Construção quer fundo privado para apoio à internacionalização

Em documento entregue ao Governo o setor sugere a criação de um fundo privado que reúna os créditos das empresas sobre países estrangeiros. Em troca o fundo recebia uma garantia do Estado português.

O setor da construção reivindica apoio à internacionalização. Num documento enviado ao Governo, o setor sugere a criação de um fundo privado que reúna os créditos das construtoras sobre o estrangeiro.

A ideia é que as empresas nacionais que tenham créditos sobre países estrangeiros, e que não conseguem receber, passassem a ser detidos, total ou parcialmente, por esse fundo. Essa transferência seria feita com algum desconto sobre o valor dos créditos. Para evitar que a taxa de desconto seja muito elevada, segundo o documento a que o ECO teve acesso, as construtoras sugerem que para o fundo sejam “selecionados apenas os créditos de menor risco” e que seja contratado “um prazo razoável para a cobrança efetiva” dos mesmos, ou seja, cinco anos.

Por outro lado, o mesmo documento sugere que o Estado dê uma garantia, como colateral, “garantia essa que só responderia pelos créditos não cobrados após o período de cinco anos e só executável após o termo do período”. Além disso, o “o fundo seria dotado pelo Estado português de meios para dar suporte à emissão de garantias bancárias para os concursos e ainda para as garantias de boa execução no caso da adjudicação”.

Boas perspetivas para que estes venham a ser problemas do passado

Confrontado pelo ECO com este pedido por parte da construção, o ministro da Economia adiantou: “O setor da construção é um setor muito importante. Neste momento está a haver uma recuperação e estamos atentos às questões de financiamento do setor e às garantias que muitas vezes são exigidas a nível internacional”.

Sem se querer comprometer, Caldeira Cabral referiu que o Executivo está “a trabalhar com o setor nesse sentido”. “Mas estamos também a trabalhar para melhorar o rating de Portugal, que penso ser o fator mais importante”.

Para o ministro da Economia abrem-se, “neste momento, boas perspetivas para que esses problemas financeiros venham a ser em breve um problema do passado e não um problema do futuro”. Caldeira Cabral reconhece que as construtoras nacionais se afirmaram pelo mundo e “têm bons contratos internacionais”. “O Governo tem promovido muito internacionalmente o valor das nossas empresas de construção e engenharia. O que queremos é dar-lhes condições para que tenham sucesso”, acrescentou.

Mas o Governo vai dar ouvidos à construção? O ministro é cauteloso. “Estamos atentos a essas e outras dificuldades que as empresas de construção têm. Penso que algumas medidas do programa Capitalizar que lançamos agora podem responder às dificuldades de outro tipo de empresas de construção, mas o que temos é de continuar a trabalhar com o setor. Mas neste momento não lhe posso concretizar nada”.

Fundo ajudaria a resolver os problemas do setor

Para o presidente da AECOPS, Ricardo Gomes, “a criação do fundo poderia ajudar a resolver os problemas que empresas nacionais”. “Sobretudo as maiores, que detém títulos de dívida pública de países africanos, por exemplo, e que em circunstâncias normais seriam absorvidos pelo mercado”, explica o responsável em declarações ao ECO.

Ricardo Gomes diz mesmo que esta solução não é novidade, uma vez que é prática corrente em outros países do norte da Europa e até em Espanha e frisa “pode ajudar a melhorar a competitividade das empresas nacionais uma vez que passam a estar em pé de igualdade com as congéneres europeias”. Geralmente, adianta o presidente da AECOPS, esse papel “é desempenhado pelos bancos de desenvolvimento”.

Como forma de minimizar o impacto no défice e na dívida pública, os autores do documento sugerem que o fundo respeite alguns pressupostos como o de se enquadrar no conceito de apoio à exportação e à internacionalização e ainda não recorrer a fundos públicos, no imediato.

O documento recorda ainda que ao longo dos anos o Estado apoiou vários setores, entre os quais a banca, tendo mesmo aberto mão de recursos próprios, o que nunca aconteceu relativamente à construção. Pelo que, continua o memorando, é “o momento do Governo poder prestar alguns apoios às empresas que ainda permanecem em atividade”.

Recorde-se que as construtoras, em especial as que operam em Angola, têm acesso a uma linha de crédito e seguro à exportação da COSEC. Esta linha foi criada pelo Estado Português em dezembro de 2008, no âmbito das medidas destinadas a minimizar os efeitos da crise económica e financeira e apoiar a internacionalização, tendo garantia estatal e gestão exclusiva da COSEC). Desde o lançamento da linha foram apoiadas 735 empresas, das quais 91% são PME.

Internacionalização do setor

A internacionalização do setor da construção vale cerca de 10,2 mil milhões de euros, qualquer coisa como 17% do total das exportações nacionais, segundo dados do ano passado. Para Reis Campos, estes números demonstram a importância do setor. “10,2 mil milhões de euros é cerca de sete a oito vezes o que exporta o setor do calçado”, realça o presidente da AICCOPN.

Reis Campos reconhece que a internacionalização sofreu um rude golpe com a situação em Angola. “África representava cerca de 63% do volume da internacionalização, por isso temos que nos voltar agora para a América Latina”.

Reis Campos, que esteve há cerca de duas semanas na Colômbia, com a Secretaria de Estado da Internacionalização diz que há “uma janela de oportunidade e que resulta do fato das empresas brasileiras terem sido corridas da América Latina”.

Ricardo Gomes discorda. Para o presidente da AECOPS, “as empresas nacionais não têm capacidade para irem para a América Latina, com exceção de duas ou três que até já lá estão”.

No entender de Ricardo Gomes, com a crise de Angola, as empresas nacionais diversificaram a sua atividade para outros países africanos como a Zâmbia, Malawi, Congo, Senegal e Gana.

Ricardo Gomes diz ainda que as empresas mais pequenas, algumas de cariz familiar foram para o norte da Europa. “Mas foram numa lógica diferente, desfizeram-se das empresas que tinham em Angola e foram como trabalhadores e agora com a recuperação do setor podem estar de regresso”.

Independentemente do destino das empresas nacionais, os presidentes das duas associações estão de acordo que é preciso apoiar a internacionalização.

