Tomás Correia: CGD devia ter questionado em tribunal operação ruinosa das Obrigações Caravelas. “Não percebo porque é que pagámos e calámos”

Tomás Correia, administrador da CGD entre 2000 e 2003, diz que propôs que o banco tentasse anular em tribunal o negócio ruinoso com a Credit Suisse e que não entende porque a CGD não o tentou fazer.

O presidente da Associação Mutualista Montepio Geral, Tomás Correia, que foi administrador da Caixa Geral de Depósitos, disse esta terça-feira no Parlamento que renunciou à administração da CGD por discordar da política de crédito da instituição e pela gestão dos ativos feita pelo banco público. Tomás Correia defendeu ainda que “a CGD devia discutir isto até às últimas consequências” para discutir a legalidade da operação Boats Caravelas, iniciada em 2009 e que deu um prejuízo à CGD na ordem dos 450 milhões de euros.

Conhecia a operação, mas não foi ele quem a apresentou ao conselho de administração da CGD, nem sabe quem fez a apresentação, e certamente que quem o fez deixou de fora a parte mais importante, porque os administradores não sabiam. Foi assim que Tomás Correia respondeu às questões do PS sobre a operação da Boats Caravela, uma das operações ruinosas do banco público.

“Como é que alguém, o Credit Suisse, troca ativos a seu belo prazer, provoca esse prejuízo à Caixa que não estava contido naquilo que foi decidido no conselho de administração, e depois alguém faz um acordo de não vamos aqui discutir. Uma coisa destas vale a pena ser discutida em todos os tribunais do mundo”, disse Tomás Correia, na sua audição na comissão parlamentar de inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos.

Tomás Correia disse que propôs que esse contrato fosse contestado pela via judicial, talvez no ano de 2001, e que houve tentativa de encontrar escritórios de advogados para contestar o negócio, mas por alguma razão, que não explicou, a CGD nunca tentou questionar a validade do contrato. “Eu saí da Caixa. Não sei o que levou as administrações sucessivas a não discutir essa matéria”, disse.

João Paulo Correia, do PS, questionou sucessivamente Tomás Correia sobre quem levou a operação ao conselho de crédito e ao conselho de administração, com Tomás Correia a invocar sempre que não sabia, mas imputando a responsabilidade desse tipo de negócios à administração financeira. João Paulo Correia disse a Tomás Correia que “ninguém acredita neste país naquilo que o senhor está a dizer”, mas Tomás Correia respondeu garantindo que a administração não tinha conhecimento dessa cláusula.

“Não estou a contar nenhuma história, senhor deputado. Mas há uma coisa que pode ter a certeza absoluta, a questão mais importante, que vim a tomar conhecimento mais tarde, que o Credit Suisse tinha a faculdade de gerir os ativos desse veículo a seu bel-prazer nunca foi colocada ao conselho de administração, nem ao conselho diário”, disse, alinhando com o que António de Sousa já tinha dito na mesma comissão.

“Há um erro monumental em aceitar essa cláusula, que não foi o conselho de administração que aceitou. (…) Tenho muitas dúvidas que o argumento de investidor qualificado permitisse ao Credit Suisse levar vencimento nisso. E ninguém vai discutir isso em tribunal? Não percebo porque é que não discutimos isso em tribunal, porque é que pagámos e calámos”, disse, desta vez em resposta à deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua.

A maior parte da audição do atual presidente da Associação Mutualista Montepio Geral gerou em torno desta operação, com o Partido Socialista a ser quem mais insistiu no tema e nas responsabilidades de Tomás Correia neste processo.

No entanto, Tomás Correia insistiu sempre que o conselho de administração só aprovou a operação e não o contrato. Sobre o contrato, disse que só teve conhecimento da existência das cláusulas mais tarde, e que em nenhum momento estas foram apresentadas ao conselho de administração da Caixa Geral de Depósitos da altura. Tomás Correia insistiu também que não tinha o pelouro financeiro — era Vieira Monteiro — e que se alguma vez esse contrato tivesse sido apresentado com essas mesmas cláusulas, não teria aprovado esse contrato.

O contrato é feito, provavelmente enviado pelo Credit Suisse, e alguém não enviou o contrato ao advogado ou ao departamento jurídico. Como é que o conselho de administração advinha?”, disse.

