Ainda sem salários, trabalhadores da Groundforce manifestam-se no Parlamento

O impasse entre o acionista da empresa de handling e o ministério de Pedro Nuno Santos continua. Funcionários já receberam parte dos rendimentos de fevereiro, mas ainda têm outra parte a receber.

Os trabalhadores da Groundforce preparam-se para o quarto dia de manifestações para reclamarem os salários de fevereiro que não foram pagos. Desta vez, vão rumar à Assembleia da República, onde irão também encontrar-se com PCP e PAN. As negociações entre o Governo e o acionista privado Alfredo Casimiro ainda não chegaram a acordo para desbloquear o dinheiro que serviria para pagar os salários.

“Depois de mais um dia de luta pelos nossos salários, ganhámos uma batalha, foi transferido parte do salário para as nossas contas, mas falta bem mais do que isso e enquanto não estiver garantido e até ao último cêntimo, não paramos!”, diz a Comissão de Trabalhadores numa comunicação interna a que o ECO teve acesso. Na sexta-feira começaram a ser transferidos 500 euros para as contas dos trabalhadores, vindos de dinheiro que havia ainda em caixa e de apoio do lay-off entretanto recebido.

No entanto, ainda há parte das remunerações em dívida, o que levará os trabalhadores a manifestarem-se esta segunda-feira na Assembleia da República a partir das 11h30. “O Estado português tem, para além de ser acionista, a responsabilidade social nesta questão e o dever de salvaguardar os direitos dos trabalhadores“, defende a CT, considerando “absolutamente inadmissível que os trabalhadores estejam a ser alvo de um jogo de força entre o acionista privado vs Estado”.

A equipa do ministro das Infraestruturas e da Habitação Pedro Nuno Santos tem-se reunido com o acionista e presidente do conselho de administração Alfredo Casimiro para tentar desbloquear um adiantamento por serviços a prestar à TAP e assim pagar os salários referentes a fevereiro que estão em atraso. Nos últimos dias da semana passada, um acordo já parecia próximo, mas acabou por não acontecer e as duas partes têm versões complementarmente contraditórias do que está a acontecer.

A TAP — que é simultaneamente cliente e acionista (com 49,9%) da Groundforce — já deu 12,3 milhões de euros em adiantamentos de serviços para garantir a liquidez da empresa, mas também em dificuldades quis deixar de o fazer. O dono da Pasogal, de detém 50,1% do capital da Groundforce, não teve como pagar salários e pediu mais um adiantamento, tendo a TAP pedido, em contrapartida, uma penhora da participação do empresário.

Casimiro, que inicialmente não quis aceitar dar as ações como garantia para um novo empréstimo da TAP à Groundforce, acabou por aceitar dar os títulos como penhor. Mas à última hora exigiu que, caso a TAP executasse essa garantia, mantivesse a gestão da empresa, mesmo sendo minoritário no capital. A TAP e o Governo recusaram essa hipótese e disseram só aceitar adiantar mais dinheiro à empresa de handling se Casimiro aceitasse (sem condições) dar as ações como garantia.

Previa também um plano de pagamentos a começar quando a Groundforce receba um financiamento bancário de 30 milhões de euros (que está à espera de garantia do Estado para avançar). Após novas negociações o acionista anunciou ter aceitado os pedidos de Pedro Nuno Santos. Mas o ECO sabe que o empresário levou novas condições relacionados com montantes e com datas de pagamento, mantendo-se assim o impasse.

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PSI-20 avança 1% com petróleo a ditar subida de 2% da Galp

O petróleo está a negociar acima dos 70 dólares nos mercados internacionais, impulsionando as cotadas petrolíferas, como é o caso da Galp Energia. O PSI-20 beneficia.

O principal índice nacional está a valorizar 1,13% para os 4.724,91 pontos no arranque da sessão desta segunda-feira. Quase todas as cotadas estão a negociar em alta, à exceção da Jerónimo Martins e da Ramada Investimentos. O destaque vai para a Galp Energia que valoriza mais de 2%, beneficiando da cotação do petróleo acima dos 70 dólares.

A subida do PSI-20 nos primeiros minutos de negociação acompanha a valorização que se regista um pouco por toda a Europa. O alemão DAX sobe 0,7%, assim como o francês CAC40 e o britânico FTSE. O espanhol IBEX avança 0,8% e o Stoxx 600, o índice que agrega as 600 principais cotadas europeias, valoriza 0,6%.

Em Lisboa, à exceção das descidas da Jerónimo Martins e da Ramada Investimentos (e a Novabase que se mantém inalterada, as cotadas estão a registar fortes ganhos. O foco está na Galp Energia, cujos títulos sobem 2,44% para os 10,7 euros, beneficiando da valorização do petróleo nos mercados internacionais para lá dos 70 dólares por barril.

Esta barreira foi alcançada pela primeira vez desde janeiro do ano passado e deve-se a ataques contra as instalações petrolíferas da Arábia Saudita que colocam em dúvida a sua capacidade de produção. Com a procura igual mas a oferta em risco, a cotação do petróleo tende a subir. Esta trajetória contrasta com a queda acentuada dos preços do petróleo durante os primeiros meses da pandemia.

