5 coisas que tem de saber antes de abrirem os mercados

Instituto Nacional de Estatística (INE) deverá confirmar o maior crescimento económico em Portugal desde 2013. E, depois do discurso de Trump, investidores vão ler com atenção o Livro Bege da Fed.

Além das Contas Nacionais, que deverão confirmar que a economia nacional cresceu em 2016 ao ritmo mais elevado em três anos, o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga dados sobre a evolução do desemprego no início do ano. Hoje é o dia 1 de Paulo Rodrigues da Silva à frente da Euronext Lisboa, um dia que fica marcado pelo regresso de muitos investidores que aproveitaram o dia de Carnaval para umas miniférias longe da bolsa nacional. Lá fora, depois do discurso de Trump, a Fed vai abrir o Livro Bege que o mercado vai querer ler com muita atenção.

Paulo Rodrigues da Silva estreia-se na bolsa

Não é uma nova cotada que se estreia na bolsa nacional, mas antes o primeiro dia de Paulo Rodrigues da Silva como CEO do Euronext Lisboa. O gestor chega à liderança depois de um curto mandato de Maria João Carioca, que passa a integrar a administração da Caixa Geral de Depósitos liderada por Paulo Macedo. Com Rodrigues da Silva chegam também muitos investidores que se ausentaram do mercado nacional nas últimas duas sessões por causa das miniférias do Carnaval.

Maior crescimento desde 2013?

O INE deverá confirmar esta quarta-feira que Portugal registou no ano passado o maior crescimento desde 2013. A primeira estimativa apontou para uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,4% em 2016, superando as previsões dos analistas. Além das Contas Nacionais, a autoridade estatística divulga ainda os dados sobre a evolução do emprego e desemprego em Portugal no primeiro mês do ano.

Fed abre o Livro Bege

É dia de Livro Bege do banco central norte-americano, um relatório mais pormenorizado acerca das condições financeiras e económicas relatadas por cada um dos 12 presidentes das Federal Reserve Banks regionais que compõem o Sistema norte-americano. Uma divulgação que surge depois do primeiro discurso do Presidente norte-americano, Donald Trump, no Congresso dos EUA.

Petróleo vai aos 60 dólares?

Com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) a forçar uma subida da cotação do barril para os 60 dólares, quando tenta contrariar o excesso de oferta em todo o mundo, os dados sobre a evolução semanal dos inventários de petróleo que a Administração de Informação de Energia publica esta quarta-feira ajudarão a contextualizar as reais condições da procura naquele que é o maior consumidor mundial de energia, os EUA.

Mais resultados empresariais

As italianas Luxxotica e ENI estão entre as principais empresas que apresentam contas relativas ao quarto trimestre do ano passado. No caso da petrolífera italiana, que já foi uma das principais acionistas da Galp, os analistas sondados pela Bloomberg antecipam um lucro ajustado de 250 milhões de euros no último trimestre de 2016.

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Primeira vez no Congresso, poucas novidades

  • Juliana Nogueira Santos
  • 1 Março 2017

Todos ansiavam pelas novidades que a primeira visita de Trump ao Congresso iria trazer, mas Trump não fez a vontade a ninguém. Ficou-se pelo que já se sabia.

Esta terça-feira foi um dia de estreia para Donald Trump: entrou pela primeira vez no Congresso para apresentar um discurso que em tudo se assemelhava a um Discurso do Estado da União, com as duas casas juntas para ouvir os feitos de cinco semanas de administração Trump. Esperavam-se detalhes sobre legislação já anunciada e grandes novidades relativamente a assuntos como a imigração e o sistema de saúde.

Assim, o presidente discursou durante cerca de uma hora e vinte minutos, nos quais fez questão de reiterar muitos dos assuntos que tem vindo a defender desde que era candidato presidencial. E reiterou. E voltou a reiterar. Mas por aqui se ficaram as estreias, já que os detalhes e as novas medidas ficaram para uma próxima. Vamos por partes.

As novidades

Oleodutos americanos com aço americano

Após ter anunciado que a sua administração conseguiu reverter as proibições relativas à construção de dois oleodutos, Trump afirmou que o próximo passo será construir ainda mais oleodutos, mas desta vez utilizando aço americano — e provavelmente mão-de-obra americana. A aposta no carvão também foi reafirmada pelo presidente.

Apoio às mulheres empreendedoras

Segundo o presidente, foi constituído em conjunto como o Canadá um conselho para que mais empreendedoras tenham acesso às redes, aos mercados e ao capital que necessitam para que possam criar o seu negócio

Mais e melhores exames à entrada

“Não podemos deixar que a nossa nação se torne um santuário para extremistas.” Foi assim que Trump defendeu as suas medidas anti-imigração, acrescentando que os exames (vetting) à entrada do país vão ser melhorados, prevendo-se assim uma revisão da muslim ban.