“É indiscutível a qualidade dos nossos engenheiros, dos nosso arquitetos, das nossas empresas, nós somos do melhor no setor da construção. Precisamos é que haja uma outra diplomacia”, destaca Reis Campos, que enaltece a criação da Secretaria de Estado da Internacionalização e o facto da construção ter passado a fazer parte do conselho de internacionalização.

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Construtoras criticam falta de apoio por parte da banca

A falta de investimento público e de financiamento da banca são os dois maiores problemas do setor da construção. A estes junta-se ainda um terceiro: a falta de mão-de-obra.

O setor da construção está em processo de recuperação, ainda que longe dos números de outros tempos. Mas tem hoje um problema novo pela frente: falta de apoio do sistema financeiro. Depois de ter pago mais de metade da dívida — que chegou a atingir os 40 mil milhões de euros –, o setor queixa-se que a banca não financia — nem pouco, nem muito –, as empresas de construção. As queixas são de tal ordem que os responsáveis máximos pela indústria apontam mesmo este como um dos maiores problemas do setor, a par da falta de investimento público.

Ricardo Gomes, presidente da AECOPS, adianta, em declarações ao ECO, que “o setor foi o que mais reduziu o endividamento à banca, devendo o montante da dívida rondar os 15 mil milhões de euros, mas a banca cortou o financiamento ao setor da construção há uns anos”.

O presidente da AECOPS frisa mesmo: “A banca não financia a contratação pública e vai mesmo deixar cair algumas empresas, o que é mau para o setor porque estamos a falar de empresas com alguma dimensão. Portanto vamos perder capacidades. São empresas com dificuldades de tesouraria e a banca não quer financiar a tesouraria”.

"A banca não financia a contratação pública e vai mesmo deixar cair algumas empresas, o que é mau para o setor porque estamos a falar de empresas com alguma dimensão. Portanto vamos perder capacidades. São empresas que têm dificuldades de tesouraria e a banca não quer financiar a tesouraria.”

Ricardo Gomes

Presidente da AECOPS

No fundo, acrescenta Ricardo Gomes: “O sistema financeiro não quer financiar empresas de infraestruturas, sobretudo as que tiveram problemas com o processo de internacionalização devido às convulsões em alguns mercados externos e que hoje têm dificuldades porque não recebem”. E isto, vaticina, “não terá uma inflexão antes do próximo ano”.

Igual opinião tem Reis Campos, presidente da AICCOPN. “O setor não está a ser ajudado em termos da banca. Apenas recebe uma ajuda indireta através do financiamento que é atribuído ao setor do imobiliário”.

O presidente da AICCOPN diz que “em causa estão questões de natureza de risco”. “A banca considerou, a certa altura, que o setor era de risco e eu acho que era. Mas agora já não é”.

"O setor não está a ser ajudado em termos da banca, apenas recebe uma ajuda indireta através do financiamento que é atribuído ao setor do imobiliário”

Reis Campos

Presidente da AICCOPN

Também a questão da amortização da dívida é mais uma vez referida. “Nós devíamos à banca, há cerca de 15 anos, perto de 40 mil milhões de euros. Hoje devemos cerca de 19 mil milhões, portanto pagamos metade do que devíamos”.

Reis Campos reconhece a ajuda ao imobiliário e refere que, nos últimos dois anos, houve um crescimento de crédito à habitação. “Depois de, no ano passado, os novos empréstimos terem crescido 44,3%, este ano o crescimento já vai nos 48%”.

E o que podia fazer a banca para apoiar o setor? Reis Campos não tem dúvidas: “Devia fazer o que fazia antes. O risco é praticamente nulo, qualquer indivíduo que vá pedir dinheiro entrega garantias. E isso está a levar o crédito à habitação para níveis baixíssimos. Façam-no da mesma forma para os construtores. É fundamental que isto se venha a repor”.

Banca estrangeira começa a posicionar-se

Para compensar a “ausência” da banca, Reis Campos diz que podem ser utilizados outros instrumentos financeiros. Reis Campos recorda mesmo as palavras do primeiro-ministro, António Costa, que na semana de reabilitação avançou que o Governo tem vários instrumentos ao serviço do setor. Mas Campos adianta: “Ainda não vi nada, a não ser o Programa Casa Eficiente que já foi aprovado. Na verdade, os 200 milhões do programa ainda não estão disponíveis”.

Mas se a banca portuguesa não está disponível para ajudar o setor da construção, a banca estrangeira começa a dar sinais de querer avançar. Para o presidente da AICCOPN, “já começa a existir alguma banca estrangeira que começa a posicionar-se”. E deixa um aviso aos bancos nacionais: “É altura de os bancos portugueses perceberem que o setor da construção pode ter altos e baixos mas tem de cumprir o seu papel. E é isso que também esperamos da banca”.

Reis Campos garante que “o problema da construção é um problema global”. “O que acontece em Portugal está a passar-se em Inglaterra e em Espanha”.

Segundo dados disponibilizados pela AICCOPN, em 2016 o crédito à construção e imobiliário registou uma quebra de 13,7% para 22,4 mil milhões de euros, o que corresponde a 28,2% do total de crédito às empresas. No primeiro trimestre deste ano, a redução de stock de crédito concedido, em termos homólogos, foi de 14,3%.

Desde 2009, o crédito à construção e imobiliário diminuiu 23,4 mil milhões de euros.

No crédito à habitação, o montante total concedido, em 2016, foi de 96 mil milhões de euros, o que traduz uma redução de 3,7% face ao registado em 2015. No primeiro trimestre deste ano, a redução em termos homólogos era de 3%, mas o valor dos novos créditos concedidos registava um forte aumento. Nos três primeiros meses do ano, os novos empréstimos atingiam o montante de 1,8 mil milhões de euros, mais 48% que o verificado no ano passado.

Falta de investimento público

Dezembro de 2009. José Sócrates, na altura primeiro-ministro, anunciava o vencedor do concurso do TGV Poceirão-Caia. O consórcio Elos – ligações de alta velocidade, liderado pela Brisa e Soares da Costa, foi o vencedor com uma proposta final que apontava para um valor de construção de 1.359 milhões de euros.

Em maio de 2010, José Sócrates dizia que a aposta nas grandes obras públicas era para manter. Por esta altura, além do TGV eram notícia também o novo aeroporto de Lisboa, em Alcochete, e a terceira travessia do Tejo.

