indicadores económicos. Para a Reserva Federal, a inflação atingir a meta dos 2% poderá deixar de ser um fator decisor na altura de subir a taxa de juro de referência, pelo que a presidente afirmou que pode ser até “imprudente” manter a taxa inalterada até a inflação atingir a meta pretendida.

Desta forma, o industrial Dow Jones avança 0,21% para 22.330,93 pontos, renovando máximos históricos, o tecnológico Nasdaq ganha 0,54% para 6.414,36 pontos, também em máximo recorde. O S&P 500 sobe 0,26% para 2.503,30 pontos. Também o dólar segue a recuperar das quedas face às principais divisas mundiais.

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Ryanair cancela mais voos. 400 mil reservas afetadas

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 27 Setembro 2017

Passageiros estão a receber um e-mail a dar conta das alterações. Têm ainda direito a um voucher de viagem. Cerca de 18 mil voos serão afetados entre novembro e março.

A Ryanair vai cancelar mais voos nos próximos meses, afetando 400 mil reservas entre novembro deste ano e março de 2018. A transportadora está a contactar os passageiros nesta situação e a oferecer vouchers de viagem.

Em comunicado, a transportadora low cost explica que vai utilizar menos 25 aviões no inverno e que são menos de 400 mil as reservas feitas para estes voos. Muitos, aliás, não têm qualquer reserva nesta altura. As alterações afetam menos de 1% dos passageiros que a Ryanair vai transportar este inverno e todos eles receberam hoje um e-mail a dar conhecimento dessas alterações e a oferecer alternativas ou o reembolso do pagamento. Estas pessoas receberam ainda um voucher até 80 euros que lhes permite marcar em outubro um voo até março.

O plano da Ryanair afeta 18 mil voos, de um total de 800 mil por ano. Mas em setembro e outubro, a Ryanair já tinha cancelado 2.100 voos. Os 315 mil passageiros prejudicados por estes cancelamentos também receberam um voucher.

Já quanto aos restantes passageiros que não foram afetados (99%, diz a Ryanair), as medidas tomadas garantem que não haverá mais riscos de cancelamento, diz a Ryanair.

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Tajani sobre Airbnb: “Não podemos aceitar que haja regras paralelas”

Os concorrentes das plataformas como a Airbnb ou a Uber têm de respeitar uma série de regras que não são aplicadas a estas empresas, critica o presidente do Parlamento Europeu.

“Não podemos aceitar que haja regras paralelas para quem opera na União Europeia”. A crítica é lançada por Antonio Tajani, presidente do Parlamento Europeu, e é dirigida às “plataformas que pagam muito poucos impostos” na Europa, apesar de serem líderes de mercado. Entre elas, a Airbnb, a Uber ou, sobretudo, a Google, a quem Bruxelas aplicou, recentemente, uma multa recorde de 2,4 mil milhões de euros.

Estas plataformas têm uma posição dominante no mercado europeu mas pagam muito poucos impostos, levam tudo o que ganham cá dentro para fora da União Europeia. Isto não cria nem emprego, nem riqueza na Europa”, criticou Antonio Tajani, referindo-se, em primeiro lugar, à Google, cuja multa foi, a seu ver, “muito bem aplicada”.

O presidente do Parlamento Europeu falava numa conferência que sobre turismo, que marca o Dia Internacional do Turismo, e relembrou que estas plataformas “recebem, muitas vezes, apoios do erário público” e, por isso, “as regras têm de ser alteradas”.

“Estou também a pensar na economia colaborativa. A Airbnb e a Uber são os principais operadores nessa áreas, são os novos concorrentes do micro-turismo, mas as outras empresas têm de respeitar uma série de regras que não lhes são aplicadas. Devem garantir-se regras de concorrência e igualdade para todos”, sublinhou.

A jornalista viajou a Bruxelas a convite do Parlamento Europeu.

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FMI: Salários continuam a crescer abaixo do nível pré-crise

  • Lusa
  • 27 Setembro 2017

O alerta não é novo, mas consiste num problema que persiste mesmo com o crescimento económico mundial a acelerar.

O crescimento dos salários continua abaixo dos níveis pré-crise de 2008 na maioria das economias desenvolvidas e pode manter-se assim até que o emprego involuntário a tempo parcial diminua ou a produtividade acelere, avisa o FMI.

