Haitong faz aumento de capital de 419 milhões

O ex-BESI voltou a registar prejuízos avultados. Perante estas contas negativas, o Haitong vai ter um aumento de capital em duas fases.

O Haitong vai fazer um aumento de capital. Perante os prejuízos de quase 100 milhões de euros, a Haitong Securities Company Limited vai injetar 339 milhões de euros no ex-BESI. Além disso, serão convertidos títulos em capital que permitirão reforçar a instituição num total de 419 milhões.

A Haitong Securities Company Limited, empresa dominante do Haitong Bank, divulgou as suas contas consolidadas em Xangai e Hong Kong. E, de acordo com o comunicado enviado à CMVM, “essas contas incluem perdas líquidas atribuíveis ao acionista de 96 milhões de euros, relacionadas com os resultados do Haitong Bank”.

Assim, a casa mãe decidiu avançar com um aumento de capital em duas fases: vai injetar capital, mas também avançar com a conversão de um instrumento financeiro que permitirá elevar os rácios da instituição portuguesa que é, agora, liderada por Hiroki Miyazato.

“A Haitong Securities Company Limited aprovou a subscrição de um aumento de capital de 339 milhões de euros no Haitong Bank, S.A., assim como a conversão em capital social de um instrumento financeiro subordinado de 80 milhões de euros (elegível para fundos próprios adicionais de nível Tier 1), sujeitas às aprovações regulamentares requeridas”.

O Haitong Bank é o antigo BESI, do Grupo BES. Foi comprado em 2014 pela Haitong Securities Company Limited por uma soma de 379 milhões de euros, mantendo-se José Maria Ricciardi à frente da instituição até ao final do ano passado. José Maria Ricciardi saiu depois de divergências com o presidente do Conselho de Administração, Hiroki Miyazato, que passou a acumular as funções de CEO.

O banco iniciou este mês um plano denominado Haitong Bank 2025, que “aposta claramente nos mercados emergentes e na sua estreita relação com a China, bem como no crescente reforço da capacidade de distribuição dos seus produtos financeiros através das suas principais plataformas, sendo estas, Londres, Nova Iorque e Xangai”. Este plano prevê a saída de colaboradores.

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Marcelo Rebelo de Sousa sobre relatório do BdP: “Agora é preciso consolidar”

  • ECO
  • 29 Março 2017

O Presidente gostou das boas notícias dadas pelo BdP. Quanto ao Novo Banco, não quer "pôr o carro à frente dos bois" e diz ser melhor "deixar terminar o processo negocial" antes de fazer comentários.

No dia em que o Banco de Portugal revelou os dados mais recentes sobre o crescimento económico, a evolução do PIB e a taxa de desemprego, entre outros elementos, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, concordou que os indicadores são positivos, mas que agora “é preciso consolidar”.

“Houve hoje boas notícias no crescimento do PIB, um salto previsto para este ano. Houve boas notícias na descida do desemprego, que pode chegar abaixo dos 10%. Houve boas notícias no crescimento do investimento, de 6%, e nas exportações. Agora é preciso consolidar isso”.

Quanto ao processo negocial do Novo Banco, escusou-se a tecer comentários aos jornalistas que o abordaram na sua passagem pela Feira de Ensino, Formação e Emprego, a decorrer na FIL, no Parque das Nações: “Vamos deixar terminar o processo negocial. Ainda não acabou e já estamos nós a falar no Parlamento. Vamos deixar terminar primeiro, não vamos pôr o carro à frente dos bois”.

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Ministro quer combater a segmentação do mercado de trabalho mas não se compromete com prazos de medidas

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 29 Março 2017

Diferenciação da TSU, mudanças nos contratos a prazo ou revogação no banco de horas individual serão sujeitas a negociação com os parceiros sociais.

O Executivo quer diferenciar a TSU das empresas consoante o tipo de contrato mas diz que a medida que vai ser discutida com os parceiros sociais não é exatamente aquela que figura há vários anos no código contributivo e que nunca chegou a ser implementada. O programa do Governo admite outras alterações na área laboral — nomeadamente o fim do banco de horas individual — mas o ministro do Trabalho dá prioridade a um acordo de concertação social. Por isso não se compromete com medidas específicas ou com prazos de implementação.

“No programa de Governo está que o Governo tem as suas posições sobre, nomeadamente, a regulação laboral, e tem também a convicção de que as alterações suportadas por acordos de concertação são mais eficazes”, afirmou esta quarta-feira o ministro Vieira da Silva. “Portanto é na combinação destas duas certezas, destes dois valores, que resultará a ação do Governo”, mas “não deixaremos de tomar algumas medidas que sejam imperiosas”, acrescentou. Os objetivos “devem ser suportados” por acordos na concertação social mas isso não quer dizer que “nada pode ser feito e que estamos todos condenados à paralisia porque estamos à espera de um debate que acabe”, indicou o governante.

