Governo minoritário com pés de barro? Há mais estabilidade do que parece

A estabilidade politica da próxima legislatura pode não estar comprometida apesar de Costa ir governar sem maioria. Há várias razões que podem justificar o apoio parlamentar que o PS precisa.

António Costa anunciou que o PS fará um governo minoritário e procurará apoios no Parlamento caso a caso para as leis que quiser fazer passar na Assembleia da República. A solução parece menos estável do que a geringonça em vigor na atual legislatura, mas isso não significa necessariamente que tenha pés de barro, defendem especialistas ouvidos pelo ECO.

“Com a maioria que o PS obteve e com a dificuldade de qualquer coligação negativa não é de prever que haja um Orçamento efetivamente recusado”, diz o professor de ciência política do Instituto de Ciências Sociais (ICS) António Costa Pinto. O politólogo lembra que com o “aumento do número de parceiros políticos” e o facto de a direita (PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega) ter menos deputados que o PS (84, contra 106), “a abstenção” dos partidos à esquerda do PS basta para fazer passar leis.

Costa Pinto acrescenta outro ponto relevante que retira pressão à legislatura. Esta solução “já é conhecida do PS”, o que faz com que haja um “enorme lastro”.

Em Portugal já houve governos minoritários, mas apenas um chegou ao fim da legislatura. Foi entre 1995 e 1999 e tinha como primeiro-ministro António Guterres.

Depois há a experiência da legislatura que agora acaba que, embora não sendo um governo minoritário em sentido clássico já que existiram acordos assinados com três partidos para garantir apoio parlamentar, levou a uma “grande rotinização da negociação parlamentar”, lembra Costa Pinto.

"Com a maioria que o PS obteve e com a dificuldade de qualquer coligação negativa não é de prever que haja um Orçamento efetivamente recusado.”

António Costa Pinto

O filósofo Viriato Soromenho-Marques fala em “navegação à vista” para descrever aquilo que espera ver na próxima legislatura no Parlamento. Os resultados apontaram para “um PS muito próximo da maioria absoluta” e, atendendo à diversidade de partidos, o professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa pensa que o PS terá o apoio dos partidos à sua esquerda em matérias mais sociais e da direita em temas mais orçamentais, como por exemplo questões que envolvam o setor financeiro.

Viriato acrescenta que há ainda outras circunstâncias que podem ajudar a evitar grandes fraturas e, por isso, acabem por ajudar a dar estabilidade política. “Há uma fantasia na Europa de que se podem fazer reformas estruturais”, mas “o risco de despesismo só vai acontecer quando o sistema financeiro vier abaixo outra vez.” Até lá, e sem a pressão para fazer reformas estruturais e com o Pacto Orçamental, “basta ter um Centeno para governar”.

"[Sem a pressão para fazer reformas estruturais e com o Pacto Orçamental], basta ter um Centeno para governar.”

Viriato Soromenho-Marques

Luís Marques Mendes defendeu, no seu comentário político semanal no Jornal da Noite da SIC, que este Governo será de “serviços mínimos”. O conselheiro de Estado argumentou que Costa “vai cumprir o mandato, mas o ambiente é mais instável”. No plano político contará com duas oposições – à sua direita e à sua esquerda – e na frente económica haverá menos para distribuir.

Costa Pinto adianta que existem incertezas que não devem ser ignoradas. Esta composição “introduz uma margem negocial mais significativa para os partidos à esquerda do PS”, porque há “margem para o discurso político”. Deste ponto de vista haverá mais “autonomia discursiva e estratégica”. Ou seja, os partidos à esquerda podem aprovar Orçamentos e, ao mesmo tempo, demarcarem-se deles.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 14 Outubro 2019

No dia em que é conhecido o prémio Nobel da Economia, a Mota-Engil avança com uma emissão de 75 milhões em obrigações para pequenos investidores.

A semana arranca com uma queda do preço da gasolina, enquanto o custo do litro de gasóleo vai manter-se. Nos mercados, a Mota-Engil vai avançar com uma emissão de 75 milhões em obrigações. No mesmo diz em que o INE revela os dados do turismo em agosto, são anunciados os vencedores do prémio Nobel da Economia. É ainda notícia a conclusão da venda do banco em Espanha pela CGD.

Gasolina desce até 1,5 cêntimos. Gasóleo não mexe

A partir desta segunda-feira, abastecer o automóvel com gasolina vai ficar mais barato. Está prevista uma diminuição de 1,5 cêntimos no litro da gasolina, enquanto para o gasóleo não se antevê qualquer alteração de preço. A confirmar-se esta evolução, será a terceira semana consecutiva de alívio nos preços dos combustíveis. De acordo com cálculos feitos com base nos valores de referência da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), o preço médio da gasolina deverá baixar dos 1,493 euros para os 1,478 euros por litro, enquanto o gasóleo deve manter-se nos 1,372 euros pela segunda semana.

Mota-Engil avança com emissão de 75 milhões em obrigações

A Mota-Engil vai emitir nova dívida para pequenos investidores. São 75 milhões de euros captados através de obrigações com maturidade 2024, oferecendo uma taxa de juro bruta de 4,375%. Em simultâneo, a empresa vai avançar duas operações de troca de dívida também de retalho já existente. A oferta pública de subscrição começa esta segunda-feira e decorre ao longo de quase duas semanas. Apesar de estar agora prevista a colocação de 75 milhões, o número de Obrigações Mota-Engil 2024 poderá ser aumentado pela construtora até ao dia 23 de outubro.

Como foi o turismo no pico do verão?

O Instituto Nacional de Estatística divulga a Atividade Turística referente a agosto deste ano. Em julho, o setor do alojamento turístico em Portugal contou com 2,8 milhões de hóspedes, responsáveis por 8,2 milhões de dormidas, números que representam um crescimento de 5,4% e 2,2%, respetivamente, e que comparam com as evoluções de 10% e 6,1% registadas em junho.

E o Prémio Nobel vai para…

A Academia Norueguesa anuncia, esta segunda-feira, a quem decidiu atribuir o Prémio Nobel da Economia deste ano. No último ano, essa distinção foi para Paul M. Romer — por integrar os desafios climáticos na análise macroeconómica — e para William D. Nordhaus — por integrar as inovações tecnológicas na análise macroeconómica. “William Nordhaus e Paul Romer desenharam os métodos que respondem a alguns dos nossos problemas mais importantes e que mais pressionam: o crescimento sustentável da economia global a longo prazo e o bem-estar a população mundial”, justificou a Academia, em 2018.