Nota ainda para a subida da Ibersol de 3,69% para os 6,18 euros e do BCP de 1,2% para os 11,85 cêntimos. Neste momento, o setor da banca é o que tem o melhor desempenho na Europa.

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Pandemia pode fazer recuar “progressos arduamente conquistados” na igualdade de género, diz Lagarde

  • ECO
  • 8 Março 2021

Lagarde aponta que a pandemia “está a afetar as mulheres de modo particularmente forte” e alerta que as circunstâncias atuais podem fazer recuar os progressos em termos da igualdade de género.

No dia Internacional da Mulher, Christine Lagarde aponta que o impacto económico e social da pandemia “está a afetar as mulheres de modo particularmente forte” e alerta que as “presentes circunstâncias” podem fazer recuar os “progressos arduamente conquistados” em termos da igualdade de género, assinala numa coluna de opinião no Diário de Notícias (acesso pago).

“Um número desproporcionado de mulheres trabalha nos setores mais atingidos pelo vírus, sendo também maior a probabilidade de terem um trabalho informal fora do âmbito dos programas de apoio estatal”, assinala a presidente do Banco Central Europeu. Nesse sentido, Lagarde sublinha que as circunstâncias atuais “têm o preocupante potencial para fazer recuar os progressos arduamente conquistados em termos de igualdade entre mulheres e homens“. “Não podemos deixar que isso aconteça“, apela.

Não obstante, Lagarde sublinha: as crises “levam-nos a redefinir alguns dos nossos valores”. Pelo que afirma que é importante “desafiar velhos padrões e adotar novos”, bem como “desafiar o papel das mulheres em casa, no trabalho e na sociedade”. “Uma maior participação das mulheres no trabalho — apoiada por serviços públicos de acolhimento de crianças adequados e regimes de trabalho flexíveis para mulheres e homens — seria um enorme avanço no sentido da eliminação da disparidade salarial entre géneros”, sinaliza.

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Cristiano Ronaldo muda império para Portugal

  • ECO
  • 8 Março 2021

Com o novo nome de CR7 Lifestyle Unipessoal e um capital social superior a a 16 milhões de euros, a empresa de Cristiano Ronaldo passa a pagar impostos em Portugal. Operação foi realizada em junho.

A CRS Holding, principal empresa detida por Cristiano Ronaldo no Luxemburgo, passou a ter sede em Lisboa. A operação foi realizada em junho do ano passado com o novo nome de CR7 Lifestyle Unipessoal. Com um capital social superior a 16 milhões de euros, a empresa do craque português passa agora a pagar impostos em Portugal, revela o Correio da Manhã (acesso pago).

Fica decidido transferir a sede social estatutária, a sede de direção efetiva e a administração central da sociedade do nº 92, rue de Bonnevoi, Luxemburgo, para a Av. Engenheiro Duarte Pacheco, Torre II, 8º andar, sala 10, concelho de Lisboa, Portugal”, lê-se na ata da CRS Holding depositada na Conservatória do Registo Comercial citada pelo mesmo jornal.

De acordo com o mesmo jornal, o internacional português e atual jogador da Juventus é o único sócio da sociedade. A transferência da sede da principal empresa de CR7, bem como a mudança do nome, foi aprovada em 11 de maio do ano passado. Com esta transferência, Ronaldo tem agora seis empresas com sede em Portugal, são elas: a CR7 SA, a Category Challenge, a Ponta de Lança – Sociedade Imobiliária, a Sessenta e Cinco Lote, a Mussara – Gestão de Espaços e Eventos e a CR7 Lifestyle Unipessoal.

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Governo contraria empresas que cortaram subsídio de Natal

  • ECO
  • 8 Março 2021

O Governo considera que as empresas não podem cortaram o subsídio de Natal aos trabalhadores que foram obrigados a ficar em casa com os filhos por causa do fecho das escolas na sequência da pandemia.

As empresas da Sonae MC não pagaram o subsídio de Natal na íntegra aos trabalhadores que ficaram a tomar conta dos filhos devido ao encerramento das escolas no ano passado, tendo recebido um apoio do Estado pelo menos entre abril e junho para ficar em casa por causa da pandemia. A situação foi denunciada pelo sindicato do comércio e serviços CESP.

O subsídio de Natal que foi pago descontou os meses em que os trabalhadores estiveram fora, mas o Governo diz esta segunda-feira ao Jornal de Notícias (acesso pago) que as empresas não podem fazê-lo e sugerem aos trabalhadores que peçam ajuda à Autoridade para as Condições no Trabalho (ACT). “O Contrato Coletivo de Trabalho diz que a empresa só pode descontar no subsídio de Natal quando a falta for imputável ao trabalhador”, diz o sindicato CESP, referindo que a falta aconteceu por decisão do Governo.

