CMEC: “Com este Governo, não houve decretos preparados por empresas”. Mas “houve tentativas”, diz Seguro Sanches

O atual Governo terá travado tentativas por parte de empresas do setor elétrico para participarem na elaboração de decretos-leis com impacto nesta área, revelou Jorge Seguro Sanches.

Durante esta legislatura, terão existido “tentativas” por parte de empresas do setor energético para participar na elaboração de decretos-leis com impacto sobre esta área, mas essas investidas foram travadas pelo Governo. “Com este Governo, não houve decretos-leis preparados por empresas“. A garantia foi dada por Jorge Seguro Sanches, antigo secretário de Estado da Energia, que está a ser ouvido, esta quarta-feira, na comissão parlamentar de inquérito ao pagamento de rendas aos produtores de eletricidade.

Seguro Sanches respondia, desta forma, a uma pergunta colocada pelo deputado comunista Bruno Dias, relativa aos estudos dos reguladores que motivaram os cortes decididos por este Governo aos custos de manutenção do equilíbrio contratual (os chamados CMEC) que são pagos à EDP. Nesta legislatura, pela mão de Seguro Sanches, o Governo determinou um corte de 102 milhões de euros nos CMEC a receber pela EDP, para além de ter decidido obrigar a elétrica a devolver 285 milhões de euros, pela alegada sobrecompensação no cálculo da disponibilidade das centrais que operam em regime de CMEC, uma decisão que está a ser contestada pela EDP nos tribunais.

Sobre a devolução dos 285 milhões de euros, Jorge Seguro Sanches desvaloriza a “litigância” que esta decisão gerou, argumentando que os CMEC já motivaram várias ações em tribunal ao longo dos anos. “Os CMEC de 2012 foram contestados, os CMEC de 2013 foram contestados, os CMEC de 2014 foram contestados. Se formos ao campeonato das ações em tribunal, chegamos à conclusão de que isto está mais ou menos empatado”, considerou.

A diferença, apontou, é que este Governo “não deu nada em troca” à EDP para compensar a empresa pelos cortes nas rendas que lhe são pagas. “Não se permitiu a blindagem da taxa de juro dos CMEC”, exemplifica. E concretiza: “Com este Governo, não houve decretos-leis preparados por empresas. E posso dizer que houve tentativas“. Contudo, ressalvou: “Só posso responder pelos meus atos até ao dia em que saí”.

Com este Governo, não houve decretos-leis preparados por empresas. E posso dizer que houve tentativas.

Jorge Seguro Sanches

Ex-secretário de Estado da Energia

Já em resposta ao deputado social-democrata Jorge Paulo Oliveira, reforçou esta ideia, mas continuou a não especificar quais foram as empresas que fizeram essas tentativas, e relativamente a que aspetos legislativos. “Tentativas houve seguramente, mas passaram-me ao lado. Tomei sempre as decisões que eram boas para o interesse público. É normal que haja, da parte de quem representa os interesses, que se organizem e façam esse tipo de trabalho”, salientou, acrescentando que, em Portugal, “o Estado é fraco” na defesa contra os lobbies.

As referências feitas por Seguro Sanches são várias. Desde logo, quando diz que este Governo não permitiu uma “blindagem” da taxa de juro dos CMEC, refere-se a um decreto-lei de 2013, aprovado pelo Governo de Passos Coelho, que determinou que “deixou de ser o Governo a estabelecer a taxa, os pressupostos e a metodologia dos CMEC, passando estes a ser propostos pela EDP”, que é que beneficia destes contratos.

Quanto aos “decretos-leis preparados por empresas”, Seguro Sanches fazia referência à criação dos CMEC, que contou com a participação direta da EDP, como já foi, por várias, confirmado nesta comissão de inquérito, quer por administradores da elétrica, quer por antigos membros de governos. O presidente da EDP Renováveis, João Manso Neto, admitiu mesmo que a interação da empresa com o Governo em matéria de legislação é “inevitável e natural”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Parecer do Banco de Portugal pedia para ASF poder avaliar de imediato idoneidade de Tomás Correia

  • ECO
  • 6 Março 2019

Parecer do Banco de Portugal diz que período de adaptação de 12 anos em novo Código é “excessivamente generoso" e pode "colocar em causa a própria efetividade prática do regime regulatório previsto".

