Do “IVA zero” ao cheque de 30 euros, as 6 medidas do Governo para enfrentar o aumento do custo de vida

  • ECO
  • 24 Março 2023

Governo anunciou um pacote de 2,5 mil milhões de euros de apoio às famílias portuguesas para mitigar o aumento do custo de vida. Conheça as seis medidas.

O Governo apresentou esta sexta-feira as seis medidas de apoio às famílias para mitigar o aumento do custo de vida. Do “IVA zero” num conjunto de bens essenciais ao cheque de 30 euros para as famílias vulneráveis, conheça as seis medidas.

O ministro das Finanças anunciou um pacote de 2,5 mil milhões de euros de apoio às famílias portuguesas, numa altura em que a inflação abrandou para 8,2% em fevereiro, mas em que a inflação produtos alimentares não transformados voltou a aumentar pelo terceiro mês consecutivo, fixando-se em 20,09%.

Por isso, Fernando Medina anunciou que está a negociar um acordo tripartido que envolve os setores da produção e o distribuição alimentar para a definição de um cabaz de bens essenciais que ficará isento de IVA. A medida vigorará entre abril e outubro e terá um impacto de 410 milhões de euros para os cofres do Estado.

Paralelamente, será dado um apoio direto à produção agrícola, para fazer face ao aumento do custo de produção. Medida está avaliada em 140 milhões de euros e tem um período de abrangência de todo o ano de 2023.

Já as “famílias vulneráveis” vão receber um apoio de 30 euros por mês ao longo de todo o ano, pago trimestralmente em prestações de 90 euros em abril (referente ao primeiro trimestre), junho, agosto e novembro. Paralelamente, o Executivo decidiu ainda dar um apoio adicional por criança ou jovem que beneficie de abono de família, “calculado de forma igual para todos”. Na prática, trata-se de uma majoração de 15 euros mensais, também pago trimestralmente. Este conjunto de medidas vai ter um custo de 580 milhões de euros e deverá beneficiar cerca de três milhões de pessoas.

E tal como já tinha sido preanunciado pelo primeiro-ministro (ainda que sem especificar detalhes), os funcionários públicos terão um aumento extraordinário do salário de 1% a partir de abril e um aumento do subsídio de refeição de 5,20 euros para seis euros por dia. Em causa estão 742 mil trabalhadores, sendo que o Governo estima gastar 195 milhões de euros com os aumentos salariais e 250 milhões com o acerto do subsídio de refeição.

No pacote de 2,5 mil milhões de euros, o Executivo contabiliza ainda 430 milhões de euros referentes a aumentos de algumas prestações sociais, como o IAS, RSI ou o CSI, sendo que estas medidas já eram conhecidas.

Veja aqui as medidas anunciadas:

 

 

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Patrões querem enviar novo Código do Trabalho para Tribunal Constitucional e pedem apoio dos deputados

Patrões consideram várias das alterações feitas ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda do Trabalho Digno, inconstitucionais e querem o apoio do Parlamento para pedir fiscalização sucessiva no TC.

O Conselho Nacional das Confederações Patronais (CNCP) quer voltar a discutir “a reorganização do trabalho” na Concertação Social depois do novo Código de Trabalho ter sido promulgado pelo Presidente da República, adianta João Vieira Lopes, à ECO Pessoas. Os patrões vão ainda avançar com reuniões com os grupos parlamentares. Querem que seja pedida a fiscalização sucessiva junto ao Tribunal Constitucional (TC) sobre o novo diploma.

A promulgação das alterações ao Código de Trabalho, no âmbito da Agenda do Trabalho Digno, pelo Presidente da República deixou os patrões desiludidos, mas não derrotados.

Os patrões consideram que algumas das alterações são inconstitucionais e, para isso, vão “pedir um parecer a um constitucionalista”, adianta Vieira Lopes, porta-voz do Conselho Nacional que reúne a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), a Confederação Empresarial de Portugal (CIP), a Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI) e a Confederação do Turismo de Portugal (CTP).

“Vamos ainda contactar os grupos parlamentares para explicar-lhes a nossa posição. Se 25 deputados apoiarem [estas posições] podem pedir a fiscalização sucessiva [da Lei] ao Tribunal Constitucional”, explica Vieira Lopes.

O CNCP quer ainda retomar a discussão sobre a reorganização do trabalho, com temas como as faltas ou o banco de horas, no seio da Concertação Social, cuja próxima reunião está prevista para o próximo dia 29.