Em reação, a Sonae MC, que gere a cadeia de supermercados Continente, assegura que cumpre “escrupulosamente todas as suas obrigações legais, designadamente, aquelas que derivam da aplicação da legislação laboral”, por isso “pagou os subsídios de Natal devidos aos seus colaboradores em 2020”.

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Medina sondou Bloco e PCP para coligação em Lisboa

  • ECO
  • 8 Março 2021

Fernando Medina quis uma coligação pré-eleitoral com Bloco e PCP, a qual foi rejeitada, mas ainda poderá ser ressuscitada caso Carlos Moedas (PSD) ganhe espaço nas sondagens.

Fernando Medina, o atual presidente da câmara de Lisboa e candidato do PS nas autárquicas deste ano, sondou o Bloco de Esquerda e o PCP para uma coligação à esquerda, revela o Público (acesso condicionado) esta segunda-feira. Mas ambos os partidos rejeitaram alegando que a esquerda é maioritária na capital desde a primeira eleição de António Costa (2007) pelo que não é necessário. Ou seja, remeteram acordos para o período pós-eleitoral.

Estas conversas ocorreram antes de Carlos Moedas, ex-comissário europeu, anunciar que vai candidatar-se ao lugar pelo PSD. Se esta candidatura começar a ganhar dinamismo e espaço nas sondagens, existe a possibilidade de uma coligação pré-eleitoral à esquerda, adianta o Público, referindo que a decisão tem como prazo o mês de junho. Atualmente Medina preside à Câmara Municipal de Lisboa com o apoio do Bloco.

Do lado do Partido Socialista, a posição é de abertura. José Luís Carneiro, secretário-geral adjunto do PS, diz ao jornal que a gestão camarária do PS “sempre foi um projeto aberto a todos quantos nele quiseram participar” e garante que “assim continuará a ser, antes e depois das eleições”. Por sua vez, Jorge Costa, do BE, assegura que os candidatos do Bloco “contribuirão para maiorias que, excluindo os partidos de direita, possam assumir compromissos fundamentais”.

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Hoje nas notícias: Ronaldo, autárquicas e Lagarde

  • ECO
  • 8 Março 2021

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O craque português Cristiano Ronaldo transferiu a sua principal empresa do Luxemburgo para Portugal, numa operação realizada em junho do ano passado. Ainda no plano económico, as empresas da Sonae MC não pagaram o subsídio de Natal na íntegra aos trabalhadores que ficaram em casa a tratar dos filhos. Na política, o presidente da Câmara de Lisboa sondou o Bloco de Esquerda e o PCP para uma coligação à esquerda. No dia Internacional da Mulher, Lagarde alerta que a pandemia pode fazer recuar “progressos arduamente conquistados” na igualdade de género.

Cristiano Ronaldo muda império para Portugal

A CRS Holding, principal empresa detida por Cristiano Ronaldo no Luxemburgo, passou a ter sede em Lisboa. A operação foi realizada em junho do ano passado com o novo nome de CR7 Lifestyle Unipessoal. Com um capital social superior a 16 milhões de euros, a empresa do craque português passa a pagar impostos em Portugal. “Fica decidido transferir a sede social estatutária, a sede de direção efetiva e a administração central da sociedade do nº 92, rue de Bonnevoi, Luxemburgo, para a Av. Engenheiro Duarte Pacheco, Torre II, 8º andar, sala 10, concelho de Lisboa, Portugal”, lê-se na ata da CRS Holding depositada na Conservatória do Registo Comercial citada pelo Correio da Manhã. Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

Sonae MC cortou subsídio de Natal de trabalhadores que ficaram em casa com filhos, mas Governo diz que não pode fazê-lo

As empresas da Sonae MC não pagaram o subsídio de Natal na íntegra aos trabalhadores que ficaram a tomar conta dos filhos devido ao encerramento das escolas no ano passado, tendo recebido um apoio do Estado para ficar em casa por causa da pandemia. O subsídio de Natal que foi pago descontou os meses em que os trabalhadores estiveram fora, mas o Governo diz que as empresas não podem fazê-lo e sugerem aos trabalhadores que peçam ajuda à Autoridade para as Condições no Trabalho (ACT). “O Contrato Coletivo de Trabalho diz que a empresa só pode descontar no subsídio de Natal quando a falta for imputável ao trabalhador”, diz o sindicato CESP, referindo que a falta foi por decisão do Governo. Em reação, a Sonae MC, que gere a cadeia de supermercados Continente, assegura que cumpre “escrupulosamente todas as suas obrigações legais”. Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago).

