Operação Stop? Ações são desperdício de recursos que deviam estar focados nos grandes grupos e empresários

Sindicatos dos impostos defendem legalidade da "Operação Stop" lançada em maio, mas também a criticam. É um tipo de operação que é um desperdício de recursos que deviam estar focados na grande fraude.

Os presidentes do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI) e da Associação Sindical dos Profissionais da Inspeção Tributária e Aduaneira (APIT) asseguram que a operação Stop lançada pelo Fisco e pela GNR no final de maio, e que resultou numa forte polémica, está entre as ações de fiscalização fiscal que vários países implementam, reconhecendo, todavia, que a ação é um desperdício de recursos, até porque os resultados ficam aquém dos recursos exigidos para a mesma.

“A Autoridade Tributária, em termos de qualificação dos recursos humanos, tem uma mais-valia tremenda e não se deve desperdiçar essa capacidade ao nível dos trabalhadores enviando-os para ações em rotundas, expondo-os a situações destas”, apontou Paulo Ralha, presidente do STI, presente esta quarta-feira na Comissão de Orçamento e Finanças, na Assembleia da República.

“Os recursos humanos do Fisco são demasiado valiosos, investe-se demasiado neles para serem desperdiçados em ações como estas“, reforçou, dando como melhor alternativa focar os recursos usados neste tipo de ações “em fiscalizações direcionadas a grandes grupos ou empresários”, apontou aos deputados.

Quanto às questões sobre a legalidade ou não da ação, o líder do STI explicou que a “Operação Stop do Fisco” está enquadrada legalmente, considerando que, desse ponto de vista, “não há nenhuma questão a colocar”, e lembrando que “estas ações são utilizadas em todo o mundo”. E a partir do exemplo dos EUA, Paulo Ralha voltou a defender um melhor foco dos trabalhadores dos impostos no combate à “grande fraude fiscal”, ao invés de apostar em ações em rotundas para apanhar, entre outros, quem não pagou portagens, por exemplo.

“Em termos de legalidade, ação está enquadrada”, disse. “Mas gostava de salientar, dada a singularidade e mediatismo, o exemplo dos Estados Unidos, onde o IRS promove este tipo de ações mas de forma muito específica e direcionada para personalidades com grande dose de mediatismo, desportistas, banqueiros, bancos, grandes empresas… ou seja, quando fazem este tipo de operação incidem nestas pessoas, para mostrar que se os poderosos podem ser punidos, qualquer um pode”, defendeu.

Ainda sobre a ação lançada numa rotunda no final de maio, Paulo Ralha fez questão de sublinhar ainda que considerou “excessivo” colocar os funcionários do fisco “numa rotunda, numa operação que do ponto de vista da receita não teve o alcance que se pretendia e que expôs os funcionários a uma situação de grande conflitualidade desnecessária”, reafirmando o seu recado ao Parlamento: “Temos recursos humanos altamente habilitados que devem ser direcionados, em termos de ação, ao combate à grande fraude e evasão fiscal.”

Além de Paulo Ralha, também Nuno Barroso, da APIT, defendeu a legalidade da ação de cobrança lançada pelo Fisco e pela GNR, assumindo todavia que aguardam pelo relatório e inquérito à operação para perceber se tudo foi feito da melhor forma possível.

Se calhar devíamos estar a discutir os meios da AT e questionar se estão bem orientados para combater as ‘grandes fugas’, dados os conhecimentos e capacidades dos trabalhadores dos impostos, se estão bem alocados e se a AT tem meios suficientes para esse trabalho ser feito”, apontou Nuno Barroso aos deputados.

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Até maio, Provedora de Justiça recebeu 650 queixas sobre Segurança Social

Maria Lúcia Amaral disse o número atualizado de queixas que a Provedoria recebeu não diminui face ao ano passado e revelou que está em curso uma inspeção à execução irregular de dívidas.

A Provedoria de Justiça continua a receber queixas relativas à Segurança Social. Até 30 de maio deste ano foram no total 650 as reclamações. Este número, que na sua maioria dirá respeito a atrasos nas pensões, não representa uma diminuição em relação a 2018. Isto apesar das garantias do ministro Vieira da Silva de que o compromisso assumido, no início de ano, de reduzir os atrasos nestas prestações sociais no primeiro semestre estava a “ser cumprido”.