Sobre a sua renúncia à Caixa Geral de Depósitos, Tomás Correia disse que aconteceu devido a “discordâncias em relação ao caminho que a Caixa Geral de Depósitos estava a trilhar e essas discordâncias não tinham exclusivamente a ver com o facto de a politica de crédito não ser a mais adequada”, que era também um dos problemas.

Tomás Correia citou ainda a política da CGD de “vender na primeira oportunidade” ativos como as posições em dois bancos brasileiros, o Unibanco e o Itau, que disse que poderiam ter rendido muito mais dinheiro ao banco público, e ainda deixou questões sobre a aplicação do dinheiro ganho com a venda dessas participações: “depois do que aconteceu na aplicação dessas mais-valias é uma questão que me leva a questionar muitas coisas que se passaram”.

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Governo vai contratar por ajuste direto 16 meios aéreos de combate a incêndios

  • Lusa
  • 28 Maio 2019

O Governo vai contratar por ajuste direto 16 meios aéreos para combate aos incêndios, anunciou Eduardo Cabrita. Ministro sob críticas por atrasos na contratação.

O Governo vai fazer ajustes diretos para a contratação de 16 meios aéreos de combate a incêndios florestais, anunciou o ministro da Administração Interna no Parlamento.

“Com base na declaração de alerta face à avaliação das condições meteorológicas desta semana, o ministro da Defesa assinou ainda ontem [segunda-feira] o despacho que permite a realização de ajustes diretos para 16 meios aéreos”, disse Eduardo Cabrita na Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

O ministro respondia aos deputados do PSD Marques Guedes e Duarte Marques, que acusaram o Governo de ter voltado “a falhar na contratação atempada de meios aéreos” de combate aos fogos.

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Portugal reeleito para o Conselho Executivo da Organização Mundial do Turismo

Portugal vai ficar mais quatro anos no Conselho Executivo da Organização Mundial de Turismo (OMT). A contribuir para esta reeleição está o papel que o país tem vindo a ganhar no setor.

Portugal vai ficar mais quatro anos no Conselho Executivo da Organização Mundial do Turismo (OMT). O país foi reeleito para um segundo mandato, ficando à frente da Turquia, Itália e França. Os inúmeros prémios que Portugal tem angariado neste setor, como por exemplo de melhor destino do mundo nos Óscares do Turismo, contribuíram para a nomeação deste segundo mandato.

A reeleição aconteceu esta terça-feira, durante a 64.ª Reunião da Comissão para a Europa da OMT, que decorreu em Zagreb, capital da Croácia. Estiveram presentes 41 votantes, fazendo deste o “ato eleitoral mais participado de sempre”, refere um comunicado do gabinete da Secretária de Estado do Turismo.

Portugal destacou-se ao receber 29 votos, à frente da Turquia (26 votos), da Itália (25) e de França (21). “A reeleição de Portugal para o Conselho Executivo da OMT, que foi objeto de uma longa e intensa campanha diplomática e conseguida num pleito muito disputado, reconhece a afirmação internacional e o reconhecimento da estratégia que Portugal está a desenvolver no turismo“.

Prova disso são os inúmeros prémios que o país tem angariado no setor, como o de Melhor Destino do Mundo pelo segundo ano consecutivo, sendo considerado atualmente um “case study em termos de inovação e sustentabilidade”. Portugal tem sido usado pela OMT como exemplo de país onde “o turismo tem sido um instrumento essencial para o crescimento económico, criação de emprego e captação de investimento”.

Este ano, a OMT escolheu Portugal para iniciar a rede internacional de academias de formação no turismo e para realizar o primeiro Mayors Forum da OMT, onde foram debatidos os desafios da sustentabilidade do turismo nas cidades. Além disso, fomos o primeiro país parceiro no concurso mundial de startups no turismo da OMT, estando três das startups vencedoras a desenvolver os seus projetos em Portugal.

O Conselho Executivo é o órgão máximo da OMT e é responsável por definir as prioridades de intervenção e o plano de atividades da organização. Portugal integra a OMT desde 1976 e foi eleito pela primeira vez para este órgão em 1985 e, posteriormente, em 2005. Esta é a primeira reeleição consecutiva de Portugal e este segundo mandato tem uma duração de quatro anos.

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Galp recua mais de 1% e atira Lisboa para terreno negativo

Os títulos da Galp Energia recuaram 1,6%, na segunda sessão da semana e atiraram Lisboa para terreno negativo. O desempenho da praça nacional ficou em linha com o europeu.