“Vamos propor na Concertação Social, considerando as medidas de alteração ao Código de Trabalho, uma discussão sobre o tema da reorganização do trabalho”, adianta o porta-voz do Conselho Nacional.

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Publicidade exterior e digital podem ser grandes aliadas

Estudo concluiu que a publicidade exterior otimiza as campanhas feitas nas redes sociais. Os consumidores são mais atraídos pelas marcas quando já viram a publicidade em outdoors.

Existe uma relação entre a publicidade digital exterior e as campanhas desenvolvidas online. A visualização prévia da primeira otimiza o desempenho da segunda, aumentando a relevância da marca para os consumidores, afirma um estudo da Ocean Outdoor.

Naquele que é o quinto estudo de neurociência desenvolvido pela Ocean Outdoor nos últimos 10 anos, e visando testar a hipótese de que existe uma relação entre a publicidade digital exterior e as campanhas online, a Ocean analisou as respostas cerebrais a diferentes formas de campanhas partilhadas no TikTok e no Instagram.

Para isso recorreu a dois grupos de participantes, um sediado em Londres e outro em Manchester, num total de 138 participantes. Destes, todos viram o conteúdo publicitário das marcas partilhados por influenciadores nas redes sociais, bem como publicidade exterior da marca. No entanto, apenas metade dos participantes foi exposta a publicações nas redes sociais que apresentavam a mesma publicidade mostrada no exterior, de modo a que fosse possível avaliar-se as diferenças nas respostas cerebrais.

Em Londres, os participantes viram os anúncios nos ecrãs na Piccadilly Lights, enquanto em Manchester viram em dois ecrãs altos.

A análise permitiu concluir que a publicidade exterior otimiza as campanhas feitas através das redes sociais, com os consumidores a serem mais atraídos pelas marcas nas redes sociais quando já viram a publicidade em outdoors. Em Manchester verificou-se que esta abordagem refletiu um impacto positivo de 87% na aproximação da marca. A resposta emocional foi superior em 5% e o tempo de permanência no conteúdo disponibilizado online foi 1,3 vezes superior.

No grupo de estudo baseado em Londres, as campanhas que foram vistas em publicidades exteriores e depois através das redes sociais verificaram um aumento de 28% na aproximação da marca e 13% no envolvimento, quando comparadas com as campanhas disponibilizadas apenas online.

Outra conclusão que foi possível retirar foi que o conteúdo publicitado fisicamente no exterior por parte das marcas ajuda a fortalecer a relevância e familiaridade da marca para os consumidores enquanto os influenciadores e celebridades robustecem a autenticidade e entusiasmo da mesma.

Os resultados demonstraram também algumas inconsistências, nomeadamente na diferença entre as duas cidades inglesas. Steve Bernard, head of insight na Ocean Outdoor, disse à The Drum que os londrinos, em relação aos habitantes de Manchester, são mais atentos aos detalhes das publicações e mais propensos a não gostar das mesmas.

Bernard justifica estas incongruências com o facto de os londrinos serem sujeitos a uma dose maior de publicidade, pelo que a reação é “amortecida”. Neste sentido, “em Londres, encararemos a abordagem como indicador principal e faremos com que a publicidade seja mais agradável e acolhedora (…) enquanto em Manchester vamo-nos focar no envolvimento e em desenvolver relações a longo prazo”, afirmou.

Phil Hall, CEO da Ocean Outdoor, explica que estes estudos ajudam a demonstrar o aumento dos KPI (key performance indicator/indicadores-chave de desempenho) possíveis através do cruzamento entre formas de comunicação. “A hipótese é que os participantes reagem positivamente ao ver uma marca num ecrã que reconhecem e que é local para eles. É provável que sintam que a marca fez um esforço para os alcançar e sintam uma maior afinidade com ela“, afirma à The Drum.

Hall refere ainda que vários clientes e agências têm equipas inteiras dedicadas a otimizar cada faceta das redes sociais e que o estudo mostra um nova e importante contribuição: que investir em publicidade exterior ajuda a ganhar a confiança adquirida através de campanhas feitas no mundo real e a otimizar as campanhas nas redes sociais.

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Sérgio Monteiro diz que uso de fundos da Airbus na privatização da TAP em 2015 “não preocupou” Governo

O antigo secretário de Estado das Infraestruturas defende que a TAP não tinha capacidade para fazer o negócio de compra de aviões à Airbus feito por David Neeleman.