Na conferência de apresentação do Livro Verde sobre as Relações Laborais, o ministro Vieira da Silva afirmou que a diferenciação das taxas contributivas consoante o tipo de contrato é um “princípio interessante” mas “precisa de ser reavaliado porque o contexto em que foi celebrado o acordo que deu origem a essa legislação é um contexto substancialmente diferente daquele que vivemos hoje”. Foi Vieira da Silva que desenhou aquela medida que figura no Código Contributivo há vários anos, mas que carece de regulamentação. Em causa está um aumento, em três pontos percentuais, das contribuições a cargo do empregador quando estão em causa contratos a prazo (excluindo situações específicas) e, em contrapartida, uma descida dos descontos, em um ponto, no caso de contratos permanentes.

Por várias vezes o Governo abordou já este assunto. Vieira da Silva admite repescar a medida mas acrescenta: “Se ela será exatamente igual àquela que está no Código Contributivo, digo que não”. “Acho que tem que ser repensada nos seus parâmetros e avaliada nos seus efeitos”, conclui.

Quanto ao timing de implementação, o ministro não se compromete. Questionado sobre se a medida chegaria ao terreno em 2018, o governante afirmou que os “tempos” têm “de levar em linha de conta as exigências desse processo negocial”. “Não colocamos uma espécie de guilhotina ao consenso” até “tantas horas”, reiterou o ministro, acrescentando que “a flexibilidade, obviamente limitada,” faz “parte da boa-fé negocial”.

Esta não é a única medida que o Governo tem na mesa no âmbito da contratação a termo. Vieira da Silva já admitiu mexer na duração destes contratos. E num documento entregue ao Parlamento, o Governo também prevê “revogar a norma do Código do Trabalho que permite a contratação a prazo para postos de trabalho permanentes de jovens à procura do primeiro emprego e desempregados de longa duração”.

Emprego recupera mas contratos a termo aumentaram

Vieira da Silva afirmou hoje que os contratos a termo têm funcionado “como uma espécie de regulador dos ciclos económicos no que toca ao emprego”. Ou seja, “quando o emprego cresce, cresce muito por essa via, quando diminui, é essa via que primeiro é atingida pela retração”, referiu. E embora o emprego esteja a recuperar, “continua a haver um peso muito grande de formas atípicas de emprego”, notou.

De acordo com o Livro Verde, mais de 30% dos trabalhadores por conta de outrem no setor privado tinham contratos não permanentes em 2014. Mas dados novos hoje divulgados indicam que essa percentagem aumentou para 31,8% em 2015.

O que leva então as empresas a optar por esta via tendo em conta as alterações legislativas que têm sido feitas, nomeadamente reduzindo a proteção de contratos permanentes? “Algumas das causas que eram apontadas como justificação para este peso dos contratos com termo, das formas atípicas de emprego, essas causas perderam importância”, disse Vieira da Silva. Ainda assim, a “tendência mantém-se”.

Além disso, e ao contrário do que acontece noutros países, em Portugal os contratos mais precários são normalmente associados a salários mais baixos, o que faz com que estas pessoas acumulem os “dois problemas”, sublinhou o ministro.

Vieira da Silva avisa que não há “soluções simples” para combater o problema e diz não ter a pretensão de que “as respostas passem por alterações legislativas”. Estas já existiram, nomeadamente ao nível da duração máxima dos contratos a termo e “foram produzindo algumas mudanças” mas “marginais”, adiantou ainda. Vieira da Silva colocou então a tónica nas “dimensões comportamentais dos agentes económicos”. E salientou que o Estado pode servir de exemplo. “Algumas alterações estão a ser introduzidas em matérias em que o Governo é o principal responsável”, afirmou, referindo-se ao “programa de redução dos níveis de segmentação do mercado de trabalho na área pública”.

O banco de horas que pode ser decidido diretamente entre empregador e trabalhador também é para ser avaliado — o programa do Governo prevê mesmo a revogação desta figura — mas Vieira da Silva volta a remeter o assunto para concertação. “O Governo não considera que esse passo tenha sido um passo positivo principalmente porque desvalorizou a negociação coletiva”, disse o governante, concluindo: “essa será a posição do Governo, esperamos que ela possa vingar na preparação do acordo que queremos fazer durante o ano de 2017”.

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Tomás Correia arguido em processo que deriva da Operação Marquês

O presidente da Associação Mutualista Montepio Geral é suspeito de ter recebido 1,5 milhões de José Guilherme, um construtor civil de Amadora. O processo investiga burla qualificada e branqueamento.

O presidente da Associação Mutualista Montepio Geral é suspeito de ter recebido mais de um milhão de euros para aprovar o financiamento de José Guilherme, um construtor civil da Amadora. Isto depois de o Diário de Noticias ter dito que o Ministério Público está a investigar outros banqueiros por burla qualificada num processo que surge a partir da Operação Marquês.