O Banco de Portugal avisou que o novo código das mutualistas deveria deixar “expressamente previsto” que a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) deveria ter “o poder de reavaliar de imediato a adequação para o exercício de funções” dos principais responsáveis pelas associações que ficassem sob a alçada do novo regulador. De acordo com um parecer do banco central, a que o Observador teve acesso (acesso condicionado), o alerta de Carlos Costa tem mais de um ano.

A recomendação não foi acatada pelo Ministério do Trabalho e Segurança Social, liderado por Vieira da Silva, que na redação final do diploma não deixou “expressamente previsto” que as idoneidades deviam ser avaliadas “de imediato” e manteve o período transitório de 12 anos para as mutualistas se adaptarem ao novo Código. De acordo com o Observador, na opinião do Banco de Portugal, optar por um período de adaptação de 12 anos seria “excessivamente generoso, podendo colocar em causa a própria efetividade prática do regime regulatório previsto”.

Nas últimas semanas, têm-se multiplicados as declarações e argumentos entre o Ministério do Trabalho e a a ASF sobre quem tem a responsabilidade de avaliar a idoneidade de Tomás Correia, que liderada a Montepio Geral Associação Mutualista, um problema que se coloca depois de este ser alvo de uma contraordenação de 1,25 milhões de euros, do Banco de Portugal, por falhas no sistema de controlo interno do banco Montepio que foi liderado por Tomás Correia até 2015.

Segundo o parecer do Banco de Portugal, ao anteprojeto do novo código das mutualistas, a ASF deveria ser “dotada do poder para afastar do exercício das funções as pessoas que considere desadequadas”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

CMEC foram “blindados” a partir de 2013, diz ex-secretário de Estado

Duas decisões tomadas pelo Governo de Passos Coelho dificultaram o corte aos CMEC que foram levados a cabo pelo atual Executivo, disse Jorge Seguro Sanches.

O atual Governo deparou-se com duas “condicionantes” quando quis reduzir a fatura com os custos de manutenção do equilíbrio contratual (os chamados CMEC). Por um lado, um decreto-lei do tempo de Pedro Passos Coelho que tornou estes contratos “blindados” no que toca à definição da taxa de juro recebida pela EDP. Por outro, uma outra decisão deste mesmo Governo PSD/CDS aumentou os custos com os CMEC em 240 milhões de euros em 2017 e 2018. Este cenário foi apresentado, esta quarta-feira, por Jorge Seguro Sanches, antigo secretário de Estado da Energia que está a ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito ao pagamento de rendas excessivas aos produtores de eletricidade.

O antigo secretário de Estado recordou, durante a intervenção inicial, que o atual Governo procurou reduzir o custo com os CMEC “sem alterar a lei e sendo apenas rigoroso”. Contudo, enfrentou logo duas condicionantes: “Os CMEC foram blindados na taxa de juro“, começou por dizer Seguro Sanches. “A partir de 2013, a não ser que quiséssemos entrar em situação de litígio — na qual, na minha opinião, não teríamos a razão — passou a ser a EDP a definir a taxa de juro” que recebe no âmbito destes contratos, detalhou.

O ex-governante referia-se ao decreto-lei n.º 32/2013, cujos termos, criticou, “permanecem inteiramente desconhecidos”. Este decreto determinou que “deixou de ser o Governo a estabelecer a taxa, os pressupostos e a metodologia dos CMEC, passando estes a ser propostos pela EDP, que é que beneficia destes contratos.

A partir de 2013, a não ser que quiséssemos entrar em situação de litígio – na qual, na minha opinião, não teríamos a razão – passou a ser a EDP a definir a taxa de juro.

