Motoristas pedem nova reunião para tentar evitar greve

  • Lusa
  • 1 Agosto 2019

"Reunião foi informalmente aceite pelo Ministério das Infraestruturas" e deverá realizar-se na próxima segunda-feira, dia 5 de agosto, diz Pedro Pardal Henriques.

O vice-presidente do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas, Pedro Pardal Henriques, revelou que pediu “uma nova reunião ao ministério das Infraestruturas para tentar um acordo e assim evitar a greve” dos motoristas.

Em declarações à RTP3, no programa Grande Entrevista, Pedro Pardal Henriques explicou que “a reunião foi informalmente aceite pelo Ministério das Infraestruturas” e deverá realizar-se na próxima segunda-feira, dia 05 de agosto.

“Há sempre a hipótese de a greve ser desconvocada, estamos sempre dispostos a negociar”, garantiu Pedro Pardal Henriques, que também é advogado.

A greve convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), que começa em 12 de agosto, por tempo indeterminado, ameaça o abastecimento de combustíveis e de outras mercadorias.

O Governo terá de fixar os serviços mínimos para a greve, depois das propostas dos sindicatos e da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) terem divergido entre os 25% e os 70%, bem como sobre se incluem trabalho suplementar e operações de cargas e descargas.

O ministro Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, considerou que “todos” devem estar preparados para os “transtornos” da greve dos motoristas de mercadorias, enquanto o responsável pela tutela das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, assegurou que o Governo está “a trabalhar” naquela questão e que os serviços mínimos “serão numa dimensão muito satisfatória”.

A greve do SNMMP iniciada em 15 de abril levou à falta de combustíveis em vários postos de abastecimento em todo o país, tendo o Governo acabado por decretar uma requisição civil e convidar as partes a sentarem-se à mesa das negociações.

O SIMM já veio dizer que as consequências desta greve serão mais graves do que as sentidas em abril, já que, além dos combustíveis, vai afetar o abastecimento às grandes superfícies, à indústria e aos serviços, podendo “faltar alimentos e outros bens nos supermercados”.

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Quantos gelados come um português por ano?

Ainda que não sejam os maiores fãs de gelado, cada português consome anualmente cerca de 6,5 litros de gelado. Isto dentro de casa, porque quando está fora come cerca de oito unidades por ano.

Um sabor, dois sabores ou até mesmo três. Com topping ou sem topping. No copo ou no cone, podendo este ser simples ou com o interior em chocolate. As opções são quase infinitas, mas todas elas se conservam no frio, derretem ao calor e são, sobretudo, procuradas durante os meses mais quentes. Falamos, claro, de gelados.

Já pensou na quantidade de gelado que come anualmente? Um litro, dois ou talvez muito mais de três? E quantos gelados de pauzinho? O ECO foi tentar saber, junto dos especialistas, quantos gelados come um português por ano.

De acordo com a empresa de estudos de mercado Kantar, é preciso, antes de mais, fazer uma distinção entre as “quantidades de gelado consumidas dentro do lar (neste caso o valor é em litros) e as quantidades consumidas fora do lar (valor em unidades)”.

Posto isto, saiba, finalmente, que, dentro de casa, cada português consome em média 6,5 litros de gelado por ano. Já fora de casa, cada português come 8 unidades de gelados.

As médias foram calculadas pela Kantar Portugal e dizem respeito ao ano móvel do primeiro semestre de 2019, ou seja, é o período de 12 meses que terminam no dia 16 de junho de 2019. “Não inclui o verão de 2019, mas inclui o verão de 2018″, salienta a empresa.

Gelados de nata resistem ao inverno

Durante o ano — sem grande surpresa –, o período do verão é aquele em que as marcas sentem maior procura. “Sentimos uma clara sazonalidade no consumo de gelados, com a grande maioria dos momentos de consumo a ocorrer nos meses de verão”, diz fonte oficial da Nestlé Portugal.

A Santini concorda. “Para todos os efeitos, em Portugal, o negócio da indústria dos gelados continua a ser sazonal, sendo que se nota um maior aumento do consumo nos meses mais quentes. O início e fim da chamada época alta varia muito, consoante as temperaturas sentidas, mas de uma forma genérica poderíamos referir o período compreendido entre maio e setembro”, afirma fonte oficial da geladaria.

Por outro lado, questionada sobre as preferências dos portugueses consoante a estação do ano, a Santini refere que, nos meses de verão, o morango e o chocolate são os prediletos. Já a Nestlé avança que os gelados de gelo têm, normalmente, mais saída em dias de muito calor, enquanto “os gelados à base de leite (nata) tem um consumo mais estável”.

Os gelados de nata são consumidos ao longo de todo o ano, enquanto os de gelo são mais procurados durante os meses de verão.Pixabay

Segundo a consultora Mintel, no ano passado, os lançamentos de gelados com adição de proteína e baixo teor de açúcar registaram um aumento a nível mundial, bem como as opções vegan, nas quais a previsão da consultora para os próximos dois anos é que a aveia passe a ser uma base mais comum na confeção de gelados sem produtos lácteos.

Os maiores consumidores de gelados do mundo são… os noruegueses

Há quem goste mais de gelados do que os portugueses? Há. Na verdade, os litros de gelado que os portugueses consomem não se comparam aos valores verificados na Noruega. De acordo com o relatório da consultora Mintel, publicado em 2017, citado pela Kitchn (acesso livre, conteúdo em inglês), os noruegueses são, de facto, os maiores consumidores de gelados do mundo.

Cada norueguês come, em média, 9,8 litros de gelado por ano. Perto destes estão os australianos, que comem cerca de 9,4 litros de gelado anualmente. O terceiro lugar do pódios dos maiores consumidores de gelados pertence aos suecos, consumindo, em média, 8,9 litros por pessoa.

Já relativamente ao maior produtor de gelados, se está a pensar nos famosos gelados italianos, desengane-se. O maior produtos de gelados na União Europeia (UE) é mesmo a Alemanha. De acordo com os dados mais recentes do Eurostat, em 2017, a Alemanha produziu 517 milhões de litros de gelado. Itália e França são os outros países que ocupam o pódio deste ranking, com 511 e 466 milhões de litros produzidos em 2017, respetivamente.

Ainda que os dados publicados pelo gabinete de estatísticas da UE não tenham valores para Portugal, é possível saber que, em Espanha, se produzem 319 milhões de litros de gelado, 38 milhões na Grécia ou 32 milhões na Finlândia.