O tempo passou e estas grandes obras nunca saíram do papel. Hoje, cerca de sete anos depois, e após a vinda da toika para Portugal, o setor queixa-se da falta de investimento público. Uma situação que pode ser atenuada com um ciclo conjuntural: eleições autárquicas e fundos europeus. E a perspetiva é para que, eventualmente, no final deste ano ou início de 2018, possam existir algumas novidades, mas mais comedidas. As obras megalómanas já não são sequer uma esperança para o setor.

Em 2016, o investimento público ficou abaixo dos 3,5 mil milhões de euros, tendo diminuído cerca de 16,5% face a 2015. Segundo dados do INE, em 2016, o peso do investimento público em percentagem do PIB situou-se nos 1,6%, sendo o valor mais baixo desde 1995.

“Temos uma ausência de investimento na área das infraestruturas”, diz Ricardo Gomes. E deixa um recado ao Governo: “Espero que os objetivos do quadro comunitário possam ser acelerados, porque o ano passado foi retardado deliberadamente para não interferir com o controlo do défice. Por isso é que o investimento público foi o mais baixo de sempre”.

Já Reis Campos prefere destacar que “o investimento público é a componente do investimento que continua a não dar resposta para consolidar uma efetiva retoma sustentada“. O presidente da AICCOPN diz que “estamos a níveis que já não eram vistos há 30 anos”.

Porém, Reis Campos adianta que “começam a surgir alguns sinais positivos”. “Durante os primeiros quatro meses do ano verificámos que, tanto o lançamento de concursos de obras públicas como a contratação efetiva registam crescimentos de 82% e 46%, respetivamente”.

Ainda assim, o presidente da AICCOPN adianta: “O diferencial entre contratos promovidos e celebrados continua a aumentar, situando-se desde janeiro nos 660 milhões de euros. Este valor ascende a 5,7 mil milhões de euros, se considerarmos a evolução ocorrida desde 2011”.

 

 

Valores em milhões
Fonte: AICCOPN

Reis Campos alerta que “o investimento público é essencial enquanto catalisador do investimento privado e o país não pode ficar à margem da restante Europa. O aproveitamento de instrumentos como o plano Juncker ou o mecanismo Interligar Europa é essencial”.

De resto, Reis Campos destaca outro dado importante: apesar de tudo, o setor é responsável por 50,1% do total dos investimentos públicos nacionais. “Continuamos a ter a mesma representatividade que tínhamos dantes em termos de investimento público porque tudo o resto também caiu”.

Reis Campos não tem dúvidas: “O problema maior é a falta de investimento público. Não podem ser só os particulares a investir: um país não pode viver apenas de investimento privado. Até o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defende o investimento público”.

Fonte: AECOPS

Apesar deste desabafo, Reis Campos garante não estar a falar de autoestradas. “Estou a falar de aeroportos, de plataformas, de ferrovias e de habitação social. O país pode ter carências, pode ter os seus apertos, mas tem de haver alguma coisa”.

Imobiliário puxa pelo setor

Quem parece renascido das cinzas é o imobiliário. Os agentes do setor não têm dúvidas: “O imobiliário está a puxar pelo setor da construção”. Alicerçado em obras de reabilitação urbana e no boom do turismo, o setor do imobiliário voltou a dar sinais positivos. Só em 2016 terão ocorrido 17,9 mil milhões de euros de transações imobiliárias, uma variação de 19,7% face ao período homólogo.

Valores em mil milhões
Fonte: AICCOPN

Em termos de fogos novos licenciados, em 2016 cresceram 36,7%, totalizando os 11.233 habitações novas. No primeiro trimestre do ano, este crescimento acelerou para 47,2%. Números que, contudo, nada têm a ver com anos anteriores.

Reis Campos imputa este crescimento do imobiliário ao “boom turístico” e também ao facto de a banca remunerar mal os depósitos a prazo. “As pessoas perderam a confiança na banca e preferem investir em imobiliário, que depois até arrendam e de onde retiram algum rendimento. A par disto, há o turismo que continua a crescer”.

Dentro do subsegmento do imobiliário, um especial destaque vai para a reabilitação. Em 2016, segundo dados a AICCOPN, foram licenciadas 5.876 obras de reabilitação, um crescimento de 8,1% face às 5.435 licenças emitidas em 2015. Destas, 2.920 obras serão referentes a edifícios habitacionais e 2.956 referentes a edifícios não residenciais. Estes números registaram novo aumento no primeiro trimestre de 2017, tendo o licenciamento de reabilitação crescido 14,6% com a componente de reabilitação de habitação a crescer 19,9%.

Ainda assim, Reis Campos é perentório: “Temos de apostar na reabilitação urbana porque neste momento ainda não temos dinâmica nenhuma.”

E cita outros números. “Fala-se no valor de 38 mil milhões de euros para reabilitação em Portugal. Destes, diria que 23 mil milhões são mesmo necessários. Se fizéssemos cerca de mil milhões por ano teríamos reabilitação para os próximos 20 a 30 anos”.

Atualmente, refere Reis Campos ,”fazemos perto de 600 milhões por ano”. O presidente da associação do setor refuta ainda a ideia de que Portugal esteja a viver uma situação de bolha no imobiliário. “O fenómeno é circunscrito aos centros históricos de Lisboa e Porto, isto não se passa na província”.

Portugal capta investidores estrangeiros

Que o imobiliário está em alta não parece haver grandes dúvidas. Ricardo Gomes diz que a situação é de tal ordem que “se assiste a uma trajetória sustentável da construção civil a dois anos de distância“.

Para Ricardo Gomes, esta procura tem sobretudo a ver “com fatores externos, como os vistos gold mas, sobretudo, com os residentes fiscais não habituais”.

"Temos assistido à chegada de investidores – promotores imobiliários – que realizam grandes operações em Paris e Londres e que estão a entrar em Portugal.”

Ricardo Gomes

Presidente da AECOPS

O presidente da AECOPS adianta que “no passado estes promotores já vinham, é verdade. Mas faziam-no por arrasto de algum fundo ou banco. Agora não: vêm diretamente, abrem filiais em Portugal e geram projetos. São investidores de longo prazo o que, no imobiliário, significa sempre pelo menos cinco a sete anos“.

