Ministros de Portugal, Espanha e Itália pedem rendimento mínimo europeu

  • Lusa
  • 8 Maio 2020

"Precisamos de um sistema comum de rendimento mínimo que permita combater a pobreza e a exclusão social numa perspetiva ambiciosa e integrada", dizem os três ministros do Trabalho.

Ministros dos Governos de Portugal, Espanha e Itália defendem a criação de um sistema de rendimento mínimo europeu, apelando à solidariedade como veículo para minimizar a crise provocada pelo novo coronavírus, Covid-19.

A proposta, publicada no Público, é defendida num texto conjunto assinado pela ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social de Portugal, ​​​​​​Ana Mendes Godinho, pelo vice-presidente do Governo de Espanha, Ministro dos Direitos Sociais e Agenda 2030, Pablo Iglesias, e pela ministra do Trabalho e Políticas Sociais de Itália, Nunzia Catalfo.

“É necessário assegurar que todas as pessoas tenham garantida a satisfação das suas necessidades básicas. Para isso, precisamos de um sistema comum de rendimento mínimo que permita combater a pobreza e a exclusão social numa perspetiva ambiciosa e integrada”, referem os governantes no artigo com o título “Rumo a um rendimento mínimo europeu”.

Os três subscritores do artigo dizem que a União Europeia carece de um quadro comum de rendimento mínimo, que não esteja limitado a níveis de sobrevivência ou ao rácio de pobreza calculado a partir do rendimento médio europeu, mas que seja antes um quadro juridicamente vinculativo, que permita que todos os Estados membros estabeleçam um rendimento mínimo, adequado e adaptado ao nível e ao modo de vida de cada país.

“Apoiamos a abordagem que tem sido feita desta crise, que assenta no facto de que ninguém fica para trás e que presta particular atenção aos grupos mais vulneráveis. Por isso, apoiamos o estabelecimento de uma iniciativa que permita apoiar a generalização de sistemas de rendimento mínimo dignos e adequados em todos os Estados-membros“, defendem.

Os três ministros frisam que a Europa enfrenta atualmente o “maior desafio desde a Segunda Guerra Mundial”: combater a pandemia de Covid-19, salvando o maior número possível de vidas.

Os impactos sociais e económicos desta crise, escrevem, começam a fazer-se sentir ao nível nacional e europeu, com particular enfoque para o mercado de trabalho, com impactos profundos na vida dos cidadãos.

“Este é o momento para a União Europeia olhar para o futuro e prosseguir o seu programa, tendo em vista a apresentação de um plano de ação para a implementação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais e, assim, lançar um ‘escudo social europeu'”, afirmam.

Os três ministros destacam os “grupos mais vulneráveis” e a necessidade de medidas “ambiciosas e corajosas” de solidariedade para evitar o risco de pobreza e exclusão social.

“Atualmente, a Europa tem mais de 113 milhões de pessoas em risco de pobreza e exclusão social e 25 milhões de crianças que vivem abaixo do limiar da pobreza. Torna-se necessário adotar medidas urgentes para evitar o aumento desse número e, ao invés, contribuir para a sua redução”, afirmam.

Para os governantes que assinam o texto, a situação é ampliada pela pandemia de Covid-19 e, por isso, exige soluções globais e integradas, para além de todas as medidas nacionais em curso.

“A Europa deve unir-se em torno da solidariedade. É necessária uma resposta europeia coordenada para evitar uma nova crise económica e social como a que vivemos após a crise de 2008”, dizem no texto.

Como enquadramento político e legislativo, o artigo destaca o Pilar Europeu dos Direitos Sociais, aprovado em 2017 pelo Parlamento Europeu, o Conselho e a Comissão Europeia, durante a Cimeira Social que se realizou em Gotemburgo.

No Princípio 14 desse documento, lembram os governantes, refere-se que qualquer pessoa que não disponha de recursos suficientes tem direito a prestações de rendimento mínimo adequadas que lhe garantam um nível de vida digno em todas as fases da vida, bem como a um acesso eficaz a bens e serviços de apoio. Para as pessoas aptas para o trabalho, as prestações de rendimento mínimo devem ser conjugadas com incentivos para (re)integrar o mercado de trabalho.

Os três subscritores, membros dos governos de Lisboa, Madrid e Roma, recordam que “Portugal foi pioneiro a este nível, tendo lançado em 1996 o Rendimento Mínimo Garantido, atualmente designado Rendimento Social de Inserção”.

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Brisa corta dividendos para metade. Vai pagar 64,6 milhões de euros

  • ECO
  • 8 Maio 2020

Face à atual conjuntura económica mais desfavorável, a assembleia-geral da Brisa decidiu reduzir para metade o montante a distribuir aos acionistas. Assim, vão ser distribuídos 64,6 milhões de euros.

A assembleia-geral da Brisa decidiu cortar para metade o montante a distribuir aos acionistas em dividendos pelos resultados de 2019. O Conselho de Administração propunha 120 milhões de euros, ou mais de 78% dos lucros do ano passado, mas o valor acabou reduzido para 64,6 milhões, avança o Jornal de Negócios (acesso pago).

