“Corte futuro nas pensões devia ir ao Constitucional”, diz Jorge Bravo

  • ECO
  • 29 Novembro 2022

"Pessoalmente, acho que há dúvidas muito sérias de constitucionalidade e gostaria de ver o Tribunal Constitucional apreciar esta matéria", diz Jorge Bravo.

A fórmula de atualização das pensões poderia ter sido aplicada repartindo o seu impacto ao longo de vários anos, defende Jorge Bravo, em entrevista ao Jornal de Negócios (acesso pago). O economista diz que gostaria de ver este “corte permanente e bastante significativo” ser apreciado pelo Tribunal Constitucional, um cenário que o Presidente da República afastou aquando da promulgação do diploma.

“Ao contrário do que seria de expectável, e violando o natural princípio dos pensionistas, segundo o qual estes, no fundo construíra, um cenário de vida, na velhice, em função do rendimento expectável. Pessoalmente, acho que há dúvidas muito sérias de constitucionalidade e gostaria de ver o Tribunal Constitucional apreciar esta matéria. Pelo menos [a questão] do princípio da proteção da confiança é claro, não é?”, questiona o coordenador do PSD para a área da Segurança Social nas últimas legislativas.

Jorge Bravo diz que “não é preciso ser economista para perceber que o que importa é a perda de poder de compra”, respondendo assim aos constitucionalistas que argumentam que se trata de um corte real e não de um corte nominal. “Pura ilusão monetária”, concluiu o economista.

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Maria do Céu Antunes: “Este é um plano estratégico para a agricultura muito ambicioso”

  • ECO
  • 29 Novembro 2022

Em causa está um programa de investimentos de 6.713 milhões de euros que vai entrar em vigor a 1 de janeiro de 2023 e se prolonga até 2027.

A ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, defende que o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum para Portugal, apresentado esta terça-feira em Gaia, é “muito ambicioso”, em entrevista ao Diário de Notícias (acesso pago). Em causa está um programa de investimentos de 6.713 milhões de euros que vai entrar em vigor a 1 de janeiro de 2023 e se prolonga até 2027.

Os investimentos estão divididos em dois pilares: o apoio ao rendimento, que representa 3.860 milhões de euros, e o segundo (2.853 milhões de euros), que tem dois eixos para o continente – o eixo do desenvolvimento rural e a abordagem territorial integrada – e pacotes financeiros para os Açores e a Madeira.

“Passamos a ter objetivos com base nos resultados e numa avaliação anual que é feita e que depois, de dois em dois anos, pode ou não ter consequências para o Estado-membro, que pode levar, inclusivamente, à perda de apoios caso os objetivos não sejam cumpridos”, explica a ministra. Este plano tem também “um período de tempo para implementação mais curto”.

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Lisboa volta a subir para o “top 5” de melhores cidades para expatriados

A qualidade de vida e a facilidade em assentar são os pontos fortes de Lisboa, segundo os estrangeiros que vêm para cá. Já a avaliação feita das perspetivas de carreira é negativa.

Depois de ter caído 15 lugares no ano passado, Lisboa volta a subir para o “top 5” de melhores cidades para expatriados, no ranking elaborado pela InterNations. A capital portuguesa ocupa o 4.º lugar, ao ficar entre as melhores cidades no que diz respeito à qualidade de vida, facilidade de adaptação e finanças pessoais. Já as perspetivas de carreira são vistas pelos estrangeiros de forma negativa.

No Expat City Ranking de 2022, Lisboa subiu 14 posições para ficar então no 4.º lugar, entre as 50 cidades do globo que foram analisadas. A capital ocupa o quinto lugar em três dos cinco índices elaborados: qualidade de vida, finanças pessoais e facilidade em assentar. Em contrapartida, Lisboa situa-se entre as últimas 15 cidades no índice Working Abroad.

Cerca de 28% dos estrangeiros que vieram para a cidade consideram que a mudança para Lisboa não melhorou as perspetivas de carreira (face a 18% globalmente). Além disso, mais de um quarto dos expatriados em Lisboa sente que, com base na indústria, qualificações e função, não são pagos de forma justa pelo seu trabalho (o que compara com 20% globalmente).

Apesar disto, e graças à graças à subcategoria que avalia o trabalho e lazer, Lisboa fica no 36.º lugar neste índice específico do trabalho. Cidades que se destacam neste campo são Copenhaga, que lidera neste indicador, Dublin, Nova Iorque e Dubai.

O Dubai acabou mesmo por integrar o pódio do ranking geral, que é encabeçado por Valência. Após a cidade dos Emirados, o “top 3” fecha-se com a Cidade do México. Enquanto Valência e Cidade do México se destacam nos indicadores das finanças pessoais, o Dubai e a cidade espanhola desfrutam de uma alta qualidade de vida, segundo os expatriados questionados.

Já no fim da tabela está Joanesburgo (50.º), na África do Sul, a cidade alemã de Frankfurt am Main (49.º) e a capital francesa Paris (48.º), enquanto os piores destinos em 2022 para expatriados.

Veja o “top 10” das melhores cidades para os estrangeiros que decidiram mudar de país:

  1. Valência
  2. Dubai
  3. Cidade do México
  4. Lisboa
  5. Madrid
  6. Bangkok
  7. Basileia
  8. Melbourne
  9. Abu Dhabi
  10. Singapura

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EUA e Reino Unido levam Portugal a recorde nos serviços partilhados

  • ECO
  • 29 Novembro 2022

Entre os novos centros de serviços partilhados deste ano em Portugal, 26 são centros de tecnologias de informação.

Foi atingido um novo recorde nos investimentos de empresas estrangeiras para Portugal, que se deve em grande parte aos centros de serviços partilhados de multinacionais estrangeiras: foram 32 os que vieram para o país este ano, com EUA e Reino Unido no topo, segundo os dados da Aicep, noticiados pelo Público (acesso condicionado).

Olhando para a origem, a liderar os investimentos encontra-se então os Estados Unidos e Reino Unido com 25% e 19%, respetivamente, sendo assim os principais investidores. Segue-se a Suíça, com 13%, e Alemanha, Países Baixos, França, Suécia e Dinamarca completam o top com valores mais reduzidos.

Entre os novos centros de serviços partilhados deste ano em Portugal, 26 são centros de tecnologias de informação. “Na arena dos serviços partilhados, a automatização vai chegar a todo o lado. Já no que depende da análise humana, da ponderação multifatorial, Portugal tem um fator decisivo: talento”, defende Luís Castro Henriques, que deixará a presidência da Aicep no fim deste ano.

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Hoje nas notícias: pensões, serviços partilhados e eutanásia

  • ECO
  • 29 Novembro 2022

Há dúvidas de constitucionalidade no corte futuro das pensões e na eutanásia. Portugal bate recorde nos serviços partilhados com impulso dos EUA e Reino Unido.

Nas capas de jornais desta terça-feira, há um foco no investimento internacional: por um lado, é revelado um recorde nos centros de serviços partilhados de multinacionais estrangeiras cá, impulsionado pelos EUA e Reino Unido, e por outro há notícias de que a promoção dos vistos gold no interior não resultou. São também levantadas dúvidas de constitucionalidade, no que diz respeito ao corte futuro nas pensões e também na legalização da eutanásia, a passar pelo Parlamento. Veja estas e outras notícias que marcam a atualidade nacional.

“Corte futuro nas pensões devia ir ao Constitucional”, diz Jorge Bravo

A fórmula de atualização das pensões poderia ter sido aplicada repartindo o seu impacto ao longo de vários anos, defende Jorge Bravo, em entrevista ao Jornal de Negócios. O economista diz que gostaria de ver este “corte permanente e bastante significativo” ser apreciado pelo Tribunal Constitucional, um cenário que o Presidente da República afastou aquando da promulgação do diploma. O coordenador do PSD para a área da Segurança Social nas últimas legislativas diz que “não é preciso ser economista para perceber que o que importa é a perda de poder de compra”.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

EUA e Reino Unido levam Portugal a recorde nos serviços partilhados

Foi atingido um novo recorde na atração de empresas estrangeiras para Portugal, que se deve em grande parte aos centros de serviços partilhados (CSP) de multinacionais estrangeiras: foram 32 os que vieram para o país este ano. Olhando para a origem, no topo encontra-se EUA e Reino Unido com 25% e 19%, respetivamente, sendo assim os principais investidores. Seguem-se a Suíça, com 13%, e Alemanha, Países Baixos, França, Suécia e Dinamarca.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado)

Governo falha objetivo de promover vistos gold fora de Lisboa e Porto

O Governo não está a conseguir completar o objetivo de promover os vistos gold fora de Lisboa e Porto, sendo que apenas 61 das 808 autorizações de residência dadas este ano por aquisição de imóveis foram em zonas pouco povoadas. Os dados mostram que oito em dez transações são nas áreas metropolitanas, com apenas Évora a sobressair nos concelhos de baixa densidade.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago)

Maria do Céu Antunes: “Este é um plano estratégico para a agricultura muito ambicioso”

A ministra da Agricultura defende que o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum para Portugal, apresentado esta terça-feira em Gaia, é “muito ambicioso”. Em causa está um programa de investimentos de 6713 milhões de euros que vai entrar em vigor a 1 de janeiro de 2023 e se prolonga até 2027. Os investimentos estão divididos em dois pilares: o apoio ao rendimento, que representa 3.860 milhões de euros, e o segundo (2.853 milhões), que tem dois para o continente – o eixo do desenvolvimento rural e a abordagem territorial integrada – e pacotes financeiros para os Açores e a Madeira.

Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso pago)

Cavaco considera que “legalização da eutanásia não respeita o espírito da Constituição”

O ex-Presidente da República critica o processo de legalização da eutanásia, nomeadamente apontando o dedo à “prioridade” dos deputados. Cavaco Silva defende que “a legalização da eutanásia não respeita o espírito da Constituição”, assegurando que é inconstitucional, e reitera também que a despenalização desta prática é “mais um sinal da deterioração da qualidade da democracia” nacional.

Leia a notícia completa na Rádio Renascença (acesso livre)

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Lisboa fecha no verde impulsionada pela Altri e a Galp

  • ECO
  • 29 Novembro 2022

O PSI valorizou 0,2% na sessão desta terça-feira, quando o sentimento entre as principais bolsas europeias foi misto. Altri e Galp estão entre as quatro cotadas com ganhos acima de 1%.

A bolsa nacional foi uma das três principais praças europeias que somaram ganhos esta terça-feira. O PSI valorizou 0,2%, impulsionado pelos avanços da Altri e da Galp Energia, recuperando assim das perdas registadas na última sessão.

Wall Street negociava mista no início da sessão desta terça-feira, após a Casa Branca garantir que Joe Biden está a acompanhar as manifestações na China e que quer continuar a dialogar com o seu homólogo. O Presidente dos EUA está “informado sobre o que está a acontecer” na China e “está a acompanhar de perto” as manifestações contra as restrições sanitárias e favor de mais liberdades, adiantou na segunda-feira a Casa Branca.

Já as ações asiáticas recuperaram esta terça-feira depois de Pequim ter ajudado o setor imobiliário e dos rumores de que, depois dos protestos que marcaram o fim de semana, as autoridades poderão demonstrar alguma abertura em aliviar as restrições para conter a pandemia de Covid-19. A especulação foi alimentada por relatos de que os responsáveis pela saúde iriam realizar uma conferência de imprensa esta terça-feira para falar sobre as medidas de controlo da pandemia.

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Da construção ao retalho, estes são os perfis mais procurados em 2023. E os mais bem remunerados

Da construção ao retalho, passando pela área financeira e pelo marketing, estas são as principais tendências em cada setor para 2023, incluindo funções mais procuradas e salários praticados.

Com o ano novo a chegar, as consultoras de recursos humanos começam a olhar para o mercado de trabalho para retirar aquelas que serão as principais tendências em 2023, em cada um dos setores de atividade. Mas, independentemente das características de cada indústria, o aumento da digitalização dos negócios, a mobilidade, os novos métodos de trabalho, as novas funções, bem como a corrida por talentos, assumem-se como fatores transversais a qualquer setor.

A previsão é que o mercado não arrefeça no que toca a contratações, enquanto a escassez de talento faz, em várias áreas, aumentar salários. Um diretor-geral no setor da indústria, na zona de Lisboa, pode receber até 170 mil euros brutos por ano. Já o plafond máximo para a mesma função na área do retalho é de 160 mil euros. O maior salto salarial, por sua vez, pertence às sociedades de advogados de pequena dimensão e no valor de entrada, com uma média de crescimento de 34%.

A compensação flexível ganha espaço em alguns setores, complementando a componente salarial. A semana de quatro dias de trabalho merece atenção na área do marketing & sales, enquanto em IT flex plans, pocket money e stock options são cada vez mais valorizados.

Da construção ao retalho, passando pela área financeira e pelo marketing, estas são as principais tendências em cada setor para 2023, incluindo funções mais procuradas e salários praticados, segundo o estudo anual da Michael Page.

Banking & Financial

A passar por uma fase “muito favorável”, os projetos digitais e processos de desenvolvimento tecnológico ganham relevância neste setor. Os perfis de controlo interno, marketing e sales, encontram-se agora entre os mais desejados. Já “as funções de controlo interno, seja numa lógica de corporate & investment banking como de retail banking, continuam a estar numa posição de destaque“, revela a Michael Page.

Como exemplo de tendência salarial, para a função de corporate finance, a remuneração máxima por ir até 90 mil euros brutos por ano, e um analista de risco até 46 mil euros, enquanto um responsável financeiro pode ter a remuneração máxima de 70 mil euros. A nível global, os perfis qualificados da área da banca registam um aumento de 10% a 15% no seu nível salarial.

Construção

Mantendo a tendência do último ano, o setor da construção deverá continuou a crescer, com destaque para um aumento significativo de novas obras, principalmente relacionadas com o investimento privado, com a procura acima da oferta. Em 2022, acentuou-se a escassez de recursos e de mão-de-obra qualificada no mercado. Os perfis mais procurados estão ligados à produção do lado dos empreiteiros: diretores de obra, encarregados gerais, preparadores de obra e orçamentistas. Nos promotores procuram-se, sobretudo, gestores de projeto.

Já no que toca à perspetiva salarial, comparativamente a 2021, os valores de remuneração estagnaram em 2022 na maioria das funções. “A remuneração para o próximo ano (2023) pode incluir desde o valor máximo de 110 mil euros para a função de diretor-geral a 35 mil euros para um engenheiro fiscal ou de projeto.”

Engineering & Manufacturing

“O setor industrial passou por diferentes fases no decorrer de 2022, com um início muito positivo e posterior retração no último trimestre, comprometendo a retoma do crescimento. Os efeitos da guerra na Ucrânia em indústrias chave, como a automóvel e alimentar e o aumento da inflação, provocaram impacto ao nível das políticas salariais e de recursos humanos das empresas. Não obstante, o desemprego na indústria e serviços mantém-se em níveis muito baixos, o que faz prever um equilíbrio no mercado de trabalho e nas oportunidades de emprego para o início do próximo ano”, comenta a recrutadora.

Entre os perfis mais procurados, destacam-se os engenheiros de processo, engenheiros de melhoria contínua, gestores de produção, técnicos de manutenção, gestores de projeto e engenheiros de produto.

Neste setor, a par do salário e estabilidade contratual, os candidatos procuram benefícios como flexibilidade, e preferência para o trabalho remoto. A nível técnico, observa-se maior interesse por projetos de dimensão internacional e preferência por ambientes otimizados e automatizados, assentes nos novos conceitos de “fábrica limpa”, indústria 4.0 e LEAN Manufacturing.

Os níveis salariais em áreas técnicas de engenharia têm vindo a crescer nos últimos anos, com aumentos de 20% nos últimos dois anos em áreas como a automação e robótica, gestão de projetos, manutenção, engenharia de campo e logística. Como indicação, na indústria, na zona de Lisboa, um diretor-geral pode auferir entre 110 a 170 mil euros por ano, e um diretor de operações até 92 mil euros.

Finance

A procura de perfis financeiros, nomeadamente para funções de controlling, contabilidade e direção financeira, tem tido um aumento gradual nos últimos anos. “PME que procuram profissionalizar as suas equipas, bem como multinacionais e empresas de SSC, têm sido os principais players no que respeita a novas contratações, criando uma enorme dinâmica no mercado de trabalho nestas áreas”, explica a Michael Page.

As empresas procuram perfis que demonstrem capacidade analítica e espírito crítico, integrados em equipas multidisciplinares que trabalham, em conjunto, projetos transversais e em estreita parceria com as equipas de gestão de topo. Soft skills como a capacidade de comunicação com diferentes interlocutores, hands on approach, orientação para resultados e para a melhoria contínua de processos continuam a ser altamente valorizadas.

Neste contexto, tem havido um aumento salarial em funções como controlling, contabilidade e direção financeira. Nas funções de direção, como a de controller financeiro, o salário oscila entre 23.800 a 49 mil euros brutos por ano enquanto um auditor externo pode ganhar até 46.200 euros. De um modo geral, houve um incremento global na ordem dos 10% dos perfis especializados na área financeira, com particular incidência em áreas tipicamente menos abrangidas por este tipo de mutações como são a contabilidade ou algumas funções transacionais do processo financeiro.

