Atrasos nas pensões? Governo cria “task force” para regularizar situação em 2020

A ministra do Trabalho e da Segurança Social prevê regularizar a atribuição das pensões -- pondo fim aos polémicos atrasos -- ao longo de 2020.

Numa altura em que os atrasos na atribuição das pensões são o principal motivo de queixas contra a Segurança Social, a ministra do Trabalho garante que o Governo prevê regularizar esta situação “ao longo de 2020” com ajuda de uma task force criada para esse fim e de um conjunto de medidas.

Ana Mendes Godinho está, esta segunda-feira, na Assembleia da República a responder aos deputados sobre o Orçamento da Segurança Social. Questionada sobre a social-democrata Clara Marques Mendes sobre os polémicos atrasos na atribuição das pensões, a governante responsável pela pasta da Segurança Social respondeu que os números mais recentes deixam entender uma “melhoria na capacidade de resposta”, embora continue a ser preciso apostar nesse reforço.

De acordo com a ministra, em 2019, registou-se um aumento de cerca de 30% do número de novas pensões atribuídas, o que, disse, exemplifica essa recuperação da capacidade de resposta.

Além disso, verificou-se uma redução do número de pendências com mais de 90 dias. Nas pensões de velhice, os pedidos pendentes há mais de 90 dias caíram 50%, nas de velhice 63% e nas de sobrevivência 72%.

Quanto ao prazo médio de deferimento nas pensões, registou-se de forma semelhante uma redução: de 166 dias em 2018 para 139 dias em 2019, nas pensões de velhice; de 201 dias para 122 dias, nas pensões de invalidez; de 107 dias para 82 dias, nas pensões de sobrevivência.

No que diz respeito às pensões provisórias — cujo acesso foi facilitado no caso das pensões de invalidez e sobrevivência –, Ana Mendes Godinho adiantou que foram atribuídas 14.300 prestações deste tipo, no último ano.

“Neste momento, a capacidade instalada de conclusão dos processos é 20% superior ao ritmo de processos a entrar”, frisou a ministra, sublinhando que, por isso, o Governo prevê por fim aos atrasos e regularizar a situação ao longo deste ano.

Questionada sobre um eventual novo aumento extraordinário das pensões (que some à atualização nacional), Ana Mendes Godinho repetiu que só com a subida decorrente da lei cerca de dois milhões de pensionistas vão ter um aumento real, confirmando que não está previsto, na proposta do Governo, um reforço extra.

Ainda assim, a ministra notou que o caminho para a “aprovação” do OE está “em construção”, admitindo alterações à proposta do Executivo na discussão na especialidade.

Por via do atualização prevista na lei, as pensões mais baixas vão sofrer um aumento de 0,7%, a partir deste mês. Os restantes pensionistas também vão ver as suas pensões aumentar. Para as pensões entre os 877,6 euros e 2.632,8 euros, a subida deverá ser de 0,2%, ou seja, igual à inflação. Já as pensões acima dos 2.632,8 euros devem ficar estagnadas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

NATO diz que “conflito não é do interesse de ninguém” e pede contenção a Teerão

  • Lusa
  • 6 Janeiro 2020

“Na reunião de hoje, os Aliados apelaram à contenção e ao fim da escalada. Um conflito não é do interesse de ninguém. O Irão deve evitar mais violência e provocações”, disse secretário-geral da NATO.

Os membros da Aliança Atlântica, reunidos esta segunda-feira de emergência em Bruxelas, consideram que um novo conflito no Médio Oriente “não é do interesse de ninguém” e apelaram à contenção por parte do Irão, afirmou o secretário-geral da NATO.

Em declarações à imprensa após uma reunião dos embaixadores dos 29 membros da NATO para discutir a crise entre Estados Unidos e Irão, Jens Stoltenberg apontou que há vários anos que “todos os Aliados” têm manifestado preocupação com “as atividades de desestabilização do Irão” e apontou que se assistiu recentemente a “uma escalada por parte do Irão, incluindo o ataque a uma refinaria saudita e o abate de um drone norte-americano”.

“Na reunião de hoje, os Aliados apelaram à contenção e ao fim da escalada. Um conflito não é do interesse de ninguém. O Irão deve evitar mais violência e provocações”, declarou.

Questionado sobre se alguns Aliados também pediram contenção aos Estados Unidos, Stoltenberg insistiu que os 29 “expressaram preocupação com as atividades destabilizadoras do Irão na região do Médio Oriente, incluindo apoio a grupos terroristas”, bem como com o programa de mísseis iraniano, e são unânimes em considerar que Teerão “nunca deve adquirir uma arma nuclear”.

Face às insistentes questões dos jornalistas sobre o papel dos EUA no atual conflito, e designadamente a decisão, tomada pelo Presidente Donald Trump, de matar o general iraniano Qassem Soleimani, o secretário-geral da Aliança Atlântica apontou que se tratou de “uma decisão dos Estados Unidos, e não da coligação global (contra o autodenominado Estado Islâmico) nem da NATO”, e voltou a referir-se ao papel “desestabilizador” do Irão na região.

Questionado sobre uma eventual intervenção da NATO caso se assista a uma escalada do conflito, Stoltenberg escusou-se a “especular” sobre tal cenário, pois, argumentou, o que é necessário agora é travar a escalada da situação, e qualquer declaração nesse sentido teria o efeito inverso.

Stoltenberg afirmou também que a NATO continua fortemente empenhada no combate ao terrorismo, salientou que a missão de treino no Iraque é “um importante contributo” para os esforços da coligação global que combate o Estado Islâmico, e garantiu que a Aliança está “preparada para prosseguir as ações de formação e treino, assim que a situação no terreno o tornar possível”.