Sérgio Monteiro, o secretário de Estado das Infraestruturas que protagonizou o processo de privatização da TAP em 2015, diz que a utilização de fundos da Airbus pela Atlantic Gateway não preocupou o Governo e justificou-a com a situação de quase rutura financeira da empresa. Remete para a Parpública e a companhia aérea a garantia de que a capitalização cumpriu a legislação.

Uma análise legal da Serra Lopes, Cortes Martins & Associados (SLCM), revelada pelo ECO, concluiu que os 226,75 milhões de dólares em prestações suplementares que o empresário de nacionalidade norte-americana e brasileira colocou na TAP SGPS, e que garantiram a privatização, vieram diretamente da Airbus.

O dinheiro, os chamados “Fundos Airbus”, terá sido entregue em contrapartida de um negócio de compra de 53 aviões ao fabricante europeu, fechado pelo próprio David Neeleman, e que segundo os advogados pôs a companhia aérea a pagar a sua própria capitalização, violando o Código das Sociedades Comerciais. O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) tem já a decorrer um inquérito com base nestes indícios.

O antigo governante defendeu perante os deputados da Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação a normalidade e legalidade do processo. “Chamar fundos Airbus parece que tem uma origem duvidosa ou que é estranho um fornecedor financiar, no sentido de entregar por conta do rappel comercial de uma encomenda. Parece que nunca aconteceu que quem compra 10 máquinas não tenha apoio do vendedor para essa compra de uma encomenda grande”, afirmou Sérgio Monteiro. “Serem fundos Airbus não nos preocupou. A TAP preferiu a proposta da Atlantic Gateway, sem reservas, e foi a isso que o Estado aderiu”, acrescentou.

Na altura a TAP desistiu do contrato para o leasing de 12 aeronaves A350 e celebrou um novo para 53 novos aviões, que poderá ter lesado a TAP num valor que ascende a 444 milhões de euros, segundo uma análise da consultora Airborne, com a companhia portuguesa a pagar mais entre 3% e 38% do que a concorrência para as mesmas aeronaves.

O antigo secretário de Estado de António Pires de Lima assumiu que “o valor intrínseco” da desistência do contrato dos A350 não cobria o valor da capitalização feita por David Neeleman, e que “a encomenda dos 53 aviões teve um papel fundamental nos fundos Airbus”. O volume da encomenda é muito grande e portanto dá origem a um rappel maior. É como comparar uma mercearia a comprar Coca-Cola e o Continente a comprar Coca-Cola”.

Sérgio Monteiro sustentou também que a TAP não podia fazer o acordo com a Airbus protagonizado por David Neeleman. “Pode a TAP pública fazer este negócio? Não, de forma nenhuma. Não podia pagar 12 aviões, quanto mais 53. Isso ficou à evidência pelas dificuldades de tesouraria”, sustentou. O antigo secretário de Estado assinalou que a TAP, em 2015, “devia combustível à Galp, taxas aeroportuárias, devia a agências de viagem” e estava em risco de incumprimento com a Airbus.

Ainda bem que David Neeleman encontrou uma entidade que confiou nele o suficiente para lhe entregar um valor que depois foi injetado na TAP e permitiu salvar milhares de postos de trabalho, pagar a fornecedores e assegurar a viabilidade da companhia”, afirmou Sérgio Monteiro.

Para o antigo governante a capitalização é legal porque aconteceu num contexto de perenidade, dado que os fundos colocados pela Atlantic Gateway só podiam ser reembolsados passados 30 anos. “A capitalização foi considerada, por todas as entidades, legal. O Governo não disse ‘esta capitalização é legal’. Perguntou a quem tinha a responsabilidade da condução [do processo] se era legal ou não. A Parpública e a TAP acautelaram-se com as opiniões que entenderam. Disseram ao Estado é legal e a privatização avançou“, disse.

Sérgio Monteiro lembrou também que a auditoria do Tribunal de Contas de 2018 não pôs em causa a capitalização em 2015 e concluiu que ela permitiu viabilizar uma empresa considerada estratégica. Sobre o valor excessivo que a TAP estará a pagar pelos 53 aviões, Sérgio Monteiro afirmou que “em 2019, quatro anos depois de sermos Governo, o valor que a TAP e a Air France e a KLM pagavam pelos aviões era igual. Só a Iberia era ligeiramente abaixo. Só falta dizer que em 2022 ainda é culpa nossa”.