A decisão foi tomada na assembleia-geral de quarta-feira liderada por Vasco de Mello, com base na atual conjuntura económica mais desfavorável às operações da empresa de infraestruturas. Assim, os acionistas decidiram reduzir para 64,6 milhões de euros o pagamento das contribuições acionistas, ficando o valor remanescente – 87,3 milhões de euros – na sociedade como reservas livres. O pagamento vai ser feito a partir de 31 de maio.

Em 2019, a concessionária de autoestradas que foi recentemente vendida registou lucros de 151,9 milhões, pelo que os 64,6 milhões de euros representam um payout de cerca de 42%.

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Alemanha pode ficar com até 25% do capital da Lufthansa

  • ECO
  • 8 Maio 2020

A companhia aérea germânica está prestes a fechar um acordo que prevê uma injeção de 9 mil milhões de euros por parte da Alemanha. Medida visa salvar a empresa neste contexto de pandemia.

A Lufthansa está a negociar com o Estado alemão um programa de ajuda de 9 mil milhões de euros. Este “cheque”, considerado vital para a sobrevivência da companhia aérea após o choque provocado pelo Covid-19 levará, no entanto, a que a Alemanha passe a controlar uma importante “fatia” do capital da empresa.

O plano de resgate ditará “a entrada do Estado no capital da empresa” que pode ir até 25%, segundo o Cinco Días (conteúdo em espanhol/acesso livre) além de implicar a nomeação de um administrador para o conselho de administração da companhia aérea. A Lufthansa tem rejeitado esta entrada na gestão da empresa.

“O conselho de administração da Deutsche Lufthansa prossegue as negociações com o objetivo de assegurasr a viabilidade futura da empresa em benefício dos seus clientes e funcionários”, diz a empresa.

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Novo Banco quer vender mais 430 milhões em imobiliário

  • ECO
  • 8 Maio 2020

Depois da venda da Herdade do Pinheirinho, o Novo Banco está determinado a vender mais 430 milhões de euros em património imobiliário, antes que a pandemia o force a provisionar estes ativos.

O Novo Banco tenciona vender este ano um conjunto de imóveis no valor de 430 milhões de euros. A informação foi avançada pelo presidente executivo do banco, António Ramalho, numa entrevista ao Jornal Económico (ligação indisponível).

Depois de ter vendido a Herdade dos Pinheirinhos à VIC Properties em plena pandemia, por 60 milhões de euros, o gestor diz que o banco pretende vender mais património imobiliário antes de ter de os reservar no seu balanço: “Temos de vender o imobiliário antes de termos de o provisionar”, afirmou ao jornal.

O choque económico causado pelo coronavírus tem tido um forte impacto na generalidade das empresas, e a banca não é exceção. Depois de muitos terem decidido cortar dividendos para não deteriorar as reservas, foi conhecido um número no início deste mês: a banca europeia já teve de salvaguardar quase 50 mil milhões de euros para fazer face a crédito malparado.

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Hoje nas notícias: Novo Banco, Brisa e consultas

  • ECO
  • 8 Maio 2020

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Depois de ter vendido a Herdade dos Pinheirinhos em plena pandemia, o Novo Banco tenciona vender um conjunto de imóveis no valor de 430 milhões de euros. Na atualidade nacional, é também notícia o facto de a assembleia-geral da Brisa ter decidido cortar para metade o montante a distribuir aos acionistas, relativamente aos resultados de 2019. Quanto às consultas dos hospitais públicos realizadas por telefone, deverão manter-se, com metade dos hospitais a sinalizarem essa opção, não só por razões sanitárias, mas também por ser mais vantajoso para alguns doentes.

Novo Banco quer vender 430 milhões em imóveis este ano

O Novo Banco tenciona vender este ano um conjunto de imóveis no valor de 430 milhões de euros. A informação foi avançada pelo presidente executivo do banco, António Ramalho, numa entrevista ao Jornal Económico. Depois de ter vendido a Herdade dos Pinheirinhos à VIC Properties em plena pandemia, por 60 milhões de euros, o gestor diz que o banco pretende vender mais imóveis “antes” de ter de os provisionar.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (ligação indisponível).

Brisa corta dividendos para metade

A assembleia-geral da Brisa decidiu cortar para metade o montante a distribuir aos acionistas em dividendos pelos resultados de 2019. O Conselho de Administração propunha 120 milhões de euros, ou mais de 78% dos lucros do ano passado, mas o valor acabou reduzido para 64,6 milhões, um payout de cerca de 42%. A decisão foi tomada com base na atual conjuntura económica mais desfavorável às operações da empresa de infraestruturas.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

 

Portugal “perde” 900 milhões de euros com emigrantes retidos em França

Mais de 600 mil portugueses de um total de 1,5 milhões emigrados em França têm por hábito passar as férias de verão em Portugal. Mas este ano pode ser diferente. Por causa do coronavírus, as deslocações foram severamente limitadas e muitos estão retidos naquele país. Segundo o Correio da Manhã, a situação representa, assim, uma “perda” para a economia portuguesa na ordem dos 900 milhões de euros, havendo concelhos em que o comércio fatura tanto com os emigrantes em dois meses de verão como no resto do ano todo.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

Hospitais vão manter mais de metade das consultas por telefone

Mais de metade dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde vão manter as consultas externas através do modelo não presencial, ou seja, por telefone. A decisão é justificada, não só por razões sanitárias, mas também porque se provou ser vantajoso para os doentes, sobretudo os que percorrem grandes distâncias para se deslocarem até às unidades de saúde. O Hospital São João, no Porto, faz mais de mil atendimentos à distância e limita a 900 pessoas a presença diária.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (link incompleto).