“Não há uma diminuição sensível do que se verificou no ano anterior”, admite a provedora de Justiça, numa audição na Comissão de Trabalho e Segurança Social, requerida pelo PSD, devido às queixas motivadas pelos atrasos na atribuição de pensões. No entanto, Maria Lúcia Amaral deixa a ressalva de que têm “informação factual que as situações concretas vão sendo decididas com maior celeridade”.

A provedora revela que se começou a sentir “alguma atenuação das dificuldades” a partir de abril e maio, verificada através de um “pormenor técnico”. “Perante o número avassalador de queixas, fomos elaborando listas de pessoas que se queixavam dos atrasos e comunicávamos essas listas ao Centro Nacional de Pensões e íamos monitorizando e fiscalizando a forma como cada situação individual ia sendo resolvida”, explica.

Já na 14º lista, a equipa responsável verificou que o número de atrasos tem vindo a diminuir e que “o problema começou a não ter a gravidade que tinha antes”, indica Maria Lúcia Amaral. “O número de situações que são resolvidas muito mais depressa aumentou”, completa, apesar de não adiantar números concretos.

Inspeção à execução irregular de dívidas

A provedora de Justiça adiantou também, durante a audição na Comissão de Trabalho e Segurança Social, que decidiu ordenar uma instrução aos centros de execução, tendo como uma das motivações o número de “queixas quanto à execução irregular de dívidas e sem garantias devidas aos cidadãos”.

“Está a decorrer uma inspeção aos centros de execução quanto a notificações, procedimentos de notificação, penhora e outras, para que no final de 2019 possamos ter resultados”, avança Maria Lúcia Amaral. “É o processo executivo da Segurança Social que está em causa”, reitera.

O volume de reclamações relativas à execuçao indevida aliado ao “aumento avassalador de queixas quanto ao atraso de pensões” foi “impressionante”, confessa a provedora. “Não podemos admitir ao Estado português comportamentos deste tipo”, conclui Maria Lúcia Amaral.

(Notícia atualizada às 12h05)

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Ex-UBS pede indemnização de 100 milhões de euros ao Santander

  • ECO
  • 3 Julho 2019

Andrea Orcel era a escolha para CEO do Santander. Contudo, o banco recuou depois de saber que teria de lhe pagar uma indemnização de 50 milhões para compensar a sua saída do UBS

Andrea Orcel passou das palavras aos atos. O ex-UBS abriu uma batalha legal contra o Santander depois de o banco espanhol ter recuado na decisão de o contratar para CEO. O banqueiro italiano está a pedir uma indemnização de mais de 100 milhões de euros ao Santander, avança o El Confidencial nesta quarta-feira, estando em causa a alegação de violação de contrato. A quantia exigida é o dobro quando comparada com os 50 milhões de euros que o Santander teria de lhe pagar para compensar a a saída do UBS e motivou a desistência do banco espanhol.

Aquilo que Orcel reivindica é que o contrato com o Santander seja cumprido e que caso contrário lhe seja então paga uma indemnização de mais de 100 milhões. O valor exigido inclui os salários que este deixou de receber do UBS e que poderia ter auferido do Santander, adiantaram fontes próximas ao jornal espanhol.

O recuo na contratação de Orcel foi anunciada pelo próprio Santander a 15 de janeiro deste ano, gerando surpresa no setor financeiro. A instituição financeira espanhola que quatro meses antes tinha anunciado a assinatura do contrato com o italiano justificava o recuo na decisão com o “custo inaceitável” que representaria a indemnização de 50 milhões de euros. O banco liderado por Ana Botín acreditava que caberia ao UBS assumir o cumprimento financeiro da cláusula contratual, algo que o banco suíço rejeita.

No seguimento do recuo na decisão de contratar Andrea Orcel, o Santander acabou por reconduzir José Antonio Álvares como CEO e atrasar ainda a apresentação do seu plano estratégico.

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AdC acusa Governo de violar lei dos reguladores: cativações sobem para 21% do orçamento

A presidente da Autoridade da Concorrência assegura que o orçamento do regulador é suficiente, mas que as cativações, que subiram para 21% , estão a condicionar a atividade.

Margarida Matos Rosa acusa o Governo de violar a Lei-quadro das Entidades Reguladoras por sujeitar a Autoridade da Concorrência as cativações que condicionam a atividade da organização. E assegura que a organização que dirige não precisa “de todo o babysitting” que é feito por parte do Ministério das Finanças.

