Eleições no Montepio já arrancaram. O que está em causa?
Preparámos um guia com as datas, os candidatos, as propostas e a situação da maior mutualista do país.
O futuro da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) começou a ser decidido esta segunda-feira. Cerca de 480 mil associados já poderão votar a partir da aplicação de telemóvel M24 ou do site MyMontepio, ou então numa das três mesas centrais localizada em Lisboa (duas) e no Porto. Mais três dezenas mesas adicionais estarão abertas na quinta e sexta-feira nas capitais de distrito e nas cidades com mais associados. As urnas fecham na sexta-feira ao final da tarde, entre as 17h00 e 18h00. O vencedor será conhecido poucas horas depois.
São quatro os candidatos que vão a jogo: da atual administração candidata-se Virgílio Lima (Lista A), com o objetivo de “sedimentar a estabilidade do Montepio”. Estabilidade que os outros candidatos contestam e que pode levar a um apoio público.
Pedro Gouveia Alves lidera a Lista D ou a “Lista dos Quadros” e é o principal concorrente a Virgílio Lima. Apresenta-se nesta corrida com a missão de valorizar o grupo que se encontra numa situação “muito desafiante”.
Da Lista B, o cabeça-de-lista é Pedro Corte Real, que integra um grupo que chegou a negociar concorrer numa lista única com o grupo de Eugénio Rosa (Lista C), isto é, a ala mais à esquerda dentro do Montepio. Mas vão a jogo em listas separadas.
Veja aqui as entrevistas realizadas pelo ECO aos quatro candidatos:
Virgílio Lima (Lista A)
- “Queremos sedimentar estabilidade do Montepio”, diz Virgílio Lima
- Virgílio Lima quer “continuidade e renovação sem ruturas” na gestão do Banco Montepio
Pedro Corte Real (Lista B)
- Houve “gestão danosa” no Montepio
- “Não vamos vender o Banco Montepio. Vamos abrir o capital, mantendo o controlo”
Eugénio Rosa (Lista C)
- “Montepio precisa do apoio do Estado. Não em dinheiro, mas em garantia”
- “Se ganhar, nomearei para o Banco Montepio uma administração mais reduzida e muito mais competente”
Pedro Gouveia Alves (Lista D)
- “Lista A é a lista de Tomás Correia sem Tomás Correia”
- “Vale a pena repensar a existência do Banco Empresas Montepio”
O que está em causa?
Os associados vão eleger o próximo conselho de administração, mas também o conselho fiscal, a mesa da assembleia geral e também a nova assembleia de representantes, que tem poderes reforçados (poderá chumbar planos e orçamentos e contas) e, dependendo do jogo de forças que sair das eleições, poderá vir a ter um papel relevante na vida da instituição. Está em cima da mesa um mandato que vai até 2025.
A AMMG é a maior mutualista do país, com 600 mil associados e poupanças de 3.000 milhões de euros. Encontra-se numa “situação dramática” – nas palavras de Pedro Corte Real — ou “desafiante” – nas palavras de Pedro Alves.
A desvalorização do banco (o principal ativo da AMMG que regista imparidades de 1.000 milhões) e os ativos por impostos diferidos de 800 milhões de euros são os principais pontos de preocupação para os candidatos da concorrência e auditor, enquanto Virgílio Lima põe ênfase na necessidade de continuar o caminho de recuperação dos últimos dois anos.
De resto, a AMMG tem registado prejuízos nos últimos anos. Acumula prejuízos de 400 milhões de euros nos últimos três. Em 2017 obteve um resultado positivo de 587 milhões devido à constituição dos DTA de 800 milhões, considerada uma “engenharia criativa” de contabilidade para evitar a situação de capitais próprios negativos.
Onde e quando votar?
Podem votar quem tem 18 anos ou mais e tem mais de dois anos de associado. Pela primeira vez é possível o voto eletrónico. Se pretender fazê-lo pelo site Montepio.org, terá de pedir um código numa máquina Chave 24. Também pode votar a partir do site MyMontepio ou da app M24. O voto eletrónico arranca já esta segunda-feira.
Também poderá votar por correspondência, mas já tinha de ter comunicado essa intenção para receber em casa o chamado kit para o exercício do voto.
Em relação ao voto presencial, a instituição vai disponibilizar a partir desta segunda-feira três mesas: duas em Lisboa (Espaço Atmosfera M na Rua Castilho e Espaço Mutualista – Rua do Carmo) e uma no Porto (Espaço Atmosfera M, Rua Júlio Dinis), que funcionarão entre as 9h00 e as 20h00 até quinta, fechando às 17h00 na sexta.
Depois, nos dias 16 e 17, serão abertas cerca de 30 mesas adicionais nas capitais de distrito e cidades com mais associados (pode conferir a lista aqui). Estas mesas funcionarão entre as 9h00 e as 22h00 na quinta e entre as 9h00 e as 17h00 na sexta.
Já no dia 17, a sede da AMMG também abre outra mesa a partir das 9h00, fechando às 18h00.
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