O general Qassem Soleimani, comandante da força de elite iraniana Al-Quds, foi morto na sexta-feira num ataque aéreo contra o carro em que seguia, junto ao aeroporto internacional de Bagdade, ordenado por Donald Trump.

O ataque ocorreu três dias depois de um assalto inédito à embaixada norte-americana que durou dois dias e apenas terminou quando Trump anunciou o envio de mais 750 soldados para o Médio Oriente.

O Irão prometeu vingança e anunciou no domingo que deixará de respeitar os limites impostos pelo tratado nuclear assinado em 2015 com os cinco países com assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas — Rússia, França, Reino Unido, China e EUA — mais a Alemanha, e que visava restringir a capacidade iraniana de desenvolvimento de armas nucleares. Os Estados Unidos abandonaram o acordo em maio de 2018.

No Iraque, o parlamento aprovou uma resolução em que pede ao Governo para rasgar o acordo com os EUA, estabelecido em 2016, no qual Washington se compromete a ajudar na luta contra o grupo terrorista Estado Islâmico e que justifica a presença de cerca de 5.200 militares norte-americanos no território iraquiano.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Trabalhar seis horas por dia, quatro dias por semana. Finlândia quer dar o exemplo

Trabalhar seis horas por dia, quatro dias por semana. Para Sanna Marin, a primeira-ministra mais jovem do mundo, esta medida é uma forma de os finlandeses terem mais tempo para a sua vida pessoal.

Sanna Marin, a primeira-ministra da Finlândia, está a considerar a redução do horário de trabalho de oito para seis horas diárias, e a redução para quatro dias de trabalho por semana. Segundo o Daily Mail, esta medida de flexibilidade será uma forma de a primeira-ministra cumprir as promessas feitas aos eleitores e permitir que os finlandeses tenham mais tempo para outras atividades fora do trabalho. Atualmente, o horário de trabalho na Finlândia não é muito diferente do português, com um horário laboral de oito horas por dia, cinco dias por semana.

As pessoas merecem passar mais tempo com as suas famílias, entes queridos, nos seus hobbies e em outros aspetos da vida, como a cultura. Este pode ser o nosso próximo passo no que diz respeito à vida laboral”, justificou Sanna Marin, citada pelo jornal britânico. Antes de ser primeira-ministra, Sanna Marin era titular da pasta dos Transportes e, durante o seu mandato, já tinha defendido uma redução do horário de trabalho.

 

Sanna Marin tomou posse como primeira-ministra a 10 de dezembro do ano passado, tornando-se a mais jovem chefe de governo do mundo, aos 34 anos. Marin lidera agora uma coligação governamental de centro-esquerda composta por cinco partidos, todos liderados por mulheres. “É importante permitir que os cidadãos finlandeses trabalhem menos. Não é uma questão de governar com um estilo feminino, mas sim oferecer ajuda e cumprir as promessas aos eleitores”, acrescentou a primeira-ministra finlandesa.

A redução das horas de trabalho já foi testada noutros países e os resultados têm sido positivos. Em 2015, a vizinha Suécia reduziu o horário de trabalho para seis horas por dia, o que se refletiu em trabalhadores mais saudáveis, mais felizes e produtivos. Em novembro do ano passado, a Microsoft no Japão testou, durante um mês, uma experiência de trabalho de quatro dias e a produtividade dos colaboradores subiu 40%.

Em Portugal, os horários de trabalho mais reduzidos vão surgindo em algumas empresas. A retalhista de papel Navigator reduziu o horário de trabalho de 40 para 39 horas semanais, em abril do ano passado, e o objetivo é chegar às 38 horas semanais durante este ano. Na startup de recrutamento Humaniacs, por exemplo, só se trabalha quatro dias por semana. Estando longe de ser uma realidade, as empresas optam por benefícios como horários mais flexíveis, trabalho remoto e, em alguns casos, períodos de férias mais longos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Marcelo defende aumento que foi dado aos salários dos juízes

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu urgência de um Pacto de Justiça, tal como o fez no ano passado, na mesma cerimónia.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, marcou presença na sessão de abertura do ano judicial e defendeu que estamos “num tempo de mudança com inúmeros e cumulativos desafios na Justiça”. Examinemos alguns desses desafios, lançou Marcelo Rebelo de Sousa: “o da manutenção do prestígio da Justiça. Prestígio social e institucional”.

É necessário “um Estado de direito democrático forte e virado para o futuro precisa de uma Justiça com respeito e consideração. E, para isso, com instituições e pessoas que a sirvam devem ser pilares de confiabilidade”. O PR disse ainda que a alegada justiça aplicada “pelas próprias mãos ou sujeita a princípios mediático” deve ser evitado.

“No reino da paixão, ressurgirá o apelo da razão.”, espera Marcelo Rebelo de Sousa.

A cerimónia que decorreu no Palácio da Ajuda, em Lisboa, foi encerrada pelo Chefe de Estado que sublinhou ainda que tem de se dar atenção à Justiça na vertente de “os direitos humanos perante violências cada vez mais sofisticados, na fiscalidade, na vida económica e financeira, no relacionamento com a Administração Pública”.

Falando do prestígio social da Justiça, falou no passo significativo e admitiu não compreender a crítica de “magistrados terem estatuto remuneratório de PM e mais próximo do PR. Não consegui perceber o racional de tais perplexidades. Remunerar parcialmente as magistraturas era premente”, defende assim Marcelo, referindo-se aos aumentos salariais dos juízes. E alerta: “A Justiça deve ter a prioridade que não teve em anteriores Governos”.

