IMI sobe para comércio e serviços

  • ECO
  • 20 Fevereiro 2017

Prédios industriais, comerciais e de serviços deverão contar com uma atualização extraordinária do valor fiscal.

Os prédios industriais, comerciais e de serviços irão contar com uma atualização extraordinária do IMI, avança o Jornal de Negócios na edição desta segunda-feira (acesso pago).

A subida do IMI acontece no âmbito do Orçamento do Estado (OE) para 2016 que estabeleceu que estes imóveis deviam ser alo de uma atualização do seu valor patrimonial tributário. O Negócios adianta que essa atualização, efetuada automaticamente pelos serviços do Fisco, vai agora refletir-se no IMI a pagar este ano relativo a 2016.

Segundo a lei do OE, e contrariamente aos anos anteriores, em que as atualizações dos prédios urbanos, comerciais e de serviços eram feitas anualmente, estas passariam a ser revistas trienalmente com base nos coeficientes de desvalorização da moeda. Cumulativamente, e com referência a 31 de dezembro de 2016, os valores fiscais dos imóveis em causa que tivessem sido atualizados “com referência a 31 de dezembro de 2012 a 2015” seriam atualizados extraordinariamente com 2,25%.

O jornal avança ainda que não obteve resposta do Ministério das Finanças quanto ao número de prédios abrangidos por esta atualização extraordinária e qual a receita adicional de IMI esperada.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Lisboa dá continuidade a maior ciclo de ganhos do ano

Depois de uma semana positiva para a praça lisboeta, as ações das cotadas continuam a valorizar. O PSI-20 abriu em terreno positivo esta segunda-feira ajudado pelas energéticas.

Depois de ter fechado a semana passada com o maior ciclo de ganhos do ano, o principal índice português começa esta semana em terreno positivo. As energéticas como a EDP, EDP Renováveis e a Galp Energia estão a puxar pela praça lisboeta nesta segunda-feira.

O PSI-20 avança esta manhã 0,35% para os 4.657,17 pontos. As ações da EDP valorizam 0,07% para os 2,87 euros por ação, acompanhada pela EDP Renováveis que avança 0,037% para os 6,26 euros por ação. Já a Galp Energia sobe 0,08% para os 13,78 euros por ação.

Em terreno positivo estão também as ações da Mota Engil, NOS, Navigator e as da Semapa, grupo que na semana passada revelou os seus resultados operacionais de 2016. As contas mostraram que menos custos com a dívida fizeram melhorar os lucros, nomeadamente com uma recuperação da empresa relacionada com cimento.

A marcar pela negativa esta segunda-feira na bolsa lisboeta estão as ações dos CTT que desvalorizam 0,037% para os 5,06 euros por ação. Além disso, a Pharol (que este ano já acumula uma valorização de 85,02%), a Ren e a Corticeira Amorim são as restantes cotadas a puxar o PSI-20 para terreno negativo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Opção de novo aeroporto custaria 5,4 mil milhões

Caso a opção de construir um novo Alcochete fosse a escolhida, a fatura seria de 5,4 mil milhões e os problemas a curto prazo continuariam. Estudo aponta Montijo como a solução ideal.

5,4 mil milhões de euros. Era este o preço da fatura de construir um novo aeroporto que só iria estar pronto daqui a sete anos, um período complicado de gerir uma vez que o atual Aeroporto Humberto Delgado já está no limite da sua capacidade. Assim, essa construção de raiz iria traduzir-se na perda de 20 milhões de passageiros entre 2020 e 2024, segundo o estudo da consultora alemã Roland Berger, que o Jornal de Negócios avança esta segunda-feira.

Se Alcochete estivesse nos planos do Governo, teria de existir um investimento superior a 5,4 mil milhões excluíam as obras para acessibilidades. Este argumento, para além da potencial perda de passageiros no curto prazo, consta do estudo da Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) que foi entregue ao Executivo. “Tendo em consideração o tempo e investimento necessário para a sua construção, esta solução resultaria na estagnação do tráfego e deterioração da qualidade de serviço da Portela até 2024“, refere o estudo, segundo o jornal.

Em causa está a deterioração da qualidade do serviço prestado pelo principal aeroporto do país, o que se poderia traduzir em mais de 20 milhões de passageiros perdidos. O problema financeiro também seria complicado uma vez que poderia ser reflexo nos aumentos das taxas aeroportuárias, perdendo assim competitividade em relação a outros aeroportos e destinos.

Também a solução de reforçar o atual Aeroporto do Humberto Delgado não agradou por apenas ser viável por dez anos. Esta opção “não é sustentável e acarreta riscos”, segundo a ANAC. Dado que existe a expectativa que o aeroporto de Lisboa atinja os 30 milhões de passageiros, esse número traria mais problemas a longo prazo, nomeadamente “uma forte degradação da qualidade de serviço oferecido decorrente da realização de obras de expansão num aeroporto congestionado”.