Cómoda onde Fernando Pessoa escrevia foi vendida por 41 mil euros

Após vários adiamentos devido ao Covid-19, o espólio de Luiz Miguel Nogueira Rosa Dias, sobrinho de Fernando Pessoa, que incluía material de escritório, óculos e outros do escritor foi vendido. Só a cómoda onde Pessoa escrevia foi arrematada por 41 mil euros, já pisa-papéis em pedra, com o monograma do poeta ultrapassou as previsões e foi vendido por seis mil euros. O leilão ficou a cargo do Palácio do Correio Velho.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

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Uber tem prejuízo de 2.946 milhões no período da pandemia

  • Lusa
  • 8 Maio 2020

Prejuízos registados no primeiro trimestre são três vezes superiores aos dos mesmo período do ano passadol. Covid-19 pesou nas contas da empresa americana.

A multinacional norte-americana Uber anunciou prejuízos de 2.946 milhões de dólares (2.719 milhões de euros) entre janeiro e março, coincidindo com o início da pandemia de Covid-19.

O montante negativo é três vezes superior aos 1.016 milhões de dólares (937 milhões de euros) registados no mesmo período do ano passado.

Apesar do aumento das perdas, a empresa, com sede em São Francisco (Califórnia, Estados Unidos da América), viu o seu volume de negócios anual aumentar nos últimos três meses de 3.099 milhões de dólares no início de 2019 para os atuais 3.543 milhões de dólares.

A aparente discrepância entre receitas e lucros é explicada pelos custos extraordinários que o Covid-19 implicou para a empresa no início do ano, o que, embora não se reflita nas contas apresentadas, também levou a plataforma de transporte de passageiros a anunciar o despedimento de 3.700 trabalhadores, cerca de 14% do seu pessoal.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de Covid-19 já provocou cerca de 267 mil mortos e infetou mais de 3,8 milhões de pessoas em 195 países e territórios.

O “Grande Confinamento” levou o Fundo Monetário Internacional a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.

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Cursos intensivos e MBA 100% digitais: escolas de gestão ajudam a preparar o futuro pós-pandemia

Cursos e formações intensivas e MBA 100% digitais são algumas opções das escolas de gestão e negócios, para dar continuidade às formações e ajudar a preparar o futuro pós-Covid através da formação.

Em tempos de quarentena, continuar os estudos pode ser um plano adiado mas algumas escolas de gestão e negócios nacionais e internacionais estão a adaptar-se ao universo 100% digital para dar continuidade às formações. Além disso, algumas universidades estão mesmo a direcionar os conteúdos dos próximos cursos, com o objetivo de apoiar profissionais, empresas e entidades a preparem-se para fazer gerir o período pós-Covid 19.

É o caso da Nova School of Business & Economics (Nova SBE), que lançou mais de 20 programas de formação intensiva 100% online, com conteúdos que pretendem ajudar as empresas a enfrentar a disrupção da pandemia. Resiliência financeira, como reinventar o negócio, desenvolvimento de negócio, coaching, inovação e gestão de operações, e-commerce, burnout e gestão emocional nas organizações, são alguns dos temas do portefólio.

A formação de executivos da Nova SBE criou ainda o selo de applied knowledge (conhecimento aplicado), que será atribuído a todos os participantes que demonstrem que o conhecimento foi efetivamente aplicado na organização nos seis meses seguintes ao curso.

O Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa (ISEG) garante estar preparado para migrar para o digital, mas confirma não ter planos para transformar o programa de MBA Executivos 2020 para uma versão online. A escola de gestão acredita que o sucesso da versão 100% digital poderá vir a ditar o futuro.

“Estamos perfeitamente habilitados para, em caso de necessidade, fazermos uma reconversão da metodologia de entrega das aulas. A verdade é que, neste momento, temos duas edições do MBA (estudantes que estão no 1º ano e estudantes que estão no 2º ano) com os participantes a trabalharem uns com os outros e com os professores num modelo de formação totalmente à distância“, refere o ISEG em esclarecimento enviado à Pessoas.

"Estamos perfeitamente habilitados para, em caso de necessidade, fazermos uma reconversão da metodologia de entrega das aulas. ”

Fonte do ISEG

Por outro lado, nos cursos executivos de menor duração, o ISEG optou por adiar e prevê criar uma alternativa de e-learning mais completa. “Estamos a investir na formação dos nossos docentes e também na tecnologia de suporte a uma experiência de formação online de grande qualidade”, refere o mesmo documento.

