Energia condiciona máximos da bolsa nacional

O PSI-20 arrancou em queda, penalizado pelo deslize das ações da EDP Renováveis. Acabou por corrigir, estando em contraciclo face às restantes praças europeias.

A bolsa nacional segue em alta ligeira, após um arranque negativo marcado sobretudo pelo deslize das ações da EDP Renováveis, depois de a empresa ter apresentado uma quebra dos seus lucros no primeiro trimestre deste ano. Lisboa segue assim em contraciclo face ao rumo descendente das ações europeias.

O PSI-20 arrancou a perder 0,14%, mas agora já segue a valorizar uns escassos 0,04%, para os 5.119,99 pontos, o que representa um novo máximo de mais de um ano. O índice de referência da bolsa nacional está a ser suportado pelo avanço dos títulos da Jerónimo Martins que inverteram face às perdas do arranque da sessão, seguindo agora a valorizar 0,21%, para os 16,43 euros.

Mas também da REN e da Pharol cujas ações avançam 0,98% e 8,33%, respetivamente, para os 2,78 euros e 30 cêntimos. A Pharol prolonga assim os ganhos de 17% registados na sessão anterior. Nota positiva também para o avanço de 0,71%, para os 5,67 euros, dos títulos dos CTT, e ainda para a subida de 1,05%, para os 11,11 euros, das ações da Corticeira Amorim.

A progressão do do PSI-20 acaba por ser travada pelo recuo dos títulos do setor energético. De salientar o deslize das ações da Galp Energia, que perdem 0,53%, para os 13,98 euros, num dia que até está a ser marcado pela subida das cotações do petróleo nos mercados internacionais. No universo EDP o sentimento é semelhante.

De salientar a EDP Renováveis, cujas ações recuam 0,16%, para os 7,04 euros, encurtando as perdas de 0,71% registadas na abertura. A empresa de energias renováveis apresentou esta manhã antes da abertura do mercado uma quebra dos seus lucros relativos aos três primeiros meses do ano. Os lucros fixaram-se nos 68 milhões de euros, menos 9% face ao verificado no primeiro trimestre do ano passado.

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BCP aceita receber 20% da dívida da Ongoing

  • ECO
  • 3 Maio 2017

O BCP era o maior credor da Insight, uma empresa do grupo Ongoing, com 282,7 milhões de euros e aceitou receber 20% da dívida, cerca de 56,5 milhões de euros. Dinheiro vem das ilhas Caimão.

O BCP, principal credor da Insight Strategic Investments, participada da Ongoing Strategic Investments SGPS, que chegou a ser acionista de forma direta e indireta da Portugal Telecom (6,57%), aceitou receber 20% de um total da dívida de dívida de 282,7 milhões de euros, ou seja 56,5 milhões de euros. A notícia avançada pelo Público (acesso condicionado) esta quarta-feira dá conta de que o dinheiro deverá vir das Ilhas Caimão.

As empresas que compunham o universo da Ongoing, de Nuno Vasconcellos, foram declaradas insolventes ao longo de 2016. A própria Ongoing, cujos principais credores eram o Novo Banco e o BCP com 493 e 282 milhões de euros respetivamente, viu o seu processo especial de revitalização (PER) chumbado durante o verão do ano passado.

Sorte diferente teve a Insight Strategic Investments (ISI) cujo PER foi aprovado, apesar do seu principal credor só receber 20,94% do valor total em dívida. O BCP era credor de 282,68 milhões de euros, cerca de 96,43% do valor total reconhecido.

Dinheiro tem origem das Ilhas Caimão

Ainda segundo o Público, o dinheiro que o BCP irá receber vem diretamente das Ilhas Caimão. O fundo Solaris Venture Capital Fund tem sede naquele paraíso fiscal pelo que por decisão expressa do PER, a Insight ficou obrigada a “entregar ao Millennium bcp por dação em pagamento (ou outra forma equivalente) dos 37.690,5519 valores mobiliários da Solaris Venture Capital Fund empenhadas ao banco detidas pela garante Investoffice [outra emprega do grupo Ongoing], pelo valor correspondente ao net asset value mais recente, o qual se cifra em 20.549.152,24 euros”.

Mas as unidades de participação do Fundo Solaris valem apenas 20 milhões de euros, pelo que para completar os 56,5 milhões de euros que o BCP terá que receber é necessário entregar outros ativos.

O PER adianta que a Insight ficou ainda obrigada a “entregar ao Millennium bcp por dação em pagamento (ou forma equivalente) das 283 ações da Webspectator Corporation empenhadas ao banco e detidas pela RS Holding SGPS SA e todos os direitos de subscrição e novas ações a serem entregues a este acionista até à data da dação, pelo valor de 36.000.000,00 livres de quaisquer ónus ou encargos, registados ou não registados”.

O penhor financeiro “sobre 37.690,5519 unidades de participação do fundo Solaris Venture Capital Fund pela sociedade Investoffice” e “sobre 238 ações, representativas de 25% do capital da Webspectator Corporation, pela sociedade RS Holding” foram dados a título de “reforço das garantias prestadas” pela Insight no âmbito da “renegociação do contrato de financiamento do Millennium BCP e a Insight”, em agosto de 2014, de acordo com o PER da sociedade do grupo Ongoing.

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Sindicatos vão poder indicar precários que devem ser avaliados

  • ECO
  • 3 Maio 2017

A portaria que regula a primeira fase do programa de regularização de precários do Estado deverá ser publicada nesta quarta-feira.

A partir de 11 de maio e até 30 de junho, os precários do Estado vão poder pedir às comissões de avaliação — a serem criadas dentro de cada ministério — para analisarem a sua situação. Mas durante esse período, os sindicatos também poderão alertar os dirigentes máximos dos serviços público para situações de precariedade de que tenham conhecimento e que considerem que devem ser avaliadas, avança o Público na edição desta quarta-feira (acesso condicionado).

