Candidato à liderança da UGT Mário Mourão quer “pôr o setor privado na agenda”

  • Lusa
  • 11 Novembro 2021

“Espero pôr o setor privado também na agenda da UGT, a par com o da função pública, porque problemas existem em todos os setores", sinalizou Mário Mourão, candidato à liderança da UGT.

O candidato a secretário-geral da UGT Mário Mourão quer “pôr o setor privado na agenda” da central, “a par com o da função pública”, para “dar resposta” e “visibilidade” a todas as áreas que a organização sindical representa.

Espero pôr o setor privado também na agenda da UGT, a par com o da função pública, porque problemas existem em todos os setores, infelizmente, e nós temos que dar resposta a todos os setores que a UGT representa”, afirmou, em entrevista à agência Lusa, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Setor Financeiro de Portugal (SBN – ex-Sindicato dos Bancários do Norte), que no sábado disputa com José Abraão a liderança da tendência sindical socialista (TSS) da central.

O presidente da TSS eleito no congresso de sábado será, por inerência, o candidato a secretário-geral da UGT, a eleger no XIV congresso da central sindical, previsto para abril de 2022, e que sucederá a Carlos Silva, que lidera a central sindical desde 2013.

Na opinião de Mário Mourão, atualmente, “o setor público tem um peso enorme” na UGT e, se é verdade que “os privados também têm”, o facto é que, “em termos dos media, a mensagem não tem passado suficientemente bem para ser acolhida”.

“O setor público tem uma forte influência – e ainda bem que o tem, porque também há muitos problemas –, mas a UGT tem também uma componente muito forte de sindicatos do setor privado filiados e também temos que lhe dar visibilidade”, considerou.

Assim, sustentou, uma das bandeiras da sua candidatura “não é dar mais força [aos privados], mas é pô-los em igualdade de circunstâncias com os trabalhadores da função pública”: “São todos sindicatos da UGT, são todos precisos. Há problemas no setor público e no setor privado e a central tem de ser o veio de comunicação com os seus sindicatos, porque tem de saber interpretar a vontade dos seus sindicatos, que são os donos da central”, explicou.

“A central fará aquilo que os sindicatos quiserem e, portanto, face ao momento que vivemos no setor privado, temos que dar-lhe também uma importância na comunicação que a UGT tem que fazer no futuro e na própria Concertação Social”, reiterou.

Embora considere serem “mais as coisas” que o “unem” do que as que o “dividem” do “amigo” e agora concorrente José Abraão – que é secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (Sintap) e da Federação Sindical da Administração Pública (Fesap) – Mário Mourão acredita que, enquanto líder de um sindicato da banca, oriundo do setor privado, estará em melhores condições para “criar a harmonia entre os setores que a UGT representa”.

“Distingue-nos o estilo e alguma coisa de conteúdo. Provavelmente, o Abraão terá uma intervenção mais na área do setor público, onde ele é um quadro excelente que a UGT e a tendência socialista não podem perder. E eu acho que o setor público, sim, mas também o setor privado, porque há muitos problemas no setor privado”, afirma.

Apesar das diferenças, o presidente do sindicato bancário assegura: “O Abraão é um socialista como eu, somos militantes do partido. Há muitos anos que nos cruzámos na UGT, somos amigos, e não tenho dúvidas de que este debate não nos vai afastar”.

E acrescenta: “No congresso vão ser discutidas as moções programáticas e, no momento seguinte, não tenho dúvidas de que darei um passo para, a partir daquele momento, não haver nem vencedores, nem vencidos. Somos todos precisos para o projeto da UGT, somos todos precisos para os momentos difíceis com que vamos ter que nos confrontar”.

Considerando que “a UGT hoje é insubstituível na democracia e na sociedade portuguesas”, nomeadamente para “dar respostas ao mundo do trabalho”, Mário Mourão salienta o facto de ser “uma central que privilegia o diálogo, a negociação coletiva e a concertação” e defende que assim tem de “continuar a ser”: “Esse é o nosso ADN e daí não nos podemos desviar”, diz.

Mourão foi recentemente reeleito presidente do SBN, que lidera desde 2005, e pretende manter-se neste cargo se ganhar a corrida a secretário-geral da UGT, porque “a banca atravessa um momento difícil” e não lhe pode “virar as costas”.

Garantindo que “é possível conciliar as duas funções”, “sem prejuízo” para nenhuma, Mário Mourão assegura: “Se ganhar [a liderança da UGT], estarei sempre na Concertação Social e nas audiências quer com o Presidente da República, quer com o Governo. Disso não abdicarei, porque é aí que acho que temos que dar a cara em nome da instituição que representamos ao mais alto nível, para que as instituições também se saibam respeitar umas às outras”.

Relativamente ao facto de, pela primeira vez em 43 anos de história da UGT, haver dois candidatos à liderança, Mário Mourão congratula-se com a novidade, pois considera que “é assim que devem funcionar as instituições”. “Isto praticamente era uma monarquia, quem saía escolhia o seu sucessor”, graceja, convicto de que a atual disputa “vai promover o debate” e “enriquecer o congresso, porque vai haver duas moções programáticas para discutir”.

“Uma das coisas que eu valorizo muito relativamente ao facto de haver duas candidaturas é que já fez muito para a organização da tendência socialista neste último mês e para a atenção que lhe é preciso dar e que nunca foi dada”, concluiu.

Mário Mourão defende aproximação entre tendência sindical socialista da UGT e PS

Na mesma entrevista, Mário Mourão defende um melhor relacionamento entre a tendência sindical socialista da central e o PS, considerando que “é tempo de se entenderem” e que é o líder certo para isso.

“A tendência sindical socialista [TSS] sentia-se um corpo estranho no Partido Socialista [PS] e o Partido Socialista na TSS também. Acho que é o tempo de estas duas organizações se entenderem”, afirmou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Setor Financeiro de Portugal (SBN), em entrevista à agência Lusa.

Segundo salienta Mário Mourão, “a tendência sindical socialista tem uma experiência e um nome de longos anos no mundo do trabalho que o PS não pode desperdiçar, porque o PS é também um partido de trabalhadores, e isso nem sempre funcionou”.

“Todos nós conhecemos que houve problemas de relacionamento entre a tendência socialista e o PS. E, se houve problemas, é porque quer do lado do PS, quer do lado da tendência, provavelmente estavam ali duas pessoas [António Costa e Carlos Silva, respetivamente], com um perfil forte, de grande perseverança e com atitudes diferentes, mas que por vezes não facilitou o entendimento que deve haver”, afirmou.“Isso não funcionou muito bem e é algo de que eu pretendo implementar relativamente às relações com o Partido Socialista”, acrescentou.

Embora defendendo o total “respeito pela autonomia e independência de cada uma das organizações”, o presidente do ex-Sindicato dos Bancários do Norte considera “importante que o mundo do trabalho dos socialistas tenha pontes com o PS para fazer chegar as suas sugestões relativamente às leis de trabalho”.

Outro dos desafios em cima da mesa é, na opinião de Mário Mourão, o do teletrabalho, que “é preciso regular” devidamente e que será “uma das [suas] bandeiras” caso chegue à liderança da UGT no próximo ano.