Direito à escolha na educação

Um dos apelos feitos pelo presidente Trump foi relativamente a uma nova lei que garantirá o financiamento a jovens desfavorecidos para que estes possam escolher entre escolas públicas, privadas, religiosas, entre outras. Nas palavras do próprio, “a educação é a questão de direito civil do nosso tempo”, por isso todos devem ter direito a escolher.

Trump fez questão de dar um exemplo de sucesso de uma jovem afro-americana presente na sala, Denisha Merriweather, que conseguiu explicações através de um programa de crédito que poderá ser um dos processos a adotar para este financiamento.

Dar voz às vítimas de (alguns) crimes

A luta contra o crime foi um dos assuntos sublinhados pelo presidente. Um das medidas, a qual não foi bem aceite por nenhum dos partidos, como se pôde perceber pelas reações, será a criação de um departamento para apoiar as vítimas de crimes levados a cabo por imigrantes. Este terá como nome “VOICE”, acrónimo para “Victims Of Immigrant Crime Engagement”.

Amigos amigos, negócios à parte

A questão das alianças é sempre extensa, pelo que o presidente quis ser o mais explícito possível: todas as alianças vão ser mantidas — nomeadamente a NATO e a aliança “inquebrável” com Israel — e outras vão ser criadas porque “A América está disposta a encontrar novos amigos.”

Ainda assim, e como disse Trump, “acredito no comércio livre, mas também tem de ser comércio justo”, e os aliados vão ter de contribuir de uma forma justa para as operações estratégicas e militares, contribuição essa que já está a ser cumprida. “Posso dizer-vos que o dinheiro a entrar”, afirmou.

Donald Trump anunciou também que vai impor sanções às entidades que apoiarem o programa de mísseis balísticos iraniano.

A união passa a fazer a força

Ao contrário de tantos outros discursos, em que o tom parecia bem mais desafiante, neste Trump fez questão de apelar à união, não só entre americanos, mas também entre partidos: “Resolver estes e tantos outros problemas requer que resolvamos as nossas diferenças partidárias.”

Também em questões como os crimes de ódio — questão esta que mereceu a atenção de Trump logo nos primeiros momentos do discurso — o presidente destacou a importância da renovação do “espírito americano”.

O que foi relembrado

Criação de milhões de postos de trabalho, cortes nos impostos, a construção do muro, a guerra às drogas e aos carteis ilegais, a renovação das infraestruturas, o plano para desmantelar o Estado Islâmico, a apologia do nacional e do protecionismo e a necessidade de melhorar as forças militares.

Premissas repetidas desde a campanha eleitoral e que Donald Trump fez questão de repetir neste seu discurso no Congresso. Todas elas vão avançar, com o apoio da maioria republicana que se fazia ouvir depois de cada afirmação do seu presidente.

De destacar também a questão dos preços dos medicamentos e a garantia que, sob o novo plano de saúde, as farmacêuticas terão de baixar os preços “imediatamente”. De mais destaque ainda, por se afirmar como um apontamento curioso, depois de dizer esta frase, Trump sorriu e apontou para a massa de congressistas — provavelmente para o democrata Bernie Sanders, que tem defendido esta causa ao máximo, estabelecendo-se assim como um dos únicos pontos em que os dois convergem.

O que faltou

Já dizia o ditado: “O diabo está nos detalhes.” Todo o mundo — incluindo os investidores — estava de olhos postos nos pormenores que iam ser desvendados. Desde o plano fiscal “fenomenal” que promete há cerca de três semanas cortes nos impostos, passando pelo substituto do Obamacare — que vai definitivamente ser afastado e substituído — até ao orçamento renovador anunciado esta semana.

Do primeiro só detalhes qualificativos: vai ser um “grande grande corte”. Do Obamacare, nem substituto, nem responsáveis, tendo o presidente pedido a cooperação de todos, republicanos e democratas, para encontrar esse plano de saúde revolucionário. Do orçamento, só a garantia — e a justificação — de que os gastos com as forças militares vão aumentar.

A juntar a isto, Donald Trump não referiu nenhum plano orçamental, ou seja, ninguém sabe como é que todas estas coisas vão ser pagas, ou se vão afetar de algum modo as contas públicas. Continua assim o mundo todo com os mesmos olhos postos — e talvez já um pouco cansados — e à espera de ver como se vai desenrolar esta história.

Reveja aqui o discurso completo do presidente dos Estados Unidos.

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“O motor da economia tem de arrancar”

  • Juliana Nogueira Santos
  • 1 Março 2017

O presidente dos Estados Unidos apresenta-se pela primeira vez ao Congresso num discurso semelhante aos do Estado da União.

Passadas cinco semanas de administração Trump, chegou a altura do presidente se apresentar perante o Congresso. Donald Trump fala aos deputados das duas câmaras, num discurso semelhante aos do Estado da União. Esperam-se então mais detalhes relativamente ao Orçamento para 2018, ao plano fiscal “fenomenal” anunciado há cerca de três semanas e ao afastamento e substituição do Obamacare.

