Champions arranca hoje em Lisboa. Impacto económico para Portugal supera os 50 milhões de euros

  • ECO
  • 12 Agosto 2020

Começa esta quarta-feira a fase final da Liga dos Campeões em Lisboa, um evento que deverá ter um impacto superior a 50 milhões na economia portuguesa. O que traz para Portugal?

Depois de a Turquia afirmar não ter condições devido à pandemia, Lisboa foi a escolhida para receber a fase final da Liga dos Campeões, levando a melhor sobre cidades como Frankfurt e Moscovo. A notícia foi bastante bem recebida pelo Governo português, mas os jogos não serão como nos demais anos. Haverá mais cuidados devido ao coronavírus e, claro, menos adeptos. Ainda assim, os impactos positivos para Portugal são muitos e só em termos económicos devem superar os 50 milhões de euros.

Era em Istambul, na Turquia, que deveria decorrer esta fase final da Liga dos Campeões da UEFA, mas o Governo turco anunciou não ter condições para receber este evento devido ao novo coronavírus. Perante este cenário, a União das Associações Europeias de Futebol (UEFA) decidiu concluir a Champions a apenas uma mão e escolheu a capital portuguesa como palco, em detrimento de cidades como Frankfurt e Moscovo. Porém, o espetáculo será bem diferente de outros anos.

Desde o início que a ideia da UEFA era realizar os jogos à porta fechada, mas a decisão esteve por uns tempos em mãos portuguesas. Primeiro, o Presidente da República veio afirmar que quem o decidiria seriam os portugueses: “Se for uma situação que aconselha a que não haja público, não há público. Quer dizer, quem manda é o país onde se realiza”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa. Depois, foi a vez de o primeiro-ministro dar também uma opinião, que acabou por levantar algumas esperanças: “Há uma coisa que estou convencido: cada um destes jogos vai ter menos público do que na sala do Villaret”, disse António Costa. Contudo, a decisão final acabou por ser mesmo da UEFA, que decidiu que todos os sete jogos decorrerão à porta fechada para mitigar o risco de contágio em plena crise sanitária.

Esta, que será uma final atípica, já deixou em alerta a Polícia de Segurança Pública (PSP), que se diz “preparada” para receber este evento. Apesar de os adeptos não poderem entrar nos estádios, as forças policiais estarão atentas aos espaços exteriores e interiores dos hotéis, locais de treino e estádios — Estádio da Luz e Estádio de Alvalade –, bem como o aeroporto. Tudo locais que poderão vir a ser procurados pelos mais curiosos.

O pontapé de partida, literalmente, vai ser dado esta quarta-feira em Lisboa, às 20h, no Estádio da Luz. A partilhar o campo vão estar os italianos do Atalanta e os franceses do Paris Saint-Germain, naquele que será o primeiro dos sete jogos finais para se apurar o campeão europeu. São muitos os aspetos positivos que este evento vai trazer o país, desde notoriedade e turistas, mas sobretudo económicos.

Impacto económico de 50,4 milhões de euros

De acordo com um estudo do Instituto Português de Administração e Marketing (IPAM), a Champions vai ter um impacto de 50,4 milhões na economia nacional. Quase metade desse impacto (49%) beneficiará as refeições dentro e fora de casa, e 13% beneficiará o alojamento (com estadias mais longas). As viagens serão beneficiadas por 9% do impacto total e as atividades turísticas por 5%. As restantes percentagens serão divididas entre atividades publicitárias, eventos, compras e outras atividades comerciais.

16.000 adeptos sem bilhete e 3.300 visitantes

Os adeptos não poderão entrar nos estádios, mas o IPAM (assim como a PSP) acredita que o entusiasmo vai atrair muitas pessoas para junto destas instalações, bem como dos hotéis, aeroporto e locais de treino. Assim, o estudo antecipa a vinda de “16.000 adeptos dos clubes finalistas sem bilhete” e 3.300 visitantes “entre comitivas das equipas, jornalistas, organização ou staff”. “Mesmo sem público, esperam-se 600 elementos das comitivas das equipas, 400 jornalistas, 1.000 pessoas de staff de apoio à competição, 1.000 convidados da UEFA, 200 elementos de produção de TV e 42 elementos das equipas de arbitragem”, diz o IPAM.

Maior impacto é o “mediático”

Apesar dos impactos económicos já enumerados, o coordenador do estudo do IPAM acredita que o maior impacto é mesmo o “mediático”. “Os 50 milhões são muito importantes, mas não vão salvar a nossa economia. O maior impacto, na nossa opinião, é o mediático”, disse Daniel Sá, citado pela Lusa. O professor universitário recorda que, na final do ano passado, foram 400 milhões os telespetadores que assistiram às últimas partidas do campeonato em todo o mundo e mais de mil milhões as interações relacionadas nas redes sociais.

Marcelo Rebelo de Sousa também partilha da opinião de que a Champions vai trazer para Portugal muito mediatismo. Em junho, o Presidente da República afirmou que a escolha de Lisboa para ser palco deste evento é um caso “único e irrepetível”, principalmente pelo momento que o mundo está a viver, referindo-se à pandemia. O chefe de Estado notou que “ser a marca Portugal aquela que vence e que se vai afirmar” “não tem preço, é irrepetível, é uma vez na vida”.

Em junho, o ECO contactou vários especialistas e entidades que também salientaram a importância deste evento. Afirmam que “não vai salvar a economia” nacional, mas vai funcionar como uma “campanha publicitária estrondosa”. Entre as entidades contactadas está a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), que salientou que a Champions em Lisboa é “muito importante para a promoção e posicionamento de Portugal como destino turístico e como país seguro, apto a acolher grandes eventos”.

Um “prémio merecido aos profissionais de saúde”

De resto, a vinda da Champions para Portugal já esteve envolvida em polémica. Em causa, declarações do primeiro-ministro, António Costa, que, no dia em que foi conhecida a escolha de Lisboa, disse ser um “prémio merecido aos profissionais de saúde”.

