5 coisas que vão marcar o dia

O Totta oficializa a substituição de Vieira Monteiro por Castro e Almeida. As atenções dos investidores estrangeiros estão em Frankfurt, na reunião do BCE. A libra reage ao reforço do poder de May.

A mudança de liderança do Santander Totta é o evento que centra as atenções em Portugal. A sucursal portuguesa do banco espanhol irá continuar com um português como CEO — Pedro Castro e Almeida –, enquanto António Vieira Monteiro passa a chairman. Na Europa, os investidores esperam a reunião do BCE e reagem à moção de censura a Theresa May. Há ainda Conselho Europeu, em Bruxelas, e dados estatísticos do PIB e consumo per capita a marcarem a agenda.

BCE oficializa fim dos estímulos

O Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE) realiza esta quinta-feira a última reunião deste ano, em que deverá oficializar que o fim do programa de compra de ativos acontece em dezembro. Poderá ainda dar pormenores sobre a política de reinvestimentos (dos títulos que atingem as maturidades e dos juros). Os analistas estarão, no entanto, mais focados na atualização das projeções económicas, que poderão sinalizar a confiança que a instituição financeira tem na Zona Euro, numa altura em que começa a redução dos estímulos.

Totta: Adeus Vieira Monteiro, olá Castro e Almeida

Os acionistas do Santander Totta vão votar esta quinta-feira o novo Conselho de Administração do banco em assembleia-geral. Deverão aprovar a substituição de António Vieira Monteiro por Pedro Castro e Almeida na liderança do banco português que pertence ao grupo espanhol Santander. A presidência irá manter-se portuguesa apesar de a sucursal pertencer aos espanhóis desde 2000. E assim vai continuar com a subida de Castro e Almeida ao cargo de CEO do banco. Vieira Monteiro passa a chairman.

Conselho Europeu debate orçamento pós-2020

Depois de uma noite atribulada em Estrasburgo na terça-feira, o Conselho Europeu irá decorrer com normalidade esta quinta e sexta-feira, em Bruxelas. O presidente, Donald Tusk, propôs aos líderes europeus que se estabeleça o outono de 2019 como data indicativa para a conclusão das negociações em torno do próximo quadro financeiro plurianual da União Europeia (2021-2027), de acordo com a carta-convite dirigida aos chefes de Estado e de Governo da União Europeia para a cimeira. Com a moção de censura lançada à primeira-ministra britânica, Theresa May, irão ainda debater o apoio a dar ao governo britânico.

Libra reage à moção de censura a May

No mercado cambial, a moeda e os ativos britânicos vão reagir à moção de censura a Theresa May, que foi votada esta quarta-feira no Parlamento do Reino Unido. A primeira-ministra ultrapassou a prova de fogo lançada pelo próprio partido e até saiu com a liderança reforçada para negociar o Brexit já que, no próximo ano, não poderá ser alvo de uma nova moção de censura. Os investidores já estavam a apostar neste resultado e a libra esterlina registou fortes valorizações (acima de 1%) face ao dólar e ao euro esta quarta-feira.

Consumo e serviços em 2017 centram atenções

Ao nível dos dados estatísticos, o destaque vai estar na divulgação de informações sobre o Produto Interno Bruto (PIB) e consumo per capita, dos países da Zona Euro e da União Europeia, relativos a 2017, pelo Eurostat. Segundo o último boletim estatístico do Banco de Portugal, o PIB per capita aumentou 2,9% em Portugal e 2,2% na Zona Euro, “indiciando uma convergência real da economia portuguesa com o conjunto dos países do euro”. Em Portugal, o INE divulga estatísticas dos serviços prestados às empresas, também relativas ao ano passado.

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Do RSI ao subsídio de doença: tudo o que muda com a atualização do IAS

São pelo menos oito as prestações sociais que vão mudar à boleia da atualização do IAS. O subsídio de doença passa a ter um mínimo mais alto e o valor do subsídio por morte aumenta.

A subida do Indexante dos Apoios Sociais (IAS) vai gerar mudanças em pelo menos oito prestações sociais, já a partir de janeiro: do rendimento social de inserção ao subsídio de doença, passando pelo abono da família e pelo subsídio por morte.

De acordo com os dados divulgados, esta quarta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística, nos últimos 12 meses, registou-se uma variação média do Índice de Preços no Consumidor (IPC) de 1,03%. Tal valor permite calcular o nível do IAS, que irá vigorar no próximo ano. À boleia da inflação, o IAS aumenta, em janeiro, de 428,9 euros para 435,76 euros.

Com essa subida, o limite mínimo do subsídio de doença passará de 4,29 euros diários para 4,36 euros. Esse valor corresponde a 30% do valor diário do IAS. Também o subsídio por morte sofrerá alterações: o valor da prestação, que corresponde a três IAS, subirá de 1.286,7 euros para 1.307,28 euros.

Em terceiro lugar, através da atualização do nível do IAS, o valor máximo do património mobiliário considerado para o acesso ao rendimento social de inserção (RSI) ficará fixado nos 26.145,6 euros, o equivalente a 60 IAS. Atualmente, esse limite está nos 25.734 euros.

Além disso, esta subida do IAS fará dilatar o valor máximo do subsídio de desemprego, que corresponde a 2,5 IAS, fixando-se nos 1.089,4 euros mensais, ou seja, subirá cerca de 17 euros face ao valor atualmente em vigor. Por outro lado, também o limite mínimo dessa prestação (igual ao IAS) avançará, aumentando para 435,76 euros.

Quanto ao subsídio social de desemprego (disponível para aqueles que já tenham esgotado o subsídio normal ou não tenham descontos suficientes para aceder a esse apoio inicial), a atualização do IAS fará puxar essa prestação para 348,61 a 435,76 euros (ou seja, entre 80% e 100% do IAS).