Esta segunda-feira, no briefing diário à imprensa, Sean Spicer afirmou que o presidente irá apresentar uma “visão otimista” e uma “agenda arrojada” que provará que as promessas feitas durante a campanha estão a ser e vão continuar a ser cumpridas. Menos otimistas estiveram hoje os investidores que levaram os índices de referência a corrigirem de recordes. O Dow Jones encerrou a perder 0,12% para os 20.812,24 pontos, o S&P 500 cedeu 0,3% e o Nasdaq recuou 0,6%.

Acompanhe em direto o discurso de Donald Trump e a nossa cobertura minuto a minuto.

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O que já se sabe e o que falta saber do caso das offshores

Paulo Núncio e Fernando Rocha Andrade sentam-se hoje no Parlamento para responder sobre o caso das offshores. Antes disso, relembramos os pontos-chave desta história.

É a mais recente polémica da agenda política nacional. A saga começa a 21 de fevereiro, quando o Público (acesso condicionado) noticia que houve declarações de transferências feitas para paraísos fiscais, no valor agregado de perto de 10 mil milhões de euros, que não foram objeto de qualquer tratamento estatístico nem fiscalizadas pela Autoridade Tributária.

Acusação puxa acusação e eis que chegamos ao dia em que os secretários de Estado dos Assuntos Fiscais — o atual e o seu antecessor — vão responder às questões dos deputados sobre este assunto. Paulo Núncio, a primeira baixa deste caso, é ouvido às 10h00, Fernando Rocha Andrade às 12h00. Antes disso, relembrem-se os pontos-chave desta história.

O quê

As instituições financeiras são obrigadas a declarar ao fisco as transferências que fazem para locais que sejam considerados “paraísos fiscais”. Ao longo de quatro anos, houve 20 declarações, cada uma relativa a um conjunto de transferências para estes paraísos fiscais, que foram apresentadas pelos bancos. Este conjunto de transferências totaliza 9,8 mil milhões de euros. Só que essas declarações — enviadas ao Fisco, como manda a lei — não foram objeto de qualquer tratamento estatístico nem foram fiscalizadas pela Autoridade Tributária.

  • Como se descobriu isto?

As estatísticas oficiais revelavam, em abril de 2016, um valor de 7.162 milhões de euros transferidos para offshores no período entre 2011 a 2014. Em dezembro de 2016, o valor contabilizado foi mais do dobro: foram 16,9 mil milhões de euros, uma diferença superior a 9.800 milhões de euros de transferências para os paraísos fiscais.

Segundo o Público, os ficheiros chegaram com a informação completa ao fisco. Foi dentro da própria administração fiscal que desapareceu informação de alguns ficheiros. É isso que justifica que os tais 9,8 mil milhões de euros transferidos para offshores não constassem das estatísticas do fisco.

Quem

No período em causa, de 2011 a 2014, o Governo em funções era o Pedro Passos Coelho e o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais era Paulo Núncio. Já o presidente da Autoridade Tributária era José Azevedo Pereira, que esteve à frente da entidade entre setembro de 2007 e julho de 2014.

Quando

Há vários “quandos”.

O primeiro: as 20 declarações em causa foram feitas entre 2011 e 2014.

O segundo: nos anos em que o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais era Paulo Núncio, entre 2011 e 2015, as estatísticas destas transferências deixaram de ser publicadas no Portal das Finanças, como acontecia até ali. Estas estatísticas começaram a ser publicadas em 2010, por ordem de Sérgio Vasques, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do governo de José Sócrates. Só em abril de 2016, agora por ordem de Fernando Rocha Andrade, é que estes dados voltaram a ser divulgados no Portal das Finanças.

E o terceiro: as discrepâncias nas estatísticas começam a ser detetadas no ano passado, quando Fernando Rocha Andrade, o atual secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, teve conhecimento de um conjunto de transferências feitas por uma só instituição financeira, em 2014, que não tinham sido devidamente tratadas pela Autoridade Tributária.

Quem diz o quê

No mesmo dia em que o Público avançou a notícia, PS, PCP e Bloco de Esquerda apressaram-se a pedir esclarecimentos sobre os 10 mil milhões que voaram para offshores sem escrutínio da Autoridade Tributária. A oposição manteve-se calada durante um dia, até vir defender que não era precisos dramas. Pelo meio, Paulo Núncio e Azevedo Pereira começam a trocar galhardetes. A discussão culminou com o primeiro a assumir “responsabilidade política”. A direita aplaudiu a “elevação de caráter” de Núncio, a esquerda pediu mais.

Por partes:

Esquerda pede audições…

O PS pediu a audição de Fernando Rocha Andrade para que o mesmo prestasse “todos os esclarecimentos sobre as transferências para offshores que, durante o Governo do PSD/CDS, não foram controladas pelo Fisco”.