Transportadoras de turistas à beira da falência

A Associação Rodoviária de Transportadores Pesados de Passageiros (ARP), que representa cerca de 120 empresas, diz que o setor está “completamente massacrado por este pandemia e que se encontra parado há 18 meses”. Com o turismo praticamente estagnado, o impacto da pandemia tem sido grande, com o presidente da associação a estimar perdas “cerca de 80%” nas receitas do ano passado, isto é, uma quebra de “faturação da ordem dos 150 milhões de euros”, e “uma redução de 500 pessoas”. Rui Pinto Lopes avisa ainda que “haverá uma redução igual ou superior durante este ano, caso não sejam tomadas medidas urgentes”, queixando-se que o setor está a ficar de fora das medidas de apoio ao turismo do Governo. Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Medina sondou Bloco e PCP para coligação em Lisboa

Fernando Medina, o atual presidente da câmara de Lisboa e candidato do PS nas autárquicas deste ano, sondou o Bloco de Esquerda e o PCP para uma coligação à esquerda, mas estes partidos rejeitaram. Estas conversas realizaram-se antes de Carlos Moedas, ex-comissário europeu, anunciar que vai candidatar-se ao lugar pelo PSD. Se esta candidatura começar a ganhar dinamismo e espaço nas sondagens, existe a possibilidade de uma coligação à esquerda, adianta o Público, referindo que a decisão tem como prazo o mês de junho. Atualmente Medina preside à câmara de Lisboa com o apoio do Bloco. Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

Pandemia pode fazer recuar “progressos arduamente conquistados” na igualdade de género, diz Lagarde

Numa coluna de opinião para assinalar o dia internacional da mulher, Christine Lagarde aponta que o impacto económico e social da pandemia “está a afetar as mulheres de modo particularmente forte” e alerta que as “presentes circunstâncias” podem fazer recuar os “progressos arduamente conquistados” em termos da igualdade de género. Nesse sentido, a presidente do Banco Central Europeu desafia a sociedade a adotar novos padrões, que “sejam mais adequados às nossas necessidades atuais”. “Temos muito trabalho para fazer, tanto em casa, como no emprego e na liderança”, atira. Leia a opinião completa no Diário de Notícias (acesso livre).

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Mulher, engenheira e líder. Trabalhar e progredir, rodeada de homens

Sandra Costa lidera 25 pessoas, apenas três são mulheres. Para a engenheira, o problema da falta de diversidade de género no setor não está na discriminação, mas sim na falta de candidatas.

“Sento-me em várias salas em que a maior parte das pessoas são homens. Às vezes registo quantos homens e quantas mulheres há”, diz Sandra Costa, senior manager na Bosch Portugal. A trabalhar num setor onde a maioria dos profissionais são homens, Sandra Costa chegou a uma posição de liderança na multinacional alemã. Atualmente, tem a seu cargo 25 pessoas, distribuídas em quatro equipas. Apenas três são mulheres.

Das notas que tira durante as meetings mais importantes, vai reparando, contudo, nalguns progressos. “Num nível mais operacional, isto é, mais dentro das equipas, na minha organização vou vendo mais mulheres, mesmo a apresentarem projetos e a chegarem-se à frente. Se pensarmos mais em formações de liderança ou reuniões com managers, ainda vejo alguma diferença”, refere, salientando que talvez há 10 anos ainda houvesse menos presença feminina. “Provavelmente já houve alguma evolução. Talvez o facto de eu também estar nesta posição já seja um fator de evolução”, acrescenta.

Ainda assim, os números mostram, claramente, que o setor das ciências e tecnologia continua a ser maioritariamente masculino. “Não é por falta de políticas de diversidade que a empresa tenha, aliás, temos até formações contra o enviesamento durante o recrutamento. É porque, simplesmente, existem poucas candidatas nestas áreas”, considera a engenheira.

Sandra Costa é senior manager na Bosch Portugal.

“É impossível contratar mais mulheres para estas indústrias se há poucas mulheres a entrarem nestes cursos”

Para a senior manager na Bosch Portugal, o motivo que justifica o problema da falta de diversidade de género nos setores da engenharia e da tecnologia, sobretudo, não está propriamente relacionado com algum tipo de discriminação, mas sim com causas muito mais profundas na nossa sociedade. “É impossível contratar mais mulheres para estas indústrias se há poucas mulheres a entrarem nestes cursos“, afirma em conversa com a Pessoas.

Sandra Costa licenciou-se na Universidade do Minho, fez mestrado em engenharia eletrónica industrial, com uma tese focada na robótica, e doutoramento, onde se dedicou a verificar que os robôs podiam ser usados como ferramenta mediadora de interação social entre o ser humano e crianças com perturbações do espetro do autismo. Recorda que, no início do seu percurso académico, pelo menos na primeira fase de acesso ao ensino superior, era a única rapariga da turma, com 60 alunos. “Quando comecei a estudar não era confortável entrar numa sala cheia de rapazes. Se formos ver, nas universidades ainda há poucas alunas nos cursos de engenharia eletrónica, mecânica, entre outros. A pergunta é: por que entram poucas mulheres nestes cursos?”, continua.

"Quando comecei a estudar não era confortável entrar numa sala cheia de rapazes. Se formos a ver, nas universidades ainda há poucas alunas nos cursos de engenharia. A pergunta é porque é que entram poucas mulheres nestes cursos.”