CGD conclui venda do banco em Espanha ao Abanca

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai concluir esta segunda-feira a venda do banco em Espanha ao Abanca. Em setembro, o Abanca recebeu autorização do Banco Central Europeu (BCE) para a conclusão da operação de compra do Banco Caixa Geral, uma operação que “engordou” os lucros do banco liderado por Paulo Macedo no primeiro semestre para os 417,5 milhões de euros.

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José Mello: A inovação em seguros segundo a Liberty

É responsável pelo Solaria Labs West, o laboratório de inovação da Liberty Mutual em São Paulo. Explica como o futuro do negócio é olhado por uma das maiores seguradoras do mundo.

O Solaria Labs é o braço de inovação da Liberty Mutual’s Global Retail Markets. É um laboratório de inovação com alcance global e presença em três locais: Boston, nos Estados Unidos, onde fica a sede da Liberty Mutual, Singapura, que atende a todo o mercado asiático e, desde Maio deste ano, o laboratório em São Paulo, no Brasil, dirigido por José Mello, que atende a todo o mercado da América Latina e Europa, sendo que Europa integra Irlanda, Espanha e Portugal, três países agora com gestão unificada.

José Mello: “Estamos sempre a olhar para oportunidades de fazer parcerias ou investimentos, eventualmente até comprar empresas que ajudem a acelerar o nosso processo de aprendizagem”.Hugo Amaral/ECO

O Solaria trata de produtos e serviços que tenham potencial disruptivo para o negócio da Liberty e que a empresa tradicional tem dificuldade em fazer porque ou faltam as competências específicas ou falta a liberdade de experimentar novos modelos. Então a ideia é que a unidade seja esse lugar de experimentação, de novos modelos de seguro que vão ajudar a construir o futuro.

José Mello tem 25 anos de experiência em inovação e formação em tecnologia, marketing e negócios em geral. Tem um mestrado em inovação pelo Institute of Design de Chicago, Estados Unidos. Fez um curso Singularity University, trabalhou sempre um inovação e desde 2014 na Liberty no Brasil. Foi entrevistado por ECOseguros.

O Solaria Labs é um laboratório que testa produtos para os integrar no mercado normal?

Existem dois olhares sobre o que é o laboratório: Um é descobrir quais são as oportunidades de mercado a aproveitar; O segundo é sobre quais as capacidades que a Liberty precisa construir. Por exemplo, tem-se verificado uma transformação grande na forma como as pessoas se movem e a parte da mobilidade e seguro de automóvel é um dos negócios principais das seguradoras globalmente e com a Liberty não é diferente. Essa mudança significa menor propriedade dos veículos pelas pessoas, usam-se mais as modalidades compartilhadas, isso cria uma rutura no nosso negócio atual. O Solaria Labs vai tentar desenhar novos modelos, para aproveitar oportunidades dentro desse novo setor mas, ao mesmo tempo, vai ajudar a entender que capacidades precisam ser construídas enquanto organização.

Tem eixos de investigação definidos? A mobilidade é um deles?

É. Por exemplo, enquanto o seguro de automóvel tradicional é precificado pelo valor do bem e um pouco pelo uso que se faz dele, agora parte-se para um modelo compartilhado em que ninguém é proprietário do veículo. Ele simplesmente é usado, a preocupação está em proteger o usuário do bem.

Também muda o uso das habitações

Agora tem esses modelos tipo Airbnb, que a pessoa já não mora mais em lugar nenhum. Temos olhado para esse tema também, já que o seguro de propriedade é um produto que sempre foi muito forte para a Liberty e também está em transformação.

"o seguro de automóvel tradicional é precificado pelo valor do bem e um pouco pelo uso que se faz dele, agora parte-se para um modelo compartilhado em que ninguém é proprietário do veículo”

O trabalho também?

Trabalho e comércio, é o outro foco. Vê-se uma mudança também, até nas relações de trabalho, as pessoas são cada vez menos empregadas de empresas, cada vez mais se vê pessoas trabalhando de forma mais autónoma, com essa mudança também mudam os riscos. E co-existindo com o negócio tradicional, as pequenas empresas tradicionais, existem agora uma variedade pequenas novas empresas que na verdade não têm nenhum ativo, não têm uma infraestrutura, não têm uma loja física.

A um quarto caminho chama experiências.

Esse é o quarto pilar da investigação: experiências de vida. Se eu não sou dono dos meus bens, se na verdade eu uso serviços, se o meu trabalho é mais flexível, eu não tenho um estabelecimento comercial fixo, então o que é que eu preciso proteger? Muito provavelmente são as minhas experiências e aí de novo, é um outro território que as seguradoras nunca pisaram. Estamos a tentar entender que novos riscos emergem nesse cenário e com que novas proteções precisamos de começar a nos preocupar.

“Os novos modelos não têm dados passados, são riscos que estamos enfrentando pela primeira vez, a encontrar um preço pela primeira vez”Hugo Amaral/ECO

A mudança de base é o foco nas pessoas, não nos bens?

É essa troca. É trazer o cidadão ou o consumidor para o centro desse processo ao invés dos seus bens, como fazíamos nos seguros até aqui. Temos de entender quais são as necessidades dele que talvez sejam muito mais de prevenção do que de ressarcimento de valores. Por exemplo, eu não gostaria que as minhas férias fossem estragadas, eu não quero sofrer um acidente e se a seguradora, de alguma maneira, ajudar a que essas coisas não aconteçam comigo, eu prefiro. Se eventualmente acontecer, eu tenho uma proteção adicional e isso muda um pouco o foco de onde as seguradoras começam a olhar. São oportunidades, é talvez muito mais serviço do que os produtos tradicionais que os clientes estão acostumados.

A investigação na Liberty vai no sentido de soluções para o mass market ou para a ultra-segmentação?

Pode ir para um caminho ou para outro, mas a nossa crença no geral é que existe uma necessidade de personalização cada vez maior, mas uma personalização em massa. Precisamos de capacidade para entender a necessidade de cada um, oferecer alguma coisa para um nicho muito específico mas, olhando para a grande escala, sabendo que aquele tipo de comportamento se repete, com várias pessoas diferentes em vários setores diferentes. Temos tentado encontrar essas oportunidades de personalização, mas numa escala que permita o que o produto exista.