Bloco de Esquerda e PCP foram mais longe e pediram a audição também de Paulo Núncio. “A revisão destes valores que não foram publicados pelo anterior Governo não levantaria grande questão política caso os montantes em causa não correspondessem a quase dez mil milhões de euros, mais do que duplicando os anteriormente conhecidos”, referiu o PCP.

“O combate à fuga e evasão fiscal, sem prejuízo da necessidade de acabar com os offshores, passa pelo esforço de cada Estado impor garantias de transparência sobre estas operações. A explicação dos motivos desta fuga de dez mil milhões de euros, por parte dos atuais e anteriores responsáveis pela política fiscal, é seguramente parte da exigência”, sublinharam os bloquistas no seu requerimento, disseram, por seu lado, os bloquistas.

… Direita pede calma

O PSD demorou um dia a pronunciar-se, para dizer que não era caso para dramas. “Há explicações a serem dadas, e sem dramas”, disse o deputado Duarte Pacheco. Porquê? Porque “é legal as pessoas transferirem dinheiro para outros sítios, desde que paguem aqui os impostos sob o rendimento que gerou esse dinheiro”. Ora, não é ainda certo que os 10 mil milhões em causa estejam sujeitos a tributação.

Só mais tarde é que o maior partido da oposição decidiu avançar com um requerimento para pedir a audição de todos os responsáveis do fisco desde 2011.

Em nome do anterior Governo falou Pedro Passos Coelho, que disse ser “impensável” a ideia de que o Executivo que liderava tenha dado instruções à Autoridade Tributária para deixar transferir, sem controlo, os 10 mil milhões de euros para offshores.

Núncio aponta dedo a Azevedo Pereira…

Seguiu-se uma troca de acusações entre Paulo Núncio e Azevedo Pereira.

O antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais deu o pontapé de saída. “A divulgação das estatísticas nada tem a ver com o tratamento e a utilização da informação sobre transferências para paraísos fiscais para efeitos de inspeção da Autoridade Tributária”, disse ao ECO.

E apontou armas à Autoridade Tributária: “Não tive conhecimento da situação descrita relativamente ao não tratamento de parte das declarações dos bancos pela Autoridade Tributária. E acho muito bem que, caso tenha havido parte da informação fornecida pelos bancos à AT que não foi devidamente analisada, que a IGF apure o porquê de tal facto”.

… Azevedo Pereira aponta dedo a Núncio…

Azevedo Pereira respondeu a Núncio no dia seguinte. “A Autoridade Tributária efetuou, em devido tempo, quer o tratamento e o acompanhamento inspetivo que lhe competia, quer a preparação dos elementos necessários à efetiva divulgação pública dos elementos em causa”, disse, em declarações ao ECO.

O pingue-pongue continuou por mais dois dias. Ao Diário de Notícias, fonte da Autoridade Tributária disse que, em 2012, propôs a Núncio a publicação dos dados em causa, mas o governante terá apenas escrito “visto” no despacho emitido. A AT interpretou, então, que o Governo não queria continua a publicar os dados e deixou de fazer o pedido nos três anos consequentes.

Paulo Núncio tem uma versão diferente e atirou as culpas de volta para a AT. Segundo o antigo secretário de Estado, a ordem de publicação dada pelo seu antecessor mantinha-se, pelo que a AT continuava obrigada a divulgar as estatísticas na sua página. “Essa divulgação não estava dependente de uma aprovação expressa“, garantiu Núncio ao DN.

E Azevedo Pereira voltou a responder, desta vez numa carta de nove pontos. “Caso tivesse sido intenção do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, da altura, disponibilizar publicamente a informação produzida, teria tido a possibilidade de, em qualquer momento, ao longo dos quatro anos seguintes (com o ex-Diretor-Geral que escreve estas linhas, ou com qualquer dos que se lhe seguiram) anular o suposto ‘erro de perceção’, mediante a emissão de uma indicação, formal ou informal, de natureza contrária aquela que na altura foi transmitida à AT”, escreveu Azevedo Pereira.

… E Núncio cai

No fim, foi Núncio o primeiro a cair. Depois de ter responsabilizado a Autoridade Tributária, o antigo secretário de Estado assumiu a “responsabilidade política” e abandonou as funções que mantinha no CDS-PP. Na reação, Assunção Cristas, líder do partido, aplaudiu a “elevação de caráter” de Núncio e frisou que, até prova em contrário, “não há nenhuma verba perdida” em termos de receitas fiscais.

Quem não ficou tão convencida foi a esquerda. Bloco de Esquerda diz que ficou por esclarecer o mais importante: “como foi que dez mil milhões desapareceram das listas de transferências para offshores”; e defendeu que Vítor Gaspar e Maria Luís de Albuquerque deviam seguir o exemplo de Núncio na admissão de responsabilidade.