O Chefe de Estado voltou a referir a necessidade de um Pacto de Justiça. Falando não em pacto, mas em “convergências”. Embora “tímidos”, Marcelo assumiu que as forças políticas deram alguns passos. Mas apela a “passos maiores”. E assume que devem existir “resultados palpáveis” e “diálogo e convergência dos parceiros da Justiça”. Com um objetivo claro, embora não único, “de combate à corrupção”.

O chefe de Estado afirmou recentemente, na sua mensagem de ano novo, a necessidade de um Governo “forte, concretizador e dialogante” que dê resposta aos problemas dos portugueses e fixou prioridades claras para 2020, com a Saúde em destaque. O Presidente da República pediu ainda uma “justiça eficaz”, umas forças armadas e umas forças de segurança que sejam reconhecidas por todos, uma comunicação social que resista à crise que atravessa e um poder local que seja “penhor” de maior coesão social.

A sessão de abertura do ano judicial contou ainda com as intervenções do novo bastonário da Ordem dos Advogados, Luís Menezes Leitão; da ministra da Justiça, Francisca Van Dunem; da procuradora-geral da República, Lucília Gago; do presidente do Supremo Tribunal de Justiça, António Joaquim Piçarra; e do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ferro condena “clima antiparlamentar” e “presunções de regeneração justicialista”

  • Lusa
  • 6 Janeiro 2020

Ferro Rodrigues advertiu para o "adensar de um certo clima antiparlamentar", que condenou, manifestando-se contra "presunções de regeneração justicialista" que ponham em causa a autonomia parlamentar.

O presidente da Assembleia da República advertiu esta segunda-feira para o “adensar de um certo clima antiparlamentar”, que condenou, manifestando-se também contra “presunções de regeneração justicialista” que ponham em causa a autonomia do parlamento.

Eduardo Ferro Rodrigues deixou estas mensagens na sessão solene de abertura do ano judicial, num discurso em que destacou as novas regras “em matéria de rigor e transparência” aprovadas pelo parlamento para os decisores públicos e defendeu que agora há que, “sem margem para hesitações, estabelecer os meios imprescindíveis à boa execução das leis”.

É esse o processo que, em matéria de transparência, também agora se inicia, designadamente no quadro da apreciação do Orçamento do Estado para 2020. Estou confiante que, tal como superámos bem os desafios anteriores, superaremos este, que é um desafio fundamental”, acrescentou Ferro Rodrigues, nesta cerimónia realizada no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa.

O presidente da Assembleia da República referiu-se depois ao atual quadro parlamentar, observando que “nem tudo são rosas num órgão de representação plural, composto de 230 deputados de diferentes origens e credos políticos, num órgão que exprime o pluralismo, a diferença e o conflito inerentes à vivência plena da democracia”.

“O presidente da Assembleia da República não assiste indiferente ao adensar de um certo clima antiparlamentar e em última análise contrário aos fundamentos da democracia representativa”, afirmou.

Segundo Ferro Rodrigues, esse “clima antiparlamentar” vai “seguindo as modas do populismo” e “encontra pretexto fácil nos descontentamentos do tempo para pôr em causa valores e princípios democráticos, de legítima consagração constitucional e evidente justificação histórica”.

“O parlamento é, no Estado de direito democrático, a pedra angular da democracia. Não se sobrepõe a quaisquer outros órgãos do sistema constitucional, mas também não abdica da sua autonomia, designadamente face a presunções de regeneração justicialista que não saibam respeitar os limites impostos pela autonomia da Instituição parlamentar”, declarou, em seguida.

Ferro Rodrigues saiu em defesa de “certos institutos inerentes à dignidade da instituição parlamentar, como o regime da inviolabilidade, insindicabilidade judicial dos deputados pelos seus votos e opiniões, imunidades e impedimentos”.

Para alguns, disse, “parecem coisa do passado”, mas “para o presidente da Assembleia da República tais institutos constituem, porém, matéria da maior atualidade que, se não for corajosamente preservada no presente, implicará a inevitável decadência do regime no futuro”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Pessimismo global penaliza Lisboa. BCP desliza mais de 1,5%

A sentimento é negativo nas ações de todo o mundo e o português PSI-20 não fugiu à tendência. A exceção é a Galp Energia, que subiu 2,74% à boleia da escalada do preço do petróleo.

A escalada de tensões entre Estados Unidos e Irão arrasou o sentimento dos investidores em relação às ações mundiais. Portugal não ficou à margem do pessimismo e o índice de referência nacional fechou com uma perda de 0,12% para 5.235,90 pontos, com duas cotadas a destacarem-se pela negativa: Mota-Engil e BCP caíram mais de 1,5%. Em sentido contrário, a Galp foi a exceção.

Devido à forte exposição a mercados internacionais, a construtura Mota-Engil foi a que mais afundou: 2,36% para 1,82 euros por ação, seguida da Sonae Capital — cujo negócio está ligado ao turismo –, que perdeu 1,69% para 0,755 euros.

Mas foi o BCP que mais penalizou a bolsa de Lisboa. O “peso pesado” do índice perdeu 1,56% para 0,2015 euros e chegou mesmo a negociar abaixo dos 20 cêntimos ao longo da sessão, o que não acontecia desde 12 de dezembro. Entre outras cotadas com forte peso, fecharam ainda no vermelho a Nos (1,11%), a EDP (0,67%) ou a Navigator (0,61%).