Também prioritário é, em sua opinião, que a atual situação política “não afete questões que já estavam previstas no Orçamento [do Estado para 2022] e que podem muito bem ser ativadas, mesmo não havendo Orçamento”.

Como exemplos, apontou a progressão do salário mínimo para os 705 euros – “há condições para pagar já em janeiro aquilo que estava previsto no Orçamento, sem prejuízo de poder haver novamente negociações, se entretanto se entender que poderá ser mais”, sustenta – e a atualização salarial de 0,9% para os trabalhadores do setor público, que “pode e deve ser uma das premissas que não deve ser prejudicada pelo fato de não haver orçamento”.

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Governo sem certezas sobre avanço do programa Reforçar devido ao chumbo do OE

Ministro da Economia diz não ter certezas sobre avanço do Programa Reforçar devido ao chumbo do Orçamento do Estado para 2021.

O Governo anunciou em outubro várias medidas para ajudar as empresas do turismo, mas o chumbo do Orçamento do Estado para 2021 (OE2021) poderá atrasar esses apoios, ou até mesmo pô-los em causa. De acordo com o ministro da Economia, não há certezas sobre o avançar do programa Reforçar, exatamente por causa do “chumbo” do documento proposto pelo Executivo.

A 27 de setembro, no Dia Mundial do Turismo, Pedro Siza Vieira anunciou que o Governo iria lançar uma linha de crédito de 150 milhões de euros para as empresas do turismo, destinada a médias e grandes empresas. No mesmo dia, o ministro anunciou também outras medidas para o setor, entre as quais um programa de recapitalização estratégica e o programa Reforçar. Contudo, desde então, nada mais se soube.

Esta quarta-feira, durante o 32.º Congresso da Hotelaria e Turismo, que decorre até sexta-feira em Albufeira, o governante levantou o véu, sobretudo numa altura em que a hotelaria tem vindo a pressionar o Governo em busca de mais informações. “Esperamos ainda antes do final do mês ter disponível a linha de 150 milhões de euros e antes do fim do ano ter a linha de recapitalização estratégica”, disse Pedro Siza Vieira.

Contudo, haverá apoios em risco devido ao chumbo do OE. “Não tenho a certeza se conseguimos ter o Programa Reforçar, para ajudar as empresas a negociar os créditos, porque não temos OE, mas espero que isso possa ser alcançado”.

O programa Reforçar visa “apoiar as empresas que pretendam começar a reduzir o seu endividamento, ao abrigo das chamadas linhas Covid”, explicou Siza Vieira em setembro, no Dia Mundial do Turismo. De acordo com informação do Governo, destina-se à capitalização de micro e pequenas empresas.

(Notícia atualizada às 11h09 com mais informação)

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Bruxelas diz que chumbo do OE é “risco adicional”. Leão usa previsões para defender OE2022

Do lado da Comissão Europeia chega um aviso de que a incerteza do chumbo do OE é um "risco adicional". Do lado das Finanças argumenta-se que as previsões confirmam a "credibilidade" do OE2022.

A Comissão Europeia aproveitou as previsões de Outono que revelou esta quinta-feira para deixar um aviso sobre Portugal: “As incertezas relacionadas com a entrada em vigor do Orçamento para 2022 representam um fator adicional de risco“. Ainda assim, os novos números representam uma revisão em alta para o PIB tanto para 2021 como para 2022 e uma melhoria gradual das contas públicas ao longo dos próximos anos, ainda que na ausência de um Orçamento em vigor.

Em comunicado para reagir às previsões, o Ministério das Finanças usa as previsões para defender a sua proposta orçamental, argumentando que os novos dados confirmam a “credibilidade das contas do Governo” no Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022). Mais: para o gabinete de João Leão os números “mostram que a atual situação não está a ser percecionada como um risco para as metas previstas no cenário apresentado pelo Governo em outubro”, ainda que Bruxelas reconheça que a incerteza é um risco adicional.

“As previsões da Comissão Europeia mostram que o cenário macroeconómico e orçamental apresentado pelo Governo na proposta de Orçamento do Estado para 2022 é credível e que os portugueses podem ter confiança no futuro”, diz João Leão, citado no comunicado, referindo também que “confirmam, ainda, que o contexto de incerteza política que atravessamos não teve origem em problemas financeiros nem numa crise de finanças públicas, como aconteceu no passado“.

O Ministério das Finanças usa assim as previsões da Comissão Europeia para argumentar que o OE2022 rejeitado pela esquerda era uma boa proposta para o país. Mas a mensagem contrasta com a de Bruxelas ao negar que haja um risco para as metas económicas. Paolo Gentiloni, comissário europeu para a economia, reforçou, na conferência de imprensa de apresentação das previsões, sem nomear Portugal, que num dos países da UE a proposta de Orçamento não foi aprovada e que isso “tem obviamente consequências na economia”.

De acordo com os peritos europeus, no próximo ano a receita pública vai recuperar graças à retoma da economia que vai trazer mais impostos. Além disso, a chegada de fundos da União Europeia será “considerável”, nomeadamente através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) nacional.

Do lado da despesa, há um aviso a fazer, à semelhança do que já disseram tanto o Conselho das Finanças Públicas como o Banco de Portugal: “Também se espera que a despesa atual seja agravada pelas pressões estruturais pré-pandémicas“, notam os peritos da Comissão. Porém, a retirada gradual das medidas deverá ajudar a reduzir o défice orçamental em 2022.

No que toca ao investimento público, o executivo comunitário espera que o “histórico de Portugal de um investimento público baixo” seja “revertido” durante os próximos anos, com a ajuda dos novos projetos previstos no PRR. As previsões da Comissão assumem que o país vai ser capaz de executar na totalidade as verbas do PRR que estão previstas para 2022.

Porém, mais uma vez, os peritos europeus notam que as previsões apresentadas — as quais são usadas pelo Ministério das Finanças para dar cobertura à sua proposta — sofrem da incerteza relacionada com a entrada em vigor de um Orçamento do Estado no próximo ano.

Acresce que a Comissão Europeia não exclui a hipótese de os passivos contingentes relacionados com as garantias públicas virem a representar uma despesa maior do que está previsto atualmente, “deste modo acrescentando vulnerabilidades às que já existiam no pré-pandemia”. O Governo assumia no OE2022 uma despesa de 129 milhões de euros em 2022 relacionada com garantias.

(Notícia atualizada às 11h25 com mais informação)

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Comissão Europeia revê em alta crescimento do PIB português em 2021 e 2022

As previsões da Comissão Europeia não são iguais às do Governo, mas aproximaram-se com esta revisão em alta. Bruxelas vê o PIB português a crescer 4,5% em 2021 e 5,3% em 2022.

Quatro meses após as últimas previsões económicas, a Comissão Europeia revela esta quinta-feira uma visão mais otimista sobre a recuperação da economia europeia pós-pandemia, graças ao avanço da campanha de vacinação durante o verão. Para Portugal também há boas notícias: o executivo comunitário vê o PIB português a crescer 4,5% este ano (3,9% em julho) e 5,3% em 2022 (5,1% em julho). O Governo previa no Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022), o qual foi chumbado, um crescimento de 4,8% em 2021 e 5,5% no próximo ano.