Já o PCP considerou que a “confissão” de Núncio “confirma a responsabilidade do PSD e do CDS, mas também a política de dois pesos e duas medidas do Governo PSD/CDS”.

O que falta saber

muitas perguntas que ainda estão por responder. Haverá mais, mas estas são as principais:

  1. Quem foi o responsável pela omissão das estatísticas sobre a transferência de contas nacionais para contas em paraísos fiscais entre 2011 e 2015? Na carta onde assume a responsabilidade política, Paulo Núncio deixa uma pista: “Tendo tido agora a oportunidade de revisitar os documentos que têm sido noticiados, nomeadamente os apresentados pelos serviços para publicação de informação estatística das transferências transfronteiriças, considero legítima a interpretação dos serviços que levou à não publicação das estatísticas no portal das Finanças”.
  2. As transferências comunicadas ao Fisco foram, ou não, alvo de tratamento fiscal? Ou seja, os contribuintes que transferiram este dinheiro pagaram os devidos impostos? A verdade é que ainda não é certo que as operações em causa sejam sequer alvo de tributação. Se forem, há uma boa notícia: o prazo de caducidade dos direitos de liquidação de impostos que decorram de transações com offshores é de 12 anos, pelo que ainda há tempo para cobrar estes impostos, se não tiverem já sido cobrados.
  3. Quem são os contribuintes que fizeram estas transferências? E quem foram os destinatários do dinheiro? E qual é a instituição que originou as suspeitas de Rocha Andrade? Para estas perguntas, não há quaisquer respostas.
  4. Houve ordem superior para não incluir nas estatísticas estas 20 declarações em particular? Passos Coelho já disse que “é impensável” dizer que tenha havido ordem superior. Mas as estatísticas não deixaram de ser feitas, só deixaram de ser publicadas. E, quando voltaram a sê-lo, o que se notou foi que apareceram 20 declarações de transferências que, dantes, não apareciam nas estatísticas. Porquê estas 20 em particular?
  5. Porque é que Rocha Andrade não falou mais cedo? No requerimento que fez para que seja feita uma audição a Fernando Rocha Andrade o PS dizia o seguinte: “no final de 2015 (…), o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, ao retomar o trabalho de divulgação das transferências, deteta que os bancos, entre 2011 e 2014, mantiveram o seu trabalho de reporte das transferências ocorridas para offshore, mas que o mesmo não foi alvo de qualquer escrutínio por parte da Autoridade Tributária e Aduaneira”. Esta declaração acusa, obviamente, o anterior Governo. Mas também coloca em cheque Fernando Rocha Andrade. Se o atual secretário de Estado detetou as irregularidades no final de 2015, porque é que só sabemos disso agora?

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Fugas de informação? Trump culpa Obama

  • Lusa
  • 28 Fevereiro 2017

Donald Trump diz que o seu antecessor, Barack Obama, está por detrás das fugas de informação para os 'media'.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou hoje acreditar que o seu antecessor, Barack Obama, está por detrás das fugas de informação para os ‘media’ e dos protestos que têm ocorrido no país contra a atual administração.

“Acho que o Presidente Obama está por detrás disso porque os seus seguidores estão por detrás disso”, disse Trump, numa entrevista a um programa da estação Fox News que foi transmitida hoje, no mesmo dia em que o chefe de Estado profere o seu primeiro discurso numa sessão conjunta do Congresso norte-americano.

“Penso que ele está por detrás disso, mas também penso que é só política”, referiu.

E prosseguiu: “Algumas das fugas de informação vieram possivelmente desse grupo [de seguidores] e alguns são muito sérios, porque são questões de segurança nacional”.

Trump não apresentou quaisquer provas do alegado envolvimento de Obama, tanto nos protestos como nas fugas de informação para a comunicação social. O ex-Presidente Obama não comentou, até ao momento, estas declarações de Trump.

Na entrevista, Trump também falou, entre outros assuntos, sobre os seus planos para o orçamento federal. Na segunda-feira, a Casa Branca fez saber que o Presidente norte-americano quer aumentar em cerca de 9% as despesas militares, em 54 mil milhões de dólares (mais de 50 mil milhões de euros).

Esta é uma das medidas que consta na proposta de orçamento para o ano fiscal de 2018 da administração de Donald Trump, que assumiu funções em meados de janeiro.

A mesma fonte indicou que todos os Departamentos (o equivalente aos Ministérios), exceto aqueles que estão relacionados com a área da segurança, irão sofrer uma redução nos respetivos orçamentos e informou que está prevista uma “redução significativa” da ajuda internacional.

O aumento das despesas militares será compensado por uma redução semelhante nas despesas não-militares.

Citado pela estação pública britânica BBC, um alto funcionário da Casa Branca disse que o discurso que o Presidente vai fazer hoje no Congresso irá falar sobre uma “renovação do espírito americano”, oferecendo uma “visão otimista” para o país.

Para assistir ao discurso, que irá acontecer já na madrugada de quarta-feira em Lisboa, Trump convidou familiares de pessoas que foram mortas por imigrantes ilegais.