O crescimento nominal dos salários na maioria das economias desenvolvidas permanece marcadamente abaixo do que era antes da Grande Recessão de 2008-2009“, afirma o Fundo Monetário Internacional (FMI) num dos capítulos analíticos do ‘World Economic Outlook’ divulgados esta quarta-feira.

O Fundo conclui que grande parte desse abrandamento dos salários é explicada pelo hiato do mercado de trabalho (um desemprego elevado a uma utilização reduzida da força de trabalho, que se verifica em emprego involuntário a tempo parcial), pela inflação e pela produtividade.

Depois de fazer este retrato, a instituição sediada em Washington avisa que “o crescimento dos salários pode continuar subjugado até que o emprego involuntário a tempo parcial diminua ou que o crescimento da produtividade recupere“.

De acordo com o FMI, enquanto este tipo de emprego “pode ter apoiado a participação da força de trabalho e facilitado uma ligação mais forte com o local de trabalho do que a alternativa desemprego, ele enfraqueceu o crescimento salarial”.

Outros fatores como a produtividade e a inflação “também exerceram uma pressão negativa nos salários recentemente”, refere o relatório coordenado pelo economista Malhar Nabarm.

Nesse sentido, o FMI defende que um conhecimento mais aprofundado das forças que estão a constranger a subida dos salários “é importante para definir o decorrer apropriado da política monetária.

Aumentar investimento público tem mais vantagens transfronteiriças do que baixar impostos

O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou esta quarta-feira, num relatório sobre os impactos transfronteiriços da política orçamental, que aumentar o investimento público tem efeitos de contágio noutros países mais benéficos do que reduzir impostos. Num dos capítulos analíticos do ‘World Economic Outlook’ hoje divulgado, o Fundo refere que, “apesar de a margem orçamental ser atualmente mais limitada”, os estímulos orçamentais nas grandes economias “podem ser importantes para aumentar a atividade económica noutras, ainda que não em todo o lado”.

A comparação apresentada pelo FMI para ilustrar esta situação é feita entre os Estados Unidos e a zona euro: o argumento é que, tendo em conta a posição cíclica da economia norte-americana e as condições de política monetária gradualmente menos acomodatícias, “um estímulo orçamental nos Estados Unidos provavelmente teria efeitos de contágio transfronteiriços relativamente modestos, em particular se esse estímulo fosse feito através de medidas fiscais”.

Por outro lado, na área do euro, “onde há margem orçamental em alguns países”, um estímulo orçamental “poderia ter maiores efeitos noutros países”, considerando as expectativas de manutenção da política monetária acomodatícia e do atraso ainda significativo em alguns países. Outro aspeto apontado pela instituição liderada por Christine Lagarde é que o impacto de um estímulo orçamental nos desequilíbrios externos de outros países também depende da origem desse estímulo: é que “um estímulo nos Estados Unidos deverá aumentar estes desequilíbrios, ao passo que um estímulo em alguns países excedentários da área do euro pode reduzi-los”.

No caso da zona euro, por exemplo, os efeitos de contágio de uma política orçamental expansionista em países com margem para o fazer – “como um maior investimento público para aumentar o produto potencial na Alemanha” – nos parceiros comerciais com uma posição cíclica mais fraca “podem ser importantes”. O FMI conclui assim que, de um modo geral, “a despesa em investimento público deverá produzir ganhos transfronteiriços maiores do que cortes nos impostos”.

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Schäuble deixa as Finanças. Muda-se para o Bundestag

  • ECO
  • 27 Setembro 2017

Wolfgang Schäuble vai deixar de ser ministro das Finanças da Alemanha. O próximo passo será liderar o Parlamento alemão, o Bundestag.

Wolfgang Schäuble, o ainda ministro das Finanças alemão, vai deixar o cargo para liderar o Bundestag, o parlamento alemão. A notícia é avançada pelo jornal Bild Zeitung. A mudança de Schäuble partiu de um pedido de Angela Merkel e Volker Kauder, líder da CDU-CSU, após a posição ter ficado vaga com a partida de Norbert Lammert.

O novo cargo de Schaeuble é de grande importância no contexto da chegada da extrema-direita ao Bundestag, tendo conseguido 94 lugares após as eleições do passado domingo. Trata-se da primeira vez que a força política extremista chegou ao parlamento alemão desde o final da II Guerra Mundial.