A Sic Notícias avança que Tomás Correia, o atual líder da Associação Mutualista e ex-presidente do Montepio, é acusado de ter recebido 1,5 milhões de euros de José Guilherme, construtor civil da Amadora que ficou conhecido por ter dado 14 milhões de dólares “de presente” a Ricardo Salgado. No início do ano, o ex-banqueiro foi envolvido num inquérito-crime do DCIAP sobre burla qualificada, abuso de confiança, branqueamento de capitais, fraude fiscal e “eventualmente corrupção”, de acordo com um comunicado oficial.

O Diário de Notícias já tinha avançado que o Ministério Público tinha na mira novos suspeitos ligados ao setor da banca. São “pessoas distintas” das já constituídas arguidas no processo, de nacionalidade portuguesa e que “tinham responsabilidades em instituições financeiras e na concessão de crédito”, podendo estar em causa o crime de burla qualificada, de acordo com o jornal.

Estas novas suspeitas sobre banqueiros e recebimentos de comissões ilegais resultam dos últimos dados bancários enviados pela Suíça para o Ministério Público português. Segundo o procurador Rosário Teixeira, os movimentos financeiros detetados na Suíça nas contas bancárias dos responsáveis por instituições financeiras são “contemporâneos com intervenções e procedimentos de financiamento a clientes”.

A Operação Marquês envolve o antigo primeiro-ministro José Sócrates que, alegadamente, terá recebido dinheiro dos promotores do Grupo Vale do Lobo e do Grupo Espírito Santo através de Carlos Santos Silva.

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Portugueses só têm um terço do que precisam para a reforma

Os portugueses precisam de 968 euros, em média, para satisfazer as suas necessidades após a reforma. Ou seja, mais 600 euros do que a pensão média, revela um estudo do BBVA.

A grande maioria dos portugueses está consciente da necessidade de encontrar alternativas para complementar o valor da sua reforma, mas a maior parte ainda não fez nada nesse sentido. Esta é uma das principais conclusões da 4ª sondagem do Instituto BBVA de Pensões que pretende aferir os hábitos de poupança dos portugueses e o seu grau de conhecimento sobre as pensões. Esta realidade ganha especial relevância se for tido em conta que as necessidades financeiras após a reforma são quase o triplo do valor médio das pensões.

As principais conclusões do estudo acabam por confirmar que muito pouco mudou em termos da ações dos portugueses no sentido de se adaptarem às mutações do sistema público de pensões e ao previsível forte corte dos valores a receber na hora de se reformarem. De acordo com o estudo do BBVA, 74% dos inquiridos acreditam que o valor das suas pensões será insuficiente para viver quando se reformarem, mas apenas 32% assume estar a poupar para a reforma.

Expectativa face ao valor necessário para a reforma

Fonte: Instituto BBVA de Pensões

Uma divergência que ganha relevância, sobretudo tendo em conta as necessidades financeiras que os portugueses assumem que terão após a reforma. De acordo com a sondagem realizada pelo Instituto BBVA de Pensões, os portugueses precisam de 968 euros, em média, para fazer face às suas necessidades financeiras durante a reforma. Esta quantia é quase o triplo do valor da pensão média.

“Este gap é muito significativo, estamos a falar de uma proporção de um para três”, afirma Jorge Bravo, economista membro do fórum de especialistas do Instituto BBVA de Pensões. “Isto gera na maior parte dos inquiridos bastante angustia relativamente à segurança financeira na velhice”, complementa o economista.

Poupar para a reforma: Já começou?

Fonte: Instituto BBVA de Pensões

Em face deste tipo de resultados, é fácil perceber que quase 90% (88%) considerem ser necessário poupar para complementar o valor das suas reformas da Segurança Social. Contudo aquilo que acaba por acontecer é que a grande maioria da população não o faz. Os resultados do inquérito indicam que 62% dos sondados ainda não começaram a poupar para a reforma.

“A principal razão que apontam é a dificuldade em afetar parte do seu rendimento a essa finalidade. Mas há também um número significativo de portugueses que acham que é aos sistemas públicos que cabe essa competência. Outros, consideram que ainda é cedo para ter essa preocupação”, explica Jorge Bravo. Mas o economista lembra que “ao contrário da poupança de curto prazo, a poupança de longo prazo exige um compromisso muito grande e que obriga a uma disciplina financeira e inversão de prioridades”. Um compromisso que muitos portugueses, ou porque não dispõem de meios suficientes ou disponibilidade para o fazer, acabam por não assumir ainda.

Poupança recupera

No que respeita aos números da poupança, as conclusões do estudo apontam para que a proporção dos portugueses com hábitos de poupança se tenha mantido relativamente estável, em 2016, sendo notório ainda um aumento dessa capacidade. De acordo com esta análise, 43% dos inquiridos revelaram que conseguem ter hábitos de poupança, um valor que fica ligeiramente aquém face aos 45% registados no inquérito do ano passado. Já o valor médio da poupança mensal, ascendeu a 166,4 euros, em média. Este valor representa um incremento de 30,3 euros face ao montante médio verificado em 2015. Apesar disso quase metade da população inquirida revelou não conseguir atingir uma capacidade de poupança mensal de 150 euros.