Na área da formação de executivos, a Católica Lisbon School of Business & Economics confirmou à Pessoas que, em breve, serão lançados programas 100% online, focados nas necessidades dos executivos pós-Covid 19. A formação executiva presencial foi adiada mas, para quem estava inscrito nos programas em curso, têm sido criadas alternativas online para acompanhar os alunos.

O futuro avizinha-se um misto de presencial e de digital e a formação de executivos está a encontrar, por isso, novas formas de criar valor, respondendo a esta disrupção com inovação em ambas as modalidades”, refere a universidade em comunicado.

Na área da formação customizada, a Católica está a converter vários programas para formato digital e, na área da formação aberta, a universidade está a apostar na oferta online de formação nas áreas relacionadas com o comportamento, de inovação e disrupção.

Face à pandemia, também a Porto Business School lançou oito programas de formação para executivos online e o The Digital MBA, que será lecionado maioritariamente online, dando aos alunos mais flexibilidade a nível de tempo e de mobilidade. As candidaturas para o The Digital MBA já estão abertas e podem ser submetidas no site oficial.

“O The Digital MBA destina-se a profissionais que pretendem desenvolver competências de gestão, numa perspetiva 360°, para impulsionar a inovação e a transformação digital, de forma transversal, nas organizações e procuram um formato flexível, customizável, adaptado ao seu ritmo e estilo de vida“, explica a escola de negócios do Porto em comunicado.

Formação internacional

Se já pensou em tirar uma formação executiva fora do país, a formação online pode ser a oportunidade certa. É o caso dos MBA e de outros cursos que, um pouco por todo o mundo, estão a transitar para o digital. Na Imperial College Business School toda a formação executiva transitou para o remoto. O Global MBA dura dois anos, arranca em setembro e as inscrições já estão abertas.

Na britânica London Training for Excellence há vários cursos online e gratuitos, que podem durar desde cinco dias até três semanas. Competência de gestão e liderança, gestão de crise, gestão de mudança, desenvolvimento de negócio e liderança de equipa são algumas das formações disponíveis.

Também na escola online espanhola EBS Business School — que, em 2017, adaptou o MBA em Marketing e Digital Business para português — encontram-se vários cursos de formação executiva 100% online:Digital business” com especialização em transformação digital, “Empreendedorismo digital” e ainda um MBA Executivo em “Transformação digital”. O MBA online de Digital Business dura pouco mais do que dois meses, inclui 60 aulas por semana e 40 masterclasses.

*Artigo atualizado a 13 de maio, com mais informação sobre os programas de formação de executivos online e o The Digital MBA, da Porto Business School.

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5 coisas que vão marcar o dia

Economia e contas públicas portuguesas antes do vírus vão estar em análise com novos dados económicos e o parecer sobre a Conta Geral do Estado.

Os ministros das Finanças da Zona Euro encontram-se com a missão pós-programa a Portugal na agenda. No mesmo dia, serão conhecidos novos dados sobre as exportações e importações nacionais e o Parlamento vai falar sobre os “erros” encontrados pelo Tribunal de Contas na Conta Geral do Estado de 2018. No campo empresarial, as elétricas reagem à apresentação de resultados.

Ecofin discute economia portuguesa

Os ministros das Finanças reúnem-se esta sexta-feira em mais um encontro virtual do Eurogrupo. Desta vez, a economia portuguesa é um dos temas em agenda já que o país foi alvo de uma missão pós-programa da Comissão Europeia. A visita foi feita em fevereiro, antes de o surto de Covid-19 chegar à Europa, mas já na altura os técnicos identificavam “pressões” na despesa pública. Outro tema em foco será a situação económica na Zona Euro, no seguimento da divulgação das previsões de primavera da Comissão Europeia.

Lagarde fala da reabertura da economia

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, vai participar na reunião do Eurogrupo, bem como participar numa conferência online organizada pelo Instituto Universitário Europeu na qual irá discursar sobre políticas económicas no rescaldo da pandemia. Durante a manhã, a autoridade monetária da Zona Euro vai também divulgar dados sobre o acesso das empresas europeias a financiamento.

Exportações penalizadas pelo vírus

Em termos de dados económicos, o principal destaque vão ser as estatísticas do comércio internacional referentes a março de 2020. O relatório divulgado, às 11h, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) vai permitir avaliar já perceber o impacto do coronavírus nas exportações e importações nacionais. Além disso, o INE publica ainda o Índice de Volume de Negócios, Emprego, Remunerações e Horas Trabalhadas na Indústria no mesmo mês.

TdC pronuncia-se sobre Conta Geral do Estado

No Parlamento, está marcada uma audição do Tribunal de Contas focada na apreciação do parecer sobre Conta Geral do Estado de 2018. A audição acontece depois de a instituição liderada por Vítor Caldeira ter entregado um parecer sobre o fecho das contas públicas de 2018 em que aponta “erros materialmente relevantes”.