A solução do Montijo — uma fatura que se aponta para os 200 milhões de euros — é a “mais atrativa”, diz a ANAC, mas existem dois perigos potenciais: o impacte ambiental por causa da migração de aves e a possível reduzida mobilização das low cost. Tem de existir uma “abordagem eficaz à transferência das low cost para o Montijo”, avisa a Autoridade Nacional de Aviação Civil.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Negociações com a Lone Star já envolvem Bruxelas

  • ECO
  • 20 Fevereiro 2017

As negociações exclusivas entre a Lone Star e o Governo para a venda do Novo Banco vão envolver também Bruxelas.

As negociações exclusivas entre a Lone Star e o Governo para a venda do Novo Banco, que se iniciam esta semana, deverão também envolver Bruxelas, avança o Jornal de Negócios (acesso pago) na edição desta segunda-feira.

As negociações com o Governo, que acontecem depois da recomendação do supervisor do setor financeiro, o Banco de Portugal, para avançar para uma nova fase do processo com o fundo norte-americano, são necessárias na medidas em que é preciso fixar o mecanismo de partilha dos riscos associados aos ativos problemáticos do Novo Banco.

Já quanto à participação de Bruxelas, a solução final necessitará sempre do aval da Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia (DGComp) para garantir que não configura uma ajuda estatal. Além de que o Governo também quererá testar junto da autoridade estatística europeia, o Eurostat, o eventual impacto do modelo de repartição de riscos nas contas públicas.

As negociações exclusivas com a Lone Star acontecem depois do fundo norte-americano ter revisto as condições exigidas no âmbito deste processo e ter deixado cair as garantias estatais para eventuais perdas no “side bank” o que agradou ao governo porque essas garantias teriam implicações no défice.

O mecanismo de partilha de riscos associados aos ativos problemáticos, ou de outra entidade pública como acionista da instituição, com uma posição minoritária, é um modelo que exige uma autorização da DGComp, uma vez que os compromissos assumidos pelo executivo de António Costa pressupõem a venda da totalidade do Novo Banco.

Marques Mendes no seu comentário de domingo na SIC, adiantou que a Lone Star pretende que o Estado mantenha 35% do Novo Banco durante algum tempo. Em contrapartida, o fundo norte-americano aumenta de 750 para mil milhões o valor que se compromete a injetar no banco liderado por António Ramalho.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comissão CGD: direita não vai envolver Marcelo

Passos Coelho e Assunção Cristas querem deixar Marcelo fora da polémica. Mas a nova comissão de inquérito não vai deixar o assunto arrefecer. A direita quer ver os SMS e pondera chamar Costa.

O Presidente da República podia ser chamado a depor (por escrito, se quisesse) na nova comissão de inquérito ao caso da administração de António Domingues, desde as negociações até à demissão. Mas o Público noticia esta segunda-feira que Marcelo Rebelo de Sousa não vai ser o alvo do PSD e CDS. O ex-presidente da CGD e o ministro das Finanças vão ser os dois principais alvos dos deputados. No entanto, não está excluído um envolvimento de António Costa.

O jornal avança que os líderes dos dois partidos combinaram a estratégia para deixar de fora do âmbito da comissão a recapitalização da CGD. Mas ainda há dúvidas quanto à inclusão de António Costa nos protagonistas deste caso. Tal como o Presidente da República, o primeiro-ministro pode também depor por escrito, se preferir, apesar de existir um artigo da Constituição relativo à participação dos membros do Governo, dentro da secção da Assembleia da República, onde se afirma que, no que toca às comissões, os membros do Executivo “devem comparecer perante as mesmas quando tal seja requerido”.

Os sociais-democratas e centristas estão sem dúvidas quanto à inclusão de Marcelo Rebelo de Sousa: o Presidente da República ficará de fora da nova comissão parlamentar de inquérito, ainda que esteja envolvido na polémica. Na semana passada, Belém teve um papel importante na conferência de imprensa que Mário Centeno deu na segunda-feira, segundo as notícias que vieram a público nos dias seguintes. Tudo aconteceu depois de Lobo Xavier, conselheiro de Estado, ter mostrado os SMS a Marcelo.

Se a esquerda também não quiser tocar no Presidente, Marcelo poderá assim passar ao lado de uma comissão centrada em SMS, apesar de estar indiretamente implicado por ser, inclusive, citado em algumas das mensagens que vieram a público nos últimos dias. Além das mensagens, a direita vai querer ver a admissão dos documentos enviados por António Domingues e que foram rejeitados por não estarem no âmbito da atual comissão parlamentar de inquérito.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Chegou o A5 que todos querem. O Sportback

O Coupé lançou a nova imagem do A5, mas é no Sportback que recaem grandes expectativas. As linhas desportivas estão lá. E a funcionalidade das quatro portas também, isto numa geração mais espaçosa.

Depois do A5 Coupé, e antes de ser lançada a versão cabrio a tempo do verão, chega o A5 Sportback, aquele que será o best seller da gama. Já o foi na anterior geração, mas com este novo desenho, são ainda mais os argumentos para atrair muitos portugueses atraídos pela conjugação das linhas de coupé com a funcionalidade das quatro portas. Isto num grande familiar equipado com os já conhecidos motores diesel que asseguram o caráter desportivo ao novo modelo da marca das argolas.

