“Não me recordo. Não conheci o processo. Não acompanhei o dossiê”. Assim foi a audição a mais um ex-administrador da Caixa

Rodolfo Lavrador foi administrador da Caixa Geral de Depósitos entre 2008 e 2013. Foi ouvido esta quinta-feira na comissão parlamentar de inquérito, mas pouco adiantou.

Durou cerca de três horas a audição de Rodolfo Lavrador na comissão parlamentar de inquérito à recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e das respostas dadas pelo antigo administrador do banco público pouco ou nada sobrará para a história. E um exemplo que ilustra a “inutilidade” da audição surgiu já na parte final numa troca de argumentos entre o inquirido e deputado do PCP Paulo Sá, já cansado das respostas inconclusivas que ouviu nas horas anteriores:

– “Vou colocar questões genéricas já que não se lembra de operações concretas. Qual era a apreciação que fazia dos financiamentos de ações?“, questionou o deputado comunista.

– “Nenhuma das operações, no que diz respeito à concessão inicial, foram do meu tempo. Em abstrato é muito difícil dar opiniões sobre operações concretas. O que posso dizer é que não foi uma prática que tenha sido seguida nas administrações de que fiz parte”, respondeu Rodolfo Lavrador.

– “É muito hábil a responder. Mas se fosse ao banco pedir um empréstimo para comprar raspadinha, ficava de pé atrás?“, insistiu Paulo Sá, soltando alguns risos dos outros deputados.

– “Seguramente que não emprestaria dinheiro para fins especulativos dessa natureza“, retorquiu o antigo administrador da CGD.

Perante as perguntas dos deputados sobre os créditos dados a Joe Berardo, Manuel Fino, ou os financiamentos à La Seda e à Artlant, as respostas de Rodolfo Lavrador, que teve o pelouro jurídico entre 2008 e 2013, não variavam muito entre: “Não acompanhava o dossiê”, “Não estou em condições de responder, não conheci o processo”, “Nunca tive qualquer responsabilidade na gestão deste assunto” ou “Não me recordo desse assunto”.

“Já percebi que fez um acompanhamento da Caixa normal”, ironizou Mariana Mortágua, depois de uma nova bateria que perguntas às quais não obteve resposta suficiente. Com o microfone fechado, uma deputada do PSD atirava: “Para que serve afinal um administrador?”

Reestruturação da dívida de Berardo foi “boa decisão”

Rodolfo Lavrador não estava na administração do banco quando se decidiu concessão inicial às sociedades de Berardo (Fundação Berardo e Metalgest) para comprar ações do BCP. Mas já fazia parte da gestão quando se decidiu reestruturar a dívida. Porque não se executaram logo os títulos do banco?

“Não sou um especialista da matéria, mas foi-nos explicado que era um grande volume de ações. E a venda de um bloco de ações ia ter um significativo desconto”, respondeu o antigo administrador. Neste tema, Rodolfo Lavrador foi mais expansivo. Logo depois de ter explicado as razões para a não execução das ações, expôs os motivos que levaram a CGD a aceitar como garantia os títulos da Associação Coleção Berardo. Classificou esta decisão como “boa”, num acordo onde participaram outros dois bancos credores de Berardo: o BES e o BCP.

“Em 2011 os títulos do BCP já não tinham uma boa valorização” e que “o que se conseguiu foi um passo em frente”, disse. “Era importante haver uma posição concertada com os bancos envolvidos. Acordo quadro fortalece todos os credores. (…) Penso que a Caixa saiu numa melhor posição do que antes na perspetiva da recuperação”, considerou Rodolfo Lavrador.

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J. K. Rowling vai publicar quatro novos livros digitais sobre universo “Harry Potter”

  • Lusa
  • 30 Maio 2019

Os livros digitais pretendem aprofundar “a rica história da magia”, cada um deles com uma temática à volta das lições de Hogwarts, e vão ainda vão conter anotações, páginas manuscritas e esboços.

A escritora britânica J.K. Rowling, autora da saga “Harry Potter”, vai publicar uma série de quatro pequenos livros de não-ficção em formato digital sobre o mundo dos estudantes de Hogwarts, intitulada “Harry Potter: A Journey Through…”.

O anúncio foi feito esta quinta-feira pela editora de Rowling, a Pottermore Publishing, que vai lançar este ano a série de ‘e-books’, adaptada do audiolivro “Harry Potter: Uma História da Magia” — inspirada na exposição da British Library com o mesmo nome.

Estes quatro livros pretendem aprofundar “a rica história da magia”, cada um deles com uma temática à volta das lições de Hogwarts, explorando “o folclore tradicional e a magia no coração das histórias de Harry Potter”, com ilustrações do artista Rohan Daniel Eason, revela a Pottermore. Além de explorar as origens da magia e o folclore tradicional, os livros digitais também vão conter anotações, páginas manuscritas e esboços, acrescentam os editores em comunicado.

Os títulos dos novos ‘eBooks’, ainda sem tradução, a serem publicados nos próximos meses, são “Harry Potter: A Journey Through Charms and Defence Against the Dark Arts”, “Harry Potter: A Journey Through Potions and Herbology”, “Harry Potter: A Journey Through Divination and Astronomy” e “Harry Potter: A Journey Through Care of Magical Creatures”.