O principal motivo da poupança amealhada mensalmente acaba por ser para satisfazer imprevistos e não necessariamente para cumprir um compromisso de longo prazo como é o caso da reforma. Já na hora de poupar para a reforma, aqueles que o fazem acabam por privilegiar na sua maioria, os produtos de reforma tradicionais: mais em concreto os PPR (48%), os seguros de capitalização (21%) e os fundos de pensões abertos (13%).

O estudo do Instituto BBVA de Pensões foi realizado através de mil entrevistas entre a população portuguesa, levadas a cabo entre 4 de outubro e 2 de novembro de 2016.

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Impostos e taxas renderam 463 milhões à Câmara de Lisboa

  • Lusa
  • 29 Março 2017

Uma dos principais aumentos veio da taxa turística, que rendeu 12,4 milhões à Câmara de Lisboa, quase quatro vezes mais do que tinha rendido em 2015.

A Câmara de Lisboa arrecadou 463,6 milhões de euros em impostos e taxas no ano passado, mais 13,3% do que em 2015. As taxas e impostos representam, assim, a principal fonte de receitas do município, que, ao todo, faturou 639,9 milhões de euros, mais 80 milhões do que as receitas totais arrecadadas em 2015.

De acordo com os dados fornecidos pelo município na conferência de imprensa para apresentação do Relatório e Contas do ano passado, realizada esta quarta-feira nos Paços do Concelho, os proveitos operacionais com impostos e taxas aumentaram 54,6 milhões de euros neste período, uma vez que, em 2015, o encaixe foi de 409 milhões.

A segunda maior fonte de receita foi a venda e prestação de serviços, que permitiu amealhar 109 milhões de euros (aumento de 12 milhões de euros face a 2015). Seguem-se as transferências e subsídios obtidos (38,4 milhões de euros), outros proveitos operacionais (15,8 milhões de euros) e proveitos suplementares (13,2 milhões de euros).

No bolo total de receitas, incluem-se os proveitos com a Derrama municipal (que tiveram um acréscimo de 19 milhões de euros), com o Imposto Municipal sobre a Transmissão Onerosa de Imóveis (mais 15 milhões de euros) e com a Taxa Municipal pela Realização de Infraestruturas Urbanísticas (mais 11 milhões de euros), entre outros.

"Não andaremos longe de potencialmente duplicar esta receita [com a taxa turística].”

João Paulo Saraiva

Vereador das Finanças da Câmara Municipal de Lisboa

Quanto à Taxa Municipal Turística, a Câmara arrecadou 12,4 milhões de euros em 2016, o que representa um aumento de nove milhões face a 2015. “Não andaremos longe de potencialmente duplicar esta receita” no futuro, estimou o vereador das Finanças, João Paulo Saraiva.

A Taxa Municipal Turística de Lisboa começou a ser aplicada a 1 de janeiro de 2016 sobre as dormidas de turistas nas unidades hoteleiras e de alojamento local, sendo cobrado um euro por noite até ao máximo de sete euros.

"Tendo em conta os investimentos que foram feitos com a taxa municipal de proteção civil, esta taxa não deve terminar.”

Fernando Medina

Presidente da Câmara de Lisboa

Já a Taxa Municipal de Proteção Civil rendeu ao município 21,6 milhões de euros (dos quais 5,4 milhões se referem à segunda prestação de 2015), montante que permitiu adquirir equipamentos de proteção contra incêndio, fardamentos e viaturas, fazer contratações e requalificar instalações. Tendo em conta estes investimentos, a “taxa não deve terminar”, advogou o presidente do município, Fernando Medina.

Dados da autarquia fornecidos aos jornalistas revelam que, em 2015, se registaram 800 reclamações sobre esta taxa (o correspondente a 0,38% das liquidações feitas), número que passou para 168 em 2016 (0,07% das liquidações). A Taxa Municipal de Proteção Civil começou a ser cobrada aos proprietários em 2015 e veio substituir a Taxa de Conservação e Manutenção dos Esgotos, que se juntou à do saneamento.

No que toca às contas das empresas municipais, o EBITDA (resultado antes de juros, impostos, amortizações e depreciações) total foi de sete milhões de euros no ano passado. Em 2007, era de 15 milhões de euros negativos. Os destaques vão para a Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL), que teve um resultado de cinco milhões de euros, e para a empresa municipal encarregue da animação cultural (EGEAC), que registou um milhão de euros.

A empresa que faz a gestão do arrendamento social em bairros municipais de Lisboa (Gebalis) também teve um EBITDA de um milhão de euros e a Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) não registou proveitos.

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Wall Street em queda. Investidores à espera de indicadores

  • ECO
  • 29 Março 2017

Numa sessão mista nos mercados europeus, as bolsas norte-americanas arrancaram em queda. Os investidores estão a aguardar a divulgação de novos indicadores para os EUA.