Esta possibilidade estará prevista na versão final da portaria que estabelece os procedimentos de avaliação a ter em conta pelas comissões bilaterais a criar em cada um dos ministérios, documento que segundo o jornal diário deverá ser publicada nesta quarta-feira, estando previsto que até 11 de maio as comissões de avaliação tenham de estar concluídas. A partir dessa data, caberá a cada comissão avaliar se os trabalhadores reúnem as condições para acederem à segunda fase do Programa de Regularização Extraordinária dos Vínculos Precários na Administração Pública (PREVPAP).

Na portaria, da responsabilidade dos ministros do Trabalho e das Finanças, estará previsto que as associações sindicais e as comissões de trabalhadores “podem comunicar aos dirigentes máximos dos órgãos, serviços ou entidades as situações de exercício de funções que correspondam a necessidades permanentes e sem o adequado vínculo laboral de que tenham conhecimento”, cita o Público. Nessa comunicação deve constar os dados relativos aos trabalhadores em causa ou, pelo menos, o nome, a entidade, as funções desempenhadas, local de trabalho, horário e vínculo.

A inclusão dos sindicatos terá sido uma forma encontrada pelo Governo para responder às críticas de que estes estarão em minoria nas comissões bilaterais, atendendo a que a constituição dessas estruturas tem quatro representantes do governo e apenas três representantes dos trabalhadores.

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EDP Renováveis aumenta receitas mas lucros encolhem

A empresa liderada por Manso Neto, que está a ser alvo de OPA por parte da EDP, registou lucros de 68 milhões de euros no primeiro trimestre. Valor fica aquém do registado no ano passado.

A EDP Renováveis, que está a ser alvo de uma oferta pública de aquisição (OPA) por parte da EDP, terminou o primeiro trimestre do ano com resultados líquidos de 68 milhões de euros. É uma quebra face ao mesmo período do ano passado, apesar de a empresa liderada por Manso Neto ter apresentado um crescimento nas receitas.

“O resultado líquido totalizou 68 milhões de euros (-9% face ao primeiro trimestre de 2016), enquanto o resultado líquido ajustado decresceu 20% em termos homólogos para 67 milhões”, refere a empresa em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Este número fica aquém dos 70 milhões de euros estimados pelo CaixaBI.

O EBITDA reportado totalizou 373 milhões de euros (-2% face ao primeiro trimestre de 2016), com um recurso eólico inferior e impactado pelo aumento nos outros custos operacionais relacionado com o timing de contabilização dos impostos imobiliários nos EUA”, diz a EDP Renováveis. O EBIT, por seu lado, aumentou 5% para 242 milhões fruto de menores amortizações líquidas.

A empresa salienta que o “preço médio de venda no trimestre totalizou os 60 euros/MWh, espelhando as dinâmicas distintas dos parques em operação (maior produção face ao preço)”. Neste sentido, as receitas totalizaram 528 milhões de euros (+4% face ao período homólogo), diz a empresa, salientando que para esta evolução contribuiu o aumento de produção.

O crescimento na “produção beneficiou das adições de capacidade (+8% de capacidade média face ao período homólogo) com um fator de utilização superior à média. O fator de utilização no primeiro trimestre foi de 36%, a representar 101% da média de longo prazo, inferior ao mesmo período do ano passado dado o excecional recurso eólico”.

A EDP Renováveis gere, atualmente, uma carteira global de 10,4 GW repartidos por 11 países, dos quais 10,1 GW consolidados integralmente e 356 MW consolidados pelo método de equivalência patrimonial (participações em Espanha e nos EUA). Nos últimos 12 meses a EDP Renováveis adicionou 702 MW à sua capacidade instalada, dos quais 429 MW nos EUA e 200 MW no México.

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5 coisas que precisa de saber antes de abrirem os mercados

Desde os dados sobre o PIB da zona euro, ao debate presidencial entre Le Pen e Macron antes da segunda volta, passando pela decisão de política monetária da Fed, os investidores têm uma agenda cheia.

Hoje os investidores têm uma agenda preenchida. Na Europa, os olhos vão estar virados para os dados sobre a economia da zona euro. Mas também para o debate televisivo entre Marine Le Pen e Emmanuel Macron. Os dois candidatos nas presidenciais francesas vão estar frente a frente, dias antes de os eleitores regressarem às urnas. Do outro lado do Atlântico, o banco liderado por Janet Yellen termina a sua reunião de política monetária. Embora não se esperem alterações, os responsáveis podem dar pistas sobre os próximos passos.

Como vai a economia da zona euro?

Os indicadores empresariais da zona euro melhoraram de forma expressiva durante os primeiros três meses do ano. Mas não é por isso que a economia terá acelerado na mesma proporção. Esta é a conclusão dos analistas consultados pela Bloomberg, no dia em que vão ser apresentados os dados sobre o Produto Interno Bruto da zona euro. A previsão aponta para um crescimento económico de 0,4% no primeiro trimestre.

Le Pen e Macron frente a frente

A apenas quatro dias da segunda volta nas presidenciais francesas, hoje os dois candidatos voltam a defrontar-se. Marine Le Pen e Emmanuel Macron vão estar frente a frente no único debate televisivo antes de os eleitores voltarem às urnas no domingo. Na primeira volta, o candidato independente é que saiu vencedor. Um resultado que levou as ações e euro a dispararem e os juros a caírem.

Fed deve manter política monetária

A reunião da Reserva Federal dos EUA termina hoje. Mas os investidores não esperam grandes alterações no rumo da política monetária quando a instituição liderada por Janet Yellen anunciar as decisões tomadas. “Ninguém espera mudanças na política”, referiu Hussein Sayed, estratega da FXTM. “Será que a Fed vai reconhecer o abrandamento económico e reduzir as expectativas para mais subidas em 2017? A Fed deverá deixar as respostas para esta questão e, com base nisso, os investidores vão reagir”, acrescentou. Isto depois de a economia do país ter abrandado o ritmo de crescimento para valores de há três anos.