Healthcare & Life Sciences

Em 2022, o setor de Healthcare & Life Sciences foi dos mais dinâmicos. Ao contrário de anos anteriores, as áreas mais técnicas foram as que apresentaram maior crescimento, nomeadamente qualidade, assuntos regulamentares e direção técnica (QP’s). Na área comercial, destacam-se as posições de desenvolvimento de negócio internacional, tanto ao nível de especialistas como de management (com maior destaque na área do canábis medicinal), assim como key account managers transversalmente aos vários subsetores (no entanto, com maior procura pela área de consumer healthcare).

Na área do marketing, tem existido um enorme investimento na maior qualificação destes profissionais, destacando-se a aposta em competências de marketing digital e ecommerce.

Salário, boa reputação da empresa e trabalho flexível continuam a ser fatores decisivos para atração e retenção de talento neste setor. Nas funções comerciais, um business unit manager (cargo máximo) pode auferir até 150 mil euros, enquanto no departamento médico, um diretor médico pode atingir os 130 mil euros, numa média salarial sem grandes variações relativamente ao ano anterior.

Hospitality & Leisure

Com a retoma na área de hotelaria e do turismo, registou-se um crescimento gradual ao longo de 2022, com “recordes de faturação em alguns momentos face a 2019, bem como com perspetivas de evolução em 2023”. “Neste contexto, os salários tornaram-se mais competitivos, há uma maior capacidade para a captação de candidatos, num mercado onde a oferta é consideravelmente maior que os profissionais disponíveis.”

A dificuldade no recrutamento de perfis para o setor da hotelaria e turismo contribuiu para um ligeiro aumento salarial neste setor e foco na implementação de outras medidas com benefícios para os colaboradores, como folgas fixas ou juntas, fins de semana livres por mês, seguro de saúde, subsídio de alimentação, entre outros”, refere a consultora de RH.

Como referência salarial, um diretor-geral de operações pode auferir até 110 mil euros e um diretor de hotel até 90 mil euros, ambos na zona de Lisboa. Os salários na área, em funções mais operacionais, aumentaram entre 5% e 10%.

Insurance

“No decorrer de 2022, registou-se uma procura considerável por profissionais da área financeira com skills ao nível de IFRS17, risco e planeamento e controlo de gestão. Este fator deve-se à entrada em vigor desta norma em janeiro de 2023, antecipando que no próximo ano continuará a haver crescimento nesta área para consolidação do report financeiro das seguradoras em IFRS17.”

Neste setor, observou-se particular crescimento nas funções de PMO estratégico, responsável de gestão de contas/clientes e nas áreas de marketing, sobretudo canal digital e CX. Ao nível de áreas técnicas, mantem-se a tendência em área de risco, data analytics e subscrição.

A flexibilidade continua a ser um fator importante no recrutamento e registou-se ainda um aumento dos flex benefits. Na vertente remuneratória, o salário de um gestor de sinistros começa nos 16.800 euros e de um atuário nos 67.804. Nas funções de negócio, um diretor comercial brookers pode auferir até 120 mil euros brutos anuais.

Information technology

Neste setor, o salário continua a ser crucial para atrair talento, com valores superiores aos praticados na generalidade dos setores e com benefícios associados que são cada vez mais valorizados, como flex plans, pocket money e stock options. Um chief information officer (CIO) pode auferir anualmente entre 80 mil euros a 130 mil euros brutos anuais e um chief tecnology officer (CTO) até 140 mil euros. De notar ainda um aumento salarial geral na ordem dos 10% a 15% face ao ano anterior.

No que toca à procura, reforça-se a procura de perfis especializados, principalmente nas áreas de cyber segurança, IoT, cloud, CRM, ERP, machine learning e big data.

Logística

O aumento na procura de profissionais de logística e supply chain foi observado, principalmente, em setores industriais, retalho e construção. Os perfis mais procurados são essencialmente de middle management, onde se destacam as funções de customer service, supervisor de logística, responsável de operações e comprador sénior. Também as posições de top management cresceram em procura, nomeadamente as funções de diretor de operações, diretor de logística, diretor de supply chain e diretor de compras.

A escassez de talento traduziu-se num aumento entre 5% e 8% dos salários em geral. Na área de supply chain, a função de supply chain analyst pode auferir até 28 mil euros e um diretor de compras até 110 mil euros, enquanto na área de logística, o plafond de remuneração máximo de 90 mil euros cabe ao cargo de diretor.

Recursos humanos

No setor de recursos humanos, é esperado que se mantenha o investimento por parte das empresas na gestão e desenvolvimento dos seus talentos, com políticas avançadas de RH e foco numa abordagem analítica e interdisciplinar. Observou-se uma maior procura de perfis de HR operations, destacando a importância de indicadores no setor, através do desenvolvimento de KPI, esquemas de payroll, forte planeamento de C&B e controlo de custos.

O pacote salarial continua a ser um fator importante — nas grandes empresas e multinacionais, um diretor de RH pode
auferir entre 49 mil a 84 mil euros (um crescimento na ordem dos 5% para 2023) — mas não decisivo. “Outros benefícios como a cultura e clima organizacional, oportunidades de formação, desenvolvimento e crescimento, bem como o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional são cada vez mais importantes na tomada de decisão.”

Retail

“Se no primeiro trimestre, a procura por novos perfis foi mais focada na vertente digital, nos trimestres seguintes observou-se um aumento da procura por perfis de operação, ou seja, vendedores e gestores de loja. Este dinamismo do mercado poderá ser explicado pelas transformações digitais e de logística que as empresas estão a desenvolver, mas também pelo grande investimento internacional em Portugal com a chegada de novos players que oferecem condições de trabalho mais aliciantes”, justifica a Michael Page.

Os candidatos procuram melhores condições salariais, mas também outras regalias, nomeadamente o equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional. Nas funções com turnos rotativos, observa-se uma procura por funções com horários mais estáveis, nas funções de sede procuram-se projetos com possibilidade de trabalhar em modelo híbrido.

Relativamente à remuneração, e observando-se um aumento salarial médio de 5% para funções qualificadas, nas funções de direção, a posição de diretor-geral pode auferir até 160 mil euros e de diretor de marketing até 130 mil euros. Nas funções de compras, o retail manager pode ganhar entre 42 e 63 mil euros, enquanto nas funções de operações no retalho alimentar e especializado de grande dimensão, a remuneração máxima de 80 mil euros cabe ao diretor comercial de retalho.

Shared services centres (SSC)

“À medida que os players atingem um estágio de maturidade interessante, entregando trabalho de alta qualidade, compromisso e taxas de ROI muito interessantes, mantém-se a tendência de trazer mais processos para Portugal e ampliar os já existentes.”

Neste contexto, os salários aumentaram significativamente, entre 10% e 15%, nos últimos anos nos mercados mais dinâmicos, sobretudo para cargos que exigem competências linguísticas como alemão, francês e italiano, onde o aumento chegou aos 25% em alguns projetos. A remuneração de um manager (head of SSC/head of GBS) pode atingir os 154 mil euros, de accounts payable manager até 56 mil euros, um purchase-to-Pay team Leader até 120 mil euros,
enquanto um especialista purchase-to-pay pode auferir cerca de 28 mil euros.

Customer service

“O dinamismo que se tem verificado no mercado de trabalho português e a sucessiva escassez de recursos faz com que os salários tenham vindo a subir fruto das novas competências técnicas, comportamentais e experiência profissional. Acresce ainda o facto de Portugal ter vindo a posicionar-se como um hub para o atendimento bilingue de diversos países, tendência que aumentou em 2022″, comenta a Michael Page.

A par deste aumento na procura de operadores especializados verificou-se também um aumento significativo dos valores de remuneração neste setor. Os BPO, que até há pouco tempo mantinham os valores alinhados com o salário mínimo, vêm-se obrigados a aumentar salários para conseguir reter talento, que são tão mais elevados quanto mais específicas ou técnicas as competências que procuram.

call center, atendimento, telefónico, trabalho, emprego

Como referência, nas empresas de grande dimensão e multinacionais, um customer service specialist pode ganhar até 18.200 euros por ano, um operador de backoffice (Países Nórdicos) até 28 mil euros e para a função de contact center manager o plafond máximo pode ir até aos 63 mil euros. Os salários na área aumentaram, de uma forma geral, 5% relativamente ao ano passado.

“Perfis dinâmicos e jovens, com licenciatura e domínio de línguas, sobretudo inglês (obrigatório), são os mais procurados. Por outro lado, os candidatos valorizam projetos que lhes permitam maior estabilidade, flexibilidade e condições salariais, onde possam adquirir novas competências e obter possibilidades de crescimento dentro das organizações.”

Sales & Marketing

Em 2023 prevê-se que os salários em geral sofram uma valorização entre 2% e 4%. Ainda assim, em setores mais dinâmicos, o aumento já está a superar este limite, apesar de bastante abaixo da taxa de inflação que irá continuar a sentir-se no próximo ano.