Elétricas reagem à apresentação de contas

Na bolsa de Lisboa, o foco vão ser as elétricas, após os resultados. A EDP Renováveis lucrou 62 milhões de euros nos primeiros três meses do ano, um ligeiro aumento face ao mesmo período do ano passado explicado pelo menor impacto da fiscalidade, enquanto a EDP revelou um forte crescimento dos lucros, de 45%, para 146 milhões, num período em que o confinamento teve um “impacto reduzido”.

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O que é o contact tracing? Perguntou ao Google, nós respondemos

Numa altura em que Portugal discute se deve ou não adotar uma app para identificar pessoas contagiadas pelo coronavírus, aprenda o que significa e como funciona, afinal, o contact tracing.

Há poucos meses, contact tracing era um conceito reservado ao mundo da epidemiologia. Mas agora é um termo que, por causa do coronavírus, entrou de rompante no léxico de muitos portugueses. Numa altura e que o país tenta reabrir gradualmente a economia, e em que se discute se faz ou não sentido adotar uma aplicação que permita saber se estivemos em contacto com alguém infetado, saiba o que é e como funcionam estas tecnologias:

http://videos.sapo.pt/tWY5FTGCpqHo5JCv9shb

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Em tempos de Covid-19, onde investir? Seis temas que vão marcar o futuro

Credit Suisse identifica "supertrends" que considera serem temas e oportunidades de investimento com terão um desempenho superior na sequência do coronavírus.

O surto de Covid-19 mudou a forma de viver e trabalhar de grande parte da população mundial, mas também a forma se poupa e investe. Com a pandemia a pressionar os mercados financeiros, o Credit Suisse divulgou a atualização anual das supertrends, que se focam nos temas que o banco acredita vão marcar os investimentos.

“O nosso quotidiano foi interrompido em virtude da pandemia do coronavírus. Esta crise está a desafiar os sistemas e as estruturas existentes e a plantar as sementes para outras mudanças futuras, conforme desvendamos as limitações na forma como aprendemos, trabalhamos e vivemos”, diz Michael Strobaek, chief investment officer global do Credit Suisse.

A pandemia não só está a atirar a economia global para a maior crise desde a Segunda Guerra Mundial, como a aprofundar mudanças e novas tendências. São esses temas que o banco de investimento antecipa que vão surgir oportunidades de negócio de rápido crescimento. “Cada uma das tendências de investimento identifica oportunidades que se espera venham a ter um desempenho superior na sequência destas mudanças“, explica.

Assim, o Credit Suisse identifica seis supertrends que considera serem temas de investimento interessantes para o momento presente e para o futuro. São elas:

  • Mudanças climáticas

O confinamento causado pelo coronavírus reduziu de forma expressiva as emissões de carbono, colocando em destaque o tema já atual das alterações climáticas. Este beneficia o investimento em empresas que contribuem com mais eficiência para a transição para uma economia mundial mais sustentável. Os principais setores nos quais a tendência de investimento se concentra são a produção de eletricidade sem emissões de carbono, o transporte, os pioneiros na transformação dos setores petrolífero e do gás e a agricultura/produção de alimentos.

  • Capitalismo inclusivo

Esta tendência reflete um descontentamento popular virado, de forma mais evidente, para questões locais sendo dada maior importância à desigualdade, em detrimento de ameaças externas e protecionismo. O Credit Suisse monitoriza a ansiedade, que diz estar a aumentar. “A pandemia de Covid-19 tem demonstrado que as ameaças emergentes reais são globais e exigem uma cooperação multilateral, bem como proteção individual”, diz o banco de investimento.

  • Tecnologia ao serviço das pessoas

As contínuas inovações tecnológicas e os desafios expostos pela crise do coronavírus fazem com que o setor tecnológico continue a ser atrativo para os investidores. “Os fatores determinantes deste tema de investimento — em termos de procura e de progresso tecnológico — continuam sólidos e as empresas das áreas de interesse do tema devem sair beneficiadas nos próximos anos”, aponta.

  • Infraestruturas em transição

Ainda no que diz respeito à inclusão, o Credit Suisse vê como a tendência a redução do fosse nas infraestruturas. Os gastos com infraestruturas estão em expansão à medida que velhas economias tentam dar resposta a novas necessidades e apostam na sustentabilidade. Em simultâneo, novas economias aceleram a urbanização. “A expetativa de manutenção dos juros a um nível mais baixo, e até mesmo negativo em alguns momentos, por um longo período deve oferecer o incentivo certo para os investimentos. Como a preocupação climática tem atraído a atenção do grande público, os fortes catalisadores reguladores e políticos devem aumentar o dinamismo deste tema“, sublinha.

  • Economia da terceira idade

Também esta não é exatamente uma tendência nova, mas está a ganhar destaque. A economia da terceira idade e investimento para o envelhecimento da população reflete o crescente envelhecimento da população. Este irá impulsionar as oportunidades de negócio e o desempenho dos investimentos por muitos anos, segundo o Credit Suisse, que lembra que nos mercados emergentes irá ocorrer a uma velocidade ainda não compreendida.