Os dois primeiros livros, dedicados aos temas “Feitiços e Defesa Contra as Artes das Trevas”, e “Poções e Herbologia”, respetivamente, serão publicado no dia 27 de junho, os outros sairão “logo de seguida”, adiantam. Os ‘eBooks’ vão ser inicialmente publicados em inglês, francês, italiano e alemão, e estão disponíveis para pré-encomenda na Amazon UK e na Amazon US, Apple e Kobo.

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Presidente do PSD admite “ajustamentos” para legislativas mas sem mudanças estruturais

  • Lusa
  • 30 Maio 2019

O presidente do PSD admitiu que o partido irá fazer “ajustamentos” depois da derrota nas europeias, mas rejeitou que haja mudanças estruturais para as legislativas.

O presidente do PSD admitiu esta quinta-feira que o partido irá fazer “ajustamentos” depois da derrota nas europeias, mas rejeitou que haja mudanças estruturais para as legislativas, considerando que “está tudo em aberto” porque “são eleições completamente diferentes”.

Em declarações aos jornalistas à margem de uma intervenção na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), em Lisboa, Rui Rio recusou detalhar em público a análise que foi feita na Comissão Política de quarta-feira à noite sobre os 21,94% obtidos pelo PSD no domingo, o pior resultado de sempre do partido em eleições de âmbito nacional. “Se olhar para mim, vê a minha idade, vê o meu currículo, eu não quero mudar aquilo que sou. Devemos ser coerentes, agora naquilo que é a forma de comunicar, na forma de atuar no quotidiano há de ter pequenos ajustamentos”, afirmou.

Rio defendeu que, nas legislativas, o PSD não quer ter 22% — “queremos ter mais 32 do que 22%” — embora salientando que são “eleições completamente diferentes, com motivações completamente diferentes” e, provavelmente, com uma abstenção muito menor. “Está tudo em aberto, mas não podemos ignorar o resultado que tivemos, se metêssemos a cabeça na areia não éramos inteligentes”, afirmou.

Rio manifestou-se contra o que diz ser uma “tendência de se procurar dizer ao eleitorado o que ele quer ouvir” — que disse afetar quer PS, quer PSD, quer outros partidos — considerando que o país não pode ser tratado como “um produto”. “Eu penso que o segredo na política está em, de uma forma séria, captarmos eleitorado para o que são as nossas ideias, o que entendemos que garante o melhor futuro para Portugal, assim é que a política é feita com nobreza e assim é que se pode até perder de pé”, defendeu.

“Quando nós tentamos vender as nossas propostas como quem vende uma pasta de dentes, aí se perdermos não perdemos de pé”, afirmou, contrapondo que, mesmo uma vitória com esta atitude, “não serve para nada”. Rio defendeu que “o eleitorado está mais adulto” e distingue o que são as decisões nas europeias e nas legislativas, admitindo que as eleições de domingo possam funcionar como “uma sondagem real” para outubro, mas apenas isso. “Não estou a dizer que o PSD vai ganhar de largo, até pode piorar, mas estou a fazer uma análise com sinceridade”, disse.

Questionado se o tom mais agressivo do cabeça de lista social-democrata, Paulo Rangel, em relação ao PS poderá ter prejudicado o PSD, Rio recusou responder. “Não vou em público fazer a análise que foi feita em privado e que, nalguns pontos, ainda está a ser feita”, afirmou.

Sobre os critérios aprovados na quarta-feira pela Comissão Política para a escolha dos candidatos a deputados do PSD, que incluem qualidades como o mérito e a lealdade à orientação da direção, Rio classificou-os como “pacíficos” — considerando que defender o contrário é que “seria notícia” — e disse serem “muito parecidos” com os definidos nas anteriores legislativas. “Se a sua pergunta é: reconhece que no quadro atual há um outro com falta de lealdade? Claro que reconheço, não sou hipócrita, agora não vamos discutir isso na praça pública”, afirmou.

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Fundo africano desafia Angola a juntar-se ao clube

Sanjeev Gupta, diretor de serviços financeiros, desafiou Angola a fazer parte do fundo para ajudar a desenvolver as infraestruturas no continente africano.

Conferência Angola - Novo Ciclo Político e de Investimento - 30MAI19
Sanjeev Gupta, diretor de serviços financeiros da Africa Finance Corporation.Hugo Amaral/ECO

A Africa Finance Corporation (AFC) garante que “a narrativa” em torno de África vai mudar nos próximos anos e desafia Angola a juntar-se ao fundo de investimento, numa altura em que já conta com contribuições de países como a Nigéria, Cabo Verde, Guiné ou Zimbábue.

O diretor de serviços financeiros da AFC, Sanjeev Gupta, esteve em Lisboa na conferência Angola: Novo ciclo político e de investimento, onde lembrou que existem diversas oportunidades em África a “clamar” por investimento.

Concretamente em relação a Angola, Sanjeev Gupta afirmou que “não é preciso conhecer física quântica para saber que o país está a clamar por desenvolvimento das infraestruturas ou formas de explorar melhor os recursos”.

“Há população a clamar por oportunidades de educação, acesso a mercados e comércio”, salientou, perante uma plateia que contava com o ministro da reforma do Estado de Angola, Adão Correia de Almeida.

A missão da AFC é promover o desenvolvimento das infraestruturas no continente africano, gerando retorno para os acionistas do fundo. Enquanto fundo multilateral, a AFC garante já ter aplicado 3.000 milhões de dólares para financiar projetos de infraestrutura de larga escala em países africanos.