“As equipas de gestão, a par dos RH, tentaram nos últimos tempos criar e implementar modelos de colaboração que possam agradar a todos, aos que preferem o trabalho presencial e aos que preferem o regime remoto ou híbrido. Também os conceitos de saúde mental e well being, estão na ordem do dia e a semana de quatro dias de trabalho começa a ganhar expressão junto de alguns setores para atrair talento. A procura de profissionais versáteis, mas simultaneamente especializados nas funções, é uma tendência mais global, enquanto em Portugal se assiste à propensão de as empresas contratarem profissionais com background na indústria e nas funções que irão exercer. Este registo faz com que da parte dos candidatos a mudança represente muitas vezes um mero upgrade salarial.”

Na área comercial, a procura recai na venda técnica e consultiva orientada para a satisfação e fidelização do cliente, enquanto nas equipas de marketing, com a ascensão dos dados, os skills analíticos e digitais são relevantes em qualquer indústria.

No que toca à remuneração, nas funções de marketing e comunicação generalistas, um diretor de marketing pode receber até 85 mil euros por ano e um diretor de comunicação até 72 mil euros. Já nas funções ligadas ao marketing digital, o plafond máximo é de 110 mil euros para a função de diretor de e-commerce. Numa análise generalizada, em marketing digital e e-commerce, os salários dos quadros executivos especializados em 2022 subiram 5,8%. Em vendas, com oscilações consoante o setor e função, a média de subida salarial foi de 4,5%.

Secretarial & Business Support

“Seguindo a tendência do último ano, regista-se uma crescente especialização dos perfis que desempenham funções de assessoria, o que se traduz num aumento gradual dos pacotes remuneratórios destas funções. A procura de perfis dinâmicos e com competências de real suporte ao negócio, com background em áreas de formação como direito, gestão, línguas e literatura, é valorizada pelos empregadores, assim como a capacidade de trabalho de forma autónoma e o pensamento crítico”, esclarece a empresa.

Relativamente às tendências salariais, nos últimos anos verificou-se uma crescente procura de perfis e competências administrativas por parte das organizações, justificada pela crescente aposta de empresas multinacionais em Portugal com referências salariais superiores às do mercado nacional. Em termos de remunerações, a função de secretária de CEO e de presidência, por exemplo, pode alcançar os 46.200 euros brutos por ano, seguindo-se a de secretária de
administração, com um máximo de 38 mil euros por ano. Em termos globais, os perfis qualificados nesta área registaram um aumento entre os 5% e os 10%.

Tax & Legal

O regresso à normalidade em 2022 contribuiu para o extremo dinamismo do mercado de trabalho, onde a procura por perfis das Sociedades de Advogados aumentou rapidamente. Os perfis de advogado mais procurados continuaram a ser aqueles com senioridade entre os dois e os cinco anos de experiência pós agregação. Ao contrário dos anos anteriores, a procura por perfis mais seniores (com mais de cinco anos pós agregação), por parte de Sociedades de Advogados, cresceu em determinadas áreas tais como contencioso, público, corporate e M&A, bancário e financeiro, regulatório e
concorrência, fiscal e imobiliário.”

“O setor ficou marcado por um aumento salarial significativo na grande maioria das sociedades, independentemente da dimensão, numa ótica de retenção das camadas mais juniores e intermédias, com o intuito de contrariar a grande rotatividade que caracteriza as principais sociedades”, continua a Michael Page.

No que diz respeito à remuneração variável, a maioria das sociedades manteve os valores, esforçando-se por se tornar mais criativa e competitiva em matéria de fringe benefits e possibilidade de flexibilidade no que toca a home office. Como exemplos de remuneração nas sociedades de advogados, um advogado associado com quatro a sete anos pós agregação ronda os 35 mil euros, enquanto um advogado com dez anos pode auferir até 78 mil euros. O aumento significativo de salários ocorreu nas sociedades de pequena dimensão e no valor de entrada, com uma média de crescimento de 34%.

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Oito anos depois, quem tem culpa na demora da Operação Marquês? MP ou advogados?

Apesar de já ter sido acusado por falsificação de documento e branqueamento de capitais, Sócrates ainda não foi a julgamento. Mas afinal quanto tempo demorou cada uma das fases processuais?

Já passaram oito anos desde o dia que José Sócrates, ex-primeiro ministro de Portugal, foi detido à saída do aeroporto de Lisboa, vindo de Paris. Foi a 24 de novembro de 2014 que o país e também o mundo ficaram a conhecer o início do que se viria a tornar num dos processos mais mediáticos da justiça portuguesa, a Operação Marquês. A Advocatus faz agora um resumo cronológico deste processo: do inquérito aos recursos da instrução.

Apesar de já ter sido acusado, pelos crimes de falsificação de documento e branqueamento de capitais, o ex primeiro-ministro ainda não foi a julgamento. Enquanto o presidente da Associação Sindical dos Juízes, Manuel Ramos Soares, aponta a culpa pela morosidade aos advogados, a defesa de Sócrates e outros advogados mediáticos diz que é do Ministério Público (MP).

Para Manuel Ramos Soares não existe explicação para o processo ser tão longo e ainda para mais tendo a mediatização que tem. Em declarações à rádio Renascença, afirmou: “não sei se é o caso, mas quando olhamos para casos complexos e olhando para quando ele parou não encontrávamos apenas responsabilidade do lado do tribunal ou do ministério também vemos do lado da defesa que usam de forma abusiva os mecanismos concebidos para finalidades legítimas“.

Já o advogado Saragoça da Matta, um dos muitos advogados do processo, culpa o MP. “Ao contrário do que tem sido defendido por alguns magistrados na comunicação social de que são as defesas a empatar os processos, neste caso, foi o Ministério Público que gastou mais de 50% do tempo porque não sabia o que acusar“, sublinhou à Renascença.

Neste processo, o MP reclamava aos arguidos um total de 58 milhões de euros, tendo arrestado vários bens. Segundo as contas da acusação, José Sócrates teria dado cerca de 21 milhões de euros de prejuízo ao Estado, Zeinal Bava cerca de 16 milhões, Henrique Granadeiro cerca de 14 milhões, Carlos Santos Silva três milhões e 300 mil euros, Ricardo Salgado três milhões de euros e Armando Vara 1,4 milhões de euros. Mas afinal quanto tempo foi perdido em cada fase deste processo?

A fase de inquérito: três anos até a uma acusação

Foi em julho de 2013 que o empresário Carlos Santos Silva despertou a atenção das autoridades judiciárias numa investigação iniciada em 2011. Mas foi só a 21 de novembro de 2014 que a bolha rebentou. José Sócrates era detido em direto nas televisões, à saída do aeroporto de Lisboa, vindo de Paris. Com ele, foi também detido o amigo Carlos Santos Silva.

Nesse mesmo dia, a Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmava que Sócrates e outras três pessoas foram detidos num inquérito dirigido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), que investigava “suspeitas dos crimes de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção”.

A 22 de novembro, a PGR revela os restantes detidos: Carlos Santos Silva, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e o motorista João Perna. Sócrates acompanha as buscas feitas à sua residência e depois presta o primeiro interrogatório perante o juiz Carlos Alexandre, responsável pela fase de inquérito.

No dia 24 de novembro de 2014 foi decretada a prisão preventiva para Sócrates, a Carlos Santos Silva e a João Perna. Gonçalo Trindade Ferreira fica proibido de contactar com os restantes arguidos, de se ausentar para o estrangeiro, com a obrigação de entregar o passaporte e de se apresentar semanalmente no DCIAP.

A 25 de novembro o MP anuncia a abertura de um inquérito a uma eventual violação de segredo de justiça.

O ex-primeiro-ministro pediu ao Supremo Tribunal de Justiça três habeas corpus – entre novembro e dezembro -, e interpôs diversos recursos para reduzir a medida de coação, mas sem efeito. A 19 de dezembro, o advogado recorre da prisão preventiva de Sócrates. A 17 de março de 2015, o Tribunal da Relação rejeita o recurso das medidas de coação.

No dia 8 de junho de 2015, Sócrates recusa a proposta do MP para ficar a aguardar a decisão em prisão domiciliária, com vigilância eletrónica. Após dez meses e 42 dias, a 4 de setembro de 2015, Sócrates passa a ter a obrigação de permanência na habitação. E a 16 de outubro é libertado, mas sem poder contactar com os restantes arguidos e de viajar para fora do país.

A 30 de março de 2016, Amadeu Guerra, ex-diretor do DCIAP, aponta para o dia 15 de setembro a conclusão do inquérito. Mas a 14 de setembro, a PGR prolonga o prazo da investigação para dia 17 de março de 2017.

No dia 12 de abril de 2016, é retirada a medida de coação que impedia o ex-primeiro-ministro de se ausentar do país sem autorização judicial.

Em setembro, Sócrates apresenta queixa contra Carlos Alexandre junto do Conselho Superior da Magistratura (CSM). A 18 de outubro, o CSM abre um inquérito ao juiz. A 3 de fevereiro de 2017, Sócrates apresenta uma ação contra o Estado no Tribunal Administrativo de Lisboa por violação dos prazos máximos legais do inquérito.