Jorge Seguro Sanches

Ex-secretário de Estado da Energia

A segunda condicionante referida por Seguro Sanches foi o decreto-lei n.º 32/2014, que determinou o diferimento da parcela de acerto de 2012 dos CMEC, no montante de 240,9 milhões de euros, a ser recuperado em partes iguais nos anos 2017 e 2018, uma medida que levou a um aumento dos custos com os CMEC nestes anos. “Foi mais difícil baixar as tarifas da eletricidade em 2017 e 2018, porque estávamos a pagar, em cada um dos anos, 120 milhões de euros“, concluiu Seguro Sanches sobre este assunto.

Jorge Seguro Sanches, antigo secretário de Estado da Energia do atual Governo, foi substituído por João Galamba em outubro do ano passado, numa das oito remodelações governamentais já feitas nesta legislatura. A vinda do ex-governante a esta comissão de inquérito ganhou novos contornos depois de, na audição de António Mexia, que decorreu no final do mês passado, o PSD ter revelado que Seguro Sanches pediu expressamente para ser ouvido nesta comissão apenas depois do presidente da EDP, um pedido que foi aceite. Confrontado com este pedido, Mexia considerou-o “estranho”, mas assegurou que “a verdade dos factos não será alterada pela ordem das audições”.

Seguro Sanches foi o secretário de Estado que determinou um corte de 102 milhões de euros nos CMEC a receber pela EDP, para além de ter decidido obrigar a elétrica a devolver 285 milhões de euros, pela alegada sobrecompensação no cálculo da disponibilidade das centrais que operam em regime de CMEC, uma decisão que está a ser contestada pela EDP nos tribunais. O antigo secretário de Estado avançou ainda com cortes nos juros da dívida tarifária que o Estado paga à EDP e chegou também a acusar a EDP e a Endesa de refletirem os custos que têm com a tarifa social e com a Contribuição Extraordinária Sobre o Setor Energético (CESE) sobre os preços finais cobrados aos clientes, decidindo, por isso, que as duas empresas teriam de devolver perto de 90 milhões de euros aos consumidores.

Chumbo da taxa sobre renováveis foi decisão do PS

Questionado pelo deputado Jorge Costa, do Bloco de Esquerda, sobre o chumbo da taxa extraordinária sobre as energias renováveis, que chegou a ser aprovada para o Orçamento do Estado para 2018 mas que acabou por cair no Parlamento, Jorge Seguro Sanches rejeitou qualquer responsabilidade da parte do Governo. A decisão de votar contra a proposta dos bloquistas, garante, foi inteiramente do PS.

“Concordei com o modelo da proposta. Ela fazia sentido numa situação em que temos uma dívida tarifária tão alta e em que, ao mesmo tempo, estamos a pagar, por ano, cerca de 1,1 mil milhões de sobrecusto. Se há um custo a ser assumido pelos consumidores, parece-me justo que os produtores deem também um contributo para acabar com a dívida tarifária“, começou por responder o antigo secretário de Estado.

“A decisão não tem a ver com o Governo, ou, pelo menos, com as minhas opções. A decisão tem a ver com uma alteração do sentido de voto”, garantiu. A questão voltou a ser levantada pelo deputado Helder Amaral, do CDS, e Seguro Sanches insistiu na resposta: “A alteração da posição não ocorreu da minha parte ou dos membros do governo com que trabalhei. A alteração ocorreu na Assembleia da República”.

Em causa está uma proposta, que foi apresentada pelo Bloco de Esquerda no âmbito do Orçamento do Estado para 2018, para a introdução de uma nova contribuição para as empresas de energias renováveis. A proposta chegou a passar numa primeira fase de votações, mas acabou por ser rejeitada com os votos do PS e do CDS. Na altura, a deputada Mariana Mortágua acusou: “Faltaram nervos de aço ao Governo para enfrentar as empresas produtoras de energia“.

Ainda não ligámos o interruptor e já estamos a pagar 40% de rendas.

Jorge Seguro Sanches

Ex-secretário de Estado da Energia

Mas a ideia foi rejeitada pelo Governo e volta agora a ser recusada. Seguro Sanches admite que não considerava que esta fosse “uma medida em que tivesse 100% de certeza sobre a sua justeza e bondade”. Mas ressalva: “Achei que era uma medida correta, no sentido de contribuir para que o preço da eletricidade pudesse reduzir-se”, num contexto de rendas consideradas excessivas. “Ainda não ligámos o interruptor e já estamos a pagar 40% de rendas“, atirou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

A tarde num minuto

Não sabe o que se passou durante a tarde? Fizemos um vídeo que reúne as notícias mais relevantes, em apenas um minuto.