Quanto custa carregar a bateria do seu telemóvel? Quantas árvores são precisas para fazer uma resma de papel? Quanto custa fazer uma prancha de surf? Quantos casamentos se fazem em agosto? De segunda a sexta-feira, até ao final de agosto, o ECO dá-lhe a resposta a um “Sabia que…”.

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CGD paga juros abaixo de um euro, mas os depósitos vão mesmo baixar

O banco público baixa, a partir de hoje, as taxas dos depósitos. Cortes de remuneração variam entre os 70% e 90%, sendo que os juros pagos aos clientes, mesmo que sejam de um valor inferior a um euro.

Há pouco mais de um mês, a CGD revelou aos seus clientes uma revisão em baixa da remuneração das suas poupanças. Mas a grande surpresa foi mesmo a decisão de deixar de pagar juros abaixo de um euro. Após uma chuva de críticas e a condenação do Banco de Portugal, a instituição liderada por Paulo Macedo recuou nesta decisão, mas à descida dos juros não será possível escapar. As famílias com poupanças depositadas no banco público contam a partir de hoje com remunerações mais magras.

Esta quinta-feira, 1 de agosto, entram em vigor as alterações ao preçário da CGD para as taxas de juro dos seus depósitos. Para os produtos em comercialização, as remunerações dos depósitos passam a ser 70% inferiores face às taxas que se aplicavam até agora.

Abrangidas por essas alterações estarão as contas Caixa Poupança Reformado, Caixa Poupança, Caixa Poupança Emigrante, Caixa Projecto e Caixa Poupança Superior. Qualquer destas aplicações passam a ser remuneradas a um juro anual de 0,015%, em vez dos 0,05% que vigoravam.

Esta será também a diferença que vai afetar os depósitos que estão suspensos, mas que ainda se encontram em contas ativas: nomeadamente nas contas Poupança Caixa Activa, Caixapoupança Mais reformado, Caixaprojeto emigrante, Caixapoupança Rumos, Poupança Caixa Empreender e Caixapoupança Condomínio.

Alterações aos juros das poupanças na CGD

Já no que respeita aos depósitos da conta Poupança Caixa Família Base e conta Poupança Caixa Família Mais, aplicam-se cortes de remuneração de 85% e 90%, respetivamente. A taxa de juro passa de 0,1% para 0,015% no primeiro caso, e de 0,15% para 0,015% no segundo caso.

A atualização em baixa das remunerações de todos esses produtos “produzirá efeitos na data de renovação” especifica a CGD, acrescentando que o cliente “tem o direito de denunciar o contrato, imediatamente e sem encargos, antes da data proposta para a aplicação das referidas alterações”. “Caso contrário será considerado que aceitou as alterações indicadas”, diz ainda o banco público.

O corte nos juros dos depósitos da Caixa surge numa altura em que o Banco Central Europeu (BCE) dá sinais de uma nova descida nas taxas de referência, quando as taxas já estão nos valores mais baixos de sempre, pesando no negócio tradicional dos bancos.

E não é uma opção exclusiva do banco público, mas uma tendência que tem sido seguida pela generalidade dos bancos nacionais. A evolução da remuneração média das novas aplicações em depósitos a prazo atesta isso mesmo. Em junho, os bancos nacionais ofereceram uma taxa de juro média de 0,12% nas novas aplicações em depósitos a prazo, o valor mais baixo pelo menos dos últimos 19 anos e meio, tendo em conta o histórico do BCE que arranca em janeiro do ano 2000.

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Vem aí a greve dos motoristas. É assim que as empresas estão a preparar-se para o embate

Maioria das empresas já tem planos de contingência, alguns dos quais já estão ativados. Bombas e supermercados querem ter stocks cheios. Altice alerta para coincidência da greve com fase de incêndios.

No setor empresarial, tal como no caso de muitos particulares, a primeira resposta à pergunta de como se estão a preparar para a paralisação de motoristas de 12 de agosto é rápida: manter os tanques de combustível totalmente abastecidos até ao início da greve. Especialmente as empresas que dependem de frotas próprias. Depois, e ao longo da paralisação agendada por tempo indeterminado, a ideia será gerir esses mesmos tanques — e demais impactos, previsíveis ou não.

Da criação Gabinetes de Crise, a depósitos de combustíveis portáteis, reforço de reservas próprias, passando pela redução das deslocações, prioridade aos veículos elétricos, à garantia que tudo será feito para assegurar que nada faltará nas prateleiras dos supermercados, muitos são os passos que o tecido empresarial já tem em curso ou preparados para dar ao mínimo sinal de uma atrofia nas cadeias de abastecimento. Comecemos pelas prateleiras.

Distribuição: Falem com a APED (mas vão comprando bens)

A resposta automática das empresas de distribuição contactadas pelo ECO foi de remeter qualquer posição para a associação do setor, a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED). Esta já antes tinha solicitado a inclusão dos bens alimentares nos serviços mínimos já que, caso contrário, poderá faltar comida nos supermercados. Mas nem todos se limitaram a remeter para a associação.

Do lado do Continente, a empresa salientou que está a acompanhar a evolução dos acontecimentos com a devida atenção, já que está “consciente do potencial impacto na operação do retalho alimentar”. Até ao momento, sublinha fonte oficial, “não se registam alterações significativas no comportamento dos consumidores em loja”, pelo que, por enquanto, não tem planeado qualquer alteração ao habitual funcionamento dos seus espaços. Mas a insígnia da Sonae MC é lesta em tranquilizar os seus clientes.

O Continente “está a trabalhar no sentido de garantir os habituais níveis de stock e capacidade de reposição nos lineares durante os dias da greve, bem como os que imediatamente lhe sucedam”. Uma resposta similar à que a empresa de distribuição grossista Makro avançou ao ECO, ainda que esta se dirija sobretudo ao canal Horeca.

“No âmbito da greve (…), a Makro Portugal informa que todos os seus serviços se encontram garantidos e assegurados. Estamos a tomar todas as medidas e salvaguardas para que a operação flua como o habitual, tanto a montante como a jusante, salvaguardando o recebimento das nossas mercadorias e o fornecimento dos nossos clientes de Hotelaria e Restauração através do nosso serviço de entregas”, disse fonte oficial. Mas, e por via das dúvidas, nada como prevenir, defende.