Os novos números da Comissão Europeia constam das previsões de Outono reveladas esta quinta-feira, em que se argumenta que a economia europeia está a recuperar mais depressa do que o esperado: o PIB da União Europeia deverá crescer 5% em 2021 e 4,2% em 2022, valores iguais aos previstos para a Zona Euro.

Isto significa que, a concretizarem-se estas previsões, Portugal irá crescer menos do que a média europeia este ano, mas supera-a no próximo ano. Além disso, é de notar que, segundo a Comissão, o PIB europeu já recuperou o nível pré-pandemia no terceiro trimestre de 2021 enquanto o PIB português ainda estava cerca de 3% abaixo. O executivo comunitário prevê que Portugal atinja o nível pré-pandemia “em meados de 2022”.

Porém, a Comissão Europeia admite que estas previsões dependem crucialmente de dois fatores: “A evolução da pandemia de Covid-19 e o ritmo dos ajustamentos do lado da oferta à rápida reviravolta da procura na sequência da reabertura da economia”. No caso de Portugal, o executivo comunitário reconhece que a elevada taxa de vacinação “reduz os riscos internos relacionados com a pandemia”.

E, mesmo que haja a reintrodução de restrições, admitiu Paolo Gentiloni, comissário europeu da economia, na conferência de imprensa em que apresentou as previsões, estas terão um impacto económico menor do que no passado. Gentiloni reconheceu que há situações crescentemente preocupantes em alguns países europeus, o que é um dos vários riscos para a recuperação.

Relativamente às contas públicas, as contas dos peritos europeus também não se afastam muito do que era esperado pelo Governo. A Comissão Europeia prevê que o défice orçamental de Portugal se reduza para 4,5% do PIB em 2021, para 3,4% do PIB em 2022 e 2,8% em 2023. No caso do Governo, a expectativa era ter um défice de 4,3% em 2021, 3,2% em 2022 (o qual estava dependente do OE2022, que foi chumbado) e um valor inferior a 3% em 2023.

Graças ao crescimento da economia e à redução do défice, a dívida pública vai encolher para 128,1% do PIB este ano, antevê a Comissão, o que fica acima dos 126,9% do PIB estimados pelo Governo. Em 2022, o rácio baixa para 123,9% do PIB e em 2023 desce para 122,7% do PIB.

Em relação ao mercado de trabalho, a Comissão Europeia vê a taxa de desemprego a encolher para 6,7% em 2021, 6,5% em 2022 e 6,4% em 2023, o que até é mais otimista do que o Governo previu em outubro. O raio-x feito pelo executivo comunitário é positivo com muitos indicadores do mercado de trabalho português já a superar o nível pré-pandemia. Porém, com a retirada dos apoios de retenção de emprego como o lay-off, a melhoria dos indicadores deve desacelerar de ritmo, antecipam.

Sobre 2021, a Comissão Europeia descreve que foi o relaxamento das restrições que deu gás ao consumo em Portugal, com a aquisição de bens duradouros a crescer graças também às poupanças acumuladas durante a pandemia.

No que toca ao turismo, a procura interna até atingiu “máximos histórico no verão”, mas a procura externa (turistas estrangeiros) continua “significativamente” abaixo do nível pré-pandemia, o qual não deverá ser recuperado até ao final de 2023.

O executivo comunitário reconhece ainda que as disrupções nas cadeias de valor mundiais afetaram “negativamente” a indústria automóvel portuguesa, com a Autoeuropa a fechar vários dias, e, “num grau menor”, o setor da construção. A expectativa da Comissão é que o setor industrial continue a ser afetado por esse efeito no curto prazo, mas no médio prazo irá acelerar a sua produção gradualmente.

Quanto às contas externas, a expectativa dos peritos europeus é que a balança da conta corrente vá melhorando à medida que o turismo internacional recupere. Pelo contrário, o défice da balança comercial de bens, o qual tinha descido significativamente durante a pandemia, deverá aumentar por causa do consumo privado e a importação de bens de investimento.

(Notícia atualizada às 11h40 com mais informação)

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Das caminhadas aos horários bloqueados para reuniões. Estes são os novos hábitos dos gestores de pessoas

Depois de gerir as pessoas à distância e terem implementado novos modelos de trabalho no regresso, os DRH adotaram novos hábitos. Caminhar, fazer mais pausas e ter horários flexíveis são alguns deles.

Depois de quase dois anos em teletrabalho, a gerir pessoas à distância e a desenhar novas formas de trabalhar, que hábitos adotaram os diretores de recursos humanos? Quais os que funcionaram melhor e que querem levar para o futuro? E o que deixou de fazer sentido na forma como gerem pessoas? Caminhadas, bloquear horas no calendário para trabalho mais focado, horários mais flexíveis e horas do dia livres de reuniões são alguns hábitos que (para muitos) vieram para ficar.

No caso de Rita Monteiro foram as caminhadas. Com a pandemia da Covid-19, a diretora de recursos humanos da Ibéria, Sonae Arauco, começou a caminhar à hora de almoço. Agora, sozinha ou acompanhada, esse hábito é para manter, mesmo nos dias em que está a trabalhar presencialmente no escritório.

“Um dos hábitos que a pandemia me trouxe e que vou querer manter são as caminhadas, que faço à hora de almoço, sozinha ou acompanhada pelos meus dois filhos. Essa pausa a meio do dia é muito importante para o meu bem-estar físico e psicológico. Ajuda-me a gerir o stress e aumenta a minha produtividade”, conta a gestora em conversa com a Pessoas.

Para ajudá-la a cumprir este novo hábito, a líder trocou os sapatos pelas sapatilhas, “quer nos dias em que estou em
trabalho remoto (dois dias por semana, no nosso novo modelo), quer nos dias em que estiver no escritório”. “No campus da Sonae Arauco, na Maia, temos um espaço com ótimas condições também para andar a pé. Somos uns privilegiados”, afirma.

Um dos hábitos que a pandemia me trouxe e que vou querer manter são as caminhadas, que faço à hora de almoço, sozinha ou acompanhada pelos meus dois filhos. Essa pausa a meio do dia é muito importante para o meu bem-estar físico e psicológico. Ajuda-me a gerir o stress e aumenta a minha produtividade.

Rita Monteiro

Diretora de recursos humanos da Ibéria, Sonae Arauco

Já Catarina Graça, diretora de recursos humanos da Claranet, começou a definir semanalmente espaço na agenda para o trabalho que exige maior foco e concentração. Uma forma de organizar melhor os seus dias de trabalho, sobretudo tendo em conta o “aumento de reuniões por Zoom/Teams e de chamadas telefónicas”, diz. Em contraposição, espera deixar de lado as reuniões de equipa por videochamada. A sua expectativa é “idealmente, voltar a ter a reunião semanal de equipa de forma presencial.”

Os modelos de trabalho híbrido — que têm sido os mais adotados no regresso ao escritório — exigem também um maior planeamento e organização. À semelhança de Catarina Graça, Pedro Estrela, human resources manager da SGS Portugal, começou a estruturar o dia de outra forma.

O líder de pessoas passou a incluir nesse planeamento o “pensar em quais as funções que podemos fazer melhor em trabalho remoto (pensar na estratégia, escrever, participar em reuniões virtuais, realizar e-learnings...) e quais as que faz mais sentido estarmos presentes no local de trabalho (reuniões mais colaborativas, brainstorming, teambuiding...)”, conta, acrescentando que, à medida que as empresas chamam os colaboradores de volta ao escritório, esta reflexão será cada vez mais um “aspeto fundamental” e regular no planeamento dos dias laborais.