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Operação stop provoca primeira baixa no Fisco. Diretor de Finanças do Porto sai

O Diretor de Finanças do Porto demitiu-se depois da polémica com as operações stop feitas pelo Fisco e pela GNR. O secretário de Estado e o ministro das Finanças já tinham criticado a operação.

O diretor de Finanças do Porto, José Manuel de Oliveira e Castro, colocou esta quinta-feira o seu lugar à disposição, soube o ECO. Entretanto, as Finanças já emitiram um comunicado onde confirmam que o pedido foi aceite “prontamente”.

“Na sequência da forma como decorreu a ‘Ação sobre rodas’, desenvolvida pela Direção de Finanças do Porto, para preservar a Autoridade Tributária e Aduaneira enquanto instituição de reconhecida relevância, o Diretor de Finanças do Porto decidiu colocar hoje o seu lugar à disposição, tendo a sua demissão sido prontamente aceite pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais”, refere o Ministério das Finanças em comunicado, citado pela agência Lusa.

Foi um dos casos da semana. Pelas 8h00, esta terça-feira, os condutores de Alfena, em Valongo, foram surpreendidos por uma operação stop na Autoestrada 41, no distrito do Porto, levada a cabo por 20 elementos da Autoridade Tributária (AT) e 10 militares da Guarda Nacional Republicana com o objetivo de cobrar dívidas fiscais. A operação foi batizada de “Ação sobre Rodas”.

Durante esta ação, as autoridades fizeram o cruzamento das matrículas das viaturas com a situação dos proprietários no Fisco, convidando os cidadãos com dívidas a pagarem esses valores. Caso não o fizessem, GNR e AT estavam em condições de penhorar as viaturas.

O ministério das Finanças rapidamente demarcou-se da operação, alegando o seu desconhecimento. O secretário de Estado António Mendonça Mendes falou em “desproporção” e o ministro das Finanças afirmou que “não foi uma decisão feliz” e que “foi desproporcionada”.

Depois da polémica, o Governo veio dizer que decisão de fazer uma operação stop para identificar contribuintes com dívidas ao Fisco tinha sido “tomada localmente”, tendo deixado isolado o Diretor de Finanças do Porto. Além disso, a tutela abriu um inquérito ao caso.

A posição do Diretor de Finanças do Porto ficou muito fragilizada depois de Mário Centeno ter feito estas declarações: “A decisão não foi feliz”. O ministro das Finanças disse esta quarta-feira ainda que foi “aberto um inquérito para saber se os direitos de todos os contribuintes foram preservados”. Para Mário Centeno, em operações destas “os decisores podem não fazer uma avaliação correta da proporção face ao objetivo” e, por isso, foram dadas “instruções claras” sobre como fazer essa avaliação.

Já antes, António Mendonça Mendes tinha criticado a operação stop levada a cabo pelo Fisco e GNR. “Quero deixar claro que há uma desproporção entre os meios que são utilizados nesta operação e o fim desta operação. Quero dizer que não foi apenas dada uma ordem de cancelamento imediato assim que tive conhecimento desta operação, como foi dada ordem de cancelamento a qualquer operação desta natureza para cobrar” dívidas ao fisco, afirmou o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais à SIC Notícias, revelando que, desde 7 de maio, houve sete operações deste tipo no distrito do Porto.

Esta operação stop, em que os agentes penhoravam os automóveis em caso de dívidas não pagas ao Fisco, foi alvo de um sem número de criticas. Foi o caso da Ordem dos Advogados que, em comunicado, disse que a ação de fiscalização levada a cabo pela Autoridade Tributária e Aduaneira e pela GNR com vista a cobrar dívidas fiscais aos condutores de Alfena, no Porto, merecia “o mais firme repúdio”. A Ordem dos Advogados considerou “repugnante” a ideia de “tratar um cidadão, eventualmente devedor de impostos, como se de um vulgar criminoso se tratasse”. E salientou ainda que “não é permitido promover a penhora indiscriminada de bens de pessoas ou empresas que sejam devedoras de impostos”.

Em declarações ao ECO, o antigo diretor do IRS, Manuel Faustino, criticou a alocação de tantos meios à operação batizada de “Ação sobre Rodas”, classificando-a de “completamente absurda”.

“A AT aparentemente fez uso de poderes que a lei não lhe dá. A penhora nos termos legais não implica a apreensão da viatura, implica a apreensão dos documentos. A viatura não fica à guarda do Fisco”, afirmou Faustino. O fiscalista explicou ainda que, atualmente, a Administração Fiscal “tem meios internos muito mais eficazes” na sua atuação, sendo estranha esta operação na rua. “Se foi uma manifestação de poder ou de força, foi muito contraproducente. Isto foi um tiro no pé”, rematou.

(Notícia atualizada com comunicado das Finanças)

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Três perspetivas sobre o Estado de Angola

Paulo Portas, Jaime Nogueira Pinto e António Martins da Cruz partilharam a sua visão sobre o estado do Estado de Angola. Da relação com Portugal à geoestratégia e à transição do poder.

Em que estado está o Estado de Angola? O que mudou no país desde a saída de José Eduardo dos Santos do poder? Estará o ambiente mais favorável aos negócios e a economia do país mais aberta ao exterior?