A Lei do Orçamento do Estado já previa cativações na ordem dos 8% num orçamento de 11,71 milhões de euros, mas a Lei da Execução Orçamental mostra que a Autoridade da Concorrência foi este ano alvo de cativações de 2,4 milhões de euros, o que representa 21,09% do orçamento total.

As cativações “são incoerentes com a lei-quadro que diz que não deve haver cativação sobre as entidades reguladoras independentes”, diz a presidente da AdC, sublinhando que as questões de cativações são “ainda incompatíveis com a nova diretiva”. Em causa está a Diretiva (UE) 2019/1 que aguarda ainda transposição para o direito português.

Em 2018, o regulador foi sujeito a um corte na ordem dos 40%, face ao orçamento de 2017, o que terá resultado em atrasos nos pagamentos de despesas correntes, como rendas e ajudas de custo e trabalho suplementar aos funcionários.

Com 94 trabalhadores, Margarida Matos Rosa, lamenta demorar “imenso tempo a conseguir recrutar outra pessoa” quando existem saídas de funcionários do regulador. “Somos uma entidade auditada, acho que não precisamos de todo este babysitting”, diz.

A presidente da Autoridade da Concorrência diz ainda ter “um orçamento que é adequado”, mas reconhece que a AdC podia “fazer mais com mais orçamento”. “Temos demonstrado conseguir estar muito mais atuantes em todos os sectores de atividade e não apenas em um ou dois como era o caso anteriormente na autoridade”, diz a presidente do regulador, que acaba por se congratular com a possibilidade de vir a receber mais financiamento por via da proposta de alteração da supervisão financeira que propõe incluir o Banco de Portugal como fonte de financiamento do regulador da concorrência.

Concorrência aplica multas de 13,6 milhões de euros

A Autoridade da Concorrência aplicou no último ano e meio coimas no valor de 13,6 milhões de euros por práticas lesivas da concorrência. A maior multa coube às seguradoras Fidelidade e Multicare que foram alvo de uma coima no valor de 12 milhões de euros por prática de cartel.

As contas foram apresentadas na manhã desta quarta-feira por Margarida Matos Rosa, presidente da Autoridade da Concorrência, que se encontra a ser ouvida pelos deputados da Comissão de Economia. Nos últimos 18 meses, o regulador recebeu mais de 500 exposições e denúncias, das quais acabaram por resultar 10 decisões, das quais cinco terminaram em condenação.

A presidente do regulador explica que a maior coima foi aplicada às seguradoras Fidelidade e Multicare, condenadas”por constituição de cartel de repartição de mercados através da alocação de clientes”, “com coimas à data de 12 milhões de euros, uma vez que não está terminado o caso”. “Foram tomadas já decisões finais de transação com três das entidades, faltam duas que ainda não tiveram uma decisão final”, completa.

À data, a AdC admitia que, com base no acordo, a coima de 12 milhões de euros foi um valor bastante inferior ao que teria de desembolsar caso o cálculo fosse feito com base na faturação total. A coima máxima poderia ir até 10% do volume de negócios em 2017. Não só o acordo reduziu a fatura, como não foram aplicadas sanções a colaboradores ou administradores da Fidelidade/Multicare.

Em causa esteve a divisão de mercado de “grandes clientes empresariais nos sub-ramos acidentes de trabalho, saúde e automóvel”. Ainda envolvidas neste processo estão a Lusitania – Companhia de Seguros, Seguradoras Unidas, S.A. (antigas Tranquilidade e Açoreana) e Zurich Insurance PLC – Sucursal Portugal. Foram ainda alvo de nota de ilicitude 14 titulares de órgãos de administração e direção destas seguradoras.

A condenação da Fidelidade e da Multicare resulta da “conclusão antecipada que ocorreu no âmbito de um procedimento de transação em que as empresas confessam os factos”, afirmou Margarida Matos Rosa.

O processo contra o cartel das seguradoras resultou de um pedido de clemência, sendo este apenas um dos 17 processos abertos desde 2006 por esta via. Margarida Matos Rosa acrescenta que “os pedidos de clemência originaram 40% das investigações de cartel da AdC”, mas a presidente do regulador garante que o regulador “consegue fazer investigação por cartel sem ter pedidos de clemência”

(Notícia atualizada às 12:40)

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Álvaro Amaro diz que é “absolutamente compatível” ser eurodeputado e arguido

  • Lusa
  • 3 Julho 2019

"Estive e estarei até ao último segundo disponível para prestar todos os esclarecimentos perante a Justiça portuguesa", considera o eurodeputado social-democrata.