Mais uma vez, a 17 de março, a PGR dá luz verde ao pedido dos procuradores e concede mais dois meses para concluir a investigação. São anunciados 28 arguidos. A 27 de março a PGR prorroga por mais três meses o prazo.

Em outubro de 2017, o MP arresta bens do ex-primeiro-ministro: três apartamentos, uma herdade em Montemor-o-Novo e uma casa em Paris, propriedade de Carlos Santos Silva, em que José Sócrates morou enquanto viveu em França.

Só a 11 de outubro de 2017 é que foi deduzida acusação contra 28 arguidos, entre os quais 19 pessoas singulares e nove pessoas coletivas, num total de 188 crimes. No leque de visados estavam o ex-primeiro-ministro José Sócrates, Zeinal Bava, Henrique Granadeiro, Ricardo Salgado e Carlos Santos Silva.

O ex-primeiro-ministro foi acusado de 31 crimes, entre os quais três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, 16 de branqueamento de capitais, nove de falsificação de documentos e três de fraude fiscal qualificada.

Na fase de inquérito foram realizadas mais de duas centenas de buscas, inquiridas mais de 200 testemunhas e recolhidos dados bancários de 500 contas em Portugal e no estrangeiro.

Dois anos durou a fase de instrução

A fase de instrução, pedida por 19 dos arguidos a 7 de setembro de 2018, começou em 28 de janeiro de 2019, sob a direção do ex-juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal Ivo Rosa. Um ano e três meses depois, em março de 2020, teve início o debate instrutório, que terminou a 2 de julho do mesmo ano.

Já a fase de instrução, conta com mais de 4.895 folhas, 39 horas de alegações, 11 interrogatórias a arguidos, inquirição de 44 testemunhas e 133 horas de interrogatório.

Após dois anos e sete meses do início do debate instrutório, em abril de 2021, Ivo Rosa apresentou o veredicto desta fase processual que é facultativa e que decide se os arguidos vão ou não a julgamento.

Num despacho que conseguiu ultrapassar o volume da acusação – com 6.728 páginas e mais de um milhão de palavras -, o juiz Ivo Rosa anunciou a decisão instrutória que definiu quais os arguidos e por que crimes vão a julgamento.

Apenas cinco dos 28 arguidos foram pronunciados pelo juiz Ivo Rosa e, desta forma, levados a julgamento. Os restantes – com nomes sonantes como Zeinal Bava ou Henrique Granadeiro – ficaram todos “pelo caminho” ao não serem pronunciados para ir a julgamento pelo juiz Ivo Rosa. Dos 189 crimes imputados a 28 arguidos pelo MP, apenas restaram 17 distribuídos por José Sócrates, Carlos Santos Silva, João Perna, Armando Vara e Ricardo Salgado. Quer Vara, quer Salgado, já foram condenados em primeira instância.

Isto porque Ivo Rosa anunciou que os julgamentos dos cinco arguidos iram decorrer de forma autónoma, procedendo-se a uma separação de processos.

Da decisão instrutória aos recursos

Após a decisão do juiz Ivo Rosa, a 19 de abril de 2021, os procuradores do processo Operação Marquês pediram a nulidade da decisão instrutória do juiz Ivo Rosa, considerando que na pronúncia “houve alteração substancial dos factos”. O MP decidiu pedir a extensão do prazo para 120 dia, ou seja quatro meses.

Já a defesa de Sócrates alegou no pedido de recurso que a pronúncia do juiz Ivo Rosa alterou substancialmente os factos da acusação. Também o empresário Carlos Santos Silva pediu a nulidade da decisão, que o acusa de três crimes de branqueamento e três de falsificação de documento.

Pelo meio destes recursos, a 26 de abril de 2021, a distribuição do processo na fase de investigação, em 2014, deu origem a um inquérito no Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, após o juiz Ivo Rosa ter mandado extrair uma certidão. Tendo o ex-primeiro-ministro José Sócrates manifestado à procuradora-geral da República a intenção de se constituir como assistente no inquérito.

Em maio de 2021, o juiz Ivo Rosa decide aceitar o pedido do MP e estendeu para 120 dias o prazo para o recurso da decisão instrutória no caso Operação Marquês.

Em junho de 2021, Ricardo Salgado começa a ser julgado por três crimes de abuso de confiança e Armando Vara por um crime de branqueamento de capitais, em processos separados.

Também em junho, o juiz Ivo Rosa recusou as pretensões da defesa dos arguidos e também o pedido de nulidade da pronúncia contra Sócrates e Santos Silva apresentada pelo MP.

A 13 de julho de 2021, o antigo ministro e ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos, Armando Vara, foi condenado a dois anos de prisão efetiva pelo crime de branqueamento de capitais.

No final de setembro de 2021, o Ministério Público entregou as quase 2.000 páginas de recurso, acusando Ivo Rosa de “menosprezar” a acusação feita em fase de inquérito, de não compreender “o trabalho de recolha de prova”, de forçar lacunas na tese da acusação e de distorcer o trabalho do DCIAP no processo Operação Marquês.

Em fevereiro de 2022, o juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal, Carlos Alexandre, foi constituído arguido no âmbito da distribuição manual da Operação Marquês. O desembargador Jorge Antunes decidiu aceitar o requerimento de abertura de instrução apresentado por José Sócrates. A escrivã Teresa Santos também foi constituída arguida.

A 7 de março de 2022, Ricardo Salgado foi condenado a uma pena total de prisão de seis anos pelos três crimes de abuso de confiança de que estava acusado.

Ricardo SalgadoEPA/JOSE SENA GOULAO

Em junho de 2022, a juíza Margarida Alves, que estava mandatada para julgar José Sócrates, pediu transferência e deixou de ser a responsável pelo processo. Isto acontece após o ex-primeiro-ministro acusar a justiça portuguesa de abuso por exigir justificações sobre as viagens ao Brasil, que foram pedidas pela juíza.

Também em junho, a juíza desembargadora Margarida Vieira de Almeida declarou-se impedida de analisar um recurso da defesa do ex-primeiro-ministro José Sócrates no Tribunal da Relação de Lisboa, por ter participado em decisões anteriores ligadas ao processo.

No dia 29 de junho, o Ministério Público agendou um interrogatório (à porta fechada) para uma eventual revisão de medidas de coação de Sócrates, tendo em conta as viagens de Sócrates ao Brasil que não foram comunicadas ao tribunal. Mas o arguido adiou.

No dia a seguir, o MP pede um agravamento das atuais medidas de coação, passando do regime de Termo de Identidade e Residência (TIR) em que o arguido não pode ausentar-se do país sem comunicar morada ao tribunal, para a obrigação de apresentações periódicas na PSP.

Os crimes de José Sócrates

Uma das figuras centrais deste processo é o antigo primeiro-ministro José Sócrates, que estava inicialmente acusado de 31 crimes, mas apenas foi pronunciado por seis crimes: três por falsificação de documento e três por branqueamento de capitais.

Um dos crimes de branqueamento de capitais de Sócrates diz respeito à utilização de contas bancárias junto do Montepio Geral, em coautoria com Carlos Santos Silva. Outro dos crimes de branqueamento de capitais é também em coautoria com Carlos Santos Silva relativamente ao uso das contas bancárias de João Perna. Por fim um crime de branqueamento de capitais que envolveu 167.402,5 euros com origem no arguido Carlos Santos Silva no interesse de José Sócrates.

Já os três crimes de falsificação de documento de que Sócrates está pronunciado, todos em coautoria com Carlos Santos Silva, são relativos à produção de documentação do arrendamento de um apartamento em Paris, a contratos de prestação de serviços da RMF Consulting e envolvendo figuras como Domingos Farinho, e ainda a contratos de prestação de serviços da RMF Consulting e figuras como António Manuel Peixoto e António Mega Peixoto.

Juntamente com Sócrates, também Carlos Santos Silva e João Perna aguardam ainda pela marcação da primeira sessão de julgamento.

Carlos Santos SilvaRodrigo Antunes/Lusa

O empresário Carlos Santos Silva está também acusado por três por falsificação de documento e três por branqueamento de capitais, todos em coautoria com José Sócrates. Inicialmente estava acusado com o maior número de crimes 33 crimes, sendo 17 por branqueamento de capitais, dez por falsificação de documentos, três por fraude fiscal qualificada, um por corrupção passiva de titular de cargo político, um por corrupção ativa de titular de cargo político e um por fraude fiscal. Segundo o MP, Carlos Santos Silva era o testa-de-ferro de José Sócrates para controlar várias offshores.

Por fim, João Perna, ex-motorista de José Sócrates, vai a julgamento por um crime de posse de arma proibida. Não indo a julgamento por branqueamento de capitais.

Salgado e Vara já condenados

Atualmente, apenas Armando Vara e Ricardo Salgado já foram condenados, em dois e seis anos de prisão, respetivamente.