No que diz respeito ao abono de família, a atualização do IAS fará mudar os patamares dos escalões de rendimentos. Assim, o escalão de rendimentos mais baixo — aquele que dá acesso às prestações mais elevadas — passa a abranger todos os agregados que recebem até 3.050,32 euros por ano. O segundo escalão passa a compreender as famílias que ganham entre 3.050,32 euros anuais e 6.100,64 euros anuais.

No terceiro escalão de rendimentos, os patamares passam, por sua vez, para 6.100,64 euros anuais e 9.150,96 euros anuais. No quarto escalão, ficam os agregados com rendimentos entre os 9.150,96 euros anuais e os 15.251,6 euros anuais. E no quinto e último escalão, passam a ficar enquadradas todas as famílias com rendimentos superiores a 15.251,6 euros anuais.

Por último, a variação do IPC registada nos últimos 12 meses fará as pensões mais baixas (até dois IAS ou 871,52 euros) subir 1,6%: 1,03% decorrente da inflação e 0,52% correspondente ao bónus determinado por lei. Esse acréscimo equivale a um quinto da média do crescimento do PIB registado nos últimos dois anos terminados no terceiro trimestre.

Os reformados que recebem entre dois IAS (871,52 euros) e seis IAS (2.614,56 euros) registarão, por sua vez, uma atualização igual à inflação (1,03%), enquanto que aqueles que recebem entre seis e 12 IAS (5.229,12 euros) serão alvo de uma subida de 0,78% (a inflação deduzida de 0,25 pontos percentuais).

De notar que quem recebe até 1,5 IAS (653,64 euros mensais) e cujas pensões não tenham sido atualizadas entre 2011 e 2015, poderá ainda contar com um aumento extraordinário, que visa perfazer um reforço total de dez euros, já a partir de janeiro.

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Associação Mutualista falha meta de captação de poupanças este ano. Quer mais 700 milhões em 2019

A Associação Mutualista esperava obter 970 milhões de euros em poupanças mutualistas, mas só deverá captar metade desse montante este ano. Para 2019, fixou meta de financiamento nos 700 milhões.

Sede da Associação Mutualista Montepio.Hugo Amaral / ECO 07 dezembro, 2018

A Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) espera terminar o ano com 558 milhões de euros captados através da venda dos seus produtos mutualistas, um valor que vai ficar muito aquém daquilo que era o objetivo da instituição. Para 2019, a meta de financiamento da maior mutualista portuguesa volta a ser desafiante, perante a expectativa de obter 700 milhões de euros junto dos associados, isto num quadro atual de quebra do número de sócios que Tomás Correia quer travar rapidamente.

Estes valores estão inscritos no programa de ação e orçamento para 2019 da AMMG a que o ECO teve acesso.

Até outubro, a instituição já tinha captado poupanças mutualistas no montante de 413 milhões de euros. E, embora preveja que este valor venha a aumentar em cerca de 150 milhões de euros nos últimos dois meses do ano, a mutualista vai ser incapaz de cumprir o objetivo de financiamento deste ano, em que previa captar poupanças dos seus associados na ordem dos 970 milhões de euros.

Há sobretudo um culpado para este mau desempenho: o produto Capital Certo, hoje em dia designado Poupança Mutualista, e cuja comercialização aos balcões do Banco Montepio esteve suspensa durante metade do ano.

“Não obstante todo o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido e das ações de comunicação e de reforço da relação, as receitas associativas sofreram o impacto da fraca dinâmica de colocação no canal bancário, designadamente da indisponibilidade neste canal, entre 15 de fevereiro e 19 de agosto, de séries “Poupança Mutualistas 5.1”, por razões de reestruturação interna da Caixa Económica Montepio Geral“, aponta a AMMG no seu orçamento para 2019.

Em setembro, quando já se previa que a AMMG ia falhar a meta de financiamento deste ano, com o buraco criado pelo Capital Certo, Tomás Correia garantia que a suspensão da comercialização dos produtos mutualistas não tinha colocado qualquer pressão de liquidez à instituição, assegurando que ia cobrir as responsabilidades dos produtos que venceram e não tinham sido reaplicados.

Feitas as contas, a margem associativa (que resulta da diferença entre proveitos com associados e custos com associados) deverá ser negativa em mais de 250 milhões de euros, prevê o mesmo documento.

De resto, o próximo ano volta a ser exigente do ponto de vista da captação de poupanças dos associados. A AMMG espera obter receitas associativas no valor de 706 milhões de euros, 592 milhões dos quais serão captados por via da venda de produtos de capitalização, como a Poupança Mutualista. Estes produtos, que não tinham qualquer supervisão financeira até agora, vão passar a ser vigiados pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF).

É com uma boa parte deste montante que espera vir a obter junto dos seus associados que a mutualista conta para enfrentar os reembolsos e resgates previstos para 2019: deverão atingir os 559 milhões de euros.

E, assim, espera chegar ao final de 2019 com uma margem associativa novamente positiva, no valor de 121 milhões de euros, sabendo que deverá iniciar aquele ano com uma base de associados mais reduzida. A AMMG deverá terminar 2018 com cerca de 616 mil associados. Trata-se de uma queda de cerca de dez mil associados no espaço de um ano. Foram constituídos 29 mil novos sócios até outubro, mas o ritmo de saídas foi superior.

A instituição justifica esta quebra com a alienação de uma carteira de créditos pelo banco liderado por Carlos Tavares e que implicou a perda de associados ligados a estes créditos, segundo havia dito fonte oficial da mutualista ao ECO em setembro.

O programa de ação para 2019 aposta na vinculação dos associados através da captação de novos clientes sobretudo por via de outros canais que o não o banco e através de medidas que fomentem a retenção dos atuais associados.