O Sportback segue as novas linhas da gama ao manter a curvatura do tejadilho que distingue os A5 dos A4, mas com um par de portas extra (que tal como as dianteiras apresentam vidros sem aro). E é fácil entrar? Mais ou menos. O tejadilho rebaixado acaba por proporcionar uma cabeçada à entrada, mas lá dentro há mais espaço. Uma pessoa com 1,80 ou até um pouco mais, consegue sentar-se perfeitamente nos bancos traseiros sem roçar no teto. E mesmo os joelhos têm espaço fruto do aumento da distância entre eixos desta nova geração. A bagageira tem 480 litros.

Atrás é possível viajar de forma confortável, mas é mais interessante passear nos lugares da frente, com as mãos no volante. Sentado numa posição baixa, típica dos coupé, o ECO assumiu os comandos do A5 Sportback 2.0 TDI de 190 cv, uma versão que a marca acredita ser das mais apetecíveis no mercado nacional. Motor ligado, o Sportback mostra-se solicito logo desde as baixas rotações, ganhando mais vivacidade com um pé mais firme no acelerador.

O A5 vem com caixa manual de seis velocidades, mas na apresentação nacional do novo modelo foi possível experimentar a caixa de dupla embraiagem S tronic de sete velocidades (a caixa tiptronic de oito velocidades é reservada para o 3.0 TDI de 286 cv) que garante passagens suaves, mas rápidas, de relações. Uma boa ajuda que permitiu centrar atenções nas curvas e contracurvas do percurso até ao Cabo da Roca, trajeto em que a nova suspensão mostrou os seus dotes. Manteve o A5 sempre seguro, mesmo perante entradas em curva a velocidades mais elevadas.

Para a agilidade do Sportback contribui o menor peso deste novo modelo. A marca poupou na carroçaria, na chapeleira (reduziu-a em dez quilos), mas também na caixa de velocidades e na própria suspensão. O resultado é um automóvel com menos 85 quilos (para um total de 1.470 quilos). Assim, e com os novos motores a oferecerem um desempenho até 17% superior aos da anterior geração, a marca conseguiu reduzir o consumo de combustível até 22%.

No pequeno trajeto realizado com o A5 Sportback não foi possível fazer uma avaliação correta dos consumos, mas a marca aponta para um valor combinado de 4,6 litros aos 100 km, isto numa motorização capaz de chegar aos 240 km/h. É motor mais do que suficiente, num automóvel que chega agora ao mercado por valores a partir dos 47.760 euros, sendo que com a caixa S tronic testada já são precisos mais de 50 mil euros. O 2.0 TDI 190 S tronic quattro custará 56.460 euros tanto no nível de equipamento Design como no Sport.

Mais potência? Espere pelo S5

Tal como o diesel de três litros, também o motor a gasolina com a mesma cilindrada chegará mais tarde — para já a aposta da marca é mesmo no 2.0 TDI. Mas para quem gosta de emoções fortes, poderá valer a pena esperar tendo em conta os desempenhos que a fabricante antecipa para a versão mais desportiva do A5, o S5.

“Com uma cilindrada de 2.995 cm3, o motor de seis cilindros debita uma potência de 354 cv – mais 21 cv do que o motor do modelo anterior. O binário máximo deste motor de injeção direta é de 500 Nm entre as 1.370 e as 4.500 rpm. A aceleração 0-100 km/h é de apenas 4,7 segundos e a velocidade máxima está limitada eletronicamente a 250 km/h. Um verdadeiro desportivo que consome apenas 7,3 l/100 km, o que equivale a 166 g/km de emissões de g/km de CO2″, remata.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Eurogrupo reúne-se hoje em Bruxelas sem perspetiva de novo desembolso à Grécia

  • Lusa
  • 20 Fevereiro 2017

Ministros das Finanças da zona euro reúnem-se em Bruxelas sem perspetivas de acordo com vista ao encerramento da segunda revisão do programa de assistência à Grécia, que Atenas desejava concluir.

O Governo grego ainda não chegou a um entendimento com os serviços técnicos das instituições – Comissão Europeia, Banco Central Europeu, Mecanismo Europeu de Estabilidade e Fundo Monetário Internacional – que permitam o regresso destes a Atenas numa missão para avaliar se a Grécia cumpriu as condições associadas ao terceiro programa de resgate em curso, pelo que está afastada a hipótese de um acordo ao nível político na reunião de hoje.

Deste modo, os ministros das Finanças da Zona Euro limitar-se-ão a fazer um ponto da situação do programa de assistência à Grécia, que terá de aguardar por março ou mesmo abril, em função dos progressos que realizar no cumprimento das condições impostas pelos seus credores, para receber novo desembolso no quadro da segunda revisão do programa de “resgate” em curso.