Em linha com as demais praças do Velho Continente, Lisboa terminou a sessão desta terça-feira no vermelho. Depois de um início de semana animado pelos resultados nas Eleições Europeias, a praça nacional ficou em terreno negativo, pressionada sobretudo pelos títulos da Galp e da Sonae.

O índice de referência nacional, o PSI-20, desvalorizou 0,67% para 5.106,69 pontos, seguindo a tendência registada nas restantes praças europeias. O Stoxx 600 recuou 0,2%, o alemão DAX 0,4%, o francês CAC 0,5% e o espanhol IBEX 0,3%.

A pressionar a praça lisboeta, estiveram sobretudo os títulos da Galp Energia, que desvalorizaram 1,63% para 13,86 euros. Os investidores estão expectantes quanto ao próximo passo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e outras nações aliadas, que têm encontro marcado para o próximo mês. Enquanto isso, o preço do ouro negro tem sido influenciado pelos dados que têm sido divulgados da produção.

Também no setor da energia e igualmente em terreno negativo, as ações da EDP recuaram 0,42% para 3,357 euros e as da EDP Renováveis caíram 0,79% para 8,74 euros.

Destaque ainda para os títulos da Sonae, que recuaram 2,6% para 0,8905 euros, no dia em que descontam o dividendo de 4,41 cêntimos que será pago aos acionistas. Também no retalho, as ações da Jerónimo Martins caíram 0,96% para 13,89 euros. E os títulos da Navigator recuaram 1,49% para 3,308 euros, pesando sobre Lisboa.

Do outro lado da linha, ficaram as ações do BCP — que somaram 0,16% para 0,2572 euros — e dos CTT — que avançaram 0,78% para 2,316 euros.

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Chineses do EMGI Group vão construir o sexto condomínio em Lisboa. Amoreiras vão ter 44 novos apartamentos

Junto ao Jardim das Amoreiras, em Lisboa, vai nascer um condomínio com 44 apartamentos, que deverá estar concluído no início de 2021. Moradores terão acesso a piscina privada.

É na zona das Amoreiras, mais concretamente no jardim, que vai nascer um novo condomínio residencial. Serão 44 apartamentos que deverão estar prontos a habitar em menos de dois anos e que prometem dinamizar a vivência do bairro no Jardim das Amoreiras. O projeto vai ser levado a cabo pelos chineses do EMGI Group e os preços dos apartamentos vão começar nos 320 mil euros, mas podem ultrapassar a barreira do milhão.

Em breve, a rua Sousa Pinto vai acolher o Amoreiras Garden, um condomínio familiar com oito pisos acima do solo e com “vista desafogada sobre a cidade”. Ao todo vão ser 44 apartamentos, de tipologias T1 a T5, com áreas entre os 48 e os 309 metros quadrados. De acordo com a informação adiantada ao ECO pela JLL, responsável pela comercialização, o projeto pertence ao EMGI Group.

Os futuros moradores, que poderão mudar-se em meados do primeiro trimestre de 2021, terão ainda direito a estacionamento e acesso à piscina privada do condomínio. A maioria dos apartamentos terá uma área exterior e alguns terão mesmo uma piscina privada para uso exclusivo dos seus moradores.

Amoreiras Garden

O projeto está a ser comercializado pelo Departamento Residencial da JLL, que arrancou esta terça-feira com o processo de venda dos imóveis. “As Amoreiras são um dos bairros mais valorizados pelas famílias em Lisboa e cada vez mais apreciado pelos clientes internacionais, com uma vasta oferta cultural, comercial e de serviços, incluindo algumas das melhores escolas da região”, diz Patrícia Barão, head of residencial da JLL, em comunicado.

“O novo condomínio Amoreiras Garden é um importante reforço para a oferta imobiliária desta zona, construído de acordo com os mais modernos padrões de conforto e qualidade”, conclui a especialista.

Este não é o primeiro projeto do grupo chinês em Lisboa, pelo contrário, é o sexto. Na semana foi anunciado o lançamento do República 55, um condomínio de luxo que irá nascer nascer na Avenida da República, também em Lisboa. Vão ser 18 apartamentos de tipologias T0 a T4, com áreas entre os 33 e os 198 metros quadrados. O imóvel vai ainda contar com uma penthouse com piscina privativa.

Outros dos projetos do EMGI Group são o República 37, Palmela 21, Square 53 e o Rodrigo da Fonseca 40.