Depois de enaltecer que a decisão era exemplo da forma como “Portugal conseguiu controlar esta pandemia”, Costa disse: “É também um prémio merecido aos profissionais de saúde e à forma como provaram que o nosso Serviço Nacional de Saúde é robusto para responder a qualquer eventualidade.”

A declaração foi alvo de várias críticas nas redes sociais, algumas delas descontextualizado as palavras de António Costa, levando o chefe do Governo a ter de se explicar mais tarde: “É preciso muita má-fé para transformar um agradecimento aos profissionais de saúde num insulto”, disse, dias depois, à entrada de um concerto em Lisboa.

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Há um ano, o país parou com a greve dos camionistas. O que mudou?

O balanço que os sindicatos fazem, um ano depois da greve, é positivo, apesar de existirem problemas por resolver. Em outubro há novas negociações para atualizar contratos, e o acordo não é certo.

Passaram precisamente 365 dias desde que foi decretada greve dos motoristas de mercadorias e de matérias perigosas, a segunda de 2019, que parou o país. Volvido este tempo, os trabalhadores têm mais proteção social, mas existem ainda algumas questões por tratar, nomeadamente relacionadas com alegados abusos durante o lay-off, regime ao qual recorreram muitas empresas do setor. Este ano, sindicatos e empresas voltam à mesa das negociações, mas não é ainda certo que haja acordo.

Foi a 12 de agosto de 2019 que arrancou a segunda greve conjunta do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e do Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM). Greves estas que foram “o culminar de mais de dois anos de tentativas de diálogo”, aponta Francisco São Bento, presidente do SNMMP, ao ECO.

Os protestos trouxeram palavras como jerricãs e açambarcamento para a ordem do dia, e verificaram-se até corridas às bombas de combustível, devido ao medo de se ficar com o depósito vazio. A greve apanhou o período tipicamente de férias de verão dos portugueses, bem como o feriado de 15 de agosto, pelo que muitos planeavam fazer viagens longas de carro e temiam ficar a meio.

Isto levou a que fossem decretados serviços mínimos e, perante relatos de que estes não estavam a ser cumpridos, o Governo avançou mesmo com uma requisição civil, que previa inclusive que os militares das Forças Armadas pudessem substituir “parcial ou totalmente” os motoristas em greve.

Fila para atestar o carro, em agostoHugo Amaral/ECO

A paralisação acabou por terminar sete dias depois, apesar de toda a antecipação fazer parecer que se estendeu por mais tempo. Ainda esteve prevista uma terceira greve, em setembro, mas foi desconvocada, sendo que um acordo que recuperava o protocolo de maio travou a paralisação.

Este protocolo surgiu já depois da primeira greve dos motoristas, em abril, que durou cerca de quatro dias e também fez parar o país, tendo sido realizada na semana da Páscoa, altura em que se costumam realizar viagens no país, perante a ameaça de uma nova paralisação, em maio.

Foi em outubro que houve consenso entre os sindicatos e a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram), levando finalmente à assinatura do novo Contrato Coletivo de Trabalho Vertical (CCTV), que foi publicado em dezembro. A revisão do contrato de trabalho coletivo atualizou a tabela salarial em 11,1% para os motoristas de pesados, bem como as principais cláusulas pecuniárias em, pelo menos, 4%. Estes valores entraram em vigor a 1 de janeiro deste ano.

Em dezembro, a Antram expressou preocupações com a entrada em vigor do novo contrato, apontando que “as empresas não terão capacidade para absorver e internalizar todos os custos”. Agora, confirma-se que o “impacto que a negociação teve nas empresas é brutal”, aponta André Matias, porta-voz da Antram, ao ECO.

“As empresas viram-se a braços com o maior aumento da história a nível de custos, a que associaram a Covid-19”, explica o advogado. A situação das empresas, sobretudo as que operam no mercado nacional, é muito “periclitante”, diz, sublinhando que “todo o tipo de variações que aumente ou incremente custos nestas empresas levará à insolvência de muitas delas“.

Negociações arrancam em outubro

Os valores do CCTV deverão ser atualizados novamente no próximo ano, sendo que, para tal, o processo negocial vai arrancar novamente este ano, em princípios de outubro. É incerto qual será o resultado das negociações, sendo que, por um lado, os sindicatos se mostram otimistas no diálogo, enquanto a Antram espera que exista “sensatez”.

“Como o diálogo já foi iniciado e estamos no bom caminho, a nível de relação, esperamos que para 2020 se mantenha o registo e que consigamos, através dessa via, continuar a trabalhar em conjunto no CCTV”, aponta o presidente do SNMMP.

Anacleto Rodrigues também aponta que o SIMM é um sindicato de “diálogo”, que irá “tentar chegar a um entendimento da atualização e cláusulas pecuniárias”, apontando ainda assim que “nada impede que se tente alterar outras cláusulas”. “Vamos ver até que ponto estão disponíveis”, completa.

A Fectrans admite que “as negociações nunca são fáceis e este ano, por razões conhecidas, mais difíceis vão ser”. Ainda assim, estão confiantes de que, à semelhança do passado, se irá “chegar a bom porto”, continuando a “construir a regularização” da situação no setor. Paulo Machado aponta que nestas conversações se irá tentar “corrigir lacunas no CCTV, para tornar o mesmo mais exequível”.

Já do lado da Antram, a perspetiva de aumento nos custos é difícil perante a situação das empresas. André Matias acredita que “haverá sensatez dos sindicatos em perceber o tema em cima da mesa perante pandemia, senão o caminho será o de insolvência”.