Na conferência Angola: Novo ciclo político e de investimento, Paulo Portas, Jaime Nogueira Pinto e António Martins da Cruz foram chamados a partilhar uma perspetiva sobre o presente e o futuro daquele país africano. Saiba o que pensam.

Paulo Portas: Questão económica é um “desafio” para a Presidência de João Lourenço

O antigo vice-primeiro-ministro português, Paulo Portas, está otimista quanto ao futuro de Angola: “Faço parte dos que acreditam que [o país] superará as dificuldades”, afirmou. Mas é na estabilidade, desenvolvimento e saúde da economia que reside o principal “desafio” para a Presidência de João Lourenço, que assinala dois anos em setembro.

http://videos.sapo.pt/4SF4uabjUm69aZL4YfMF

“Acho que o Presidente sabe que Angola vem de um ciclo recessivo, que gostaria de ver condições mais favoráveis, mas acaba de ter a honestidade de assumir que o crescimento será de 0% e que teremos que esperar por 2020 para que possa ser melhor; e que sabe que a dívida pública de Angola terá atingido 90% do PIB, pelo que deverá garantir condições para reduzir essa dívida”, afirmou Paulo Portas na conferência. “É evidente que um homem responsável só poderia propor ao país uma mudança”, atirou.

Para Paulo Portas, “é essencial a efetivação do IVA, pelo menos para os grandes contribuintes, para combater a evasão tributária” e, desta forma, suprimir “dificuldades orçamentais”. Além disso, “é essencial ter sucesso na atração de investimento” e “conseguir convencer o investimento estrangeiro a apostar agora” em Angola — “nomeadamente o português, mas não só”, reiterou o também ex-presidente do CDS-PP.

Dito isto, o antigo parceiro de Governo de Pedro Passos Coelho afirmou que Portugal tem de “defender” a relação que mantém com Angola, que é “um dos principais clientes” do país. Até porque, num contexto de globalização, “não há espaços vazios”: “Todo e qualquer espaço vazio que Portugal deixe com Angola será, obviamente, aproveitado por outros Estados, alguns deles nossos amigos e parceiros”.

Jaime Nogueira Pinto: “Diversificando a economia”, Angola “pode voltar a ser caso de sucesso”

O historiador e politólogo Jaime Nogueira Pinto enalteceu a “singularidade de Angola”, que “repetiu o modo normal de se fazerem Estados”, primeiro com uma guerra pela independência e, depois, com uma guerra civil: “Muitas vezes, no fim das guerras civis, desmobiliza-se o exército. Ora, em Angola não se fez isso”, frisou.

http://videos.sapo.pt/EYKgHooQgNbmVNLIazI4

No entanto, recordou que existem desafios pela frente se o país quiser manter essa “singularidade”, nomeadamente no facto de “a renovação com o Presidente João Lourenço” ter coincidido “com o agravar da economia do país por causa da queda dos preços do petróleo”.

Jaime Nogueira Pinto afirmou que João Lourenço tem levado a cabo uma “campanha de saneamento nacional”, atacando a corrupção, que é um dos problemas “mais endémicos” do país, além “do nepotismo”. “Este esforço tem vindo a ser reconhecido dentro e fora de Angola”, garantiu o historiador português.

Ainda assim, o politólogo reconheceu que esse incremento da credibilidade angolana não tem sido acompanhado por ações concretas da comunidade internacional: “Ainda não se viu do exterior, sobretudo dos EUA, uma correspondente devolução da confiança, que ponha fim às sanções que muito prejudicam Angola”, afirmou.

António Martins da Cruz: Angola tem de dar “sinais positivos para ganhar confiança do exterior”

O embaixador português e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, António Martins da Cruz, afirmou que Angola tem de dar “sinais positivos” que permitam ao país conquistar “a confiança” dos investidores estrangeiros.

http://videos.sapo.pt/w35Z5Ag80Bctn2Z6aI0h

“O Presidente João Lourenço iniciou as reformas que prometera e que os eleitores esperavam, com ceticismo, com otimismo, com um wait and see. Deu um fator de esperança, desbravou vários caminhos que eram essenciais para a política e a economia, alterado as perceções sobre Angola”, referiu o ex-ministro de Durão Barroso.

No entanto, “o novo ciclo político angolano, sem estar em sintonia com o ciclo económico internacional, tem tido dificuldade em afirmar-se”. Mas tem de continuar a dar “sinais positivos para ganhar a confiança exterior de governos, empresários e, muito importante, opinion makers, afirmou António Martins da Cruz.

O foco deve estar, por isso, em “melhorar para obter classificações mais positivas das agências de rating“, melhorando também, desta forma, a credibilidade de Angola perante o exterior.

O ex-ministro português terminou com uma provocação aos críticos das relações bilaterais entre Portugal e Angola. “Nunca ninguém foi à bomba de gasolina e perguntou: ‘tem aí petróleo da Noruega? É que eu não quero petróleo de países que não têm o mesmo sistema político que o meu'”, concluiu.

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Mais de 1.700 contraordenações por falta de limpeza de terrenos

  • Lusa
  • 30 Maio 2019

A falta de limpeza de terrenos motivou 1.710 autos de contraordenação, entre 1 de abril e 26 de maio. O ministro da Agricultura diz que o Estado está a fazer "o possível" para ser exemplo.