“Recomendamos, inclusive, a todos estes clientes de Hotelaria e Restauração o reforço antecipado de aquisição de bens não perecíveis, como mercearia, bebidas, descartáveis, e também, congelados, laticínios e charcutaria”, apontou a Makro.

Telecomunicações: Altice há duas semanas em modo ‘Crise’

Por ter que estar prevenida para mais do que uma crise, a Altice surge como a empresa aparentemente mais preparada para lidar com um cenário de agravamento dos impactos da greve. O que se justifica por ser uma empresa que também tem que estar a 200% em plena época de incêndios. Tanto que o gabinete de crise da empresa não só já está montado como já foi ativado há quinze dias.

Há mais de duas semanas que a Altice Portugal ativou o Gabinete de Crise, do qual fazem parte diferentes direções da companhia, de forma a serem atempadamente elencados os procedimentos necessários para dar resposta à nova greve dos motoristas de materiais perigosos, agendada para o dia 12 de agosto”, apontou fonte oficial da empresa ao ECO. Esta é uma equipa que reúne todas as semanas e que está em “total e estreito contacto com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil”, detalha. Mas se a greve coincidir com incêndios de larga envergadura… o caso pode complicar, e muito, alerta a Altice Meo.

“No entanto, quando vivemos numa época do ano onde é preciso dar resposta a um conjunto de situações relacionadas com os incêndios florestais, a Altice Portugal vê ainda com maior preocupação esta probabilidade de falta de combustíveis, em virtude dos milhares de quilómetros que as equipas técnicas e de operações da Altice fazem pelo país. E é exatamente neste campo que a empresa está especialmente atenta e preocupada, tentando prevenir problemas que possam pôr em causa a sua atividade na recuperação dos incêndios”, sublinha.

A Altice Meo tem assim definido um “plano de ataque” preparado para dois cenários possíveis, um para usar enquanto se estiver em estado de “alerta preventivo”, outro para uma “situação de emergência”. No primeiro cenário, a ordem é para “efetuar gestão assertiva” das escalas das equipas técnicas no terreno, reforçar kits de contingência ou reduzir viagens e deslocações e atestar depósitos de combustíveis portáteis, só para citar alguns exemplos.

Já em caso da declaração de situação de emergência — “caso sejam atingidos ou exista um elevado risco de serem atingidos os critérios previstos no Manual de Contingência de Disaster Recovery” — a empresa avançará para o racionamento, definição de prioridades de atuações no terreno e, em caso elevado de avarias, decidirá prioridades em função dos “critérios da Anacom”, o regulador do setor, que regulam estas mesmas prioridades em casos críticos, explicou a empresa ao ECO.

Energia e correios: Frotas dos CTT e EDP acauteladas

Respostas menos detalhadas chegaram da EDP Distribuição e dos CTT. A elétrica referiu ao ECO que, por enquanto, ainda não quer fazer comentários. Porém, em abril a empresa ativou um Plano Operacional de Atuação em Crise, tendo então salientado que este prevê “medidas excecionais de gestão de recursos de forma a conseguir responder a circunstâncias de urgência e de avaria, em particular unidades críticas e cidadãos com necessidades especiais”.

A EDP depende de um total de 3.700 veículos — incluindo prestadores de serviço — que percorrem o país para a realização dos trabalhos normais da atividade de distribuição de energia elétrica, daí que o reativar do Plano Operacional será um dos passos que naturalmente o grupo dará se a greve de 12 de agosto tiver (pelo menos) o impacto da anterior paralisação.

Já do lado dos Correios há também uma frota que cuidar. E a empresa assegurou ao ECO que a distribuição postal está a ser preparada para a greve. “Os CTT, procurando minimizar qualquer incómodo que a paralisação possa causar aos clientes, têm preparado um plano de contingência interno, adequado às necessidades da frota e que assegure a atividade de distribuição postal”, apontou fonte oficial.

Banca: temos (por obrigação) contingências para tudo

No setor bancário, as instituições financeiras também se dizem preparadas para o que der e vier. A banca é dos setores que irá sofrer sobretudo se a greve gerar uma situação em que os bancários comecem a sentir problemas em deslocar-se para o local de trabalho: afinal, há mais de 4.000 balcões bancários abertos diariamente.

A Caixa Geral de Depósitos apontou “estar a acompanhar a situação” e garante que “agirá de forma a proteger, dentro do possível, os seus interesses e dos seus clientes”. O banco público conta com mais de 500 agências. Uma resposta similar às restantes instituições.

Tanto o BPI, como o Montepio, realçaram que têm há muito planos de contingência preparados para qualquer eventualidade que possa impactar na atividade. “Temos um plano de continuidade de negócio que prevê um conjunto de ações para fazer face a eventuais emergências”, diz fonte do Montepio, que conta com mais de 300 balcões.

“O BPI tem planos de contingência, como sempre tem para prevenir situações excecionais. Como habitualmente, não divulgamos os detalhes”, disse fonte do banco liderado por Pablo Forero.

Gasolineiras: encher bombas até dar

À imagem do que foi recomendado pela ENSE, as petrolíferas e gasolineiras têm dado prioridade ao reforço dos stocks disponíveis nas bombas, procurando que nenhuma destas esteja menos que cheia aquando do início da paralisação. “A Repsol está a tomar as medidas adequadas à mitigação dos efeitos da greve, como por exemplo reforçando os stocks nos postos”, explicou fonte oficial ao ECO.

Apesar de não ser tão direta quando a Repsol, a resposta da Galp acaba por ir quase no mesmo sentido, já que está “preventivamente a tomar as medidas ao seu alcance para reduzir o mais possível eventuais constrangimentos para os consumidores no abastecimento de combustíveis“. Contudo, acrescenta fonte oficial da empresa, por ora ainda se “espera que seja possível superar as atuais divergências entre as diferentes organizações”.

Já a BP focou-se, na resposta ao ECO, nas preocupações que os clientes têm manifestado. “Sentimos os comportamentos normais de clientes preocupados com o que possa vir a acontecer”, o que se tem verificado “das mais variadas formas”, ainda que a empresa não as revele.

Transportes e aviões: as últimas e as primeiras vítimas?

Na greve de abril, foi através da aviação que se começou a perceber o real impacto da paralisação dos motoristas das matérias perigosas. Se no primeiro dia pouca ou nenhuma atenção foi dada à greve, assim que na manhã do segundo dia começaram a surgir relatos de falta de combustível nos aeroportos de Lisboa e Faro percebeu-se a dimensão dos impactos da greve. Mas e agora?