“Os presidentes do Bundestag são sempre personalidades e membros parlamentares proeminentes”, relata Alexander Dobrindt, membro da CSU, sublinhando tais qualidades em Wolfgang Schäuble. Também Guenther Oettinger, comissário para o Orçamento da União Europeia aponta o antigo ministro das Finanças para o novo cargo no Bundestag.

Notícia atualizada às 14h32

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Inov Contacto: Seis meses lá fora para preparar o futuro

As candidaturas ao Inov Contacto da Aicep estão a correr até 4 de outubro. Quem quiser estagiar num dos 80 mercados disponíveis ainda vai a tempo.

“O Inov Contacto mudou a minha vida profissional e, ao mesmo tempo, foi uma adrenalina.” É com esta frase de Inês Caleiro, CEO da Guava, que começa o vídeo de apresentação do programa Inov Contact. Este é um programa de estágios no estrangeiro promovido pela Aicep, cujas candidaturas estão abertas até 4 de outubro.

“É uma porta aberta para a realidade”, acrescenta Inês Caleiro, que lançou a sua própria marca de sapatos em 2011, depois de ter voltado dos Estados Unidos, onde estagiou seis meses na Jimmy Choo. A Guava distingue-se das outras marcas pelos saltos geométricos que parecem joias. Vende essencialmente online, apesar de já ter dois espaços físicos: um showroom na Rua Augusto Rosa, no Porto; e no Príncipe Real, em Lisboa, no showroom da marca portuguesa BeYou. Conta ainda com a modelo Amber Valletta, que já trabalhou com a Versace, Louis Vuitton e Calvin Klein, como embaixadora da marca.

Mas Inês Caleiro não é única, o Inov Contacto já mudou a vida de mais de cinco mil pessoas. Segundo Maria João Bobone, a diretora do programa, “99% dos participantes têm essa opinião”.

É com orgulho e satisfação que fala, ao ECO, desta iniciativa, que comemora 20 anos e que além de ter uma taxa de empregabilidade invejável — cerca de 70%, um mês após a conclusão do estágio –, “melhora a imagem de Portugal e a perceção do país no exterior, promove maior competitividade das entidades em termos internacionais que recebem jovens motivados e qualificados e ainda fomenta a competência” desses mesmos jovens.

Todos os anos há uma avalanche de candidaturas para os cerca de 300 estágios disponíveis. E como é típico dos portugueses, o hábito é deixar tudo para o fim apesar de ser desaconselhável, já que uma candidatura apresentada com tempo permite introduzir correções e não ser automaticamente excluída por conter erros e o prazo já ter acabado. Este ano foi introduzida uma exigência acrescida, a necessidade de entregar um certificado com as habilitações de inglês e que ditou o prolongamento do prazo de entrega das candidaturas até 4 de outubro.

“A certificação obrigatória do inglês é uma entropia”, reconhece Maria João Bobone, mas é necessária para evitar surpresas futuras. Já aconteceu candidatos chegarem ao seu estágio — sempre no estrangeiro, as regras permitem que no máximo se passe um mês em Portugal — e não terem conhecimentos suficientes de inglês para poderem desempenhar devidamente as suas funções.

O Inov Contacto pretende ser um programa de elite, que não se compagina com facilitismos, explica a diretora do programa. “Manter a elevada qualidade dos estágios” é uma premissa de que ninguém quer abrir mão. Mesmo que, “atualmente, haja outro tipo de oportunidades inexistentes há 20 anos” e os jovens de hoje tenham “outro tipo de expectativas, como sejam o imediatismo e o acesso real ao que pretende”, que “de certa forma não se coaduna com as particularidades do Inov Contacto que mantém e pretende manter níveis de exigência e qualidade que implicam um processo com os seus próprios timings“.

Maria João Bobone até admite que, de futuro, se introduzam algumas alterações ao programa, nomeadamente prolongar/reforçar a componente de formação na fase inicial do programa ou até simplificar o que for possível no processo de seleção. Mas a prioridade não é essa. É manter o elevado nível de reconhecimento do programa e os seus níveis de excelência.

Exemplo de uma das formações de dois dias que os candidatos têm antes de partir para os vários mercados onde vão estagiar.