O eurodeputado social-democrata Álvaro Amaro considerou esta quarta-feira, em Estrasburgo, que é “absolutamente compatível” começar a desempenhar as funções de eurodeputado e continuar a colaborar com a Justiça no âmbito da operação “Rota Final”, onde foi constituído arguido.

Em declarações aos jornalistas em Estrasburgo, por ocasião da sessão inaugural do Parlamento Europeu, Álvaro Amaro afirmou iniciar funções “em consciência” e com um sentimento de “grande honra”, apontou que a sua disponibilidade para continuar a colaborar a Justiça portuguesa é total, “do primeiro até ao último segundo”, e voltou a deixar a garantia de que não se refugiará no estatuto de imunidade parlamentar.

“Jamais me refugiarei atrás de qualquer estatuto de qualquer tipo de imunidade. Estive e estarei até ao último segundo disponível para prestar todos os esclarecimentos perante a Justiça portuguesa”, declarou.

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Famílias da Zona Euro poupam (e investem) cada vez mais

  • Lusa e ECO
  • 3 Julho 2019

A poupança e o investimento das famílias cresceu na Zona Euro. No primeiro trimestre do ano, a taxa de poupança das famílias subiu para os 12,6%, face aos 11,4% registados o ano passado.

A poupança das famílias na Zona Euro aumentou no primeiro trimestre do ano face ao homólogo, mas também na comparação com o anterior, comportamento acompanhado pelo investimento, revela o Eurostat.

No primeiro trimestre do ano, a taxa de poupança das famílias do euro subiu para os 12,6%, face aos 11,4% homólogos e aos 12,1% registados entre outubro e dezembro de 2018. Está em máximos desde o final de 2014.

Estes dados divulgados pelo gabinete estatístico europeu, bem como o Banco Central Europeu (BCE), referem-se apenas ao conjunto dos países Zona Euro, não havendo desagregação por país.

Em Portugal, de acordo com os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística, a taxa de poupança atingiu, no primeiro trimestre do ano, 4,5%, menos 0,1 pontos percentuais que nos últimos três meses de 2018.

Por seu lado, a taxa de investimento das famílias na Zona Euro fixou-se nos 9,3%, acima dos 9,0% homólogos e dos 9,2% do último trimestre de 2018.

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Há maioria à vista no Parlamento para aliviar Big Brother fiscal

O PCP apresentou uma proposta na qual troca por um "ficheiro resumo" a entrega do SAF-T da contabilidade. O PSD apoia esta "solução intermédia" e o CDS está disponível para chegar a consenso.

Depois do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais ter pedido aos partidos que não deitem foram o investimento feito no novo regime que “simplifica” o preenchimento da Informação Empresarial Simplificada (IES), o PCP entregou no Parlamento uma proposta de substituição na qual já não está prevista a eliminação da entrega do SAF-T (PT)como tinha sido defendido, inicialmente, pelos comunistasmas onde se propõe a troca dessa submissão pela entrega de um “ficheiro resumo” extraído do SAF-T. Em declarações ao ECO, o PSD admite apoiar esta “solução intermédia” e o CDS mostra-se aberto a chegar a um consenso. Há, portanto, maioria à vista no Parlamento para aliviar o “Big Brother fiscal”.

Foi no final do último ano que o Executivo de António Costa publicou em Diário da República um decreto-lei que tornou obrigatória a entrega à Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) das bases de dados da contabilidade de todos os sujeitos passivos que preencham o anexo A e I através do ficheiro SAF-T (PT). O objetivo era “simplificar” o preenchimento da IES.

Na altura, o PCP chegou a apresentar um pedido de apreciação parlamentar deste diploma, mas o processo acabou por não avançar, já que na ocasião a Assembleia da República estava concentrada na discussão do Orçamento do Estado para 2019.

“No ficheiro SAF-T, para além de questões de natureza de registo contabilístico, estão registadas todas as relações bancárias, comerciais, sociais e económicas do sujeito passivo com contabilidade organizada até ao mais ínfimo detalhe“, sublinhou, na altura, a bancada comunista, referindo que “muita desta informação” cai sobre a “égide do sigilo profissional, bancário e comercial”, tendo, portanto, uma “natureza privilegiada”.