Do lado da TAP, que precisou de desviar aviões para abastecer no Porto em abril, a empresa preferiu não dar pormenores sobre algum plano de contingência que tenha em curso, tal como a easyJet que, em resposta ao ECO, apenas disse estar à espera de conhecer os serviços mínimos para poder ajustar as suas necessidades. Em abril, esta transportadora optou por fazer vários abastecimentos em Espanha.

Mas se as companhias aéreas foram as primeiras a sofrer em abril — à conta da inexistência de um oleoduto nos aeroportos de Lisboa e Faro –, as principais empresas públicas de transporte conseguiram evitar perturbações significativas, isto apesar da primeira versão dos serviços mínimos para esse paralisação ter sido mal desenhada. Agora, se os serviços mínimos forem reforçados, espera-se um impacto menor — desde que a greve não se prolongue por mais de cinco dias úteis. Por via das dúvidas, a 12 de agosto todos os tanques estarão cheios.

“A Transtejo Soflusa tem mantido os seus tanques de combustível totalmente abastecidos, cuja capacidade permite garantir a prestação do serviço público de transporte fluvial de passageiros durante cerca de 5 dias úteis”, apontou fonte oficial da transportadora. Tal como a Transtejo, também a Carris já está a tomar todas as medidas possíveis.

“A Carris aguarda informação sobre a inclusão do serviço de transporte coletivo de passageiros nos serviços mínimos que venham a ser fixados pelo Ministério do Trabalho”, começou por apontar a empresa ao ECO. A transportadora acrescentou: “Tendo presente a importância dos combustíveis na prestação do serviço público, a Carris tomará todas as medidas que estiverem ao seu alcance, de forma a minimizar o impacto nos utilizadores dos transportes, em linha com o que ocorreu na primeira greve.”

Apesar de viver sobretudo de energia elétrica, também o Metro de Lisboa estará atento aos impactos do eventual prolongamento da greve por alguns dias. Apesar de ter toda a rede alimentada por energia elétrica, e de já ter parte da sua frota automóvel assente em viaturas elétricas, as exigências de manutenção da via já pedem combustível fóssil. Mas aqui o caminho será o mesmo: ter tudo atestado até dia 12.

“O Metropolitano de Lisboa só necessita de diesel para as máquinas que procedem à manutenção da via. Neste momento, os seus reservatórios encontram-se abastecidos e o combustível que for sendo utilizado será reposto até à capacidade máxima dos depósitos até à data de 12 de agosto“, explicou a empresa ao ECO.

Plataformas e a “lamentável incapacidade de se chegar a acordo”

A ampla divulgação da rede de postos de combustíveis de emergência será uma das formas da Bolt e da Kapten lidarem com os impactos da paralisação dos motoristas. A antiga Taxify apontou estar a “criar um plano de comunicação para ajudar a prevenir os efeitos da greve“, incluindo então “toda a informação necessária sobre os postos onde será possível abastecer” e “soluções para otimizar o consumo de combustível”. Mas além da empresa, também os seus motoristas estão a precaver-se, diz a Bolt.

“Temos conhecimento de que alguns gestores de frota e motoristas já estão a preparar-se para todos os cenários, através de reservas de combustíveis“, conforme apontou fonte oficial.

Do lado da Kapten, as primeiras declarações são para ser entregues diretamente a camionistas, patrões e governo. “A manter-se esta lamentável incapacidade de todas as partes chegarem a um entendimento, a greve dos motoristas de materiais perigosos vai efetivamente ter grandes implicações no país, com um valor incalculável, em diferentes setores do mercado, seja direta ou indiretamente”, apontou fonte oficial ao ECO.

Reconhecendo a prioridade de “serviços e setores de primeira necessidade”, a operadora refere, porém, que há que ter em conta igualmente os “setores secundários” igualmente fulcrais na mobilidade dos cidadãos, “como sejam os transportes públicos em geral, serviços públicos e outros setores privados que estão dependentes dos combustíveis para operarem”. Entre estes, “não podemos deixar de referir que, por enquanto, a maioria dos transportes TVDE e táxis operam com combustíveis” e, por isso, estão mais expostos aos impactos da greve. Mas a exposição será mitigada dentro do possível, assegura a empresa.

“Tendo em conta que a Kapten conta com uma frota alargada de veículos elétricos, vamos criar incentivos aos nossos motoristas para que esta frota esteja disponível e a operar durante o período de greve”, explicou fonte oficial. Além disso, também os motoristas prejudicados no seu rendimento serão cuidados, garante a empresa.

“A Kapten está ainda a preparar um incentivo adicional aos Parceiros e Motoristas fiéis, que os ajude a reduzir o impacto negativo que esta greve possa ter nos seus rendimentos/negócios. Queremos assegurar-nos que os motoristas e parceiros continuam a trabalhar de forma sustentável e com motivação.”

Além das empresas supracitadas, o ECO tentou ainda ouvir várias outras que, por diferentes razões, preferiram não fazer qualquer comentário ou divulgar qualquer plano de contingência que já tenham desenhado.

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Há mais de dois mil candidatos, mas Programa de Arrendamento Acessível só celebrou dez contratos num mês

Um mês depois de ter arrancado, o Programa de Arrendamento Acessível do Governo já recebeu mais de 2.000 candidaturas para 89 imóveis inscritos. Mas só foram assinados dez contratos.

Um mês depois de ter entrado em vigor o Programa de Arrendamento Acessível (PAA) do Governo, já foram celebrados dez contratos de arrendamento, revelou fonte oficial do Gabinete da Secretaria de Estado da Habitação. A plataforma recebeu mais de 2.000 candidaturas para 89 alojamentos inscritos, mas suscitou o interesse de mais de 37 mil pessoas.

Foi a 1 de julho que o Governo deu início ao PAA, que promete rendas 20% inferiores às praticadas pelo mercado, colocando ao dispor dos arrendatários imóveis de privados, que podem beneficiar de isenção fiscal. No espaço de um mês, a plataforma do PAA já recebeu mais de 37 mil visitas, com 5.904 utilizadores registados.