  • Valores dos millenials

Do outro lado, estão os millenials, geração para a qual a sustentabilidade continua a ser um tema-chave. Nestes valores incluem-se o consumo responsável, bem como as práticas ambientais, sociais e governativas (ESG) como critério adicional ao investimento. “Com a saúde também no topo das prioridades dos millenials, existe uma procura crescente por alimentos saudáveis e sustentáveis: a dieta planetária. Por isso, juntamente com a transição para uma economia circular, incorporámos alimentos sustentáveis neste tópico de investimento“, acrescenta.

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Quem dá mais aos sócios-gerentes: o Governo ou o Parlamento?

No dia em que o Governo disse "sim" ao alargamento do apoio aos sócios-gerentes com trabalhadores, o PSD viu aprovada a proposta de abrir o lay-off a estes portugueses. A discórdia está instalada.

Contra a vontade dos socialistas, os deputados aprovaram na generalidade a proposta da bancada de Rui Rio que estabelece o alargamento do mecanismo de lay-off simplificado aos sócios-gerentes. Horas antes, o Governo tinha dado “luz verde” a um diploma que reforçava a proteção social desses mesmos portugueses. Em apenas um dia, os sócios-gerentes passaram, assim, a contar com duas novas medidas de apoio e a discórdia está instalada entre o Executivo e a Assembleia da República.

No pacote de apoios à economia originalmente desenhado pelo Executivo de António Costa, não constava qualquer apoio aos sócios-gerentes. Assim, um empregador em crise por causa da pandemia de coronavírus podia, por exemplo, colocar todos os seus trabalhadores em lay-off simplificado — recebendo da Segurança Social um apoio para o pagamento desses salários –, mas o sócio-gerente dessa empresa continuava sem ter acesso a qualquer proteção social extraordinária.

Perante as críticas, o Governo decidiu alargar a ajuda já prevista para os trabalhadores independentes aos sócios-gerentes, mas fez depender a disponibilização dessa ajuda de duas condições: não ter trabalhadores dependentes e não ter mais de 60 mil euros anuais em faturação.

Esses requisitos acabaram, contudo, por tornar a medida “insuficiente”, denunciaram os partidos. O Governo respondeu, esta quinta-feira, com uma nova alteração: fez cair o critério dos trabalhadores e aumentou para 80 mil euros o volume de faturação.

No mesmo dia, foram a votos, no Parlamento, seis propostas do PSD, CDS-PP, Iniciativa Liberal, PAN, Bloco de Esquerda e PEV, para reforçar, de outra forma que não a proposta pelo Executivo, a proteção social dos portugueses com o estatuto empresarial em causa. Foram aprovadas na generalidade as propostas do PSD, PAN e PEV, instalando-se a discórdia entre o Parlamento e o Executivo.

Nas três propostas aprovadas, constam três soluções diferentes para reforçar o apoio aos sócios-gerentes: o PEV, por exemplo, quer manter a ajuda já em vigor, mas aumentar o teto da faturação para 250 mil euros; o PSD quer, por sua vez, alargar o regime de lay-off aos sócios-gerentes, sem fazer depender esse acesso do número de trabalhadores dependentes ou da faturação; e o PAN propõe um sistema dual, em que os visados poderão escolher entre o lay-off e o apoio já previsto para os “recibos verdes”.

No caso da proposta do PEV, mantêm-se, portanto, a mecânica do apoio que já está em vigor, que é pago integralmente pela Segurança Social e que equivale:

  • Ao valor da remuneração base recebida em fevereiro (declarada em março) — ou, na ausência dessa remuneração, ao valor do Indexante dos Apoios Sociais (438,81 euros) –, nos casos em que esse montante é inferior a 658,22 euros. Nestas situações, o apoio é no máximo 438,81 euros.
  • Ou a dois terços da remuneração base recebida em fevereiro, nos casos em que esse montante é igual ou superior a 658,22 euros. Nestas situações, o apoio é no máximo 635 euros.

Já no caso de se concretizar a proposta da bancada de Rui Rio, isto é, de se alargar o lay-off simplificado aos sócios-gerentes, o apoio passaria a corresponder:

  • A, pelo menos, dois terços da retribuição normal ilíquida, sendo esse valor pago em 70% pela Segurança Social e 30% pelo empregador. Esse apoio tem como valor mínimo 635 euros mensais e máximo 1.905 euros mensais.

É esse, de resto, o raciocínio que hoje já se aplica aos trabalhadores colocados em lay-off e cujos contratos sejam suspensos.

Na proposta social-democrata, a forma de cálculo do apoio não é alterada, frisando-se apenas que o lay-off simplificado se passaria a aplicar, “com as necessárias adaptações, aos gerentes das micro e pequenas empresas, tenham ou não participação no capital da empresa, bem como aos membros de órgãos estatutários de fundações, associações ou cooperativas com funções equivalentes àqueles, que estejam exclusivamente abrangidos, nessa qualidade, pelos regimes de Segurança Social”.

O diploma do PSD — que agora baixa à comissão — estabelece, por outro lado, a revogação do apoio atualmente em vigor e define que este alargamento do lay-off teria efeitos retroativos a 1 de abril.