Ricardo Gomes diz que fala de promotores suíços e franceses que, nos últimos tempos, se têm instalado em Portugal e preconiza: “Estamos a falar de investimentos e focalizados, mas decerto que a atividade irá continuar a crescer em Lisboa (desde Tróia a Cascais), Madeira e Algarve.

De resto, Ricardo Gomes afirma que o setor da construção vive hoje duas realidades. “Por um lado, a construção civil alicerçada em empresas mais pequenas que se dedicam à construção de prédios, muito apoiada no ‘boom’ do turismo, e que vive uma dinâmica forte. E uma parte, a das infraestruturas com uma dinâmica ainda fraca”.

Emprego e falta de mão-de-obra

No emprego, os progressos são também notórios. Os dados do primeiro trimestre deste ano mostram um crescimento de 5,6% dos trabalhadores do setor, quando comparado com igual período do ano anterior, para os 303,7 mil.

Segundo a Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas, “o primeiro trimestre de 2017 revelou-se o melhor trimestre inicial dos últimos cinco anos”.

“O aumento do número de trabalhadores da construção neste período, mais 16 mil, representou 11% do acréscimo do emprego total da economia, o qual evoluiu de forma positiva até março: 3,2%”, pode ler-se no comunicado da FEPICOP. A par da criação de emprego, têm sido igualmente registados decréscimos no desemprego (uma quebra de 18,2% em termos homólogos) e na taxa de desemprego, que terá caído para o valor mais baixo desde 2011, para os 10,1%.

Ricardo Gomes refere: “É um facto que o emprego está a subir muito suportado pela construção civil”. E acrescenta: “De resto, hoje já começa a haver falta de mão-de-obra nalgumas áreas de especialização, sobretudo nas que requerem mais acabamentos”.

A situação começa a tomar proporções alarmantes, a ponto de o presidente da AECOPS elencar a falta de mão-de-obra como um dos principais problemas do setor.

Uma opinião partilhada pelo presidente da AICCOPN, que sublinha: “Já começa a notar-se, sobretudo nalgumas áreas, até porque muitas pessoas com a crise do setor optaram por ir para fora”.

“Este setor perdeu 260 mil trabalhadores e 37 mil empresas desde 2010. Portanto o que constatamos é que fomos o setor que mais contribuiu para o desemprego no passado e que, agora, é um dos setores que mais está a crescer em termos de emprego. Hoje temos cerca de 625 mil trabalhadores, mais do que a Função Pública”, sublinha Reis Campos.

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António Mota: “O maior problema da Mota-Engil é o sistema financeiro”

O líder da maior construtora nacional não tem dúvidas. O maior problema do setor é a falta de obras, mas o maior problema da Mota-Engil é o sistema financeiro.

“O setor da construção não existe, o anterior Governo acabou com ele”. A frase é de António Mota, presidente da Mota-Engil, a maior empresa do setor da construção em Portugal.

Para o presidente da empresa, “é preciso começar tudo de novo”.

António Mota diz que há falta de obras e de investimento público. A empresa, cujos lucros em 2016 totalizaram 50 milhões de euros, impactados pela venda de ativos, tem hoje mais de 80% da sua atividade concentrada fora de Portugal.

O presidente da construtora diz mesmo que “a Mota-Engil está a andar mas com dificuldades em arranjar financiamento para países estrangeiros”. “O sistema financeiro é o problema, sem um sistema financeiro forte não há apoios”, sublinha.

Aliás, António Mota diz que o “maior problema da Mota-Engil é o sistema financeiro, já o maior problema para o setor é a falta de investimentos públicos”.

Em conversa com o ECO, António Mota salienta ainda a necessidade da revisão do rating da República.

A revisão do rating é fundamental para as empresas nacionais.

António Mota

Mota-Engil

E sobre esta questão, dá o exemplo dos bancos internacionais que recusam as garantias emitidas pela banca portuguesa. “Isso obriga a que haja necessidade de uma triangulação, ou seja, a procurar um banco estrangeiro de outro país que aceite as garantias da banca nacional e que, depois, essas sejam aceites pelo banco do país que se pretende. Isto, como se percebe, aumenta os custos e diminui a competitividade”.

As queixas de António Mota com o sistema financeiro não são de agora. No relatório de contas da empresa, o presidente da construtora adiantou que, “resolvida que esteja a restruturação do setor financeiro português — que permita apoiar as empresas portuguesas na sua expansão internacional –, julgo que a maioria dos fatores negativos com que nos vimos confrontados estarão ultrapassados”.

"Penso que, no final de 2017/2018, a situação pode começar a melhorar”

António Mota

Presidente da Mota-Engil

Ainda assim, Mota mostrou-se confiante. “Penso que no final de 2017/2018 a situação pode começar a melhorar”. E elenca as obras que, do seu ponto de vista, poderão ter luz verde.

“A questão do caminho-de-ferro tem de avançar, o aeroporto de Lisboa também, o mesmo acontece com o Metro de Lisboa e, eventualmente, com o Metro do Porto. E tudo isto ajuda a melhorar o setor. Mas só em 2018 é que haverá alguma coisa, porque em 2017 só avançam os concursos.”

Pedro Gonçalves: “Mercado interno não reanima”

O presidente executivo do fundo Vallis, dono do conglomerado Elevo, diz que o setor da construção “é hoje profundamente diferente do que era há dez ou mesmo há cinco anos”.

Para Pedro Gonçalves, “ o investimento público não se vê. O se vê é que existem subsegmentos com clara evolução, como tudo o que está ligado ao desenvolvimento do imobiliário”.

"Há uma grande reconfiguração do setor: as empresas de maior dimensão e as bem sucedidas internacionalmente singram. As restantes passaram por fases muito complexas e surgem novas mas de menor dimensão.”

Pedro Gonçalves

Fundo Vallis

Sobre o setor financeiro, Pedro Gonçalves diz perceber as cautelas. “O setor passou a ter uma tomada de risco mais adequada e provavelmente mais seletiva. E teve também ele de se ajustar, o que não quer dizer forçosamente que não haja apoios”.

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Macron responde a Trump: “Make our planet great again”

A melhor resposta da noite ao anúncio de Trump veio precisamente de Paris e de Emmanuel Macron. Num vídeo de três minutos, o presidente francês deixa um apelo: “Make our planet great again”.