A tecnologia tem que servir as suas ideias, não as suas ideias que têm que servir a tecnologia?

É impossível hoje desassociar a construção de ofertas e produtos sem pensar em tecnologia. É o veículo para a gente entender comportamentos e fazer esse tipo de trabalho de segmentação para se conseguir entregar uma oferta, o produto certo no momento certo para aquele consumidor.

A análise de risco como é que fica no futuro?

Tradicionalmente as seguradoras analisam risco olhando para o passado, para os dados históricos, a partir daí, encontra-se um preço. Os novos modelos não têm dados passados, são riscos que estamos enfrentando pela primeira vez, a encontrar um preço pela primeira vez. E daqui a cinco anos não vai ter dados históricos sobre aquilo porque o risco vai mudar de novo. Então estamos a criar modelos usando inteligência artificial, usando uma ajuda da tecnologia para tentar predizer o futuro, para tentar criar modelos que ajudem a prever os dados do futuro.

Os seguros paramétricos são um caminho nesse campo?

Temos estudado bastante os seguros paramétricos. Exemplifico com uma viagem. Já hoje existem sensores nas cidades que tentam dizem qual o índice de chuva numa determinada região, se tem risco de vento ou de outros eventos climáticos. Captando esses dados em tempo real, calcula-se, através de um algoritmo próprio, qual a probabilidade de um risco se concretizar. Daí estabelece-se um limite, ainda por exemplo, de um limite máximo de chuva, se chover mais do que essa quantidade, automaticamente isso dispara o seguro e o custo da viagem está garantida. Este tipo de transformação é para onde estamos a olhar e a tentar entender que modelos podem ser aplicados a partir de agora.

Os clientes vão concentrar todos os riscos numa companhia ou vão continuar a lidar com várias?

Existem essas duas correntes de pensamento, estamos a explorar um pouco dos dois caminhos para tentar entender qual é o melhor lugar para nos posicionarmos no futuro. Uma vê o seguro como utility, como a energia elétrica e está mais associado ao canal de uso do serviço. Se estou no carro, na verdade é o carro que tem o seguro, se eu estou na trotinete, é essa que tem o seguro, se vou fazer uma viagem é a viagem que tem o seguro. Essa corrente de pensamento defende que esses riscos são independentes da empresa e a seguradora é muito mais um serviço associado a esses canais. Neste caso é muito difícil individualizar o relacionamento.

“Existe um gap entre a necessidade do consumidor e o que se oferece nos canais digitais. Esse gap chama-se confiança e não foi suprido pela venda online”Hugo Amaral/ECO

Existe uma outra corrente de pensamento que considera que as pessoas vão aderir a um parceiro e que esse parceiro vai ser para a vida. Vão fazer tudo com a mesma empresa porque ela tem todo o seu histórico e o entende enquanto consumidor. Essa seguradora vai conseguir dar as melhores condições sempre porque ela sabe todos os riscos que o cliente já viveu ou esteve exposto ao longo do tempo.

As vendas online ainda têm pouca expressão na distribuição de seguros a nível mundial. Parece haver uma barreira entre os consumidores e a concretização de contratos apenas através de canais digitais. Ao fim de vinte anos não se esperava mais do canal Internet?

Existe um gap entre a necessidade do consumidor e o que se oferece nos canais digitais. Esse gap chama-se confiança e não foi suprido pela venda online Hoje o esforço para o consumidor ganhar essa confiança é muito grande, está do lado do consumidor e não deveria estar desse lado. É uma questão de o consumidor ter certeza de que está a comprar a coisa certa para aquilo que precisa. Os brokers online foram para um caminho de fazer seguro commodity, super padronizado para reduzir isso a preço, porque os produtos são mais ou menos iguais. E aí as pessoas não compram porque falta uma camada preenchida pelos agentes os corretores que dão ao consumidor essa confiança de que ele está comprando a coisa certa. Quem conseguir destravar esse elemento da confiança, vai ter sucesso nesse caminho mais digital.

Que objetivos tem para cumprir?

As metas do laboratório elas são diferentes das metas de negócio tradicionais. São metas de aprendizagem e não metas de retorno financeiro. As metas de retorno financeiro ficam para as pessoas que estão a gerir o negócio de hoje.

Como enquadra a investigação na Liberty?

Quando se está a gerir uma empresa como a Liberty está-se a gerir três empresas diferentes. Uma empresa que busca eficiência nos negócios atuais e tirar o maior resultado que conseguir. Na outra ponta existe uma empresa inovadora que é o laboratório em que as métricas são de como se aprende determinada coisa, quão longe se foi. Existe ainda uma terceira organização, no meio das duas, que se chama da organização da transformação. Tudo o que é construído no laboratório ganha um pouco de corpo, ele prova como conceito, passa para uma segunda etapa que é como se leva isso para a escala. Aí começa a sair do laboratório e começa a entrar no core da empresa.

"É um ciclo de dois anos, em média, para sair dum conceito, lançar um produto experimental no mercado, e operar ele. O produto é criado, lançado e comercializado, separado do negócio da Liberty. Muitas vezes ele é só “powered by Liberty”.”

Não há métricas formais para seguir?

As nossas métricas estão muito mais associadas às experiências do que a, por exemplo, ter cinco produtos no mercado daqui a cinco anos ou de ter um valor de milhões de receita num limite de tempo. As metas do laboratório vão até ao produto se provar como viável. Se provou como viável ele passa para dentro do negócio para que ele seja escalado. Aí sim, vêm as métricas. É um ciclo de dois anos, em média, para sair dum conceito, lançar um produto experimental no mercado, e operar ele. O produto é criado, lançado e comercializado, separado do negócio da Liberty. Muitas vezes ele é só “powered by Liberty”.

Essa a justificação para essas outras marcas usadas pela Liberty para experiências?

São marcas diferentes da companhia como a Certainly que opera nos Estados Unidos. Comercializa seguros em 100% digital num modelo mais parecido com as insurtechs. O seguro é “backed by Liberty”, mas é uma outra marca, não se vê a marca Liberty em lugar nenhum, porque estamos a aprender sobre modelos que o negócio atual não tem.

O que tem de novo a Certainly?

