Abstenção nas Presidenciais tem ultrapassado os 50%. Este ano pode ser recorde

A abstenção nas Presidenciais registou um pico em 2011, e manteve-se acima dos 50%. A pandemia pode travar ainda mais a ida às urnas.

A abstenção nas presidenciais tem sido elevada nos últimos atos eleitorais. Depois de ter atingido um pico em 2011, manteve-se acima dos 50% em 2016, últimas presidenciais, que resultaram na eleição de Marcelo Rebelo de Sousa. Este ano, tudo aponta para que os números da abstenção continuem elevados, com a pandemia a travar a ida às urnas de muitos portugueses, podendo até atingir um recorde.

As presidenciais deste ano, que se vão realizar no domingo, dia 24, serão as décimas eleições para a Presidência da República em democracia. Há sete candidatos na corrida para Belém, entre os quais se inclui o atual Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, que se candidata para a renovação do mandato. Entre os candidatos encontra-se também Ana Gomes, André Ventura, líder do Chega, João Ferreira, apoiado pelo PCP, Marisa Matias, suportada no Bloco de Esquerda, Tiago Mayan Gonçalves, que conta com a Iniciativa Liberal e Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans.

As eleições vão realizar-se em plena pandemia, o que poderá fazer a abstenção disparar. As pessoas que ficaram infetadas ou entrarem em isolamento profilático a partir da sexta-feira passada já não puderam votar, já que o mecanismo desenhado para estas pessoas votarem fechou inscrições no dia 17. Para além disso, o medo do contágio pelo novo coronavírus pode travar algumas pessoas de se deslocarem às mesas de voto.

Fonte: CNE

Ainda assim, este ano registou-se um recorde no voto antecipado. Depois de as regras terem sido alargadas, inscreveram-se para votar mais cedo cerca de 246 mil pessoas. Destes inscritos, acabaram por votar no domingo, dia 17, 197.903 eleitores, o que corresponde a cerca de 80,15%.

A abstenção tem sido elevada nos últimos anos, especialmente nas presidenciais. A participação nas eleições para Presidente da República atingiu o máximo em 1980, na reeleição de Ramalho Eanes, sendo que apenas 15,61% dos eleitores decidiram não votar. Nas eleições seguintes a abstenção foi crescendo, mas voltou a cair para os 33,7% em 1996, aquando da vitória de Jorge Sampaio.

Em 2001 a abstenção atingiu os 50,29%, ou seja, metade dos eleitores optaram por não se deslocarem às urnas. Nas eleições seguintes, em 2006, quando ganhou Cavaco Silva, diminuiu de novo, para os 38,5%. No entanto, no sufrágio seguinte, quando o social-democrata foi reeleito, atingiu um pico: 53,48%. As últimas eleições, que elegeram Marcelo Rebelo de Sousa, a abstenção não cresceu, mas manteve-se elevada, com 51,3% dos eleitores sem votar.

Este ano, alguns analistas têm indicado que é possível que a abstenção se situe acima dos 70%. Esta possibilidade é inclusivamente admitida por Marcelo Rebelo de Sousa. A mais recente sondagem da Aximage para DN/JN/TSF aponta para uma abstenção a rondar os 60%, mas os responsáveis sublinham que é provável que o valor seja mais elevado, nomeadamente pelo contexto de incerteza que se vive na pandemia.

Numa sondagem realizada pelo ISCTE/ICS para o Expresso e a SIC, 42% dos inquiridos indicaram que não vão votar. No entanto, o valor será mais elevado, até porque, como os responsáveis pela sondagem explicaram, “os abstencionistas têm menor propensão a responder a estudos de opinião”. Já na sondagem Observador/TVI/Pitagórica, os entrevistados que aquando do momento inicial se recusaram a responder à entrevista por não pretenderem votar nesta eleição rondam os 57%.

De salientar que existe também outros fatores que poderão elevar a abstenção. É o caso do recenseamento automático dos residentes no estrangeiro, que levou a um aumento do número de pessoas nos cadernos eleitorais, um efeito já se sentiu nas eleições legislativas de 2019. Há ainda a possível condicionante de existir um Presidente que se recandidata, sendo que, tipicamente, as eleições para um segundo mandato têm menos participação.

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Presidente eleito toma posse a 9 de março

  • Lusa
  • 24 Janeiro 2021

A tomada de posse do próximo chefe de Estado ocorrerá no dia 9 de março, perante a Assembleia da República.

O escrutínio para eleger o Presidente da República decorre este domingo e a tomada de posse do próximo chefe do Estado acontece em 9 de março, perante a Assembleia da República, como manda a Constituição de 1976.

O artigo 127.º da Constituição determina que a tomada de posse do Presidente eleito aconteça “no último dia do mandato do Presidente cessante ou, no caso de eleição por vagatura, no oitavo dia subsequente ao dia da publicação dos resultados eleitorais”.

Esse último dia do mandato de cinco anos do atual chefe de Estado e recandidato, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro dia da próxima presidência, é 9 de março, a mesma data desde 1986, ano em que Mário Soares tomou posse como o 17.º Presidente da República.