É uma das notícias que marcou o dia. Numa conferência de imprensa na Casa Branca esta quinta-feira à noite, o Presidente Donald Trump confirmou que decidiu que os EUA não vão participar mais no Acordo de Paris sobre as alterações climáticas.

“Não queremos que outros países do mundo se voltem a rir de nós”, disse Trump, referindo-se ao acordo que considera “injusto para os Estados Unidos e para quem paga impostos no país”.

Vários líderes mundiais já reagiram ao anúncio de Trump, inclusive a França que emitiu um comunicado oficial juntamente com a Itália e a Alemanha. Mas a resposta mais forte da noite veio via Twitter, a rede social preferida do presidente norte-americano.

Num vídeo com a duração de três minutos colocado na sua página no Twitter, Macron começa por dizer que as alterações climáticas “já estão a mudar o nosso dia-a-dia” e que “todas as pessoas vão ser afetadas”. “Se não fizermos nada, as nossas crianças vão conhecer um mundo de migrações, de guerras e de escassez. Um mundo perigoso”.

O vídeo, em que Emmanuel Macron aparece a falar inglês, termina com o recém-eleito presidente francês a dizer que “todos nós partilhamos a mesma responsabilidade. Tornar o nosso planeta grande outra vez”.

O “Make our planet great again” é uma alusão ao slogan da campanha que levou Trump à presidência dos EUA, em que prometia “Make America Great Again”.

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Institucionais vão passar para a dianteira do investimento imobiliário, mostra estudo da Deloitte

Estudo da Deloitte diz que os investidores "oportunísticos" vão perder relevância no imobiliário e ser substituídos pelo poder financeiro dos investidores institucionais. Preços vão continuar a subir.

O setor imobiliário nacional está em plena transição em termos de perfil de investimento. Segundo um estudo da Deloitte, em 2017, os investidores “oportunísticos” devem perder relevância e serem substituídos pelos investidores institucionais.

As conclusões do Portuguese Real Estate Investment Survey, relativo ao primeiro trimestre deste ano, apontam para que aqueles que investem em imóveis guiados pelo preço baixo, deverão ser sucedidos por investidores core, mais seletivos e com maior capacidade de investimento. No que respeita aos preços dos imóveis, o estudo da Deloitte que avalia a perceção dos agentes do setor quanto à evolução do mercado imobiliário em Portugal, aponta para que continuem a subir.

“O contexto gerado pela crise económica em Portugal revelou-se favorável ao investimento imobiliário para os fundos “oportunísticos”, que vivem das oportunidades do pós-crise e da especulação que promovem. Contudo, e à medida que os ativos vão valorizando, assistimos a uma inversão do processo, isto é, ao aparecimento dos investidores institucionais, com mais capital para investir e, logo, para suportar preços mais elevados, e à saída dos “fundos abutres”,” afirma Jorge Marrão, partner e líder do setor de Real Estate da Deloitte.

Segundo o estudo, os fundos de fundos e os bancos (ambos com 52%) serão os principais financiadores do investimento em 2018. A origem do financiamento será maioritariamente europeia (81%) e norte-americana (48%), com a Ásia e o Médio Oriente a representarem 43%.

“Há um crescente interesse dos fundos americanos pelo mercado imobiliário europeu. É expectável que, face ao aumento das taxas de rentabilidade destes ativos, Portugal possa ser visto como um destino desse investimento. A valorização do património imobiliário poderá ter, contudo, consequências para as famílias portuguesas que queiram adquirir habitação”, esclareceu Jorge Marrão.

Já a perceção das organizações quanto à captação de fundos no futuro apresenta melhorias face ao que acontecia há um ano. A percentagem de inquiridos que vê a captação de fundos como “difícil” baixa de 43%, nos últimos 12 meses, para 34%, relativamente aos próximos 12 meses. A dimensão do financiamento (81%), o número de investidores (71%) e a duração do processo (76%) são considerados fatores significativos/muito significativos para a captação de fundos por grande parte dos agentes do setor.

Os principais agentes do setor ouvidos nesta primeira edição do Portuguese Real Estate Investment Survey da Deloitte consideram que a burocracia, a política fiscal e a situação política do país terão um impacto negativo no mercado imobiliário, nos próximos três meses. No entanto, a procura, a oferta, o investimento estrangeiro e a entrada de novos players são encaradas como variáveis positivas para o setor.

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PwC discute a ‘Sociedade e o desenvolvimento económico’

  • ECO
  • 1 Junho 2017

A PwC vai promover no próximo dia 9 de junho, em Serralves, uma conferência que junta empresários, gestores, advogados e economistas. O tema? Sociedade e desenvolvimento económico.

A PwC, presidida por José Bernardo, vai realizar no próximo dia 9 de junho uma conferência na Fundação de Serralves, no Porto, que junta líderes empresariais, advogados, economistas e comentadores televisivos. Será uma tarde de debate, e o ECO é o parceiro editorial do evento.

 

A conferência, subordinada ao tema ‘Sociedade e o desenvolvimento económico’, vai ter dois painéis, intervalados pela comunicação do ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral.

O primeiro painel, depois da abertura com Ana Pinho, presidente da Fundação de Serralves, e das intervenções de José Bernardo e também de António Brochado Correia, partner da PwC, vai ter como tema ‘Sociedade e desenvolvimento’. Moderado pelo jornalista da RTP, Vítor Gonçalves, tem como oradores Daniel Bessa, António Lobo Xavier, Rui Rio e Luís Marques Mendes.

Já o segundo painel, que será moderado pelo diretor do ECO, António Costa, tem como tema ‘Empresas e a economia’. E é um painel de CEO. Ângelo Paupério, Co-CEO da Sonae, António Rios Amorim, presidente da Corticeira Amorim, António Mota, presidente da Mota-Engil, e Carlos Gomes da Silva, presidente da Galp Energia.

O encerramento da conferência será feito pelo presidente da PwC, José Bernardo.

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Wall Street em máximos. Dados do empregam agradam

Tanto o índice S&P 500 como o Nasdaq terminaram a sessão em máximos históricos, animados por boas perspectivas económicas. Saída do acordo de Paris não preocupa o mercado.