Sérgio Monteiro referiu no Parlamento que a Parpública recebeu a 16 de outubro uma comunicação formal da Airbus com três avaliações do contrato para a compra dos 53 aviões indicando uma poupança e não um sobrecusto face ao valor de mercado. “Toda a informação disponível era não só de que não estavam acima do mercado, mas estavam a desconto. Indicavam um valor abaixo de mercado de 233,4 milhões de dólares, em média“, precisou. “É com estes dados que se toma a decisão de dia 12” de novembro.

A Airborne contestou o cálculo dos valores de mercado apresentados para comparação à altura, desde logo por considerarem a entrega de todas as aeronaves em 2015, quando as primeiras entregas ocorreram entre 2016 e 2018. De acordo com o calendário previsto, a transportadora aérea tem ainda a receber 14 aviões, seis este ano, quatro em 2024 e mais quatro em 2025.

Governo PSD tentou vender duas vezes ME Brasil

O antigo secretário de Estado das Infraestruturas foi ainda questionado pelos deputados sobre a Manutenção e Engenharia Brasil (ME Brasil), já liquidada depois da TAP reconhecer uma perda de 1.024,9 milhões de euros em 2021. Sérgio Monteiro revelou que tentou vender por duas vezes o negócio.

Nunca dissemos que a ME Brasil era um ativo estratégico. Era justificado dentro da TAP como a forma de fazer crescer a operação no Brasil. Não tenho claro para mim que fosse essencial, senão qualquer companhia para crescer no Brasil tinha de ter uma operação de manutenção e engenharia. Não me parece ser o caso”, respondeu aos deputados.

Dei por duas vezes orientações ao conselho de administração da TAP para tentar vender. Organizaram-se dois processos que não foram bem-sucedidos. Em 2015, pedi à tutela financeira para proibir remessas de receitas de Portugal para o Brasil. O Brasil era um sorvedouro. Tinha contingências laborais muito grandes tendo em conta a pouca atividade da ME Brasil”, justificou.

O encerramento também foi ponderado, disse Sérgio Monteiro, acrescentando que não ficou surpreendido com os mil milhões de euros de perdas registadas. “Optámos por não nacionalizar esse buraco. Passámos para o parceiro privado. Não o nacionalizámos” como fez o atual Governo.

Além de Sérgio Monteiro, o PS requereu ainda a audição de Miguel Pinto Luz, antigo secretário de Estado das Infraestrutures, Isabel Castelo Branco, ex-secretária de Estado do Tesouro e António Pires de Lima, antigo ministro da Economia. Este último será ouvido no próximo dia 4 de abril.

(notícia atualizada às 19h25)

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Supremo mantém penas de prisão de antigos administradores do BPN

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) decidiu manter as penas de prisão de 10 anos de cadeia de dois ex-administradores do BPN, Francisco Sanches e Luís Caprichoso.

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) decidiu manter as penas de prisão de 10 anos de cadeia de Francisco Sanches, ex-administrador do BPN, e Luís Caprichoso, antigo responsável pela área financeira da SLN, avançou a SIC Notícias. Os dois antigos administradores do BPN enfrentam ainda as condenações no processo principal da queda do BPN.

Este caso envolve ainda o ex-ministro da Saúde Arlindo de Carvalho e um sócio de uma imobiliária, ambos condenados a seis anos de prisão e a aguardar decisão do Tribunal Constitucional.

Em maio de 2017, Francisco Sanches e Luís Caprichoso foram condenados, juntamente com Oliveira e Costa, já falecido, e José Vaz Mascarenhas, ex-presidente do Banco Insular. O tribunal considerou que as suas condutas foram especialmente graves.

Na altura, o presidente do coletivo de juízes considerou o caso BPN a “maior burla da história da Justiça portuguesa”. O tribunal culpou Oliveira e Costa por ter sido responsável por um esquema fraudulento que envolveu outras personalidades como Luís Caprichoso, José Vaz Mascarenhas e Francisco Sanches. Os quatro assumiram responsabilidade central no desvio de nove mil milhões de euros do grupo, considerou o tribunal.