No início de junho, e já no quadro da discussão de uma proposta de lei que altera os códigos fiscais, o PCP voltou à carga, tendo entregado na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA) uma proposta de aditamento que pretendia travar integralmente a submissão do SAF-T da contabilidade ao Fisco, como avançou o ECO, na altura.

Nessa proposta de aditamento original, os comunistas eliminavam a dependência da IES da entrega do SAF-T da contabilidade, passando a ler-se: “O cumprimento das obrigações legais referidas no nº1 e na alínea a) do nº 2 [do artigo 2º do Decreto-Lei n.º 8/2007] é definido por portaria dos membros do Governo responsáveis pela área das Finanças e pelas áreas da Justiça e da Economia, sem estar dependente da submissão prévia do ficheiro normalizado de auditoria tributária, designado de SAF-T (PT), relativo à contabilidade, à AT”. O CDS admitiu “estar de acordo” com o PCP, nesta questão, e o PSD mostrou “alguma apreensão” relativa a esta obrigação declarativa.

Em reação a estas posições, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais pediu aos grupos parlamentares para não deitarem fora todo o trabalho e investimento feito com este novo regime. António Mendonça Mendes admitiu mesmo garantias adicionais na lei para ultrapassar as reservas do PCP e da direita. “Há muito trabalho feito, há muito investimento feito em software (….). Sem prejuízo das garantias adicionais que possam ser acrescidas na legislação, o que peço é que não deitemos fora todo o trabalho feito“, disse o governante.

Poucos dias depois, os comunistas substituíram a proposta de aditamento referida, que já não prevê a eliminação da entrega obrigatória do SAF-T, mas propõe a submissão em anexo à IES de “um ficheiro resumo extraído” do SAF-T da contabilidade, “contendo exclusivamente os saldos iniciais e finais antes e após o apuramento de resultados, estritamente necessários ao cumprimento das obrigações legais da IES”. “Os procedimentos a adotar para a elaboração do ficheiro resumo previsto no número anterior, são definidos por portaria dos membros do Governo responsáveis pela área das finanças, pelo INE, I. P. e pelas áreas da justiça e da economia”, estipula-se ainda.

Em resposta ao ECO, o deputado Duarte Alves explica esta substituição: “O PCP apresentou inicialmente uma proposta que apontava para a eliminação, pura e simplesmente, da obrigatoriedade de entrega do ficheiro SAF-T. Na sequência da discussão que fomos fazendo em torno dessa nossa proposta, sobretudo no aprofundamento da discussão com as próprias entidades visadas em todo esse processo — contabilistas e micro, pequenas e médias empresas — chegámos à conclusão de que era possível manter aquele objetivo de garantir que só são enviados à AT os dados estritamente necessários ao cumprimento das obrigações declarativas, e simultaneamente aproveitar o mecanismo do SAF-T, não para a devassa dos dados, mas sim para a facilitação do cumprimento das referidas obrigações declarativas”.

Na opinião do deputado comunista, com esta nova solução protegem-se os direitos fundamentais dos portugueses, o que não aconteceria com o regime aprovado em outubro. O deputado nota ainda que não há “qualquer recuo no objetivo” inicial e acrescenta: “Pensamos que esta proposta terá condições de ser aprovada, contribuindo para travar um processo que nasceu torto e cujas consequências seriam muito negativas para milhares de micro, pequenas e médias empresas”.

Igual posição partilha o PSD, que considera que esta “solução intermédia” é a mais adequada. Ao ECO, o deputado António Leitão Amaro adianta que se está a “caminhar para um desfecho mais satisfatório” e admite que esta nova proposta do PCP está em linha com aquilo que a sua bancada defende. Ainda assim, sublinha que ainda está a analisar a proposta em causa e não confirma abertamente o sentido de voto do seu grupo parlamentar.

Do lado do CDS também há abertura para viabilizar um alívio do “Big Brother fiscal”. Em declarações ao ECO, Cecília Meireles avança que o CDS apoiava a proposta anterior de eliminação da entrega do SAF-T da contabilidade, mas está também disponível para “chegar a algum consenso” neste novo capítulo, desde que “se protejam os interesses dos contribuintes”.