As ações norte-americanas terminaram no verde, com os principais índices bolsistas a marcarem novos máximos históricos. Foi o que aconteceu, tanto com o S&P 500 como com o Dow Jones, mas também com o Nasdaq. Dados positivos sobre o emprego ajudaram a puxar pelo desempenho de Wall Street, com a banca a apoiar as subidas. Nem o anúncio de saída do acordo do clima de Paris por parte dos EUA parece ter perturbado o mercado acionista norte-americano.

O índice S&P 500 fechou com uma valorização de 0,76%, para um novo recorde de 2.430,06 pontos e a melhor sessão em mais de um mês. Por sua vez, o industrial Dow Jones avançou 0,64%, para os 21.143,36 pontos, enquanto o índice tecnológico Nasdaq somou 0,78%, tendo encerrado nos 6.246,83 pontos.

Um relatório sobre o emprego do setor privado mostraram nesta quinta-feira que, em maio, foram criados 253 mil postos de trabalho, bem acima dos 185 mil que estavam previstos, segundo uma poll da Reuters. Um sinal positivo sobre a evolução da economia norte-americana, e mais um passo no sentido de uma nova subida de juros pela Fed ainda este mês.

Foi uma surpresa muito boa e positiva. Tivemos algumas surpresas negativas, pelo que isso vai definitivamente contra a corrente”, afirmou um gestor de fundos do JP Morgan, citado pela CNBC.

Ainda na última quarta-feira, o presidente da Reserva Federal de São Francisco, John Williams, afirmou ver um total de três subidas das taxas de juro nos EUA, este ano, antecipando mesmo a possibilidade de ocorrerem quatro incrementos das taxas até ao final do ano, caso os dados económicos surpreendam ainda mais pela positiva.

As previsões dos analistas apontam para 93,6% de probabilidade de uma subida em um quarto de ponto percentual da taxa de juro na reunião de 13 e 14 de junho da entidade liderada por Janet Yellen, indica uma poll da Reuters.

Nem o anúncio de saída dos EUA do acordo de Paris, afirmado publicamente por Donald Trump travou o ímpeto de subida das ações norte-americanas. Os principais índices norte-americanos aceleraram mesmo os ganhos após a divulgação, até ao fecho.

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É oficial: EUA vão mesmo abandonar Acordo de Paris

Numa conferência de imprensa na Casa Branca, o Presidente Donald Trump confirmou esta quinta-feira que decidiu que os EUA não vão mais participar no Acordo de Paris sobre as alterações climáticas.

Só dois países não faziam parte do Acordo de Paris até aqui: Síria e Nicarágua. Mas agora os Estados Unidos decidiram juntar-se ao grupo: o Presidente Donald Trump anunciou esta quinta-feira que o país não vai mais participar no tratado alcançado no ano passado, cujo objetivo era limitar as emissões de gases com efeito de estufa para a atmosfera e, assim, mitigar o aquecimento global previsto para os próximos anos.

“Não queremos que outros países do mundo se voltem a rir de nós”, disse Trump, referindo-se ao acordo que considera “injusto para os Estados Unidos e para quem paga impostos no país”.

“Tentaremos renegociar os termos de acordo. Se conseguirmos, muito bem. Se não, muito bem”, disse o Presidente norte-americano, desafiando o mundo a renegociar os termos do Acordo de Paris e sublinhando que os princípios inicialmente acordados seriam injustos para o país e levariam a consequências para a economia e o emprego nos Estados Unidos. “Não posso apoiar um acordo que é prejudicial aos Estados Unidos”, afirmou.

As notícias de que Donald Trump quereria abandonar o acordo assinado por Barack Obama começaram a surgir esta quarta-feira, e os primeiros rumores foram divulgados pelo jornal Axios.

Barack Obama já reagiu ao anúncio de Donald Trump, acusando-o de “rejeitar o futuro” ao retirar os EUA do Acordo de Paris. Em comunicado, o antigo presidente norte-americano afirmou que que a decisão de Trump reflete “a ausência de liderança americana”.

Na sequência dessas notícias, também o CEO da Tesla, Musk, cumpriu a ameaça de sair do Conselho empresarial da administração Trump, do qual faz parte.

“Os Estados Unidos da era Trump vão continuar a ser o país mais limpo e amigo do ambiente do mundo”, acrescentou o Presidente, no discurso, sublinhando que, com a decisão de saída do Acordo de Paris, os Estados Unidos vão continuar a fazer crescer a indústria e o emprego.

(Notícia em atualização.)

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Vieira da Silva: Subida do salário mínimo sem impacto negativo na criação de emprego

  • Lusa
  • 1 Junho 2017

O ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, considerou hoje que a subida do salário mínimo em 2017 não condicionou o crescimento de emprego no primeiro trimestre do ano.

O ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, considerou hoje que a subida do salário mínimo em 2017 não condicionou o crescimento de emprego no primeiro trimestre do ano.

“Tivemos um primeiro trimestre forte ao nível da criação de emprego e não parece haver nenhuma evidência de um impacto negativo no crescimento do emprego devido ao aumento do salário mínimo”, afirmou aos jornalistas o governante, à saída de um encontro com os parceiros sociais na Comissão Permanente da Concertação Social.

“Este período [primeiro trimestre] confirma um aumento dos salários e da promoção de emprego”, reforçou Vieira da Silva.

Questionado sobre se o executivo mantém a intenção de voltar a aumentar o salário mínimo nacional em 2018, para o valor de 580 euros mensais definidos no programa do Governo, o ministro do Trabalho jogou à defesa.

“O Governo não definiu ainda. São valores indicativos mas não há uma proposta final. Essa será feita daqui a uns meses, espero que mais cedo do que no ano passado”, afirmou.

A saída de Portugal do Procedimento por Défice Excessivo (PDE) e o salário mínimo nacional foram os pontos hoje debatidos durante o encontro de quatro horas entre o Governo e os parceiros sociais.

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Ensinar o valor do dinheiro às crianças: um guia por idades

No dia em que se comemora o "Dia Mundial da Criança", o ECO recorda a importância de os pais ajudarem os filhos a tornarem-se adultos financeiramente responsáveis. Saiba o que ensinar em cada idade.