Neste mesmo período, foram submetidas 2.264 candidaturas, embora o número de alojamentos seja bastante inferior, apenas 89. Este fraco interesse por parte dos proprietários já era esperado, dado que estes criticavam a burocracia excessiva do processo de inscrição dos imóveis.

No final foram submetidos dez contratos de arrendamento acessível, o que significa que há “dez famílias a usufruir de uma renda abaixo do valor de mercado”, diz fonte oficial do Gabinete da Secretaria de Estado da Habitação, em comunicado.

A secretária de Estado da Habitação olha para estes números com “elevado otimismo” e como um “excelente sinal do sucesso deste programa”. Citada no documento, Ana Pinho lembra que este é um programa que não tem “efeitos imediatos”.

Contudo, a expectativa do Governo é de que “à medida que o conhecimento sobre o programa chegue a mais potenciais senhorios, e que as casas ou os quartos fiquem disponíveis, o número de alojamentos registados na Plataforma do Arrendamento Acessível aumente gradualmente e seja cada vez maior o número de senhorios e famílias a beneficiar das vantagens do PAA”. O Governo espera que o programa “entre em velocidade cruzeiro dentro de um ano e meio”.

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Presidente promulga novas regras para promoções e saldos

  • Lusa
  • 31 Julho 2019

PR promulgou vários diplomas no último dia de julho, incluindo a Lei dos saldos, o regulamento de fundos europeus estruturais ou transferência da garantia de depósitos do CA para o setor bancário.

O Presidente da República promulgou esta quarta-feira um diploma do Governo que prevê novas regras para promoções e saldos no comércio, para garantir que são mais baixos do que o valor a que foi comercializado nos três meses anteriores.

Numa nota publicada no ‘site‘ oficial da Presidência, é referido que Marcelo Rebelo de Sousa promulgou a lei que “simplifica e harmoniza os procedimentos que os comerciantes devem cumprir sempre que comunicam à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica que pretendem realizar vendas em saldo ou em liquidação”.

Este diploma foi aprovado em meados de junho pelo Conselho de Ministros e foi um dos sete documentos do Governo que Marcelo Rebelo de Sousa promulgou agora. A estes, juntam-se uma outra lei da Assembleia da República, que também mereceu o aval do chefe de Estado.

Em conferência de imprensa na altura, o ministro-adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, explicou que “quando se fazem saldos ou promoções tem de se oferecer um desconto relativamente ao preço mais baixo anteriormente praticado” e, com este decreto-lei, e com a definição do que é o “preço mais baixo anteriormente praticado”, procura clarificar-se e evitar que sejam aumentados preços imediatamente antes de saldos ou promoções para depois os baixar.

O “preço mais baixo anteriormente praticado” é o valor “mais baixo praticado nos 90 dias anteriores, com a exceção de saldos e promoções anteriores”, definiu o ministro.

Esta é uma medida de transparência e de clarificação e foi negociada com associações de consumidores e de comerciantes.

Outro dos diplomas promulgados quarta-feira pelo Presidente da República “altera o modelo de governação e as regras gerais de aplicação dos fundos europeus estruturais e de investimento”.

Marcelo Rebelo de Sousa promulgou ainda “normas complementares ao regime de transição dos leitores previsto no Estatuto da Carreira Docente Universitária”, bem como uma alteração ao “mecanismo regulatório tendente a assegurar o equilíbrio da concorrência no mercado grossista de eletricidade em Portugal”.

“Tendo em atenção o parecer favorável do Fundo de Garantia do Crédito Agrícola Mútuo, o Presidente da República promulgou o diploma que procede à transferência da vertente de garantia de depósitos do Fundo de Garantia do Crédito Agrícola Mútuo para o Fundo de Garantia de Depósitos“, acrescenta a nota da Presidência.

Na semana passada, o Governo aprovou, em Conselho de Ministros, a transferência da garantia de depósitos do Fundo de Garantia do Crédito Agrícola Mútuo para o Fundo de Garantia de Depósitos do setor bancário.

Segundo o comunicado do Conselho de Ministros, com a aprovação do decreto-lei, o Fundo de Garantia de Depósitos passa a “concentrar a função de garantia de depósitos do sistema bancário português”, considerando que um sistema único a nível nacional de garantia dos depósitos “permite uma maior mutualização dos riscos do setor e uma proteção homogénea dos depósitos, que se traduz numa eficácia acrescida do sistema”.

Já o diploma da Assembleia da República “acolhe as disposições da Convenção do Conselho da Europa contra o Tráfico de Órgãos Humanos, alterando o Código Penal e o Código de Processo Penal”.

Esta lei visa autonomizar na legislação penal o crime de extração ilícita de órgãos humanos, acolhendo as disposições do Conselho da Europa para o combate ao tráfico, e criando “um crime autónomo de extração ilegal de órgãos humanos”, ou seja, fora do sistema nacional de transplantação.

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Supremo “chumba” recurso do juiz Carlos Alexandre para anular processo disciplinar

  • Lusa
  • 31 Julho 2019

STJ afirma que “o requerente [Carlos Alexandre] não procedeu à respetiva concretização [dos prejuízos], limitando-se a afirmações abstratas, genéricas e conclusivas".

Supremo Tribunal de Justiça (STJ) indeferiu esta quarta-feira um recurso do juiz de instrução Carlos Alexandre para anular o processo disciplinar que lhe foi colocado pelo Conselho Superior da Magistratura (CSM) devido a declarações à RTP sobre a Operação Marquês.

O acórdão do STJ, a que a agência Lusa teve acesso, refere que os juízes decidiram “indeferir a requerida suspensão da eficácia da Deliberação do Plenário do Conselho Superior da Magistratura, tomada em 23 de abril de 2019, que julgou improcedente a Reclamação deduzida pelo Requerente contra a Deliberação do Conselho Permanente do CSM de 13 de novembro de 2018 (que deliberou pela instauração de procedimento disciplinar ao Requerente, aproveitando-se os autos de inquérito em sede de instrução do processo disciplinar (…)”.

Os juízes conselheiros entendem que, “relativamente aos alegados prejuízos, não apenas de difícil reparação, mas mesmo de natureza irreparável, aos afirmados danos morais de relevo, de natureza irreparável ou de muito difícil reparação” invocados por Carlos Alexandre no recurso, “são insuscetíveis de se identificarem como consequência direta, imediata e necessária da conversão do inquérito em procedimento disciplinar”.