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FIFA organiza hackathon para “dar voz ao futebol”

Organização anda à procura de ideias e protótipos tecnológicos que aproximem os adeptos do futebol. Prémio para melhores projetos é bilhete para final do Mundial feminino, em Lyon.

Os assistentes de voz e outras tecnologias emergentes estão a mudar a maneira como consumimos e processamos informação e a FIFA sabe disso. Por isso, a Federação Internacional de Futebol está a organizar o primeiro hackathon, concurso virtual entre developers para procurar soluções numa área que se prevê, deverá incluir a existência de oito mil milhões de assistentes de voz em 2023, contra os 2,5 mil milhões contabilizados no final de 2018.

“Com isto em mente e, à medida que a tecnologia ganha importância na nossa vida quotidiana e na maneira como os adeptos consomem futebol globalmente, a FIFA continua à procura de novas formas de envolver a comunidade do futebol em torno da tecnologia digital, assim como explorar formas de democratizar a inovação no futebol e criar novas experiências e serviços”, explica a organização no site oficial.

A ideia da federação é que, através de um concurso deste tipo, os empreendedores participantes proponham soluções que integrem assistentes de voz com eventos e dados de futebol. O briefing que enquadra o hackathon é “dá uma voz ao futebol”.

Os vencedores serão depois avaliados segundo critérios que incluem a pertinência em relação ao tema, a qualidade e inovação da ideia ou do protótipo, a sua utilidade e a utilização de dados e da API da FIFA. As inscrições decorrem a partir de 28 de maio e, até 10 de junho, aqui. Os vencedores ganham dois bilhetes para a final feminina do Mundial de Futebol que decorre em Lyon, França, a 7 de julho.

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Pierre Moscovici defende votação por “maioria qualificada” nos assuntos fiscais

  • Lusa
  • 28 Maio 2019

O Comissário Europeu dos Assuntos Económicos e Financeiros defendeu que a matéria fiscal passe a ser votada por uma “maioria qualificada” e não por “unanimidade”.

O Comissário Europeu dos Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici, defendeu esta terça-feira que a matéria fiscal passe a ser votada por uma “maioria qualificada” e não por “unanimidade”, de forma a evitar bloqueios ao progresso em reformas essenciais.

O responsável falava hoje em Cascais durante as Conferências do Estoril, que decorrem até quarta-feira na Nova School of Business and Economics, e lamentou que as propostas da Comissão para aumentar a carga fiscal sobre os gigantes tecnológicos não tenham passado “após meses de negociação” devido ao voto de quatro Estados-membros, mas sublinhou que a ideia “não morreu” pela simples razão de que este imposto “é necessário”.

“Acredito que o trabalho complexo que desenvolvemos não foi em vão. O assunto da fiscalidade digital passou a ser uma prioridade política”, disse. “É uma questão de justiça. Os europeus não podem continuar a tolerar que as grandes companhias não paguem a sua justa parte de impostos”, acrescentou. “Taxar os gigantes da Internet é bom para todos. Significa mais receita fiscal e que os gigantes paguem uma parte justa. No final, 24 países eram a favor, apenas quatro contra. Os 24 representam 92% da população. Não podemos aceitar isto para sempre”, disse ainda Moscovici.

Durante a sua intervenção, em que fez um balanço do seu mandato de cinco anos, durante o qual foi conseguida a aprovação de um conjunto de 14 propostas, o comissário europeu destacou a adoção recente da lista negra de paraísos fiscais, lembrando que a União Europeia foi “a primeira região a fazê-lo”.

“Isto é uma clara indicação da mudança de mentalidades nos Estados-membros, numa era de escândalos fiscais em que a inação não pode mais ser uma opção. A nossa ação para combater a evasão fiscal e restaurar a justiça fiscal tem que continuar”, disse. Para Moscovici, a “reputação” é atualmente “a sanção mais poderosa” e por isso este instrumento é um verdadeiro “sucesso europeu”.

Este trabalho tem que continuar em 2019 e nos próximos cinco anos. Eu estou confiante no processo de diálogo com as jurisdições incluídas na lista”, disse o comissário sem se referir à sua continuidade na Comissão Europeia.

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As seis razões que o Banco de Portugal invoca para não divulgar relatório secreto

O Banco de Portugal decidiu "esconder" os números reportados pelas instituições financeiras, considerando que tais dados estão abrangidos pelo segredo bancário. Dá ainda mais cinco justificações.