A votação das propostas de alteração e aditamento à proposta de lei que altera os códigos fiscais (na qual se integra este diploma do PCP) arranca esta quarta-feira.

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Lagarde afunda juros da dívida portuguesa. Taxa toca mínimo de 0,28%

Juros da dívida dos países do euro estão em forte queda após a escolha de Christine Lagarde para substituir Mario Draghi à frente do BCE. Taxa a dez anos de Portugal fixa um novo mínimo histórico.

Portugal nunca teve juros tão baixos nos mercados. A taxa da dívida a dez anos está a afundar, tendo atingido um novo mínimo histórico nos 0,28%, com os investidores animados pela escolha de Christine Lagarde para substituir Mario Draghi à frente do Banco Central Europeu (BCE).

A “yield” das obrigações do Tesouro a dez anos está a cair 6,7 pontos base. Tocou no nível mais baixo de sempre, de 0,28%, e está em “terreno” negativo em todas as maturidades até aos seis anos, de acordo com os dados da Reuters.

A queda dos juros portugueses não é exclusiva. Todos os países do euro estão a ver as taxas exigidas pelos investidores em queda acentuada, desde as Bunds, da Alemanha, que estão ainda mais negativas, até à vizinha Espanha onde os juros recuam para 0,217%. O spread entre Portugal e Espanha está em cerca de sete pontos base.

Esta queda expressiva nos juros surge após a decisão dos líderes da União Europeia de escolher a francesa Christine Lagarde, como próxima presidente do BCE, tranquilizando os investidores quanto ao rumo da política monetária após o fim do mandato de Mario Draghi.

Juros portugueses em mínimos

Fonte: Reuters

Os analistas consultados pela Reuters esperam que Lagarde — que poderá assumir o cargo no final de outubro, caso seja aprovada pelo Parlamento Europeu — continue a atual política expansionista.

“Deverá dar continuidade ao trabalho elaborado até então após a saída de Draghi, um importante fator impulsionador para os mercados”, diz Frederik Ducrozet, estratega da Pictet Wealth Management. “É improvável que a função de reação do BCE mude drasticamente sob a presidência de Lagarde”, acrescentou, à Reuters.

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Regulador dos transportes sem meios para punir CP por mau serviço

  • ECO
  • 3 Julho 2019

CP justifica mau serviço com material circulante velho que avaria frequentemente e com a falta de recursos humanos. Regulador lamenta não ter "base legal para atuar e sancionar” empresa ferroviária.

A Autoridade da Mobilidade de Transportes (AMT) lamenta não conseguir aplicar sanções à CP – Comboios de Portugal no mais recente relatório de fiscalização à empresa de transporte ferroviário. Segundo avança esta quarta-feira o Público, este relatório sublinha repetidas vezes que o regulador “não tem base legal para atuar e sancionar a CP” porque “não se encontra ainda em vigor o contrato de serviço público” entre o operador e o Estado.

Por esta razão, diz a AMT, e apesar das várias queixas que os utentes da CP lhe têm feito chegar, os atrasos e supressões de comboios não podem ser objeto de procedimento contraordenacional por inexistir base contratual e legal para o efeito”.

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O diário recorda que o contrato de serviço público com a CP — pelo qual a empresa deverá receber 80 milhões de euros anualmente — ainda não foi formalizado e que a empresa não recebe quaisquer indemnizações compensatórias desde 2015. Isto apesar da Resolução do Conselho de Ministros de 20 de dezembro de 2018, e publicada a 1 de janeiro deste ano, determinar o pagamento de uma indemnização compensatória de 80 milhões de euros à CP, uma decisão que surge no ano da liberalização do transporte ferroviário.

O relatório de fiscalização da AMT olhou sobretudo para as linhas Norte, Cascais, Sintra, Oeste e Algarve, as que mais queixas têm originado, tendo a CP referido ao regulador que o material circulante nestas linhas era velho e avariava frequentemente e que não tinha recursos humanos, faltando-lhe pessoal nas oficinas da EMEF, mas também maquinistas, revisores e funcionários nas estações.

A empresa apontou ainda que gasta 15 milhões de euros por ano em horas extraordinárias, que poderiam ser evitadas se estivesse autorizada a contratar pessoal.