O primeiro a saber o desfecho no processo foi o ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos, Armando Vara. No dia 13 de julho de 2021, o antigo ministro foi condenado a dois anos de prisão efetiva pelo crime de branqueamento de capitais. O juiz Rui Coelho afirmou que o tribunal “deu como provado quase todos os factos” da acusação do Ministério Público e que ficou “demonstrado objetivamente o circuito de dinheiro” relacionado com os dois milhões de euros que Vara colocou em contas na Suíça e que depois trouxe para Portugal.

Armando Vara estava inicialmente acusado de crimes de corrupção, branqueamento e fraude fiscal qualificada, mas, por decisão instrutória do juiz Ivo Rosa, a 9 de abril de 2021, foi apenas julgado, em processo separado unicamente, por um crime de branqueamento de capitais.

No âmbito da Operação Marquês, Armando Vara cumpriu a obrigação de permanência na habitação com vigilância eletrónica, de 9 de julho a 16 de outubro de 2015, totalizando três meses e sete dias o período em que esteve com medida de coação privativa da liberdade.

Oito meses depois, a 7 de março de 2022, Ricardo Salgado foi condenado a uma pena total de prisão de seis anos pelos três crimes de abuso de confiança de que estava acusado. Decisão que o advogado, Francisco Proença de Carvalho, disse que ia recorrer. A defesa tem um trunfo na manga: o facto do juiz Francisco Henriques, ter dado como provada a doença de Alzheimer do arguido.

O tribunal considerou como provados “quase todos os factos constantes da acusação”, segundo explicou o juiz Francisco Henriques. Mas o magistrado diz que “não ficou provado a questão da gestão centralizada do BES”. Quanto à doença de Alzheimer, o magistrado diz que ficou provada essa condição física de Ricardo Salgado, bem como as condições socioeconómicas do arguido.

O tribunal decidiu condenar Ricardo Salgado pela prática de um crime de abuso de confiança relativamente à transferência de 4.000.000 de euros, com origem em conta da “Espírito Santo Enterprises, S.A.” para conta da “Credit Suisse”, titulada pela sociedade em offshore “Savoices, Corp”; um crime de abuso de confiança relativamente à transferência de 2.750.000 euros, quantia proveniente de transferências da conta da “Espírito Santo Enterprises, S.A.” para conta titulada pela sociedade “Green Emerald Investments, Ltd.”, controlada por Hélder José Bataglia dos Santos – da conta da “Green Emerald Investments, Ltd.” para conta da “Crédit Suisse“, titulada pela sociedade em offshore “Savoices, Corp“, controlada pelo arguido.

O terceiro crime de abuso de confiança que Salgado foi condenado é relativo à transferência CHF 3.900.000,00 (3.967.611 euros) – quantia proveniente de transferências da conta da “Espírito Santo Enterprises, S.A.” para a conta da “Pictet & Cie, S.A.” titulada por Henrique Manuel Fusco Granadeiro – da conta da “Pictet & Cie, S.A.” e com destino a conta da “Lombard Odier Daries Hentsch and Cie” titulada pela sociedade em offshore “Begolino, S.A.”, controlada pelo arguido.

Em abril de 2021, o juiz Ivo Rosa pronunciou Ricardo Salgado por três crimes de abuso de confiança, caindo por terra o crime por corrupção ativa de titular de cargo político, os dois de corrupção ativa, nove de branqueamento de capitais, três de falsificação de documento e três de fraude fiscal qualificada.

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Consolidação inevitável? Banca portuguesa foi a segunda que mais concentrou na Europa em duas décadas

Cinco principais bancos detêm quase 75% do mercado, acima da média europeia. Portugal foi o segundo país que mais consolidou nas últimas duas décadas. Mário Centeno vê consolidação como inevitável.

Mário Centeno voltou a colocar na agenda dos bancos portugueses o velho tema da consolidação. “É absolutamente crucial e é inevitável”, afirmou o governador do Banco de Portugal em entrevista à agência Reuters. Os banqueiros contrariam a tese, consideram que o mercado já está muito concentrado e apostam no status quo. O que dizem os números? Os cinco principais bancos detêm quase 75% do mercado, acima da média europeia. Mais: Portugal foi mesmo o segundo país onde aumentou mais a concentração nas últimas duas décadas.

O que disse Centeno?

Em entrevista à Reuters, publicada na semana passada, Centeno elogiou os progressos recentes que os bancos fizeram nos últimos anos em termos de reforço de capitais e de redução do risco, nomeadamente ao baixarem o nível de crédito malparado de 17% para menos de 5%.

“Depois deste reforço, a consolidação do sistema bancário [em Portugal] e o fortalecimento das suas instituições é absolutamente crucial e é inevitável que o sistema, o mercado, tenha consciência disso”, acrescentou o governador.

O ex-ministro das Finanças disse que estava “satisfeito com a evolução” dos bancos, mas também sublinhou que “não há espaço para descansar” e que todos devem “desafiar-se a si próprios”. Centeno enquadrou a sua visão para o setor nos desafios que vai enfrentar: “É importante que este amadurecimento aconteça em paralelo a um reforço contínuo das instituições na sua dimensão, na sua capitalização, e sobretudo na sua capacidade de responder aos desafios da digitalização, ação climática, porque vai tudo ter impacto nos balanços dos bancos”, referiu, trazendo para a agenda nacional um tema que o Banco Central Europeu (BCE) tem procurado incentivar.

O que dizem os números?

Os banqueiros têm apontado o elevado grau de concentração mercado português para afastar o fantasma da consolidação. Ainda recentemente Mark Bourke, presidente do Novobanco, o mais badalado quando se fala em M&A (fusões e aquisições) na banca portuguesa, esgrimiu este argumento. “Somos cinco grandes players no mercado. É um mercado saudavelmente competitivo. Todos focam-se no serviço ao cliente e têm tamanho suficiente para os servir, para competir e aguentarem no mercado”, disse o responsável irlandês numa conferência que juntou os cinco maiores bancos nacionais.

O nosso plano é baseado no status quo, que é ser o Novobanco a funcionar e a competir no mercado. Vamos competir com os outros aqui. Não penso que existirão alterações na estrutura de mercado”, acrescentou Bourke, que trabalha (já não é segredo) para levar o Novobanco para a bolsa – fora desta lógica de consolidação que Centeno antecipa.

O Novobanco era visto como o principal candidato a mexer no mercado, mas será então carta fora do baralho. O Banco Montepio está a fazer o seu percurso de recuperação e a dona Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) também não tem interesse em vender – tendo em conta imparidades de mil milhões no seu ativo. Neste momento, os principais movimentos de consolidação envolvem os bancos pequenos – com o EuroBic, devido à saída de Isabel dos Santos, a liderar o processo, estando já praticamente fechada a sua venda aos galegos do Abanca. Mas daqui não advirá grandes mudanças estruturais.

Os números tendem a dar razão aos banqueiros, mas a realidade é mais complexa e é importante perceber que o mercado deixou de ter fronteiras e a concorrência fala estrangeiro.

Vamos aos números. Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, Santander Totta, BPI e Novobanco concentram entre si quase 74% do mercado em termos de ativos totais (que inclui depósitos, empréstimos e capital próprio), de acordo com as estatísticas recolhidas pelo BCE referentes ao final do ano passado. A média na União Europeia (UE) é 67,7%.

Concentração de ativos nos cinco principais bancos

Fonte: BCE

Em termos históricos, Portugal foi o segundo país da União Europeia onde o grau de concentração mais aumentou desde 1999, ano em que os big 5 controlavam menos de metade do mercado – apenas a Grécia registou um maior movimento de concentração que Portugal neste período, atingindo atualmente um nível de quase 100%. Também houve quem tivesse feito o caminho contrário: Malta e Finlândia foram os mercados onde mais se “desconsolidou” neste período.

O processo de concentração no mercado português deu-se praticamente na primeira década do milénio, através de um processo de várias fusões e aquisições que tiveram lugar naquele período. Esta dinâmica abrandou após a crise de 2008 e ganhou nova expressão em 2015, ano da queda do Banif, absorvido pelo Santander. Nos últimos sete anos o mercado estabilizou.

Banca portuguesa nunca esteve tão concentrada

Fonte: BCE

Os dados situam Portugal no meio da tabela europeia, em que Grécia (98%) e Luxemburgo (29,7%) destoam claramente. Uma leitura simples das estatísticas: se Frankfurt deseja consolidação na Europa, talvez seja melhor começar a olhar para outros países como Luxemburgo (29,7%), Alemanha (31,8%), Áustria (38,7%), França (49,3%) ou Itália (51,6%), onde a margem para consolidar é bem maior. Só que o BCE está a olhar para outro tipo de consolidação: transfronteiriça, processo que consiste na aquisição de um banco por um banco estrangeiro.