Em sentido contrário, a Galp disparou 2,74% para 15,76 euros por ação, em reação à subida do preço do petróleo. O Brent negociado em Londres avançou 0,60% para 69 dólares por barril devido à importância do Médio Oriente para o mercado petrolífero, numa altura de escalada de tensões entre Estados Unidos e Irão, que poderá condicionar a produção.

Este início de semana foi negativo para os mercados, mas tal já seria de esperar tendo em conta o agravamento das tensões no Médio Oriente“, explicam os analistas do BPI sobre o conflito entre os dois países. “De facto, o panorama geopolítico conduziu os investidores a adotarem uma postura de maior aversão ao risco.

“Assim, em termos setoriais voltámos a assistir a uma forte pressão vendedora em todos os setores de atividade, com exceção do petrolífero“, acrescentaram. O Stoxx 600 perdeu 0,45%, enquanto o alemão DAX cedeu 0,76%, o francês CAC 40 recuou 0,54% e o espanhol IBEX 35 desvalorizou 0,45%.

Em sentido contrário, os ativos refúgio ganharam valor. O ouro negociou próximo de 1.570 dólares por onça, em máximos de seis anos, e os juros das dívidas cederam. Na Alemanha, as Bunds a dez anos negoceiam com um juro de -0,285% e, no caso de Portugal, a yield das obrigações com a mesma maturidade negoceia nos 0,372%.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Centeno ao ataque, da esquerda à direita, no pontapé de saída do OE 2020 no Parlamento

Ao ministro das Finanças coube a abertura da apresentação do OE2020 no Parlamento. Centeno muniu-se de argumentos para atacar da esquerda à direita, passando pelos peritos da Assembleia da República.

O ministro das Finanças esteve no Parlamento a apresentar aos deputados o Orçamento do Estado deste ano (OE2020). Com um excedente no bolso para 2020, Mário Centeno disparou em todas as direções. Sem apoio garantido para passar o documento, o governante não se coibiu de deixar avisos à esquerda, atacar a direita e nem os peritos da Assembleia escaparam ao raide de Centeno.

Na intervenção inicial, o ministro das Finanças defendeu os resultados alcançados na legislatura anterior e traçou os quatro desígnios deste Orçamento que começa esta semana a ser discutido no Parlamento de onde só sairá em fevereiro, depois de a 6 ser a votação final.

Mário Centeno apontou as “contas públicas responsáveis, equilibradas e com respeito pelo futuro, redução da dívida pública e reforço do investimento” como o primeiro objetivo deste Orçamento, logo seguido do “maior reforço de sempre do orçamento do Serviço Nacional de Saúde, um apelo ao serviço público e à responsabilidade de todos”.

Em terceiro lugar surge o “reforço do combate à pobreza, porque essa é uma tarefa em prol da inclusão” e por fim, “o apoio aos mais jovens de entre os jovens e à inserção dos jovens qualificados no mercado de trabalho”.

Parte da intervenção inicial de Centeno centrou-se a explicar para que serve este Orçamento, mas o ministro das Finanças não evitou logo ali deixar alguns recados. E a quem se dirigiram os ataques de Mário Centeno? A todos.

Os ataques (e uma chantagem velada) à esquerda

Socorrendo-se do relatório da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), Mário Centeno alertou os partidos à esquerda – vistos como parceiros naturais para a aprovação do OE2020 – que este é o Orçamento menos exigente. O contributo para a consolidação orçamental é negativo “pela primeira vez nos últimos cinco anos”, dizem os técnicos do Parlamento no seu relatório.

Durante a audição no Parlamento, o ministro das Finanças sublinhou que na intervenção inicial usou por 11 vezes a palavra responsabilidade – uma delas para explicar que se por um lado o SNS terá mais dinheiro, por outro os gestores hospitalares terão mais responsabilidade. Mas há mais matérias onde o ministro quis passar a ideia de mais responsabilidade na gestão dos dinheiros públicos. “Não podemos querer a redução do IVA da eletricidade sem ter dinheiro para o pagar. Isso era no passado e isso acabou.” Esta medida — que está inscrita no Orçamento do Estado mas apenas sob a forma de autorização legislativa — é uma das exigências da esquerda para a viabilização do Orçamento do Estado.

Mas Centeno foi mais longe e quis mesmo deixar avisos sobre o que pode acontecer às medidas já previstas no Orçamento caso o documento não seja viabilizado. O PCP quis detalhes sobre o calendário para eliminar as taxas moderadoras na saúde, o ministro começou por dizer que a eliminação destas taxas está prevista para a legislatura e que, por isso, “se não houver Orçamentos aprovados na legislatura também não vai haver redução das taxas moderadoras”.

Os ataques à direita e a boca direta para Rui Rio

O PSD foi um dos alvos preferenciais de Mário Centeno, nomeadamente o seu presidente. O PSD criticou, como tem sido hábito, a falta de investimento público e o facto de a execução do investimento ter ficado abaixo do previsto e o ministro foi recuperar o que se passou em 2012 na Câmara Municipal do Porto, quando Rui Rio era presidente da autarquia. “Apenas 16% do investimento foi executado” e “em relação ao conjunto do orçamento de 2012 ficou 30% abaixo do orçamento”, atirou Centeno para a bancada do PSD por mais de uma vez durante as cerca de cinco horas de debate.

Já antes, o ministro tinha desafiado o PSD a dizer onde aumenta nos impostos ou corta na despesa para colocar em prática o que defende ao falar dos partidos que “em nome de um liberalismo mirífico e indefinido” querem pôr em causa os avanços conseguidos nos últimos anos. O governante aproveitou ainda o facto de entre os deputados estar um dos autores do programa económico do PSD — Álvaro Almeida — para o confrontar de forma direta sobre como financiaria a descida de impostos que propôs nas legislativas de outubro passado.