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Este CEO abdica de salário e bónus… para sempre

Para além de abdicar do salário, Ondrej Vlcek irá doar à caridade verbas extra recebidas da empresa. Os rendimentos do novo CEO da Avast serão apenas oriundos da posição de 2% no grupo.

Ondrej Vlcek, novo CEO da Avast, decidiu abdicar do salário e de eventuais bónus de forma perpétua, procurando desta forma sinalizar aos acionistas a confiança na empresa que valorizou 46% ao longo do último ano, já que terá como único rendimento os ganhos oriundos da sua posição de 2% no grupo de cibersegurança.

Poucos dias depois de tomar o leme à empresa, Vleck reduziu o seu salário para um dólar e anunciou que iria doar para associações de caridade toda e qualquer verba extra recebida da empresa na íntegra, como senhas de presença em reuniões de administração, por exemplo, avança a Bloomberg (acesso pago e conteúdo em inglês).

O conselho de administração da empresa já aceitou a proposta de Vlcek. “Respeitamos e louvamos a decisão, que é um testemunho de confiança no potencial de criação de valor a longo prazo da Avast”, disse Ulf Claesson, presidente do comité de remuneração, citado em comunicado.

O salário de Vlcek ficará assim ligado ao preço de mercado da fabricante de software antivírus. Foi no ano passado que a Avast entrou em bolsa, ainda sob o comando de Vincent Steckler, anterior CEO, no que foi a maior oferta pública inicial (IPO) de uma tecnológica na Bolsa de Londres.

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Polícia chinesa instala aplicações de vigilância nos smartphones de turistas

  • ECO
  • 3 Julho 2019

Viajantes que passam pela região de Xinjiang acabam com aplicações instaladas nos seus telefones que permitem extrair emails, mensagens de texto e lista de contactos.

A guarda fronteiriça chinesa está a instalar sem autorização aplicações de vigilância nos telefones dos turistas que visitam Xinjiang, aplicações que depois extraem informações pessoais dos visitantes, de acordo com uma investigação do The Guardian. Segundo o diário, esta é uma das medidas de aperto do controlo e vigilância à região de Xinjiang.

Além da imposição de medidas restritivas da liberdade à população muçulmana, que é maioritária na região, e da instalação de câmaras de reconhecimento facial em Xinjiang, o governo chinês está também a obrigar os habitantes locais a instalar softwares nos seus telefones que permitem acesso total aos aparelhos por parte das autoridades.

A investigação, que além do The Guardian, contou com a participação de outros meios, como o Süddeutsche Zeitung e o New York Times, revelou que os viajantes que passam por esta região, sobretudo aqueles que entram via Quirguistão, acabam com aplicações instaladas nos seus telefones que permitem extrair emails, mensagens de texto e lista de contactos, bem como informações sobre o aparelho em si.

Os turistas ouvidos pelos órgãos de comunicação social referem não terem sido avisados ​​pelas autoridades com antecedência ou informados sobre o que o software faz e tampouco que suas informações estão a ser vasculhadas.

Edin Omanović, do grupo Privacy International, rotulou as descobertas do The Guardian como “muito alarmantes”, lembrando que se fala de “um país onde baixar a aplicação errada ou ler um artigo de notícias pode resultar numa estadia num campo de detenção”.

De acordo com académicos e especialistas em cibersegurança ouvidos pelo diário, a aplicação instalada nos smartphones foi fabricada por uma empresa chinesa e cruza todas as informações ‘sacadas’ aos telefones com uma gigantesca lista de conteúdos que o governo chinês rotula de “problemáticos”, incluindo vários termos associados ao extremismo islâmico, mas também informações sobre o Ramadão, Dalai Lama e até bandas de heavy metal japonesas.

A região de Xinjiang é visitada anualmente por cerca de 100 milhões de pessoas, incluindo turistas domésticos e estrangeiros.

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Italiano David-Maria Sassoli eleito à segunda Presidente do Parlamento Europeu. Europa Central e de Leste fica sem qualquer cargo de topo na UE

O dia em Estrasburgo começou com recados ao Conselho Europeu: quem escolhe o seu líder é o Parlamento Europeu. E está escolhido o socialista italiano David-Maria Sassoli.

O Parlamento Europeu já fez a sua escolha e voltará a ter um italiano na sua liderança. À segunda volta, o socialista italiano David-Maria Sassoli foi o escolhido para suceder ao seu compatriota Antonio Tajani, garantindo que Itália mantém um cargo de topo na hierarquia europeia, mas afastando qualquer candidato do centro e leste da Europa da liderança Europeia.