O BCE lançou um guia sobre o tema em 2020, onde diz que os movimentos de consolidação “podem ser um meio de resolver os problemas de longa data no setor bancário europeu, como a baixa rentabilidade e o excesso de capacidade”. Com a subida dos juros do banco central, os bancos estão aos poucos a recuperar os níveis de rentabilidade, mas nem todos estão no mesmo patamar em função dos diferentes desafios que enfrentam, como deu conta o ECO.

Por sua vez, o braço de supervisão do BCE considera que “a consolidação transfronteiriça também pode apoiar uma maior diversificação do risco e contribuir para a integração do mercado financeiro, um importante objetivo da união bancária”. Ressalva, porém, que não é papel do BCE promover ativamente (ou evitar) qualquer forma de consolidação bancária e que a sua postura deve ser neutra.

Evolução da concentração entre 1999-2021

Fonte: BCE

O que dizem os banqueiros?

O tema da consolidação é tão antigo como sensível. Uma consolidação tem impacto na vida das pessoas e das empresas. Quando o Santander Totta ficou com o Banif (2015) e Popular (2017), nos anos seguintes despediu mais do que os quadros que passou a ter com aqueles dois bancos problemáticos. Ou seja, estas operações têm impactos sociais relevantes que implicam não só a perda de empregos (num setor que perdeu quase 17 mil empregos este milénio) como acelera o fecho de agências (cuja força motriz tem sido a digitalização da banca).

Em relação às operações transfronteiriças levantam o fantasma da transferência do poder de decisão para mãos estrangeiras. Este é sobretudo um receio do Governo em relação a um setor que é crucial nos momentos de crise e quando é preciso manter o fluxo de financiamento às famílias e empresas para não agravar ainda mais a economia.

Isto ajuda a perceber um pouco o que é o entendimento de Paulo Macedo, líder da Caixa Geral de Depósitos (CGD), sobre qual a importância de mantê-la na esfera pública e com impacto no mercado. “Não se justifica um banco público sem poder de ação no mercado. Um banco público justifica-se ter porque pode ser um player no mercado e um interveniente no mercado. Nesse sentido, a Caixa não é indiferente à consolidação”, dizia Macedo no final de 2020.

Um dos medos é a “espanholização” da banca. Do outro lado da fronteira, já não se olha para os mercados espanhol e português em separado, mas antes um mercado ibérico. Que o digam o CaixaBank (dono do BPI) e o Santander, que integram o top-5 das maiores instituições por cá. Mas os responsáveis dos dois bancos em Portugal afastam esses receios.

Não se justifica um banco público sem poder de ação no mercado. Um banco público justifica-se ter porque pode ser um player no mercado e um interveniente no mercado. Nesse sentido, a Caixa não é indiferente à consolidação.

Paulo Macedo

CEO da Caixa Geral de Depósitos

No Santander, a maior parte dos acionistas já são internacionais”, lembrou Pedro Castro e Almeida recentemente. “Vejo Portugal e a Europa como se eu estivesse em Faro e há um banco em Lisboa ou Bragança que quer ter presença em Faro”, acrescentou o CEO do Totta, desvalorizando a origem geográfica dos bancos.

Castro e Almeida “estaria muito mais interessado em comprar se houvesse um banco que tivesse muito talento, com pessoas que percebessem de tecnologia e uma preocupação em relação ao serviço aos clientes de forma diferente do que propriamente comprar um banco de tijolos”.

Garantindo que a administração é independente e autónoma de Madrid, João Pedro Oliveira e Costa já sublinhou que a prioridade do BPI é crescer por via da captação de mais clientes e negócios, afastando interesse na compra de outros bancos (depois do CaixaBank ter acabado de absorver o Bankia).

No BCP, cuja indefinição acionista e os problemas com o banco na Polónia deixam-no no radar do mercado, Miguel Maya deixa o tema da concentração para segundo plano. O CEO está mais preocupado em capacitar o banco para atrair clientes, talento e “em ter condições para remunerar aqueles que investem no BCP”. São as palavras de quem vê concorrência além-fronteiras: “Não são só os que estão aqui. É qualquer operador que esteja na união bancária”, lembrou o responsável.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • Joana Abrantes Gomes
  • 29 Novembro 2022

No dia em que é apresentado o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum, tomam posse os novos membros do Banco de Portugal e o INE divulga o Inquérito à Avaliação Bancária na Habitação.

Esta terça-feira, conhecem-se os dados de outubro da avaliação bancária das casas e tomam posse os novos membros do conselho de administração do Banco de Portugal. A ministra da Agricultura participa na sessão de apresentação do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), enquanto na Área Metropolitana do Porto são assinados quatro contratos do novo sistema de transportes da região. Há ainda uma conferência da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios sobre o futuro das pensões de reforma.

Ministra da Agricultura na apresentação do plano da PAC

A ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, participa esta terça-feira na sessão de apresentação do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), que conta também com a presença do comissário europeu da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Janusz Wojciechowski. O PEPAC prevê garantir maior equidade na distribuição dos apoios e valorizar a pequena e média agricultura, acautelando as especificidades regionais.

Como evolui a avaliação bancária das casas?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga os resultados do Inquérito à Avaliação Bancária na Habitação referente ao mês de outubro. O valor mediano do metro quadrado fixou-se em 1.429 euros em setembro, mais 15 euros do que em agosto, mês em que este indicador tinha recuado pela primeira vez depois de 11 meses a subir. O gabinete de estatísticas publica ainda dados de novembro dos Inquéritos de Conjuntura às Empresas e aos Consumidores.

Tomada de posse dos novos membros da administração do BdP

Hoje, pelas 12h30, o ministro das Finanças, Fernando Medina, preside à cerimónia de apresentação pública dos membros nomeados para o conselho de administração do Banco de Portugal (BdP). À instituição liderada por Mário Centeno juntam-se, assim, Luís Máximo dos Santos como vice-governador do BdP, Clara Patrícia Costa Raposo como vice-governadora, Francisca Guedes de Oliveira como administradora e Rui Miguel Correia Pinto no cargo de administrador.

Assinados quatro contratos de transportes para a Área Metropolitana do Porto

Pelas 10 horas, são assinados contratos de quatro dos cinco lotes do concurso público do transporte rodoviário de passageiros na Área Metropolitana do Porto (AMP), excluindo Matosinhos, Maia e Trofa devido a uma impugnação judicial. Estes contratos decorrem de um concurso público, lançado em janeiro de 2020 pela AMP, para a concessão do serviço de transporte público de passageiros em 16 municípios – com exceção do Porto, onde a Sociedade de Transportes Coletivos de Passageiros (STCP) opera em exclusividade.

APFIPP debate futuro das pensões

A APFIPP – Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios organiza, a partir das 14h30 desta terça-feira, a conferência intitulada “Qual o Futuro das Pensões de Reforma em Portugal? Onde Estamos? Para onde queremos ir?“. A iniciativa decorre no Centro Cultural de Belém (CCB) depois de os partidos na oposição terem apelidado de “truque” a medida do Governo que deu aos pensionistas um bónus extraordinário equivalente a meia pensão ainda este ano, mas que, em contrapartida, limita a atualização automática das pensões em janeiro de 2023.

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Calçado quer empresários com estudos e a subcontratar mais no estrangeiro até 2030

Plano estratégico do calçado dá prioridade à qualificação de industriais e atração de “novos protagonistas e projetos”. Setor olha para sourcing internacional e aposta no “empreendedorismo de marca".

Com pessoas e empresas mais qualificadas, com produtos e processos sustentáveis, com maior flexibilidade e rapidez na resposta; e com uma presença ainda mais ativa nos mercados internacionais. Assim será a indústria portuguesa do calçado em 2030, se forem cumpridos os quatro eixos traçados no novo plano estratégico do setor, desenhado pela associação empresarial (APICCAPS) em parceria com a Universidade Católica, que vai ser apresentado esta terça-feira em Vila Nova de Gaia.

Constituído atualmente por 1.500 empresas, responsáveis por 40 mil postos de trabalho, exporta mais de 95% da produção para 172 países. Desde a apresentação do primeiro plano setorial em 1978, o emprego triplicou, a produção quintuplicou e as exportações foram multiplicadas por 13. Neste 7º documento estratégico, os industriais inscrevem 24 medidas e 113 ações concretas para “reposicionar o setor na cena competitiva internacional” – e adicionam cinco projetos âncora para dar resposta direta a necessidades diagnosticadas pelo cluster.

As exportações devem continuar alicerçadas numa base produtiva nacional, seja por motivos sociais (emprego), de reputação junto dos consumidores ou pelos benefícios em termos de sustentabilidade, devido à proximidade aos principais mercados. Porém, dada a escassez de mão-de-obra e a subida dos custos de produção em Portugal, o acréscimo de produtores concorrentes com custos laborais mais baixos e moedas nacionais desvalorizadas, a APICCAPS adverte que devem ser explorados “ganhos de eficiência nas cadeias de abastecimento, recorrendo à subcontratação internacional, total ou parcial, de produtores que possam garantir menores custos”.