Balanço é positivo mas há “arestas por lapidar”

Apesar das dificuldades que algumas empresas atravessa, o balanço geral que a Antram faz é positivo, sendo que “as empresas tudo farão para pagar e honrar o compromisso” feito. Quanto à relação com os sindicatos, André Matias reitera que estas estão neste momento “pacíficas e normalizadas”.

Já para o SNMMP, as greves, “duas verdadeiras batalhas pelos direitos laborais, tiveram repercussões muito positivas”, quer a nível remuneratório e contributivo quer de condições laborais. Ainda assim, admite que “é notório que o contrato se encontra longe da perfeição e tem muitas arestas por lapidar”.

Em 2020 continuaram a existir pontos negativos, segundo Francisco São Bento que sublinha as “várias denuncias de fraude fiscal”, nomeadamente de empresas que “continuam a efetuar pagamentos de forma ilícita”, alegadamente efetuados através de ajudas de custo, o que “implica que a empresa continua a fugir ao pagamento de impostos dos trabalhadores”.

Para além disso, o sindicato também denunciou junto da tutela e da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) o “recurso abusivo e ilegal ao lay-off por algumas empresas”.

Do lado do SIMM, atualmente, o ponto de situação “é muito fraquinho, porque muito daquilo para que chamávamos a atenção continua a verificar-se”, aponta o dirigente Anacleto Rodrigues, ao ECO. “Houve muito ruído, muitos soundbytes”, e até histórias sobre um Maserati, lembra, referindo-se à polémica na altura em que o porta-voz do SNMMP, Pedro Pardal Henriques, chegou a uma manifestação com um Maserati preto.

Pardal Henriques conversa com um elemento do piquete de greve, em Aveiras de Cima.MÁRIO CRUZ/LUSA

Pardal Henriques, que era advogado e porta-voz do sindicato, foi das principais figuras desta situação, mas acabou por se afastar do sindicato para se tornar candidato a deputado pelo partido de Marinho e Pinto, Partido Democrático Republicano, que conseguiu obter apenas 0,22% dos votos.

“Os problemas dos motoristas continuam”, nomeadamente com empresas que não cumprem com a tabela salarial, direitos laborais dos motoristas, direito ao descanso, trabalho sem pressão e stress”, diz Anacleto Rodrigues. Perante estes problemas, o sindicato pretende desenvolver algumas ações, já que a ACT “não funciona, e nos tribunais de trabalho parece que o trabalhador que foi desrespeitado é que é o criminoso”, devido à postura dos juízes, refere o dirigente. As ações ainda não avançaram devido à pandemia, que impede a mobilização.

Acordo trouxe mais proteção social

O dirigente do SIMM admite que, em matéria de proteção social, “mudou alguma coisinha”. Cerca de metade dos motoristas faz mais descontos, também em matéria de baixa medica e na reforma há melhorias, conta. O regime de lay-off simplificado levou alguns motoristas a perceber que a greve “valeu a pena”, porque tiveram mais proteção.

A Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans) também sinaliza que o “incremento que o CCTV deu em termos de proteção social se verificou rapidamente, infelizmente, devido à situação pandémica”. Isto porque inúmeras empresas das mercadorias aderiram ao regime de lay-off e o contrato “permitiu amenizar as perdas salariais dos motoristas”, já que, antes, os motoristas recebiam o salário base e tudo o resto eram ajudas de custo, que não entrariam para o cálculo do lay-off, salienta Paulo Machado, ao ECO.

Francisco São Bento aponta também que, com o acordo, foi possível garantir aos trabalhadores pontos muitos importantes, nomeadamente através do aumento das contribuições para a Segurança Social, do apoio em caso de incapacidade temporária de trabalho e no valor das reformas.

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Investimento em inovação atinge máximo histórico de 1,4% do PIB em 2019 com impulso das empresas

O investimento em inovação e desenvolvimento em Portugal atingiu 1,4% do PIB em 2019, um máximo histórico. O contributo das empresas foi decisivo para a melhoria deste indicador.

A despesa total em investigação e desenvolvimento (I&D) em Portugal aumentou 8% em 2019, para os 2.987 milhões de euros, o que corresponde a 1,4% do PIB, o rácio mais elevado de sempre. Os dados foram divulgados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, com base no Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional (IPCTN), e o aumento foi superior no setor privado face ao público.

O ministério liderado por Manuel Heitor argumenta que estes dados mostram que Portugal está em convergência com a Europa neste indicador. Ao aumentar em 218 milhões de euros, ou 8%, em 2019, a despesa total em I&D “cresceu cerca do dobro do aumento relativo do PIB (que aumentou cerca de 4% entre 2018 e 2019)”. Face a 2015, início do atual Governo do PS e do mandato do ministro, o aumento da I&D é de 34% (752 milhões de euros).

Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e do Ensino SuperiorMinistério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

Como mostra o gráfico (acima), a despesa das empresas em I&D caiu durante a anterior crise, mas depois recuperou e passou a ser superior à do setor público em 2017, tendo essa tendência sido reforçada até 2019, inclusive. No ano passado, as empresas investiram mais 144,4 milhões de euros, o equivalente a um crescimento de 10%, para os 1.569 milhões de euros (0,74% do PIB), o que corresponde a 53% da despesa de I&D em Portugal.

Anteriormente, com base apenas nas candidaturas ao SIFIDE, um universo mais reduzido do que o do IPCTN, o ministério tinha anunciado que o investimento das empresas portuguesas em investigação e desenvolvimento (I&D) cresceu cerca de 50% em 2019 e fixou-se nos 1.168 milhões de euros

Do lado do setor público, a despesa em I&D do ensino superior cresceu cerca de 5%, o equivalente a mais 56 milhões de euros, em 2019, “atingindo também um novo máximo histórico de 1.209 milhões de euros”, nota o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Face a 2015, o aumento é de 19%.

Estes dados do IPCTN, da autoria da Direção-Geral de Estatísticas de Educação e Ciência, com base nas metodologias harmonizadas internacionalmente, são provisórios. Os resultados definitivos serão divulgados pela entidade após a validação final da operação estatística.