Trinta e cinco anos depois, a cerimónia volta a repetir-se na mesma Assembleia da República onde já cinco Presidentes da República juraram “defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa” de 1976.

O último foi Marcelo Rebelo de Sousa, em 2016, numa cerimónia com mais de 500 convidados na casa da democracia, decorada para a ocasião com cerca de duas mil rosas com as cores da bandeira nacional.

Há cinco anos, esse dia foi preenchido com cerimónias, de manhã à noite, na Assembleia da República, no Mosteiro dos Jerónimos, no Palácio de Belém, na Mesquita Central de Lisboa, no Palácio da Ajuda e na Câmara de Lisboa.

Nas primeiras 24 horas do seu mandato, o então novo chefe de Estado seguiu com a tradição de depositar flores junto dos túmulos de Luís de Camões e Vasco da Gama, no Mosteiro dos Jerónimos, recebeu candidatos num almoço em Belém, participou numa celebração ecuménica com representantes de confissões religiosas e associações cívicas, condecorou o antecessor, Cavaco Silva, e assistiu a um concerto.

No entanto, este ano a tomada de posse acontece em plena pandemia da covid-19 e, a pouco mais de um mês da data, com o país a viver a pior fase da pandemia, é possível que as cerimónias tenham de ser adaptadas ao novo contexto.

As eleições presidenciais realizam-se hoje, em plena pandemia de covid-19 e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976.

Concorrem às eleições sete candidatos, Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP) Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).

Desde 1976, foram Presidentes António Ramalho Eanes (1976-1986), Mário Soares (1986-1996), Jorge Sampaio (1996-2006) e Cavaco Silva (2006-2016). O atual chefe de Estado, eleito em 2016, é Marcelo Rebelo de Sousa, que se recandidata ao cargo.

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Tribunais com prazos judiciais suspensos. Mas a partir de quando?

Apesar de António Costa ter anunciado a suspensão de prazos, não se sabe ainda quando é que essa regra entra em vigor. Resposta do Governo indicia que, até lá, tudo se mantém como estava.

Face ao aumento do número de casos de Covid-19 em Portugal, os prazos judiciais e respetivas diligências foram suspensos, anunciou esta quinta-feira o Primeiro-ministro, António Costa.

Mas a dúvida que agora impera é: mas a partir de quando? O ECO/Advocatus contactou o Ministério da Justiça que apenas esclareceu que “não decorre dos diplomas legais publicados esta sexta-feira a suspensão dos prazos judiciais ou outras limitações ao funcionamento dos Tribunais, pelo que deverá aguardar-se pelo que a Assembleia da república venha a legislar neste âmbito”. Ou seja: até lá, os tribunais continuam a funcionar. A dúvida agora é então: quando a medida for legislada, os prazos suspendem com efeitos retroativos? Não se sabe.

Na quarta-feira, o Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ) tinha pedido a suspensão de prazos com caráter de urgência à Assembleia da República.

António Marçal, presidente do SFJ, pediu assim uma intervenção urgente do Parlamento de forma a serem suspensos “os prazos não urgentes em face da situação epidemiológica do país”, bem como “um tratamento igual dos agentes da justiça”. Isto porque, denuncia o sindicato, os números de infeções por coronavírus de funcionários a trabalhar nas secretarias dos tribunais está a aumentar “exponencialmente” em todo o país, especialmente nos DIAP’s. Já os magistrados (juízes e procuradores do MP) estão, na sua maioria, em teletrabalho.

Há duas semanas — quando se começou a perceber que o caminho a curto prazo seria o do confinamento geral — o bastonário da Ordem dos Advogados apelou ao Presidente da República, ao Parlamento e ao Governo para que os tribunais continuem abertos. “Efetivamente a experiência desse encerramento em março passado foi altamente prejudicial para o exercício dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, tendo por isso ocorrido uma profunda reforma e adaptação dos tribunais para que os mesmos possam funcionar em condições de segurança, tendo as necessárias adaptações sido aceites, com muito sacrifício, pelos diversos operadores judiciários”, referiu o bastonário da Ordem dos Advogados, Luís Menezes Leitão.

Logo após o anúncio do encerramento dos tribunais — na quinta-feira — a Ordem dos Advogados pediu ao Governo que fossem dados os mesmos apoios à classe de mais de 33 mil profissionais que aos trabalhadores independentes.

“A OA procurou a todo o custo evitar a suspensão dos prazos e diligências nos tribunais, mas o agravamento da pandemia nas últimas duas semanas tornou inevitável esta decisão”, segundo Menezes Leitão. “Infelizmente nunca foram asseguradas as condições de segurança que seriam necessárias para evitar este encerramento, e nos últimos dias ocorreram vários casos de infeção nos Tribunais que infelizmente não têm sido reportados à Ordem dos Advogados para que ela possa tomar as medidas necessárias. Esperamos por isso que essas condições de segurança sejam ao menos agora asseguradas para os processos urgentes, cuja suspensão não foi decretada”, sublinhou.