No relatório extraordinário divulgado, esta terça-feira, pelo Banco de Portugal sobre os maiores devedores da banca, não há um único número sobre as grandes dívidas que poderão ter levado as instituições financeiras a pedir apoios estatais. A instituição liderada por Carlos Costa justifica essa posição referindo que tal informação está “abrangida pelo segredo bancário” e enumera mais cinco razões para não a divulgar: da estabilidade financeira ao equilíbrio concorrencial, passando pelo “significativo” impacto no emprego que resultaria de danos reputacionais eventualmente causados por estes dados.

  1. Segredo bancário e proteção de dados pessoais;
  2. Estabilidade financeira;
  3. Elementos “detalhados e sensíveis” sobre operações ainda vigentes;
  4. Concorrência entre entidades;
  5. Condições negociais das entidades envolvidas;
  6. Dano reputacional e consequente impacto na atividade e emprego gerado;

“A informação constante do Anexo ao Relatório Extraordinário, reportada pelas entidades abrangidas nos termos do artigo 6.º da Lei nº15/2019, está abrangida pelo segredo bancário que vincula as instituições de crédito nos termos da lei“, lê-se no preâmbulo do relatório conhecido esta tarde. Sobre este ponto, o Banco de Portugal frisa ainda que os dados em causa dizem respeito à “vida e atividade principal das instituições de crédito abrangidas” pelo dever de reporte, bem como “às relações destas com os seus clientes”, nomeadamente as operações bancárias “com dados individuais”.

“A informação constante do Anexo encontra-se igualmente abrangida pelo dever de segredo do Banco de Portugal, relativamente ao qual se verifica, em resultado da entrega à Assembleia da República do presente Relatório Extraordinário, nos termos da Lei nº15/2019, uma extensão aos respetivos destinatários, nos termos mais detalhadamente expostos no documento autónomo que acompanha o presente relatório”, sublinha ainda o documento.

Além da preservação do segredo bancário e da “confidencialidade” dos dados pessoas, o Banco de Portugal invoca a defesa da estabilidade financeira para “esconder” os números reportados pelas instituições financeiras e sublinha que a divulgação de tal informação constituiria mesmo uma ameaça ao equilíbrio concorrencial entre as instituições financeiras e às “condições negociais” dessas entidades, nomeadamente em possíveis “ações de reestruturação”.

“A sua eventual divulgação, além de contrária às regras sobre o segredo e sobre a proteção de dados pessoais, constituiria um risco significativo para a estabilidade financeira e o regular do financiamento da economia, ao introduzir distorções muito significativas nas condições negociais das entidades envolvidas (…), criando igualmente um grave e injustificado desequilíbrio concorrencial face às entidades não abrangidas pelo presente reporte”, reforça o relatório extraordinário.

O preâmbulo nota ainda que relatório contém “elementos detalhados e sensíveis sobre operações que poderão estar ainda vigentes” e defende também que a divulgação do anexo referido poderia causar “danos reputacionais”, o que poderia ter um “impacto significativo” na atividade dessas instituições e consequentemente no emprego gerado.

“Neste quadro, o tratamento da informação reportada requer, no entender do Banco de Portugal, um dever de reserva especial, que salvaguarde firmemente o segredo a que essa informação está sujeita, de modo a não prejudicar as instituições de crédito, as empresas e a economia”, remata o relatório.

Este relatório foi enviado na quinta-feira ao Parlamento, tendo a mesa da Assembleia da República decidido dar o aval ao Banco de Portugal para que fosse publicada a informação, esta terça-feira. A Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA) vai agora decidir sobre o que pode ser publicado e o que fica abrangido pelo dever de segredo.

De acordo com a informação que foi conhecida esta terça-feira, o Estado injetou 23,8 mil milhões de euros na banca pública e privada, nos últimos 12 anos. A Caixa Geral de Depósitos (CGD) foi a instituição que absorveu mais dinheiros públicos.

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O que estão a dizer académicos e políticos nas redes sociais sobre as europeias?

Nas europeias de domingo, o PS venceu as eleições e o PSD saiu derrotado. Nas redes sociais, quem percebe do tema tem avançado algumas pistas sobre o que pode acontecer a seguir. O ECO foi ver.

As eleições europeias deste domingo puseram académicos e protagonistas políticos a comentar nas redes sociais os resultados, deixando pistas sobre o que a nova distribuição de votos pode significar tanto em relação a eleições anteriores como face aos atos eleitorais que se seguem.