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Lucros da Associação Mutualista Montepio afundam em 2018. Passam de 587 milhões para 1,7 milhões

Mutualista liderada por Tomás Correia conta com reversão de imparidade com o Banco Montepio para se manter lucrativa em 2018, isto após os lucros de 587 milhões em 2017 por causa dos créditos fiscais.

Tomás Correia lidera a Associação Mutualista Montepio.Hugo Amaral / ECO 7 dezembro 2018

Depois de ter registado lucros de 587 milhões de euros em 2017, a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) prepara-se para lucrar apenas 1,7 milhões este ano, prevê a instituição no programa de ação e orçamento para 2019 a que o ECO teve acesso. Mas os ganhos deverão acelerar novamente no próximo ano, com a mutualista liderada por Tomás Correia a apontar para um lucro de 44 milhões.

Vários fatores vão manter a AMMG a lucrar em 2018, isto após os resultados históricos do ano passado terem sido insuflados pelo apuramento de ativos por impostos diferidos no valor de 800 milhões de euros.

Entre esses fatores está a expectativa de reversão de 42 milhões de euros da imparidade constituída em 2015 e 2017, no montante de 498 milhões de euros, para o Banco Montepio, devido à melhoria do desempenho do banco, assim como do contexto do mercado. Até setembro deste ano, o banco liderado por Carlos Tavares acumulava lucros de 22 milhões de euros e apresentava uma melhor situação financeira, razão pela qual a AMMG poderá agora reverter uma parte do dinheiro que tinha colocado de lado para fazer face à desvalorização do banco em relação ao valor a que ele está registado no balanço da mutualista.

Além da reversão da imparidade com o banco, a AMMG destaca ainda o contributo positivo de várias rubricas nas suas contas individuais: dos resultados inerentes a associados, por via da relação entre a margem associativa e a variação das provisões técnicas; dos resultados financeiros, em juros e rendimentos dos depósitos e da carteira de títulos, que deverão atingir os 20 milhões de euros; e ainda rendimentos de 5,8 milhões das propriedades de investimento, que incluem as residências seniores e de estudantes.

A impactar negativamente nas contas estão os gastos administrativos, que vão ascender a 30,8 milhões de euros, e ainda a eliminação de ativos por impostos diferidos no valor de 16,5 milhões.

AMMG paga 17,8 milhões em impostos em 2019

De acordo com o programa de ação e orçamento para 2019, a AMMG aponta para lucros de 43,84 milhões de euros no próximo ano. A redução de imparidade com o Banco Montepio vai continuar a ajudar as contas: a mutualista deverá reverter outros 55,5 milhões de euros de imparidade associada ao banco, detalha a demonstração de resultados previsional que consta no documento.

A fiscalidade voltará a ter impacto nos resultados, um cenário que não se verificava até há pouco tempo tendo em conta que a AMMG gozava de benefício fiscal que a lei prevê para as IPSS. Mas o estatuto fiscal da instituição alterou-se no início deste ano, quando perdeu isenção em sede de IRC e passou a pagar impostos. Em contrapartida, a AMMG passou a poder tirar partido do regime de ativos por impostos diferidos, que permite transformar contabilisticamente prejuízos em créditos fiscais a haver no futuro.

Assim, face à previsão de lucros em 2019, a AMMG estima vir a pagar 17,8 milhões de euros em impostos. Por outro lado, vai voltar a registar ativos por impostos diferidos no valor de 22,9 milhões.

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Moody’s vê “subida de preços fora do normal” nas casas em Lisboa e no Porto

A agência de notação financeira acredita que o preços das casas vão continuar a aumentar, pelo menos nos próximos 12 a 18 meses.

O mercado imobiliário está ao rubro. E assim deverá continuar. A Moody’s acredita que os aumentos sucessivos de preços que se têm vindo a registar deverão continuar nos próximos 12 a 18 meses. Mas alerta para o risco que é a subida a um “ritmo fora do normal” dos preços dos imóveis tanto em Lisboa como no Porto.

“Prevemos uma inflação contínua nos preços da habitação nos próximos 12 a 18 meses”, especialmente nas zonas mais prime da capital, começa por dizer a agência de rating, no relatório sobre o mercado imobiliário em Portugal. Para a Moody’s, essas subidas sucessivas devem-se ao ambiente macroeconómico mais forte e ao elevado investimento internacional em imóveis nacionais.

“Em algumas zonas do país, os preços têm acelerado rapidamente, especialmente em algumas partes de Lisboa e, com menos rapidez, em algumas partes do Porto”, diz António Tena, vice-presidente e analista da Moody’s. E alerta: “o mercado imobiliário nessas áreas está a acelerar a um ritmo fora do normal”.

Esta subida que a Moody’s considera “fora do normal” é assim retratada tendo em conta que os níveis de rendimento das famílias portuguesas que “parecem não acompanhar o crescimento dos preços das casas nessas zonas”, alerta a agência de notação financeira norte-americana.

“As condições do mercado de trabalho estão a melhorar, o que está a sustentar a procura interna e a contribuir para preços de habitação mais elevados. A menor taxa de desemprego significa que existem mais consumidores em condição de pagar as hipotecas e, desta forma, comprar, vender e reabilitar os imóveis“, continua a Moody’s. No entanto, o ritmo de subida de preços e o dos rendimentos das famílias está desfasado.

Para além do mercado de trabalho, o turismo e os sucessivos investimentos internacionais também contribuem para esta dinâmica do mercado imobiliário, sobretudo devido aos regimes fiscais, para o residente não habitual e os vistos gold.

“O equilíbrio do mercado imobiliário interno irá desequilibrar-se se os compradores tiverem expectativas irrealistas sobre o quão mais os preços irão aumentar”, alerta a Moody’s.

Apesar destes sinais de alarme, a agência afasta a ideia de que há uma bolha no mercado, tal como o Banco de Portugal o fez ainda recentemente no Relatório de Estabilidade Financeira. “Não existe nenhuma indicação de que a taxa de construção esteja a ser hiperativa [esteja a crescer demasiado face à procura], o que, se fosse esse o caso a nível nacional, poderia indicar uma potencial bolha nos ativos imobiliários”.