O CDS não escapou aos ataques de Mário Centeno quando acusou os centristas — de tal como o PSD — insistir na ideia de que a carga fiscal tem aumentado. Mário Centeno prefere salientar que as receitas fiscais em percentagem do PIB têm apresentado uma redução e que não houve aumento de impostos.

A dúvida “ilegítima” da UTAO

O relatório da UTAO sobre o OE2020 adiantou que o Governo subavaliou receitas do Orçamento no valor de 255 milhões de euros ao não considerar o aumento de receitas de IRS e de contribuições sociais resultante das valorizações salariais na Administração Pública. Esta questão levou mesmo os peritos do Parlamento a considerarem que o excedente previsto no OE, de 0,2% do PIB, pode afinal ser maior em uma décima. Uma folga útil que na hora de negociar à esquerda podia servir para acomodar novas medidas no Orçamento sem afetar a meta assumida oficialmente.

Mas esta segunda-feira, no Parlamento, o ministro das Finanças disse que esta dúvida da UTAO é “ilegítima”. Isto porque embora esse acréscimo de receita não esteja detalhado na tabela das medidas previstas no Orçamento, estas receitas estão incorporadas nas receitas de IRS e de contribuições para a Segurança Social, explicou o governante.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Delação premiada já existe na lei. Ministra da Justiça defende alterações para ser mais fácil de aplicar

A ministra da justiça, Francisca Van Dunem, definiu cinco eixos para o ano judicial, que esta segunda-feira tem a sua cerimónia oficial de abertura. E mantêm: delação premiada é para acontecer.

A ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, na sessão de abertura do ano judicial, que decorreu esta segunda-feira, em Lisboa, assegurou que 2020 será um ano “seguramente ainda melhor” que o de 2019. “Deixamos para trás uma fase dolorosa de enfrentamento de uma crise económica e social que afetou particularmente muitos países europeus meridionais. Anos, em cujo pico, os tribunais deste país declaravam por dia várias dezenas de insolvências e falências; em que a máquina judicial foi maioritariamente reorientada para contenciosos de verificação e cobrança de dívidas”.

A titular da pasta da Justiça — a exercer o seu segundo mandato — assume que 2019 acaba “com o sistema de justiça a responder melhor no plano da celeridade, com mais dinamismo, mais agilidade. Nos tribunais comuns o ano encerra com números mais baixos do que os de 1996: menos de 800 mil processos numa tendência consolidada de redução de pendências”.

Em resposta ao discurso do presidente do Supremo Tribunal de Justiça, António Piçarra, a ministra admite que “temos todos a compreensão de que as mudanças que se vem operando na justiça – cuja confirmação nos é dada pela frieza dos números – não são percecionadas como suficientes para refazer o elo de confiança entre os cidadãos e as instituições judiciárias, confiança que é essencial à respiração saudável do sistema democrático. E a indispensabilidade desse elo é tão mais patente quanto vivemos períodos de instabilidade e incerteza feitos de sinais que associamos a um passado que não queremos ver perfilar-se no nosso horizonte futuro. A perceção – ainda que não fundada – do mau funcionamento generalizado da justiça pode operar como catalisador de pulsões autoritárias e autocráticas”, frisou.

Van Dunem reflete assim no que chamou de cinco eixos fundamentais de ação política para este ano judicial que começa agora: “melhoria do acesso ao direito, aprofundamento do processo de transformação digital e de modernização dos serviços, melhoria da capacidade de gestão do sistema judicial, reforço da proteção dos cidadãos mais vulneráveis e intensificação do esforço de combate à corrupção”.

Estes são os cinco eixos:

Melhoria do acesso ao direito

“É aos tribunais e aos agentes da justiça que compete fazer com que a justiça não seja apenas uma utopia imensa refletida na beleza da literatura e do cinema e integre de pleno direito uma dimensão viva do quotidiano dos cidadãos.

E o acesso ao direito assume aqui uma dimensão fundamental. Na legislatura que findou refletimos sobre os modelos de organização e de financiamento e apresentámos propostas que não foram acolhidas.

Voltaremos ao tema, na mesma lógica de tornar o apoio judiciário mais efetivo, de molde a abranger todos aqueles que efetivamente dele necessitam, e assegurando maior qualidade ao resultado final, fomentando a formação contínua dos profissionais que prestam esse serviço.

O Governo tem cumprido regularmente as suas obrigações financeiras para com os advogados que prestam serviço no sistema de acesso ao direito. Em 2018 foram pagos serviços a 13 442 advogados, num universo de 32 368 total de advogados.”

Aprofundamento do processo de transformação digital e de modernização dos serviços

“O Programa Justiça + Próxima, numa versão necessariamente atualizada, mantém-se como roteiro orientador do ambicioso programa de modernização da justiça.

Os resultados já conhecidos da sua implementação são penhor do poder transformador da inovação na justiça, modernizando-a, simplificando procedimentos, fomentando a transparência, gerando automatismos onde estes se justificam”.

Mais capacidade de gestão e planeamento nos Tribunais

“Em articulação com os Conselhos Superiores, promoveremos a criação de um instrumento comum e articulado de planeamento dos recursos humanos do sistema, melhoraremos os indicadores de gestão e de planeamento já existentes para os tribunais, gerando mecanismos de alerta precoce para situações de congestionamento e aumentaremos a capacidade de gestão local, pelo incremento do fundo de maneio disponível para as Comarcas. Na jurisdição administrativa e tributária será necessário tirar pleno partido das potencialidades gestionárias recentemente adquiridas”.