Numa sessão mista nos mercados europeus, as praças norte-americanas arrancaram o dia em queda. Os três principais índices de Wall Street estão todos a descer, com os investidores a aguardarem por novos dados sobre a maior economia do mundo.

O Nasdaq abriu a sessão a descer 0,01% para os 5.874,84 pontos, isto enquanto o Dow Jones apresenta uma desvalorização um pouco mais expressiva. O índice industrial abriu a descer 0,19% para os 20.661,88 pontos. O S&P 500 acompanha a tendência ao ceder 0,11% para os 2.356,09 pontos.

Os investidores estão a aguardar a divulgação de novos indicadores que possam mostrar, ou não, o fortalecimento da economia norte-americana, nomeadamente no mercado imobiliário.

Ao longo do dia de hoje, há que ter em atenção o relatório semanal das reservas petrolíferas dos Estados Unidos, que também vai ser apresentado e pode ser um fator de destabilização nos mercados.

Os investidores vão estar de olhos postos nos valores apresentados para saberem se as reservas encurtaram ou não e se isso terá repercussões no valor da matéria-prima.

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Banco de Portugal prevê mais crescimento e mais emprego. Mas não chega para convergir

  • Margarida Peixoto
  • 29 Março 2017

O Banco de Portugal espera mais crescimento e melhorias no mercado de trabalho, com a taxa de desemprego a ficar abaixo dos dois dígitos. Mas ainda não chega para o país convergir com a zona euro.

A economia vai crescer mais depressa do que o previsto e o mercado de trabalho vai melhorar mais do que as expectativas. Contudo, o ritmo de crescimento de Portugal não chega para colocar o país a convergir com a Europa. E ainda faltam quase três anos para o PIB nacional atingir… o nível de 2008.

O Banco de Portugal reviu em alta as projeções para a economia portuguesa. O banco central estima que o PIB vai acelerar para 1,8% este ano, depois de ter aumentado 1,4% em 2016. Já em 2018 e 2019 o crescimento vai continuar, mas a um ritmo que se espera mais baixo.

Fonte: Banco de Portugal

Estas projeções de crescimento não deverão ficar muito distantes das novas metas do Governo. Hoje mesmo o ministro das Finanças, Mário Centeno, revelou numa entrevista à Bloomberg que se prepara para rever em alta a previsão de crescimento do PIB para um valor em torno dos 2%. A melhoria das expectativas tornou-se mais evidente com o apuramento do PIB do quarto trimestre de 2016 e com a verificação do efeito de carry-over para a atividade de 2017, conforme já tinha notado a UTAO.

No que toca ao mercado de trabalho, o Banco de Portugal espera que continue a recuperar, com a taxa de desemprego a ficar este ano já abaixo dos dois dígitos, ainda que por uma ligeira margem: 9,9%. Nas projeções verifica-se, contudo, que o ritmo de crescimento do emprego deverá regressar ao seu comportamento histórico, em que os ganhos do lado do emprego são mais contidos: o aumento de 1,6% do emprego verificado em 2016 será repetível em 2017, mas já não em 2018 e 2019, quando os ganhos devem encolher para 1% e 1,1%.

Fonte: Banco de Portugal

A melhoria das expectativas para a economia portuguesa vem, contudo, acompanhada por um aviso: o “ritmo de crescimento [é] inferior ao necessário para o reinício do processo de convergência real face à área do euro].” É que Portugal cresce mais depressa, mas não ultrapassa o ritmo dos parceiros da união monetária e, por isso, não chega para recuperar o caminho perdido. Aliás, o Banco de Portugal nota que “no final do horizonte de projeção, o PIB situa-se num nível próximo do registado em 2008”.

A instituição frisa “a importância e urgência” de “aprofundar a orientação de recursos para empresas mais expostas à concorrência internacional e mais produtivas”, bem como de “continuar o processo de redução do elevado nível de endividamento dos vários setores, reduzindo a vulnerabilidade da economia portuguesa a choques”. É a repetição do pedido de reformas estruturais, que tem marcado o debate público, já que se mantém uma “elevada incerteza” e persistem “riscos descendentes, a nível interno e externo”, como nota o Banco de Portugal.

Mais exportações, mais investimento. E o Papa ajuda

Seja como for, há notas de melhoria significativa na composição do crescimento português. As exportações vão continuar a crescer em 2017 — de forma “robusta”, assinala o banco central — com as empresas portuguesas a voltar a ganhar quota de mercado. O Banco de Portugal dá conta de um aumento das exportações que fica um ponto percentual acima do crescimento da procura externa.

A projeção deste ano para o comportamento das exportações conta com uma ajuda preciosa do setor do turismo, à qual a visita que está programada do Papa, a Fátima, não é alheia. Também está a ser levado em linha de conta a expansão da capacidade hoteleira e o aumento da capacidade do país de atrair eventos internacionais, à imagem do Web Summit. Por fim, há que contar ainda com uma ajuda por parte do setor automóvel, com a produção do novo modelo da Autoeuropa a contribuir de forma relevante para as exportações.