 

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Presidenciais: Desdobramento de mesas de voto surpreende eleitores em Londres

  • Lusa
  • 23 Janeiro 2021

Devido à pandemia, as autoridades portuguesas abriram pela primeira vez uma secção de voto adicional na Embaixada de Portugal, em Londres.

Dezenas de portugueses começaram a votar em Londres este sábado, o primeiro de dois dias em que os residentes no estrangeiro podem fazê-lo, para as eleições presidenciais de domingo, apesar de alguma confusão com o desdobramento das mesas de voto.

Devido à pandemia covid-19, as autoridades portuguesas abriram pela primeira vez uma secção de voto adicional na Embaixada de Portugal, o que surpreendeu alguns eleitores que se deslocaram ao Consulado-Geral, também na capital britânica, onde se concentraram as mesas de voto em eleições anteriores.

A Embaixada e Consulados aconselharam nas suas páginas oficiais e nas redes sociais a consulta antecipada do site do Ministério da Administração Interna [https://www.recenseamento.mai.gov.pt/], mas a informação não chegou a todos.

“Pelos vistos a minha mesa de voto não era aqui. Consultei online, mas não tinha tinha percebido que este ano também havia votação na Embaixada e então tive de vir aqui e agora vou até à Embaixada”, disse à Agência Lusa Rita Fouta, que se deslocou do sul de Londres. Não se importou porque, disse, “é sempre importante exercer o direito de voto, é um dever dos cidadãos, onde quer que estejam”. “Este ano, não sendo o mais conveniente deslocar até ao centro de Londres, é sempre importante fazer o sacrifício”, acrescentou.

"Tal como eu, muitas pessoas que conheço foram apanhadas de surpresas por esta falta de informação da parte das autoridades, seja ela da Comissão Nacional de Eleições, postos diplomáticos e do próprio Governo.”

Pedro Xavier

Pedro Xavier, membro ativo da comunidade portuguesa no Reino Unido, onde reside há várias décadas, disse que também ele foi surpreendido com a mudança pois sempre votou no Consulado. “Tal como eu, muitas pessoas que conheço foram apanhadas de surpresas por esta falta de informação da parte das autoridades, seja ela da Comissão Nacional de Eleições, postos diplomáticos e do próprio Governo”, comentou.

A Lusa falou com mais pessoas que foram afetadas e procuravam informações como chegar à Embaixada nos seus telemóveis, mas a maioria não se mostrou incomodada por fazer a viagem adicional neste dia frio, mas solarengo.

“Creio que estas eleições irão ser bastante votadas porque, ao contrário do que se diz, que a pandemia irá manter as pessoas em casa, eu acho que isto também um cano de escape para as pessoas poderem sair de casa e virem exercer o seu direito de voto”, afirmou Xavier.

"Há coisas mais importantes neste momento do que a pandemia e eles estão a tomar todos os cuidados necessários para as pessoas manterem distanciamento social.”

Débora Duarte

Para Débora Duarte, esta foi a primeira vez que votou fora de Portugal, de onde saiu há cinco anos. “É o meu dever cívico e porque neste momento Portugal está numa má situação. Mas há um candidato que eu não quero que ganhe de todo e por isso resolvi vim votar hoje. Acho que há coisas mais importantes neste momento do que a pandemia e eles estão a tomar todos os cuidados necessários para as pessoas manterem distanciamento social. Não há qualquer problema em vir votar”, garantiu.

Liliana Freitas também entende que a pandemia não é razão suficiente para impedir as pessoas de votarem, pelo contrário. “Venham votar, não está muita gente, venham cedo e votem. Acabei de mandar fotografias a alguns amigos que vivem em Londres e que estavam preocupados se estaria muita gente, com filas. Não, não está, venham votar”, urgiu.

Para além de transportes públicos, táxi, moto ou automóvel, alguns portugueses aproveitaram a saída para votar na sua corrida matinal ou passeio de bicicleta. “Desde o início do confinamento que tenho evitado ao máximo andar de transportes públicos. Sendo que vivo a meia hora daqui, aproveito e faço um pouco o passeio higiénico. Aproveitar enquanto está sol”, explicou à Lusa.

As mesas de voto para os cidadãos portugueses recenseados no Reino Unido estão disponíveis na Embaixada de Portugal em Londres, Consulado Geral em Londres, Consulado Geral em Manchester e Consulado Honorário em Belfast, além do Consulado Honorário em St.Helier (Ilha de Jersey) e Consulado Honorário em Hamilton (Bermudas).

No total, no Reino Unido estão recenseados 140.854 eleitores, um aumento de 5.000% face aos 2.800 inscritos nas eleições presidenciais de 2016, nas quais apenas 583 votaram, resultando numa abstenção de 79%. O aumento do número de eleitores recenseados deve-se, em grande medida, ao recenseamento eleitoral automático dos emigrantes com cartão de cidadão válido, que decorre de uma mudança à lei, feita em 2018.

As eleições presidenciais estão marcadas para 24 de janeiro e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976.

Concorrem às eleições sete candidatos, Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP) Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).