Petróleo sob pressão. EUA divulgam reservas

As cotações do petróleo vão estar hoje novamente sob pressão. O Departamento de Energia dos EUA vai apresentar os dados referentes às reservas de energia, numa altura em que os preços da matéria-prima estão a cair. Uma descida que reflete os receios dos investidores de que a produção possa continuar a crescer nos EUA, o que contraria os esforços da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) para reduzir o excesso da matéria-prima no mercado. Se o relatório de hoje confirmar este aumento, o “ouro negro” vai agravar as perdas.

Época de resultados a todo o gás

A época de resultados continua a marcar a agenda dos investidores. Hoje é a vez da empresa de Mark Zuckerberg. O Facebook vai apresentar os resultados para o primeiro trimestre. Mas também o BNP Paribas e a Volkswagen. O foco estará ainda virado para os resultados da Tesla. A firma de Elon Musk tem vindo a acelerar em bolsa, ao ponto de ser agora a mais valiosa fabricante automóvel dos EUA. Por cá, a EDP Renováveis revela o relatório para o primeiro trimestre.

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“Sell in May and go away”. Ou talvez não

As principais bolsas somam e seguem em 2017. Apesar dos riscos, os analistas estão otimistas, sobretudo face às ações europeias, no próximo verão. Para a bolsa lusa, não é tão claro que seja assim.

Tal como os ditados populares orientam a vida de muitas pessoas, há alguns adágios que também tendem a reger o comportamento dos investidores. Com os pés já em maio e o verão já ao virar da esquina, chega a ocasião de os investidores decidirem se, este ano, devem respeitar o adágio dos mercados “sell in May and go away, and come on back on St. Leger’s Day”. Ou seja, venderem em maio os seus investimentos e só regressarem às bolsas depois do feriado de St. Leger, no final de setembro.

Em muitos anos, o velho adágio revelou-se certeiro, resta se saber se assim será este ano, seja nos principais mercados acionistas internacionais, como na própria bolsa portuguesa. Há muitas casas de investimento que acreditam que os investidores não devem fugir do mercado, apesar dos diversos riscos a que a que estarão expostos ao longo do próximo verão.

Em termos históricos, a decisão de sair do mercado em maio e só regressar no final de setembro tendeu a ser a mais acertada. A realidade mais recente das bolsas suporta isso mesmo. Nos últimos três anos, a decisão de sair revelou-se sempre certeira tanto no mercado acionista europeu, como em específico na bolsa nacional. Em 2014, 2015 e 2016, o índice Stoxx Europe 600 — que agrega as 600 maiores capitalizações bolsistas europeias — recuou 0,34%, 13,03% e 1,3%, respetivamente, entre o final de maio e o fim de setembro. Em Portugal, o cenário de perdas foi ainda mais notório. O PSI-20 acumulou, nos mesmos períodos, desvalorizações de 19,29%, 13,57% e 7,27%, respetivamente.

O último verão nas bolsas

Fonte: Bloomberg

Só no caso do mercado acionista norte-americano, o adágio não se revelou tão certeiro. Em apenas um, dos últimos três anos, as ações norte-americanas apresentaram perdas. Em concreto em 2015, ano em que o índice S&P 500 deslizou 8,89%. Em 2014 e 2016, os meses do verão ditaram ganhos de 2,53% e 3,4%, respetivamente.

Aliás, no caso do índice de referência dos Estados Unidos, o adágio “sell in May and go away” poderá estar mesmo a ficar ultrapassado. Uma análise do histórico índice S&P 500, feita por Andrew Adams, estratega de mercados da Raymond Jones, assim o parece indicar. O estratega debruçou-se sobre os retorno do S&P 500 no período entre maio e setembro, desde 1990, concluindo que estes foram em média de 0,01%, mas que em 17 desses anos, o índice norte-americano somou ganhos. “Recebo um grande número de perguntas das pessoas que questionam o que devem fazer por causa desta peculiaridade estatística, e minha resposta vai no sentido de a ignorarem e focarem-se no que está a acontecer agora“, escreveu Andrew Adams, numa nota de research publicada há cerca de duas semanas, citada pela Business Insider.

O que esperar nas bolsas?

Focar no que está a acontecer agora é precisamente o que as maiores casas de investimento estão a fazer. Entre os principais fatores que estas consideram vir a poder condicionar pela negativa as respetivas expectativas para os próximos meses estão as questões geopolíticas a nível global. Mais em concreto, o crescendo da tensão entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, a instabilidade dos governos em países como a Itália e a Turquia. Mas também a agenda eleitoral europeia, marcada pela emergência do populismo, como é o caso das eleições presidenciais francesas. Um dos principais riscos para os mercados seria a escolha da populista Marine Le Pen para a presidência de França.

Vemos o risco político como exagerado. As ações europeias poderão beneficiar perante o acordar dos investidores para a recuperação económica da região.

BlackRock

Relativamente ao risco político na Europa, a maioria das casas de investimento não passa ao lado, mas mostram-se confiantes de que os principais receios acabarão por não se concretizar e que não terão impacto negativo sobre as ações. “Vemos o risco político como exagerado. As ações europeias poderão beneficiar perante o acordar dos investidores para a recuperação económica da região”, salienta a BlackRock no seu outlook de investimento para o segundo trimestre deste ano. Esta opinião é partilhada pela direção de investimentos do Banco Best. “Os resultados da 1ª volta das eleições presidenciais em França produziram um efeito positivo a nível da confiança dos investidores, quer na vertente dos mercados de ações, quer na componente do mercado de dívida”, explica a equipa de investimentos do banco português.

Os dados positivos sobre o crescimento económico, não só na Europa, como a nível global são os principais argumentos que levam Sean Darby, responsável pela estratégia global de ações da Jefferies, a não acreditar que este ano o adágio “sell in may and go away” se venha a aplicar. “Pensamos que o crescimento global deverá surpreender no sentido de um potencial de subida“, afirmou ao ECO Sean Darby. “Ainda sentimos que melhores números sobre os resultados na Europa e nos mercados emergentes estão para surgir”, acrescentou o mesmo responsável, recomendando os investidores a privilegiar o investimento na Europa e nos mercados emergentes neste verão. Já o Reino Unido e os Estados Unidos, são mercados que recomenda evitar, dizendo que “parece que o Sr. Trump descobriu que será muito difícil decretar quaisquer reformas”.