A educação financeira dos mais pequenos não é um tema menor nem tão pouco uma responsabilidade que se esgota na escola, apesar do crescente papel que estas começam a ter neste âmbito, em Portugal. Nos pais está grande parte da responsabilidade por conduzir os mais jovens rumo a uma vida de adultos financeiramente responsáveis. Tal como diz a sabedoria popular: “É de pequenino que se torce o pepino”. O ditado também se aplica na transmissão aos mais novos da importância do dinheiro e da sua sábia gestão.

Na data em que se celebra o “Dia Mundial da Criança”, o ECO também pensou nos pais. Para tal, reuniu alguns dos principais conceitos, mensagens mais importantes, e ferramentas que estes podem e devem transmitir aos seus filhos de forma a ajudá-los a crescerem e tornarem-se bons gestores das suas finanças pessoais. Saiba o que é mais importante transmitir em cada idade e que ferramentas podem ser usadas na difícil missão da educação financeira dos mais jovens.

0 anos – Hora de começar uma poupança

Nesta idade, a responsabilidade está totalmente nas mãos dos pais. Aquando do nascimento, ou ainda antes, é uma boa altura para começar a traçar o percurso financeiro da criança. A abertura de uma conta bancária, onde colocar o valor amealhado em prendas recebidas por altura do nascimento da criança, pode ser o primeiro passo nesse sentido. Depois basta ir alimentando aos poucos essa poupança, com quantias pequenas, o equivalente a um euro por dia ou por semana, por exemplo. Um euro por dia, corresponde a 365 euros ao fim de um ano. Ao fim de 18 anos, já são mais de 6.500 euros de poupança acumulada. Se acrescentarmos os juros, mesmo que sejam baixos, esse valor é ainda superior.

Um dia, quando o seu rebento começar a ganhar asas, essa reserva financeira pode vir a ser muito útil, seja para pagar os estudos superiores, fazer uma viagem de finalistas ou comprar o primeiro carro.

Os bancos nacionais dispõem de diversas contas poupança específicas para o universo dos mais pequenos. Este tipo de aplicações estão disponíveis a partir de montantes baixos, habitualmente entre 25 e 100 euros, com reforços programados, ou não, também a partir de valores baixos.

Dos 2 aos 5 anos – Toca a brincar ao “faz de conta”

Os especialistas defendem que os primeiros passos da educação financeira das crianças devem ser dados a partir dos dois anos de idade. Nessa altura, os mais novos absorvem tudo e tendem a imitar os comportamentos dos pais, razão suficiente para começar a transmitir-lhes antes de mais a questão dos valores e dos comportamentos. Ou seja, explicar-lhes a diferença entre aquilo que querem e o que efetivamente podem ter. Mas também para pedir à criança que escolha uma de entre as inúmeras coisas que quer, de forma a introduzir a noção do respeito pelo orçamento e dos respetivos limites financeiros.

Neste leque de idades, é recomendado o recurso a contos e fábulas como “A Cigarra e a Formiga” para transmitir aos mais novos as noções básicas da importância do dinheiro e da poupança. Entre os 3-4 anos, também se pode introduzir as notas e as moedas, bem como o mealheiro. Uma forma de explicar a diferença entre o valor das diferentes moedas é através de um jogo de identificação devidamente “aplaudido”. A partir dos três anos, também já faz sentido oferecer um mealheiro e dar pontualmente uma moeda de 50 cêntimos ou um euro para a criança lá colocar.

Seja com dinheiro real ou fictício, por que não brincar ainda ao “faz de conta”? Simular uma ida ao supermercado, ao restaurante ou ao cabeleireiro e, no final, efetuar o pagamento e, eventualmente, receber o troco. “A maioria das crianças tem de ser lembrada que após a pretensa refeição é preciso pagar a conta. Mas assim que percebem o conceito ficam muito entusiasmadas com o pagamento que têm de fazer, com o dinheiro fictício, ou com o ato de fazer o troco”, explica Dorothy Singer, investigadora em Yale.

Dos 6 aos 8 anos – Chegou o dia da semanada

Chegada esta idade é a ocasião de a criança passar à ação, e começar a gerir algum dinheiro. Os especialistas consideram que a partir dos seis/sete anos já pode ser atribuída uma semanada, e não uma mesada, já que nessas idades as crianças não têm capacidade para gerir dinheiro num horizonte de tempo mais alargado. Mas deve ser explicado, contudo, que o valor da semanada que é atribuído é uma regalia e não um direito. E lembre-se: as datas para a sua distribuição devem ser respeitadas.

Neste intervalo de idades é também uma boa ocasião para começar a segmentar o dinheiro recebido, quer em prendas de aniversário ou no Natal. Em vez de o colocar no mealheiro ou no banco, pode antes distribuí-lo em três potes com destinos diferenciados: 60% para gastos imediatos, 30% para objetivos de longo prazo e 10% para doar para causas sociais. De preferência esses recipientes devem ser transparentes de forma à criança acompanhar a acumulação de poupança.

Os jogos continuam a ser uma ferramenta útil neste leque de idades, como é o caso do Monopólio. O parque temático Kidzania, tão apreciado pelos mais pequenos, também é uma boa ferramenta de aprendizagem da gestão das finanças. Trata-se de uma cidade à medida dos mais pequenos, onde estes podem “brincar aos adultos” num ambiente bastante realista. Lá podem escolher entre dezenas de profissões diferentes, que são remuneradas com kidZos que podem ser guardados no banco, levantados em ATM “de brincar” ou gastos nos diferentes espaços que compõem o parque.

Dos 9 aos 12 anos — Passar à mesada e à prática

“Mãe, eu quero!”. Quantas vezes os pais já ouviram isso dos filhos? Chegou a hora de a criança discutir a diferença entre “o querer” e o “precisar” e de lhe ser incutida a habilidade para fazer “boas” aquisições. Por isso, quando for fazer compras ao supermercado leve o seu filho consigo, de forma a envolvê-lo no processo de tomada de decisão. Leia com ele os preços dos produtos, comparando as dosagens e as diferenças percentuais de volume face ao preço. Introduza também a noção de preço vs qualidade. Numa semana pode comprar uns cereais de marca conhecida e na outra uns de marca “branca”. Depois discuta as diferenças com o seu filho e decidam juntos se a marca conhecida compensa o dinheiro adicional a pagar.