O primeiro-ministro diz que a auditoria ao Novo Banco não vai analisar o período após a resolução, como quer Marcelo. Mas sugere um inquérito parlamentar para avaliar o papel do Banco de Portugal.

António Costa sugeriu uma comissão de inquérito à atuação do Banco de Portugal no Novo Banco. Bloco de Esquerda avisa que “o que está em causa é a venda” do NB ao Lone Star feita pelo atual Governo.

Comissão de inquérito à Caixa vai inquirir João Costa Pinto, antigo presidente da comissão de auditoria do Banco de Portugal e autor do relatório secreto sobre a atuação de Carlos Costa no caso BES.

O objetivo é aumentar a capacidade de produção do T-Roc e reforçar unidades para produzir peças para carros eléticos da Volkswagen já em maio. Não haverá reforço de pessoal.

Atrasos no pagamento da transferência de Raphinha fizeram o Vitória de Guimarães avançar com um pedido de insolvência da SAD do Sporting.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Inquérito ao Banco de Portugal? CDS diz “faça favor”

  • Lusa
  • 6 Março 2019

O CDS não se vai opor se o Governo avançar para uma comissão de inquérito ao Banco de Portugal.

O CDS-PP revelou esta quarta-feira que não vai propor uma comissão de inquérito à atuação do Banco de Portugal no Novo Banco, mas se o secretário-geral do PS e primeiro-ministro quiser avançar, “faça favor”, que os centristas apoiarão a proposta, disse a deputada Cecília Meireles.

A posição foi anunciada pela deputada do CDS, horas depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter sugerido que “porventura uma comissão parlamentar de inquérito seria mais adequada para fazer a apreciação da atuação do Banco de Portugal” (BdP) desde o processo de resolução em 2014, matéria que ficará de fora da auditoria já pedida pelo executivo. “Se o Partido Socialista entende que é preciso fazer outra comissão de inquérito, [o CDS] certamente está disponível para isso e para tudo esclarecer”, afirmou.

A deputada Cecília Meireles excluiu serem os centristas a fazer a proposta de uma nova comissão de inquérito. “É como digo: o senhor primeiro-ministro é o secretário-geral do PS. Se acha que faz sentido uma comissão de inquérito, então faça o favor de avançar com a proposta”, acrescentou, para depois dizer que o CDS “não obstaculizará” a iniciativa.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

PSD não se opõe a comissão de inquérito sobre Novo Banco se outro partido a propuser

  • Lusa
  • 6 Março 2019

“Se alguém tomar a iniciativa de querer apurar estas responsabilidades, não é o PSD que se vai opor, estamos a falar de mais de 1.900 milhões de euros dos contribuintes", disse Duarte Pacheco.

O PSD anunciou esta quarta-feira que se algum partido avançar com uma comissão de inquérito sobre o Novo Banco não se oporá, mas considerou que não cabe à oposição “tomar as dores do Governo”.

A posição do PSD, pela voz do deputado Duarte Pacheco, surge horas depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter sugerido que “porventura uma comissão parlamentar de Inquérito seria mais adequada para fazer a apreciação da atuação do Banco de Portugal” desde o processo de resolução em 2014, matéria que ficará de fora da auditoria já pedida pelo Executivo.

“O Parlamento não pode banalizar o número de comissões de inquérito, no entanto, nós no PSD nada temos a esconder sobre o processo do Novo Banco e entendemos que tudo deve ser apurado, nomeadamente desde o objeto da primeira comissão parlamentar de inquérito, ou seja, desde a resolução até hoje”, afirmou Duarte Pacheco, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.

“Se alguém tomar a iniciativa de querer apurar estas responsabilidades, não é o PSD que se vai opor, estamos a falar de mais de 1.900 milhões de euros dos contribuintes, tudo deve ser apurado até as últimas consequências”, acrescentou.