Sandra Costa

Senior manager na Bosch Portugal

Sem certeza na resposta a esta pergunta, a engenheira acredita que talvez se deva à falta de acesso a informação ou até a condicionantes familiares, e recorre à infância para exemplificar como, desde pequenos, rapazes e raparigas podem ser influenciados nas escolhas que fazem profissionalmente. “Se calhar as raparigas brincam mais com bonecas e os rapazes com Lego, e isto dá-lhes algumas capacidades que depois são mais úteis na engenharia, acabando por enveredar por essas carreiras. Não sabemos”, diz, salientando que não deveria haver brinquedos para rapazes ou brinquedos para raparigas. “Há brinquedos, ponto”, refere.

Também o seio familiar é, para Sandra Costa, crucial para dar esta liberdade de decisão às raparigas. “Os pais também têm um papel importante nesse processo de clarificação e de mostrar as oportunidades que existem para diferentes carreiras”, sem limitar as opções por se tratar de uma filha ou de um filho.

Com a Women in Engineering (WiE), grupo afiliado do IEEE e iniciativa da qual foi cofundadora em 2010 e presidente durante dois anos, a engenheira tenta, precisamente trabalhar com as escolas secundárias para mostrar a engenharia como opção igualmente válidas para raparigas e rapazes. “Um dos objetivos era criar grupos estudantis dentro das universidades ligados à WiE. Chegámos a ter de seis a oito grupos, um em cada universidade, e é, sem dúvida, um valor acrescentado para a rede de universidades do nosso país”, diz.

Mas, além das escolas, das famílias e dos próprios jovens, também as empresas devem ser parte ativa no fomento e apoio das estudantes que querem ter um papel no futuro da evolução científica e tecnológica. Para a líder, é fundamental que as empresas atualizem as suas políticas de apoio à família, possibilitando aos seus colaboradores, tanto homens como mulheres, um equilíbrio entre vida pessoal e vida profissional. As organizações têm de certificar-se que “uma mulher não põe de parte a vida familiar por achar que não está a acompanhar os elementos da sua equipa que são homens e não têm família, por exemplo”, afirma.

Das salas da Universidade do Minho para o desenvolvimento da condução autónoma

Sandra Costa é uma daquelas mulheres que investe na sua formação e, mesmo num setor “de homens”, conseguiu alcançar uma posição mais de topo, liderando homens e, inclusive, mais velhos que ela própria. Mas, voltando a 2015, ano em que entrou na Bosch, a engenheira assumiu funções de software developer. A progressão foi, no entanto, rápida, começando por assumir alguns papéis de liderança dentro das equipas que integrava.

Posteriormente, com a mobilidade internacional de um manager, Sandra Costa assumiu o seu lugar, começando a liderar um dos grupos que deixou. “Os meus managers e a organização reviram em mim algumas competências de group leader e de poder ter a responsabilidade de mais equipas — trabalhando o seu desenvolvimento, motivação, feedback, formação — e, acabei, em 2019, por tornar-se oficialmente group leader”, conta, salientando que, talvez tenha sido por, desde a universidade, tentar sempre desconstruir os desafios relacionados com a diversidade de género, que tenha conseguido alcançar uma posição de liderança numa empresa como a Bosch.

A senior manager trabalha com sensores, uma das áreas de negócio da Bosch em Braga, e está neste momento focada no desenvolvimento do LiDAR, um sensor a ser utilizado em algoritmos de computação, sendo uma das parte essenciais que contribuirão para a condução autónoma.

“Basicamente, estes sensores providenciam dados para um sistema central com um algoritmo que usa estes dados para depois decidir o que o carro vai fazer, se vai mudar de faixa de rodagem, parar, estacionar ou virar, por exemplo. Têm de ser o mais fiáveis possível porque, se cada um cometer um erro, corremos o risco de o carro atropelar alguém ou ir contra um muro”, refere.

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Há menos casos em Portugal, mas também são feitos menos testes

O decréscimo do número de testes deve-se ao confinamento. A taxa de positividade também caiu. Por cada 100 testes realizados mais de 19 eram positivos em janeiro, valor que desceu para cerca de 3.

O número de novos casos em Portugal tem descido acentuadamente. Apesar das oscilações diárias, a média de novos casos na semana que passou é bastante inferior à média de novos casos do pico em janeiro. Mas à semelhança das novas infeções, também o número de amostras recolhidas é menor.

Se no final de janeiro éramos o pior país da Europa e do mundo a nível de novas infeções por 100.000 habitantes, no final de fevereiro a história era completamente diferente. Quase que fazia jus ao “milagre português” do primeiro confinamento. Mas os testes feitos são os mesmos? Não.

Nos últimos sete dias para os quais há dados disponíveis (isto é, de 25 de fevereiro a 3 de março – quinta a quarta-feira), a média de testes diários foi cerca de 25.583 testes. O ECO comparou estes sete dias, com os sete dias equivalentes no pico da testagem (que aconteceu a 22 de janeiro, com 76.965 amostras recolhidas). Assim, foi analisado o período de 21 a 27 de janeiro, também de quinta a quarta-feira. Neste período a média de testes diários foi cerca de 64.365, quase mais 40 mil que na semana passada.