Mais proteção aos cidadãos mais vulneráveis

“Propomo-nos reforçar a prevenção e o apoio às vítimas de crimes violentos, em especial a violência doméstica – essa guerra silenciosa -, que figura em primeiro plano nos números dos crimes contra a vida e que afeta maioritariamente mulheres e crianças.

Prosseguiremos o trabalho numa base interinstitucional, abrangendo diferentes instituições do Estado e reconhecendo a essencialidade da ação de organizações não governamentais vocacionadas para o apoio às vítimas.

A avaliação do funcionamento dos Gabinetes de Apoio às vítimas instalados em moldes experimentais em cinco comarcas do País e a análise dos resultados obtidos permitir-nos confirmar ou infirmar a valia do modelo e decidir da adequação da sua expansão.

Mas é também indispensável incrementar a capacidade de ação da Comissão para a Proteção de Vítimas de Crimes Violentos.

Continuaremos a promover medidas que favoreçam a reinserção social dos reclusos e a formação dos jovens internados em centros educativos, assim como a melhorar as condições de cumprimento de medidas de segurança dos inimputáveis”.

Maior eficácia no combate à corrupção

“A afirmação de que precisamos de melhorar a eficácia no combate à corrupção e a criminalidade conexa colhe, seguramente o consenso nacional.

Acordamos na necessidade de uma intervenção de fundo, conducente a um melhor conhecimento do fenómeno – na sua expressão qualitativa e quantitativa – e a uma maior aproximação entre a realidade e a perceção que dela se tem.

O Governo identificou no seu Programa um amplo conjunto de medidas e tem em curso a promoção de uma estratégia nacional integrada, compreendo a prevenção e a repressão dos fenómenos corruptivos, robustecendo instrumentos jurídico-processuais já existentes e prosseguindo o processo de reforço dos recursos humanos e tecnológicos do Ministério Público e da Polícia Judiciária.

O reforço do nível de preenchimento dos quadros de magistrados do MP prosseguirá ao ritmo iniciado na anterior legislatura com o ingresso no Centro de Estudos Judiciários de 171 auditores e a previsão, para o ano de 2020, do ingresso de mais 65;

A Polícia Judiciária viu o seu fragilizado efetivo reforçado com a abertura de concursos para ingresso na carreira de investigação criminal de um total de 258 inspetores. O Governo prosseguirá a execução do programa tendente ao seu reapetrechamento humano e tecnológico.”

Já em dezembro, o Ministério da Justiça assumiu querer avançar com várias medidas para definir uma “estratégia nacional” de combate à corrupção. Na lista destacam-se a separação de megaprocessos, a escolha de juízos especializados em corrupção, mas também a colaboração premiada. Esta última, apesar de já constar na lei, requer alterações para ser mais fácil de aplicar.

Na proposta de Orçamento de Estado, que apresenta uma despesa total de quase 1.505 milhões de euros para a Justiça – a pasta de Francisca Van Dunem terá um reforço orçamental de 7,3% face à despesa estimada para este ano, que, contudo, fica 67 milhões de euros aquém do que o inicialmente previsto. Ou seja, a despesa prevista para 2020 significa um reforço de apenas 36 milhões de euros face à que estava prevista no OE de 2019.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Tribunal da Concorrência analisa pedidos de indemnização contra “cartel dos camiões”

  • Lusa
  • 6 Janeiro 2020

Em causa está a reclamação de milhões de euros em indemnizações, na sequência da condenação da Comissão Europeia por cartelização de preços praticada na venda de camiões novos entre 1997 e 2011.

O Tribunal da Concorrência, em Santarém, iniciou esta segunda-feira as audiências preliminares das ações interpostas por empresas que compraram camiões aos fabricantes condenados, em 2016 e 2017, pela Comissão Europeia, por concertação de preços de vendas durante 14 anos.

Nas primeiras audiências, realizadas esta segunda-feira, o Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão (TCRS) decidiu, para já, apensar os processos que reclamam indemnizações da Volvo/Renault, admitindo fonte judicial, contactada pela Lusa, que possa vir a acontecer o mesmo com as ações movidas contra a DAF, a Daimler, a Iveco, a MAN e a Scania.

Em causa está a reclamação de milhões de euros em indemnizações, na sequência da condenação da Comissão Europeia por cartelização de preços praticada na venda de camiões novos entre 1997 e 2011.

Além das coimas aplicadas em 2017, num total de 3,8 mil milhões de euros por violação das regras da concorrência da União Europeia, os fabricantes podem vir a ter que indemnizar os compradores que reclamarem a tempo.

Cerca de 70 ações deram já entrada no TCRS, mas outras poderão ainda ser colocadas, tendo em conta que a nota de ilicitude da Comissão Europeia é de julho de 2016 e a decisão final de abril de 2017, disse a fonte, admitindo que o Tribunal possa vir a considerar como limite a data da multa à Scania, setembro de 2017.

Os processos só podem ser movidos se não tiverem passado mais de 20 anos sobre a prática dos factos nem mais de três após conhecimento da decisão, adiantou.

As ações que estão a dar entrada no TCRS são “uma pequena parte”, já que “a grande maioria das empresas lesadas” se juntaram aos processos que correram na Alemanha e na Holanda, disse.

Em 19 de julho de 2017 a Comissão Europeia aplicou uma multa de quase 2,93 mil milhões de euros a cinco dos principais construtores de camiões – as alemãs MAN (subsidiária da Volkswagen) e Daimler, a sueco-francesa Volvo/Renault, a holandesa DAF e a italiana Iveco – por 14 anos de práticas de cartelização de preços, a que se juntou, em setembro, a sueca Scania.