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Trump trava ciclo de recordes do Dow Jones

É grande a ansiedade dos investidores sobre o que dirá Donald Trump no Congresso. Perante a incerteza, as bolsas norte-americanas corrigiram. O Dow Jones terminou um ciclo de 12 sessões de recordes.

Não há uma sem duas, mas há 12 sem 13. Após 12 sessões consecutivas de ganhos, com o Dow Jones a marcar recordes consecutivos, os ânimos acalmaram. A ansiedade dos investidores sobre o que dirá Donald Trump, o presidente dos EUA, no primeiro grande discurso perante o Congresso, levou o índice a travar o ciclo de ganhos mais longo de sempre.

O Dow Jones encerrou a perder 0,12% para os 20.812,24 pontos, corrigindo assim dos recordes consecutivos registados nas últimas sessões. A tendência negativa foi seguida pelos restantes índices norte-americanos, com o S&P 500 a ceder 0,3% e o Nasdaq a recuar 0,6%. As bolsas dos EUA não seguiram, assim, os ganhos registados na Europa.

A descida das praças norte-americanas reflete a expectativa dos investidores perante o discurso que Trump irá fazer perante o Congresso. O presidente dos EUA deverá fornecer dados importantes acerca da estratégia da sua administração sobre o plano de gastos públicos em infraestruturas que tem alimentado os ganhos nas bolsas americanas.

Trump deverá ainda falar sobre a “fenomenal” redução de impostos às empresas, medida que visa permitir que com menores encargos, invistam mais, contratem mais, puxando assim pela economia — o que deverá fazer acelerar a inflação, levando a Fed a subir os juros.

Mas há o risco de Trump defraudar as expectativas, pelo que alguns investidores optaram por uma abordagem mais cautelosa, preferindo afastarem as suas carteiras dos risco dos mercados até terem a confirmação de que as promessas do novo inquilino da Casa Branca não são… apenas promessas.

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As 5 apostas do fundo soberano da Noruega em Portugal

É o maior fundo soberano do mundo. A sua presença no mercado acionista é colossal. Google, Apple, Nestlé, JP Morgan fazem parte das eleitas dos Norges Bank. Mas onde é que investe em Portugal?

Nestlé, Shell, Apple, Google, Microsoft, JP Morgan, Amazon.com, Exxon… não faltam estrelas mundiais na carteira de investimentos do maior fundo soberano do mundo. O Norges Bank tem aplicados muitos milhões em quase 9.000 empresas espalhadas por 77 países. A sua presença no mercado acionista é absolutamente estonteante: o fundo detém 1,3% de todas as cotadas do mundo e 2,3% das cotadas europeias. E em Portugal?

O Norges Bank reduziu a sua exposição ao mercado acionista nacional. Ainda assim, não deixa de assumir um protagonismo interessante em muitas das nossas cotadas. Onde é que ela está presente?

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BCE vai testar bancos a fortes mudanças nas taxas

Os maiores bancos dos países do euro vão novamente a exame. E, desta vez, o BCE quer perceber o quão resistentes são os seus balanços num cenário de fortes mudanças nas taxas.

O Banco Central Europeu (BCE) vai fazer novos testes aos bancos da região. Se das últimas vezes o objetivo foi testar a resistência das instituições a cenários adversos na economia, desta vez Mario Draghi vai avaliar a solidez do balanço dos bancos a alterações repentinas na política monetária após anos de juros em mínimos.

O contexto é de taxas ultra baixas na Zona Euro. Tem sido assim desde a crise financeira, o que tem pesado no balanço dos bancos ao provocar uma forte erosão nas margens do setor. Uma política que tem obrigado os bancos a assumirem mais riscos para obterem retornos mínimos.

As baixas taxas deverão manter-se — apesar das críticas internas, Mario Draghi tem garantido que os juros continuarão baixos durante um período prolongado –, mas o BCE quer que os bancos estejam preparados para tudo. Prova disso é o novo teste de stress “desenhado para perceber a sensibilidade dos ativos e responsabilidades dos bancos a hipotéticas mudanças nas taxas“, diz o BCE.

Nesta comunicação, publicada no site do BCE, a autoridade monetária da Zona Euro esclarece que só foi feita essa alteração ao teste a que serão submetidos os maiores bancos da região. “As exigências de capital aos bancos não deverá sofrer alterações“, refere o BCE. “Tudo o resto será igual”.

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S&P mantém rating da CGD. Só sobe com mais detalhes do aumento de capital

A S&P manteve a classificação da dívida do banco estatal em "lixo". Admite subir o rating, mas só o fará quando houver maior clareza quanto ao processo de recapitalização.

A Standard & Poor’s (S&P) classifica a dívida da Caixa Geral de Depósitos (CGD) de “lixo”, mas admite vir a subir a notação atribuída ao banco liderado por Paulo Macedo no âmbito do processo de recapitalização. Só não o faz já, antecipado o impacto positivo da operação, porque diz que precisa de ter maior visibilidade sobre como este será feito.