Estágios em mais de 80 países

“O Inov Contacto trouxe a possibilidade de conhecer o mundo”, defende Ricardo Marvão, cofundador da BEta-i, uma aceleradora de empresas, uma associação portuguesa para a promoção do empreendedorismo. “Uma pessoa nunca esquece a experiência”, acrescenta Ricardo Marvão.

Este é mais um dos testemunhos que integram a nova campanha de promoção do programa. Uma aposta em humanizar a iniciativa e dar a conhecer algumas, das muitas, caras que participaram no programa e hoje são um exemplo de sucesso.

O Inov Contacto oferece estágios em mais de 80 países. Mas o processo é uma “carta fechada”. É essa, aliás, uma das marcas distintivas do programa face a outras ofertas de acesso ao mercado externo. Os candidatos não escolhem os mercados ou as empresas, nem as empresas escolhem os jovens. A seleção é feita pela Aicep.

Mas então como funciona? Os jovens entregam as suas candidaturas (neste caso até 4 de outubro). Depois há que analisar os perfis dos candidatos — que entretanto foram sujeitos a uma avaliação motivacional, este ano feita pela consultora Psicotec — e fazer um matching entre as habilitações dos candidatos e as necessidades das empresas que oferecem os estágios. Em meados de janeiro os jovens sabem se foram selecionados e é realizada a ação de formação — dois dias intensivos de muita aprendizagem. O objetivo é, em fevereiro, todos já estarem nos respetivos mercados. Em agosto estão de regresso. Ou não, porque cerca de 40% das empresas acaba por fazer propostas aos candidatos para ficarem a desenvolver os projetos em que estão envolvidos. Claro que nem todos aceitam, porque cada um gere a sua carreira.

Foi isso que Luís Franco, diretor geral da SurveyMonkey Europe, fez. A participação no Inov Contacto “foi uma experiência única e uma oportunidade ímpar de acelerar a minha carreira”, garante. “É uma aposta ganha”. Há milhares de empresas e de sites de todo o mundo que usam a plataforma online da SurveyMonkey para fazerem análises de mercado, avaliar a satisfação dos clientes ou até fazer avaliações de desempenho dos colaboradores.

O programa define-se como “democrático” já que ao ser remunerado permite que jovens de todas as condições sociais tenham acesso ao mesmo. Cada estágio tem uma bolsa fixa correspondente a dois IAS (Indexante de Apoio Social), ou seja, 842,64 euros, acrescidos de um subsídio de estadia de permanência no exterior indexado ao último índice de custo de vida das Nações Unidas.

Maria João Bobone admite as críticas de que a bolsa não chega, até porque já se pagou mais, antes de os montantes serem alvo de tributação em sede de IRS e os beneficiários terem de pagar Segurança Social, mas lembra que não há nenhum estágio público que remunere tão bem e recorda o exemplo do Erasmus. “O programa não é all included, deve ser visto como uma aposta na formação”, acrescenta.

O Inov Contacto, por sua vez, é financiado por fundos comunitários, mais concretamente pelo Fundo Social Europeu, através do Eixo 2 do Programa Operacional Inclusão Social e Emprego (POISE). A taxa de comparticipação é de 92%.

Mais de mil empresas fieis

São muitas as empresas que aderem ao programa, mesmo sabendo que não escolhem os estagiários. Até agora continuam a ser as empresas nacionais que dominam as ofertas de estágios, mas o número de empresas estrangeiras está a aumentar cada vez mais.

O segredo do sucesso? Segundo Maria João Bobone o simples facto de não terem obrigação de contratar no final — embora 40% acabe por fazer propostas aos jovens para continuarem — e por terem acesso a estagiários de elevada qualidade.

Todos os anos também são abertas inscrições para as empresas que querem participar. Contudo há uma taxa de fidelização de cerca de mil entidades, revela a diretora do programa. Maria João Bobone admite que muitas empresas ficam “desconfiadas” ao início por não poderem escolher os jovens, mas depois da primeira experiência “pedem mais”. “Há entidades que chegam a pedir 20 estagiários”, diz.

Os estágios são agora de seis meses, mas já foram de um ano. A decisão prende-se não só com razões financeiras, mas também para evitar que as empresas tivessem a tentação de usar os estagiários como mão-de-obra qualificada gratuita. “Como o timing de desenvolvimento de um projeto é normalmente oito a nove meses, ao encurtar os estágios para seis meses estamos a tentar aumentar a probabilidade de as empresas querem ficar com o ativo”, explica a responsável.