No final do horizonte de projeção, em 2019, as exportações deverão pesar 46% no PIB, um valor superior aos 40% verificados no ano passado e muito acima dos 31% que pesavam em 2008. Também é esperado que ao longo deste período a economia portuguesa mantenha “capacidade de financiamento face ao exterior”, adianta o relatório. Esta é uma alteração estrutural na economia portuguesa.

Do mesmo modo, também o investimento terá um comportamento mais favorável este ano do que o obtido em 2016. O Banco de Portugal espera um aumento de 6% da formação bruta de capital fixo empresarial, depois de se ter verificado um aumento de 5% no ano passado. A dar força à projeção estão os indicadores do arranque deste ano, que o Banco de Portugal caracteriza como demonstrando uma “evolução positiva”. Também a confiança dos agentes económicos tem demonstrado “um elevado nível”, nota a instituição liderada por Carlos Costa.

A suportar o aumento do investimento estão vários fatores:

  1. Condições de financiamento favoráveis;
  2. Expectativas positivas para a procura global;
  3. Necessidade de recuperação do stock de capital;
  4. Aumento progressivo da taxa de utilização da capacidade produtiva;
  5. Investimentos em grandes infraestruturas, como é o caso do complexo de barragens do Alto Tâmega;
  6. Normalização da atribuição dos fundos europeus.

Salários crescem, mas pouco

Implícito também nas projeções do Banco de Portugal está um aumento dos salários reais na economia. Contudo, os aumentos serão curtos, pouco acima da inflação (que rondará 1,5%), já que estes ganhos estarão limitados pela subida baixa da produtividade.

Para estas estimativas o Banco de Portugal não contou com novas subidas do valor do salário mínimo nacional — um compromisso assumido pelo Governo com o Bloco de Esquerda, mas que foi firmado num documento de vigência anual e que, por isso, o banco central não levou em linha de conta.

O baixo crescimento dos salários reais estará, aliás, a condicionar o crescimento do PIB em 2018 e 2019. “O consumo privado — apesar de uma melhoria do mercado de trabalho e de níveis de confiança elevados — manter-se-á condicionado pelo baixo crescimento dos salários reais e pelas necessidades de continuação do processo de redução do nível de endividamento das famílias”, lê-se no documento.

Por outras palavras, quer dizer que em 2018 e 2019 é esperado que o crescimento do consumo privado abrande de forma significativa (dos 2,1% esperados para este ano, para 1,4%). E isto apesar de se esperar a manutenção da taxa de poupança “em níveis historicamente reduzidos”.

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Loja da Samsung em Singapura pega fogo

  • ECO
  • 29 Março 2017

Na véspera da apresentação do seu novo modelo, o Samsung Galaxy S8, a marca viu-se a braços com o acidente, mas já veio anunciar que ninguém ficou ferido.

A loja “Samsung Experience Store” no centro comercial AMK Hub, em Singapura, foi a responsável pelo início do incêndio que deflagrou no centro, anunciou a empresa em comunicado.

Este terá começado antes da hora de abertura da loja, o que levou a que se mantivesse encerrada até à extinção do incêndio, de acordo com o canal Channel News Asia. Algumas lojas vizinhas também foram encerradas. A Samsung também referiu no comunicado que ninguém ficou ferido durante o incidente.

A causa do acidente ainda é desconhecida, mas há que recordar a polémica que a Samsung também teve de atravessar com a sua linha de telemóveis anterior, os Samsung Galaxy Note 7, que também se incendiavam devido a um problema com as baterias, tendo chegado a magoar alguns utilizadores e a incendiar casas e automóveis. A Samsung defende que está “a averiguar o volume dos estragos e a cooperar da melhor forma com as autoridades para determinar a causa do fogo”. A loja de Singapura vai manter-se encerrada enquanto a investigação estiver a decorrer.

A marca lança esta tarde, em Londres, o novo modelo Galaxy S8 e o Samsung Galaxy S8 Plus. O ECO vai estar presente no evento de lançamento.

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Precários do Estado podem pedir avaliação do seu caso a partir de abril

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 29 Março 2017

"A partir do próximo mês os ministérios terão as estruturas a funcionar para que esse trabalho decorra", afirmou o ministro do Trabalho.

Os trabalhadores do Estado com vínculo temporário podem começar a dirigir-se, a partir de abril, às comissões constituídas nos ministérios para que a sua situação seja analisada. São estas comissões que vão avaliar quem são os trabalhadores precários que devem ser integrados nos quadros por desempenharem funções permanentes.

“A partir do próximo mês, os Ministérios terão as estruturas a funcionar para que esse trabalho decorra”, avançou esta quarta-feira o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, quando questionado sobre o momento em que os trabalhadores do Estado que se consideram precários podem começar a recorrer às comissões.