A falta de limpeza de terrenos motivou 1.710 autos de contraordenação, entre 1 de abril e 26 de maio, avançou esta quinta-feira a Guarda Nacional Republicana (GNR), acrescentando que foram ainda instauradas 400 contraordenações relativamente a queimas e queimadas.

Além das infrações registadas, “desde o início do ano e até ao dia 26 de maio, a GNR procedeu à detenção de 28 pessoas e à identificação de outras 199 pessoas pelo crime de incêndio florestal”, revelou esta força de segurança, em resposta à Lusa.

De acordo com o Sistema Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios, “os proprietários, arrendatários, usufrutuários ou entidades que, a qualquer título, detenham terrenos confinantes a edifícios inseridos em espaços rurais, são obrigados a proceder à gestão de combustível (limpeza de terrenos)”, trabalhos que tinham que ser assegurados até 15 de março.

Em caso de incumprimento deste prazo, os proprietários ficam sujeitos a contraordenações, com coimas que variam entre 280 e 10.000 euros, no caso de pessoa singular, e de 3.000 a 120.000 euros, no caso de pessoas coletivas, uma vez que este ano, à semelhança de 2018, se aplica o Regime Excecional das Redes Secundárias de Faixas de Gestão de Combustível, inserido na lei do Orçamento do Estado.

Neste âmbito, as Câmaras Municipais tem de garantir “a realização de todos os trabalhos de gestão de combustível, devendo substituir-se aos proprietários e outros produtores florestais em incumprimento, procedendo à gestão de combustível prevista na lei”, até 31 de maio (esta sexta-feira). Se os municípios não cumprirem com o prazo para limpeza de terrenos, “é retido, no mês seguinte, 20% do duodécimo das transferências correntes do Fundo de Equilíbrio Financeiro (FEF)”.

Apesar de a lei prever esta penalização, o Governo assegurou que, em 2018, “não foi efetuada qualquer retenção” do FEF das câmaras municipais, referindo que “a retenção, neste âmbito, dependia de comunicação do incumprimento”. Durante o ano de 2018, a GNR levantou 8.425 autos de notícia por contraordenação devido à falta de limpeza de terrenos florestais, o que corresponde a uma média de 23 infrações identificadas por dia.

Este ano, esta força de segurança elaborou “1.710 autos de notícia por contraordenação, entre 1 de abril e 26 de maio, devido à falta de gestão de combustível, numa média de 40 infrações por dia durante este período, segundo os dados da GNR, que resultam do trabalho de fiscalização da limpeza de terrenos, que “incide sobre as situações identificadas no levantamento já efetuado”. “A acrescentar a estas infrações, a GNR registou ainda 400 autos de notícia por contraordenação por incumprimentos das normas para a realização de queimas e queimadas”, informou.

No âmbito da operação “Floresta Segura 2019”, que teve início a 15 de janeiro, a GNR tem apostado no “levantamento e sinalização dos locais que carecem de gestão do combustível”, através de meios digitais como ‘tablets’ para a georreferenciação dos terrenos.

Durante este ano, até 26 de maio, esta força de segurança realizou “cerca de 5.910 ações de sensibilização, alcançando mais de 111 mil pessoas”, com o objetivo de alertar para a importância de um conjunto de procedimentos preventivos a adotar, nomeadamente sobre o uso do fogo, a limpeza e remoção de matos e a manutenção das faixas de gestão de combustível.

Além destas ações, estão a ser desenvolvidas iniciativas de rua e porta-a-porta, contabilizando-se, “só este ano, mais de 22 mil patrulhas e percorridos mais de 1.5 milhões de quilómetros”, com o empenhamento de militares do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) e do Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS). Para esclarecer os cidadãos, a GNR disponibiliza a Linha SOS Ambiente e Território, através do número 808 200 520, que tem o custo de uma chamada local e funciona todos os dias, das 08h00 às 21h00.

Estado está a fazer “o possível” para ser exemplo, diz Capoula Santos

O ministro da Agricultura afirmou esta quinta-feira, em Benavente, que o Estado está a fazer “o que é possível” para ser “exemplo” na limpeza das florestas, realçando, contudo, as dificuldades colocadas pela “grande dimensão” das áreas sob a sua responsabilidade. Luís Capoulas Santos afirmou que todos os Ministérios que têm áreas florestais sob a sua responsabilidade estão a cumprir as tarefas que lhes são exigidas e que o Governo está empenhado “em levar tão longe quanto possível a prevenção”.

Num balanço do trabalho realizado pelo Ministério da Agricultura, o ministro referiu a limpeza de quase 3.400 quilómetros da chamada rede primária, a gestão de combustível executada em 5.200 hectares de áreas públicas, mais de 3.000 hectares em mosaicos de gestão de combustível, mais de 2.600 quilómetros na rede viária florestal, entre “outros indicadores que traduzem uma atividade que não teve precedente em nenhum momento anterior”.

Na campanha realizada ao longo do último ano foram ainda aprovados 78 projetos “cabras sapadoras”, para intervenção em 5.530 hectares, realizado fogo controlado e queimadas em 2.936 hectares, apoiada a constituição de 83 Zonas de Intervenção Florestal, num total de 643.232 hectares, e de 28 Unidades de Gestão Florestal, segundo dados fornecidos à Lusa pelo gabinete do ministro.