O líder de pessoas da SGS Portugal, que começou trabalhar remotamente em 2017, muito antes da Covid-19, considera que a pandemia trouxe também, não tanto um hábito, mas uma certeza: “O teletrabalho veio permitir sermos simultaneamente mais produtivos e ter uma maior satisfação no nosso trabalho.”

A tecnologia revelou ser amiga do bem-estar (por vezes)

A maioria dos diretores de RH e gestores de topo com quem a Pessoas falou considera, no entanto, que o principal hábito que vai manter, sobretudo num momento em que muitas empresas estão a regressar ao escritório, apostando em modelos híbridos, está relacionado com o uso de tecnologia e comunicação assíncrona, que, em alguns casos, permitiu equilibrar a vida pessoal e profissional, aumentando o bem-estar das pessoas, colaboradores e gestores de topo.

“Esta flexibilidade de rotinas, necessária quando trabalhávamos exclusivamente de forma remota, é algo que faz todo o sentido manter”, começa por dizer Margarida Madeira, diretora de people & culture da Nhood Portugal. Na empresa de soluções imobiliárias foi implementado um regime de trabalho híbrido e de horário flexível, em que as pessoas podem trabalhar no escritório ou noutro local, bem como entrar até às 10h00 e sair a partir das 17h00.

A flexibilidade de horário permite-me, por exemplo, deixar os meus filhos na escola e seguir depois para o escritório, sem ser num horário de maior tráfego, ou até mesmo ficar a trabalhar remotamente a partir de um outro local, que não o escritório.

Margarida Madeira

Diretora de people & culture da Nhood Portugal

“No meu caso, esta flexibilidade de horário permite-me, por exemplo, deixar os meus filhos na escola e seguir depois para o escritório, sem ser num horário de maior tráfego, ou até mesmo ficar a trabalhar remotamente a partir de um outro local, que não o escritório”, conta a líder de pessoas e cultura da companhia.

Também Susana Rodrigues, head of human resources da Vanguard Properties, quer manter essa atenção ao bem-estar das pessoas como linha orientadora da sua liderança. “Parece um contrassenso, mas o trabalho remoto permitiu-nos estar mais ‘próximos’ e atentos ao bem-estar psicológico das nossas equipas, sendo este um hábito garantidamente a manter”, diz.

“A proximidade e a preocupação, com as pessoas tornou-se ainda mais indispensável no sentido de identificar e prevenir potenciais situações delicadas ou mais complexas”, acrescenta Susana Rodrigues, que assumiu, no mês passado, a área de recursos humanos do investidor imobiliário em Portugal.

No regresso ao escritório, “vamos manter é a comunicação assíncrona”, salienta Ricardo Monteiro, COO do Mercadão. “O trabalho remoto forçou-nos a reconsiderar como nos encontramos e colaboramos. A comunicação assíncrona permitiu a muitos colegas uma melhor colaboração e articulação do trabalho com as dinâmicas familiares que cada um tem”, afirma.

Este hábito vai ser particularmente útil no Mercadão, tendo em conta o processo de internacionalização: “Teremos operações em vários fusos horários e o trabalho não acontece ao mesmo tempo para todos”, detalha.

Para assegurar que a comunicação assíncrona e que os modelos híbridos funcionam, investir em tecnologia é fundamental. No caso da Prossegur, se há hábito que se vai manter é precisamente esse. “Passei a fazer um maior investimento e a ter uma maior preocupação com o desenvolvimento e a atualização na utilização de plataformas digitais“, diz José Lourenço, diretor de recursos humanos da Prosegur Portugal, acrescentando que passou também a ter uma maior preocupação com as skills digitais e de gestão de equipas à distância, quer em novas contratações, quer no desenvolvimento atuais equipas.

Mas o uso de tecnologia e o próprio trabalho remoto pode apresentar também algumas ameaças, a que é preciso estar atento. “Apesar do trabalho remoto ter claras vantagens, temos de ter em conta que também apresenta ameaças para o bem-estar dos colaboradores. Entre estas destaco a chamada ‘fadiga digital’, em que somos sobrecarregados com reuniões virtuais e emails, acusando a pressão que sentimos para estarmos sempre ‘ligados'”, diz o human resources manager da SGS Portugal.

Por isso mesmo, um dos hábitos que Pedro Estrela vai deixar é o “de ter reuniões virtuais back-to-back durante todo o período de trabalho”. “É muito importante termos pequenos intervalos entre as reuniões virtuais bem como definir claras fronteiras entre o tempo para a nossa vida profissional e o tempo para a nossa vida pessoal. Estou perfeitamente convicto que estamos a assistir a uma das mais relevantes mudanças nas formas de trabalho dos últimos anos e que o trabalho remoto veio claramente para ficar. Tenderemos para modelos híbridos que permitirão maior produtividade para as organizações e maior flexibilidade e satisfação para as pessoas”, defende.

É muito importante termos pequenos intervalos entre as reuniões virtuais bem como definir claras fronteiras entre o tempo para a nossa vida profissional e o tempo para a nossa vida pessoal.

Pedro Estrela

Human resources manager da SGS Portugal

Margarida Madeira não podia estar mais de acordo: “Um hábito que vou deixar são as marcações de reuniões/calls em horários seguidos, sem pausa entre as mesmas”, garante. Na Nhood Portugal foi, inclusive, adotada uma nova política de gestão do trabalho que estabelece que as sextas-feiras são dias sem reuniões e que nos restantes dias só é permitido agendar reuniões entre as 10h00 e as 17h00.

Precisamente sobre gestão do trabalho, Manuela Pinto, diretora de pessoas e organização da Repsol, diz que passou a olhar para o tempo como “um bem precioso e que deve ser usado da melhor forma possível”. “Em algumas reuniões onde o número de participantes é elevado, e em que o valor acrescentado seria mais diminuto, prefiro utilizar esse tempo para atividades e tarefas que tragam, efetivamente, um valor acrescentado à função e, por inerência, às pessoas, que são a força motriz de qualquer organização”, refere, a título de exemplo.

Dos 5 dias no escritório aos cafés matinais. Adeus, hábitos antigos

Se a pandemia serviu, por um lado, para construir novos hábitos e rotinas, por outro lado, foi o incentivo para deixar outros tanto de lado, começando desde logo pela ida ao escritório de segunda a sexta-feira. “Já tínhamos uma política de gestão horária que, sem prejuízo das tarefas e/ou projetos, permitia às nossas equipas gerirem os respetivos horários de forma muito flexível. Agora, levamos o modelo um pouco mais longe e permitimos às equipas gerirem também de forma flexível onde trabalham”, adianta o COO do Mercadão.

Relacionado com o trabalho remoto, e justamente para facilitá-lo, José Lourenço, da Prosegur Portugal, diz que passou a ter “uma menor dependência do papel“. “Larguei a ideia de que apenas no escritório e com a presença de todos se podem realizar reuniões”, confessa.