Diz, antes, que o aumento dos preços é positivo para os bancos, nomeadamente para o financiamento destes no mercado de obrigações hipotecárias e de títulos garantidos por hipotecas residenciais (RMBS em inglês). À imagem do que acontece com o malparado, com a subida do valor dos imóveis ficam limitadas as perdas nos empréstimos em caso de incumprimento dos devedores, porque o valor das propriedades que são depois vendidas chega para cobrir uma grande parte do dinheiro perdido.

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Quando é que vai receber o subsídio de desemprego? Segurança Social lança uma app que dá a resposta

A Segurança Social lança, esta quinta-feira, uma nova aplicação móvel que, entre outros serviços, permitirá aos contribuintes consultar o estado do pagamento das suas prestações sociais.

A Segurança Social lança, esta quinta-feira, um novo canal de comunicação: uma aplicação móvel que permitirá aceder à caixa de mensagens da Segurança Social Direta, sincronizar o calendário de evento da Segurança Social com a agenda do smartphone e consultar o estado do pagamento das prestações sociais. Esta app já está disponível para o sistema Android e, nos próximos dias, também chegará ao iOS.

“De forma ágil e simples, os cidadãos e as empresas podem agora aceder aos serviços da Segurança Social, onde quiserem e onde estiverem“, explica o Governo, em comunicado.

Nesta versão inicial da app, estão disponíveis os seguintes serviços: a consulta do valor e do dia previsto para o pagamento das prestações sociais, a caixa de mensagens da Segurança Social Direta e a sincronização dos eventos com a agenda do dispositivo.

O Ministério de Vieira da Silva garante, contudo, que, ao longo do tempo, esta aplicação móvel será atualizada com novas funcionalidades e sublinha que, para já, não é possível fazer uploads de documentos, sendo necessário, nesses casos, usar o computador.

Para utilizar este novo canal de comunicação é necessário ter um registo na Segurança Social Direta. Recorde-se que, através da funcionalidade ‘Senha na Hora’, os contribuintes que tenham o número de telemóvel ou endereço de email atualizados podem registar-se de na Segurança Social Direta de modo imediato através do envio de um código de verificação por SMS ou correio eletrónico (ao invés de por carta).

“Estas novas aplicações prosseguem a estratégia de modernização da Segurança Social, tornando-a mais simples e mais próxima dos cidadãos”, defende o Executivo. O Governo refere ainda que a app foi desenvolvida pelo Instituo de Informática e integra o Simplex 2018.

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Ministra da Justiça diz que juízes têm direito à greve

Em entrevista à RTP, Francisca Van Dunem defende que não questiona, "de todo, o direito à greve, mas apenas o momento".

A área da Justiça enfrenta uma série de greves realizadas e marcadas de forma faseada, estendendo-se até 2019.

Em entrevista à RTP, a ministra da Justiça Francisca Van Dunem esclarece: “Não me sinto cercada. Estamos no final do ano até começar o ano eleitoral. É natural que as estruturas sindicais pensem que é agora ou nunca”. Justificando que esta legislatura foi uma altura de “recuperação de rendimentos dos portugueses: houve um esforço financeiro muito grande”. E quando há uma recuperação, as pessoas querem “muito rapidamente essa recuperação financeira mas isso não pode ser feito de forma integral nesta legislatura”. A titular da pasta da Justiça não desvaloriza essas mesmas greves, mas considera que o momento é esclarecedor. “Neste caso, não questiono, de todo, o direito à greve, mas apenas o momento”.

E admite que há determinadas profissões que têm de ter “um determinado grau de humanidade e compaixão”, referindo-se à greve dos guardas prisionais na altura do Natal. No contexto prisional, a ministra referiu ainda que “temos mais presos que noutros países. E o nível de reincidência também é muito elevado”.

No que toca à corrupção, perante os números de aumento de número de investigações na área da criminalidade económico-financeira, a ministra disse que Portugal não é, de todo, um país de corruptos, estando em 29.º lugar do ranking. “Mas tivemos um grande avanço ao nível de capacidade de esclarecimento do crime”. Acrescentou ainda que o país “tem legislação de combate à corrupção muito completa”. Mas admite que lhe causa “apreensão” a divulgação de interrogatórios judiciais em meios de comunicação social. “Quem está a ser interrogado está num momento de constrangimento e que visto pelo público, não tem a mesma interpretação. (…) mesmo em processos em segredo de justiça deve haver ponderação em tornar públicos os interrogatórios”.

Quanto à greve dos juízes, as ministra entende que “se não se criar um mecanismo em que a dimensão laboral não se exprima nessa forma, podemos correr o risco de ter elementos menos controlados”. A partir do momento em que a Constituição da República Portuguesa (CRP) diz que os magistrados são titulares de órgãos de soberania, “diria que teremos então de clarificar essa questão no futuro”. Mas assumiu ser defensora que os juízes têm direito à greve.

Ano de 2018 fértil em greves na Justiça

O ano de 2018 foi fértil em greves na área da Justiça, com juízes, funcionários judiciais, guardas prisionais e trabalhadores dos registos e notariado a realizarem paralisações com níveis de adesão elevados e afetando tribunais e outros serviços.

A mais recente, e a acabar o ano, vem da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal (ASFIC) da Polícia Judiciária que anunciou dois dias de greve para janeiro, queixando-se da falta de pessoal e de investimento na estrutura desta polícia que investiga a criminalidade mais grave e sofisticada, no que se inclui a corrupção e crimes conexos.