Mais investimento em I&D levou a mais emprego qualificado, diz Ministério

O aumento da despesa privada em I&D reflete o crescimento do emprego qualificado nas empresas e o esforço do setor privado em acompanhar o desenvolvimento científico e a capacidade tecnológica instalada em Portugal“, assinala o ministério no comunicado. Em números, havia 10 investigadores por 1.000 habitantes da população ativa em 2019, o que também é um máximo histórico.

Ao todo, estavam registados mais de 50 mil investigadores a tempo integral (ETI), mais 2.779 do que em 2018. Aqui o setor público sai a ganhar: “O ensino superior inclui 29.027 investigadores em ETI (eram 25.043 em 2015), representando cerca de 58% do total, enquanto as empresas incluem 19.283 investigadores em ETI (eram 11.785 em 2015), representando 38% do total”, explica o ministério tutelado por Manuel Heitor.

Incluindo não só investigadores como também técnicos e outros profissionais, o total de recursos humanos relacionados com atividades de investigação e desenvolvimento atingiu as 12 pessoas por cada 1.000 habitantes ativos, superando os 62 mil.

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Eleições nos EUA: Kamala Harris é a candidata escolhida por Joe Biden para vice-presidente

O candidato democrata às eleições presidenciais dos Estados Unidos, que vão acontecer em novembro, escolheu a senadora Kamala Harris como candidata a vice-presidente.

Joe Biden, o candidato democrata para ocupar a cadeira de Donald Trump, escolheu a senadora da Califórnia Kamala Harris para vice-presidente, avança a Reuters (conteúdo em inglês). A notícia já foi confirmada pelo próprio numa publicação no Twitter, referindo-se a Kamala Harris como uma “lutadora destemida”. Esta, por sua vez, diz que esta nomeação é uma honra.

“Tenho a grande honra de anunciar que escolhi @KamalaHarris — uma lutadora destemida a favor dos mais fracos e uma das melhores pessoas a servir o país [Estados Unidos] — como minha parceira” nas eleições, escreveu Joe Biden esta terça-feira, no Twitter.

“Na época em que Kamala era procuradora-geral, ela trabalhava em estreita colaboração com Beau [Beau Biden, filho de Joe Biden]. Observei enquanto ambos atacavam os grandes bancos, levantavam os trabalhadores e protegiam mulheres e crianças de abusos. Na altura estava orgulhoso e agora estou orgulhoso de tê-la como minha parceira nesta campanha“, acrescentou.

Com esta escolha, Kamala Harris, aos 55 anos, torna-se a primeira mulher negra a ser nomeada para uma posição destas em toda a história dos Estados Unidos. Com a recente agitação social à volta da injustiça racial e brutalidade policial contra negros norte-americanos, Joe Biden estava sob pressão para nomear uma mulher negra como parceira, diz a Reuters.

Kamala Harris também já reagiu no Twitter, afirmando que Joe Biden “pode unir o povo americano porque passou toda a vida a lutar” por isso. “Como Presidente, ele construirá uma América à altura de nossos ideais. É uma honra juntar-me a ele como candidata do nosso partido para vice-presidente e fazer o que for necessário para torná-lo o nosso comandante-chefe“, acrescentou.

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Tecnologia volta a penalizar Wall Street. S&P 500 cai ao fim de oito sessões

O setor tecnológico voltou a penalizar os índices norte-americanos, levando mesmo o S&P 500 a cair ao fim de oito sessões consecutivas de ganhos.

As bolsas norte-americanas encerraram a segunda sessão da semana em queda, penalizadas novamente pelo setor tecnológico. Com as descidas acentuadas de algumas das maiores empresas do setor tecnológico, o S&P 500 acabou mesmo por cair ao fim de oito sessões consecutivas a valorizar.

O índice de referência S&P 500 caiu 0,79% para 3.333,90 pontos, acompanhado pelo industrial Dow Jones que desvalorizou 0,38% para 27.686,91 pontos. Pelo mesmo caminho, e responsável por este cenário de perdas em Wall Street, esteve o índice tecnológico Nasdaq ao recuar 1,69% para 10.782,82 pontos.

Tal como aconteceu na sessão anterior, as empresas tecnológicas voltaram a penalizar as bolsas de Nova Iorque. Facebook e Amazon caíram mais de 2%, juntamente com a Microsoft. A Apple e a Netflix desceram cerca de 3%.

“Uma das preocupações nos mercados é que os investidores estão a vê-los tornarem-se cada vez mais rígidos”, diz Quincy Krosby, estrategista-chefe da Prudential Financial, citado pela CNBC (conteúdo em inglês).

Contrariando o início desta sessão, a notícia de uma vacina desenvolvida pela Rússia contra o coronavírus não foi suficiente para manter os mercados acima da linha de água.

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Hannover Re provisiona 600 milhões para Covid19 e lucra 402 milhões até junho

  • ECO Seguros
  • 11 Agosto 2020

Depois de provisões já constituídas em março, a pandemia obrigou a 3ª maior resseguradora do mundo a elevar reservas aos 600 milhões. No fim do semestre, a Hannover Rück lucrou 402 milhões.

A Hannover Re decidiu reforçar reservas para cobrir perdas relacionadas com o impacto da pandemia (Covid19), nomeadamente no resseguro de coberturas não Vida (Property & Casualty), que explica a quebra de 39% no resultado líquido da primeira metade de 2020.

Segundo revelou a companhia germânica, depois dos 220 milhões provisionados nas contas do primeiro trimestre, a incerteza em torno da evolução da pandemia obrigou a constituir mais 380 milhões de euros de de provisões para prevenir perdas. Assim, o impacto total da Covid19 no termo do semestre eleva-se aos 600 milhões, na quase totalidade para o negócio de resseguro P&C. Isto explica a quebra no lucro apurado de janeiro a junho, o qual desceu 39,3% face aos ganhos de igual período em 2019, para se estabelecer nos 402,4 milhões de euros.