A comissária europeia para a Concorrência, Margrethe Vestager, disse, na altura, que, “durante 14 anos, estas sociedades negociaram preços e as repercussões dos custos de conformidade com as normas ambientais sobre os clientes”, violando as regras de concorrência da União Europeia.

A MAN ficou isenta de uma multa de cerca de 1,2 mil milhões de euros por ter colaborado com a investigação de Bruxelas, cabendo à Daimler a maior fatia dos 2,93 mil milhões euros de multa: 1,008 mil milhões.

A DAF foi multada em 752 milhões, a Volvo/Renault em 670 milhões, a Iveco em 495 milhões e a Scania em 880,5 milhões de euros

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Empresas já pediram apoio para passar mais de 42 mil contratos a efetivos

Mais de oito mil empresas já pediram ao Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) apoio financeiro, no âmbito do Converte+, para passar 42.700 contratos a termo para permanentes.

Mais de oito mil empresas já pediram ao Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) apoio financeiro, ao abrigo do Converte+, para passar 42.700 contratos a termo para permanentes, avançou a ministra do Trabalho, esta segunda-feira. Destas candidaturas, 44% dizem respeito a contratos com duração inferior a um ano, garantiu Ana Mendes Godinho.

A ministra do Trabalho está, esta segunda-feira, na Assembleia da República a responder aos deputados sobre o Orçamento da Segurança Social. Foi nesse contexto que Ana Mendes Godinho adiantou que, a poucas horas do fim do prazo das candidaturas do Converte+, as candidaturas já ultrapassaram as 42.700 provenientes de 8.350 empresas.

O Converte+ foi lançado em setembro, tendo o período de candidaturas arrancado no dia 20 desse mês. Em causa está um apoio financeiro transitório que abrange os contratos a termo celebrados antes de 20 de setembro e que venham a ser convertidos depois dessa data. São também elegíveis as conversões de contratos de trabalho a prazo apoiadas pela medida Contrato-Emprego.

Nos casos que se encaixem nestes requisitos, o empregador recebe um apoio equivalente a quatro vezes a remuneração base mensal prevista no novo contrato de trabalho sem termo, com um limite até seis vezes o Indexante dos Apoios Sociais, isto é, 3.050,32 euros. Este apoio pode, contudo, ser majorado.

No balanço mais recente (no final de novembro), as 14.300 candidaturas recebidas até então já equivaliam a um montante de 37 milhões de euros em apoio, ultrapassando a dotação inicialmente prevista (30 milhões de euros). Entretanto, o número de candidaturas cresceu significativamente, não tendo a ministra do Trabalho adiantado que valor está agora em causa. Se o valor da dotação original for ultrapassado, já está previsto um reforço da verba disponível no âmbito deste programa.

(Notícia atualizada às 16h35)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Trabalho por turnos é prioridade do BE no Orçamento. Nunca houve tantos portugueses com horários rotativos

A poucos dias da votação na generalidade do OE, o BE entende não haver condições para viabilizar a proposta do Governo. Continuam assim as negociações e o trabalho por turnos mantém-se uma prioridade.

Foi uma das surpresas da proposta de Orçamento do Estado para 2020. Numa altura em que o número de portugueses com horários rotativos está em máximos, o Governo quer estudar o impacto do trabalho por turnos no mercado nacional. O Executivo deixa, assim, a porta aberta às alterações legislativas que tanto têm sido reivindicadas pelas bancadas parlamentares à esquerda, continuando, sabe o ECO, a ser uma das prioridades do Bloco de Esquerda nas negociações com António Costa.

De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, há cada vez mais portugueses a trabalhar por turnos. No terceiro trimestre de 2019, eram já 835 mil os trabalhadores a fazer este tipo de horário (16,88% da população empregada). Destes, 425,3 mil eram mulheres e 409,8 mil eram homens.

Quase dois em cada dez portugueses trabalham por turnos

Fonte: INE

No total, de julho a setembro do último ano, registaram-se mais 37,9 mil trabalhadores com horários rotativos do que no período homólogo, ou seja, está em causa um aumento de cerca de 4,75%. O salto é ainda significativo se compararmos os dados mais recentes com os mais antigos. No terceiro trimestre de 2011 (ano que inicia a série do INE) eram 638,1 mil os trabalhadores por turnos em Portugal, menos 196,9 mil do que nos primeiros três meses de 2019.

No âmbito da revisão recente do Código do Trabalho, PCP e Bloco de Esquerda apresentaram uma série de propostas sobre o trabalho por turnos e noturno, que iam no sentido não só de limitar o recurso a este regime, mas também de reforçar os direitos dos trabalhadores nesses circunstâncias.

Em cima da mesa estava, por exemplo, a fixação de 35 horas semanais para os trabalhadores por turnos, a criação de um regime específico de reforma antecipada para os mesmos e a garantia de dois fins de semana de descanso a cada seis semanas de trabalho.

O PS juntou-se, contudo, ao PSD e ao CDS para chumbar todas estas alterações legislativas. Na altura, o PS — pela voz da então deputada socialista Wanda Guimarães — atirou esta questão para a contratação coletiva e para a Concertação Social.

Menos de um ano depois, o Executivo de António Costa escolheu agora incluir no Orçamento do Estado uma norma que prevê a análise desse regime, deixando a porta aberta a futuras alterações legislativas.

“Em 2020, o Governo apresenta um estudo sobre a extensão, as características e o impacto do trabalho por turnos em Portugal, tendo em vista o reforço da proteção social dos trabalhadores”, lê-se na proposta apresentada, em dezembro, na Assembleia da República.