A aumentar a onda de contestação no setor, relacionada sobretudo com o estatuto, progressão na carreira, remuneração e falta de pessoal, foi também anunciada há dois dias a possibilidade de o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) convocar uma greve, em protesto pela a possibilidade de PS e PSD aprovarem no parlamento uma alteração à composição do Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) de forma a que tenha uma maioria de representantes do poder político.

Em “maré” de greve andaram durante o princípio e o final deste ano os guardas prisionais, que protestam contra o atraso na revisão do estatuto profissional, exigindo que sejam retomadas as negociações com o Ministério da Justiça, suspensas em agosto.

No quadro da revisão do estatuto, o Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) reivindica a atualização da tabela remuneratória, criação de novas categorias (incluindo chefe-coordenador) e um novo subsídio de turno, mas em cima da mesa está também a alteração dos horários de trabalho, o descongelamento das carreiras e a admissão de novos guardas para a quase meia centena de prisões do país.

Também o Sindicato Independente do Corpo da Guarda Prisional marcou uma greve a decorrer entre 15 de dezembro e 6 de janeiro, coincidindo em alguns dias com a paralisação marcada pelo SNCGP. Na entrevista, a ministra explicou: “precisamos de tempo para ver se o que os guardas prisionais querem é fazível em termos financeiros”.

As greves já realizadas afetaram o transporte de reclusos para os tribunais e outras diligências externas, mas foi, sobretudo, o cancelamento de períodos de visita aos presos que causou um primeiro motim no Estabelecimento Prisional de Lisboa e, mais tarde, distúrbios em Custoias, distrito do Porto.

Os juízes, que já não faziam greve há mais de uma década, optaram este ano por esta forma de luta em protesto nacional contra a revisão do seu Estatuto, que consideram “incompleta”, por não contemplar reivindicações remuneratórias e de carreira.

O primeiro dia da greve convocada pela Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP) foi 20 de novembro e teve uma adesão a rondar os 90%, num universo de cerca de 2.300 magistrados. Outros greves parciais foram já cumpridas e até outubro de 2019 estão previstas mais paralisações, num total de 21 dias de protesto.

O ano de 2018 ficou também marcado por greves dos funcionários judiciais, por matérias ligadas à revisão estatutária, aposentação e contagem de tempo de serviço, tendo os protestos, muitos deles à porta dos tribunais, levado ao cancelamento de vários julgamentos e de outras diligências. Em junho, a greve juntou os dois sindicatos do setor, devido à falta de resposta imputada ao Ministério da Justiça.

Na terça-feira, o Sindicato Nacional dos Registos (SNR) também entregou um pré-aviso de greve daqueles trabalhadores para 26, 27 e 28 de dezembro, reivindicado, entre outros pontos, a promoção imediata dos escriturários a escriturários superiores e outros aspetos da revisão das carreiras.

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O que é que os EUA têm e nós não? Flexibilidade laboral

O mercado de trabalho dos Estados Unidos é o mais competitivo do mundo. Por sua vez, Portugal ocupa a 35.ª posição desse ranking. O que falta aos lusos? A flexibilidade norte-americana.

Estados Unidos têm o mercado de trabalho mais competitivo do mundo.

No mercado de trabalho mais competitivo do mundo, o despedimento não pesa muito sobre as contas das empresas, os profissionais navegam fluentemente entre estados federais à procura das melhores oportunidades e o alargamento do ensino secundário à grande maioria da população tornou-se uma realidade muito antes — quase um século antes, na verdade — de se concretizar em Portugal. Já adivinhou onde fica essa terra prometida da prosperidade laboral? À porta, há uma deusa neoclássica vestida de verde com uma tocha na mão direita.

Na categoria do The Global Competitiveness Report 2018 dedicada à flexibilidade laboral e à gestão de talento, são os Estados Unidos a ocupar o lugar mais alto do pódio. Nesse ranking publicado pelo World Economic Forum, Portugal ocupa a 35.ª posição. Assim, apesar de superarem os norte-americanos no que diz respeito aos direitos dos trabalhadores, os lusos têm ainda muito a aprender no que diz respeito à competitividade.

“O contrato sem termo nos Estados Unidos não existe. O despedimento é livre”, começa por explicar ao ECO o professor João Cerejeira, da Escola de Gestão e Economia da Universidade do Minho. “Os custos por despedimento são muito baixos. Por isso, a flexibilidade das empresas é maior do que no mercado europeu“, acrescenta o académico.

De acordo com o World Economic Forum, nos Estados Unidos, as empresas não têm qualquer custo de redundância, isto é, não pagam indemnizações aos trabalhadores cujos postos de trabalho sejam extintos. De facto, no país liderado por Donald Trump, essa matéria é determinada caso a caso, no momento da negociação do contrato de trabalho.

Por cá, de acordo com o Código do Trabalho, em caso de despedimento por eliminação do posto de trabalho, os empregadores têm de pagar uma compensação “correspondente a 12 dias de retribuição base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade“, sendo o montante global não superior a 12 vezes o salário mensal e diuturnidades. Na opinião de João Cerejeira, essa diferença entre o modelo norte-americano e o português é uma das que mais pressionam a competitividade lusa.

“Liberalizar o despedimento parece-me desadequado”, afirma, por sua vez, António Bagão Félix, antigo ministro do Trabalho e da Segurança Social, em conversa com o ECO. O político apela, antes, há flexibilização da contratação e defende que soluções como o contrato a termo não são nefastas. “O problema não está no seu uso, está no seu abuso”, assinala.

EUA são os segundos melhores do mundo nas políticas ativas de emprego

Fonte: World Economic Forum

A agravar esse fosso transatlântico está, também, a “maior proteção no desemprego” oferecida deste lado do oceano, nomeadamente ao nível do subsídio de desemprego. Ainda que variem de estado para estado, estes apoios tendem a ser magros na terra do “sonho americano”, o que acaba por exigir uma “postura mais ativa” da parte de quem ficou sem trabalho, uma vez que os seus rendimentos ficam “muito limitados”, conta o professor da Universidade do Minho.