“Temos atravessado a crise relativamente bem até agora. Isto permite-nos fazer as provisões adequadas para as perdas previstas do Covid-19 e ter em conta a incerteza ainda considerável relativamente à escala da pandemia”, declarou Jean-Jacques Henchoz, presidente executivo da Hannover Re. “O nosso modelo empresarial está orientado para a gestão de tais eventos extremos. Oferecemos aos nossos clientes e parceiros comerciais o nosso apoio incondicional,” complementou.

O volume bruto de prémios consolidado pela resseguradora cresceu 12,2% (em consolidado e corrigido das variações cambiais) totalizando 13,1 mil milhões de euros, sendo que o valor líquido de prémios ganhos progrediu 10,9%, até aos 10,4 mil milhões. Do volume bruto de prémios, 9,2 mil milhões pertenceram a coberturas P&C, em acréscimo de 16,9% face a junho de 2019. No entanto, por causa de despesas (com perdas) que superaram largamente o antecipado, o resultado operacional P&C contraiu cerca de 56%, para 290 milhões no semestre e o rácio combinado agravou-se para 102,3%, contra 96,7% um ano antes.

Globalmente, o resultado operacional (ebit) da companhia encolheu perto de 47%, para 503,5 milhões de euros, mas a Hannover Re afirma que, ao longo do semestre, identificou oportunidades de crescimento, tanto em P&C (não Vida) como em Vida e Saúde, assinala a resseguradora sustentando que a dinâmica da procura refletiu-se na negociação de renovações de contratos, em abril, junho e julho, através de acréscimos percentuais de dois dígitos.

Ainda assim, a Hannover Re salienta que, devido à incerteza, continua a não ser possível avançar um objetivo para o resto do ano.

No negócio Vida e saúde, o efeito da pandemia foi mais moderado, lê-se no comunicado. O volume bruto de prémios cresceu 3,3%, para 4 000 milhões de euros. De acordo com Henchoz, a companhia registou procura acentuada na Ásia, especialmente no segmento de soluções financeiras para aquelas linhas de coberturas.

A título provisório, é indicado ainda que o requisito de capital da companhia situava-se nos 225% no final de junho.

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Airbnb planeia avançar para a bolsa ainda este mês

  • Lusa
  • 11 Agosto 2020

A empresa norte-americana anunciou em setembro do ano passado que pretendia fazer a sua estreia em bolsa durante 2020, mas a pandemia adiou os planos.

A plataforma de arrendamento de alojamentos Airbnb está a preparar avançar com a sua Oferta Pública Inicial (IPO, na sigla em inglês) ainda este mês, de acordo com o jornal norte-americano Wall Street Journal.

A publicação adianta que o grupo prevê enviar a documentação necessária à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) durante o mês de agosto, numa oferta pública liderada pelos assessores financeiros Morgan Stanley e Goldman Sachs.

Em abril, o CEO da empresa, Brian Chesky, disse em entrevista que a empresa estava a trabalhar para apresentar a documentação em março, mas que o impacto da pandemia de covid-19 no turismo mundial cancelou esses planos devido à incerteza gerada pelo novo coronavírus e à volatilidade dos mercados, recordou a agência Efe.

A empresa norte-americana anunciou em setembro do ano passado que pretendia fazer a sua estreia em bolsa durante 2020. A plataforma atingiu um milhão de noites faturadas em 8 de julho em todo o mundo, número que não conseguia desde 3 de março, de acordo com a Efe.

O IPO da Airbnb já era esperado pelos analistas, que comparam a operação aos IPO de outras empresas da chamada economia partilhada, como o caso das empresas de transporte Uber ou Lyft.

A plataforma foi avaliada recentemente em cerca de 15 mil milhões de euros, segundo a Efe, um valor abaixo de uma estimativa anterior que colocava o valor da empresa em cerca de 26 mil milhões de euros.

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Boston Consulting Group escolhida para elaborar plano de reestruturação da TAP

  • Lusa
  • 11 Agosto 2020

O objetivo é o de conhecer a empresa, as pessoas e até as competências que já nela existem. Os trabalhos da Boston Consulting começam na próxima segunda-feira.

A Boston Consulting Group foi a consultora selecionada para a elaboração do plano de reestruturação da TAP, anunciou esta terça-feira o presidente do Conselho de Administração do grupo, Miguel Frasquilho, numa carta aos colaboradores a que a Lusa teve acesso.

A Boston Consulting Group (BCG), consultora selecionada para a elaboração do referido plano [de reestruturação] e para apoiar a TAP até à sua aprovação nas instâncias comunitárias, irá iniciar os seus trabalhos na próxima segunda-feira, dia 17 de agosto”, lê-se na mensagem de Miguel Frasquilho.

No seguimento da aprovação pela Comissão Europeia de um auxílio estatal à TAP, o grupo aéreo procedeu a uma consulta no mercado para selecionar uma entidade que preste serviços de consultoria, no sentido de auxiliar na elaboração de um plano de reestruturação, a apresentar à Comissão Europeia.

Queremos que este plano de reestruturação que se irá iniciar seja e se transforme num verdadeiro Plano de Recuperação da TAP”, refere, no mesmo documento, o presidente do Conselho de Administração do grupo TAP. “Os tempos que estamos a enfrentar, e que aí vêm, não são, nem serão, fáceis. Mas, trabalhando todos em conjunto e unidos, ultrapassaremos estas dificuldades e asseguraremos o futuro sustentável da nossa TAP”, acrescenta Miguel Frasquilho.