Já a rotina matinal de Rita Monteiro, da Sonae Arauco, também mudou um bocadinho. “Com o trabalho remoto deixei de beber café de manhã. Era uma rotina que tinha no escritório e que, percebi durante a pandemia, estava associado ao momento de convívio com os colegas no escritório.”

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Nas notícias lá fora: Dia dos Solteiros, Uber e “chips”

Marcas ganham milhões no Dia dos Solteiros. Didi prepara-se para relançar serviços na China, enquanto a Uber aumentou 10% o preço das viagens em Londres, para atrair motoristas.

Marcas como a Apple e a L’Oreal arrecadaram mais de 15 milhões de dólares com o Dia dos Solteiros da Alibaba, que se assinala esta quinta-feira. A Uber decidiu aumentar em 10% o preço das viagens em Londres para atrair novos motoristas. E a concorrente Didi prepara-se para relançar o seu serviço na China. Conheça estas e outras notícias que marcam a atualidade internacional.

Reuters

Marcas ganham milhões no Dia dos Solteiros

Assinala-se esta quinta-feira o Dia dos Solteiros, o dia de promoções do grupo Alibaba. Na China, com a campanha a chegar ao fim, 400 marcas, incluindo Apple e a L’Oreal, arrecadaram mais de 15 milhões de dólares (12,9 milhões de euros) cada em vendas. Em 2009, a Alibaba criou o Dia dos Solteiros na China, uma espécie de “Black Friday” asiática que também já é celebrada pelas marcas em Portugal. Leia a notícia completa na Reuters (acesso pago/conteúdo em inglês).

The Guardian

Uber aumenta preços em Londres para atrair motoristas

A Uber vai aumentar os preços em 10% no mercado londrino, numa tentativa de atrair motoristas para a plataforma. O aumento entra em vigor na capital britânica já esta quinta-feira, sendo o primeiro aumento de preços no Reino Unido desde 2017. Leia a notícia completa no The Guardian (acesso pago/conteúdo em inglês).

Reuters

Didi vai relançar serviço na China

A Didi, considerada a “Uber chinesa”, vai relançar os seus serviços no país até ao final do ano, na expectativa de que uma investigação de Pequim à companhia esteja concluída até lá. Em julho deste ano, as autoridades chinesas ordenaram a retirada das apps da Didi das lojas de aplicações, alegando que a empresa violou uma lei de proteção de dados. Desde então, a empresa tem vindo a fazer alterações para garantir a conformidade com o enquadramento legal no país. Leia a notícia completa na Reuters (acesso pago/conteúdo em inglês).

El Economista

Hyundai, Kia e Toyota são as fabricantes menos afetadas pela crise dos chips

A falta de semicondutores tem provocado um grande impacto nas fabricantes de automóveis, como a Ford e a Renault. Mas as marcas Hyundai, Kia e Toyota têm aumentado as vendas e a quota de mercado, estando a sofrer um impacto menor do que as concorrentes. No entanto, apesar do bom desempenho, a Hyundai e a Toyota antecipam uma quebra na produção de veículos em todo o mundo. As empresas acreditam, na perspetiva mais otimista, que a escassez de chips vai durar até ao final de 2022 ou início de 2023.

Leia a notícia completa no El Economista (acesso livre/conteúdo em espanhol).

El Economista

Camionistas espanhóis vão fazer greve antes do Natal

A Comissão Nacional de Transportes Rodoviários em Espanha apresentou um pré-aviso de greve para o período de 19 a 22 de dezembro, em protesto contra os problemas que o setor enfrenta. Em causa está a proibição de os condutores dos camiões realizarem cargas e descargas, a não implementação da Eurovinheta, a aplicação obrigatória da cláusula de revisão do custo do combustível, bem como a não construção de áreas de descanso seguras para os profissionais.

Leia a notícia completa no El Economista (acesso livre/conteúdo em espanhol).

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Português Jorge Ferreira lidera marketing ibérico da Konica Minolta

É a primeira vez que estas funções são exercidas a nível ibérico na companhia. Em Portugal, a Konica Minolta tem 200 colaboradores.

O português Jorge Ferreira é o novo diretor de marketing da Konica Minolta para Portugal e Espanha. A liderança desta área da empresa será feita a partir de Portugal, sendo a primeira vez que esta função é exercida a nível ibérico.

“Apoiar a estratégia de go-to-market e promover a nova oferta tecnológica da empresa para acelerar a transformação digital das organizações, com foco no escritório do futuro inteligente e conectado” estão entre os principais desafios de Jorge Ferreira nas suas funções ibéricas na Konica Minolta.

Ligado há 20 anos ao marketing nas áreas do retalho, telecomunicações e FMCG (fast moving consumer goods), Jorge Ferreira (47 anos) transita da Domino’s Pizza Portugal, Central Europe & South-Eastern Europe, empresa à qual esteve durante quatro anos ligado, tendo exercido diversos cargos até ter assumido, em 2019, a função de Global Marketing Director.

O profissional conta com uma “vasta experiência em cargos de gestão e liderança de equipas em empresas multinacionais, tendo realizado projetos nas áreas de marketing automation, product innovation, ativação de canais comerciais e planeamento e estratégia digital”, informa a Konica Minolta.

Tem um mestrado em Gestão no INDEG-IUL ISCTE Executive Education e uma pós-graduação em Marketing pelo IPAM – Instituto Português de Administração de Marketing.

Em Portugal, a Konica Minolta tem escritórios em Lisboa, no Porto, Coimbra e Faro, contando com 200 colaboradores. Foi considerada uma das 100 melhores empresas para trabalhar em Portugal pelo quinto ano consecutivo.

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Mota-Engil quer emitir até 75 milhões em dívida sustentável. Paga 4,25%

Emissão ligada a critérios de sustentabilidade avança junto dos investidores, com montante global inicial de até 75 milhões de euros. Títulos pagam juro de 4,25% e vencem em cinco anos.

A Mota-Engil pretende colocar até 75 milhões de euros em obrigações ligadas a critérios de sustentabilidade. Serão emitidos até 150 mil títulos com maturidade de cinco anos e uma taxa de juro fixa de 4,25%, lê-se no prospeto da operação, que já foi aprovado pela CMVM.

No documento, a construtora diz que tenciona lançar “uma oferta pública de subscrição tendo como objetivo até 150 mil obrigações, com o valor nominal unitário de 500 euros e global inicial de até 75 milhões de euros, que poderá ser aumentado, por opção do emitente, através de adenda ao prospeto aprovada pela CMVM e divulgada até ao dia 23 de novembro”.

As obrigações, que serão colocadas junto de investidores profissionais e de retalho, serão emitidas no dia 2 de dezembro de 2021, vencendo cinco anos depois. O reembolso é feito em duas prestações de 250 euros cada, a primeira em 2 de dezembro de 2025 e a segunda em 2 de dezembro de 2026.

Todos os anos, a Mota-Engil pagará um juro bruto de 4,25%, sujeito a impostos, que vence semestralmente, a 2 de junho e a 2 de dezembro de cada ano, até ao reembolso final do capital. Além disso, os investidores podem receber uma remuneração adicional de 1,25 euros por obrigação, a ser paga na data de reembolso final, se a Mota-Engil não cumprir os critérios de sustentabilidade previstos na oferta.