O modelo compartilhado de análise de sinistro, por exemplo. Hoje, na seguradora tradicional, é preciso que alguém faça a regulação dos sinistros. Que um perito diga que foi mesmo um sinistro. O caminho que estamos a ver é mais colaborativa e mediada por tecnologia. O perito é uma tecnologia com informação dada pelos próprios consumidores. Se existe um sinistro, um mesmo grupo de risco ajuda a regular o sinistro. Este modelo peer to peer tem sido experimentado pode ser um modelo de futuro. Não se pode pegar num produto da Liberty hoje, comercializado em grande escala, e dizer que a partir de agora são os próprios consumidores a decidir se um sinistro é ou não pago. Na Certainly, uma seguradora separada, existe um ambiente um pouco mais contido. Pode ser experimentado um modelo como esse, aprender e entender se faz sentido incorporar no negócio atual ou não.

Para além da Certainly o que fazem as outras seguradoras experimentais?

A Simplify é um seguro de vida, 100% digital adaptável à necessidade do consumidor ao longo do tempo. Compra-se uma apólice hoje com o que se quer proteger pelos próximos 20 anos. Não é preciso fazer nada, automaticamente esses gatilhos vão disparando, é uma aposta na personalização. A Certainly aposta nesse cenário de que tudo é compartilhado então os riscos a proteger são outros e serve como aprendizagem sobre como regular esses novos riscos. A Wellbeing é uma plataforma de serviços para a casa da pessoa e um começo de preocupações com a proteção para experiências de vida.

Onde se encaixam as insurtech start up na estratégia Liberty?

Usamos um modelo, que você deve ter visto aí um modelo que são quatro pilares para crescimento, que é o PIBB – partner, build, é partner, invest, build or buy (fazer parceria, investir, construir de raiz, ou adquirir uma empresa). Para todo o novo conceito que se trabalha eu vou tentar entender qual é a melhor configuração. Se a Liberty desenvolve isso do zero é por que temos o conhecimento para fazer isso. Mas se encontrar um parceiro, uma start up que já esteja operando nesse mercado, e aí talvez eu acelere o meu processo de aprendizagem, fica como parceira ou eventualmente até se faz um investimento nessa empresa. Estamos sempre a olhar para essas oportunidades de fazer parcerias ou investimentos, eventualmente até comprar empresas que ajudem a acelerar o nosso processo de aprendizagem.

As insurtechs são um meio e não um fim em si?

O nosso trabalho tem muita pesquisa de mercado chamada de tradicional: entrevistar pessoas, consumidores, especialistas, mas também existe muito trabalho experimental também. Acreditamos muito na aprendizagem pela experimentação. Quando existe um conceito para testar no mercado, para tentar ter um pouco mais de precisão, vamos construir alguma coisa e colocar no ar e começar a vender. Aí a aprende-se vendendo. Essa fase pode realizar-se usando uma start up como parceiro ou eventualmente até fazendo um investimento numa empresa dessas.

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Costa vai “cumprir mandato, mas ambiente é mais instável”. Terá oposição dos dois lados

Luís Marques Mendes considera que "ninguém pode estar muito satisfeito com os resultados das legisltativas". Costa vai cumprir os quatro anos, mas o "ambiente é mais instável".

O PS venceu as legislativas, mas sem maioria. Procurou acordos à esquerda, mas acabou por decidir fazer uma governação à vista, negociando caso a caso, no Parlamento. Marques Mendes acredita que António Costa será capaz de cumprir os quatro anos do mandato, mas alerta que o “ambiente será muito mais instável”. Vai, diz o comentador, acabar por ser um Governo de “serviços mínimos”.

António Costa terá “piores condições para governar. Ganhou, mas a condições no plano politico e económico não são boas”, afirmou Luís Marques Mendes no habitual espaço de comentário no Jornal da Noite da SIC.

Costa “vai cumprir o mandato de quatro anos, mas o ambiente é mais instável. Não tem um bloco certo no Parlamento”. E vai governar num “quadro de menos economia. Não é recessão, mas há abrandamento. Tem menos dinheiro para distribuir”.

"[Costa terá] piores condições para governar. Ganhou, mas a condições no plano politico e económico não são boas.”

Marques Mendes

Para Marques Mendes, o novo Governo enfrentará também “mais agitação social”. Costa, lembrou, “teve três anos de folga social. Agora, o PCP vai querer contestar nas ruas”, disse, salientando que “Costa só tinha oposição à direita. Agora, vai ter duas, uma à esquerda e outra à direita”.

Além de tudo isto, o novo Governo vai ter também menor apoio do Presidente da República. “Marcelo [Rebelo de Sousa] foi alguém muito colaborante. Não vai passar a crítico, mas vai ter de ser mais distante. Por causa do episódio de Tancos, mas sobretudo porque o Governo não é tão abrangente”, diz. O Presidente terá, por tudo isto, ter de ser “mais distante”.

Esquerda mais forte? Nem por isso

O PS saiu reforçado, isto quando o Bloco de Esquerda manteve a representação no Parlamento. O PCP, com a CDU, acabou por ser penalizado nas urnas a 6 de outubro. Com esta nova conjugação parlamentar, a esquerda poderá estar mais forte? “Não me parece”, diz Marques Mendes, apontando vários desafios para os partidos de Catarina Martins e Jerónimo de Sousa.

PCP e BE terão várias dificuldades. “Sem geringonça, voltam ao estado anterior. Não é bom para o seu estatuto”, sendo que depois há as autárquicas, em que ambos os partidos terão uma vida difícil. O Bloco não tem poder nas autarquias. O PCP está em perda. Perdeu várias para o PS”.

Mas depois há ainda aquela que Marques Mendes considera ser a questão nuclear: derrubar o Governo. “Vão ter dificuldade. Só se PCP e BE juntarem todos os votos PSD e CDS para o fazerem. Isto leva ao fantasma do PEC 4”, no Governo de José Sócrates.

Direita vai estar sujeita a “chantagens” no Parlamento

Se a esquerda terá uma vida difícil ao longo dos próximos quatro anos, para a direita a perspetiva de Marques Mendes para a direita não é muito melhor, isto numa altura em que tanto PSD como CDS têm de “resolver crises internas” — sendo que no caso do PSD, Mendes acredita que Rio se recandidate contra Montenegro e outros potenciais candidatos à liderança do partido.

“Vão ser sujeitos a chantagens no parlamento. E quando a oposição tem de viabilizar um Orçamento do Estado… isso não lhes dá credibilidade”, nota o comentador, no Jornal da Noite da SIC.