“A primeira fase da recapitalização da CGD foi concluída no arranque de janeiro“, nota a S&P. Nesta primeira fase foi feita a conversão dos CoCo’s — obrigações subordinadas de conversão contingente — em capital avaliados, em 945 milhões de euros, mas também com a entrada da totalidade da Parcaixa para o balanço do banco público, o que permitirá um encaixe de ativos no valor de 500 milhões.

Fica por completar a segunda fase: em causa está um aumento de capital até 2,7 mil milhões de euros através de dinheiros públicos, a que se somam mais mil milhões de privados.

“O montante final da recapitalização, a altura em que será feita essa injeção e o uso que será dado a esse valor ainda estão por definir“, diz a agência de notação financeira que manteve o rating da CGD em “BB-“, ou seja, em nível de “lixo” — precisa de subir em três níveis para passar a nível de investimento (“BBB-“).

Além disso, diz a S&P, “a Comissão Europeia ainda não deu a sua aprovação formal à injeção”. E “esta injeção final está também dependente da estratégia da nova administração, que assumiu funções a 1 de fevereiro, relativamente à capitalização do banco”, salienta.

Só “quando tivermos maior visibilidade sobre estes pontos, estaremos em posição de avaliar as implicações nos rácios da CGD”, diz a S&P, acrescentando que acredita que deste processo poderá resultar “uma subida em um nível ou na confirmação do nosso rating”. Por agora, a notação fica inalterada, mas a perspetiva também: está positiva, sinalizando essa potencial revisão em alta.

(Notícia atualizada às 17h09 com mais informação)

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Carnaval põe bolsa de Lisboa a sambar

Depois de quatro sessões consecutivas em queda, a bolsa nacional regressou aos ganhos. Sambou ao ritmo das restantes praças europeias em dia de Carnaval.

Depois das quedas, Lisboa voltou aos ganhos. A praça portuguesa pôs fim a um ciclo de quatro sessões negativas, sambando ao ritmo das restantes bolsas do Velho Continente. As empresas do setor deram energia ao PSI-20, num dia em que o rei da bolsa lisboeta foi o BCP.

O índice de referência nacional abriu em queda. Encaminhava-se para a quinta sessão consecutiva de quedas, mas conseguiu evitá-la em dia de Carnaval. O PSI-20 fechou a valorizar 0,63% para 4.647,90 pontos, numa sessão em que o Stoxx 600 somou 0,24%, com a liquidez a voltar a ser reduzida: o valor negociado cifrou-se em 49 milhões de euros.

O setor energético, que tem um grande peso no índice português, deu um forte contributo para o desempenho positivo. A Galp ganhou 0,76%, já a EDP fechou a valorizar 1,11% para 2,92 euros. Mesmo a EDP Renováveis, que chegou a perder mais de 1% após a quebra nos lucros, terminou a valorizar. Ganhou 0,27% depois de antecipar um crescimento de 10% no EBITDA em 2017.

A Semapa registou uma subida de mais de 4%, apesar da queda da Navigator, mas a maior subida coube às unidades de participação do Montepio que valorizaram mais de 8%. O rei na bolsa foi, contudo, o BCP. O banco liderado por Nuno Amado fechou a ganhar 3,43% para 15,07 cêntimos.

A impedir um ganho mais acentuado da bolsa esteve a Jerónimo Martins, que continua a ser castigada pelos resultados aquém do esperado. A dona do Pingo Doce caiu 0,59% para 15,18 euros, tendência seguida pelos CTT que encerraram a sessão com uma desvalorização de 0,8%.

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Portugal? Fundo soberano da Noruega reduz investimento

O maior fundo soberano do mundo reduziu a sua carteira de investimentos em Portugal ao longo do último ano. Energia e setor financeiro continuam a dominar preferências.

O Norges Bank reduziu a sua exposição no mercado acionista nacional no ano passado. Mas fê-lo com alguma precisão. Reduziu no setor das telecomunicações e indústria, aproveitando para reforçar a sua aposta no setor energético e financeiro, numa estratégia que permitiu travar maiores perdas com ações portuguesas. Contas feitas, o valor da carteira de investimentos em Portugal do maior fundo soberano caiu mais de 3% em 2016 para um total de 758 milhões de euros.

As informações relativamente às posições do fundo soberano norueguês na bolsa portuguesa foram atualizadas esta terça-feira, dia em que apresentou lucros de 50 mil milhões de euros relativos ao exercício do ano passado. O retorno do fundo de 900 mil milhões de dólares ascendeu a 6,9%, no ano passado, arrasando com o resultado obtido um ano antes, quando tinha apresentado uma rentabilidade de 2,7%.