Na curta agenda da reunião de hoje do Eurogrupo está incluída uma apresentação, por parte da Comissão Europeia, das recentes previsões económicas de inverno, que, no caso português, abrem caminho ao encerramento, este ano, do Procedimento por Défice Excessivo (PDE) a Portugal, já que Bruxelas estima um défice de 2,3% em 2016 e uma trajetória sustentável nos próximos anos.

No entanto, uma decisão sobre o PDE só será tomada provavelmente em maio, depois de o Eurostat validar os dados de 2016 e a Comissão emitir as recomendações específicas por país, tendo já em sua posse o Programa de Estabilidade e Crescimento que o Governo de António Costa terá de apresentar entretanto.

Portugal estará representado na reunião de hoje em Bruxelas pelo ministro Mário Centeno.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

5 coisas que tem de saber antes de abrirem os mercados

O dia será cheio para os mercados europeus: o espanhol Popular terá um novo presidente, a Grécia poderá ter luz verde para mais ajuda. Isto ao mesmo tempo que o Brexit conhece novos avanços.

As bolsas norte-americanas vão estar fechadas, mas, na Europa, há muito a acontecer neste arranque de semana. Os ministros das Finanças europeus poderão, finalmente, chegar a acordo para desbloquear um novo pacote de ajuda financeira à Grécia, o Banco Popular começa um novo ciclo com a eleição de Emilio Saracho para presidente executivo e a Câmara dos Lordes começa o primeiro de dois dias de debate sobre a lei que aprovou o Brexit.

Feriado nos EUA, menos liquidez por cá

A semana começa com os mercados norte-americanos fechados. Os Estados Unidos comemoram, na segunda-feira, o Dia dos Presidentes, pelo que as bolsas não negoceiam. Tendencialmente, isso significa que, nos restantes mercados, incluindo os europeus, será um dia de liquidez mais fraca do que o habitual. Na sexta-feira, em véspera deste feriado, os mercados norte-americanos fecharam no vermelho.

BdP divulga dados da balança corrente e de capital

O Banco de Portugal divulga hoje vários indicadores. Além dos valores da balança corrente e de capital relativos ao final do ano passado, o regulador revela ainda os dados mais recentes da posição de investimento internacional, o endividamento do setor não financeiro e o financiamento das administrações públicas.

Acordo à vista para ajudar a Grécia

O comissário europeu Pierre Moscovici deixou a dica na semana passada: faltam apenas “pequenos passos” para desbloquear a próxima tranche do resgate grego. Esta segunda-feira, os ministros das Finanças da Zona Euro reúnem-se para discutir as divergências relativamente a este assunto e deverão, finalmente, chegar a acordo.

Nova vida para o Popular

Tem sido um caminho turbulento para o Banco Popular, desde que acordou a rescisão voluntária de mais de 2.600 funcionários e decidiu afastar o seu presidente, Ángel Ron. Agora, o banco espanhol entra num novo ciclo. Na assembleia extraordinária que se realiza hoje, os acionistas deverão eleger Emilio Saracho, tido como o melhor banqueiro espanhol, como presidente executivo. Pela frente, Saracho tem a recuperação das perdas registadas no ano passado, que ascenderam a 3,5 mil milhões de euros.

Mais avanços no Brexit

Depois de a Câmara dos Comuns ter aprovado a legislação necessária para que o Governo britânico possa dar início ao processo de saída da União Europeia, o diploma será agora discutido na Câmara dos Lordes. Hoje será o primeiro de dois dias de debate. Na terça-feira, a câmara vota a legislação.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

CGD: A nova comissão parlamentar de inquérito poderá ter acesso aos SMS?

A direita anunciou a criação de uma nova comissão de inquérito à nomeação de Domingues. Será que os deputados podem chegar a conhecer o conteúdo dos SMS? Há um acórdão de 1994 que dá algumas pistas.

A esquerda alegou que a correspondência trocada por SMS entre Centeno e Domingues não estava dentro da atual comissão parlamentar de inquérito (CPI). Mas PCP, BE e PS foram mais longe: pedir os SMS seria ilegal e violaria a Constituição. Esta sexta-feira o PSD e o CDS anunciaram a criação de uma nova CPI para averiguar o período desde as negociações até à demissão do gestor.

Assim, os deputados podem obrigar Mário Centeno e António Domingues a entregar as mensagens que trocaram por telemóvel e que Lobo Xavier garante que comprometem o Governo? Mesmo que não queiram (e caso não as tenham apagado), segundo um acórdão de 1994 do Tribunal Constitucional, os seus telemóveis podem vir a ser confiscados, mas o tema divide especialistas.

Excluído o argumento do âmbito da comissão — eliminado pela criação de uma nova –, o argumento contra reside na Constituição e na lei portuguesa não permitirem o acesso aos SMS. Os líderes parlamentares do PCP, BE e PS já o tinham dito, mas Carlos César voltou a referir esse impedimento de forma indireta esta quinta-feira: “Os partidos que prezam a democracia devem respeitar: a Constituição da República Portuguesa, a lei e o Regimento da Assembleia da República“.