“[A proteção no desemprego] justifica-se mas reconheço que, nalguns casos, pode desincentivar a procura de trabalho”, concorda António Bagão Félix.

[A proteção no desemprego] justifica-se mas reconheço que, nalguns casos, pode desincentivar a procura de trabalho.

António Bagão Félix

Nesse sentido, é ainda importante notar que, no ranking do World Economic Forum, os Estados Unidos conquistam uma melhor pontuação do que Portugal, no que diz respeito às políticas ativas de apoio à procura de novas posições profissionais. Os americanos recebem 5,7 de sete pontos, enquanto que Portugal se fica pelos 4,2 de sete pontos.

A seguir à Suíça, os Estados Unidos são os melhores do mundo neste capítulo. Portugal ocupa o 38.º lugar.

“As políticas ativas de emprego têm permanecido, no essencial, semelhantes, em Portugal”, sublinha Bagão Félix. O ex-governante reforça que é preciso promover medidas mais diretas (como a promoção do investimento), porque é “assim que se cria emprego, não através de subsídios”. “A subsidiação é uma aspirina, quando precisamos de um medicamento com efeito a médio e longo prazo”, frisa o político, referindo também que as políticas em vigor são meros “paliativos”, cuja eficácia, diz, nem sequer tem sido verdadeiramente avaliada.

EUA mais competitivos porque “otimizam” lideranças

Estados Unidos têm um mercado de trabalho mais competitivo, porque “otimizam” as lideranças, diz o consultor da IMBS.Štefan Štefančík / Unsplash

Sem surpresa, Portugal fica longe do topo da tabela, no que diz respeito à produtividade. Nesse parâmetro do ranking do World Economic Forum, os lusos conquistam 3,9 de sete pontos. Comparativamente, os Estados Unidos, o país mais produtivo do mundo, recebe 5,8 de sete pontos.

Fonte: Eurostat, INE e Pordata

Há muito que a debilitada produtividade portuguesa tem sido apontada como uma das fraquezas da economia nacional. De acordo com os dados já divulgados pelo Eurostat e pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE), por cada hora trabalhada, os portugueses fazem 21,8 euros, o que ficam bem abaixo da média comunitária: 40 euros. No Velho Continente, em 2017, foram o Luxemburgo (84,2 euros), a Irlanda (81,2 euros) e a Dinamarca (71,2 euros) os mais produtivos. O que precisa Portugal de aprender?

“Este é um tema que precisa de ser muito detalhado, porque varia de setor para setor”, começa por avisar Miguel Santos. Em conversa com o ECO, o partner da IMBS (consultora que se dedica à melhoria da rentabilidade operacional das empresas portuguesas) explica que o que diferencia o mercado de trabalho português do norte-americano é, sobretudo, a “capacidade de otimização das lideranças”.

“Em Portugal, os profissionais passam a chefias consoante os anos de casa”, critica o especialista, referindo que, muitas vezes, esses responsáveis não têm nem qualificações nem vocação para tais posições, o que afeta a forma como se motivam os trabalhadores e até como a produtividade é interpretada pelas empresas.

Além deste problema, Santos diz que o mercado lusitano é pouco organizado, carece de estratégia e tem dificuldades em definir as suas prioridades, o que tem um impacto significativo na produtividade do país e, consequentemente, na sua competitividade.

Por sua vez, Bagão Félix identifica a fraca formação profissional e a legislação laboral como entraves à promoção da produtividade nacional, apelando ao robustecimento da meritocracia.

Sindicatos puxam pelo mercado americano

Jogadores da NBA têm contrato coletivo de trabalho, conta João Cerejeira, como exemplo do forte poder sindical nos EUA.

Se as empresas norte-americanas beneficiam de “flexibilidade” no momento de cortarem os laços que consideram redundantes, o mesmo se pode dizer dos trabalhadores em duas outras etapas das suas carreiras: na negociação salarial e na mobilidade interna.

Nos parâmetros “flexibilidade na fixação de salário” e “mobilidade laboral interna”, os Estados Unidos conquistam 5,7 de sete pontos. Portugal assegura, respetivamente, 4,8 e 3,9 de sete pontos.

Mobilidade interna é uma das características mais fortes dos EUA

“As empresas são maiores, logo há maior mobilidade entre postos de trabalho”, esclarece João Cerejeira. Além disso, o professor aproveita para sublinhar que, nesta matéria, conta muito a presença dos sindicatos. “São eles que assumem o papel da negociação. Por cá, os sindicatos aparecem de forma coletiva, em representação do setor”, conta o académico.

Cerejeira refere como exemplo dessa forte marca sindical o caso dos jogadores de basquetebol da NBA. “Têm um contrato coletivo. Os salários são livres, mas as compensações estão reguladas no contrato coletivo”, adianta.

Ainda do ponto de vista do capital humano, Cerejeira nota que “a extensão à maioria da população do ensino secundário aconteceu quase um século antes” nos Estados Unidos, o que permitiu ao mercado norte-americano ganhar competitividade. A forte ligação das empresas aos polos tecnológicos é outro trunfo que faz esse país ganhar terreno.

Impostos sobre o trabalho são mais pesados em Portugal

Portugueses batem os norte-americanos… nos impostos aplicados aos rendimentos do trabalho.Pixabay

Há apenas dois pontos da tabela do World Economic Forum em que Portugal consegue ultrapassar os Estados Unidos: nos direitos dos trabalhadores e nos impostos sobre o trabalho. Os rendimentos dos norte-americanos são alvos de um imposto de 9,8% enquanto que, por cá, a taxa é de 26,8%.

Além disso, de acordo com o Taxing Wages 2018, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Portugal é o 13.ª país (dos 35 Estados considerados) com a carga fiscal sobre o trabalho (impostos sobre o rendimento e contribuições de trabalhadores e empregadores para a Segurança Social) mais pesada.