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📹 Como funciona o comércio e serviços no confinamento? Perguntou ao Google, nós respondemos

Face ao crescimento alarmante de casos positivos de covid-19, o Governo decretou novas e mais apertadas medidas neste confinamento, sendo que o comercio e os serviços afetados diretamente, saiba como.

Primeiro, foi anunciado um segundo confinamento. Depois, o Governo apertou-o ainda mais, por perceber que os portugueses não o estavam a respeitar como deveriam.

Os números dos novos casos têm disparado nas últimas semanas e a economia voltou a fechar portas, havendo um conjunto muito limitado de comerciantes e prestadores de serviços que ainda podem operar.

O ECO produziu um vídeo que lhe mostra como estão a funcionar o comércio e os serviços em plena pandemia.

http://videos.sapo.pt/sfAzZHTGCgBMvqHq7S9N

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Pior dia da pandemia. Há 15.333 novos casos de Covid-19 e 274 mortes

Desde o início da pandemia o país soma 624.469 casos e 10.194 óbitos por Covid-19.

Portugal ultrapassou as 10 mil mortes por Covid-19, desde o início da pandemia, no dia em que se registaram também novos recordes no número de casos e óbitos diários. Nas últimas 24 horas, registaram-se 274 óbitos, elevando o total para 10.194, de acordo com os dados divulgados pela Direção-Geral da Saúde (DGS). O boletim epidemiológico mostra ainda 15.333 novos casos de infeção identificados.

A maioria das pessoas que morreram encontrava-se na região de Lisboa e Vale do Tejo (122). No Centro morreram 65 pessoas, no Norte 55, no Alentejo 23 e no Algarve nove. Nas últimas 24 horas não foram registados óbitos por Covid-19 nas regiões autónomas.

Lisboa e Vale do Tejo foi também a região onde se registou mais novos casos, 6.135. No Norte foram confirmados 4.992 infetados, no Centro 2.933, no Alentejo 651, no Algarve 471, na Madeira 31 e nos Açores 22.

Boletim epidemiológico de 23 de janeiro

O número de casos ativos aumentou de novo, contando-se agora 162.951 pessoas a batalhar com a doença, mais 5.291 que na sexta-feira. A maioria dos casos ativos encontra-se a recuperar em casa. Ainda assim, há 5.922 pessoas internadas, mais 143 face ao balanço anterior. Nos cuidados intensivos estão 720 doentes, mais cinco que no dia anterior.

Já o número de recuperados cresceu também, em 9.768 para um total de 451.324 pessoas que já recuperaram da infeção. O boletim epidemiológico dá ainda conta de mais 5.502 pessoas sob vigilância ativa das autoridades de saúde, depois de terem contactado com outro caso positivo. No total, estão 206.232 pessoas nesta situação.

(Notícia atualizada às 15h22)

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Coimas nos casos de incumprimento devem ser cobradas de imediato, diz Governo

  • Lusa
  • 23 Janeiro 2021

O Governo quer que as forças de segurança verifiquem os comprovativos que justifiquem as deslocações de exceção, incluindo passeios higiénicos.

O Governo quer que as forças de segurança privilegiem a cobrança imediata de coimas nos casos de incumprimento das regras de confinamento e que verifiquem os comprovativos que justifiquem as deslocações de exceção, incluindo passeios higiénicos.

Estas normas integram o conjunto de orientações que o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, determinou para as forças de segurança aplicarem nas situações de incumprimento das regras de confinamento e que foram este sábado divulgadas pela tutela.

“O despacho de Eduardo Cabrita, assinado na sexta-feira, determina que as forças de segurança privilegiem a cobrança imediata das coimas devidas pela violação das regras de confinamento”, lê-se na nota do Ministério da Administração Interna (MAI). A informação especifica que, “nos casos em que não haja lugar ao pagamento imediato das coimas, isso implicará pagar também as custas processuais aplicáveis e a majoração da culpa no determinar do valor da coima”.

“Outra orientação diz respeito à exigência do comprovativo que justifique qualquer das situações de exceção admitidas no Estado de Emergência, nomeadamente as deslocações para desempenho de atividades profissionais ou equiparadas, para acesso a serviços públicos e participação em atos processuais, por motivos de saúde ou assistência a terceiros e para passeios higiénicos”, é referido.

O MAI esclarece ainda que “sempre que essas situações não estejam devidamente documentadas ou atestadas, as forças de segurança devem requerer o respetivo comprovativo das razões que justificam a deslocação”. Além disso, “as exceções ao dever geral de recolhimento têm igualmente de ser justificadas, incluindo a prática de exercício físico e desportivo ou o passeio de animais de companhia na zona de residência”.

Tal justificação deverá ser feita “através de documento comprovativo da morada, não sendo admitidas as deslocações em veículo automóvel para aqueles efeitos”. Serão admitidos os comprovativos da aquisição de bens ou serviços essenciais, assim como a indicação, sob compromisso de honra, da deslocação a efetuar.

O MAI reitera que as orientações visam permitir que “a GNR e a PSP contribuam decisivamente para o decréscimo de movimentação na via pública e a inversão do crescimento acelerado da pandemia”. Portugal continental entrou às 00:00 de 15 de janeiro num novo confinamento geral, com os cidadãos sujeitos ao dever de recolhimento domiciliário.