“Outra dificuldade é estarem quatro anos na oposição… No PSD nunca houve um líder na oposição que aguentasse os quatro anos“, remata.

Governo de “serviços mínimos”

A grande conclusão de Marques Mendes é a de que “ninguém pode estar muito satisfeito com os resultados das legislativas”, nem os partidos, nem o próprio país. “Para o país também não é fantástico, É um tempo de instabilidade. Guerra comercial, Brexit, abrandamento da economia, precisávamos de ter um ambiente político mais forte”.

E os portugueses também não ficarão muito satisfeitos com o Governo que António Costa está a montar. Costa sinalizou que ia ficar quase na mesma. Não é um novo governo, antes uma remodelação. Alguns secretários de Estado que passam a ministros. E ministros dos Negócios Estrangeiros e das Finanças passam a ministros de Estado”.

As pessoas gostavam de ter um governo novo. Caras novas, almas novas”. “Precisa substituir ministros. Há ministros cansados, esgotados. Vai promover secretários de Estado. Não podem ser muitos. Dá imagem de circuito fechado”. Em suma, há o risco de ser um “Governo de serviços mínimos. Grandes decisões? O melhor é colocar de lado essas expectativas”, remata.

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LegalVision: esta startup quer digitalizar as empresas e as sociedades de advogados

Com 30 mil clientes, a startup franco-portuguesa quer crescer e entrar no mercado espanhol. O seu software está a transformar a maneira como as sociedades de advogados e as empresas trabalham.

Quanto tempo perdem as empresas à espera de documentos que poderiam ser simplificados por uma assinatura digital? Foi a pensar neste e noutros desafios que nasceu a startup franco-portuguesa LegalVision, uma legaltech que quer mudar a forma como os processos mais simples são tratados tanto nas empresas como em parceiros destas, como é o caso das sociedades de advogados. A ideia surgiu de uma constatação simples; os processos jurídicos são lentos, caros e existe uma falta de transparência entre o valor do trabalho do advogado e o benefício mensurável para o seu cliente.

“Não faz qualquer sentido o trabalho e toda a papelada em sociedades de advogados. Devia ser tudo digitalizado porque o cliente não percebe porque é que as coisas demoram tanto, há muita falta de comunicação entre, por exemplo, a secretária, a recolha dos documentos, os dados… E achámos que fazia sentido digitalizar e automatizar os processos”, explica Gonçalo Alves, cofundador da LegalVision.

A ideia é simples: digitalizando processos de rotina como assinaturas, modificação de objetos sociais das empresas ou mudança de sede, sobra mais tempo para pensar estrategicamente o negócio e dedicar maior atenção a outras atividades. E, com isso, as empresas poupam, por um lado, e otimizam recursos, por outro.

Fundada em 2015 por Gonçalo Alves, Miguel Figueiredo e Loic Le Goas, a LegalVision desenvolveu um software especializado na digitalização e automatização de processos jurídicos. A empresa começou com quatro processos jurídicos “muito simples”, entre os quais estão a modificação de objeto social, a mudança da sede da empresa, os estatutos e a assinatura digital que “normalmente não eram feitos de maneira smooth em qualquer gabinete de advocacia”. “O software funciona da mesma maneira: através de um formulário onde cabem todas as informações pessoais ou financeiras da empresa, gera automaticamente um conjunto de documentos do respetivo processo jurídico. O software funciona e é acessível a qualquer pessoa, que pode utilizá-lo sem recorrer diretamente a um advogado. E esse software é utilizado junto de escritórios de advocacia para automatizar os processos internos”, explica o cofundador da empresa.

Ainda que, no início, a startup tivesse como maioria de clientes as empresas, as sociedades de advogados ocupam agora metade dessa carteira, e com tendência a crescer cada vez mais. Assim, neste momento e quatro anos depois do início, a LegalVision conta com cerca de 30 mil clientes, a maioria dos quais pequenos gabinetes de advocacia de França. Em Portugal, o mercado ainda é pequeno e, como próximos passos, a empresa quer manter o escritório em Lisboa, mas apostar no lançamento e crescimento dos seus produtos no mercado espanhol.

“Somos um software de gestão de validação documental. Ou seja, o nosso produto permite fechar todo o processo e fazer com que o advogado dê consultoria, a máquina faz o resto. E esta grande parte da máquina, cerca de 80%, ainda não está adaptada ao mercado português. Mas reduzimos o tempo que os advogados dedicam a esse tipo de processos. Sabemos que o impacto do produto é grande”, sublinha Gonçalo.

Para isso, a startup fechou, em fevereiro de 2019, uma ronda de investimento de um milhão de euros liderada por dois fundos de capitais de risco, e, em agosto, levantou outra ronda de meio milhão vindo do BPI (Banque Publique d’Investissement, o banco de fomento francês) e a fundo perdido, que vai permitir à empresa internacionalizar o negócio e continuar a contratar. Entre os objetivos da empresa estão chegar a mais de 35.000 clientes até ao final de 2019 — startup conta com uma taxa de crescimento médio de 10% ao mês — e reforçar a equipa que conta já com 40 dezenas de pessoas, entre os quais se encontram oito em Lisboa, outros tantos em Paris e os restantes em Bordéus.

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Das etiquetas de roupa para o merchandising. Cachecóis do Benfica, Bayern, Roma, Chelsea e Marselha são fabricados no Norte

A 4 Teams fabrica e fornece oficialmente os cachecóis do SLB. Começaram por produzir etiquetas para roupa,mas a crise obrigou-os a reinventar-se. O merchandising desportivo é a sua nova vida.

A 4 Teams começou por produzir etiquetas para as peças de vestuário, mas depois de uma crise no setor têxtil, encontrou no merchandising desportivo uma oportunidade. A partir de Vizela, no distrito de Braga, veste adeptos de várias cores pelo mundo fora.

Produz milhões de cachecóis, gorros, bonés, bandeiras e outros adereços desportivos para grandes clubes europeus. Fornece estes acessórios de merchandising desportivo, que são depois distribuídos por outras empresas que têm a licença oficial (os licenciatários) de clubes de renome como o Bayern de Munique, Roma, Chelsea e Marselha.

Atualmente, a unidade fabril, que emprega 96 funcionários, conseguiu uma grande conquista. São os produtores e distribuidores oficiais dos cachecóis do Sport Lisboa e Benfica (SLB) por quatro épocas. “Temos a licença de distribuição dos cachecóis do Sport Lisboa e Benfica”, destaca, ao ECO, com orgulho o diretor comercial da empresa.