"Pensamos que o crescimento global deverá surpreender no sentido de um potencial de subida. Ainda sentimos que melhores números sobre os resultados na Europa e nos mercados emergentes estão para surgir.”

Sean Darby, Jefferies

No mesmo sentido vai a opinião da BlackRock. “O contexto dos resultados é particularmente forte no Japão e nos mercados emergentes, e sólido na Europa. Isto suporta a nossa preferência por ações dessas regiões”, explica o banco de investimento no seu outlook de investimento para o segundo trimestre deste ano.

A confiança no potencial do mercado acionista europeu é transversal a muitas casas de investimento, que consideram que é hora de voltar costas ao mercado acionista norte-americano, marcado por recentes recordes históricos, mas também pela incerteza em torno das políticas de Donald Trump, apesar do recente anúncio da intenção de baixar para 15% a taxa de IRC poder constituir um reforço da confiança dos investidores, pelo efeito que pode gerar no aumento dos lucros das empresas.

Relativamente ao rumo dos mercados acionistas nos próximos meses, o Bankinter é uma das instituições com uma postura mais conservadora. O banco espanhol acredita que o segundo trimestre será de consolidação, antevendo mesmo a possibilidade de uma ligeira correção nesse período. Contudo, o banco espanhol aconselha os investidores a “manter o sangue frio” e “não desfazer posições em bolsa” nesse período. “Devemos estar preparados para um segundo trimestre mais fraco, possivelmente marcado por um profit taking nas ações. Contudo, isto não é necessariamente mau, uma vez que uma possível consolidação do mercado até ao verão, mesmo que implique uma ligeira correção nos índices globais, permitirá obter alguma margem de progressão para a segunda metade do ano“, antevêem os analistas do Bankinter.

E em Portugal, como será?

Num contexto que parece favorecer um potencial de ganhos, sobretudo para as ações europeias, nos próximos meses resta saber como fica a praça lisboeta. As opiniões dos vários especialistas portugueses contactados pelo ECO não vão no sentido de uma grande euforia na praça nacional. Até pela recente história do índice.

No regresso das férias de verão os investidores não têm encontrado um quadro muito bonito na praça bolsista nacional. Os últimos três anos são exemplificadores disso mesmo. Entre o final de maio e o final de setembro, de 2014, 2015 e 2016, o PSI-20 sofreu sempre perdas acentuadas. Em 2014, foi o pior cenário, com o índice bolsista nacional a recuar no período estival perto de 20%. Foi um verão muito quente na praça lisboeta que fica marcado pela queda do BES, no início de agosto. Os anos que se seguiram apresentaram registos menos dramáticos, mas sempre com o vermelho a marcar a negociação. Em 2015, o PSI-20 recuou cerca de 13,5%, entre o final de maio e o final de setembro. No mesmo período, mas de 2016, o índice de referência da bolsa nacional perdeu um pouco mais de 7%.

Entre os analistas nacionais, o Banco Carregosa é aquele que apresenta a visão menos otimista face ao rumo da bolsa nacional durante os próximos meses. Paulo Rosa, economista e trader do Banco Carregosa, considera que “é provável” que se mantenha o velho adágio das bolsas neste verão. “Existem vários fatores que nos levam a pensar assim: desde o crescimento abaixo dos 2% da economia nacional, à dívida pública de 130% do PIB nominal e ao fim da época de pagamento de dividendos de todas as empresas do PSI-20 no início de junho. Paulo Rosa acrescenta ainda a postura cada vez menos fortemente “dovish” (expansionista) do Banco Central Europeu, considerando que esta poderá afastar os investidores das bolsas, nomeadamente da nacional.

Para além das incertezas políticas, a falta de liquidez deverá ser o principal motivo para um desempenho menos satisfatório da bolsa portuguesa durante o período estival.

Paulo Rosa

Banco Carregosa

A incerteza geopolítica é outro dos elementos que o trader do Banco Carregosa prefere incluir no seu conjunto de preocupações. “A incerteza geopolítica a nível mundial também pode ser um entrave à sustentabilidade dos índices norte-americanos e dos principais europeus e, por arrasto, à bolsa nacional. Depois das eleições presidenciais em França a 7 de maio, as legislativas em junho, teremos eleições na Alemanha a 24 de setembro. As incertezas no que concerne à reação dos EUA em relação à Coreia do Norte são outro foco de grande instabilidade e receios”, alerta Paulo Rosa.

A baixa liquidez do mercado acionista nacional é outro dos motivos de preocupação salientados pelo responsável do Banco Carregosa. “Para além das incertezas políticas, a falta de liquidez deverá ser o principal motivo para um desempenho menos satisfatório da bolsa portuguesa durante o período estival”, acredita Paulo Rosa. O trader lembra que a liquidez tem vindo a diminuir ao longo dos últimos anos em todos os meses do ano, salientando que o verão não é exceção.

Também Pedro Lino, antecipa a possibilidade de uma travagem da bolsa nacional neste verão. “Após vários meses de fortes subidas nas bolsas internacionais e de um trimestre bastante positivo na bolsa portuguesa [o PSI-20 fechou o primeiro trimestre com o melhor registo dos últimos dois anos: 7%], é provável que exista uma pausa em junho/julho, afirma o CEO da corretora Dif Broker, após um mês de maio que acredita até pode vir a ser positivo na praça lisboeta, em função do resultado das eleições francesas e desenvolvimento em torno do plano de cortes de impostos nos EUA. A pesar nas expectativas Pedro Lino aponta também a política do BCE.

"Após vários meses de fortes subidas nas bolsas internacionais e de um trimestre bastante positivo na bolsa portuguesa, é provável que exista uma pausa em junho/julho.”