Dado que a CPI aceitou receber os emails do ex-presidente da CGD, ainda que os tenha recusado depois, existe o argumento de que o que interessa é o conteúdo e não o meio. É essa a opinião de Tiago Duarte, constitucionalista da PMLJ: “A partir do momento em que se entendeu que esta temática das condições para o convite aos administradores da CGD fazia parte do objeto da CPI, então não me parece que se consiga fazer uma distinção entre alguns meios de comunicação sobre esse tema estarem dentro do objeto e outros meios de comunicação sobre esse tema estarem fora do objeto da comissão”, afirma ao ECO.

Ou seja, a comissão podia pedir os SMS para avaliar se o conteúdo é ou não relevante. No entanto, é necessário que Mário Centeno e o António Domingues aceitem enviar. Caso não queiram, os deputados da eventual nova CPI podem obrigar o ministro das Finanças e o ex-gestor da Caixa Geral de Depósitos a enviar essas correspondências?

A pergunta tem uma resposta complexa que envolve o regime jurídico das comissões parlamentares de inquérito, o Código Penal e a Constituição portuguesa. Os argumentos são vários e a resposta não é consensual, mesmo existindo um acórdão do TC sobre o tema. Primeiro, é preciso assinalar que a Constituição protege as comunicações privadas. “Os SMS trocados entre o Ministro das Finanças e o ex-presidente da CGD estão, à partida, protegidos pelo âmbito desta norma”, explica, ao ECO, Nuno Piçarra, professor de direito público da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, referindo o nº1 do artigo 34º – “O domicílio e o sigilo de correspondência e dos outros meios de comunicação privada são invioláveis”.

A CPI é uma ‘autoridade pública’ nesta aceção, mas não tem por missão aplicar a lei penal [monopólio dos tribunais] – embora possa investigar factos que indiciam um crime e recolher os correspondentes meios de prova.

Nuno Piçarra

Professor da Faculdade de Direita da Universidade Nova de Lisboa

O mesmo direito é reforçado pelo Código de Processo Penal, no artigo 189º, refere João Medeiros, sócio da PLMJ, ao ECO. “Sendo a reserva das comunicações de um cidadão uma garantia constitucional, bem se compreende que só em presença de circunstâncias excecionais essa confidencialidade possa ser violada. Quando me refiro a comunicações, refiro-me não só a conversações telefónicas, mas também no tocante a correio eletrónico ou outras formas de transmissão de dados por via telemática“, explicita. Ou seja, incluem-se os SMS.

Até aqui os especialistas contactados pelo ECO estão de acordo. O problema está na aceção dos poderes judiciais da CPI e em que circunstâncias excecionais podem levar à obrigação de entrega do conteúdo dos SMS. O artigo 13º do regime jurídico das CPI refere que “as comissões parlamentares de inquérito gozam dos poderes de investigação das autoridades judiciais que a estas não estejam constitucionalmente reservados”, o que dá lugar a interpretações diferentes.

“A CPI é uma ‘autoridade pública’ nesta aceção, mas não tem por missão aplicar a lei penal [monopólio dos tribunais] – embora possa investigar factos que indiciam um crime e recolher os correspondentes meios de prova (…) para fins de controlo parlamentar e de apuramento de responsabilidades políticas”, explica Nuno Piçarra.

CPI tem poder equiparado ao Ministério Público

Para João Medeiros existem vários impedimentos nesse pedido da CPI. Primeiro, o sócio da PLMJ argumenta que “por ser algo de muito excecional, a lei apenas confia que seja um juiz o garante da verificação da efetiva excecionalidade”. Além disso, “para que se possa usar um meio de intrusão nas comunicações tem de se estar no domínio da investigação de um crime“. O drama adensa-se: “E não basta a investigação de um crime qualquer. Tem de ser um dos chamados crimes de catálogo, ou seja, um dos crimes previstos no artigo 187.º do Código de Processo Penal“.

Nos termos da lei, quando no exercício de funções, as comissões parlamentares de inquérito, têm poderes equiparados ao Ministério Público.

João Medeiros

Sócio da PLMJ

Esse artigo refere os vários “crimes de catálogo” onde a interceção de conversações telefónicas pode ser autorizada, ainda que tenham de haver “razões para crer que a diligência é indispensável para a descoberta da verdade ou que a prova seria, de outra forma, impossível ou muito difícil de obter”. Tal como João Medeiros referiu ao ECO, a interceção tem de ser autorizada “por despacho fundamentado do juiz de instrução e mediante requerimento do Ministério Público”.

Presumindo que o âmbito de uma próxima comissão parlamentar de inquérito vise a investigação de um crime, esse problema ficaria ultrapassado. Mas, ainda assim, João Medeiros afirma haver impedimentos. Em causa está que, na sua interpretação, “nos termos da lei, quando no exercício de funções, as comissões parlamentares de inquérito, têm poderes equiparados ao Ministério Público“. Dado que o poder para se decretar um intromissão nas comunicações cabe a um juiz, “também por esta razão não seria admissível à comissão Parlamentar de inquérito ordenar ao cidadão António Domingues que revele o conteúdo das suas mensagens privadas”, considera.