Em 21 de julho, o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos anunciou que a TAP iria contratar uma consultora de recursos humanos para fazer a avaliação dos gestores da empresa, para “apoiar” o processo de reestruturação. “Haverá outra empresa de ‘head hunting’ [consultora de recursos humanos], que não é contratada por nós, para fazer a avaliação das primeiras linhas da TAP, das segundas linhas, dos quadros da TAP, para percebermos quem são, que valências têm, que experiência têm, que competências têm”, disse aos jornalistas o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, à saída de uma audição na Assembleia da República.

O objetivo, esclareceu o governante, é o de conhecer a empresa, as pessoas e até as competências que já nela existem. O ministro explicou ainda que era a própria TAP que estava a fazer o processo de escolha da empresa consultora, bem como do banco de investimento. Cabe ao Governo fazer a escolha da empresa que terá como função selecionar o novo presidente executivo (CEO) da TAP, que vai suceder a Antonoaldo Neves na liderança do grupo.

O Conselho de Ministros aprovou em 17 de julho a concessão de um empréstimo de até 1.200 milhões de euros à TAP, em conformidade com a decisão da Comissão Europeia. “O Conselho de Ministros aprovou hoje [17 de julho], por via eletrónica, a concessão de um empréstimo à Transportes Aéreos Portugueses, S.A. (TAP), no montante máximo de 1.200 milhões de euros, em conformidade com a decisão da Comissão Europeia […] de 10 de junho de 2020, bem como as minutas dos respetivos contratos de financiamento e acordo complementar”, indicou, em comunicado, o Governo.

Além do empréstimo remunerado a favor do Grupo TAP de 946 milhões, ao qual poderão acrescer 254 milhões, sem que, contudo, o Estado se encontre vinculado à sua disponibilização, as negociações tinham em vista a aquisição, por parte do Estado Português, “de participações sociais, de direitos económicos e de uma parte das prestações acessórias da atual acionista da TAP SGPS, Atlantic Gateway, SGPS, Lda.”.

Desta forma, o Estado Português passa a deter uma participação social total de 72,5% e os correspondentes direitos económicos na TAP SGPS, pelo montante de 55 milhões de euros, referiu. Com esta operação, estabelece-se “a transmissão de participações sociais representativas de 22,5% do capital social e dos direitos de voto na TAP SGPS, passando o Estado a deter uma participação social total de 72,5%, e os correspondentes direitos económicos, pelo montante de 55 milhões de euros”.

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Governo propõe orientações para setor “muito complexo” dos eventos

  • Lusa
  • 11 Agosto 2020

Na Ministério da Economia já há “uma proposta que está em discussão com as várias secretarias de Estado". O setor dos eventos é “muito complexo” dado que envolve várias áreas de atividade.

O Ministério da Economia já tem uma proposta de orientações para o funcionamento do setor dos eventos que é “muito complexo” dado que envolve várias áreas de atividade, disse a secretária de Estado do Turismo à Lusa.

Rita Marques explicou que esta área inclui segmentos ligados a congressos e outros e, “tendo em conta que até ao momento a Direção-Geral da Saúde (DGS) ainda não definiu orientações específicas para a organização de eventos”, o Ministério da Economia “tem vindo a trabalhar para aclarar e interpretar os princípios e orientações aplicáveis aos eventos corporativos”, sendo que esta área está praticamente parada, devido à covid-19.

Rita Marques indicou que em causa estão “reuniões, congressos, exposições, feiras comerciais, seminários, toda uma panóplia muito grande de eventos que pode ser organizada por entidades públicas e privadas a colaboradores da própria instituição organizadora ou abertos ao público. Entendemos que devem começar a migrar paulatinamente para uma nova normalidade e daí a nossa necessidade de trabalhar nestes princípios e orientações aplicadas que é justamente uma das grandes reivindicações dos operadores económicos”, referiu.

De acordo com a governante, no Ministério da Economia já há “uma proposta que está em discussão com as várias secretarias de Estado”. “Já temos uma proposta de despacho interpretativo para o qual estamos a tentar reunir o máximo de consenso possível. É um assunto complexo, dada a disparidade das atividades económicas que estão aqui em causa”, indicou.

Hoje foi publicado o Decreto-Lei que permite que as empresas desta área possam reaver o IVA em despesas relativas à organização de eventos. “Estas empresas têm direito a passar a usufruir de um benefício que incide sobre em que incorrem e não é dedutível junto da Autoridade Tributária. Neste momento, temos um código de IVA que estabelece que as empresas possam deduzir 50% e os outros 50% não eram dedutíveis e passam a ser”, sendo que podem começar, a partir de quarta-feira, a submeter estas despesas ao Turismo de Portugal, através do portal ePortugal, que as vai depois reembolsar.

“O pedido de restituição pode ser já apresentado e tem que se reportar a períodos mensais. Infelizmente não tiveram grandes eventos, mas se eventualmente existirem o IVA é deduzido e pode ser pedido”, indicou. No diploma esclarece-se que o pedido pode ser feito a “partir do segundo mês seguinte à emissão dos documentos de suporte, até ao termo do prazo de um ano a contar da data de emissão daqueles” e, esclareceu a governante, não tem efeitos retroativos.

Rita Marques garantiu ainda que a linha de crédito para os organizadores de eventos, no âmbito do Programa de Estabilização Económica e Social, está praticamente concluída, faltando apenas “enquadramento orçamental”.

A Associação Portuguesa de Serviços Técnicos para Eventos (APSTE) organiza hoje um protesto, no Terreiro do Paço, em Lisboa, que pretende sensibilizar o Governo para a necessidade de medidas urgentes para o setor. O protesto vai decorrer entre as 20:00 e as 22:00 e consiste na colocação de várias instalações compostas por malas de porão, com as insígnias de cada empresa, ocupando o perímetro da Praça do Comércio.