Consideram ainda que “são insuscetíveis de integrar o conceito de prejuízo de natureza irreparável ou de difícil reparação, porquanto a irreparabilidade que os caracteriza, decorrendo em exclusivo da sua própria natureza, não afasta a possibilidade de compensação”.

O STJ afirma ainda que “o requerente [Carlos Alexandre] não procedeu à respetiva concretização [dos prejuízos], limitando-se a afirmações abstratas, genéricas e conclusivas, sem especificação (a que estava onerado) dos factos concretos de onde emergem”.

A 27 de novembro do ano passado, o juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal Carlos Alexandre foi alvo de um processo disciplinar por declarações dadas em entrevista à RTP sobre o sorteio da fase de instrução da Operação Marquês.

Na entrevista ao programa Linha da Frente, da RTP, Carlos Alexandre questionou o sistema de sorteio de juízes do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC).

O sorteio eletrónico do juiz de instrução da Operação Marquês escolheu o outro juiz do TCIC, Ivo Rosa.

A Operação Marquês culminou na acusação a um total de 28 arguidos – 19 pessoas, entre as quais o antigo primeiro-ministro José Sócrates, e nove empresas – e está relacionado com a prática de quase duas centenas de crimes de natureza económico-financeira.

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Negócios com o Estado. Os 45 contratos da polémica valem 3,8 milhões

São três ministros e um secretário de Estado que estão no centro da polémica porque familiares seus fizeram negócios com o Estado. Em causa estão seis empresas, 45 contratos e 3,8 milhões de euros.

A polémica dos familiares de governantes que têm negócios com o Estado surgiu depois do Observador e do Jornal de Notícias terem noticiado que Nuno Valente Neves, filho do atual secretário de Estado da Proteção Civil, fez três contratos com o Estado numa altura em que o pai já exercia funções governativas.

O problema é que a lei em vigor, de 1995, prevê que os governantes possam perder o mandato ou ser demitidos se familiares seus fizerem negócios com “o Estado e demais pessoas coletivas públicas”. O Parlamento, entretanto, já mudou esta ‘Lei sobre as incompatibilidades e impedimentos dos titulares de cargos políticos e altos cargos públicos’, tornando-a menos restritiva, mas só estará em vigor na próxima legislatura.

António Costa já pediu um parecer ao Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República para perceber se os governantes violaram a lei e se terão de abandonar o Governo. Entretanto, depois de conhecido o caso do filho do secretário de Estado da Proteção Civil, os jornais desta quarta-feira dão conta de três ministros que estão numa situação idêntica porque familiares seus têm empresas que fizeram negócios com o Estado.

São eles Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e da Habitação, Francisca Van Dunem, ministra da Justiça, e Graça Fonseca, ministra da Cultura. O ECO consultou o Portal Base onde estão depositadas informações sobre os contratos públicos e identificou 45 que envolvem a empresa do filho de José Artur Neves e familiares destes três ministros (ver tabela em baixo).

No caso de Nuno Valente Neves, é sócio com 20% de uma empresa chamada Zerca Lda. Esta empresa de construção civil e promoção imobiliária fez três negócios com o Estado quando o pai de Nuno Valente Neves já exercia funções no Governo, sendo que o maior de todos foi um contrato com a Câmara de Vila Franca de Xira para, segundo o Portal Base, “reabilitação de fogos no bairro do PER da Quinta da Piedade – Lotes 1 a 6, Póvoa de Santa Iria”. Este contrato permitiu à empresa um encaixe de 1,4 milhões de euros.

No caso de Graça Fonseca, conta a revista Sábado que a ministra da Cultura tem participação no capital social de duas empresas: a Joule Internacional Serviços de Engenharia e a Joule Projetos, Estudos e Coordenação, sendo que ambas fizeram negócios com o Estado desde que este Governo tomou posse. Recorde-se que Graça Fonseca era Secretária de Estado Adjunta e da Modernização Administrativa antes de ser ministra.

No total, as duas empresas detidas também pelo pai, mãe e irmão, — e que atuam na área da engenharia, — fizeram contratos com o Estado no valor total de 144.590 euros (valores sem IVA). O maior contrato, orçado em 72,7 mil euros, foi adjudicado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

No caso de Pedro Nuno Santos, conta o Observador que o pai ministro tem duas empresa que trabalham há vários anos com contratos públicos: a Optima – Fabrico de Máquinas para Corte e Gravação Lda e a Tecmacal – Equipamentos Industriais. De acordo com os dados do Portal Base, estas duas empresas fizeram contratos com o Estado e entidades públicas nesta legislatura num valor que ascende a 587.445 euros. O maior dos contratos (188,8 mil euros) resultou de uma adjudicação feita pelo Instituto Politécnico do Cávado e do Ave para “aquisição de equipamentos de fabricação de calçado”.

A ministra Francisca Van Dunem é casada com Eduardo Paz Ferreira, sócio da sociedade Eduardo Paz Ferreira e Associados, que também já fez vários contratos com o Estado, nesta e em anteriores legislaturas. Desde 2016, o Portal Base dá conta de um total de 26 contratos, que ascendem a um milhão de euros. O maior é de fevereiro deste ano, ascende a 282 mil euros, e teve como cliente da Infraestruturas de Portugal que justificou a contratação do escritório com “processos de natureza fiscal”.

Os 45 contratos que envolvem empresas ligadas a familiares dos quatro governantes

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Motoristas. Antram pediu declaração de ilegalidade da greve do sindicato do Norte

Pré-aviso do sindicato do norte viola a lei logo "greve deve ser considerada ilícita", diz Antram. Patrões pedem à DGERT que avalie legalidade. Sindicato representa cerca de 1.000 motoristas.

A Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) solicitou aos serviços do Ministério do Trabalho que avaliem a legalidade da greve convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN), que anunciou recentemente a sua adesão à paralisação de motoristas de matérias perigosas e de mercadorias a partir de 12 de agosto. O pedido foi entregue através de ofício enviado à Direção-geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), a que o ECO teve acesso.

Segundo a Antram, “o aviso prévio anunciado pelo STRUN viola, em vários artigos, o Código do Trabalho, estando-se, por isso, perante uma greve que deve ser considerada ilícita“. Solicitam por isso que a DGERT intervenha junto do sindicato “para que seja cancelado o aviso prévio apresentado ou caso tal não aconteça que a greve seja declarada ilícita”.