Vieira da Silva falava na conferência de imprensa de apresentação do Livro Verde sobre as Relações Laborais, onde, a propósito da segmentação do mercado de trabalho, explicou que o Estado pode dar o exemplo. Abordando a questão dos contratos a termo, o ministro questionou a ação das empresas que recorrem a este tipo de vínculo, “quando as vantagens explícitas não são significativas”, acrescentando que em causa não pode estar “um período experimental prolongado” já que isso é “ilegal”. “Há aqui uma dimensão de comportamento que tem que ser questionada e é muito importante que o Estado dê o exemplo com um comportamento adequado no que toca à utilização de contratação a termo certo, e é isso que pode acontecer durante o ano de 2017, penso que será um sinal muito significativo”, disse.

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Ainda não percebeu as contas da OPA da EDP? Nós explicamos

António Mexia pediu aos analistas para fazerem as suas contas. Mas a avaliação que dá à EDP Renováveis é manifestamente baixa face ao que o mercado está a exigir. Um manual para perceber a OPA da EDP.

Contas complicadas? O ECO ajuda a perceber os números apresentados por António Mexia.Fotomontagem: Raquel Sá Martins

António Mexia diz tratar-se de um bom negócio, mas a contrapartida de 6,80 da Oferta Pública de Aquisição (OPA) da EDP não convence nem os acionistas minoritários da EDP Renováveis — que estão a exigir uma revisão em alta do preço –, nem os analistas — que já confrontaram o presidente executivo com a “matemática” utilizada por detrás da avaliação que fazem da sua subsidiária de energias limpas. O mercado queixa-se do “magro preço” que Mexia está a dar pela EDP Renováveis. Porquê?

Preço baixo face aos últimos negócios

Na conference call com analistas para explicar pormenores da operação, António Mexia foi confrontado esta terça-feira com a baixa avaliação que a EDP está a fazer da EDP Renováveis em função dos últimos negócios de rotação de ativos realizados recentemente pela subsidiária de renováveis.

Ora, a oferta que está em cima da mesa deixa implícita uma avaliação da EDP Renováveis em torno de um milhão de euros por megawatt (uma métrica industrial utilizada pelo mercado para calcular o valor de empresas). Mas este é um valor claramente abaixo da avaliação pressuposta no último negócio da empresa, realizado há um mês. Em fevereiro, a EDP Renováveis vendeu um conjunto de ativos a China Three Gorges por 242 milhões de euros, o que conferia à subsidiária da EDP um valor de mercado de 1,7 milhões de euros por megawatt, segundo as contas do CaixaBI.

Ou seja, há uma diferença de avaliação de 70% entre as duas operações e este “gap” foi salientado por uma analista na conferência por telefone com António Mexia. Em resposta, o presidente da EDP remeteu explicações para mais tarde à espera do registo da OPA.

Além disso, a contrapartida fica abaixo do preço da Oferta Pública de Venda (OPV), em 2008, onde os investidores pagaram oito euros na operação que levou a EDP Renováveis para a bolsa. Quem comprou na OPV, ficará a perder dinheiro se vender agora, dado que os dividendos distribuídos ao longo dos últimos nove anos totalizam os 21,16 cêntimos (2016 incluído).

Preço será revisto em alta?

Em princípio não, “mas tudo pode acontecer”, sublinhava ao ECO Albino Oliveira, da Patris Investimentos. Os analistas duvidam que a contrapartida de 6,80 euros seja revista em alta até porque a EDP não impôs nenhuma condição de sucesso na OPA, descomprometendo-se (de forma implícita) de qualquer ajustamento no preço.

Ainda assim, há gente no mercado que acredita num cenário contrário. As ações da EDP Renováveis dispararam 10% na primeira sessão após o anúncio de lançamento da OPA e fecharam sensivelmente dez cêntimos acima daquilo que a EDP se propõe a pagar para controlar pelo menos 90% do capital da sua subsidiária.

EDP Renováveis continua acima da OPA

Os analistas do Haitong sublinhavam que dificilmente a EDP deverá promover uma melhoria da sua oferta, uma opinião partilhada por Albino Oliveira. “É difícil de entender o que poderá levar a EDP a rever em alta. Tudo pode acontecer. Mas olhando para o preço do mercado e se o preço do mercado se mantiver sempre acima da oferta, torna menos provável que consiga os 90%”, disse o gestor de ativos da Patris.

A EDP detém atualmente 77,5% da EDP Renováveis. Para poder retirar esta subsidiária da bolsa, conforme anunciou no lançamento da OPA, além de ter de deter 90% do capital da EDP Renováveis, a elétrica terá de conseguir comprar 90% dos 22,5% que ainda não possui na sua unidade de energia verde. O que hipoteca ainda mais as possibilidades de “sucesso” da OPA.

Como vai financiar a OPA?

A EDP vai precisar de 1,3 mil milhões de euros para comprar a totalidade da EDP Renováveis. É muito dinheiro para uma empresa que se comprometeu em reduzir a sua dívida que, no final de 2016, se situava acima dos 15 mil milhões de euros, quatro vezes o EBITDA que consegue gerar por ano.