Mas qual dos apoios é mais vantajoso? Um sócio-gerente que tenha recebido, em fevereiro, mil euros de remuneração base tem hoje direito a 635 euros de apoio. Antes de mais, é preciso apurar dois terços dessa remuneração base: 666,67 euros. Como tal valor é superior ao teto do apoio, aplica-se esse montante máximo: 635 euros.

Já se o sócio-gerente tivesse enquadrado no regime de lay-off, as contas seriam diferentes. Primeiro, era preciso ter em conta a retribuição normal ilíquida e não a remuneração base. Se, por exemplo, essa retribuição fosse de mil euros, o sócio-gerente teria a receber, segundo as regras atualmente em vigor, pelo menos, 666,67 euros, nos casos em que o exercício de funções estivesse suspenso. Já se houvesse apenas redução da carga horária, deveria então ser mantido o salário correspondente às horas ainda cumpridas. Nessa situação, a retribuição total a receber seria no mínimo 666,67 euros, mas tal valor poderia crescer à boleia dessas horas de trabalho mantidas.

Num outro exemplo, um sócio-gerente com uma remuneração base de 3.000 euros, recebida em fevereiro, tem hoje direito a um apoio de 635 euros. Isto porque, mais uma vez, se impõe o tal teto equivalente ao salário mínimo nacional.

Já se estivesse enquadrado no lay-off e tivesse uma retribuição normal ilíquida também de 3.000 euros, o valor do apoio seria 1.905 euros. Neste caso, também se trata de um teto máximo (três vezes o salário mínimo nacional), mas o limite neste regime é mais elevado do que aquele previsto para o apoio dos “recibos verdes”, o que possibilitaria aos sócios-gerentes receber um apoio mais robusto.

O diploma do PSD que estabelece o alargamento deste regime de lay-off aos sócios-gerentes terá agora de passar pela especialidade e voltar a ser votado. Entretanto, dentro do Governo, existe o entendimento de que a concretização do diploma em causa poderia violar a lei-travão do Orçamento, já que seria sinónimo de uma nova despesa.

Ao Público, o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro disse: “Haveria alguma dificuldade de isto surgir via Parlamento, por uma questão técnico-jurídica que é a lei-travão, que não permite aos partidos apresentar medidas que tenham despesa”. Ou seja, apesar de ter sido aprovada na generalidade, não é certo que a proposta do PSD esteja em condições, segundo defende o Governo, de eventualmente produzir efeitos.

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Custos, liquidez e pressões. O Programa de Estabilidade da pandemia em 5 pontos

Este ano o Programa de Estabilidade é muito diferente: não tem previsões para este ano nem os próximos, mas há estimativas sobre impactos da pandemia. Mais do que economia, o documento fala de saúde.

O Programa de Estabilidade 2020 surge num dos momentos mais críticos para a sociedade portuguesa nas últimas décadas“. É com esta frase que o Governo começa um documento que normalmente versa mais sobre economia, mas este ano é focado em saúde. Foi adiado duas vezes, mas chegou esta quinta-feira e, apesar de não trazer previsões, deixa pistas sobre o potencial impacto da pandemia na economia portuguesa e nas finanças públicas.

Não há previsões, mas um aviso: cada mês de confinamento tira 6,5% ao PIB

O Governo optou por não fazer previsões por causa da incerteza, remetendo um novo cenário macroeconómico para o final de junho, altura em que deverá apresentar o Orçamento suplementar. Ainda assim, o Programa de Estabilidade dá uma ordem de grandeza do impacto económico da pandemia em Portugal: tal como o ministro das Finanças, Mário Centeno, tinha dito em entrevista à TVI, o PIB anual encolhe 6,5% por cada mês de confinamento como aquele que ocorreu durante o estado de emergência.

“Estima-se, desta forma, que, em média, a cada 30 dias úteis de confinamento se gere um impacto negativo no crescimento anual do PIB de 6,5 pontos percentuais”, lê-se no documento, esclarecendo que “esta estimativa deve ser interpretada como a estimativa do impacto mais severo do período de confinamento correspondendo ao período do estado de emergência”. Dado que o estado de emergência decorreu durante mês e meio, é possível afirmar, com base nesta estimativa, que o PIB português já leva uma pancada de 9,75%. Esta estimativa será particularmente importante caso Portugal tenha de recuar no desconfinamento e voltar a um estado semelhante ao de emergência com disrupções na economia.

Segundo a análise do Ministério das Finanças, cerca de metade desse impacto é explicado por setores do comércio e do turismo, como a restauração e o alojamento, seguindo-se a indústria transformadora e extrativa. No entanto, o impacto final no ano de 2020 dependerá muito da capacidade de recuperação da economia e a evolução da pandemia. Nas palavras do Governo: “A rapidez com que a economia recuperará face a esse momento de quebra acentuada irá determinar o impacto global na taxa de variação anual do PIB em 2020, mas que ainda não está refletida nesta estimativa“.

De onde virá a pressão para o défice?