Pedro Lino, Dif Broker

O economista lembra também que a bolsa portuguesa está dependente da evolução de poucos títulos, cujo desempenho estará exposto no verão à execução orçamental, bem como ao risco país e aos lucros apresentados. “Existe a expectativa de uma recuperação sustentada, embora lenta e isso deverá constituir um fator de suporte das ações”, acredita.

Esta opinião é partilhada por Albino Oliveira, da Patris Investimentos. “No que diz respeito a Portugal, será interessante observar se o atual contexto positivo em termos de notícias para o país (execução orçamental, aceleração no ritmo de expansão da economia) poderá traduzir-se, por exemplo, num período de redução no prémio de risco associado ao país. Tal poderia revelar-se um importante suporte para o mercado de ações em Portugal”, salienta. E acrescenta: “Na eventualidade de ocorrer uma redução mais significativa do prémio de risco do país, todo o mercado iria ser beneficiado”. De recordar que os juros da dívida soberana nacional estão abaixo dos 3,6% no prazo a 10 anos, o patamar mais baixo de 2017.

"Na eventualidade de ocorrer uma redução mais significativa do prémio de risco do país, todo o mercado iria ser beneficiado.”

Albino Oliveira, Patris Investimentos

Contudo, só no final de setembro será possível perceber se o velho adágio dos mercados “sell in may and go away” voltou a cumprir-se na bolsa portuguesa, mas também nos restantes mercados acionistas. É que, tal como refere a direção de investimentos do Banco Best, “os adágios não poderão ser entendidos como uma garantia de desempenhos futuros, dada a dinâmica constante dos mercados financeiros”.

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Samsung já pode testar carros sem condutor

A Samsung recebeu permissão da Coreia do Sul para testar carros autónomos na via pública, concorrendo diretamente com as norte-americanas Apple, Uber e Waymo (Google). Usa veículos da Hyundai.

A concorrência que já existe no mercado dos smartphones está cada vez mais patente na corrida pelo desenvolvimento do carro sem condutor. A mais recente empresa a juntar-se a ela é a Samsung, que desde esta terça-feira tem permissão do Governo sul-coreano para testar veículos autónomos na via pública, de acordo com o The Guardian.

A firma junta-se a outras gigantes tecnológicas como a Uber, a Apple e a Waymo (Google). Todas estão a empenhar esforços no desenvolvimento desta tecnologia, com projetos concretos em fases distintas — da fabricante do iPhone conhece-se apenas a intenção, e foi notícia que estará mais focada no desenvolvimento do software do que num veículo em concreto. A própria Apple recebeu recentemente autorização para testar estes automóveis nas estradas da Califórnia.

Segundo o jornal britânico, ao invés dos automóveis SUV da Lexus (Google) ou modelos da Volvo (Uber), a Samsung está a trabalhar com automóveis de uma fabricante conterrânea, a Hyundai. A tecnológica pretende desenvolver sensores e sistemas de inteligência artificial para equipar os veículos da marca, não estando a construir um automóvel autónomo de raiz. A confirmação foi dada por um porta-voz da marca que, citado pelo The Guardian, disse: “A Samsung planeia desenvolver algoritmos, sensores e módulos informáticos que vão dar origem a um carro autónomo que é fiável, mesmo nas piores condições atmosféricas.”

Em contrapartida, a concorrente Waymo está também a trabalhar na criação de um veículo autónomo de raiz, sem volante. Um projeto ambicioso que a recém-criada empresa herdou da casa-mãe, a Google. No entanto, são várias as empresas que já têm permissão para testar estes carros, onde se inserem praticamente todas as grandes fabricantes automóveis. Na Coreia do Sul, a Samsung é a vigésima empresa a conseguir esta licença, ao abrigo dos planos do Governo para criar um ecossistema favorável ao desenvolvimento destas tecnologias de mobilidade no país.

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Apple vendeu menos iPhones mas receitas aumentaram

A tecnológica vendeu menos smartphones no último trimestre, avolumando pressão em relação ao próximo iPhone 8 que deverá ser apresentado no próximo outono. Ainda assim, receitas aumentaram.

A Apple vendeu menos iPhones no último trimestre, mas isso não impediu a tecnológica liderada por Tim Cook de aumentar o volume de negócios para os 52,9 mil milhões de dólares.

No total, a empresa vendeu 50,8 milhões do seu smartphone de bandeira no três meses que terminaram em março, um desempenho que acabou por ficar aquém do esperado por Wall Street, que esperavam vendas na ordem dos 51,4 milhões de iPhones. No mesmo período do ano passado, a companhia havia vendido 51,2 milhões destes dispositivos.

Em relação aos resultados operacionais, o lucro por ação ficou nos 2,10 dólares com as receitas a ficarem perto dos 53 milhões de dólares. Os analistas esperavam um lucro de 2,02 dólares por ação sobre vendas de 53,1 mil milhões de dólares.

Por causa da diminuição de vendas do icónico iPhone, as ações da Apple estavam em queda na bolsa norte-americana. Com o anúncio do iPhone 8 previsto para o outono, crescem as expectativas dos consumidores e investidores em relação aos upgrades que a próxima versão do smartphone deverá trazer.

A tecnológica liderada por Tim Cook anunciou ainda que vai recomprar ações num montante de 50 mil milhões de dólares e distribuir um dividendo de 63 cêntimos de dólar — acima das projeções de 62 cêntimos de dólar.

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TMG Automotive: tecnologia e qualidade de mãos dadas

Isabel Furtado, presidente da TMG Automotive, diz que nos próximos 5 anos a empresa vai faturar 120 milhões de euros, através da entrada de novos clientes (mercado alemão) e mais modelos.

É um das principais empresas do setor têxtil e pertence a um dos grupos de referência de todo o setor e um dos mais ‘low profile’ da economia portuguesa. A TMG Automotive, é uma subholding do grupo Têxtil Manuel Gonçalves (TMG) que atua na indústria de tecidos plastificados e outros revestimentos para a indústria automóvel. Ligada a um grupo tradicional, a TMG Automotive impôs-se no difícil mundo do automóvel e já fatura 93 milhões de euros. A expectativa é que daqui a cinco anos, a empresa esteja a faturar 120 milhões de euros.