O número de testes já tinha sentido uma quebra no início de fevereiro quando Marta Temido disse “não podemos deixar cair o número de testes”. E também Graça Freitas, em entrevista ao Público, apontou como positivo manter os testes nos 70 a 80 mil diários – o que não aconteceu.

Mais, a 21 de fevereiro deu-se início à norma que alarga a realização de testes aos contactos de baixo risco, o que, à primeira vista indicaria um aumento do número de testes. Mas não aumentou, praticamente estagnou.

Qual a razão para o decréscimo do número de testes? A ministra da Saúde já admitiu que a descida do número de amostras está relacionada com o confinamento. O mesmo explicou o especialista Tiago Correia ao Público: “Se há menos contactos, existem menos contágios e, nessa medida, a testagem baixa”.

Então, não é necessário fazer mais testes?

À partida não será necessário, devido à taxa de positividade, isto é, a percentagem de casos positivos face ao número de testes realizados, que também reduziu. Ainda assim, o Governo decidiu arrancar com um plano de testagem massiva, fazendo 400 mil testes de 14 em 14 dias, para preparar o desconfinamento. Ainda não há datas para o início deste plano.

Olhando para os mesmos dois espaços temporais (21 a 27 de janeiro e 25 de fevereiro a 3 de março) é evidente que a taxa de positividade diminuiu. Nos primeiros sete dias em análise, a taxa de positividade foi de 19,29%. Já no segundo período, foi de 3,37%. Ou seja, por cada 100 testes realizados mais de 19 eram positivos e esse valor desceu para mais de 3.

Esta é a variável que permite perceber melhor a evolução positiva da pandemia em Portugal. Por exemplo, se a taxa de positividade estivesse igual, dia 3 de março a Direção-Geral da Saúde tinha registado mais de 5.000 casos ao invés dos 979 confirmados do boletim desse dia. O mesmo para dia 1 e 2 do mesmo mês.

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5 coisas que vão marcar o dia

Governo apresenta plano de desconfinamento no Infarmed. É o Dia Internacional da Mulher e a bolsa de Lisboa e o Eurostat vão assinalar o dia. Prossegue julgamento de Tancos.

O Governo começa a desvendar as medidas do plano de desconfinamento na reunião do Infarmed. É o Dia Internacional da Mulher e a bolsa de Lisboa e a o Eurostat vão assinalar o dia. Prossegue o julgamento do processo de Tancos, que conta com 23 acusados, incluindo o ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes.

Governo discute plano de desconfinamento

A equipa de especialistas, a quem o Governo pediu ajuda, vai apresentar um esboço das medidas de desconfinamento na reunião do Infarmed. De acordo com o Expresso, o plano, que será apresentado oficialmente na quinta-feira, não terá um calendário (como teve o plano de desconfinamento de maio) e evoluirá de acordo com a situação pandémica.

Bolsa assinala Dia Internacional da Mulher

A Euronext promove a cerimónia “Toque de Sino pela Igualdade de Género”, que contará com a presença de CEO Euronext Lisboa, Isabel Ucha, a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, e o presidente da Global Compact Network Portugal, Mário Parra da Silva.

Eurostat também

Celebra-se o Dia Internacional da Mulher e o gabinete de estatísticas da Comissão Europeia vai assinalar o dia com a divulgação do indicador do gap salarial entre mulheres e homens.

Prossegue julgamento do processo Tancos

Prossegue o julgamento do processo de Tancos, que conta com 23 acusados, incluindo o ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes, o ex-diretor nacional da Polícia Judiciária Militar (PJM) Luís Vieira, o ex-porta-voz da PJM Vasco Brazão e o ex-fuzileiro João Paulino, que segundo o Ministério Público foi o mentor do furto. Os acusados respondem por um conjunto de crimes que vão desde terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça e prevaricação até falsificação de documentos, tráfico de influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida.

Alemanha levanta restrições

A chanceler alemã, Angela Merkel, aceitou um levantamento progressivo das restrições contra a pandemia após negociações com os presidentes dos 16 Estados-regiões (‘lnder). Assim, a partir deste dia passam a ser autorizadas reuniões privadas entre duas famílias, na condição de não excederem as cinco pessoas.

(Notícia corrigida às 9h35 porque a REN só apresenta contas no dia 18)

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Um ano de pandemia deu cinco anos ao e-commerce

Fechados em casa, mas não isolados do mundo. No ano da pandemia, os portugueses ligaram-se à net e compraram muito. O mercado terá crescido 60% e há quem estime um salto de cinco anos na tendência.

Quando os portugueses se confinaram em março de 2020, muitos açambarcaram vários tipos de produtos das prateleiras dos supermercados. Era o início de uma nova era. Um período de dor e sofrimento para muitas famílias, mas também marcado por dificuldades financeiras. E que, um ano depois, parece ainda longe de estar terminado.

Nessa primeira vaga da Covid-19, em que tudo era novo e incerto, os portugueses desenrascaram-se como puderam. E as empresas também. Quando as restrições à atividade económica passaram a ser a nova realidade, para umas, a solução foi produzir máscaras e álcool-gel. Outras decidiram voltar-se para a internet.