A argumentação apresentada pelos serviços jurídicos da Antram ao Ministério do Trabalho realça que o aviso prévio do STRUNviola o artigo 530 nº 2 e 534º do Código do Trabalho” — artigos que regulamentam a greve e, em particular, os que definem que “compete aos trabalhadores definir o âmbito de interesses a defender através da greve” e que exigem a apresentação de uma proposta de serviços mínimos. “A greve e sua declaração não pode ter um objeto indeterminado, caso em que, tal acontecendo deverá ser tida como nula”, alega a associação no ofício entregue esta quarta-feira.

“Da leitura do pré-aviso de greve em causa apenas se anuncia como pretensão motivadora da greve, como se passa a reproduzir, que ‘os motivos que dão origem a esta greve prendem-se com alterações em algumas rubricas do clausulado e eliminação da ata interpretativa’, não se indicando quais as rubricas do clausulado alteradas ou qual a ata interpretativa a eliminar e porquê”, defendem os serviços jurídicos da Antram. “Na declaração de greve sustentada no pré-aviso de greve apresentado, não resulta de nenhuma forma ou minimamente percetível o que é [que] esteve na origem da decisão da realização da greve, seus motivos e o que se pretende obter com a mesma”, rematam.

A Antram lembra de seguida à DGERT que está atualmente a renegociar o contrato coletivo de trabalho vertical com a Fectrans, pelo que a motivação da greve do STRUN “é ainda mais estranha”. Ou seja, se as cláusulas estão a ser renegociadas com a federação a que o STRUN pertence então “os motivos invocados para a greve, para além de não serem percetíveis carecendo de clarificação, na sua génese são inexistentes”, lê-se no documento.

Segundo explicou à Lusa o coordenador do STRUN, José Manuel Silva, a adesão à greve de dia 12 de agosto justifica-se com algumas cláusulas do contrato coletivo de trabalho assinado, cuja revisão reclamam — como a reposição do descanso compensatório do motorista quando trabalha aos feriados e/ou domingos, que atualmente está a ser incluído nas horas de descanso que lhes são atribuídas.

“Há meses que propusemos à Antram alterar uma ata da comissão paritária de dezembro cuja interpretação permite que as empresas juntem às 45 horas de descanso obrigatório, quando regressam de viagem, as compensações a que têm direito por passarem domingos e feriados fora”, disse o responsável. Sobre esta ata, argumenta a Antram, “e apesar de se desconhecer qual matéria/questão laboral que se pretende revogar”, esta foi assinada “pela comissão paritária (…) e como tal aceite pela STRUN, uma vez que estava representada pela Fectrans”.

Serviços mínimos? Onde está a proposta?

O STRUN representa perto de 1.000 motoristas de mercadorias na região Norte, tendo já apontado que a greve que convocou para coincidir com a dos restantes motoristas terá impacto no transporte de todo o tipo de mercadorias, devendo afetar um universo de mais 500 empresas nos distritos do Porto, Aveiro, Vila Real, Bragança e Viana do Castelo. Contudo, no aviso prévio entregue nada é referido sobre serviços mínimos. E este é outro ponto focado pela Antram.

A associação que representa empresas de transporte rodoviário de mercadorias lembra que os seus associados “integram um setor que se destina à satisfação de necessidades consideradas impreteríveis” e que, como tal, “o aviso prévio deve conter uma proposta de serviços mínimos”. Mas não contém.

“Do pré-aviso de greve em questão apenas consta como serviços mínimos a assegurar a seguinte proposta, que se passa a transcrever: ‘O STRUN, declara, porém, que assegurará no decorrer da greve, serviços que, em função de circunstâncias concretas e imprevisíveis venham a mostrar-se necessárias à satisfação de necessidades sociais impreteríveis”, detalha o ofício. Isto no entender da Antram “não configura nenhuma proposta concreta de serviços mínimos encontrando-se a mesma em falta, desde logo porque nem sequer estabelece o número de trabalhadores ou sua percentagem destinados a garantir os ditos serviços mínimos”.

Assim, e “atendendo a tudo o que foi exposto”, a Antram diz estar-se “sem dúvida perante uma greve que deve ser considerada ilícita”, sublinhando que, a ser assim interpretado pelos serviços do Ministério do Trabalho, então caso a paralisação se mantenha os trabalhadores aderentes serão sujeitos ao regime de faltas injustificadas, “podendo constituir infração disciplinar e determinar a obrigação de indemnizar pelos danos causados nos termos comuns da responsabilidade civil”.

Um outro aspeto a salientar sobre os serviços mínimos, diz respeito à própria reunião convocada para debater os mesmos entre Antram, DGERT e STRUN. O sindicato não marcou presença no encontro que iria decorrer esta quarta-feira de manhã.

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Reserva Federal corta juros pela primeira vez desde 2008

A Reserva Federal cortou a taxa de juro em 0,25 pontos percentuais, o primeiro corte desde a crise financeira. Baixo investimento, inflação e incertezas motivam primeiro corte desde a crise.

A Reserva Federal anunciou esta quarta-feira o corte da taxa de juro de referência em 0,25 pontos percentuais, reduzindo as taxas pela primeira vez desde dezembro de 2008, sinalizando que se irá manter atenta às condições económicas e que poderá agir novamente caso os objetivos não se concretizem. A decisão não foi unânime e teve dois votos contra.

Em comunicado, a instituição liderada por Jerome Powell explicou que a decisão se deve aos desenvolvimentos a nível global que têm afetado as perspetivas económicas da maior economia do mundo. A Reserva Federal espera que a economia norte-americana continue a crescer de forma sustentada, o mercado de trabalho continue forte e que a inflação se mantenha perto do objetivo de 2%, mas existe um grau de incerteza em torno destes objetivos que motiva este corte.

“Apesar de o consumo privado ter ganho fôlego face ao início do ano, o crescimento do investimento empresarial fixo tem sido moderado. Numa base anual, a inflação global e a inflação excluindo itens alimentares e energia estão abaixo dos 2%”, disse.

Nesse sentido, a decisão é de que a taxa de juro de referência seja reduzida para um intervalo entre os 2% e 2,25%. Este pode não ser o único corte na taxa de juro a acontecer este ano. No mesmo comunicado, a Reserva Federal diz que vai continuar a monitorizar os desenvolvimentos da economia norte-americana e poderá fazer ajustamentos à taxa tendo em conta os objetivos para o crescimento da economia, do mercado de trabalho e a taxa de inflação.