O balanço refere ainda a aprovação de 48 candidaturas ao programa “queima segura” e o envolvimento de uma centena de escolas do ensino secundário na campanha “econtigo.ecomtodos”. “Estamos a fazer mais nestes últimos dois ou três anos do que se fez nos dez ou 15 precedentes e queremos continuar nos próximos anos com este trabalho”, disse Capoulas Santos, sublinhando a afetação de 160 milhões de euros “só para a prevenção”, pela “primeira vez mais do que aquilo que é alocado ao combate”.

O ministro disse que a cerimónia que hoje decorreu junto à coudelaria da Companhia das Lezírias se inseriu no esforço de “dar mais e melhores instrumentos de trabalho a uma força que se tem vindo a consolidar e que tem um papel fundamental na limpeza da floresta”.

Salientando que os sapadores florestais foram criados há 20 anos, quando liderava o Ministério, Capoulas Santos lamentou os anos de “abandono”, em que, disse, não houve reequipamento nem melhoria do financiamento e das remunerações, para destacar o objetivo de chegar às 500 equipas e 2.500 elementos na missão de limpeza das florestas até ao final do ano.

Das 272 equipas existentes quando o atual Ministério tomou posse, passou-se para as atuais 427, sendo objetivo chegar às 500, salientou o secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Miguel Freitas. Capoulas Santos afirmou que o trabalho em curso para reforma da floresta é “de uma geração”, referindo como “crucial” a questão do cadastro, à espera de decisão da Assembleia da República desde novembro de 2018.

O ministro declarou que o projeto-piloto realizado em dez municípios foi “muito positivo”, tendo sido cadastrados, num ano, metade dos mais de 600.000 prédios rústicos identificados, aguardando que o Parlamento se pronuncie para que se possa alargar a todo o território nacional e, em quatro anos, “cadastrar todo o país”. “Estou certo de que o Parlamento o fará brevemente. Certamente terá tido razões ponderosas para o não ter feito até este momento”, acrescentou.

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Corticeira Amorim envolvida em projeto de agricultura urbana do futuro

Projetado por Tom Dixon, em parceria com o Ikea e com a Corticeira Amorim, o jardim do futuro será instalado em Londres e tem como objetivo a sensibilização para o consumo sustentável.

O designer britânico Tom Dixon desenvolveu, em parceria com a Ikea e com o apoio da Corticeira Amorim, um jardim com foco na agricultura urbana do futuro. O projeto foi distinguido com uma medalha de prata pelo Royal Horticultural Society.

Apresentado no Chelsea Flower Show, em Londres, o programa experimental de cultivo de plantas em ambiente urbano “Gardening will save the world” foi criado com cortiça e outros materiais 100% naturais, recicláveis e sustentáveis. A tecnologia permite que as plantas sejam cultivadas dentro de ambientes controlados durante todo o ano, incluindo uma variedade de plantas comestíveis.

Com este projeto Tom Dixon e a IKEA pretendem explorar soluções sustentáveis, acessíveis e inovadoras, que possam ser utilizadas pelo público para o cultivo de alimentos saudáveis e de plantas medicinais dentro das cidades. O modelo experimental de jardim tem como objetivo inspirar e encorajar as pessoas a cultivar e colher os seus próprios alimentos nas suas casas e nas comunidades urbanas.

O jardim vai ser instalado na Participatory City Foundation, durante cinco anos, com o objetivo de educar e sensibilizar para a importância do consumo sustentável. A iniciativa terá como objetivo criar um ecossistema acessível e inclusivo para envolver e educar as crianças e a comunidade sobre a importância e o prazer de cultivar seus próprios produtos.

 

O jardim do futuro foi criado com cortiça e outros materiais 100% naturais, recicláveis e sustentáveis. Será instalado em Londres e tem como objetivo a sensibilização para o consumo sustentável.

 

Para Cristina Amorim, da Corticeira Amorim “foi muito gratificante colaborar neste projeto, que valoriza a sustentabilidade a diferentes níveis e incentiva a utilização de soluções inovadoras para dar resposta aos desafios da sociedade”.

O modelo de jardim projetado por Tom Dixon “traz a natureza para dentro das cidades e promove a economia circular, um conceito que faz parte da Corticeira Amorim desde 1963, através da qual assegura a reutilização de todos os subprodutos resultantes da transformação da cortiça”, conclui Cristina Amorim.

Já para o líder criativo da IKEA, James Futcher “a alimentação é uma parte crucial da vida quotidiana e, juntamente com Tom Dixon, a IKEA quer inspirar e viabilizar um estilo de vida mais saudável e sustentável. A participação no Chelsea Flower Show é um primeiro passo na nossa colaboração, onde esperamos desafiar o modo como a sociedade aborda o crescimento populacional e como é gratificante desenvolver os seus próprios alimentos num jardim dentro da cidade. O próximo passo será desenvolver uma série de produtos para o crescimento urbano”.

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“Estado não pode desaparecer, mas não pode aparecer demais”, diz ministro da reforma de Angola

O ministro da Reforma do Estado de Angola defende uma redução da intervenção do Estado na economia, na conferência do ECO sobre o novo ciclo político. País quer apoiar o investimento privado.