A diversificação para a área automóvel acontece muito cedo na empresa com sede em Famalicão.

Isabel Furtado, neta do fundador da empresa, e atual CEO da TMG Automotive adianta em entrevista ao ECO que “a ideia do ramo automóvel nasce muito cedo na TMG. Nos anos 60, o grupo TMG já fazia tecidos plastificados, nomeadamente a plastificação de telas para oleados e para tendas militares”.

Na altura não havia em Portugal tecnologia de plásticos, o que leva Manuel Gonçalves a ir à Catalunha buscar um engenheiro. O sucesso foi imediato e em 1971 a TMG já fornece assentos para a marca SAAB, a que se junta já no fim da década de 70 a Volvo.

Em 1986 o grupo TMG investe em outras áreas de negócio e divide o grupo em unidades verticais. Surgem então a TMG Tecidos, a TMG Fios, a TMG Malhas e a TMG Automóvel. Fora do setor, o grupo investe no retalho e distribuição de vestuário desportivo (Lightning Bolt), meios aéreos (HeliPortugal), Efacec, — chegou a ter uma posição relevante, tendo num passado recente alienado grande parte dessa posição à empresária Isabel dos Santos, — e ainda na produção e distribuição vinícola (Caves Transmontana e Casa de Compostela).

Isabel Furtado diz que esta divisão foi fruto de “uma maior flexibilização de mercado e de melhor organização porque de facto é diferente gerir uma industria do setor têxtil e uma industria do setor automóvel“.

No ano 2000, prossegue Isabel Furtado “a TMG começa a fazer praticamente só automóvel. Para além do têxtil para automóvel fazíamos também sacos de golfe, telas e balões insufláveis como a piscina do Fluvial no Porto”.

Até que finalmente em 2004/2005 nasce a TMG Automotive “dedicada exclusivamente para o setor automóvel”. Mas a crise do setor automóvel estava à espreita. “Na TMG Automotive estávamos a meio de um grande investimento. Eram 30 milhões de euros”, conta a CEO da empresa.

“Não queríamos parar e então fizemos uma maior aproximação aos nossos clientes. No setor automóvel temos que distinguir quem é o nosso cliente final e apostamos em novos produtos e em subir na escala de valor”, diz orgulhosa Isabel Furtado.

Apesar das dificuldades, — à crise financeira juntou-se a crise das dívidas soberanas e a entrada da troika em Portugal, — a empresa com sede em Campelos Guimarães foi trilhando o seu caminho.

Um caminho de sucesso que se mede pelos clientes. “Em 2009, o nosso melhor cliente era a OPEL, seguida da Toyota. Neste momento o meu melhor cliente é a Mercedes, seguida pela BMW. Crescemos não apenas em valor, como em volume. Até porque continuamos a fazer a OPEL e a Toyota”.

Mas se o nome dos clientes deixa antever os anos de sucesso da empresa, os números são como o algodão e não enganam. Em 2009, a TMG Automotive faturava 20 milhões de euros, em 2016 o volume de negócios atingiu os 93 milhões de euros.

Em seis anos quadruplicámos a nossa faturação“, remata a gestora. “Estamos neste momento a trabalhar com a capacidade total da fábrica, não podemos ir muito além dos 95 milhões de euros. No entanto, com a entrada em funcionamento da nova linha de produção podemos atingir os 120 milhões de euros nos próximos cinco anos”.

Isabel Furtado diz que estes números são possíveis “através de novos clientes (mercado alemão) e mais modelos em clientes já existentes”.

Investimento de 45 milhões de euros

Manuel Gonçalves, fundador do grupo TMG, era detentor de uma máxima que ainda hoje perdura na empresa: “Tecnologia e qualidade de mãos dadas”. E é para fazer face a essa velha máxima que a empresa tem a decorrer um investimento de 45 milhões de euros na construção de uma nova fábrica que deverá estar a funcionar em janeiro de 2018. A nova fábrica fica situada nas antigas instalações da Têxtil Manuel Gonçalves, em Vale de São Cosme, Famalicão.

Para Isabel Furtado, o “objetivo é aumentar a produção e para isso vamos ter que contratar mais 150 pessoas“.

Na realidade, o investimento são 52,5 milhões de euros, o grosso fica a cargo da TMG Automotive, e os restantes 6,9 milhões ficam a cargo de TMG Tecidos.

“Neste momento temos 450 pessoas que estão afetas à nossa fábrica automóvel 1, e que continuará a laborar, mesmo depois da nova fábrica estar pronta. Aliás, para a nova fábrica já contratámos mais 100 pessoas que estão também nas nossas instalações a receber formação”.

Isabel Furtado garante que o objetivo “é aumentar a nossa capacidade de produção, crescendo nos atuais clientes, mas também temos que crescer em novos clientes”.

Clooney ‘made in’ TMG Automotive

A TMG Automotive exporta 99% daquilo que produz. “Há apenas um produto que não exportámos. É um artigo que é utilizado para fazer fatos de pescador”, refere a presidente da empresa.

E foi esse mesmo produto que terá sido utilizado para um impermeável vestido por George Clooney no filme Tempestade Perfeita.

Mas para que mercados exporta a empresa?

A resposta sai rápida a Isabel Furtado: “Eu não diria que mercado, no nosso caso trabalhamos com clientes, e tanto tenho a BMW a receber o meu material na África do Sul, como na China ou na Europa. Diria que o meu cliente principal é a Alemanha, uma vez que os meus maiores clientes são a BMW, se juntarmos a Mini, e a Mercedes“.

Apesar de tudo o que é produzido pela TMG Automotive ser feito em Portugal, essa realidade vai rapidamente ser alterada. Em causa uma diretiva do governo chinês que obriga a produzir localmente para os carros produzidos para o mercado chinês.