Nas fachadas do Terreiro do Paço serão ainda projetadas imagens, vídeos e frases que refletem o estado do setor. Segundo um inquérito realizado pela APSTE, em maio, 60% das empresas do setor recorreram ao ‘lay-off’ e mais de metade (56%) não têm liquidez para pagar os salários nos meses de agosto e setembro.

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Ouro regista maior queda diária desde 2011 e fica abaixo de 2.000 dólares por onça

  • Lusa
  • 11 Agosto 2020

A evolução hoje registada está ligada à incerteza quanto à recuperação da economia face a crise gerada pela pandemia de covid-19.

A cotação da onça de ouro recuou 4,21% esta terça-feira, a maior descida percentual diária em quase nove anos, ficando abaixo dos 2.000 dólares (1.700 euros), segundo dados do mercado citado pelas Efe.

Pelas 18:00, a onça de ouro registava a maior queda desde 26 de setembro de 2011, ficando nos 1.942,03 dólares.

Naquela data, o ouro perdeu cerca de 90 dólares por onça, após ter sido divulgada a situação da economia grega e as respetivas medidas monetárias, como a redução das taxas de juro.

A evolução hoje registada está ligada à incerteza quanto à recuperação da economia face a crise gerada pela pandemia de covid-19, bem como ao otimismo dos investidores que optaram por ativos de maior risco, segundo fontes consultadas pela agência Efe.

Na sexta-feira, o ouro tinha atingido o valor recorde de 2.075,47 dólares.

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Pandemia afetou mais de 70% dos jovens que estudam e trabalham. Um em cada seis perdeu o emprego

  • Lusa
  • 11 Agosto 2020

Um em cada seis estudantes trabalhadores ficaram sem emprego durante o confinamento imposto pela covid-19 e 38% afirmam sentir incerteza sobre o seu futuro.

Mais de 70 por cento dos jovens estudantes ou trabalhadores-estudantes foram afetados negativamente pela pandemia, alertou esta terça-feira a Organização Internacional do Trabalho (OIT), que aponta o “efeito devastador” da pandemia na educação, formação e trabalho da juventude.

Num inquérito sobre os impactos do novo coronavírus sobre o emprego, educação, direitos e saúde mental, a agência das Nações Unidas assinala que 65% de mais de 12.605 jovens entre os 18 e os 34 anos inquiridos online relataram ter aprendido menos com o fim das aulas presenciais.

No inquérito, conduzido entre 21 de abril e 21 de maio, metade responderam ainda que ter aulas à distância iria atrasar os seus estudos e nove por cento afirmaram recear uma reprovação.

Um em cada seis estudantes trabalhadores ficaram sem emprego durante o confinamento imposto pela covid-19 e 38% afirmam sentir incerteza sobre o seu futuro, uma vez que muitos trabalham em setores especialmente afetados, como serviços ou vendas.

Dos que não perderam o emprego, 42% tiveram cortes no vencimento, assinala a OIT, que afirma que a crise pós-covid-19 vai “criar mais obstáculos no mercado laboral e aumentar o período de transição da escola para o emprego”.

Tudo isto tem impacto na saúde mental e no estudo: Estima-se que é possível que 50% dos inquiridos estejam sujeitos a depressão ou ansiedade e que é provável que 17% estejam mesmo afetados.

O impacto da pandemia na educação dos jovens é superior nos países de rendimentos mais baixos por causa de terem menos acesso à Internet, menos computadores e casas mais pequenas.

Enquanto 65% dos jovens em países com rendimentos mais altos tiveram acesso a aulas por vídeo, isso aconteceu com apenas 18% dos inquiridos que vivem em países mais pobres.

O director-geral da OIT, Guy Ryder, afirmou que a pandemia está causar “vários choques” na vida dos jovens: “não só destrói empregos e perspetivas de emprego como perturba a educação e formação e tem impactos sérios no bem-estar mental”. “Não podemos deixar que isto aconteça”, defendeu, na véspera do Dia Mundial da Juventude, que se assinala na quarta-feira.

A OIT advoga a reintegração no mercado laboral dos jovens que perderam o seu trabalho ou que estão em regime de ‘lay-off’ e perderam rendimento, bem como apoio psicológico e acesso a benefícios sociais. Durante a pandemia, um quarto dos jovens inquiridos foi fazer voluntariado, demonstrando “a sua energia para se mobilizarem e fazerem ouvir a sua voz na luta contra a crise”, salienta a OIT.

Exigem-se “resposta políticas urgentes e em grande escala para proteger uma geração inteira de jovens cujas perspetivas de emprego podem ficar permanentemente afetadas pela crise”.

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Prova dos 9: Os festivais não estão proibidos? E a Festa do Avante?

O PCP defende a realização da Festa do Avante, argumentando que os festivais não foram proibidos. Já Marques Mendes questiona se a lei não é igual para todos. Quem tem razão? Eis a Prova dos 9.

A polémica face à realização da Festa do Avante em plena pandemia continua a marcar as conferências de imprensa da Direção-Geral da Saúde e até levou à realização de uma conferência de imprensa do PCP sobre o tema. Mais recentemente, os comentários duros vieram de Marques Mendes e a defesa de António Filipe. O comentador questionou se a lei não é igual para todos enquanto o deputado do PCP disse que “não é verdade que os festivais estejam proibidos”. Quem tem razão?

“Como é que se explica que proíbam os festivais de música de verão e depois autorizem o festival de música que faz parte da Festa do Avante?”, perguntou Luís Marques Mendes no seu comentário semanal no Jornal de Noite, da SIC, criticando tanto o Governo como a DGS pela falta de coerência e o próprio PCP por não dar o exemplo à sociedade portuguesa, ao contrários dos outros partidos que cancelaram os eventos públicos e de massas da rentrée política. “Afinal, há filhos e enteados? Então a lei não é igual para todos?“, questionou o ex-líder do PSD.