Se alguém tomar a iniciativa de querer apurar estas responsabilidades, não é o PSD que se vai opor, estamos a falar de mais de 1.900 milhões de euros dos contribuintes, tudo deve ser apurado até as últimas consequências.

Duarte Pacheco

Deputado do PSD

Questionado se o PSD afasta ser ele a propor esse inquérito parlamentar, Duarte Pacheco considerou que uma vez que “o apelo” partiu do primeiro-ministro “compete ao partido que suporta o Governo concretizá-lo”.

Não é o partido da oposição que vai tomar as dores do Governo. Esperamos que o partido que suporta o Governo tome a iniciativa e não seremos nós a opor-nos a ela”, assegurou o deputado do PSD.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Seguro Sanches: “O nosso país tem uma empresa que domina todo o setor da eletricidade”

O ex-governante apela a que se criem "regras iguais para todos" no setor da eletricidade, "para que daqui a cinco anos não tenhamos de falar de novo de rendas excessivas".

Portugal tem “uma empresa que domina todo o setor da eletricidade”, da produção à comercialização, e que, por isso, consegue compensar quaisquer custos adicionais que lhe sejam imputados numa das áreas em que atua. A crítica à EDP foi feita, esta quarta-feira, por Jorge Seguro Sanches, antigo secretário de Estado da Energia, que está a ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito ao pagamento de rendas excessivas aos produtores de eletricidade, onde já apelou a que se criem “regras iguais para todos” no setor da eletricidade, “para que daqui a cinco anos não tenhamos de falar de novo de rendas excessivas”.

O nosso país tem um incumbente, tem uma empresa que domina todo o setor da eletricidade, desde a produção, à distribuição, à comercialização, a tudo. Por isso, quando há uma medida que afeta uma das áreas, é muito fácil conseguir fazer a recuperação de custos noutra área”, disse o antigo governante, na sua intervenção inicial. “Isto significa que os pequenos comercializadores, produtores ou distribuidores têm uma dificuldade enorme de entrar no mercado, a não ser que consigam cobrir todas as áreas. Isto é fulcral para que, daqui a cinco anos, não tenhamos de falar de novo de rendas excessivas. Se não conseguimos criar um mercado com regras iguais para todos, estamos a falar de uma utopia”, acrescentou.

O ex-secretário de Estado falava sobre os “problemas” do setor da eletricidade já “conhecidos e reportados pela Autoridade da Concorrência: “Vivemos claramente num setor em que não há concorrência, onde a partilha de risco é uma ficção, o risco está sempre do lado do consumidor“, apontou.

Vivemos claramente num setor em que não há concorrência, onde a partilha de risco é uma ficção, o risco está sempre do lado do consumidor.

Jorge Seguro Sanches

Ex-secretário de Estado da Energia

Para fazer frente a estes problemas, continuou, o Governo avançou com uma série de medidas, incluindo a “ausência de estímulo a mais rendas na produção de energia e a democratização da produção de energia”. Isto porque, como defendeu Seguro Sanches, para além do custo que as rendas na energia representam para os consumidores, “as rendas distorcem a sã concorrência entre operadores“. Para além disso, lembra, o atual Governo criou “condições para a opção livre e informada dos consumidores pelo valor da tarifa regulada”.

Jorge Seguro Sanches, antigo secretário de Estado da Energia do atual Governo, foi substituído por João Galamba em outubro do ano passado, numa das oito remodelações governamentais já feitas nesta legislatura. A vinda do ex-governante a esta comissão de inquérito ganhou novos contornos depois de, na audição de António Mexia, que decorreu no final do mês passado, o PSD ter revelado que Seguro Sanches pediu expressamente para ser ouvido nesta comissão apenas depois do presidente da EDP, um pedido que foi aceite. Confrontado com este pedido, Mexia considerou-o “estranho”, mas assegurou que “a verdade dos factos não será alterada pela ordem das audições”.