Sim, os portugueses, tal como os demais cidadãos, tiveram de se isolar nas suas próprias casas. Mas não se isolaram do mundo. A rede global passou a conectar tudo, ainda mais. Rapidamente, assumiu-se como pilar desta nova economia, forçada a uma digitalização mais rápida e determinante. Se o comércio online já estava em crescimento antes da pandemia, a Covid-19 carregou a fundo no pedal do acelerador.

Mercado do comércio online terá crescido 60%

Logo nesses primeiros meses da crise sanitária, muitos comerciantes perceberam que ter uma loja online deixou de ser opcional e passou a ser mandatório. Era uma questão de sobrevivência. Por isso, muitas empresas criaram sites na internet e outras tantas renovaram e aprimoraram os que já tinham.

Dados da DNS.pt mostram que o registo de sites com domínio .pt voltou a disparar para máximos históricos: foram criadas 130.816 novas páginas com o indicativo português, quase mais 10 mil do que no ano anterior. Juntando os domínios .com.pt, o número sobe para 132.769. Nem todos os registos correspondem a lojas online, mas muitos serão certamente.

Número de domínios .pt registados por ano:

Fonte: DNS.pt

Em pleno verão, a ideia de que a pandemia iria revolucionar o e-commerce já tinha deixado de ser mera perceção: era um dado adquirido. Por isso, logo nessa altura, as empresas de encomendas começaram a preparar-se para a loucura do final do ano.

Em novembro, no começo da chamada peak season das encomendas, os CTT publicavam um estudo a perspetivar um crescimento do mercado de comércio eletrónico em Portugal na ordem dos 60% face a 2019, para 5,9 mil milhões de euros. O ritmo é “cerca de três vezes” o verificado nos dois anos anteriores, indicava a companhia.

Nesse período de maior volume de encomendas, entre 27 de novembro e 24 de dezembro (abrangendo as campanhas da Black Friday e do Natal), os CTT e a concorrente DPD levaram até às casas dos portugueses um total de 5,8 milhões de encomendas. Foi um recorde absoluto e, no caso da última, um crescimento de 26% no volume face ao mesmo período do ano anterior. Os CTT não revelaram a percentagem da subida, limitando-se a reconhecer o “aumento significativo” do volume de encomendas face ao registado em 2019.

Não é despiciente. A pandemia trouxe para o mundo online muitos cidadãos que ainda não estavam ligados à rede. Segundo dados do Eurostat, 78% dos portugueses com idade entre 16 e 74 anos acederam à internet nos últimos tempos, uma subida de três pontos percentuais face a 2019 e 2018 (período em que o indicador estagnou).

Ainda assim, os dados do comércio online colocam Portugal na cauda da União Europeia no que toca à tendência para fazer compras na internet, e bastante abaixo da média dos 27. De entre os indivíduos desse intervalo etário que usaram internet, apenas 45% fez compras ou encomendou bens e serviços para uso pessoal através da rede. O país só ficou à frente da Bulgária e da Roménia.

Compras online em percentagem de cidadãos que usaram internet:

Fonte: ECO/Eurostat

Retalho e restauração apostam nas entregas

A transformação digital causada pela pandemia fica ainda mais evidente analisando os casos do retalho e da restauração, sobretudo no novo confinamento do início deste ano. O “encerramento” do país decretado em meados de janeiro, apesar de prejudicar gravemente a economia, já não causou um choque tão grande como em 2020.

Do ponto de vista operacional, a partir de março, e ao longo de todo o ano, as grandes cadeias de hipermercados foram afinando as suas operações online, reforçando a capacidade e oferecendo novas opções aos clientes.

Retalhistas como o Continente e o Pingo Doce (Mercadão) confirmavam isso mesmo no início do novo confinamento: “Podemos afirmar que estamos preparados para acompanhar a procura”, dizia fonte oficial da marca da Sonae, referindo-se às entregas online. “Temos vindo a acompanhar o crescimento da procura com a mobilização dos recursos necessários, de forma preparada e sem surpresas“, acrescentava a mesma fonte.

No caso do Pingo Doce, a empresa não se coibiu a revelar números: “A operação do Mercadão cresceu mais de 700% desde o início da pandemia, onde a agilidade do nosso parceiro em adicionar à sua estrutura um grande número de colaboradores e aumentar a sua capacidade de entrega foi fundamental para o sucesso do negócio”, dizia ao ECO, em janeiro, fonte oficial da marca da Jerónimo Martins.

Quanto as plataformas de entregas de refeições, estas assumiram um papel tão central para suportar o setor da restauração que o Governo acabou por avançar com uma lei para limitar as comissões e taxas cobradas por estas empresas. Não se conhecem números, pois as empresas não os revelam, mas plataformas como Glovo e Uber Eats passaram a vender (e entregar) coisas tão diversas como livros, brinquedos sexuais e até testes Covid-19 ao domicílio.