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Saiba o que não pode fazer hoje no Facebook por causa das eleições

  • Tiago Lopes
  • 23 Janeiro 2021

A lei proíbe a propaganda eleitoral no dia da reflexão e no dia das eleições. Saiba o que pode ou não fazer no Facebook este sábado e no domingo das Presidenciais, de acordo com a CNE.

A lei portuguesa proíbe todo o tipo de campanha ou propaganda eleitoral na véspera de eleições, o chamado período de reflexão. Mas o surgimento das redes sociais tem vindo a gerar confusão sobre o que se pode ou não fazer nestas plataformas.

É importante frisar que as redes sociais estão igualmente abrangidas por esta proibição, ainda que, pela sua natureza, possa não ser imediatamente claro o que é possível publicar ou fazer no Facebook este sábado, mas também no domingo, dia das Presidenciais.

A pensar nisso, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) publicou um documento que explica com mais detalhe o que é proibido e punível nos termos da lei.

Publicar, sim. Mas não visível a todos

Na véspera da eleição, este sábado, decorre o período de reflexão durante o qual é absolutamente proibida qualquer ação de propaganda eleitoral, esteja esta relacionada ou não com a eleição que está a decorrer. O mesmo é válido para o dia das eleições, este domingo, 24 de janeiro.

Assim, e porque as redes sociais são uma espécie de praça pública, tudo o que escrever ou partilhar sobre política terá de ficar apenas na esfera da sua lista de amigos do Facebook.

Ou seja, não pode escrever ou partilhar ideias ou mensagens políticas em páginas, grupos abertos ou em publicações na sua cronologia que estejam definidas como “públicas”, segundo comunicado CNE.

A CNE explica que tal está relacionado com o “acesso público universal” e “acesso público dentro da rede social”. Recorde-se que qualquer publicação no Facebook, cujas definições de privacidade estejam definidas como públicas, pode ser acedida por pessoas que não estão sequer registadas na rede social, assim como por qualquer utilizador do Facebook.

Desta forma, são proibidas todas as publicações em redes sociais, nomeadamente no Facebook, cujas definições permitam que seja acedida e consultada por qualquer pessoa, mesmo que não tenha conta na plataforma, ou por qualquer pessoa dentro da plataforma.

Quem violar esta proibição incorre em multas que podem ir dos 2,49 euros aos 24,94 euros, ou mesmo pena de prisão até seis meses.

Para evitar problemas, a CNE publicou ainda outro documento sobre “declarações políticas em dia de eleição”. Nele, o organismo recomenda “a todos os intervenientes, sejam candidatos, responsáveis políticos, agentes do processo eleitoral ou profissionais da comunicação social, que se abstenham de quaisquer comportamentos que possam constituir propaganda eleitoral no dia da eleição do Presidente da República”.

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Apresentador Larry King morre aos 87 anos

  • ECO
  • 23 Janeiro 2021

O apresentador norte-americano Larry King estava hospitalizado desde o início do mês, infetado com Covid-19.

Morreu o antigo apresentador de televisão Larry King, aos 87 anos, avançou a CNN. O norte-americano foi vítima de Covid-19, sendo que estava hospitalizado desde o início do mês.

O perfil oficial do apresentador e jornalista no Twitter já confirmou a notícia. “Com profunda tristeza, Ora Media anuncia a morte de nosso cofundador, apresentador e amigo Larry King, que faleceu esta manhã aos 87 anos no Cedars-Sinai Medical Center em Los Angeles”, lê-se no texto publicado na sua página oficial.

“Por 63 anos e em todas as plataformas de rádio, televisão e meios digitais, os muitos milhares de entrevistas de Larry, prémios e aclamação servem como um testemunho do seu talento único e duradouro como um locutor”, continua o comunicado.

“Quer estivesse a entrevistar um Presidente dos EUA, líder estrangeiro, celebridade, personagem cheio de escândalos, ou um homem comum, Larry gostava de fazer perguntas curtas, diretas e descomplicadas. Ele acreditava que perguntas concisas geralmente davam as melhores respostas, e não estava errado nessa crença”, reiteram.

(Notícia atualizada às 13h45)

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Atraso da vacina AstraZeneca não comprometerá plano português, diz Francisco Ramos

  • Lusa
  • 23 Janeiro 2021

O atraso da vacina da AstraZeneca permite cumprir o plano de vacinação português, mas "não vai permitir a antecipação para março” do final da primeira fase.

O coordenador da ‘taskforce’ do Plano de Vacinação da covid-19, Francisco Ramos, garantiu este sábado que o atraso da vacina AstraZeneca/Oxford não comprometerá a primeira fase do plano português, mas não permitirá antecipá-lo, admitindo uma quebra de 50% do esperado.

“Estamos a falar de um atraso superior a 50% daquilo que estava programado [a nível europeu], o que no caso português significaria em vez de 1,4 milhões de doses previstas para fevereiro e março, receber 700 mil doses [da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford com a farmacêutica AstraZeneca]. Ainda é possível que esse número seja revisto em alta. Será discutido na próxima semana a nível europeu”, referiu Francisco Ramos.