Seguro Sanches foi o secretário de Estado que determinou um corte de 102 milhões de euros nos CMEC a receber pela EDP, para além de ter decidido obrigar a elétrica a devolver 285 milhões de euros, pela alegada sobrecompensação no cálculo da disponibilidade das centrais que operam em regime de CMEC, uma decisão que está a ser contestada pela EDP nos tribunais. O antigo secretário de Estado avançou ainda com cortes nos juros da dívida tarifária que o Estado paga à EDP e chegou também a acusar a EDP e a Endesa de refletirem os custos que têm com a tarifa social e com a Contribuição Extraordinária Sobre o Setor Energético (CESE) sobre os preços finais cobrados aos clientes, decidindo, por isso, que as duas empresas teriam de devolver perto de 90 milhões de euros aos consumidores.

Notícia atualizada às 18h15 com mais informação.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

“Sou uma pessoa atenta”, diz Marcelo sobre inquérito ao Novo Banco

  • ECO
  • 6 Março 2019

Mais uma vez, o Presidente utilizou o argumento de estar fora do país para não comentar as declarações de Costa sobre uma eventual comissão de inquérito à atuação do BdP na resolução do Novo Banco.

O Presidente da República não quis comentar as declarações do primeiro-ministro sobre uma eventual comissão de inquérito à atuação do Banco de Portugal (BdP) na resolução do Novo Banco. Mais uma vez, Marcelo Rebelo de Sousa utilizou o argumento de estar fora de Portugal, ainda que assuma estar informado sobre o assunto.

“Sou uma pessoa atenta”, disse o Presidente da República sobre o inquérito ao Novo Banco, durante a sua visita a Angola, escreve o jornal Expresso (acesso livre).

O primeiro-ministro afirmou esta quarta-feira que “a auditoria que foi ordenada pelo Governo [ao Novo Banco] será em tudo idêntica à da Caixa Geral de Depósitos [CGD] “. Foi após a apresentação do pedido de 1.149 milhões de euros do Novo Banco ao Fundo de Resolução que o Ministério das Finanças pediu a auditoria à instituição financeira à concessão de créditos do BES.

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que “os portugueses têm o direito de saber o que se passou desde que foi determinada a resolução e saber concretamente qual o destino do dinheiro dos contribuintes”, referindo-se a um assunto que que não é o que consta do pedido do Governo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Vitória de Guimarães pede insolvência da SAD do Sporting

  • ECO
  • 6 Março 2019

Atrasos no pagamento da transferência de Raphinha fizeram o Vitória de Guimarães avançar com um pedido de insolvência da SAD do Sporting.

O Vitória de Guimarães avançou com o pedido de insolvência da SAD do Sporting. Esta ação, que já deu entrada no Juízo de Comércio de Lisboa, tem na origem os atrasos no pagamento da transferência do jogador brasileiro Raphinha para o clube dos leões, segundo avança O Jogo (acesso livre).

O Sporting deveria pagar 6,5 milhões de euros pela transferência do jogador, mas só terá pago dois milhões, correspondentes à primeira prestação. Raphinha assinou contrato com o clube de Alvalade no ano passado, que é válido até 30 de junho de 2022, no qual se fixou a cláusula de rescisão em 60 milhões de euros.

Os leões já reagiram a este pedido, que dizem estranhar, e acusam o Vitória de Guimarães de preferir “o histerismo público em vez de esperar pela solução de curto prazo que propusemos e que ignoraram”, em declarações citadas pelo Expresso. “Honraremos, como sempre, os nossos compromissos, como o Vitória bem sabe”, garante a SAD.

Relembram ainda que é “pública a situação do Sporting Clube de Portugal, assim como o trabalho que estamos a desenvolver para a resolver”. O clube anunciou recentemente que enfrentava uma situação de tesouraria difícil, e que não vai ter dinheiro em abril para pagar despesas correntes. Por esta razão, vai avançar já com uma operação de titularização de créditos relativos ao contrato televisivo com a Nos.