Maria João Bobone revela ainda que gestão é a área mais procurada pelas empresas, mas não é a dominante entre os jovens que se propõem ao estágio e essa é mais uma das dificuldades do matching que a Aicep tem de fazer.

Outros números do Inov Contacto:

  • O número de estágios oferecidos é de 300, mas já foram mais. Por altura do Plano Tecnológico, o primeiro-ministro, José Sócrates, deu um forte impulso ao programa, aumentando para 500 a ofertas dos estágios e houve mesmo um alargamento a outras áreas como o Inov Jovem, Inov Artes ou Inov Cultura. Foi contudo impossível manter estes níveis até porque a meta é “que o programa seja uma experiência duplamente ganhadora para as entidades e para os jovens sem baixar a fasquia da qualidade”.

  • O Inov Contacto tem uma plataforma que liga em rede mais de quatro mil participantes no programa. A networkcontacto é uma rede social profissional só para os participantes e que permite concluir que “90% dos jovens está a desenvolver uma atividade de acordo com as expectativas adquiridas”. Na plataforma são carregadas ofertas de emprego, seminários, estudos de mercado, informações úteis sobre os mercados, etc.
  • A Sonae, a Bosch e o BNP Paribas são as três empresas que mais estagiários do Inov Contacto contrata. Segundo Maria João Bobone há empresas que só contratam se o colaborador tiver essa experiência no currículo.

  • A Sonae, a Bosch e o BNP Paribas são também as empresas que mais estágios proporcionam no âmbito do programa. O que explica os números de que 40% dos estagiários são contratados.

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Subir IRC em 2018? Ministro responde com estabilidade fiscal para as empresas

Apesar de BE e PCP quererem aumentar os impostos sobre as empresas, o ministro da Economia garante que o Governo está a trabalhar num cenário de "estabilidade fiscal" para os empresários portugueses.

Manuel Caldeira Cabral garante que o Orçamento do Estado para 2018 está a ser elaborado com o objetivo de ter “estabilidade fiscal” para as empresas. Questionado pelo ECO, à margem da apresentação de um relatório sobre a competitividade do país, sobre se o Governo vai agravar os impostos das empresas, o ministro da Economia não respondeu diretamente, mas deixou claro que não trabalha nessa sentido. BE e PCP querem agravar o IRC para compensar o alívio fiscal no IRS e o próprio primeiro-ministro afirmou que se o OE for mais longe nos escalões terá de haver subida de impostos.

O que houve nos últimos dois Orçamentos foi um desagravamento fiscal e o que tem havido na generalidade dos impostos é uma estabilidade fiscal“, afirmou Caldeira Cabral, à margem da apresentação do Relatório Global de Competitividade, lançado pelo Fórum Económico Mundial — ranking onde Portugal subiu quatro posições, ainda que a opinião dos empresários nacionais tenha piorado. Questionado pelo ECO sobre se consegue garantir às empresas que não subirá os impostos no próximo ano, o ministro da Economia afirmou apenas que o Governo trabalha no sentido de manter estáveis os impostos atuais.

É nesse sentido [da estabilidade fiscal] que estamos a trabalhar e é um enorme contraste com o que aconteceu no período anterior em que houve fortíssimos agravamentos fiscais muito penosos quer para as empresas quer para os trabalhadores”, argumentou Caldeira Cabral. Contudo, esta possibilidade foi levantada recentemente pelos parceiros parlamentares do Executivo: na passada sexta-feira, o Jornal Económico revelou que BE e PCP querem um aumento da derrama estadual aplicada às empresas com maiores lucros.

A proposta dos dois partidos vai no sentido de aumentar a derrama estadual para as empresas com rendimento tributável superior a 35 milhões de euros — o escalão mais elevado do IRS — dos atuais 7% para 9%. Segundo bloquistas e comunistas, esta proposta teria um “contributo importante”, superior a 100 milhões de euros, valor que seria assim aplicado no alívio fiscal do IRS.

Acresce que esta quarta-feira, em entrevista ao Correio da Manhã, António Costa admitiu que se o Governo tiver de ir mais além no IRS — inicialmente tinha proposto um alívio fiscal de 200 milhões de euros –, essa despesa terá de ser compensada com a subida de impostos ou a execução de menor despesa noutras áreas. O primeiro-ministro acrescentou até que um alívio maior nos escalões deixa menor margem para o descongelamento das carreiras da função pública, outra das medidas que está em cima da mesa nas negociações do Orçamento do Estado para 2018.