Em declarações à agência Lusa, o coordenador da ‘taskforce’ do Plano de Vacinação da covid-19 admitiu “um percalço” com o que era esperado, apontando que “a Astrazeneca, de facto, está com dificuldades em cumprir o calendário de produção”, tendo proposto “nos últimos dias, uma redução muito acentuada de entregas para os próximos dois meses”.

“De qualquer forma, para Portugal, esse número permite-nos cumprir o Plano Nacional da forma como estava delineado, terminando a vacinação das pessoas incluídas na fase um até abril. O que não vai permitir é a antecipação para março”, acrescentou o responsável.

À Lusa, Francisco Ramos explicou que “chegou a estar nos planos antecipar a vacinação da primeira fase”, que corresponde a 950 mil pessoas entre as quais profissionais de saúde, residentes em lares, pessoas com comorbilidades mais severas e alguns profissionais de serviços essenciais, “para o final de março”, mas o anúncio do grupo britânico AstraZeneca/Oxford obrigará a manter abril como horizonte temporal.

Na sexta-feira, em declarações à AFP, uma porta-voz da AstraZeneca avisou que as entregas da vacina AstraZeneca/Oxford na Europa, sob reserva da sua aprovação, vão ser inferiores ao previsto, devido a uma “baixa de rendimento” num local de produção. “Vamos fornecer dezenas de milhões de doses em fevereiro e março à União Europeia e vamos continuar a aumentar os volumes de produção”, acrescentou a porta-voz, sem detalhar quantidades.

Em causa está uma vacina contra a covid-19 sobre a qual a Agência Europeia dos Medicamentos (EMA, na sigla em Inglês) anunciou em 12 de janeiro que tinha recebido um pedido de autorização.

Sobre deste anúncio, Francisco Ramos frisou, no entanto, que “a questão não está fechada” e que “a Comissão Europeia e os estados membros insistiram em que seja possível reverter tanto quanto possível a situação”, evitando “pelo menos um corte tão grande”.

Já em jeito de ponto de situação, o coordenador da ‘taskforce’ do Plano de Vacinação da covid-19 disse que, “se não houver novos percalços”, a fase dois arranca em Portugal “provavelmente ainda durante o mês de abril”. Francisco Ramos mostrou expectativa de que se registe um reforço de entregas por parte da Pfizer em fevereiro, isto depois, descreveu, de uma quebra este mês.

Já sobre a entrega da vacina da Moderna, que “era esperada amanhã [domingo] ou depois, vai ser atrasada uma semana”, referiu. “Há uma questão, que é evidente, que é a enorme dificuldade que estas grandes empresas multinacionais têm para assegurar a produção de vacinas em quantidade que consiga satisfazer minimamente a procura dos países. Isso causa um cenário de grande incerteza e dificuldade dos planos de vacinação”, concluiu.

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Votar é “mais seguro do que maior parte dos atos que praticamos fora de casa no dia-a-dia”, diz CNE

Comissão Nacional de Eleições aponta que sistema de administração eleitoral "tem dado provas de merecer a confiança dos cidadãos".

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) defende que ir votar é “mais seguro do que a maior parte dos atos que praticamos fora de casa no dia-a-dia”. As medidas que vão ser aplicadas no terreno resultaram de recomendações da Direção-Geral da Saúde, em coordenação com a Secretaria Geral do Ministério da Administração Interna.

“É seguro, porque acreditamos que os presidentes de câmara, que no terreno organizam tudo isto, querem que os munícipes estejam seguros”, aponta João Almeida, um representante da CNE, em conferência de imprensa transmitida pela RTP 3. As recomendações que resultaram de reuniões em que também participaram as associações dos municípios e das freguesias, “vão ser aplicadas no terreno”, garante. a

O responsável da CNE sublinhou que as eleições que se realizaram nos Açores no ano passado, já durante a pandemia, serviram “de teste”. “Estávamos todos extremamente receosos que a eleição corresse muito mal”, apontou, mas “a afluência às urnas nos Açores foi superior àquela que tinha existido há quatro anos”.

Destaca ainda que o sistema de administração eleitoral é “não profissional”, ou seja, “são cidadãos comuns”. “É um sistema que tem dado provas de merecer a confiança dos cidadãos, até por esse facto”, reiterou o responsável da CNE.

Governo reitera garantias de segurança sanitária e fiabilidade do sistema eleitoral

O Ministério da Administração Interna reiterou este sábado que estão garantidas para o exercício do direito de voto nas eleições presidenciais deste domingo todas as condições sanitárias impostas pelas autoridades de saúde e de fiabilidade do sistema eleitoral.

Em comunicado, o Ministério da Administração Interna observa que no atual contexto de pandemia de covid-19 e de estado de emergência em Portugal “não tem precedentes” na história da democracia portuguesa o planeamento deste ato eleitoral. Um planeamento que visou manter “os níveis de fiabilidade que caraterizam o sistema eleitoral português, ao mesmo tempo que assegura o cumprimento de todas as regras sanitárias impostas pelas autoridades de saúde”, salienta-se.