“É importante que as empresas portuguesas de calçado não se circunscrevam à mera atividade fabril, ganhando competências de gestão das cadeias internacionais de valor. É um caminho em que a maioria dos nossos principais concorrentes europeus vai bastante mais adiantado”, lê-se no documento, a que o ECO teve acesso, notando que isso também pode passar por “um número mais restrito de empresas [e] por atividades de internacionalização a jusante, por exemplo, através da criação ou aquisição de lojas ou marcas”. E no capítulo da internacionalização, insiste que não devem “descurar as oportunidades para o sourcing internacional de determinados componentes ou até da produção de determinadas gamas de produto”.

Plano estratégico diz que há "oportunidades" para o sourcing internacional de determinados componentes do calçado
Plano estratégico diz que há “oportunidades” para o sourcing internacional de determinados componentes do calçadoRicardo Castelo/ECO

Apesar de já ter reduzido para 10% a quota de trabalhadores não qualificados, o cluster assume que falta ainda qualificar 34% dos seus ativos e modernizar muitos dos já qualificados para fazer face a novos desafios tecnológicos e organizacionais. Porém, o plano defende que “é por cima, ao nível da empresa e da sua gestão, que tem de começar o esforço de qualificação”, pois é nas lideranças que “tem mais potencial para fazer a diferença”. É que, se a capacitação técnica e operacional é relevante, “o futuro do cluster do calçado depende, acima de tudo, das opções que os seus empresários e gestores venham a tomar”.

“Contribuir para a capacitação da gestão empresarial é, provavelmente, o principal contributo que o plano estratégico pode dar para o sucesso do cluster. O extremo dinamismo do mundo contemporâneo coloca empresários e gestores permanentemente perante novos desafios que requerem o reforço das suas competências e qualificações”, resume. Desafios acrescidos num tecido de pequenas e médias empresas, cujas estruturas de gestão leves fazem com que não tenham tanto tempo disponível e obrigam a encontrar outras soluções, como a formação à distância, que permitam compatibilizá-la com a permanência no local de trabalho.

Um terço das 100 maiores empresas fabricantes de calçado em Portugal foram fundadas nos anos 1980. Passadas mais de três décadas, os fundadores precisam de preparar a sucessão geracional na liderança.

Por outro lado, a qualificação do cluster não se pode fazer só com quem já o integra, sendo necessários “novos protagonistas e novos projetos”, adverte a APICCAPS. A experiência e o conhecimento dos atuais empresários são indispensáveis, mas o setor precisa de renovar os seus atores, que passa igualmente pela sucessão geracional na liderança. Um terço das 100 maiores empresas fabricantes de calçado foram fundadas nos anos 1980 e, volvidas três décadas, muitos dos fundadores estão no final da carreira profissional e precisam de passar a pasta às novas gerações.

“Empreendedorismo de marca” para a projeção internacional

Esgotado o prazo do último plano (Footure 2020) e depois da atualização a que a pandemia obrigou, este exercício em que contou com a colaboração direta de 70 empresários, além dos académicos da Católica, é apresentado por Luís Onofre como um “choque estratégico” que prepara o setor para “uma nova década de crescimento”. Mais do que uma visão, sublinha o dirigente associativo, é “um compromisso do setor para aprofundar a sua competitividade no plano internacional e continuar a gerar valor para o nosso país”.

Numa altura em que a principal preocupação passa por aumentar o preço médio à saída da fábrica, que no último ano subiu apenas 5%, a APICCAPS continua a colocar na lista de prioridades a diversificação de destinos na exportação – os principais são França, Alemanha, Países Baixos (funciona como plataforma de acesso a outros mercados) e Espanha, que concentram perto de dois terços das vendas. Até setembro, os indicadores mais recentes do INE, Portugal exportou 61 milhões de pares de calçado, no valor de 1.537 milhões de euros, o que representa um crescimento de 22,5% face a igual período de 2021.

No plano estratégico traçado até ao fim da década, período em que a APICCAPS prevê um investimento de 600 milhões de investimento (140 milhões estão em curso com fundos do PRR), são apontados como consumidores potenciais do calçado português os que têm um rendimento per capita igual ou superior à média dos países da OCDE (cerca de 38.500 dólares), o que leva a associação sediada no Porto a mostrar num mapa as 145 cidades no mundo que devem ser consideradas prioritárias para a indústria nacional, 63% delas concentradas na Europa e nos Estados Unidos.

Outro destaque neste plano é a valorização da oferta portuguesa através da criação de marca, que viu a sua importância como argumento competitivo reforçado pela ascensão do comércio eletrónico. Segundo dados do Gabinete de Apoio à Propriedade Intelectual do Centro Tecnológico do Calçado, na última década foram criadas mais de 300 novas marcas de calçado no país. No entanto, reconhece a associação do setor, a criação da marca é “apenas o início de um processo e, em muitos casos, há todo um trabalho a desenvolver para assegurar a sua projeção internacional”.

A APICCAPS assume a dianteira com a criação do programa “Empreendedorismo de marca”, que vai apoiar o desenvolvimento de projetos de negócio assentes na utilização de marca própria, que terá de incluir um conjunto articulado de instrumentos:

  • Apoios ao empreendedorismo inicial com concursos de ideias, acompanhamento de projetos com apoios para a realização e implementação dos primeiros planos de ação ou com consultadoria especializada;
  • Mobilização de instrumentos de capital semente ou capital de risco para alavancar o processo de crescimento;
  • Disponibilização de apoios financeiros para os investimentos em promoção internacional dirigida aos clientes finais;
  • Programa de formação de quadros, de capacitação da gestão do topo e de mobilidade internacional com intercâmbio em diferentes áreas que permitam a redução do grave défice de competências de Portugal em todas as áreas de gestão ligadas às marcas.

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Processos burocráticos travam pequenos produtores de vender excedentes de energia

Pequenos produtores com excedentes de energia estão a "desistir" de vender a comercializadores devido ao processo de burocratização. Agentes do setor pedem maior agilização.

Os processos de licenciamento estão na origem das principais dificuldades da transição energética, em Portugal. E, apesar de os avanços registados até ao momento, continuam a ser insuficientes e representar um obstáculo deste processo no país.

“Diria que temos que resolver uma serie de problemas, e um deles, são os processos de licenciamentos”, começou por afirmar, João Marques Mendes, referindo que a nível europeu é recomendando que o processo decorra até a um máximo de três anos, mas que em Portugal essa não é a realidade. Para concretizar essa meta, recomenda, é necessário “reforçar as equipas nas administrações públicas” de forma a acelerar os licenciamentos.

“Hoje em dia isso não acontece. Precisamos de um reforço nesse sentido”, afirmou o sócio da PLMJ, durante a sua intervenção no Green Economy Forum, uma conferência do ECO/Capital Verde sobre Economia Verde e Finanças Sustentáveis, que decorreu esta segunda-feira no The Lodge Hotel, em Vila Nova de Gaia.

O CEO da Luzboa reitera o mesmo apelo, referindo que o atual peso da burocracia tem interferido no interesse, não só dos comercializadores, mas também dos consumidores no autoconsumo, alertando que atualmente um pequeno produtor que queira vender excesso de energia solar produzida, tem que passar por um processo burocrático semelhante ao de uma grande central solar. Essa realidade, relata o responsável, tem afastado os pequenos produtores de avançar com essas vendas.

Temos clientes que desistiram de vender energia por causa desse processo e esta não é altura de perdermos energia. Tem sido dito por todos no setor: é preciso desburocratizar”, referiu Pedro Morais Leitão. “Temos visto um esforço grande da parte do Governo em fazer esse acelerar para que não percamos o comboio das renováveis, mas é preciso fazer mais”, reiterou.

Segundo o responsável, neste momento, Luzboa compra excedentes de energia a 1,500 autoprodutores, sendo que só no último ano comprou mais de 5 gigawatts de eletricidade solar, uma aposta que permitiu colocar na economia “mais de meio milhão de euros”. Neste momento, relata o CEO da Luzboa, o número de auto produtores está próximo dos dois mil.

Quanto à possibilidade de os autoprodutores poderem armazenar a energia solar produzida em casa em baterias, o country director da Helexia refere que a nível do retorno no investimento “ainda é muito demorado” e os níveis de exploração da tecnologia ainda são “baixos”. “A venda de excedente é, realmente, uma das componentes a ajudar este tipo de investimento”, defende, Luís Pinho, durante a sua intervenção, reiterando que a “burocracia é tremenda”.

“Nota-se que há aqui algum esforço da parte do Governo”, diz, referindo que a partir de janeiro haverá uma isenção no IRS para os excedentes de produção mas que, ainda assim, continua a ser necessário “agilizar mais além”.

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