Conferência Angola - Novo Ciclo Político e de Investimento - 30MAI19
Adão Correia de Almeida, ministro angolano da Administração do Território e Reforma do Estado.Hugo Amaral/ECO

O ministro angolano Adão Correia de Almeida defendeu que o Estado “não pode aparecer demais”, porque isso “asfixia o desenvolvimento”. Numa conferência sobre o novo ciclo político e de investimento em Angola, promovida pelo ECO, o responsável pelas pastas da Administração do Território e Reforma do Estado afirmou ainda que “há domínios da atividade económica que não devem ser feitos pelo Estado”.

“Estamos num momento de transição, que é um momento de bastante esperança e expectativa. Há um grande desejo de todos de transformar o país, para que possamos colocá-lo no lugar que todos nós achamos ser o seu lugar. Para isso, precisamos de um Estado que não seja pesado, que não seja lento e que seja criativo. Não pode desaparecer, mas não pode aparecer demais, porque asfixia o desenvolvimento”, afirmou o Adão Correia de Almeida na conferência Angola: Novo ciclo político e de investimento, promovida pelo ECO.

http://videos.sapo.pt/05FdkOQszYEYvdtTFZSo

Com o mandato do Presidente João Lourenço prestes a fazer dois anos — e numa altura em que está a ser preparado um programa de privatizações, assim como novas medidas para atrair investimento externo para o país africano –, o ministro esteve em Lisboa para explicar os eixos fundamentais da estratégia de reforma que o Governo promete implementar.

A linha fundamental é o “reposicionamento da intervenção do Estado na vida dos cidadãos, das empresas e da sociedade em geral”, com uma aposta nos “recursos humanos” mais especializados na Administração Pública, “eliminação das sobreposições das instituições”, a modernização do Estado no plano da simplificação de procedimentos e a “integração de serviços” públicos que, atualmente, “não conversam entre si”.

Precisamos que o Estado seja próximo e capaz de resolver os problemas das empresas de modo a que o setor privado possa intervir e possa conquistar o seu espaço.

Adão Correia de Almeida

Ministro da Administração do Território e Reforma do Estado de Angola

Ministro promete descentralizar o poder

O ministro indicou ainda que o regime pretende levar a cabo uma “descentralização administrativa” com a “institucionalização das autarquias”, para as quais promete que “vão ser transferidas algumas competências importantes”. “O Estado angolano tem um território bastante vasto, pelo que a devolução do poder se afigura fundamental para a reestruturação da máquina do Estado”, rematou o ministro angolano.

“Precisamos que o Estado seja próximo e capaz de resolver os problemas das empresas de modo a que o setor privado possa intervir e possa conquistar o seu espaço”, indicou o governante, que concluiu com uma frase que resume a intenção da reforma do Estado angolano: “Se o Estado não estiver para jogar, pelo menos que não esteja para dificultar”, frisou Adão Correia de Almeida.

Já são conhecidas algumas das linhas gerais do programa de privatizações que deverá ser levado a cabo pelo Governo angolano até 2021. Uma boa parte das empresas na mira fazem parte do universo da Sonangol, estando ainda em causa participações públicas no setor das telecomunicações, da banca e dos seguros. Espera-se que, até ao fim deste ano, cerca de 20 empresas estatais não estratégicas deverão ser liquidadas pelo regime.

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Montepio lucra 6,5 milhões no arranque do ano

O Banco Montepio registou lucros de 6,5 milhões de euros entre janeiro e março, um aumento ligeiro face a 2018. A carteira de crédito a clientes encolheu cerca de 200 milhões em três meses.

O Banco Montepio obteve lucros de 6,5 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, um aumento de 14% face ao resultado de 5,7 milhões registado um ano antes, reflexo de menores custos, mas também de menos imparidades com o crédito. A carteira de crédito a clientes encolheu 200 milhões em apenas três meses.

O banco explica que para esta evolução dos resultados líquidos “contribuíram o desempenho favorável do produto bancário core, a redução dos custos operacionais suportada na diminuição dos custos com o pessoal e dos gastos gerais administrativos, e a diminuição das dotações para imparidades e provisões, incorporando os efeitos das medidas adotadas em sede de aprovação, concessão e controlo de crédito”.

Enquanto o produto bancário encolheu para os 96,6 milhões de euros, houve um crescimento do produto bancário core em resultado do aumento da margem financeira de 2,1% para os 61,1 milhões de euros, num contexto de “redução dos custos de financiamento, nomeadamente do custo dos depósitos e da dívida emitida”, explica o banco no comunicado enviado esta quinta-feira ao mercado. As comissões ficaram estáveis nos 28,3 milhões de euros.

Por outro lado, os custos operacionais caíram para 61,8 milhões de euros, perante a redução dos custos com pessoal e “as sinergias obtidas ao nível dos fornecimentos e serviços externos”. As imparidades para crédito caíram para 18,5 milhões de euros e também deram um contributo positivo para a evolução dos resultados no arranque do ano.

Olhando para o balanço, a carteira de crédito a clientes encolheu 199 milhões de euros face a dezembro do ano passado, ascendendo a março desde ano aos 11,9 mil milhões de euros — encolhe quase 900 milhões se comparar com a carteira de março de 2018. Já os depósitos de clientes caíram 113 milhões para um total de 12,46 mil milhões de euros face ao final do ano passado, apresentando um crescimento de 291 milhões em termos homólogos.