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Jorge Rebelo de Almeida é o convidado do ECO24 esta noite na TVI24

  • ECO
  • 27 Setembro 2017

Chairman de um dos grupos líderes da hotelaria em Portugal é o convidado do ECO24, a partir das 23h na TVI24. Estes são as seis ideias de Jorge Rebelo de Almeida a recordar antes da entrevista.

Quase três décadas depois do primeiro empreendimento turístico do Vila Galé, Jorge Rebelo de Almeida, presidente desse grupo hoteleiro, ainda faz questão de escolher a cor dos cortinados de cada novo hotel. Em Portugal e no Brasil, já se contam 27 unidades. Em 2016, só cá dentro, o grupo hoteleiro ultrapassou os 93,6 milhões de euros em receitas (ultrapassando a previsão em 20 milhões de euros). O bom senso e a responsabilidade continuam a ser, segundo o empresário, as suas principais linha mestras. Hoje, no Dia Mundial do Turismo, Jorge Rebelo de Almeida é o convidado do ECO24, programa de economia do ECO em parceria com a TVI24, a partir das 23h. Estes são os seis pontos que deve recordar antes da entrevista.

  1. O turismo explodiu mesmo?

    No verão de 2016, o Vila Galé atingiu uma ocupação média acima dos 90%, representando um crescimento de quatro pontos percentuais face ao ano anterior. Jorge Rebelo de Almeida diz que o turismo está a mobilizar o país e, melhor, a trazer uma nova vida aos centros urbanos. A recuperação do património histórico português é uma das vantagens desse movimento apontadas pelo presidente do grupo.

    O Web Summit, conferência sobre tecnologia realizada anualmente em Lisboa, pode não ter concretizado as expectativas relativas à taxa de ocupação dos hotéis, mas encheu a capital animação. As transportadoras aéreas low cost podem ter trazido sobretudo turistas com mais ou menos dinheiro, mas encheram as cidades (Lisboa e Porto, principalmente) de jovens. São esses visitantes que daqui a 10 anos voltarão a Portugal, reforça Jorge Rebelo de Almeida. Ao primeiro-ministro português já elogiou “a capacidade negocial, o espírito positivo e a energia boa”, mas reforça que ainda falta “uma série de coisas”, reporta o Dinheiro Vivo.

  2. Defensor do alojamento local

    Ao contrário da maioria dos hoteleiros portugueses, Jorge Rebelo de Almeida reconhece valor no alojamento local. Para o empresário, sem essa oferta, os recordes consecutivos que o setor do turismo tem vindo a registar não seriam possíveis. Não defende quotas e elogia a reabilitação urbana impulsionada por este tipo de negócio. Recomenda equilíbrio àqueles que apostam neste tipo de acomodação e investimento na diferenciação pela positiva aos hoteleiros. Ao ECO, já adiantou que o grupo Vila Galé não se irá aventurar no segmento do alojamento local.

  3. Apoiante da revitalização do interior

    “Quando há turismo em força, em Lisboa, temos de empurrá-lo para fora da cidade”, disse, no final de 2016, Jorge Rebelo de Almeida ao Dinheiro Vivo. Faz, portanto, parte da ambição do grupo Vila Galé investir em zonas do país com menor rentabilidade e visibilidade, como o interior, criando, consequentemente, emprego e riqueza.

  4. “Os empatas”

    Qual o maior entrave ao desenvolvimento e ao investimento em Portugal? “Gente que tem um prazer tremendo em não só não fazer, como não deixar os outros fazerem coisas”, assinalou Jorge Rebelo de Almeida, em dezembro, no ECO.

    O empresário defende que a desburocratização anunciada, nos últimos tempos, não passa de uma “fantasia”. A sua confiança no Simplex, programa de facilitação legislativa e administrativa para cidadãos e empresas, não goza, por isso, de muita saúde. Reconhece alguns benefícios à iniciativa, mas esclarece que “as complicações” não tardam a multiplicarem-se.

  5. Portugal, um país verde

    Para o presidente do grupo Vila Galé, o futuro do turismo português passa pela aposta na proteção do ambiente. Fazer de Portugal um país verde, um destino saudável é a recomendação de Jorge Rebelo de Almeida. O empresário tem mesmo vontade de revitalizar o turismo equestre.