Segundo o prospeto, “o prazo da oferta pública de subscrição é de dez dias úteis e tem início no dia 15 de novembro de 2021, às 8h30” — a próxima segunda-feira –, terminando a 26 de novembro de 2021 às 12h00. A subscrição mínima é de cinco títulos, isto é, 2.500 euros.

Em simultâneo, a Mota-Engil avança com duas ofertas públicas de troca voluntárias dos 150 mil títulos de dívida que emitiu em novembro de 2018 (que vencem em 2022 e pagam 4,5%) e das 6.051 obrigações emitidas em janeiro de 2018 (que vencem em janeiro de 2023 e pagam 4% ao ano). Para aumentar o apetite dos obrigacionistas, a Mota-Engil oferece um “prémio em numerário” de 11,44 euros no caso das primeiras e de 195,3 euros no caso das segundas. Cada título pode ser trocado por outro da nova emissão agora anunciada.

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Da “última esperança” ao “blá blá blá”. As frases da COP26

  • Lusa
  • 11 Novembro 2021

Ao longo das últimas duas semanas estas são algumas das frases que marcaram a 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26).

A “última esperança” para limitar o aquecimento global a +1,5ºC ou apenas “blá blá blá”, a cimeira mundial do clima de Glasgow entra esta nquinta-feira na reta final, ainda que falte “uma montanha para escalar”.

Na quarta-feira o presidente da cimeira da ONU, Alok Sharma, disse esperar um texto de resoluções “praticamente final” até hoje de manhã, mas reconheceu que há “uma montanha para escalar”.

Ao longo das últimas duas semanas estas são algumas das frases que marcaram a 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26):

– “Somos a Amazónia pela vida, somos o grito do ar, a água, os criadores da floresta, estamos aqui para obter respostas e ações dos Estados”.

Gregorio Diaz Mirabal, da tribo Wakuenai Kurripaco, representante de 3,5 milhões de indígenas da América do Sul.

– Durante a pandemia de covid-19 “as alterações climáticas não fizeram férias. Todas as luzes estão vermelhas no painel de avaliação do clima”. A COP26 é “a última esperança” de limitar o aquecimento global.

“Podemos escolher reconhecer que continuar com as coisas como estão não vale o preço devastador que temos que pagar e fazer a transição necessária ou aceitar participar na nossa extinção”.

Alok Sharma, presidente da COP26.

– “A raiva e impaciência do mundo serão impossíveis de conter” se não conseguirem entender-se para conter as alterações climáticas, uma “máquina do apocalipse” que é preciso desarmar.

“Podemos não nos sentir um James Bond, mas temos a oportunidade e o dever de fazer desta cimeira o momento quando a Humanidade começou a desarmar essa bomba, o momento quando começámos irrefutavelmente a virar a maré e a lutar contra as alterações climáticas”.

Boris Johnson, primeiro-ministro britânico.

– “É hora de dizer basta. Basta de brutalizar a biodiversidade, basta de matarmo-nos a nós mesmos com carbono, basta de tratar a natureza como uma latrina (…) e de cavar a nossa própria sepultura”.

António Guterres, secretário-geral da ONU.

– “Se somos suficientemente fortes para desestabilizar o nosso planeta, também somos suficientemente poderosos para o salvar se trabalharmos juntos”.

David Attenborough, naturalista britânico.

– “Queremos demonstrar que os EUA não estão apenas de volta à mesa [de negociações], mas vão liderar com o poder do exemplo”.

Joe Biden, Presidente dos Estados Unidos.

– “Estamos a perder a corrida da neutralidade carbónica para uma coligação de viciados em carbono que preferem lutar pelo carvão a lutar por um futuro de bons empregos e indústrias inovadoras criadas pela ambição climática”.

Josaia Vorege Bainirama, primeiro-ministro de Fiji.

– “Dizemos chega de ‘blá, blá, blá’, chega de exploração das pessoas, da natureza e do planeta; chega que o façam lá dentro”.

Greta Thunberg, ativista sueca, numa concentração junto ao local da COP26, de onde, disse, não sairá mudança.

– “Infelizmente, temos que reconhecer que estamos muito longe de atingir os objetivos [do Acordo de Paris para limitar o aumento da temperatura média global até ao fim do século]. Isto não pode continuar assim. Não há tempo a perder. Demasiados irmãos e irmãs nossas estão a sofrer com esta crise do clima”.

Papa Francisco, numa mensagem enviada à COP26.

– “Acho que foi um grande erro a China não ter vindo. O resto do mundo olhou para a China e perguntou: que valor acrescentam eles?”.

Joe Biden, Presidente dos Estados Unidos

– “Estamos a subsidiar o problema que estamos a tentar curar aqui em Glasgow. Não faz sentido, e ressalta o nível a que nós, seres humanos, somos capazes de nos envolver no absurdo, de viver a negação completa da realidade”.

John Kerry, antigo secretário de Estado norte-americano e atual enviado dos Estados Unidos para o Clima, depois de falar dos milhões de subsídios para combustíveis fósseis.

– “Mal temos contribuído para a crise climática global, não somos a causa do problema, mas sentimo-lo todos os dias, e não estamos a receber dinheiro suficiente para nos adaptarmos. Só recebemos seis mil milhões de dólares [5,1 mil milhões de euros] por ano, quando precisamos de 33 mil milhões de dólares [28,4 mil milhões de euros]”.

Félix Tshisekedi, presidente da União Africana.

– “Muitas vezes vê-se a imagem de um urso polar com fome como um símbolo, mas nós também somos muito afetados pelas alterações climáticas todos os dias”.

Adelaide Ahmasuk, ativista Inuit, povo indígena que habita o Ártico.

– “Foram aquelas máquinas que começaram as emissões de gases com efeito de estufa”.

Louise, ativista em Glasgow, sobre estátuas da cidade, uma delas a de James Watt, inventor do condensador em 1769, que tornou a máquina a vapor mais eficiente, desencadeando em Glasgow a Revolução Industrial.

– “Tivemos 26 destas reuniões e ainda não falaram sobre deixar os combustíveis fósseis [como petróleo e gás natural] no solo. Isso mostra como eles não querem falar sobre a tarefa mais importante, a coisa fundamental que deve ser feita. A razão é porque o poder das empresas de combustíveis fósseis na política continua muito grande”.

George Monbiot, jornalista e ativista ambiental britânico.

– “Não é fácil para a Escócia. Atualmente, dezenas de milhares de empregos dependem do petróleo e do gás. Muitas das nossas necessidades de energia são satisfeitas pelo petróleo e gás”.

Nicola Sturgeon, primeira-ministra escocesa.

– “Já houve demasiadas ‘workshops’, demasiados retiros, demasiadas conferências. Diz-se sempre que é tempo de agir agora, que chegou a altura… mas na verdade, já não há tempo”.

Keriako Tobiko, ministro do Ambiente do Quénia.

– “Preparem-se para uma maratona, não para uma corrida, porque resolver um problema tão grande, tão complexo e tão importante nunca aconteceu de uma só vez”.

Barack Obama, ex-Presidente dos Estados Unidos.

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Eleições antecipadas não condicionam Bruxelas na negociação do Acordo de Parceria do PT2030

"Negociações com Portugal sobre o draft do Acordo de Parceria estão a decorrer. Quanto ao momento da sua aprovação estamos a apontar para o início de 2022", disse ao ECO um responsável da Comissão.