Apesar de não avançar com uma estimativa do défice orçamental de 2020, o Ministério das Finanças está já bem ciente de onde virão as pressões para os cofres públicos nos próximos meses. “A pressão sobre o SNS, bem como o funcionamento dos estabilizadores automáticos e o estabelecimento de pacotes de medidas de apoio aos cidadãos e às empresas, consubstanciará um forte impacto no saldo orçamental, seja por elevado aumento da despesa pública seja por uma significativa quebra na receita fiscal e contributiva“, resume o Programa de Estabilidade. Assim, há cinco veículos dessa pressão no défice:

  • Impacto direto na despesa pública, resultante da procura acrescida dos serviços de saúde e das medidas de contenção epidemiológica (segurança pública, entre outras);
  • Impactos diretos na despesa pública, nomeadamente decorrente das medidas de aumento das transferências do Estado para as famílias e para as empresas com vista à manutenção de rendimentos, e na receita fiscal e contributiva pela redução das obrigações fiscais e contributivas decididas neste contexto;
  • Impacto adicional na despesa pública de um eventual aumento do custo de financiamento associado a instabilidade nos mercados financeiros;
  • Impacto dos estabilizadores automáticos, na despesa e na receita fiscal e contributiva decorrente da crise económica, subsequente à pandemia;
  • Impacto direto na despesa pública das medidas de relançamento económico e do respetivo financiamento.

Se é expectável que os dois primeiros impactos possam ser temporários, os dois últimos impactos referidos nesta lista terão “seguramente uma duração prolongada no tempo, provavelmente para além do corrente ano”, antecipa o Governo.

Como estava a economia antes e depois da pandemia

O Governo tem assinalado o facto de a economia portuguesa ter estado a (re)acelerar no final de 2019 e no início de 2020, antes da pandemia atingir o território nacional, além de celebrar a queda da taxa do desemprego para mínimos de mais de uma década.

Nas perspetivas para 2020, ano para o qual esperava um crescimento de 1,9%, as Finanças são cautelosas: “O desfasamento temporal na disponibilização de informação estatística dificulta a avalização dos efeitos na atividade económica do surto e das medidas de contenção, sendo esperada uma alteração da dinâmica observada nos primeiros dois meses do ano, com forte impacto negativo no consumo, investimento e comércio externo”.

Ainda assim, “os dados relativos aos indicadores de confiança refletem já o efeito da pandemia, observando-se uma forte redução na maior parte dos indicadores a partir de fevereiro, tendência que se acentuou em março”. “Consequentemente o indicador de clima económico diminuiu no primeiro trimestre, refletindo, no entanto, ainda apenas um efeito parcial da pandemia”, descreve o Programa de Estabilidade, referindo indicadores já noticiados como o inquérito semanal do Instituto Nacional de Estatística (INE) e do Banco de Portugal, os dados da SIBS sobre os pagamentos físicos e online, os dados do GEP sobre o lay-off e o desemprego, entre outros indicadores avançados.

Cada mês da pandemia custa 0,9% aos cofres públicos

O Governo estima que o Estado vá gastar 0,9% do PIB (de 2019) por mês com a pandemia este ano, incluindo as medidas com incidência única, o que corresponde a pouco mais de 1,9 mil milhões de euros. Este é o impacto direto pelo que não inclui os impactos indiretos da pandemia no saldo orçamental.

Nesta estimativa consta pelo menos duas despesas que serão únicas e, por isso, não deverão repetir-se todos os meses: a compra de equipamentos para as unidades de cuidados intensivos, como é o caso dos ventiladores, no valor de 60 milhões de euros e o apoio extraordinário à retoma da atividade empresarial, que é pago às empresas quando estas terminam o lay-off, no valor de 508 milhões de euros. Estas equivalem a cerca de 0,3% do PIB, sendo que as restantes que são mensais (mas por tempo ainda a determinar) custam 0,6% do PIB.

Contudo, o custo anual dependerá crucialmente da duração das medidas, principalmente do lay-off. Por mês, o Estado prevê gastar 564 milhões de euros (ao pagar 70% do salário reduzido mais o custo da isenção de TSU para as empresas) com este apoio ao emprego, mas é incerto por quanto tempo estará em vigor este regime simplificado com uma adesão significativa das empresas.

Injeção de liquidez nas empresas e famílias chega aos 11,8% do PIB

Além dos gastos orçamentais mensais com a pandemia, o Estado está também a dar garantias e a permitir o adiamento de impostos de forma a injetar liquidez numa altura em que a economia (quase) paralisou. Ao todo, essa injeção de liquidez poderá chegar aos 11,8% do PIB (de 2019), o que equivale a 25,1 mil milhões de euros.

Esta é a dimensão do “balão de oxigénio” para as empresas e as famílias aguentarem a pandemia sem entrarem em défices de liquidez ou mesmo em falência enquanto a economia não retoma. As moratórios no crédito à habitação (2,3 mil milhões) e no crédito empresarial (9 mil milhões) terão o maior impacto na liquidez na economia com um total de 11,35 mil milhões de euros (5,35% do PIB).

Segue-se o adiamento de impostos que, no futuro, terão de ser pagos. Ao todo, o Estado está a permitir que empresas adiem a entrega de 7,8 mil milhões de euros em impostos (3,71% do PIB) como o IRS, IRC, TSU e IVA.

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