Vamos ter que produzir uma parte localmente na China, já andamos a trabalhar uma solução, mas será apenas para o mercado local, uma vez que não justifica trazer para cá. Neste momento exporto cerca de 7,5% para a China através da Daimler, BMW e Volvo“.

Falta de engenheiros

A falta de engenheiros a saírem das Universidades é uma das dificuldades que Isabel Furtado aponta quando se fala de mão-de-obra para o setor.

“A mobilidade de mão-de-obra é hoje mais fácil do que há uns anos atras, mas o nosso maior problema são algumas engenharias como polímeros de materiais e têxtil“.

Para Isabel Furtado esta dificuldade está diretamente relacionada com a grande absorção por parte da Bosch, por exemplo no campo das engenharias. Ainda assim a gestora reconhece que: “o têxtil passou a ser novamente uma indústria atrativa pelo que penso que vai aumentar a procura de cursos ligados a esta área“.

A TMG Automotive tem tido ao longo dos anos, até porque Isabel Furtado era vice-presidente do conselho geral da Universidade do Minho, uma forte ligação com a Universidade da região.

Isabel Furtado confirma essa ligação a que acrescenta ainda a Universidade do Porto. “Ministramos os estágios dessas faculdades aos alunos dos mestrados”. A gestora fala ainda na proximidade, a mesma que invoca para justificar a grande proximidade que têm com os centros tecnológicos. “Temos que pensar que os detentores de conhecimento são os centros tecnológicos e somos os únicos na indústria que conseguimos transformar esse tipo de conhecimento em bens”.

A TMG Automotive tem que estar sempre a inovar, pelo que 5 a 6% da faturação anual é canalizada para inovação e desenvolvimento. “Deixamos muito da inovação explorativa para as universidades e para os centros tecnológicos e depois toda a inovação incremental e de desenvolvimento é feita dentro de casa”.

Concorrentes fora de Portugal

“Os nossos concorrentes são todos fora de Portugal. O nosso maior concorrente é um grupo alemão, muito, muito grande com uma quota de mercado de 40%”, afirma Isabel Furtado.

Para a gestora não há dúvida: “A nossa vantagem face a eles é que somos mais flexíveis, talvez mais inovadores em muitos aspetos, mas temos o problema de sermos periféricos, não só face ao centro de decisão que está na Alemanha, mas também em termos de distância, uma vez que as matérias-primas vêm do centro da Europa”.

E sendo uma das principais empresas do setor, como é que a presidente da TMG Automotive olha para a indústria têxtil?

“O setor têxtil continua a ser um setor de importância extrema em Portugal, houve quem o quisesse abolir há uns anos, mas o que é certo é que o têxtil renasceu outra vez, aumentamos brutalmente a capacidade e o volume de negócios, com menos gente e eventualmente também com menos empresas, mas com muito maior valor acrescentado”.

E Isabel Furtado evoca outra das diferenças da indústria face ao exterior: “temos uma coisa que é única na Europa. Num raio de 20 quilómetros com epicentro em Famalicão temos toda a indústria têxtil: fio, tecido, malha e acabamentos e confeção. Itália já teve mas deixou de ter e a este facto acresce ainda que “somos rápidos, podemos ganhar no serviço, temos bom design, temos excelente confeção, portanto o têxtil é um setor para ficar em Portugal”.

Mas nem tudo são rosas dentro da indústria. Os problemas existem e devem ser combatidos. Para Isabel Furtado, o maior problema que o setor tem pela frente é o de “ainda precisar de alguma restruturação e de estar ainda bastante alavancado financeiramente. Mas tem vindo a ser limpo e a tornar-se mais eficiente até porque a própria crise fez uma seleção natural”.

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Têxtil: 5,5 mil milhões é a nova meta nas exportações para 2020

Depois de ter alcançado a fasquia dos 5 mil milhões de euros, o que já não acontecia desde 2001, a indústria têxtil revê o plano estratégico. A nova meta são exportações de 5,5 mil milhões em 2020.

Há uma nova meta para as exportações do setor têxtil: 5,5 mil milhões de euros em 2020. Este é pelo menos o número indicativo que os agentes do setor têm para a revisão do plano estratégico.

Os números que constavam no plano estratégico do setor (2014-2020) foram alcançados quatro anos antes.

Paulo Vaz, diretor geral da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) diz que “isto aconteceu porque o setor, mesmo tendo passado pela crise de 2011, conseguiu reerguer-se e ter um melhor desempenho que o próprio país”. E acrescenta: “se alcançarmos os 5,5 mil milhões de euros em 2020 será um feito notável“.

Já ao nível do emprego, depois de em 2016 as estimativas da ATP indicarem que o setor teria ao serviço 134 mil pessoas, que compara com as 131 mil de 2015, Paulo Vaz diz que “podemos chegar às 135 mil”.

Mas a ambição não se fica por aqui e inclui também o volume de vendas que deverá atingir os 8 mil milhões de euros.

Paulo Vaz diz que “esta revisão do plano assenta em cálculos conservadores, mas prefiro sempre ser criticado por falta de ambição do que muitas vezes estarmos com ilusões que depois não podem ser satisfeitas”.

O plano apresentado que foi apresentado em 2014 tinha definidas sete prioridades estratégicas:

  • Capitalização das empresas. Financiamento da atividade e do financiamento do investimento.
  • Gestão das organizações. Melhorar a “governance” das empresas e incrementar resultados. Ganhar dimensão crítica através de fusões e aquisições e da cooperação empresarial.
  • Competitividade para ser concorrencial à escala global. Custos dos fatores de produção: energia e ambiente. Internacionalização: aumentar quota exportadora e aumentar a base exportadora.
  • Inovação (tecnológica e não tecnológica) incremental: diferenciação dos produtos, pela criatividade (moda e design) e pela tecnologia (materiais, processos e funcionalidades).
  • Valorização dos recursos humanos: aumentar a produtividade (qualificação e formação profissional, formação com ata direção). Diferenciar pela intensidade do serviço. Contrato social de longo alcance.
  • Imagem e visibilidade do setor. Nacional: Valorização institucional e social. Internacional: Posicionar superiormente na cadeia de valor à ITV portuguesa para ganhar quota, conquistar segmentos mais valorizados e exigentes, aumentar as margens.
  • Empreendedorismo: regenerar a fileira, com novas empresas, novos empreendedores e novos profissionais.