O Ministério da Administração Interna divulgou ontem os dados finais sobre a distribuição de mandatos em Portugal. O PS ficou com nove, o PSD com seis, o Bloco de Esquerda e o PCP com dois cada, o CDS e o PAN com um cada.

Aqui fica um roteiro com as pistas deixadas pelos especialistas:

PAN decisivo para o PS

Nuno Garoupa, o investigador e professor universitário, contabiliza que nas legislativas de outubro o PAN pode conseguir eleger pelo menos seis deputados, podendo até chegar aos sete. A ser assim, o PAN pode transformar-se num ator central caso o PS vença sem maioria absoluta. O investigador acredita que o PS está condenado a ficar-se pelos 35% não saindo do “poucochinho” – “não chega para maiorias absolutas”, diz através do seu Facebook num outro post onde analisa os resultados das europeias.

Pedro Magalhães, que é especialista em sondagens, ilustra através de um mapa como se distribuíram os votos do PAN pelo território.

Na mesma linha, Paulo Pedroso, ex-ministro socialista antecipa que o PAN pode assumir uma posição de relevo. “A geringonça desbloqueou a alternância esquerda-direita. O PAN pode desbloquear as alternativas de governo ao centro, sem os partidos parlamentares da esquerda nem da direita. Não é um desejo meu, é a antecipação de um novo cenário possível na governabilidade do país”, afirma na sua conta pessoal no Facebook.

Já quanto ao desempenho do PS e dos partidos à direita, Paulo Pedroso deixa uma espécie de alerta. “O PS com uma subida eleitoral moderada face a 2014 conquistou uma grande vitória, sobretudo devida à incapacidade da direita de se reencontrar como alternativa.”

Pequenos podem safar-se nas legislativas

O Livre, de Rui Tavares, não chegou ao Parlamento Europeu, mas pode conseguir um lugar em São Bento, nas legislativas de 6 de outubro. Garoupa acredita que “o Livre tem condições para meter dois deputados em outubro – Lisboa e Porto. Tem de encontrar o discurso certo para não dispersar os votos que teve” no domingo. Rui Tavares faz as mesmas contas: “Os resultados de hoje permitiriam em legislativas eleger dois deputados”.

Bloco falhou terceiro deputado

A noite foi de festejos para o Bloco de Esquerda mas Nuno Garoupa deixa alguns alertas. O partido de Catarina Martins não passou a barreira dos 10% e não elegeu o terceiro eurodeputado que teve em 2009. “O PAN concorre abertamente no voto de protesto”, diz o especialista.

CDU precisa de nova liderança

É certo que a CDU conseguiu eleger dois eurodeputados, tantos como o Bloco, mas está em tendência de redução. Face a 2014 perdeu um representante, enquanto o Bloco ganhou um. No entanto, a CDU perdeu 188.364 votos. Garoupa defende que a CDU precisa de uma nova liderança para “competir com o Bloco e o PAN no voto de protesto”.

PSD e CDS repetem maus resultados em outubro

Nuno Garoupa defende ainda que o centro-direita perdeu base de apoio em 2013 que não voltou a recuperar. PSD e CDS precisam de uma “recomposição”, mas esta só pode acontecer depois das eleições de outubro. “Até lá será mais do mesmo. E com os mesmos resultados [da] noite [de domingo]”, atira.

Quem está no Governo saiu a ganhar desta vez

Há 20 anos que o partido no poder não vencia umas eleições europeias, mas o número de vezes em que isso aconteceu passou agora estar equilibrado. Em oito eleições para o Parlamento Europeu, em metade venceu o partido no Governo. Mas o que Pedro Magalhães, investigador do Instituto de Ciências Sociais (ICS), explica num gráfico publicado na sua conta do Facebook é que é a primeira vez que um partido vê a percentagem de votos subir nas europeias face às legislativas.

Abstenção cresce com desgaste dos partidos tradicionais

O ex-ministro de Passos Coelho, Miguel Poiares Maduro, avança na sua conta de Facebook uma explicação para o elevado nível de abstenção, que voltou a marcar um recorde de 68,6% em contraciclo com a Europa onde baixou. “Em Portugal o desgaste dos partidos tradicionais, e a sua dificuldade de adaptação aos novos temas políticos, não se tem expresso tanto através do sucesso de novos partidos políticos mas sim no crescimento da abstenção”. O professor universitário explica que ao PS “bastou um resultado poucochinho” para ter uma “significativa” vitoria. Quanto ao PSD “não há como esconder o resultado particularmente negativo”.