  6. Prossiga com cautela

    Há condições para, a médio prazo, os hotéis melhorarem os seus preços, realça Jorge Rebelo de Almeida. O empresário português recomenda, contudo, cautela: “Toda a gente começa a fazer contas e a achar que o limite é o céu, porque acha que o turismo é um negócio maravilhoso. O negócio é bom para quem o saiba fazer”. Bom senso e os pés bem assentos na terra são, por isso, duas das características que o presidente diz que o grupo Vila Galé mantém.

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Pedro Soares dos Santos: “Investimos 550 milhões em Portugal em cinco anos”

Pedro Soares dos Santos diz que "acredita em Portugal". Por isso, e depois de muitos milhões investidos no país, diz que quer continuar a fazê-lo. O centro logístico de Valongo é uma prova disso.

A Jerónimo Martins tem investido milhões de euros no seu crescimento, tanto a nível nacional como internacional. Só em Portugal foram investidos 550 milhões de euros nos últimos cinco anos, diz o presidente executivo da dona do Pingo Doce, Pedro Soares dos Santos, na inauguração do novo centro logístico do grupo, em Valongo, que custou 75 milhões.

“Acreditamos no potencial de Portugal. Investimos 550 milhões de euros entre 2012 e 2016”, referiu Pedro Soares dos Santos. “E é um investimento que é feito por uma empresa sem dívida“, salientou, na inauguração do centro logístico localizado no norte do país, que ocupa um espaço de 100 mil metros quadrados, conta com 450 colaboradores diretos e cerca de 300 indiretos, num total de 750.

Continuando na senda dos investimentos, Pedro Soares dos Santos anunciou ainda a construção de uma nova unidade fabril em Valongo. “Vamos abrir uma fábrica de massas frescas aqui [em Valongo]”, frisou o presidente executivo do grupo.

“Para já não temos mais dados sobre este novo investimento que vamos realizar,” disse fonte oficial da Jerónimo Martins, ao ECO. O novo investimento, que ainda não tem data para avançar, deverá ficar dentro do perímetro industrial do centro de logística do grupo, em Alfena no concelho de Valongo, e deve abastecer cerca de 100 lojas, à semelhança do investimento que o grupo tem realizado na Azambuja, numa outra unidade fabril para a produção de massas frescas e que emprega 60 pessoas.

“O maior e mais moderno” centro logístico do grupo, de acordo com a empresa que detém a rede de supermercados Pingo Doce, custou 75 milhões de euros, sendo um exemplo da aposta do grupo em Portugal. “A família [Soares dos Santos] está em Portugal. Queremos crescer em Portugal”, referiu Alexandre Soares dos Santos que abriu a cerimónia da inauguração do centro, que contou com a presença do primeiro-ministro, António Costa.

[Investimentos da Jerónimo Martins] são sinal de confiança no país e na nossa economia

António Costa

Primeiro-ministro

Ainda assim, “vamos expandir nos próximos dois, três anos para outros lugares“, adiantou Soares dos Santos, sem especificar a que geografias se referia.

“A minha família não vende, a minha família está em Portugal, queremos crescer e queremos crescer no mundo,” frisou ainda o patriarca.

António Costa, por seu turno, enalteceu os investimentos realizados pela Jerónimo Martins que classificou como um “sinal de confiança no país e na economia“. Sobre o processo de internacionalização da Jerónimo Martins, Costa frisou que o grupo está presente num mercado de 100 milhões (Portugal, Polónia e Colômbia) mas não desvalorizou o mercado nacional.

“Não temos que escolher entre valorizar o mercado interno ou internacionalizar. Temos de nos internacionalizar sem deixar de valorizar o nosso próprio mercado interno”, disse António Costa.

Nova imagem corporativa da Jerónimo Martins

A empresa de distribuição anunciou também esta manhã, em Valongo, a mudança da imagem corporativa do grupo, numa altura em que celebra 225 anos. A nova identidade foi desenvolvida pela agência britânica The Partners e será utilizada em Portugal, Polónia e Colômbia. A imagem da empresa — que não era alterada há 14 anos, altura em que o grupo estava apenas presente na Polónia — está agora mais focada no universo alimentar.

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