Para além dos cachecóis, Anthony Câmara refere que a 4 Teams é a empresa que produz as camisolas oficiais do Benfica para distribuição. “Também trabalhamos com outros clubes nacionais, mas sempre por intermédio de alguém”, explica Anthony Câmara,

A 4 Teams encontrou no merchandising desportivo uma oportunidade de crescimento e agora trabalha para clientes que têm licenças da FIFA e da UEFA. “Temos licença para a produção de cachecóis para a UEFA e é através deles que fazemos a produção”, refere Anthony Câmara.

O mercado externo representa cerca de 80% do negócio da empresa, sendo a Europa o principal cliente representando 78% da fatia total. “É o nosso melhor mercado e vamos continuar a apostar no mercado europeu. Ainda tem muito para crescer”, garante. Reino Unido, França, Itália, Espanha e Alemanha são os principais mercados.

Quando questionado se o Brexit será um entrave, o Anthony Câmara garante que não vê o Brexit como uma ameaça. E considera que o mercado inglês vai continuar a comprar, tendo em conta “que não têm mostrado grandes preocupações e com certeza vão encontrar estratégias para contornar a situação”, explica.

No decorrer deste ano, o volume de negócios da empresa deve superar os cinco milhões de euros, diretor comercial da 4 Teams, o que, a concretizar-se representará um crescimento de 20% em comparação ao ano anterior.

China está a perder fôlego?

“Aqueles que recorreriam a países como a China estão a apostar novamente em trazer as produções para a Europa e para Portugal, pois facilita muito mais as negociações, tendo em conta que no merchandising é tudo para ontem”, destaca o diretor comercial da 4Teams. Acrescenta ainda que “a China tem preço, mas não tem a mesma qualidade, para não falar do fator distância”.

O Mundial do Qatar poderá ser o próximo grande passo da empresa nortenha, tendo em conta que neste momento está em negociação um contrato superior a cinco milhões de euros para o fornecimento de merchandising desportivo para o Mundial do Qatar. Mas Anthony Câmara não levanta a ponto do véu. “Esse tema está no segredo dos deuses”, diz sem querer avançar quaisquer detalhes. “É um processo que está em negociação, foram apresentadas propostas e orçamentos, mas ainda não é um negócio concretizado”, explica, acrescentando que “só no final deste ano, início do próximo é que se saberá a quem vai ser atribuído o contrato”.

O gaming tem vindo a ganhar destaque e cada vez mais adeptos. A 4Teams não ficou indiferente a esta tendência e por isso aposta neste segmento. “Já fizemos material para o Mindcraft e o Fortnite e temos esse mercado efetivado através de clientes“. “Já temos repetições de encomendas neste mercado, o que significa que os clientes gostam do produto”, refere.

A 4 Teams têm apostado na produção de têxteis através de fibras recicladas. Anthony Câmara considera que para além de ser a tendência “é uma necessidade e uma preocupação muito grande por parte dos empresários”.

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Negociador chefe da UE desapontado com pouco progresso nas negociações do Brexit durante o fim de semana

Michel Barnier, o negociador chefe da União Europeia (UE) no processo do Brexit, estará desapontado com o pouco progresso feito nas negociações durante este fim de semana.

Michel Barnier lidera as negociações com o Reino Unido para o Brexit do lado da União Europeia.EbS / François Walschaerts

O negociador chefe da União Europeia (UE) para o Brexit está desapontado com o pouco progresso feito nas negociações mantidas este fim de semana com o governo britânico, sendo cada vez mais improvável que ambas as partes cheguem a um acordo para a saída ordenada do Reino Unido da UE até à data estipulada, 31 de outubro.

O desapontamento terá sido expressado por Michel Barnier numa sessão com diplomatas representantes dos 27 Estados-membros à porta fechada, na qual o representante do lado europeu deu conta de que o impasse nas negociações ainda se mantém e referiu que tem sido “difícil” a relação com o governo britânico neste processo. A notícia foi avançada este domingo pelo The Guardian, que cita fontes anónimas da UE.

O prazo para ambas as partes chegarem a um entendimento está cada vez mais perto do fim, tendo em conta que o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, tem prometido aos cidadãos que o Brexit vai desencadear-se a 31 de outubro, haja ou não um acordo fechado com a UE.

Ambas as partes terão entendido intensificar as negociações durante este fim de semana, dado a proximidade do prazo. Por isso, a notícia de que Barnier está desapontado com a falta de progressos deverá juntar-se aos receios de que o Brexit resulte num corte de relações entre a UE e o país, o que poderá ter efeitos nefastos na economia, no comércio e, mais concretamente, nas empresas. Os responsáveis da UE e do Reino Unido deverão continuar a negociar esta segunda-feira.

Boris Johnson: “Ainda há muito trabalho a fazer”

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse este domingo aos seus ministros que ainda “há muito trabalho a fazer” para um acordo sobre o Brexit, mas que devem estar prontos para abandonar a UE em 31 de outubro, segundo um porta-voz. O primeiro-ministro britânico informou os seus ministros que, a duas semanas do final do prazo, ainda “há muito trabalho a fazer”, mas não excluindo a hipótese de um acordo, segundo um porta-voz do Governo.

“Ele (Boris Johnson) reiterou que se pode entrever um caminho para um acordo. Que ainda há muito trabalho para o conseguir e que devemos estar prontos para sair em 31 de outubro”, disse a mesma fonte.

Boris Johnson mantém o discurso de que o Reino Unido abandonará a União Europeia até final do mesmo, mesmo que não haja um acordo com Bruxelas, apesar de uma lei aprovada no Parlamento lhe exigir uma solicitação de extensão de negociações se não houver um entendimento até final de outubro. Ainda este domingo, o presidente cessante da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, afirmou que seria um “erro histórico” não aceitar um pedido do Reino Unido para um novo adiamento do Brexit, mas considerou que tal será “improvável”.

Londres e Bruxelas continuam numa corrida contra o relógio para tentar chegar a um acordo e Boris Johnson disse ter retomado a esperança de o conseguir, após uma reunião com o seu homólogo irlandês, Leo Varadkar, na quinta-feira, onde ambos disserem poder haver uma solução para o obstáculo da fronteira da Irlanda, que possa ser apresentada a tempo do Conselho Europeu, que se realiza em 17 e 18 de outubro.