A realização de eleições antecipadas a 30 de janeiro não vai influenciar o ritmo das negociações do próximo quadro comunitário de apoio. O primeiro-ministro disse em entrevista à RTP que o Acordo de Parceria do Portugal 2030 “já não será assinado até 30 de janeiro, a não ser que a Comissão Europeia andasse muito depressa”. Ao que o ECO apurou junto de um responsável da Comissão, Bruxelas espera que o Acordo possa ser aprovado no início do próximo ano, sem haver um compromisso de data ou preocupação com legitimidade política de quem o assina porque os fundos de coesão são implementados através de uma “gestão partilhada”.

“As negociações com Portugal sobre o draft do Acordo de Parceria estão a decorrer. Quanto ao momento da sua aprovação estamos a apontar para o início de 2022″, disse ao ECO um responsável da Comissão Europeia, que preferiu não ser identificado.

Desde segunda-feira que o ministro do Planeamento está a apresentar as Linhas Orientadoras do Acordo de Parceria Portugal 2030 às várias entidades relevantes, cujos contributos poderão ser incorporados no documento que irá a Conselho de Ministros desta quinta-feira. Na segunda-feira, Nelson de Souza esteve reunido com o Conselho de Concertação Territorial, que integra membros do Executivo, dos governos regionais, presidentes das Áreas Metropolitanas; da Associação Nacional de Municípios e de Freguesias, de Comunidades Intermunicipais. Terça foi a vez de alguns partidos e esta quarta os restantes partidos e sindicatos. De fora ficaram os patrões que, por dificuldades de agenda, não puderam reunir.

O calendário prossegue com a colocação do documento em consulta pública a 15 de novembro e entrega informal em Bruxelas para se ir fazendo acertos à luz das recomendações da Comissão. “O processo deverá ficar concluído no final de novembro/início de dezembro, sendo então formalmente submetido”, explicou Nelson de Souza ao Dinheiro Vivo (acesso livre).

No final de uma ronda de reuniões no Parlamento, Nelson de Souza destacou que os partidos apresentaram “pontos de vista” diferentes, mas houve relativa convergência. “Não fomos alertados para nenhuma zona de dissenso particular relativamente aos objetivos estratégicos que apresentámos neste documento”, sustentou. O ministro do Planeamento disse ainda que “todos deram o acordo a este processo”, que vai permitir conciliar não só a “vontade de não querer parar o processo, não prejudicar a velocidade de acesso” aos fundos europeus, mas também “não trazer qualquer tipo de condicionamento a uma vontade natural de decisão plena que caberá ao próximo Governo” — saído das legislativas de 30 de janeiro — “em matéria de formatação final deste acordo de parceria a negociar com a Comissão Europeia”.

Mas para a Comissão este ponto não se coloca já que “os fundos de coesão são programados numa lógica de longo prazo, num enquadramento financeiro a sete anos, abrangendo mais do que uma legislatura”, sublinhou ao ECO o mesmo responsável da Comissão. Outra fonte comunitária ouvida pelo ECO também desvalorizou a necessidade de o Acordo de Parceria ser assinado apenas pelo Executivo que sair da legislativa de janeiro, porque o acordo “pode sempre ser alterado” desde que “o novo Governo mostre que tem propostas melhores”.

“Tarefas, princípios e responsabilidades são definidas na regulamentação dos fundos e têm de ser cumpridas pelos Estados membros independentemente do governo que está em funções”, acrescentou o mesmo responsável.

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Startup do Porto quer revolucionar a privacidade online

Francisco Castro e Diogo Lopes criaram a aplicação Super Agent que permite melhorar a experiência do utilizador na Internet e devolver às pessoas o poder de decidir o que é feito com os seus dados.

A Super Agent, startup portuguesa que gere automaticamente as preferências de cookies, chegou ao mercado no início do ano e já conta com cem mil utilizadores internacionais. Americanos, alemães e Italianos são os principais utilizadores. A app está disponível a uma escala internacional para dispositivos com iOS 15 e já foi recomendada pela Apple em mais de 134 países como uma ferramenta must-have. Em apenas duas semanas, a app foi classificada entre as top 20 utilities.

A ideia de criar a startup Super Agent nasceu em agosto do ano passado quando Francisco Leite de Castro estava a jantar com um amigo. “Estávamos a conversar como hoje em dia, a experiência de navegação na Internet é má e lenta. A Internet já não tem a acessibilidade que tinha antigamente e as maiores causas disto são os pop-ups para os cookies”, conta ao ECO, o jovem empreendedor.

Diagnosticado o problema, Francisco Leite de Castro começou a pensar em resolver duas questões: “Melhorar a experiência do utilizador na internet e devolver o poder às pessoas de decidir o que é feito com os seus dados”.

Francisco Leite de Castro convidou Diogo Minhava Lopes para abraçar o projeto e para juntos desenvolverem a aplicação. Ambos despediram-se dos trabalhos para dedicarem-se de corpo e à alma à Super Agent. “Quando a ideia surgiu fez tanto sentido que mergulhei quase de cabeça“, conta ao ECO, Francisco Leite de Castro.

Os portuenses conheceram-se no secundário e apesar de só terem 30 anos já contam com um currículo invejável. Diogo Minhava Lopes é formado em engenharia eletrotécnica pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e na sua curta carreira profissional trabalhou cinco anos na Microsoft e cerca de um ano na Amazon. Francisco Leite de Castro desistiu no segundo ano do curso de Ciências de Computadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), mas nada o impediu de trabalhar na área tecnológica. Tem experiência internacional na área financeira e consultoria e trabalhou dois anos e meio na startup americana North Music Group.

Diogo Minhava Lopes e Francisco Leite de Castro são os fundadores da Super Agent.A missão da startup é tornar a privacidade simples, dando o poder aos utilizadores de decidirem quando e como pretendem ser monitorizados, garantindo que as suas preferências são automaticamente aplicadas sem esforço. “Desenvolvermos uma extensão que permite ao utilizador decidir apenas uma vez que tipo de cookies quer aceitar ou rejeitar. Quando o usuário entra num website a extensão aplica as preferências dos utilizadores automaticamente e esconde esse pop-up“, explica Francisco Leite de Castro.

A startup permite a personalização das definições de cookies e o preenchimento automático dos formulários. Desta forma, garante uma navegação mais rápida (e suave) na internet que elimina os pop-ups e prioriza o controlo sobre as preferências de privacidade do utilizador e cibersegurança.

Com uma taxa de crescimento média de 250% nos últimos seis meses, a Super Agent tem assistido a uma procura global e progressiva dos seus serviços: só nos últimos três meses o número de utilizadores multiplicou por 100. Até ao final do ano, os fundadores querem chegar aos 200 mil utilizadores.

No primeiro semestre do ano, a startup portuguesa angariou cerca de 300 mil dólares (259 mil euros) através de SAFE Notes. O investimento foi liderado pela Shilling em conjunto com a Accel Scout Program e investidores de renome como Benedikt Franke, CEO da Planetly, Torben Schultz, COO da Rows.com e Rasty Turek, CEO da Pex.com. “Desistimos os dois dos nossos trabalhos. Para levantar uma ronda existe um dever perante os investidores de dedicação a 100% ao projeto”, sublinha Francisco Castro.