Tratou-se de um bom desempenho para o qual não contribuiu certamente Portugal. O valor da carteira em ações portuguesas registou um decréscimo dos 783 milhões de euros para 758 milhões de euros no final de 2016, menos 25 milhões de euros (ou 3%) face ao ano anterior. Em 2016, o PSI-20 caiu quase 12%. Se tivesse mantido as posições do final de 2015, tinha perdido dinheiro 45 milhões de euros, de acordo com os cálculos do ECO.

Embora tenha baixado a sua posição na generalidade das cotadas nacionais, com destaque para a Navigator, Pharol e Nos, o maior fundo soberano do mundo reforçou a sua presença na EDP, Galp e REN. O setor energético representa mesmo mais de 50% do total do portefólio do Norges Bank com ações nacionais.

Também o setor financeiro viu o maior fundo soberano do mundo aumentar o seu protagonismo num ano particularmente movimentado. No caso do BCP, tratou-se de um aumento de posição para 1,25%, num ano em que o maior banco privado português assistiu à entrada de um novo acionista de referência: a Fosun. No caso do BPI, com o anúncio de Oferta Pública de Aquisição (OPA) do CaixaBank, o Norges Bank reforçou a sua posição para 0,77%, no final de 2016.

Eram 20 cotadas em que o fundo norueguês tinha dinheiro investido no final de 2016, menos duas cotadas do que no final do ano anterior. Saltaram da carteira a F. Ramada e a Martifer, duas cotadas onde a presença do fundo já era manifestamente reduzida no final de 2015.

Onde é que o maior fundo soberano do mundo está presente?

O Norges Bank é o maior fundo soberano do mundo. Os seus investimentos estão sobretudo centrados em ações (62,5%), o que lhe permitiu um bom resultado no último ano, muito à custa dos EUA. Por geografia, a exposição do fundo à Europa caiu de 36% para 38,1%, já no caso dos EUA assistiu-se a um aumento de 40% para 42,3%. A exposição à Ásia deslizou ligeiramente para 17,9%, já a aposta nos emergentes ficou praticamente inalterada, representando 10% da carteira de investimentos do fundo soberano da Noruega.

Uma importante “fatia” do fundo está investida também em dívida. As obrigações representam 34,3% da carteira, sendo que nesta também há dívida nacional, embora o país fique fora do radar no que respeita ao investimento imobiliário. Os ativos imobiliários representam 3,2% da carteira do fundo.

No que toca em investimentos em títulos de dívida, o Norges Bank reforçou as suas compras em obrigações públicas, dos 110 milhões de euros para 321 milhões de euros. E praticamente deixou de ter obrigações da Caixa Geral de Depósitos, detendo pequenas aplicações em dívida na Infraestruturas de Portugal, CP e Parpública.

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Portugal e Espanha reforçam coordenação de projetos de ligação ferroviária

  • Lusa
  • 28 Fevereiro 2017

Os dois países pretendem reforçar a coordenação técnica na modernização em curso de uma série de ligações ferroviárias de “enorme importância”.

Portugal e Espanha decidiram hoje, numa reunião em Madrid, reforçar a coordenação técnica na modernização em curso de uma série de ligações ferroviárias de “enorme importância” para os dois países.

“A nossa primeira decisão foi que, a partir de aqui, realizaremos, com uma periocidade não superior a três meses, reuniões de trabalho entre as nossas equipas técnicas”, disse, no final da reunião, o ministro português do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, numa conferência de imprensa com o ministro espanhol do Fomento, Ínigo de la Serna.

Portugal tem atualmente em curso três projetos internacionais de “grande importância” que necessitam de “grande coordenação” com Espanha: o corredor norte (ligação Aveiro-Vilar Formoso-Salamanca), o corredor sul (ligação Sines-Caia-Madrid) e a linha do Minho (Porto-Valença-Vigo).

“Temos investimentos importantes dos dois lados da fronteira, que devem e estão a avançar de forma coordenada”, resumiu Pedro Marques.

Para Lisboa, estas ligações são de “enorme importância”, especialmente os corredores norte e sul, para ligar os portos portugueses (Leixões, Aveiro, Setúbal e Sines) à fronteira espanhola e à Europa.

O responsável português realçou a importância da eletrificação em curso da linha entre Nine (norte do Porto) e a fronteira, “há muito esperada”, e que vai permitir ter até 2019 todas as linhas ferroviárias do noroeste da Península Ibérica eletrificadas.

No caso da construção da nova linha entre Évora e a fronteira será “muito significativo o impacto na competitividade” das ligações ferroviárias, principalmente no transporte de mercadorias de Sines para Espanha e a Europa.

“Estamos a executar um plano de investimentos superior a dois mil milhões de euros”, sublinhou Pedro Marques, acrescentando que se trata de “aproximar muito” as cidades portuguesas e espanholas.

O ponto da situação destes projetos entre os dois países será feito na Cimeira Luso-espanhola, que se prevê que se realize em maio próximo.

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