Em relação às condições para o exercício do direito de voto, o Governo aponta que, na sequência de alterações legislativas que entraram em vigor em novembro passado, há agora a possibilidade “de desdobramento das assembleias de voto das freguesias com um número de eleitores sensivelmente superior de mil eleitores, quando anteriormente eram 1.500″.

“Serão constituídas 12.450 secções de voto, 12.273 em território nacional e 177 no estrangeiro, o que corresponde ao empenhamento de 62.250 membros de mesa”, aponta-se no comunicado. Neste ponto, o Ministério da Administração Interna recorda que, no passado domingo, para o voto antecipado em mobilidade, foram constituídas 675 secções de voto.

No plano da segurança sanitária do ato eleitoral, o Governo adianta que “foram adquiridos e distribuídos equipamentos de proteção individual num total de 120 toneladas de material profilático”, mais especificamente “134.840 pares de luvas, 337.100 máscaras cirúrgicas, 101.842 embalagens de gel de 500 ml e 67.420 viseiras”.

Adverte-se, depois, que no dia do ato eleitoral, “os eleitores devem ainda adotar quatro medidas essenciais: Utilizar máscara; manter a distância de segurança enquanto aguardam pela sua vez de votar; desinfetar as mãos; e utilizar caneta própria”.

“A informação sobre a mesa de voto onde cada eleitor está recenseado pode ser obtida através do envio de um sms grátis para o número 3838, com a mensagem “RE (espaço) número de CC/BI (espaço) data de nascimento=aaaammdd”, ou na internet, através do site www.recenseamento.mai.gov.pt”, acrescenta-se no comunicado.

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Da bomba-relógio das moratórias à incógnita Novo Banco: 5 desafios para a banca em 2021

Das moratórias ao malparado. Do Novo Banco ao Montepio. Se 2020 foi um ano desafiante para o setor financeiro, 2021 não será menos. E isto quando se antecipa uma onda de fusões e aquisições.

Se 2020 foi um ano de desafios para os bancos portugueses, o novo ano não será diferente. De olhos postos na vacina, a banca continuará em acelerada transformação. Há dois problemas em vista: as moratórias do crédito e a subida do malparado. E há ainda outros dois dossiês para seguir com atenção: o Novo Banco, que será alvo de uma comissão de inquérito no Parlamento, e o Montepio, que enfrenta o desafio com a saída de centenas de trabalhadores para voltar aos lucros. Tudo isto num setor que terá uma nova onda de fusões e aquisições. Eis 2021 em perspetiva.

A bomba-relógio das moratórias

Tic-tac, tic-tac. Já as apelidaram de bomba-relógio e não é caso para menos. As moratórias ajudaram a aliviar a pressão sobre as famílias e empresas face ao choque inicial da pandemia. Mas tanto foram uma solução quando foram criadas como poderão revelar-se um tremendo problema quando terminarem em setembro deste ano.

Vamos aos números: os bancos nacionais têm 46 mil milhões de euros em crédito que não irá a render juros e/ou prestações até ao fim do terceiro trimestre. Isto equivale a mais de 20% de todo o crédito concedido à economia, sendo uma das taxas mais elevadas da Europa.

O que vai acontecer a seguir? Entre prolongar novamente as moratórias ou apoiar as empresas assim que expirarem, os banqueiros optam pela segunda opção e o próprio Governo já sinalizou que está a preparar soluções para robustecer as empresas. O ministro da Economia apresentará medidas (que deverão passar por um mix de soluções desde converter dívida em capital até injeção de capital novo) no decorrer da primeira metade do ano, assim que forem fechadas as contas de 2020.

O governador do Banco de Portugal já disse que prolongar as moratórias em demasia pode dar um sinal errado aos agentes económicos. Mas Mário Centeno já repetiu que não se devem retirar os apoios antes de a economia voltar a andar pelo seu pé.

Malparado vai subir

Duas coisas são certas: moratórias e malparado não são palavras sinónimas mas os reguladores e bancos sabem que os empréstimos em incumprimento vão subir assim que o fim das moratórias vier expor as fragilidades financeiras de muitos negócios e famílias. O Banco Central Europeu (BCE) estima que a crise pandémica poderá dar origem a 1,4 biliões de euros em empréstimos problemáticos para os maiores bancos da Zona Euro. Para Portugal, também se espera uma subida dos rácios de NPL (non performing loans) da banca mas não para os níveis da anterior crise (chegou a atingir os 18% em 2016).

Fonte: Banco de Portugal

Os bancos portugueses estiveram a fazer o seu trabalho de casa, mesmo antes da pandemia: reforçaram os seus capitais e reduziram a exposição a ativos problemáticos (o rácio de NPL chegou a junho de 2020 nos 5,5%), aproveitando o bom momento da economia. Nos últimos meses, inundaram o mercado de malparado com 2.000 milhões de euros em NPL e ativos imobiliários num derradeiro esforço para limpar o balanço, enquanto aumentaram as imparidades e provisões para eventuais problemas com empréstimos.