A gestão automática de passwords e integração dos serviços de privacidade online são alguns dos recursos que a startup projeta no plano de desenvolvimento futuro.

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Guia rápido para a COP26. 10 conceitos que tem (mesmo) de conhecer na luta climática

  • Capital Verde
  • 11 Novembro 2021

Embora haja muitas incógnitas sobre a forma como as coisas se vão desenrolar na COP26, uma coisa é certa: haverá muitos termos e acrónimos sobre o clima, diz a Schroders.

Na opinião de Jo Marshall, investidora da Schroders, as COP anteriores resultaram em compromissos climáticos memoráveis – como a COP21, que se realizou em 2015, e que levou quase 200 países a assinarem o Acordo de Paris.

Diz a especialista que o Acordo de Paris compromete os países a limitar o aquecimento global entre 1,5 C – 2 C, acima dos níveis pré-industriais, para manter um clima habitável. Há alguma incerteza quando se projetam as implicações de mudanças sem precedentes na atmosfera, mas com as temperaturas globais a situarem-se já 1 C acima da base histórica e a escalar a uma velocidade feroz, a necessidade de alterar o rumo da economia global torna-se cada vez urgente e gritante.

Simon Webber, um dos principais gestores de investimento da Schroders, que investiu nas tendências das alterações climáticas nos últimos 15 anos, afirma: “Algumas conferências podem ser uma formalidade, mas a COP26 é sem dúvida a conferência climática mais importante de uma década”.

Espera-se que no final da COP os líderes globais informem sobre os progressos do seu país relativamente aos objetivos estabelecidos no Acordo de Paris e poderão ser tomadas novas decisões quanto à forma de reduzir as emissões de carbono.

Embora haja muitas incógnitas pela frente, tais como a forma como as coisas se vão desenrolar entre os EUA e a China, uma coisa que sabemos com certeza é que haverá muitos termos e acrónimos sobre o clima (como de costume), diz a investidora da Schroders

Para desmistificar e clarificar alguns dos termos mais comuns, que deve conhecer, Jo Marshall elaborou este guia rápido.

  • Emissões evitadas

São as reduções de emissões que ocorrem através da substituição de uma atividade com elevadas emissões de carbono por outra atividade com baixas emissões de carbono. Estas reduções não se podem refletir na pegada de carbono de um produto ou de uma atividade como medida pelos gases com efeito de estufa que este emite. Mas ajudam a reduzir as emissões totais em toda a economia.

Hannah Simons, Head of Sustainability da Schroders, explica: “Pense numa conferência hipotética. Num contexto pré covid, esta conferência poderia ter atraído milhares de indivíduos vindos de todo o mundo. Num contexto Covid, muitos destes indivíduos optariam por participar virtualmente. As emissões relacionadas com as viagens poupadas por estes indivíduos seriam chamadas emissões evitadas”.

  • Mercado de carbono (incluindo compensações de carbono)

Um sistema comercial em que os países ou empresas podem negociar créditos ou compensações de carbono a fim de respeitarem os limites nacionais. Esses mercados podem ser regulados (refletindo leis que exigem que as empresas garantam créditos proporcionais às suas emissões) ou voluntários (onde os compradores escolhem adquirir créditos gerados por atividades de redução de carbono).

Andy Howard, Head of Sustainable Investment na Shroders comenta “As companhias aéreas, por exemplo, libertam muito carbono. Para compensar isto, podem plantar árvores ou pagar a uma empresa externa para o fazer. Isto seria um tipo de compensação de carbono”.

  • Emissões líquidas zero

Ocorre quando a quantidade de carbono emitida é igual à quantidade de carbono a ser removida da atmosfera (quer através da compra de créditos de carbono, quer através de compensações de carbono). A este nível, a posição global é uma das “emissões líquidas de carbono zero”.

Mais de 130 países comprometeram-se ou estão a considerar comprometer-se a emissões líquidas nulas até 2050. Os dados sugerem que um quinto das maiores empresas públicas do mundo estabeleceram metas líquidas zero (em março de 2021).

Saida Eggerstedt, Head of Sustainable Credit, European and Sustainable Credit na Schroders e especialista em investimento neutron em carbono, afirma “Gostaria de ver compromissos muito mais acionáveis por parte de todos os governos no sentido da neutralidade de carbono. Para cumprir o caminho sustentado na ciência de limitar o aumento da temperatura global, eles precisam de agir a curto e médio prazo”.

  • Financiamento climático

Financiamento que é utilizado para combater as alterações climáticas. Pode ser utilizado para reduzir as emissões de carbono ou para promover formas de adaptação, mitigação e resistência aos efeitos das alterações climáticas.

Em 2015, os países desenvolvidos comprometeram-se a disponibilizar 100 mil milhões de dólares por ano, até 2020, para combater as alterações climáticas nos países em desenvolvimento.

Saida Eggerstedt afirma: “Gostaria de ver a atribuição de recursos financeiros e ajuda técnica aos países em desenvolvimento e zonas ameaçadas, a acontecer imediata e urgentemente”

  • Transição justa

A transição para uma economia global de baixo carbono que não prejudique indevidamente as economias mais fracas ou partes das sociedades.

Andy Howard comenta: “A transição justa é tanto um objetivo como um requisito: um acordo global entre os decisores políticos que representam cada parte da economia global não será possível, a menos que todos considerem o plano justo”.

  • Contribuições determinadas a nível nacional (NDC)

Objetivos individuais de redução de emissões dos países e planos de adaptação aos impactos climáticos. São atualizados de cinco em cinco anos para assegurar que estão em conformidade com as metas globais de temperatura, pelo que a COP26 deveria ver concretizadas novas metas, muitas das quais foram anunciadas ou seguidas ao longo dos últimos 12-18 meses.”

Kate Rogers, Head of Sustainability, Wealth na Schroders afirma: “Atualmente, a soma destes CND não é suficiente para cumprir a meta de 1,5 graus de aquecimento, pelo que precisamos urgentemente de ver os países estabelecerem metas mais ambiciosas para a redução de emissões”.

  • Soluções baseadas na natureza

São ações que protegem, gerem de forma sustentável e restauram o meio ambiente, tais como a inversão da desflorestação e a aceleração da transição para uma agricultura sustentável.

Hannah Simons explica: “As alterações climáticas e a atividade humana resultaram em perda de biodiversidade e em danos no capital natural, o que representa um risco existencial para a vida tal como a conhecemos. Esperamos, por isso, ver muitos países a incluir soluções baseadas na natureza nos seus planos climáticos, na COP26”.

  • Emissões de âmbito 1

São emissões diretas dentro dos limites organizacionais de uma empresa, a partir de fontes que a empresa possui ou controla, incluindo veículos da empresa e combustão de combustíveis numa fábrica da empresa.

  • Emissões de âmbito 2

Emissões indiretas adquiridas ou compradas de eletricidade, vapor, calor e arrefecimento.

  • Emissões de âmbito 3

Todas as outras emissões indiretas como, por exemplo, viagens de negócios, entregas, deslocações pendulares ou resíduos de uma cadeia de abastecimento de uma empresa.

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