Face a essa aprendizagem, já começa a fazer sentido transformar a semanada em mesada. Os especialistas consideram que esta passagem deverá acontecer por volta dos 11 anos, idade em que os miúdos já conseguem fazer uma gestão do dinheiro mais dilatada no tempo e aplicar a aprendizagem acumulada em termos de gestão de um orçamento. Relativamente ao valor da mesada a atribuir, não existe uma regra. Para facilitar esse cálculo, junte-se com o seu filho e elaborem uma lista de gastos previstos no dia-a-dia e atribua um valor que seja suportável para a famílias, mas que ao mesmo tempo seja um pouco superior ao necessário para incentivar a poupança.

A mesada pode ser atribuída em dinheiro, mas também pode ser através de um cartão de débito pré-carregado. Estes cartões, disponibilizados pelos bancos, permitem a fixação de limites diários, semanais ou mensais, ajudando a evitar uma incorreta utilização do dinheiro. Ao final de cada semana ou mês, deve rever o extrato juntamente com o seu filho. Ao fazê-lo e, confrontando-o com gastos desadequados, estará também a ensiná-lo a gerir o orçamento.

Dos 13 aos 15 anos – Bolsa, ações, investir? Olhar para o investimento

A adolescência chegou em pleno, bem como a hora de começar a dotar o seu filho de conhecimentos financeiros mais sofisticados. Nesta altura, ele já deve estar a par das mais básicas noções sobre o valor do dinheiro, os bancos, as taxas de juro ou a gestão do dinheiro. A meio da adolescência é o momento certo para para começar a explicar as noções de investimento e dos mercados acionistas.

Explique o que são as ações, as empresas que estão cotadas e como é possível ganhar — ou perder — dinheiro com este tipo de investimentos. Porque não fazer um jogo de simulação? Cada elemento da família escolhe uma empresa na qual investir e, uma vez por semana, por exemplo, anotem a evolução das ações dessa empresa. Discutir como como e porque oscilam os preços das ações vai permitir-lhe introduzir conceitos mais avançados, como os da procura e ad oferta, os resultados das empresas e o seu peso no valor delas, a política económica e até mesmo a (ir)racionalidade do mercado.

Se achar conveniente pode também “dar um salário” ao seu filho pela contribuição para as tarefas familiares que fujam à sua responsabilidade individual. Esta é uma ferramenta útil para que os mais novos compreendam o que um adulto precisa de fazer para merecer o seu salário e, deste modo, aprendam a dar valor ao seu próprio trabalho e ao dinheiro que recebem.

A partir dos 16 anos – Hora de passar o testemunho da gestão da conta

Nesta idade é de esperar que o seu filho já tenha apreendido os principais conceitos e a disciplina necessária para uma gestão responsável do dinheiro e orçamento. Este pode assim ser um bom momento para lhe abrir uma conta bancária em nome dele, caso este ainda não disponha, ou passar-lhe para as mãos o cartão de débito e a gestão da sua própria conta. Ao fazê-lo, estará a dar-lhe autonomia para a gestão do seu dinheiro e a prepará-lo para a vida de adulto que se aproxima a passos largos.

Para além de contas para os mais pequenos, os bancos também disponibilizam contas próprias para juniores. Para além de isentarem comissões de manutenção de conta, também normalmente oferecem a anuidade de cartão de débito. Existem também ofertas de cartões recarregáveis, bem como soluções de poupança específicas.

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25 feridos em explosões e tiros num resort nas Filipinas

  • ECO
  • 1 Junho 2017

A imprensa local de Manila, capital filipina, noticia esta quinta-feira que se ouviram explosões e tiros num resort turístico. Pelo menos 25 pessoas ficaram feridas.

Há pelo menos 25 feridos, de acordo com um porta-voz da Cruz Vermelha citado pela Bloomberg, em mais um ataque numa zona turística, desta vez no Resorts World Manila. A notícia foi avançada pela CNN. Os feridos foram transportados para vários hospitais locais.

O acesso ao resort — que inclui um hotel e um casino — está, neste momento, bloqueado após os relatos de tiros e explosões, avança a Bloomberg. A empresa está a fazer atualizações sobre a situação no Twitter: nos tweets o resort explica que os tiros foram disparados por um homem ainda não identificado. No local está já a polícia nacional filipina.

O resort fica perto do aeroporto da capital filipina. Ainda é prematuro dar certezas, mas o observatório SITE, que acompanha as últimas notícias relacionadas com terrorismo, garante que um jihadista filipino já assumiu que foi o Estado Islâmico o grupo responsável pelo ataque.

A especialista Rukmini Callimachi também confirma que o tema está a ser falado em canais ligados ao grupo terrorista:

Os vídeos e imagens divulgados pelos meios de comunicação locais, e difundidos por todo o mundo, mostram pessoas a fugir da zona do resort.

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Portugal vai poupar 250 milhões de euros por ano com saída do défice excessivo

  • Lusa
  • 1 Junho 2017

De acordo com o presidente da CIP, este número foi avançado por Mário Centeno na reunião de concertação social.

O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) considerou positiva a saída de Portugal do Procedimento por Défice Excessivo (PDE), revelando que o ministro das Finanças avançou esta quinta-feira que tal permitirá uma poupança de 250 milhões de euros por ano.

“Esta saída do PDE é positiva para Portugal, quer em termos da confiança que merecemos, quer em juros. E o senhor ministro revelou hoje que vai haver um alívio na ordem dos 250 milhões de euros por ano, o que é uma boa notícia”, afirmou António Saraiva aos jornalistas à saída da reunião da Concertação Social.

O líder da CIP esteve hoje reunido com os ministros das Finanças e do Trabalho, no âmbito do encontro dos governantes com os parceiros sociais na Comissão Permanente da Concertação Social para debater a saída de Portugal do Procedimento por Défice Excessivo (PDE) e o salário mínimo nacional.

A reunião arrancou pelas 15:30, tendo António Saraiva saído antes do final do encontro devido a outros compromissos.

Também o ministro das Finanças, Mário Centeno, já deixou os trabalhos depois de ter participado na discussão do primeiro ponto, relativo precisamente à saída de Portugal do PDE.

Na semana passada, a Comissão Europeia recomendou ao Conselho de Ministros das Finanças da União Europeia (Ecofin) o encerramento do PDE instaurado a Portugal desde 2009, por ter um défice acima de 3% do Produto Interno Bruto (PIB).

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