Portugal entre países com carga fiscal sobre trabalho mais pesada

Fonte: OCDE

“A carga fiscal [é mais leve nos EUA], mas também há menos serviços públicos. Na relação laboral, o plano de saúde é, por isso, uma componente importante do salário”, reforça João Cerejeira, referindo que deste lado do oceano há uma maior “proteção social” à boleia desses impostos.

António Bagão Félix conclui, por outro lado, que é preciso garantir estabilidade fiscal para promover a competitividade do mercado de trabalho português, avisando, por fim, que “o sistema fiscal não deve andar aos ziguezagues”.

O que eles têm e nós não?

Portugal podia ser um país mais competitivo? Podia. Como? Se imitasse os melhores. Seríamos os primeiros se tivéssemos a percentagem de utilizadores de Internet da Islândia, um serviço de saúde igual a Espanha, uma oferta de comboios idêntica à da Suíça, o sistema judicial da Finlândia ou uma tolerância ao risco das startups semelhante a Israel. E há mais, muito mais.

Para assinalar os dois anos do ECO, olhamos para Portugal no futuro. Estamos a publicar uma série de artigos, durante três semanas, em que procuramos saber o que o país pode fazer, nas mais diversas áreas, para igualar os melhores do mundo.

Segundo o World Economic Forum, Portugal está em 34.º no ranking da competitividade de 2018. Vamos “visitar” os mais competitivos do mundo, nas mais diversas áreas, e tentar perceber “O que eles têm e nós não?”. Clique aqui para ver todos os artigos da série.

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Negociações China-EUA animam Wall Street, mas não afastam volatilidade

Apesar dos ganhos, volatilidade nas bolsas norte-americanas poderá manter-se até ser alcançado um acordo entre os dois gigantes, o que só deverá acontecer no final de fevereiro.

Wall Street fecha em alta, graças ao otimismo de Donald Trump em relação a um acordo comercial com a China. O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou esta quarta-feira, em entrevista à Reuters, que não irá tomar qualquer decisão sobre novas subidas nas tarifas aduaneiras às importações chinesas antes de chegar a acordo com Pequim.

O índice industrial Dow Jones fechou com um ganho de 0,64% para 24.527,60 pontos, enquanto o financeiro S&P 500 subiu 0,53% para 2.651,07 pontos e o tecnológico Nasdaq avançou 0,95% para 7.098,31 pontos.

Apesar dos ganhos, os investidores mantêm-se cautelosos em relação à sustentabilidade do rally. As ações tocaram recentemente mínimos intra-diários do ano e encontraram um suporte técnico desde a recuperação

“Já tivemos numerosos testes a esses mínimos. Cada novo teste torna o suporte mais forte. Sabemos onde está o chão mais provável e há isso dá algum conforto ao mercado”, afirmou Robert Phipps, diretor da Per Sterling, à agência Reuters.

O analista sublinhou ainda que, mesmo que os mercados norte-americanos se mantenham acima dos mínimos do ano, é provável que a volatilidade se mantenha até as negociações entre China e EUA terminarem, o que deverá acontecer apenas no final de fevereiro. “Não só é improvável que Trump feche um acordo até ao final de fevereiro como a retórica deverá tornar-se mais abrasiva à medida que se aproxima a data. Há muitos assuntos políticos a pressionarem o mercado”, acrescentou Phipps.

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Moção de censura chumbada. Theresa May fica no Governo britânico

A primeira-ministra conseguiu 200 votos de confiança, face a 117 contra. May reconheceu "o número significativo" de votos contra a sua liderança e disse que procurará resposta às críticas, na Europa.

A moção de censura ao Governo britânico, liderado por Theresa May, foi chumbada no Parlamento. A votação que aconteceu esta quarta-feira à noite em Londres teve o resultado esperado já que a maioria dos deputados conservadores já tinha garantido apoio à primeira-ministra.

“O resultado da votação desta noite é que o partido parlamentar tem confiança em Theresa May”, afirmou o conservador Graham Brady, entre aplausos da audiência. Acrescentou que May conseguiu 200 votos de confiança (63%), face a 117 declarações contra.

Ficou assim acima dos 158 votos contra a moção de censura necessários para se manter no poder e ultrapassou a prova de fogo lançada pelo próprio partido. O chumbo da moção de censura reforça a liderança da primeira-ministra, que não pode voltar a ser posta em causa no espaço de um ano. Assim, May ganha mais confiança para fechar o processo do Brexit e conduzir o Reino Unido até à porta de saída do bloco europeu.

Após terem sido conhecidos os resultados, a primeira-ministra afirmou estar “feliz” por receber o apoio do partido no “final de um longo dia”, mas reconheceu “o número significativo” de votos contra a sua liderança. “Ouvi o que disseram”, disse May. “Ouvi o que a Casa dos Comuns disse sobre a Irlanda do Norte e, quando estiver no Conselho Europeu amanhã [quinta-feira] vou procurar garantias legais e políticas que aliviem as preocupações dos membros do Parlamento“.

“Após esta votação, temos de avançar com a tarefa de conseguir um Brexit que assegure às pessoas britânicas e ao país um futuro melhor”, acrescentou Theresa May. Apesar de considerar que o acordo do Brexit é importante, sublinhou que, em simultâneo, o Governo quer centrar-se no reforço da economia britânica, na melhoria dos serviços públicos e da qualidade de vida.

Corbyn e Hammond focam-se no futuro

“O voto de confiança na primeira-ministra Theresa May é o correto. Agora é tempo de nos focarmos no futuro. O acordo dela [para o Brexit] significa que vamos honrar o resultado do referendo, enquanto salvaguardamos empregos e mantemos a confiança empresarial”, afirmou o ministro das Finanças, Philip Hammond, no Twitter.