O primeiro-ministro convocou uma sessão parlamentar extraordinária na Câmara dos Comuns, para o próximo sábado, dia 19 de outubro, durante a qual apresentará o possível acordo assinado com os 27 países da União ou então uma alternativa de solução. A questão do Brexit também deverá ser parte central do chamado Discurso da Rainha, quando Isabel II ler as prioridades do Governo perante o Parlamento, na segunda-feira.

(Notícia atualizada às 18h00 com posição do Reino Unido)

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Trump anuncia “sanções severas” contra a Turquia após ofensiva militar na Síria

  • Lusa
  • 13 Outubro 2019

O Presidente dos EUA vai avançar com "sanções severas" contra a Turquia por causa da ofensiva militar contra as forças curdas no país. Também ordenou a saída imediata dos militares norte-americanos.

O Presidente Donald Trump anunciou este domingo que os Estados Unidos aplicarão “sanções severas” contra a Turquia, pela ofensiva militar contra as milícias curdas na Síria, e ordenou a saída imediata das tropas norte-americanas na região.

Donald Trump já tinha avisado que tomaria medidas sérias contra a Turquia se este país ultrapassasse limites razoáveis na ofensiva militar contra as milícias curdas no nordeste da Síria e acabou por anunciar este domingo “sanções severas” contra o regime do Presidente turco, Recep Erdogan.

Ainda este domingo, o secretário de Defesa norte-americano, Mark Esper, disse que Trump ordenou a saída de todos os cerca de mil soldados que lutavam ao lado das milícias curdas contra o Estado Islâmico, para proteger a sua integridade física, no cenário da ofensiva turca.

Ao mesmo tempo, o Presidente dos EUA disse que estava em conversas com o Congresso para a aplicação de sanções contra a Turquia. “Estou a negociar com o senador Republicano Lindsey Graham e outros membros do Congresso, incluindo Democratas, para a imposição de sanções severas à Turquia. O (Departamento do) Tesouro está preparado”, escreveu Donald Trump na sua conta pessoal da rede social Twitter.

Trump responde assim ao apelo feito por Lindsey Graham que, embora seja um forte apoiante do Presidente, tinha criticado a decisão da retirada de tropas da Síria, abandonando os aliados curdos na Síria à mercê da ofensiva militar turca.

Nos últimos dias, os EUA têm feito apelas ao Presidente turco para que cesse a operação militar e hoje, de acordo com o secretário de Defesa, Donald Trump ordenou a saída imediata e total do contingente militar no norte da Síria. Interrogado sobre se acreditava que a Turquia, aliada na NATO, atacaria deliberadamente as tropas norte-americanas na Síria, Mark Esper disse não saber o que responder.

Esper mencionou um incidente ocorrido na sexta-feira em que um pequeno grupo de tropas norte-americanas ficou sob o fogo de artilharia turca, num posto de observação no norte da Turquia, mas disse que pode ter sido apenas um exemplo de “fogo indiscriminado”, não destinado deliberadamente a atingir militares dos EUA.

Esper disse que falou sobre a situação na Síria com o Presidente Trump, na noite de sábado, quando crescem os sinais de uma intensificação da ofensiva turca.

“Nas últimas 24 horas, descobrimos que eles (os turcos) provavelmente pretendem expandir seu ataque mais a sul e a oeste do que o originalmente planeado”, disse Esper, referindo-se à escalada de dimensão da ofensiva contra as milícias curdas.

De acordo com o secretário de Defesa, os EUA também acreditam que os curdos estão a tentar “fechar um acordo” com o exército sírio e com a Rússia para combater as forças turcas, o que ajudou à decisão de Trump de retirada das forças norte-americanas da região.

No mesmo sentido, Trump usou a sua conta de Twitter para explicar, mais uma vez, por que os EUA não se devem envolver militarmente na região. “Outros podem querer entrar e lutar por um dos lados contra o outro”, escreveu Trump, podendo estar a referir-se à intervenção síria e russa no conflito, como esclareceu Mark Esper.

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Mais Sindicato vai integrar trabalhadores dos seguros

  • ECO Seguros
  • 13 Outubro 2019

O STAS e o SISEP, os maiores sindicatos dos trabalhadores de seguros, vão integrar a "Mais Sindicato" uma nova plataforma que agrega organizações sindicais do setor financeiro.

O Sindicato dos Seguros de Portugal (SISEP) e o Sindicato dos Trabalhadores da Atividade Seguradora (STAS) vão integrar a nova estrutura a “Mais Sindicato” que irá ainda integrar dois sindicatos da banca.

O primeiro passo foi dado pelo Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas (SBSI) com a alteração dos seus estatutos de modo para poder fundir-se com mais três sindicatos, um também da banca e dois dos seguros, revelou o presidente.

Em 2018, o STAS e SISEP tinham chegado a um acordo com a APROSE, associação dos corretores e mediadores, separando o relacionamento sindical destes com a da indústria seguradora em geral, distinguindo as negociações envolvendo trabalhadores da mediação e trabalhadores das seguradoras.

Veja mais detalhes aqui .

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Trotinetas serão negócio de 90 mil milhões para as seguradoras

  • ECO Seguros
  • 13 Outubro 2019

A consultora McKinsey prevê que as trotinetas representem um negócio para as seguradoras no de 90 mil milhões de euros em 2030. Novos riscos e sinistros diferentes são um desafio.

O mercado da micromobilidade, no qual se enquadram as trotinetas, deve valer 90 mil milhões de euros em 2030 e representa uma grande oportunidade para as seguradoras, diz a McKinsey no seu “Insurance Blog”.

A consultora considera que as soluções de micromobilidade estão a criar novas oportunidades e que as seguradoras devem aumentar seu conhecimento e experiência, formar parcerias com as organizações certas e desenvolver uma estratégia rápida e personalizada de entrada no mercado.

À medida que o setor se expande e amadurece, mais países europeus aprovam legislação que torna obrigatório o seguro para trotinetas, criando uma grande oportunidade para as seguradoras. Embora os riscos sejam difíceis de calcular e estejam a surgir novos tipos de sinistros, os benefícios para as seguradoras são claros.

A McKinsey refere que em países como a Alemanha, a Dinamarca e a França os seguros para as trotinetas já são obrigatórios. A Espanha, a Irlanda e o Reino Unido estão em processo de revisão da legislação. Em Portugal os operadores já são obrigados a contratar para os veículos um seguro de responsabilidade civil e outro de acidentes pessoais para os utilizadores.