Ainda assim, o financiamento desta operação está totalmente garantido. Momentos após o lançamento da OPA, António Mexia anunciava ao mercado a venda da Naturgas, uma empresa de distribuição de gás natural em Espanha, por 2.591 milhões de euros, acima da avaliação de 2.100 milhões de euros que o mercado atribuía à empresa espanhola. Mexia recebeu os parabéns dos analistas por este negócio que, em parte, será canalizado para financiar a oferta sobre a EDP Renováveis. O que sobrar vai para abater a dívida.

Para o CaixaBI, são dois negócios win-win para a EDP: “As transações anunciadas são positivas para a EDP na medida em que a venda da Naturgas é realizada a uma valorização muito atrativa enquanto os minoritários da EDP Renováveis serão adquiridos a um valor abaixo da nossa avaliação”.

"As transações anunciadas são positivas para a EDP na medida em que a venda da Naturgas é realizada a uma valorização muito atrativa enquanto os minoritários da EDP Renováveis serão adquiridos a um valor abaixo da nossa avaliação.”

Helena Barbosa

Analista do CaixaBI

Por que razão a EDP quer comprar a EDP Renováveis?

Para Mexia, estas transações fazem todo o sentido. Ao vender a Naturgas, a EDP aliena um ativo que não oferecia grande diversificação geográfica. E, ao adquirir a EDP Renováveis, a EDP simplifica a sua estrutura organizacional, potenciando ganhos de eficiência e “maior cooperação com as operações da EDP em Portugal, Espanha e Brasil”. E isto numa altura em que a baixa liquidez do mercado não confere grandes vantagens em ter duas empresas em bolsa.

Com esta mudança na carteira de ativos, a EDP vai conseguir obter um valor significativo para prosseguir com a redução da dívida. Isto ao mesmo tempo que “preserva o seu perfil de baixo risco”. A meta de redução do rácio entre a dívida e o EBITDA é reiterada, devendo ser de três vezes em 2020.

Ao mesmo tempo que consegue reduzir o endividamento, e acreditando no potencial da EDP Renováveis, a EDP defende, na apresentação feita aos investidores perante estas duas operações, que será capaz de criar mais valor para os acionistas. A empresa liderada por António Mexia aponta para uma “melhoria dos lucros de 2019 em diante”. Em 2016, o lucro da EDP subiu 5% para 961 milhões de euros em 2016.

Por outro lado, a EDP avança sobre a EDP Renováveis segue-se após movimentos semelhantes do mercado, nomeadamente da Iberdrola, EDF e Enel.

Quando é que a OPA avança?

Para os analistas, o timing da OPA foi surpreendente. Já Mexia considerou que este é o “momento adequado” para a EDP proceder a uma recomposição do seu negócio. “No curto prazo, permite cristalizar o valor dos ativos. A médio prazo, reforça os objetivos do nosso plano estratégico. E melhora a posição da EDP no setor das utilities a longo prazo”, declarou o líder da EDP.

António Mexia confidenciou ainda aos analistas que a OPA deverá ficar registada nas próximas semanas. Mas a conclusão da oferta deverá demorar ainda mais: durante o segundo trimestre ou já no início terceiro trimestre deste ano, adiantou o presidente da EDP. Mas tudo vai depender dos timings da CMVM.

Quanto à venda da Naturgas, o acordo deverá ficar fechado no próximo mês de abril.

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Provedor da Justiça considera taxa municipal da Câmara de Lisboa inconstitucional

  • ECO
  • 29 Março 2017

José de Faria Costa considerou a taxa municipal inconstitucional porque é, na verdade, um imposto e não uma taxa. E os impostos devem de ser formulados pelo Parlamento e não pelas Câmaras.

José de Faria Costa, Provedor de Justiça, enviou esta quarta-feira uma carta ao Tribunal Constitucional onde pede a declaração de inconstitucionalidade da taxa municipal de proteção civil do Município de Lisboa, na parte em que a autarquia faz a cobrança incidir sobre prédios urbanos ou frações destes.

Na opinião de José de Faria Costa, a taxa municipal é inconstitucional porque é na verdade um imposto, e não uma simples taxa, e os impostos devem de ser formulados pelo Parlamento e não pelas Câmaras Municipais.

“O tributo em questão configura um verdadeiro imposto, na medida em que não será possível identificar, para os seus sujeitos passivos — aliás os mesmos do Imposto Municipal sobre Imóveis — qualquer benefício concreto ou específico que permita a sua qualificação como uma genuína taxa, nem sequer alguma vantagem difusa ou reflexa (de grupo), capaz de justificar a sua classificação como uma contribuição financeira”, defende José de Faria Costa no comunicado de imprensa em que justifica o envio da carta ao Tribunal.

“Tratando-se de um autêntico imposto, a sua criação deveria constar de lei do Parlamento ou de decreto-lei devidamente autorizado pela Assembleia da República, o que não sucedeu”, lê-se ainda no comunicado.

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