DBRS duvida que Caixa volte aos lucros em 2018
Para a DBRS, plano de reestruturação da Caixa apresenta muitos desafios na execução. Não acredita que banco regresse aos lucros já no próximo ano. E tem dúvidas em relação aos ativos problemáticos.
A agência DBRS não acredita que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) regresse aos lucros já em 2018. Para a agência, não bastam medidas de redução dos custos do banco, “são também necessárias mais iniciativas do lado das receitas”. Considerando desafiante o plano estratégico até 2020, a agência de notação financeira coloca ainda algumas reticências em relação a algumas das metas definidas pela administração do banco.
“Embora as iniciativas de redução de custos sejam necessárias para o banco regressar aos lucros sustentáveis, a DBRS acredita que mais iniciativas no lado das receitas serão também necessárias”, refere a agência canadiana, num comentário sobre o plano estratégico recentemente anunciado pelo banco público.
“A DBRS nota que o plano estratégico para 2017-2020 recentemente anunciado pela CGD apresenta desafios de execução. Alguns dos objetivos-chave do plano são ambiciosos, sobretudo em relação à significativa melhoria da qualidade dos ativos e o regresso do banco aos lucros em 2018“, salientam os analistas.
Paulo Macedo, presidente do banco, anunciou que a instituição deverá regressar aos lucros no próximo ano, na sequência do plano de reestruturação que está a implementar e que, entre outras medidas, incluem a redução do número de trabalhadores, do número de agências e da saída de alguns mercados internacionais. Mas para a DBRS não bastam medidas de corte de despesa. “O banco já registou uma redução significativa nos custos desde 2013, mas continua a ter prejuízos desde 2011, devido sobretudo à pressão nas receitas e a uma persistente deterioração da qualidade dos ativos”, explica a agência.
"A DBRS nota que o plano estratégico para 2017-2020 recentemente anunciado pela CGD apresenta desafios de execução. Alguns dos objetivos chave do plano são ambiciosos, sobretudo em relação à significativa melhoria da qualidade dos ativos e o regresso do banco aos lucros em 2018.”
Outro dos pontos-chave que deixam a DBRS mais desconfiada tem a ver com o ritmo de redução dos ativos problemáticos do banco. Macedo pretende baixar a exposição do banco aos ativos problemáticos (NPE) para um rácio de 8% até 2020 face ao rácio de 16% reportado no final de 2016.
“A DBRS vê isto como uma redução ambiciosa, particularmente considerando que o banco não demonstrou uma redução bem-sucedida dos ativos problemáticos em termos homólogos e que recuperações através do encerramento do ativo demoram vários anos a materializar-se em Portugal”, argumenta, notando ainda que a redução dos ativos problemáticos continua também dependente das condições económicas em Portugal, “que está a recuperar de forma lenta”.
CGD abre caminho aos outros bancos
Sobre o plano de recapitalização, já avalizada pela Comissão Europeia, a DBRS acredita que a emissão de obrigações subordinadas da CGD num montante de 1.000 milhões de euros poderá abrir caminho para os outros bancos portugueses seguirem o mesmo caminho.
Emissão subordinada? “A DBRS acredita que, se for bem-sucedida, a emissão vai provavelmente abrir caminho para outros bancos portugueses considerarem emissões de instrumentos subordinados ou AT 1 (additional tier 1) no mercado”, dizem os canadianos.
“A DBRS vê que a CGD deverá pagar um custo elevado com este instrumento AT 1, o que poderá pesar ainda mais no regresso da CGD aos lucros, particularmente considerando a fraca geração de resultados do banco e os prejuízos pelo sexto ano seguido”, frisa ainda a agência que atribui ao banco público um rating BBB (low), com implicações negativas.
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