 

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Sindicato dos Impostos critica operação stop do Fisco. Meios podiam ser usados em operações “mais complexas”

Paulo Ralha criticou a operação stop do Fisco e da GNR para cobrar dívidas às Finanças. Recursos humanos podiam estar empenhados em operações "muito mais complexas".

O Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos criticou a operação stop realizada esta terça-feira em Valongo pelo Fisco e pela GNR, que tinha como objetivo cobrar dívidas dos contribuintes às Finanças. Segundo o presidente do sindicato, Paulo Ralha, a operação foi “desproporcional” e os recursos humanos poderiam estar empenhados em “operações muito mais complexas e com mais benefícios para o Estado”.

Numa entrevista em direto na SIC Notícias, Paulo Ralha exemplificou com a possibilidade de o Fisco poder “cruzar sinais exteriores de riqueza com os rendimentos”. “Alguém que compre uma viatura superior a 50.000 euros, uma aeronave ou uma casa superior a 500.000 euros, nós temos meios para saber o valor dessas aquisições e comparar com os rendimentos da pessoa”, disse, denunciando que “esse trabalho não está a ser feito.”

Para Paulo Ralha, a operação em Valongo, que decorreu ao início da manhã, e que foi entretanto travada pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, significa “tapar o sol com a peneira”, porque “são pequenas dívidas”. “O objetivo é comezinho. Poderá ser alcançado facilmente em cada serviço”, afirmou, referindo que a operação terá sido lançada pela direção de Finanças. “Esta é inédita”, assumiu, mas garantiu, contudo, que não existem dúvidas quanto à sua “legalidade”.

Os cidadãos foram surpreendidos esta terça-feira de manhã por uma operação stop na Autoestrada 42, saída de Alfena, distrito do Porto, com a presença de “cerca de 20 elementos” do Fisco e 10 militares da GNR. Recorrendo a computadores, as autoridades faziam o cruzamento das matrículas das viaturas e comparavam os dados associados com a eventual existência de dívidas ao Fisco, podendo penhorar as viaturas em caso de os contribuintes não serem capazes de efetuar o pagamento naquele momento.

O Ministério das Finanças desconhecia a operação e o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais ordenou que a mesma fosse cancelada, uma vez que “as orientações” vão no sentido de uma “atuação proporcional” e que esta “não foi definida centralmente”. Além do mais, o objetivo da operação era alcançável através de “mecanismos de penhora eletrónica”.

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🎥 Mancha da Europa: os números da abstenção

Portugal está entre os países com maior taxa de abstenção nestas eleições europeias. Apenas 31,40% dos eleitores foram às urnas. Como foi no resto da Europa? Veja o vídeo.

Portugal é o sexto país com maior taxa de abstenção registada nas eleições europeias de 2019. A percentagem nunca foi tão alta. Desde 1987, ano da entrada na União Europeia, a abstenção tende a aumentar. Segundo os dados provisórios disponibilizados pelo Parlamento Europeu, 68,9% dos eleitores portugueses não foram às urnas no passado domingo.

Também a registar a menor participação de sempre está Luxemburgo e Grécia, países em que o voto é obrigatório, Itália e Malta. No topo da tabela da abstenção está a Eslováquia, que registou uma taxa de participação de 22,74%.

Numa eleição que bateu recordes em alguns países, o ECO juntou os principais números sobre a abstenção nas europeias de 2019. Veja o vídeo.

http://videos.sapo.pt/ozTJQWNGT471c43MzY9E

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Hotéis com menos ocupação em março e resultados “aquém do esperado”

  • Lusa
  • 28 Maio 2019

Os números relativos ao turismo hoteleiro no arranque do ano estão a preocupar as principais associações do setor, que alertam para uma "nova crise", mais do cedo do que se possa pensar.

A taxa de ocupação dos hotéis nacionais desceu 1,2 pontos percentuais (p.p.) em março e caiu 1,7 p.p. no trimestre, uma performance que a Associação de Hotelaria de Portugal (AHP) diz ser “ligeiramente aquém do esperado”.

Em comunicado, a entidade revelou que, “no primeiro trimestre do ano, a taxa de ocupação foi de 53%, menos 1,7 p.p. face a igual período do ano anterior. Os destinos turísticos que registaram a maior taxa de ocupação foram Madeira (70%), Lisboa (69%) e Grande Porto (56%)”. Já o ARR (preço médio por quarto ocupado) foi de 74 euros, “mais 2% do que em 2018. Neste indicador, há assinalar uma quebra de 2% na categoria 5 estrelas. Estoril (mais 9%), Oeste e Minho (mais 8%) foram os destinos que mais cresceram em variação”, segundo a AHP.