“Juridicamente defensável, mas não consensual”

Entre uma margem e outra está o professor Nuno Piçarra. Apesar de achar que está longe de ser consensual, admite que existindo indício de crime é “juridicamente defensável” que uma CPI “possa pedir ao tribunal competente, a título de coadjuvação, que imponha a transmissão de SMS trocados entre pessoas como as em causa no caso concreto, sem violação do artigo 34.º da Constituição”. Ou seja, existiria a possibilidade de ultrapassar o obstáculo referido por João Medeiros quanto à necessidade do despacho do juiz.

Mas há um aspeto fundamental que pode comprometer o processo. “O pedido de coadjuvação da CPI deve ‘passar o teste da proporcionalidade’, isto é, o crime terá de se revestir de gravidade e o interesse público no conhecimento da verdade deve preponderar, justificando a restrição/ingerência no ‘segredo da correspondência’. A aplicação desse teste cabe evidentemente ao tribunal”, esclarece, ao ECO, Nuno Piçarra. Ou seja, as SMS terão de ser consideradas indispensáveis ao sucesso do inquérito parlamentar.

“O próprio Tribunal Constitucional já o declarou com muita clareza no Acórdão n.º 195/94, de 1 de Março“, recorda o professor da Faculdade de Direito. O próprio relembra esse acórdão num texto, publicado no site da Faculdade de Direito, sobre a comissão parlamentar de inquérito “À relação do Estado com a comunicação social e, nomeadamente, à atuação do Governo na compra da TVI”. Em causa estava uma questão também de constitucionalidade sobre o acesso aos resumos das escutas telefónicas do processo “Face Oculta”, enquanto este decorria nos tribunais. Eis o trecho do acórdão relevante que dá esse poder às CPI, ainda que os tribunais possam, em casos excecionais, desrespeitar esse dever de coadjuvação:

"[As CPI podem] requerer aos tribunais o fornecimento de documentos ou de outros meios de prova que estejam em poder destes e que elas considerem necessários para levar a cabo um determinado inquérito parlamentar, recaindo sobre os tribunais, em princípio, o dever de facultar aqueles elementos. Só em casos excecionais é que os tribunais poderão desrespeitar aquele dever de coadjuvação. Isso apenas poderá suceder quando o envio de tais documentos e outros meios de prova puser em causa o núcleo essencial das funções constitucionais do tribunal, ou quando a disponibilização dos mesmos implicar a violação de direitos fundamentais das pessoas por ele visadas.”

Tribunal Constitucional

Acórdão n.º 195/94, de 1 de Março

Ainda assim, quanto ao caso concreto da atual CPI, Nuno Piçarra realça um aspeto: “Porém, não estando a priori identificado o tipo de crime que poderiam indiciar os SMS trocados entre o Ministro das Finanças e o ex-presidente da CGD, parece-me de concluir que a imposição a ambos da obrigação de transmitirem tais SMS à CPI, ainda que através da coadjuvação do tribunal penal competente (porventura o Tribunal da Relação de Lisboa), violaria, desde logo, o artigo 34.º, n.ºs 1 e 4, da Constituição“. Ou seja, teria de ser bastante explícito o indício de crime.

Se os emails foram, o que impede os SMS de serem avaliados?

Tiago Duarte admite, logo à partida, que este tem sido um tema de difícil consenso. O também sócio da PLMJ argumenta que “o que interessa é o tema em causa e não se esse tema foi tratado por email ou SMS”. “Não parece que haja diferença substancial entre comunicações enviadas por SMS ou comunicações enviadas por email porque me parece que o modo de comunicação não é relevante“, analisa.

O modo de comunicação não é relevante.

Tiago Duarte

Constitucionalista da PLMJ

E, se o que é relevante é o conteúdo da comunicação, Tiago Duarte defende que “é através do conteúdo da comunicação que se pode perceber qual o tipo de comunicação que está em causa e se ela é uma comunicação oficial ou pessoal“. “Se a CPI entende que não tem competência para solicitar um envio de correspondência, então essa limitação tanto a limitava para pedir os documentos que fossem cartas como emails como SMS”, argumenta o constitucionalista, referindo-se aos documentos que António Domingues teve de entregar à atual CPI, mas que a sua admissão e publicitação foi rejeitada esta terça-feira.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Marques Mendes: Nota de Marcelo “mata politicamente” Centeno

Comentador disse que a gestão do tema "Caixa" pelo Governo tem sido "desastrosa" e que, por isso, a "boa notícia" da redução do défice passou despercebida.

Marques Mendes disse, este domingo, que a nota de Marcelo Rebelo de Sousa sobre Mário Centeno “mata politicamente” o ministro das Finanças. No habitual comentário de domingo, na Sic, Marques Mendes disse que a gestão do tema “Caixa” por parte do Governo tem sido “desastrosa”. “Quanto mais tarde isto for esclarecido, pior para o Governo. São semanas em que as boas notícias passam despercebidas e Domingues vai fritando em lume brando”, disse.