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Uma experiência multissensorial a partir de um salão de chá

No século XX, a Ladurée ganhou reconhecimento ao criar o primeiro "double decked macaron" preenchido com ganache de chocolate. O sucesso foi imediato e ainda hoje é utilizada a receita original.

Os famosos macaron coloridos e a decoração de época são a melhor expressão da marca Ladurée no mundo, a famosa pastelaria de luxo francesa criada em 1862 por Louis Ernest Ladurée no número 16 da Rue Royale, em Paris. Começou por ser uma padaria, mas acabou por ser transformada em pastelaria e salão de chá, como consequência das mudanças políticas e socioeconómicas que se fizeram sentir em toda a Europa, no início do novo século. Mas o reconhecimento da marca e dos seus produtos só ganharam verdadeiramente notoriedade com Pierre Desfontaines, quando em meados do século XX, cria o primeiro double decked macaron preenchido com um ganache de chocolate. O sucesso foi tal que ainda hoje é utilizada a receita original.

Atualmente a marca pertence ao grupo Holder, de David Holder e a Portugal chegou com a Amorim Luxury, grupo que acrescentou a visão de uma experiência multissensorial. “Inspirado nos salões de chá do século XVIII e nas soirées de Marie Antoinette, o salão de chá e restaurante Ladurée une a essência da marca com a decoração da época, refletindo a arquitetura dos deslumbrantes châteaux e villas francesas. Com um conceito único de food meets fashion, o salão de chá encontra-se ligado à Fashion Clinic de senhora onde é possível encontrar uma experiência multissensorial num espaço elegante, feminino e acolhedor” explica Miguel Guedes de Sousa, CEO do Grupo Amorim Luxury.

Nos tons rosa, verde e cinzento com motivos florais, que fazem parte da identidade da marca, “destacam-se os azulejos tipicamente portugueses e os candeeiros primaveris”. O espaço foi criado pelo arquiteto catalão Lázaro Rosa Violán e “convida não só aos sabores doces da confeitaria francesa, mas também às famosas viennoiseries e refeições mediterrânicas” acrescenta Miguel Guedes de Sousa.

Segundo a Amorim Luxury, a marca tem vindo a ganhar cada vez mais seguidores no mercado nacional. “O macaron e as sobremesas continuam a ser os produtos com maior procura, mas as refeições, tal como o brunch e os almoços têm sido cada vez mais procurados. A nível de clientes, a Ladurée atrai um mix de portugueses e turistas sendo de destacar clientes dos Emirados Árabes Unidos, Russos e Brasileiros” revela o responsável, acrescentando que se trata de uma oferta “diversificada e premium que aposta na qualidade dos ingredientes, know-how de pastelaria francesa, cuidado com o empratamento e a atenção ao serviço”.

Para continuar a conquistar um cliente que aprecia doces surpresas, a marca revela que está “constantemente a apresentar novidades em loja desde caixas de macarons – muitas vezes temáticas – até artigos de lifestyle. No entanto, são as sobremesas as novidades mais esperadas. Tal como na moda, a Ladurée apresenta sobremesas sazonais que variam conforme a estação, apresentando sabores mais leves e frutados nos meses mais quentes e sabores mais consistentes nos meses mais frios”.

Por detrás da confeitaria Ladurée em Portugal, está o premiado chef de pastelaria Joaquim de Sousa que prepara diariamente as diferentes propostas, com todo o rigor e seguindo os níveis de qualidade da marca, na fábrica por baixo do restaurante na Avenida da Liberdade.

http://videos.sapo.pt/K9uPB8gGbnULWr8E5BON

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Plano Nacional vai estudar hábitos de leitura dos alunos. Resultados serão conhecidos dentro de dois anos

  • Lusa
  • 13 Outubro 2019

O Plano Nacional de Leitura (PNL) vai retomar os estudos sobre os hábitos de leitura dos alunos cujos dados podem ser conhecidos dentro de dois anos, anunciou o Governo.

O Plano Nacional de Leitura (PNL) vai retomar os estudos sobre os hábitos de leitura dos alunos cujos dados podem ser conhecidos dentro de dois anos, anunciou este domingo o secretário de Estado da Educação, João Costa.

“A componente de estudos é uma das frentes que estamos a retomar nestes novos dez anos (2017-2027) do Plano Nacional de Leitura”, disse à agência Lusa o secretário de Estado, anunciando o lançamento de “um estudo sobre hábitos de Leitura”. O PNL “está agora a fazer uma candidatura”, adiantou o governante, estimando que “dentro de dois anos já possa haver alguns resultados” sobre literacia e hábitos de leitura nas escolas.

João Costa falava à Lusa em Óbidos, onde hoje encerrou o 5.º Seminário Internacional Folio Educa, integrado na programação do Folio – Festival Internacional de Literatura, que decorre na vila até ao próximo dia 20. O encontro reuniu durante o fim de semana mais de uma centena de professores, sobretudo bibliotecários, para debater “O tempo e medo” na perspetiva da “leitura, literatura, educação e bibliotecas”.

João Costa sublinhou ainda à Lusa “a redefinição das prioridades estratégicas” da rede de bibliotecas escolares, feita nos últimos anos para “trazer a biblioteca para o centro da atividade da escola”, através de programas voltados, entre outras matérias, para “a promoção da cidadania e a inclusão em contexto escolar”.

Desde o final do verão passado as bibliotecas escolares do país estão também a desenvolver o programa “Cientificamente provável”, assente em parcerias com centros de investigação de universidades “para haver mais cientistas a ir às escolas e mais escolas a irem aos centros de investigação”. De acordo com o governante foram já firmadas “cerca de 300 parcerias”.

O Folio – Festival Literário Internacional engloba mais de 210 iniciativas em 450 horas de programação em torno da literatura. Sob o tema “O Tempo e o Medo” mais de meio milhar de convidados de quatro continentes participam em 16 mesas de escritores, 12 exposições e 13 concertos que integram a programação.

Organizado em cinco capítulos (Autores, Folia, Educa, Ilustra e Folio Mais) o festival teve a sua primeira edição em 2015, num investimento de meio milhão de euros, comparticipados por fundos comunitários, sendo desde então custeado pela autarquia e por parceiros institucionais.

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