O líder da oposição, do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn discorda e defendeu, também na rede social, que nada muda porque Theresa May perdeu a maioria no Parlamento. Lembrou ainda que os termos da saída do Reino Unido da União Europeia terão de ser votados pelos deputados proximamente.

“A votação desta noite não muda nada. Theresa May perdeu a maioria no Parlamento, o Governo está um caos e ela não tem capacidade de alcançar um acordo do Brexit que funcione no nosso país e ponha os empregos e a economia primeiro. Ela tem agora de trazer o seu acordo fracassado ao Parlamento na próxima semana”, disse Corbyn.

Antes da votação, a primeira-ministra britânica anunciou aos deputados do partido que pretende abandonar o cargo antes das eleições legislativas de 2022, de acordo com vários testemunhos. “Ela disse que não tinha a intenção de conduzir [o partido] nas eleições de 2022”, revelou o deputado Alec Shelbrooke e outros parlamentares à porta da sala onde o grupo parlamentar se reuniu para votar a moção de censura.

(Notícia atualizada às 21h45)

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José de Mello Saúde quer prolongar gestão do Hospital de Braga como PPP

Grupo que gere o hospital negou as declarações da ministra da Saúde. A suposta falta de interesse em manter o contrato levaria o Governo a considerar colocar o hospital novamente na esfera do SNS.

A José de Mello Saúde garante que pretende manter o atual contrato de gestão público-privada do Hospital de Braga. A garantia do grupo surge depois de a ministra da Saúde ter afirmado, esta quarta-feira, que o hospital poderá voltar à esfera do Serviço Nacional de Saúde por “indisponibilidade definitiva” do gestor privado.

“A José de Mello Saúde mostrou-se, desde o primeiro momento, disponível para o prolongamento do Contrato de Gestão da PPP do Hospital de Braga, dentro do atual modelo contratual, desde que esclarecidas as condições de execução do contrato e de sustentabilidade financeira da parceria“, disse o grupo, em comunicado.

O contrato em vigor de parceria público-privada (PPP) termina em agosto de 2019 e, até agora, não foi lançado um novo concurso para a gestão do Hospital de Braga. Não há já tempo para que um novo concurso seja concluído até essa data e, segundo Marta Temido, o Governo desafiou a atual gestão para continuar nas mesmas condições, mas não houve interesse no prolongamento do atual contrato nos moldes atuais.

O grupo contraria, no entanto, essa declaração. “A José de Mello Saúde orgulha-se do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido no Hospital de Braga e que o tem colocado num lugar de destaque no contexto do Serviço Nacional de Saúde”, acrescentou ainda, no mesmo comunicado.

O presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, também já tinha reagido às afirmações, pedindo à ministra que seja clara. “Temos de perceber se o Governo quer ou não manter o modelo de parceira público privada e se vai ou não lançar um novo concurso para a gestão público-privada do Hospital de Braga”, disse o autarca.

Rio defendeu que é necessário chegar a um entendimento com a atual gestão para que esta assegure, durante o período de transição, a gestão do hospital, até que seja lançado um novo concurso e escolhido um novo parceiro. “Há margem para melhorar o serviço do Hospital, mas a avaliação da Câmara, e a minha pessoal, é positiva. As próprias auditorias que foram feitas demonstram que há algum desaproveitamento da infraestrutura mas mais da parte do Estado porque não está a contratualizar”, acrescentou.

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Roménia quer adotar o euro até 2024

  • Lusa
  • 12 Dezembro 2018

Primeira-ministra romena fixa nova meta para aderir à moeda única. O país pretende contribuir durante a sua presidência da UE para reduzir as distâncias entre antigos e novos estados-membros.

A Roménia espera adotar o euro até 2024 e pretende contribuir durante a sua presidência da União Europeia, que começa a 01 de janeiro, para reduzir as distâncias entre antigos e novos membros, disse esta quarta-feira a primeira-ministra.

“O nosso objetivo é que a Roménia adote o euro até 2024”, anunciou Viorica Dancila no parlamento de Bucareste, a menos de três semanas da primeira presidência romena da UE.

O país, que aderiu à União em 2007, pretendia inicialmente aderir à moeda única em 2019, mas fixou um novo objetivo após reconhecer em 2015 que ainda não estava em condições de cumprir os critérios de convergência.

A Roménia, o segundo país mais pobre da UE, pretende recuperar o seu atraso e garante esta quarta-feira uma das taxas de crescimento mais sustentadas dos 28 Estados-membros, com 4,1% no terceiro trimestre, após 6,9% em 2017.

No decurso do seu semestre à frente da União, Bucareste pretende contribuir para “apagar as linhas de demarcação e os desequilíbrios” no seu interior, sublinhou a dirigente social-democrata.

“Será necessário ultrapassar as abordagens do género ‘antigos membros contra novos membros’ ou ‘oeste contra leste’”, sublinhou, numa altura em que as distâncias em termos de desenvolvimento permanecem assinaláveis na sequência dos alargamentos da década de 2000.

Colocado sob o signo da “coesão”, a presidência romena destina-se a “garantir hipóteses e benefícios iguais para todos”, para que “não existam mais cidadãos de primeira e de segunda classe”, indicou a primeira-ministra.

Em novembro, a Comissão europeia aprovou um relatório negativo sobre uma controversa reforma da justiça desencadeada pela maioria social-democrata, que segundo Bruxelas se arriscava a comprometer a independência dos magistrados.

À semelhança da vizinha Bulgária, a Roménia está submetida desde a adesão de 2007 a um mecanismo de vigilância reforçada do seu sistema judicial e da sua luta contra a corrupção, dois domínios onde os progressos permanecem discutíveis.

Dancila voltou esta quarta-feira a questionar este mecanismo de vigilância considerado discriminatório por Bucareste, sublinhando que a “Roménia deseja garantir respeito e direitos iguais no interior da União”.

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