“O estudo deve incluir, nomeadamente, os critérios referentes à necessidade de laboração contínua, bem como a fiscalização dos despachos que a determinam, os tempos de descanso entre turnos e mudança de turnos e, ainda, os mecanismos de conciliação com a vida familiar e pessoal, em especial para as famílias com filhos menores”, é sublinhado no mesmo diploma.

Numa altura em que nenhum “sim” ao Orçamento do Estado está garantido (exceto o do PS), este sinal pode ser mesmo um “trunfo” para que o Governo consiga o apoio das bancadas mais à esquerda.

As primeiras reações à proposta do Executivo não foram, no entanto, as mais positivas. A bloquista Catarina Martins defendeu que o documento em questão “não responde aos trabalhadores por turno”, nomeadamente no que diz respeito ao “seu direito ao acesso à reforma mais cedo”, medida que tem sido prioridade do BE nestas negociações, garantiu. Martins disse mesmo que, quando olha para a norma inscrita pelo Executivo, vê “projetos de intenções sem nenhuma capacidade de concretização”.

E a poucos dias da votação na generalidade da proposta orçamental, a mesa nacional do Bloco de Esquerda frisou mesmo que o Orçamento de António Costa “não só ignora injustiças que permanecem como as situações já identificadas de grande desgaste”, nomeadamente a dos trabalhadores por turno.

À saída dessa reunião, Catarina Martins revelou mesmo aos jornalistas que não estão ainda reunidas as condições para que o Bloco de Esquerda aprove ou viabilize a proposta de Orçamento do Estado, ainda que se mantenham disponível para negociar com o Executivo “até ao último minuto”. Ao ECO, fonte do partido confirmou, de resto, que o trabalho por turnos continua a ser uma das prioridades nessa negociação da qual está dependente a viabilização do OE pelo BE.

A proposta de Orçamento do Governo será votada na generalidade a 10 de janeiro. Se for aprovada, passa à discussão na especialidade, no âmbito da qual poderá haver espaço para que as bancadas mais à esquerda consigam maior “capacidade de concretização” de reivindicações como esta relativa aos trabalhos por turnos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

“Existe mesmo uma crise na Justiça?”. Presidente do Supremo diz que sistema está estabilizado

Joaquim Piçarra assume que Justiça tem "problemas muito sérios e profundos" mas questiona: "existe uma atual e verdadeira crise da Justiça?".

O presidente do Supremo Tribunal de Justiça, António Piçarra, questionou se existe efetivamente uma crise na Justiça. “Ouso questionar e desafio-vos a fazer o mesmo: existe uma atual e verdadeira crise do sistema de Justiça?”.

Perante a plateia preenchida por representantes de todos os quadrantes da Justiça, na abertura do ano judicial, o presidente do tribunal superior defendeu que a retórica da crise “tem muitos anos e muitas décadas. Obviamente que a Justiça continua ter problemas sérios e profundos”. Mas questiona se faz sentido ou se esses problemas são suficientes para continuar a afirmação da existência de uma crise.

E lançou o repto: “vamos então olhar para os dados que temos no presente”.

E que dados então são esses? A confiança nas instituições da Justiça “que tem aumentado sensivelmente situando-se nos 41%, mais dez pontos percentuais face à avaliação de 15 anos, sendo superior ao nível de confiança que depositam noutras instituições”. O presidente do STJ sublinhou ainda os 31 mil processos pendentes de decisão judicial, menos 35 mil que em dezembro de 2018. E as 369 ações inspeções feitas a magistrados, tendo sido instaurados 28 inquéritos e 21 processos disciplinares a juízes. “E são estes dados que permitem concluir que o sistema está estabilizado e é capaz de, “genericamente, responder às solicitações”.

O líder dos juízes portugueses assumiu ainda que a Justiça económica continua a ser uma das “áreas problemáticas”, particularmente nas execuções civis e comércio.

Mas realçou aquele que, para António Piçarra, é o principal problema do sistema de Justiça: “os problemas especialmente complexos, nomeadamente os de natureza criminal”. Assumindo que os nossos tribunais têm, de facto, um problema estrutural na resposta a estes problemas. Mas defendendo a magistratura que representa, António Piçarra admite que “o que o juiz pode fazer é limitado. Se tem de ouvir centenas de testemunhas e analisar milhares, ou dezenas de milhares de documentos, terá sempre de levar muito tempo”.

Um discurso numa cerimónia que assinala o arranque de um ano em que é aguardado o fim da instrução do processo Operação Marquês, que determinará se o antigo primeiro-ministro José Sócrates, o seu amigo e empresário Carlos Santos Silva e o ex-presidente do BES Ricardo Salgado, entre outros arguidos, vão ou não a julgamento.

Ou ainda em que são aguardados desenvolvimentos no processo Octapharma, no caso Lex (que já levou à expulsão do juiz Rui Rangel) e no caso de Tancos, cuja instrução se inicia em 8 de janeiro, apenas dois dias após a abertura do ano judicial, com as atenções viradas sobretudo para o ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes, acusado de prevaricação e denegação de justiça no caso da recuperação de armas furtadas dos paióis da base militar de Tancos.

O presidente do STJ admite ainda que o Conselho Superior da Magistratura está de mãos atadas no que toca ao quadro legal existente para melhorar o estado das coisas, assumindo que, assim sendo, “é normal que os processos judiciais complexos levem anos em investigação e muitos anos em julgamentos e recursos”. Deixando o recado ao poder político: “alterar a equação é difícil mas assenta em opções políticas. A manutenção do status quo é também uma opção política perfeitamente legítima. Mas tem consequências”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.