O Sporting estará também a ultimar um acordo de empréstimo com o fundo Apollo no valor de 65 milhões de euros, com uma taxa de juro inferior a dois dígitos, e com base na titularização das receitas de direitos televisivos da Nos. A SAD tem urgência em assegurar o financiamento também porque se falhar pagamentos a fornecedores pode pôr em causa o ‘fairplay’ financeiro, e vir a ser impedido de se inscrever nas competições europeias já no final de março.

O Sporting tinha já negado a dívida para com o clube dos minhotos, no verão passado. Em comunicado, citado pelo Record (acesso livre), o clube indicou que a SAD renegociou o plano da liquidação das prestações. “O novo plano está a ser cumprido na íntegra e como tal repudiamos e desmentimos de forma veemente as notícias que dão conta desse alegado incumprimento”, garantiram na altura.

(Notícia atualizada às 18h48)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Sonae está a recrutar até dia 17. Quer jovens inovadores, independentemente da sua formação

É valorizada a capacidade empreendedora, criativa e inovadora dos jovens, bem como as suas experiências de vida, independente do seu background académico ou nacionalidade.

A Sonae está à procura de jovens com espírito empreendedor e inovador para desenvolverem projetos e fazerem carreira nas empresas do grupo empresarial multinacional. Através do Programa Contacto — que já vai na sua 33.ª edição –, a empresa vai proporcionar estágios remunerados, com a duração de nove meses, aos recém-graduados de licenciatura e de mestrado.

As candidaturas ao programa já estão abertas e decorrem até ao próximo dia 17 de março. Os jovens interessados devem registar-se no site da Sonae Contacto e fazer o upload do seu currículo. Além disso, os candidatos têm, ainda, de responder ao desafio “Are you an intrapreneur?”.

Intrapreneurs são jovens inovadores, de espírito inconformado, proativo e desafiador, que possuam vontade de desenvolver projetos e negócios dentro da Sonae. São ágeis, argutos, com capacidade de comunicação e persuasão. São analíticos, pensam por si, têm um bom network, energia e paixão, são tolerantes e têm capacidade de organização”, explica o grupo em comunicado.

De acordo com a diretora de talent management & development da Sonae, Ana Vicente, é valorizada a capacidade empreendedora, criativa e inovadora dos jovens, bem como as suas experiências de vida, “independente do seu background académico ou nacionalidade”. Quer isto dizer que qualquer área de formação é válida, desde gestão, engenharia, psicologia, biomédica ou estatística, por exemplo.

Com o Programa Contacto — que tem como missão atrair e integrar jovens talentos nas empresas do grupo, valorizando a ligação entre a academia e o mercado de trabalho –, a Sonae promete “oferecer aos selecionados a oportunidade de explorar diferentes oportunidades e viver experiências profissionais diversificadas, na heterogeneidade de negócios que o grupo detém”.

Desde a sua criação, em 1986, o Programa Contacto já recebeu cerca de 45 mil candidaturas, que conduziram à seleção e participação de mais de 4.600 jovens de diferentes áreas de conhecimento e nacionalidades, sendo que algumas centenas destes acabaram mesmo por integrar as equipas das empresas Sonae.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Lisboa avança pela quinta sessão consecutiva. Otimismo na banca impulsiona ganhos

A praça lisboeta destaca-se pela positiva ao subir pela quinta sessão consecutiva, num dia misto para a Europa. O BCP e a Galp Energia dão força ao índice nacional.

A bolsa de Lisboa prolonga os ganhos, ao subir pela quinta sessão consecutiva. Impulsionada pelo BCP, que vê os títulos subir numa altura em que a banca na Zona Euro espera o anúncio de novas rondas de empréstimos de baixos custos, e pela Galp Energia, a praça lisboeta destaca-se pela positiva num dia que foi misto para as praças europeias.

O índice de referência nacional subiu 0,39% para os 5.297,53 pontos. Das 18 cotadas do PSI-20, a maioria terminou a sessão no verde, contribuindo para o bom desempenho da bolsa. Apenas cinco terminaram em terreno vermelho, e uma manteve-se inalterada, a EDP Renováveis.