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Gasóleo desce 0,5 cêntimos na próxima semana, mas a gasolina sobe 1,5 cêntimos

Entre 27 a 31 de março, o preço do gasóleo vai baixar 0,5 cêntimos por litro, enquanto a gasolina vai registar uma subida de 1,5 cêntimos.

Na próxima semana, se for abastecer, fique a saber que os preços dos combustíveis vão voltar a mexer. Enquanto o preço da gasolina vai aumentar a partir de segunda-feira, depois de na semana passada ter registado uma descida, o gasóleo vai ficar mais barato.

Fonte do setor revela ao ECO que o preço do gasóleo deverá baixar 0,5 cêntimos por litro, já no próximo dia 27 de março, enquanto a gasolina vai registar uma subida de 1,5 cêntimos por litro.

Feitas as contas, entre 27 a 31 de março, os consumidores deverão contar pagar 1,462 euros por litro de gasóleo simples, e 1,668 euros por litro de gasolina simples 95, de acordo com os valores médios praticados nas bombas na semana passada, publicados pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG).

Estes preços já têm em conta os descontos aplicados pelas gasolineiras, mas os valores cobrados ao consumidor final podem variar consoante o posto de abastecimento. E têm também em conta a revisão das medidas fiscais temporárias para ajudar a mitigar o aumento do preço dos combustíveis, que são atualizadas no início de cada mês. Em março, o efeito do mecanismo de compensação aplicado ditou uma redução do desconto no ISP de 1,9 cêntimos no gasóleo e de 0,9 cêntimos na gasolina, face a fevereiro.

A descida de 0,5 cêntimos no diesel e 1,5 cêntimos na gasolina na próxima semana semana surge depois do litro de diesel e da gasolina terem ficado 3,7 cêntimos e 3,1 cêntimos, mais baratos, respetivamente, esta semana.

 

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“Tardia” e “paliativo”. Patrões e sindicatos criticam medidas do Governo

  • Lusa e ECO
  • 24 Março 2023

A pressão sobre as famílias e empresas "tornou esta medida essencial e inadiável", disse António Saraiva. Já a Frente Comum diz que o anúncio de novo aumento para a Função Pública é "insuficiente".

O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) afirmou esta sexta-feira que a medida anunciada pelo Governo de redução do IVA nos bens essenciais é “ajustada”, mas “tardia”, defendendo que a tributação imposta às famílias e empresas portuguesas era “excessiva”. Já a Frente Comum classifica de “paliativo” o novo aumento salarial de 1% anunciado pelo Governo.

Leia abaixo a reação, até ao momento, dos patrões e sindicatos:

Redução do IVA nos bens essenciais é “ajustada”, mas “tardia”

“Num momento de enormes dificuldades e ainda maior incerteza, a redução do IVA nos bens essenciais parece-nos ajustada, embora tardia”, afirmou António Saraiva, em reação às medidas de apoio anunciadas pelo Governo. Em resposta à agência Lusa, o presidente da CIP destacou ter avisado o Governo “em devido tempo” de que, apesar do equilíbrio das finanças públicas ser “de extrema relevância”, a pressão sobre as famílias e empresas “tornou esta medida essencial e inadiável”.

“A tributação que Portugal impõe às empresas e às famílias já era apontada como sendo excessiva quando comparada com os nossos concorrentes”, defendeu, realçando que a inflação “tornou este sobrepeso ainda mais evidente”.

O Governo anunciou “apoios adicionais” na ordem dos 2,5 mil milhões de euros, que abrangem o IVA zero para alguns bens alimentares essenciais, o aumento em um por cento dos trabalhadores da administração pública, assim como apoios diversos às famílias mais vulneráveis e à produção agrícola.

CGTP diz que “pacotinho” do Governo “passa ao lado” das soluções para problemas

A secretária-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) disse que o “pacotinho” de medidas que o Governo apresentou para responder ao aumento do custo de vida “passa ao lado” das soluções para os problemas que Portugal vive.

“O que ressalta imediatamente quando o Governo anuncia estas medidas é que o Governo passa ao lado daquilo que são as soluções para os problemas que estamos a viver, designadamente, o aumento geral dos salários de todos os trabalhadores, o aumento do salário mínimo nacional, o aumento das pensões de reforma e o controle dos preços, com efetiva taxação dos lucros brutais que as grandes empresas e grupos económicos estão a ter”, declarou Isabel Camarinha.