Já sobre a forma como Marcelo geriu o processo, Marques Mendes considera que o Presidente “só beneficia em não falar sobre este assunto”.

“O Presidente, na questão de fundo, teve razão desde o primeiro dia e o Constitucional deu-lhe total razão. (…) Sobre a nota, mata politicamente Mário Centeno. Se eu recomendasse alguma coisa, recomendaria ao Presidente que não tivesse nenhuma posição sobre esta matéria. Acho que deve aguardar, não tem qualquer papel nesta matéria”, disse.

António Domingues é um elemento vital: está nas mãos de Domingues o futuro de Mário Centeno. Se Domingues revelar os sms que diz que tem, é evidente que Mário Centeno pode estar em risco”, disse, acrescentando que Domingues estará “mortinho” por mostrar os sms. “Mário Centeno é o grande protagonista em termos de responsabilidades: já toda a gente percebeu que ele fez um acordo com Domingues. Se é escrito, verbal, não está em causa. Neste momento o grande problema de Centeno é não querer ir até ao fim para explicar a situação“.

Marques Mendes disse que, mesmo com bons resultados face à situação da economia e , Mário Centeno deveria explicar toda a situação. “As coisas não estão a correr mal ao Governo. Quanto à oposição, não tenho dúvidas de que é uma certa guerrilha partidária”, sublinhou. “Pelos vistos há sms. Alegadamente já foram vistos pelo Presidente da República. Então e o Parlamento? Não tem direito?”, questionou. “Este é o caso mais sério do Governo desde que assumiu funções.”

Sobre os dados de crescimento da economia, divulgados esta semana, Marques Mendes admitiu serem boas notícias. “Até pode ficar em 2%. É um grande resultado para o país. Menos défice é menos dívida. Segundo, vai permitir sair do procedimento de défice excessivo. E porque facilita a redução do défice para este ano”, disse ainda Marques Mendes. “Esta é uma ironia. O partido socialista tanto acusou Passos Coelho. Acho que um défice mais baixo é bom. E se foram além das exigências de Bruxelas. Em circunstâncias normais daria para o Governo fazer festa durante uma semana mas passou quase despercebido.

“Este ano de 2017, em termos económicos, vai ser um ano muito melhor do que o que passou”, acrescentou o comentador.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

O mundo de Isabel dos Santos está a mudar

Isabel dos Santos abandona o BPI por força da OPA do CaixaBank, mas sai em grande. Fica com a fatia de leão do lucrativo negócio do BFA. E mantém protagonismo na banca portuguesa com BIC e BCP.

Isabel dos Santos pode ter saído do BPI na sequência da Oferta Pública de Aquisição (OPA) do CaixaBank, mas continua a manter bem vivo o interesse no sistema financeiro nacional. Ao mesmo tempo que vendia a sua posição de 18,5% aos espanhóis, a empresária angolana via a Sonangol (empresa estatal que lidera) reforçar o seu protagonismo no rival BCP. Se a OPA espanhola foi inicialmente encarada como um revés à estratégia de Isabel dos Santos, a própria fez questão de virar o tabuleiro a seu favor no decorrer do processo: a sua Unitel ficou com a maioria do lucrativo negócio do BPI em Angola (o BFA) e abandona agora o capital do BPI, onde entrou em 2009, com um ganho de 80 milhões de euros.

Em Portugal, Isabel dos Santos detém ainda uma participação importante no BIC Portugal — também através da Santoro, com 42,5%. Aliás, o BIC Angola, criado em 2005 por Fernando Teles e que contou também com a participação de Américo Amorim, marcou o início do percurso da filha do presidente angolano na atividade bancária. Mas qual o interesse da empresária no setor financeiro?

“Estes movimentos de ligações financeiras, comerciais, económicas pós-coloniais têm objetivos estratégicos para os angolanos. Com a participação nos bancos em Angola têm acesso ao crédito, e com as conexões financeiras acedem aos circuitos financeiros internacionais através de bancos europeus”, refere o jornalista Filipe S. Fernandes, autor do livro “Isabel dos Santos – Segredos e poder do dinheiro”.

"Estes movimentos de ligações financeiras, comerciais, económicas pós-coloniais têm objetivos estratégicos para os angolanos. Com a participação nos bancos em Angola têm acesso ao crédito, e com as conexões financeiras acedem aos circuitos financeiros internacionais através de bancos europeus.”

Filipe S. Fernandes

Foi em outubro de 2007 que o BIC teve autorização para operar em Portugal. Um negócio que ainda hoje levanta dúvidas aos supervisores. No início deste ano, respondendo a questões colocadas pelos eurodeputados, a Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla em inglês) defendeu um maior controlo do Banco de Portugal em relação aos interesses da empresária angolana no sistema financeiro nacional.