Havia quatro candidatos a alemã Ska Keller, dos Verdes, o italiano David-Maria Sassoli, dos socialistas, a espanhola Sira Rego, da Esquerda Unitária, e o checo Jan Zahradil, dos Conservadores e Reformistas. O PPE (centro-direita) e o ALDE (Liberais) não tiveram qualquer candidato a votação.

O Parlamento Europeu fez assim o que prometeu logo no início da sessão e votou o seu próprio candidato, recusando as sugestões informais feitas pelo presidente do Conselho Europeu depois da reunião dos chefes de Estado e de Governo.

Donald Tusk queria garantir algum equilíbrio regional, depois de o Conselho Europeu só ter escolhido candidatos aos cargos de topo oriundos de países da Europa ocidental (Alemanha, França, Espanha e Bélgica).

No entanto, entre os quatro candidatos só havia um candidato dos países mais a leste, o checo Jan Zahradil, do grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus. O checo ainda conseguiu ficar em segundo lugar na primeira ronda, à frente da alemã que representa os Verdes no Parlamento Europeu, Ska Keller, e da espanhola Sira Rego, da Esquerda Unitária, esta já a uma grande distância dos restantes.

David-Maria Sassoli será o presidente do Parlamento Europeu nos próximos dois anos e meio depois de conseguir 345 votos, quando precisava de 334 para ter maioria absoluta.

Nesta segunda e última ronda, David-Maria Sassoli, acabou por conseguir roubar votos à candidata dos Verdes, Ska Keller, que perdeu 14 votos na segunda ronda, e ao checo Jan Zahradil, que perdeu dois votos. A candidata espanhola da Esquerda Unitária, Sira Rego, foi a menos votada, mas ainda conseguiu mais um voto que na primeira ronda.

Resultado da segunda ronda de votações:

  1. David-Maria Sassoli (Socialistas, Itália): 345 votos.
  2. Jan Zahradil (Conservadores e Reformistas, República Checa): 160 votos.
  3. Ska Keller (Verdes, Alemanha): 119 votos.
  4. Sira Rego (Esquerda Unitária, Espanha): 43 votos.

A seguir à votação para a presidência, vai seguir-se a escolha dos vice-presidentes, da parte da tarde, havendo 14 destes cargos para ocupar. Pedro Silva Pereira é um candidato a um desses cargos de vice, ele que é eurodeputado socialista e foi ministro da Presidência de José Sócrates, confirmou fonte oficial do PS no Parlamento Europeu ao ECO.

Quem manda no Parlamento Europeu é o Parlamento Europeu

Depois de um mês de debate intenso, muita controvérsia e planos atrás de planos, a escolha dos chefes de Estado e de Governo para os cargos de topo na União Europeia acabou por deixar de fora todos os candidatos à Comissão Europeia pelas principais famílias políticas europeias: Manfred Weber, Frans Timmermans e Margrethe Vestager. Apesar de o Conselho Europeu não escolher o nome do presidente, ainda fez sugestões para tentar garantir algum equilíbrio regional, mas o Parlamento não ficou contente nem com a forma como foi alcançado o acordo, nem com sugestões e fez questão de garantir isso mesmo.

O presidente cessante, o italiano Antonio Tajani — também ele um antigo comissário europeu –, disse ainda antes da votação que quem escolhe o presidente do Parlamento Europeu são os eurodeputados, de forma independente.

“O Parlamento votará o seu presidente independentemente de qualquer sugestão externa”, afirmou o italiano.

Também a alemã Ska Keller, líder dos Verdes, um dos partidos que mais cresceu nas últimas eleições europeias deixou esse recado aos líderes do Conselho Europeu, e de forma mais veemente.

“Não podemos permitir que o Parlamento seja tratado como moeda de troca em negociações de bastidores num formato arcaico no Conselho Europeu. Esta não é a mensagem que que devemos enviar aos cidadãos” europeus, disse.

Em cima da mesa do Conselho Europeu, juntamente com o pacote de nomes com Ursula von der Leyen e Christine Lagarde, esteve ainda a sugestão do búlgaro Serguei Stanishev para o Parlamento Europeu, um nome que não foi acolhido pelas principais famílias políticas no Parlamento Europeu, que escolheram outros candidatos.

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