O BCP foi quem ajudou a dar gás ao PSI-20, ao avançar 1,19% para os 0,24 euros, numa altura em que se espera que o BCE lance uma nova operação de refinanciamento de longo prazo (TLTRO), o que poderá acontecer na reunião desta quinta-feira. Vários analistas já tinham apontado a possibilidade de o BCE voltar a recorrer aos TLTRO, um instrumento já utilizado durante a crise para assegurar liquidez na banca.

Também a Galp Energia impulsiona o índice, ao subir 0,95% para os 14,92 euros. Destaque ainda para a Corticeira Amorim, que somou 2,81% para os 10,98 euros.

Em terreno vermelho, é a Mota-Engil que lidera as perdas. Os títulos da construtora recuaram 0,89% para os 2,22 euros. Também a Jerónimo Martins ficou abaixo da linha de água, e terminou a sessão a cair 0,45% para os 13,23 euros, tal como a Ibersol, que recuou 0,50% para os 8,004 euros.

Pelo Velho Continente o sentimento foi misto, mas, na generalidade, mais negativo. O índice que agrega as principais cotadas europeias, o Stoxx 600, caiu 0,11%, o alemão DAX recuou 0,26% e o francês CAC 40 desvalorizou 0,06%. Já o britânico FTSE 100 subiu 0,18%.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Autor do relatório secreto sobre Carlos Costa também vai ser ouvido na comissão da CGD

Comissão de inquérito à Caixa vai inquirir João Costa Pinto, antigo presidente da comissão de auditoria do Banco de Portugal e autor do relatório secreto sobre a atuação de Carlos Costa no caso BES.

Vem aí mais um bloco de audições no âmbito da comissão parlamentar de inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD). Os deputados vão ouvir o antigo presidente da comissão de auditoria do Banco de Portugal, João Costa Pinto, o mesmo responsável pelo relatório “secreto” sobre a atuação de Carlos Costa e do supervisor no caso do BES e que é pedido pelo PS e Bloco de Esquerda. Mas já há mais nomes que vão ao Parlamento nas próximas semanas para prestar esclarecimentos por causa do banco público.

Este relatório ficou mesmo conhecido como o “Relatório Costa Pinto”, tendo contado com o apoio técnico da consultora Boston Consulting Group.

De acordo com o que relatava o Jornal de Negócios em 2016, as conclusões do documento, com cerca de 600 páginas, apontam para críticas à atuação do atual governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, mas também do anterior, Vítor Constâncio, em relação ao banco da família Espírito Santo que veio a ser alvo de uma resolução em agosto de 2014.

Este é um dos documentos que tanto os socialistas como os bloquistas pediram para ter acesso no âmbito da II comissão parlamentar de inquérito à recapitalização da CGD e à gestão do banco. Também o antigo líder do banco, Ricardo Salgado, já solicitou o relatório em tribunal.

Além de João Costa Pinto, também vão ser ouvidos o revisor oficial de contas do banco público — Manuel Oliveira Rego, da Oliveira Rego & Associados, SROC João Dias Garcia, antigo secretário da mesa da assembleia-geral da CGD, e ainda Eduardo Paz Ferreira, presidente da comissão de auditoria da CGD entre 2011 e 2016 e presidente do conselho fiscal entre 2007 e 2010.

No caso de Paz Ferreira, o próprio alertou por várias vezes nos pareceres aos resultados da CGD para o risco de “fraudes e erros” poderem ocorrer sem serem detetados devido às limitações do sistema de controlo nas áreas de gestão do risco, compliance e auditoria interna, segundo revelou o Jornal Económico.

Ainda não há datas definidas para estas audições, embora Luís Leite Ramos, presidente da comissão de inquérito, tenha revelado ao ECO que uma audição terá lugar no dia 19 ou 20 de março e as outras na semana seguinte.

As audições começam já na próxima semana. Arrancam com a audição à EY, a auditora responsável pela auditoria aos atos de gestão do banco entre 2000 e 2015, no dia 12 de março, seguindo-se Carlos Costa e Vítor Constâncio, atual e anterior governador do Banco de Portugal, nos dias 13 e 14 de março, respetivamente.

No total, os grupos parlamentares pediram para ouvir mais de 50 individualidades e entidades.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.