Em concreto, a EBA pediu ao supervisor português “a adoção de todas as medidas necessárias para a supervisão específica da instituição de crédito e para assegurar a eficácia das regras adotadas sobre a governança corporativa e a luta contra a lavagem de dinheiro no contexto dos acionistas do banco BIC“. Da instituição liderada por Carlos Costa, a EBA recebeu a garantia de que estava a resolver “algumas deficiências”.

"[Cabe ao Banco de Portugal] a adoção de todas as medidas necessárias para a supervisão específica da instituição de crédito e para assegurar a eficácia das regras adotadas sobre a governança corporativa e a luta contra a lavagem de dinheiro no contexto dos acionistas do banco BIC.”

Autoridade Bancária Europeia

Mais mudanças na vida de Isabel dos Santos deverão acontecer já este ano. Os angolanos vão às urnas e José Eduardo dos Santos não é candidato a prolongar uma presidência que dura há 37 anos. Os analistas acreditam que será a oportunidade de o MPLA retirar poder e influência à família dos Santos. Algo que deverá ter impacto imediato na vida profissional empresária angolana, já que admite antecipar a sua saída da petrolífera Sonangol para se dedicar exclusivamente à sua atividade privada.

Mas, aconteça o que acontecer, o BCP deverá escapar mesmo à gestão direta da Sonangol e da própria Isabel dos Santos. Está em curso uma reestruturação profunda na petrolífera estatal que prevê uma separação dos diferentes negócios da empresa. A participação no maior banco português, que deverá aumentar nos próximos meses, será transferida para uma subholding que passará a responder diretamente ao Estado angolano. E dos Santos e a Sonangol passam a centrar atenções na sua atividade principal: o petróleo.

“Não estávamos a controlar os nossos ativos — os nossos ativos no petróleo — tanto quanto queríamos e, principalmente, faltava-nos visão estratégica. (…) A minha visão é tornar a Sonangol muito rentável”, declarou a angolana ao Financial Times em dezembro passado, a propósito do plano de recuperação que está a empreender na petrolífera estatal.

Isabel dos Santos chegou ao BPI justamente por via do BCP, em dezembro de 2008, quando o Itau vendeu a sua participação ao La Caixa que, depois, alienou uma fatia a Isabel dos Santos. O reforço no BIC é feito via BIC Angola, e faz subir para mais de 20%, mas indiretamente porque parte pertence a Fernando Teles.

No decorrer da OPA do CaixaBank, a empresária angolana chegou a propor uma mega fusão entre o BPI e o BCP, como forma de contrariar o domínio espanhol. A proposta não convenceu, mas Isabel dos Santos não ficou por aqui. Para aprovar a venda do BPI ao grupo catalão, o banco português teria de dar o controlo maioritário a Isabel dos Santos — por esta altura, também o Banco Central Europeu (BCE) pressionava a venda como forma de reduzir a exposição do BPI ao mercado angolano.

A 5 de janeiro deste ano, a Unitel oficializava a compra de 2% do Banco de Fomento de Angola (BFA) ao BPI por 28 milhões de euros, passando assim a controlar 51,9% do capital do banco. Um negócio que muitos consideraram uma “pechincha” — e uma vitória — para Isabel dos Santos em face da rentabilidade do BFA. Percebe-se. O BPI registou em 2016 lucros de 313,2 milhões de euros, com o BFA a dar um contributo de 162,7 milhões, o mais elevado de sempre.

A empresária angolana sai do BPI mas não abandona o protagonismo na banca portuguesa. O mundo da Isabel dos Santos está a mudar.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Kraft Heinz deixa cair proposta de fusão com a Unilever

A fusão da Kraft Heinz com a Unilever já não vai avançar. A empresa terá "amigavelmente" decidido esquecer o negócio, depois de ver a proposta de compra de 130 mil milhões de libras ser rejeitada.

A Kraft Heinz já não vai comprar a Unilever UN 0,00% . As empresas terão “amigavelmente” decidido não avançar com o negócio, depois do grupo alimentar detido por Warren Buffett e pela brasileira 3G ter oferecido 130 mil milhões de libras (cerca de 130,7 mil milhões de euros) pela Unilever, proposta que foi rejeitada por esta última.

A informação faz parte de um comunicado emitido em conjunto por ambas as companhias, segundo a notícia avançada pela Bloomberg. Na nota lê-se que “a Unilever e a Kraft Heinz têm-se uma à outra em grande consideração” e que “a Kraft Heinz têm o máximo respeito pela cultura, estratégia e liderança da Unilever”.

Na sexta-feira, logo após a divulgação da notícia com a intenção da compra, a Kraft Heinz escrevia num comunicado que, “apesar da Unilever ter rejeitado a proposta”, a empresa continuava a “trabalhar no sentido de alcançar um acordo sobre os termos da transação”.

"A Unilever e a Kraft Heinz têm-se uma à outra em grande consideração.”

Comunicado conjunto

No entanto, reconhecia que “não pode haver certeza de que qualquer outra proposta formal será feita à administração da Unilever ou que será mesmo feita uma oferta”. O negócio multimilionário cai, assim, por terra.

Atualizado às 18h17 com mais informação.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.