Após o comentário, António Filipe ironizava na sua página de Facebook: “Estou destroçado. Tinha tanta esperança de vender uma EP [entrada permanente] ao Marques Mendes”. Anteriormente, o deputado do PCP tinha feito uma longa publicação onde defendia a realização do Festa do Avante, desde logo atacando uma das premissas de Marques Mendes ao dizer que “não é verdade que os festivais estejam proibidos”. E adiantou que, apesar de haver capacidade para 100 mil pessoas, não quer dizer que seja esse o número efetivo de festivaleiros.

A questão impõe-se: afinal, podem realizar-se festivais ou não?

A afirmação

“Também não é verdade que os festivais estejam proibidos. Eles podem ser feitos desde que sejam cumpridas as regras impostas pela DGS. Que os promotores não queiram assumir essa responsabilidade é problema deles. Não venham é acusar o PCP de querer exceções. Até por que, como é notório, há festivais a serem realizados.”

António Filipe, deputado do PCP, no Facebook, 9 de agosto

Os factos

Logo quando anunciou a proibição dos festivais até 30 de setembro, o Governo foi obrigado a mudar o comunicado do Conselho de Ministros por causa do PCP: onde se lia anteriormente “festivais de música” passou a ler-se “festivais e espetáculos de natureza análoga”, depois de os comunistas terem dito que o Avante é uma “grande realização político-cultural que se realiza desde 1976, muitos anos antes da existência daquele tipo de festivais”. Desde então, a maioria dos festivais de música cancelou a edição de 2020, adiando-a para o próximo ano, mas o PCP decidiu manter a realização da sua maior festa.

O decreto do Executivo, que viria a ser aprovado pela Assembleia da República e promulgado pelo Presidente da República, é mais complexo do que uma simples proibição. De facto, no primeiro ponto, lê-se que “é proibida, até 30 de setembro de 2020, a realização ao vivo em recintos cobertos ou ao ar livre de festivais e espetáculos de natureza análoga”. Esta definição deixa de fora os eventos definidos como iniciativa política, religiosa ou social pela entidade promotora, como é o caso da Festa do Avante que se realiza entre 5 a 7 de setembro, na Quinta da Atalaia, no Seixal, num recinto com trinta hectares.

Além disso, no segundo ponto, abre-se uma exceção aos “festivais e espetáculos de natureza análoga”: “Os espetáculos referidos no número anterior podem excecionalmente ter lugar, em recinto coberto ou ao ar livre, com lugar marcado, após comunicação nos termos do número anterior e no respeito pela lotação especificamente definida pela Direção-Geral da Saúde em função das regras de distanciamento físico que sejam adequadas face à evolução da pandemia da doença COVID-19″.

Esta foi a leitura que Marcelo Rebelo de Sousa deixou bem patente quando promulgou o decreto. “Mesmo os assim qualificados festivais e espetáculos de natureza análoga podem realizar-se desde que haja lugares marcados e a lotação e o distanciamento físico sejam respeitados”, escreveu o Presidente da República, apelando à “garantia do princípio da igualdade entre cidadãos, a transparência das qualificações, sua aplicação e fiscalização e a clareza e o conhecimento atempado das regras sanitárias aplicáveis nos casos concretos”. Ou seja, o decreto deixou a porta aberta a eventos de grande dimensão — sejam classificados como políticos ou não — desde que devidamente coordenados com a DGS, como está a acontecer atualmente com o PCP e a Festa do Avante.

Essa interpretação foi confirmada então pelo primeiro-ministro: “A atividade política do PCP ou de qualquer outro partido não está proibida”, disse António Costa, deixando no ar a ideia de que o festival comunista poderá realizar-se, desde que cumpra as recomendações da DGS. A ministra da Cultura, Graça Fonseca, explicou também que fica prevista “a possibilidade de realização de alguns eventos culturais, desde que sejam cumpridas as regras de lugares marcados, mesmo que ao ar livre, a limitação de entradas e se forem cumpridas as regras da Direção-Geral da Saúde (DGS)”.

As reuniões entre a DGS e o PCP começaram ontem e o subdiretor-geral da DGS, Rui Portugal, já admitiu que podem ser recomendados “eventuais ajustes” ao evento após se concluir a análise do plano enviado pela organização comunista. Os encontros têm um “caráter técnico”, existindo “um trabalho conjunto a fazer com grande ponderação”, fruto de avaliação do risco e da atividade epidémica, explicou o secretário de Estado da Saúde, António Sales. Não se conhece em pormenor todas as regras, mas o PCP já divulgou um vídeo com as medidas sanitárias que pretende implementar.

Um exemplo de outro festival que já ocorreu durante a pandemia é o Festival ao Largo, patrocinado pelo Millennium BCP, entre 10 a 25 de julho, no Palácio Nacional da Ajuda. Contudo, a dimensão deste festival, face ao Avante, não é comparável (é menor). Segundo o PCP, há ainda “o Jazz ao ar livre em Leiria, o Jardim de Verão na Gulbenkian, programação do CCB, ‘Noites do Palácio’, no Porto”. “A proibição dos Festivais de Verão correspondeu a uma decisão adotada de acordo com os interesses específicos dos seus promotores face a problemas concretos que estes identificaram”, escreveu o partido, referindo-se possivelmente ao problema financeiro que se coloca aos privados com a realização destes eventos com uma lotação reduzida.

A Prova dos 9

Da leitura estrita da lei, a conclusão é que nada proíbe a realização da Festa do Avante, segundo a interpretação que o Governo e o Presidente da República fazem do decreto aprovado pela Assembleia da República. O mesmo se aplica aos restantes festivais que, em coordenação com a DGS e cumprindo determinadas regras, podem realizar-se este ano. Assim, não se verifica a insinuação de Marques Mendes de que há “filhos e enteados” e uma aplicação diferenciada da lei. E confirma-se a veracidade das palavras de António Filipe quando diz que os festivais não estão totalmente proibidos à luz da lei.

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