Na conferência de imprensa que se seguiu ao anúncio da decisão sobre a taxa de juro, o presidente da Reserva Federal explicou que esta decisão é tomada parcialmente para servir como garantia contra os riscos que a Reserva Federal identifica que podem vir a ter impacto na economia norte-americana. Jerome Powell disse ainda que as tensões comerciais e o abrandamento do crescimento económico global — nomeadamente na União Europeia e na China — já estão a afetar as condições económicas nos Estados Unidos, e que esses fatores também pesaram na decisão.

Sobre as tensões comerciais, numa altura em que os Estados Unidos e a China voltaram à mesa das negociações, Jerome Powell disse que “já estão a ter um impacto significativo nas condições nos mercados e na economia”.

Além do corte de juros, a Reserva Federal anunciou também que vai concluir dois meses antes a redução prevista dos ativos no seu balanço, comprados em mercado secundário ao abrigo do System Open Market Account. A decisão permite à Reserva Federal manter mais ativos no seu balanço, uma medida cujo impacto tem sido questionado.

A decisão não foi unânime. Os presidentes da Reserva Federal de Kansas City, Esther George e Eric Rosengren votaram contra a decisão e manifestaram a sua preferência para que as taxas se mantivessem inalteradas nesta reunião, entre os 2,25% e os 2,5%.

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Deputados aprovam envio da lista dos grandes devedores ao Ministério Público

  • Lusa
  • 31 Julho 2019

A deliberação foi feita na votação de um requerimento do PSD, que foi aprovado em todos os pontos, e que pedia a deliberação sobre o envio integral do relatório extraordinário ao Ministério Público.

Os deputados da Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA) aprovaram hoje o envio ao Ministério Público (MP) do relatório extraordinário dos grandes devedores da banca, bem como o estudo de divulgação pública de informação crédito a crédito.

A deliberação foi feita na votação de um requerimento do PSD, que foi aprovado em todos os pontos, e que pedia a deliberação sobre o envio integral do relatório extraordinário ao Ministério Público, ao departamento de Supervisão Macroprudencial do Banco de Portugal (BdP) e ao Mecanismo Único de Supervisão do Banco Central Europeu (BCE).

No ponto cinco, o PSD sugeria que se deliberasse “sobre a possibilidade e modo de eventual acesso público a dados desagregados por operação constantes do Relatório Extraordinário e não cobertos por segredo bancário, de supervisão ou comercial”

Neste ponto, estão dados relativos a administradores que concederam o crédito, valor da exposição bruta, constituição de garantias, perdas de capital ou juros, prática de registo de imparidades e medidas de execução de garantias ou ações de recuperação dos créditos.

Na prática, isto significa que os deputados vão estudar formas de tornar esta informação pública, crédito a crédito, dentro dos limites do segredo bancário.

A COFMA aprovou também solicitar ao Banco de Portugal que remeta ao parlamento “dados mais especificados e concretizados” sobre situações de perdas por eliminação no balanço, e “ações e medidas para recuperação da grande posição financeira realizadas ou em curso”.

A comissão parlamentar comprometeu-se também a realizar um “debate aprofundado” sobre os dados do relatório extraordinário, mas que ficou sem data marcada.

O requerimento aprovado indica que o debate deve ser feito “desejavelmente” nesta legislatura.

Os cinco pontos do requerimento do PSD foram aprovados ponto a ponto, com votos favoráveis de PSD e CDS-PP e abstenção dos restantes partidos em todos os pontos, tendo o deputado do PS Fernando Rocha Andrade votado contra nos pontos dois e três (relativos ao envio ao MP e ao BdP e BCE, respetivamente).

O Banco de Portugal divulgou em 16 de julho as principais perdas dos bancos que recorreram a ajuda pública, à data desse recurso. Em causa estão perdas causadas quer pelos grandes devedores, quer por participações em instrumentos de capital (participação em operações ou títulos de dívida).

Em 28 de maio, foi conhecido que o Estado só recuperou perto de 5,3 mil milhões de euros de um total de 28,3 mil milhões de euros em auxílios concedidos à banca entre 2007 e 2018, segundo o Banco de Portugal (BdP).

Estes documentos são públicos, mas apenas os deputados têm acesso a um relatório extraordinário que não omite nomes de devedores e créditos.

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Alphabet ultrapassa a Apple e já é a empresa com os cofres mais cheios

  • ECO
  • 31 Julho 2019

A dona do Google passou a ter as reservas de liquidez mais elevadas do mundo. Ascendem a 117 mil milhões de dólares. A Apple baixou para 102 mil milhões de dólares.

Após uma década, a Alphabet destronou a Apple. A dona do Google é a nova “rainha do dinheiro”, passando a ser a empresa com as reservas de liquidez mais elevadas do mundo. Ascendem a 117 mil milhões de dólares, o equivalente a cerca de 105 mil milhões de euros, revelam dados recentes citados pelo Financial Times.

A subida à primeira posição do pódio dos maiores “cofres de dinheiro” deve-se a dois efeitos: por um lado, o aumento das reservas da Alphabet, por outro a redução do dinheiro em caixa da Apple.

A alteração na classificação acontece, no seguimento do esforço da fabricante do iPhone em reduzir as reservas de liquidez, acontecendo seis anos após as primeiras pressões exercidas pelo investidor ativista Carl Icahn nesse sentido. As disponibilidades da Apple, líquidas de dívida, caíram para 102 mil milhões de dólares (perto de 92 mil milhões de euros), aquém do recorde de 163 mil milhões que se registava no final de 2017.

Já a Alphabet viu as suas reservar financeiras moverem-se em sentido oposto. Estão atualmente nos 117 mil milhões de dólares, tendo “engordado” perto de 20 mil milhões de dólares no mesmo espaço de tempo.

A ascensão da dona do Google rumo ao topo do ranking de liquidez empresarial expõe a sua riqueza e poder num período politicamente sensível. Foi multada em 8,2 mil milhões de euros por práticas anticoncorrenciais na União Europeia nos últimos dois anos, ao mesmo tempo que enfrenta um escrutínio apertado em Washington.

A empresa também fica exposta ao escrutínio dos investidores que colocam em causa a opção da empresa em privilegiar “encher os cofres” de dinheiro em vez de o usar para recompensar os acionistas com recompras e dividendos, modelo que tem sido seguido pela Apple.

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