IBM estima pulo de cinco anos no e-commerce

À luz de tudo isto, fica claro que as vendas de produtos e serviços na internet têm evitado cenários económicos ainda mais catastróficos na pandemia. E o efeito poderá ser duradouro: muitos dos novos clientes digitais, apelidados de e-buyers, vieram para ficar.

Dados dos CTT indicam que a esmagadora maioria (92,1%) compra uma ou mais vezes por trimestre. Além disso, cada e-buyer faz, em média, 13,8 compras online por ano e gasta um montante na ordem dos 39,7 euros.

Toda esta transformação foi tal que, em agosto, somente poucos meses depois do início da pandemia, a gigante IBM já estimava que a Covid-19 acelerou em cinco anos a transição do comércio das lojas físicas para o digital, de acordo com o Tech Crunch.

Nesse mês, a empresa calculou também que as vendas em lojas físicas terão caído 60% em 2020 face ao ano anterior e projetou um crescimento de cerca de 20% para o e-commerce norte-americano.

Nos próximos tempos, deverá ser lançada mais luz sobre o real crescimento do mercado do comércio eletrónico em 2020, pois as estimativas não são totalmente consensuais. Por exemplo, em outubro, o diretor-geral da Correos Express em Portugal, Juan Hermida, afirmava: “As compras online têm vivido um crescimento exponencial em Portugal chegando mesmo a valores que se esperavam apenas dentro de um ou dois anos.”

Para já, uma coisa é mais do que certa: seja um pulo de dois ou de cinco anos, o comércio eletrónico cresceu em 2020. E muito.

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Herdade Maria da Guarda supera pandemia “sem estragos”

Mesmo em cenário de pandemia, a Herdade Maria da Guarda conseguiu superar a pandemia "sem estragos" e fechar o ano com um crescimento de 10%.

A Herdade Maria da Guarda é um dos maiores produtores de azeite em Portugal. Só no Alentejo, produziu nesta campanha um milhão de litros de azeite. Apesar do cenário pandémico, a Herdade conseguiu superar a pandemia “sem estragos” e acabar o ano passado com um crescimento de 10%.

O CEO da Herdade Maria da Guarda, João Cortez de Lobão, explica que em tempos de pandemia, houve aumento de procura de azeite e que os supermercados continuaram a pedir azeite e até subiram ligeiramente as vendas em relação ao ano anterior.

“Preparamo-nos para o pior e tivemos a sorte e o mérito de conseguir passar esta onda avassaladora praticamente sem estragos“, conta ao ECO o CEO da Herdade Maria da Guarda, que emprega 38 pessoas.

Com a pandemia, as operações na quinta, localizada na Serpa, sofreram alterações profundas, tanto a nível dos trabalhadores, como a nível de processos. Picar o ponto deixou de ser uma prática e as reuniões com potenciais clientes passaram a ser a “céu aberto”.

Para João Cortez de Lobão, 2020 foi um “ano tenso” no sentido de “preocupação constante com as pessoas”. Explica que o momento mais difícil para a herdade foi arrancar com o lagar que começou no início de outubro e acabou em janeiro. “No campo, foi relativamente fácil introduzir novos hábitos como o distanciamento e a higienização, mas no lagar – que é o local onde se pisam as azeitonas – foi mais complicado fazer essa gestão”.

O lagar funciona 24 horas por dia e tem três equipas que asseguram todo o processo. O CEO da Herdade Maria da Guarda conta que o maior medo era se uma das pessoas de determinada equipa ficasse infetada, toda essa equipa teria que ir para casa durante duas semanas. Conta que passar de três equipas para duas “é de uma violência incrível até porque uma equipa faz oito horas e já é cansativo, não pode fazer 12 horas dentro de um lagar. Foi uma altura de maior stress em que os procedimentos foram muito mais apertados”.

Todavia, apesar das dificuldades, a Herdade Maria da Guarda conseguiu fechar a campanha sem ter nenhum colaborador infetado com Covid-19 e e conseguiram “vender azeite todo sem qualquer problema”, constata João Cortez de Lobão, com orgulho.

A Herdade Maria da Guarda é uma Casa Agrícola datada de 1779. Para o CEO a pandemia da Covid-19 não foi o pior momento da empresa. João Cortez de Lobão explica que a Guerra Civil Portuguesa, conhecida também como Guerra Miguelista que durou entre 1832 a 1834, a expropriação em 1975, e a gripe espanhola em 1918, foram os momentos mais complicados na história da empresa.

Neste ano de pandemia, nasceram dois filhos de colaboradores da Herdade Maria da Guarda. O CEO refere que foi atribuído um prémio de 800 euros a cada um para ajudar neste primeiros meses de vida e que para a empresa “é um motivo de alegria”, destaca.

Humildade foi a grande lição que o CEO da Herdade Maria da Guarda retirou desta pandemia. “Por mais que evoluímos a nível científico, cultural, social, de técnicas de gestão, o ser humano está sempre fragilizado perante a natureza e perante aquilo que nos rodeia. Temos que ter uma atitude de humildade”.

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