Emissão ajuda solidez financeira

Em termos de solidez financeira, o Banco Montepio diz que os rácios de capital encontram-se acima dos níveis prudenciais exigidos pelo Banco de Portugal. “Em 31 de março de 2019, os rácios de capital Common Equity Tier 1 (CET1) e Capital Total situaram-se em 13,5% e 15,0%, respetivamente”, diz o banco.

Para este reforço dos rácios de capital contribuiu a emissão de 100 milhões de euros de dívida subordinada realizada durante primeiro trimestre de 2019.

(Notícia atualizada às 17h23)

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Tabelas de IVA de Gaspar ajudam a explicar surpresa nas receitas de Centeno, diz Conselho das Finanças Públicas

Centeno tem contado com receitas inesperadas para baixar o défice. Uma das surpresas vem das receitas fiscais que estão a crescer mais do que o consumo. O CFP ajuda a desvendar o mistério.

Há três anos seguidos que Mário Centeno conta com receitas fiscais inesperadas que são uma ajuda preciosa na altura de baixar o défice. Este fenómeno tem intrigado economistas e especialistas em finanças públicas. Mas o mistério pode estar a caminho de ser resolvido. O Conselho das Finanças Públicas (CFP) estudou o assunto e concluiu que a alteração às tabelas de IVA feita em 2012 por Vítor Gaspar e o aumento do peso do turismo podem estar a beneficiar as receitas fiscais.

Em 2018, dois terços da redução do défice estrutural resultou da diminuição do encargos com juros e o restante um terço é justificado pelo “efeito positivo de receitas inesperadas (revenue windfalls), à semelhança dos dois anos anteriores”, diz a instituição liderada por Nazaré Cabral no relatório sobre a Evolução Orçamental das Administrações Públicas em 2018.

Por receitas inesperadas, o CFP entende o aumento dos dividendos do Banco de Portugal e “os ganhos de receita fiscal que resultam da evolução de alguns impostos acima do crescimento da sua base macroeconómica”.

Numa análise mais detalhada a este último aspeto, o CFP foi ver o que pode ajudar a explicar que a receita de IVA cresça mais do que o consumo privado. Olhando para uma série longa da receita de IVA, o CFP indica que está provado que em períodos de expansão e em fases de recessão, os particulares alteram os seus padrões de consumo.

Em que sentido? “Em fases de crescimento os agentes económicos passariam a adquirir uma proporção cada vez maior de bens taxados à taxa normal [de 23%], ao passo que, em momentos de arrefecimento da economia, os consumidores tenderiam a direcionar uma maior fatia do seu rendimento para a aquisição de bens essenciais, sujeitos a uma taxa reduzida [6%]”, explica a instituição, lembrando que esta conclusão resulta de estudos já feitos antes.

Mas, no momento atual, podem existir outros fatores que ajudam a potenciar aqueles, em que um deles resulta de uma medida de política fiscal adotada em 2012 pelo então ministro das Finanças, Vítor Gaspar. “A alteração das tabelas de IVA ocorrida em 2012, que reduziu o número de bens abrangidos pela taxa intermédia, bem como o aumento do peso da atividade turística na economia, poderão ter elevado o consumo de bens sobre os quais se aplica a taxa normal de IVA, fazendo com que mudanças dos padrões de consumo ao longo do ciclo económico sejam atualmente mais pronunciadas”, admite o CFP. Estas novas conclusões representam um risco para a gestão orçamental, avisa a instituição.

Centeno brilha na UE, mas consolidação abrandou em 2018

O relatório do CFP concluiu ainda que apesar de Portugal estar a cumprir a maior parte das regras europeias para as contas públicas — com exceção da regra do crescimento da despesa pública primária expurgada de medidas temporárias —, a conjuntura económica, os juros e as surpresas na receita estão a explicar os avanços em indicadores como o défice nominal, o défice estrutural e o défice quando descontadas apenas as medidas one-offs.

Este resultado, apesar de continuar a apontar para uma melhoria dos indicadores estruturais, sugere que o progresso de consolidação orçamental tenha desacelerado em 2018.

Conselho das Finanças Públicas

Esta análise leva o CFP a concluir que há um “abrandamento do processo de consolidação orçamental”. “A variação do saldo primário estrutural (saldo estrutural excluindo a despesa com juros) conjuntamente com a variação do hiato do produto [que mede a diferença entre o produto potencial e o efetivo] permitem aferir a natureza restritiva ou expansionista da política orçamental discricionária. Em 2018, a variação positiva do saldo primário estrutural (0,2 p.p. do PIB) realizada no contexto de melhoria da conjuntura económica (variação positiva do hiato do produto em 0,4 p.p. do PIB potencial) foi inferior em mais de metade à estimada para 2017 (0,5 p.p. do PIB)”, detalha o CFP. “Este resultado, apesar de continuar a apontar para uma melhoria dos indicadores estruturais, sugere que o progresso de consolidação orçamental tenha desacelerado em 2018”.

O relatório contém ainda informação mais detalhada sobre as cativações feitas no ano passado. O ministro das Finanças fechou o Orçamento do Estado de 2018 com cativações efetivas no valor de 486 milhões de euros, o que compara com uma previsão inicial de poupança com cativações de 590 milhões de euros.

“Em termos absolutos, os cativos finais em 2018 ficaram ligeiramente abaixo da média de 523 milhões de euros registada nos anos de 2014, 2015 e 2017 e bastante abaixo dos 1.005 milhões de euros registados em 2016”, diz o CFP.

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