Outro dos indicadores que mede a performance dos empreendimentos hoteleiros, o RevPar (preço médio por quarto disponível), caiu 1% nos primeiros três meses deste ano, atingindo os 39 euros. Segundo a AHP, “Lisboa (64 euros) e Madeira (50 euros) mantiveram os resultados absolutos alcançados neste indicador no ano anterior, enquanto Minho (mais 12%), Estoril (mais 10%) e Leiria/Fátima/Templários (mais 6%) registaram a maior variação nos primeiros três meses de 2019”.

No mês de março, a taxa de ocupação foi de 63%, uma queda de 1,4 p.p., com uma variação nos estabelecimentos de 4 e 2 estrelas. Os hotéis de 4 estrelas, aliás, “registaram uma quebra de 2 p.p., face a igual período do ano anterior. Os destinos turísticos com a taxa de ocupação mais elevada foram Lisboa (82%), Madeira (78%) e Grande Porto (67%)”, assinala a AHP.

No mesmo período, o ARR aumentou 1%, para 77 euros, com destaque para os destinos Minho (mais 16%), Oeste (mais 11%) e Aveiro (mais 8%), segundo a mesma nota. O RevPar em março foi de 49 euros, “menos 1% face ao período homólogo. Os destinos turísticos com o RevPar mais elevado foram Lisboa (82 euros), Madeira (58 euros) e Grande Porto (51 euros)”, revelou a entidade.

Os resultados deste mês de março ficaram ligeiramente aquém do esperado na hotelaria nacional, sobretudo por estarmos no mês do Carnaval e em que se registaram temperaturas acima do habitual para a época”, afirmou a presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira, citada no mesmo comunicado.

A responsável realçou ainda que “na Madeira a falência da Germania Airlines, em fevereiro deste ano, teve impacto direto na operação hoteleira, sobretudo durante o período do Carnaval”. “O desaparecimento desta companhia aérea faz com que a região perca sete voos semanais vindos de um mercado tão importante para o destino, como é o alemão”, concluiu.

Hotelaria preocupada alerta para eventual crise

O desequilíbrio existente entre a taxa de ocupação e a atual oferta hoteleira está a gerar preocupação junto da APHORT – Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo, que alerta para uma eventual crise no setor. Em comunicado, a APHORT revela estar apreensiva face aos últimos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE) relativos à atividade turística e às eventuais consequências que a não valorização de indicadores como a taxa de ocupação ou a estada média possa trazer para a economia nacional.

Citado no comunicado, o presidente da APHORT, Rodrigo Pinto Barros, refere que os “dados demonstram que o aumento da procura turística não está a acompanhar o aumento da oferta hoteleira, a nível nacional, o que pode ser um sinal preocupante”. A associação socorre-se dos dados divulgados pelo INE, referentes a março, para lembrar que a taxa de ocupação-cama nos estabelecimentos de alojamento turístico tem vindo a cair, de forma contínua, face a 2018. Este indicador registou um decréscimo de 1,8 pontos percentuais (p.p.), depois de já ter caído 1,5 p.p. em fevereiro.

E refere ainda que a estada média nos estabelecimentos de alojamento turístico está também a diminuir, sendo que em março fixou-se nas 2,48 noites, uma redução de 3,6% face ao ano anterior. Em fevereiro, esta tendência de recuo já se verificava, com a estada média a situar-se em 2,42 noites, o que traduz um decréscimo de 3,9% face ao período homólogo.

Rodrigo Pinto Barros realça que a diminuição destes indicadores é uma realidade à qual não só o setor da hotelaria mas todos os agentes económicos precisam de estar atentos. “Não queremos ser alarmistas, mas também não nos podemos deixar condicionar por uma leitura apenas parcial dos dados que nos são apresentados. A taxa de ocupação e a estada média são indicadores que precisam de ser acompanhados de forma atenta e permanente”, afirma o presidente da APHORT no comunicado.

“Não nos interessa continuar a abrir novos hotéis se depois não conseguimos ocupar todas as camas que disponibilizamos”, acrescenta Rodrigo Pinto Barros, para concluir que “a não valorização destes dados” pode conduzir “a uma nova crise no setor”, mais do cedo do que se possa pensar.

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