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Balcão em Almeida vai mesmo encerrar. Caixa rejeita pressões

Banco público rejeita pressões e aproveitamento político no caso da agência no concelho de Almeida que vai mesmo encerrar. CGD garante que habitantes vão contar com balcão em Vilar Formoso.

A agência da Caixa Geral de Depósitos em Almeida vai mesmo encerrar, apesar dos protestos e da ocupação por parte dos habitantes daquele concelho da Guarda de que foi alvo esta terça-feira. Em comunicado, o banco público garante que vai continuar a servir os cidadãos daquele concelho através da sua agência em Vilar Formoso e recusa aproveitamentos políticos ou pressões.

“Depois de cinco anos consecutivos de prejuízos e diminuição de atividade comercial e com um nível de movimentos de tesouraria muito abaixo da média na agência de Almeida, a Caixa assegurará, noutros moldes, a prestação de serviços aos clientes e continuará presente no concelho de Almeida através da sua agência de Vilar Formoso, assegurando deste modo a presença em todos os concelhos em que vinha atuando”, refere o banco em comunicado enviado às redações.

A Caixa, que estava disponível para encontrar soluções com as autoridades locais no sentido de manter serviços da instituição na sede de concelho, nomeadamente através da permanência de colaboradores no balcão de Almeida por um período de transição e da criação de acompanhamento aos clientes nas instalações do município ou da Junta de Freguesia, diz que deixou de fazer sentido realizar qualquer reunião com aqueles responsáveis depois de ver novamente a sua agência ocupada esta terça-feira por cerca de 60 manifestantes.

"Depois de cinco anos consecutivos de prejuízos e diminuição de atividade comercial e com um nível de movimentos de tesouraria muito abaixo da média na agência de Almeida, a Caixa assegurará, noutros moldes, a prestação de serviços aos clientes e continuará presente no concelho de Almeida através da sua agência de Vilar Formoso, assegurando deste modo a presença em todos os concelhos em que vinha atuando.”

Caixa Geral de Depósitos

“Esta situação configura uma forma de pressão reiterada, não legítima e imprópria de um Estado de Direito”, considera o banco. “A Caixa cumpriu a sua parte. Mas recusa aproveitamentos políticos de qualquer ordem”, sublinha ainda.

O banco ressalva ainda que 66% do movimento de balcão de Almeida são atualizações de cadernetas e consultas.

O presidente e o vice-presidente da Câmara de Almeida deslocaram-se esta terça-feira a Lisboa para uma reunião com a administração da CGD, mas o encontro não aconteceu e a população manteve o protesto.

O vice-presidente da Câmara Municipal de Almeida, Alberto Morgado, disse à Lusa que estava marcada uma reunião com a administração da CGD para as 18:00, que não aconteceu porque só se realizaria se a população abandonasse as instalações do balcão em Almeida, Guarda, que ocupa pacificamente desde as 14:30.

“Não houve reunião com a administração, houve com o diretor central”, disse o autarca, adiantando que os administradores “puseram exigências relativamente à saída da população da CGD [de Almeida], mas isto não tem nada a ver com a Câmara Municipal, [e] o senhor presidente, naturalmente, que não tinha condições para fazer uma coisa dessas”, contou, alegando tratar-se de uma manifestação “espontânea”, que não foi organizada pela autarquia.

Entretanto, segundo Alberto Morgado, o presidente da Câmara, “exigiu que lhe fosse garantido” que os serviços de tesouraria continuariam na agência de Almeida. “E eles [CGD] como também não garantiram isso previamente, acabou por não haver reunião, lamentavelmente”, rematou o vice-presidente.

Após a reunião, Alberto Morgado disse à Lusa que ele e o presidente da autarquia, António Batista Ribeiro, se deslocariam para Almeida onde, à chegada, tencionavam “reunir com as pessoas” que participam no protesto pacífico.

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Apple deixa Wall Street acima da linha de água

Tecnológica que fabrica os iPhones prepara-se para prestar contas. Investidores estiveram retraídos ao longo de toda a sessão norte-americana à espera de novidades da Apple. E da Fed.

Apple e Fed. Wall Street fechou esta terça-feira a subir muito ligeiramente, com as bolsas norte-americanas condicionadas por dois acontecimentos principais: por um lado, a fabricante dos iPhones apresenta ainda hoje contas trimestrais; por outro, a Reserva Federal norte-americana anuncia amanhã a sua decisão quanto à taxa de juro diretora, deixando os investidores em stand-by.

Neste cenário, o índice de referência mundial S&P 500 subiu 0,12% para 2.391,17 pontos, aproximando-se de novos máximos históricos à medida que a temporada de resultados vai trazendo boas surpresas para os investidores. Também o industrial Dow Jones e o tecnológico Nasdaq ganharam 0,17% e 0,06%, respetivamente.

A Apple, que deverá apresentar dentro de momentos receitas de 53,1 mil milhões de dólares no trimestre, encerrou a sessão em alta de 0,63% para 147,51 dólares, deixando o setor tecnológico em alta. Em sentido contrário, as fabricantes de automóveis perderam terreno com a Ford e a General Motors a cederem 4,42% e 2,92%, respetivamente, depois de terem vendido menos automóveis em abril.

No plano macro, as atenções dos investidores viram-se para as decisões e sinais que sairão da reunião de dois dias da Fed. Os analistas não esperam grandes novidades no que diz respeito à taxa de juro, atualmente situada entre os 0,5% e os 0,75%. Ainda assim, para esta quarta-feira, quando a instituição financeira anunciar a sua decisão, deverá deixar pistas sobre o rumo da política monetária do outro lado do Atlântico.

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