É expectável que estes esforços prossigam no decurso deste ano à espera que a vacina traga um regresso gradual da normalidade. Aliás, os bancos deverão ser prudentes na distribuição de dividendos, devem cimentar a sua solidez financeira para fazer face ao embate. Centeno já avisou os banqueiros que têm enorme responsabilidade. No plano europeu, a Comissão Europeia já apresentou medidas para enfrentar este problema.

Novo Banco de novo no centro do furacão

O ano de 2020 teve o Novo Banco no centro do furacão: foram polémicas atrás de polémicas, algumas envolvendo o próprio primeiro-ministro e outras chegando a Frankfurt. O novo ano também promete ser assim. Por várias razões.

Está em curso a comissão parlamentar de inquérito que visa apurar as perdas do Novo Banco que foram imputadas ao Fundo de Resolução, ao abrigo de um contrato de capital contingente cujo cumprimento (da parte do Governo) está ameaçado por uma decisão dos deputados. O Parlamento aprovou um travão a novas transferências do Fundo de Resolução para o banco liderado por António Ramalho, deixando tudo em suspenso até maio (que é quando deverá ocorrer a injeção).

Até lá, enquanto os deputados vão ouvir todos os intervenientes envolvidos no Novo Banco, desde responsáveis do Governo até ao Banco de Portugal, o Tribunal de Contas deverá apresentar os resultados (ou uma parte dos resultados) da auditoria que lhe foi pedida pelo Parlamento.

Iniciando um novo mandato, António Ramalho já deixou sinais de que os prejuízos do banco deverão ultrapassar os mil milhões de euros, sem nunca se comprometer com os 476 milhões de euros previstos pelo Orçamento do Estado para o banco. Ou seja, ninguém ficará surpreendido se a fatura (a última, ao que tudo indica) a apresentar ao Fundo de Resolução for superior.

Apresentação de resultados do Novo Banco - 01MAR19
Banco liderado por António Ramalho vai pedir 1.149 milhões de euros ao Fundo de Resolução.Hugo Amaral/ECO

Fusões a todo o vapor

O ano que passou já ficou marcado por operações de fusões e aquisições de grande montra. Aqui ao lado, por exemplo, o CaixaBank (dono do BPI) fundiu-se com o Bankia, criando um gigante espanhol. Com o BCE a promover estes negócios face às condições adversas do mercado, 2021 poderá acentuar esta tendência, incluindo no mercado nacional.

EuroBic (com Isabel dos Santos na porta de saída), Novo Banco, Montepio, BCP, Caixa… a lista de potenciais operações de M&A na banca portuguesa é extensa e a grande incógnita é saber quem casará com quem e se pode haver algum matrimónio transnacional.

BCP e Caixa Geral de Depósitos (CGD) já disseram que, embora não esteja nos planos, não deixarão de estar atentos à “montra” de bancos que estiveram à venda.

Do lado do banco público, Paulo Macedo, que deverá ver o seu mandato renovado, frisou que quer uma Caixa com dimensão suficiente para ser relevante no mercado.

No caso do BCP, já se falou que pode ser uma solução para o Montepio. Mas também pode estar em cima da mesa a saída do acionista angolano Sonangol. A petrolífera angolana está em reestruturação e a vender tudo o que não faz parte do seu negócio core, incluindo participações bancárias. Nessa medida, as dúvidas quanto à presença na estrutura acionista do BCP podem abrir a porta a operações de M&A.

Em entrevista ao ECO, António Ramalho não revelou os planos do Novo Banco neste capítulo. O CEO apenas disse que “a primeira regra de uma fusão é não falar nela, é fazê-la”.

Montepio em reestruturação

Além destes processos, o novo ano ficará marcado por reestruturações. O vírus acelerou a digitalização. Para baixar custos (em face da diminuição das receitas com juros) muitos bancos vão continuar a reduzir as suas operações (com saídas de trabalhadores e fecho de balcões), como têm feito nos últimos anos.

O caso do Montepio é particular na banca portuguesa: o banco tem um agressivo plano para reduzir o pessoal e os balcões em 20%, um ajustamento necessário para voltar a ser lucrativo. A instituição liderada por Pedro Leitão já tem aval do Governo para ter estatuto de empresa em reestruturação, que permitirá alagar as quotas de saídas com acesso ao subsídio de desemprego até ao limite de 400 trabalhadores.

Para lá das dificuldades do banco em gerar capital organicamente, o seu acionista também não se encontra na melhor condição financeira. A Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), com os seus 600 mil associados e liderada por Virgília Lima (que sucedeu em 2019 a Tomás Correia), é dona do banco e apresenta uma situação patrimonial também ela sensível. O auditor PwC tem dúvidas quanto ao valor do banco nas contas da AMMG e considera ainda que os 800 milhões de euros de ativos por impostos diferidos estão “sobrevalorizados”. Um grupo de associados, que defende um plano de saneamento e a intervenção do Governo, vê um buraco de 500 milhões de euros.

Este novo ano trará eleições na AMMG. O que esperar da maior associação mutualista do país?

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