Em declarações por telefone à agência Lusa no âmbito do anúncio das medidas de resposta do Governo face ao aumento do custo de vida, a líder da CGTP considerou que o pacote de medidas vem reforçar a importância da luta dos “trabalhadores, reformados e pensionistas” para se “conseguir alterar este estado de coisas”.

O apelo que a CGTP faz é continuarmos a fazer crescer esta luta, porque mesmo este pacotinho que o Governo apresenta é já também para parecer que está a dar alguma resposta à luta que tem vindo a ser desenvolvida e que tem aumentado como vimos na manifestação que realizámos no passado sábado, dia 18, com milhares de trabalhadores a exigirem soluções para os problemas que estão a atravessar”, observou.

Isabel Camarinha fala em medidas “assistencialistas” e num “desequilíbrio” por não dirigir as medidas “a quem de facto devem ser dirigidas”, referindo-se, por exemplo, ao cabaz alimentar com zero por cento de IVA, deixando intocados os lucros das empresas de distribuição.

O Governo mais uma vez opta por, ao invés de resolver o problema, está neste assistencialismo, que não resolve os problemas, como já fez anteriormente”, disse, recordando que mais de um milhão de famílias portuguesas estão em situação de “vulnerabilidade extrema”, o que se torna no “espelho das políticas” que têm vindo a ser tomadas e que “não garantem uma distribuição da riqueza que permita que no nosso país se possa viver com dignidade”.

Sobre o cabaz alimentar com IVA zero, Isabel Camarinha explica que se está apenas a mexer no imposto, mas não nos “milhares de milhões de euros de lucro” das empresas de distribuição alimentar, recordando que esta quinta-feira a Jerónimo Martins apresentava resultados de 2022 de 600 milhões de lucro. E a redução do IVA vai deixar “intocados esses lucros e vai manter a possibilidade de continuarem com a especulação que têm efetuado relativamente ao aumento dos preços”, disse.

Sobre o apoio de 140 milhões de euros ao setor agrícola, que o Governo anunciou hoje, Isabel Camarinha tem dúvidas sobre quem é que vai beneficiar desse apoio, referindo que estes apoios têm sido “aproveitados pelas grandes empresas e pelos grandes agrários” e não pelos pequenos, que são quem também está aflito neste momento com a situação que se vive.

Novo aumento salarial é “paliativo” e não repõe poder de compra, diz Frente Comum

A Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública considerou esta sexta que o aumento salarial adicional de 1% anunciado pelo Governo para responder à inflação é um “paliativo” que está longe de repor a perda de poder de compra.

Entre as medidas anunciadas pelo Governo para mitigar o impacto do aumento do custo de vida, está um novo aumento salarial de 1% para a função pública, “continuam a ser muito insuficientes face às reais necessidades que existem”, disse o dirigente da Frente Comum Alcides Teles, em declarações à Lusa.

Os trabalhadores perderam salário em 2022 e vão continuar a perder salário em 2023, apesar destes paliativos que o Governo hoje veio apresentar”, considerou Alcides Teles. O sindicalista referiu que em 2022 a inflação fixou-se em 7,8% e os trabalhadores da administração pública tiveram um aumento salarial de 0,9%, o que significa que “perderam 6,9% de salário durante todo o ano passado”.

Já em 2023, com as atualizações salariais e o novo aumento do subsídio de refeição, de 5,20 para seis euros, o Governo aponta agora para um crescimento de 4,1%, “o que fica muito longe de repor aquilo que se perdeu”, uma vez que a inflação é superior, disse ainda o dirigente da Frente Comum.

“Entendemos que há condições e hoje provou-se que há condições, há dinheiro. Havendo dinheiro, que se valorize o trabalho e os trabalhadores, pelo menos naquilo que têm perdido e daí termos a proposta da Frente Comum de, no mínimo, 100 euros por trabalhador. Quanto à subida do valor do subsídio de alimentação, o sindicalista indicou que “é um aumento de 80 cêntimos por dia”, o que equivale a “um café”.

PRO.VAR quer redução do IVA da restauração e fechar dossiê covid-19

Já a associação PRO.VAR, da área da restauração, reclama em comunicado “duas medidas, a redução do IVA da restauração e o encerramento do dossiê pandemia covid-19, com zero perdas”. A associação considera que “a descida do IVA da restauração, na componente das comidas, deveria ter sido considerada, em simultâneo, com a redução do IVA nos produtos alimentares”.

“O Governo, ao reduzir apenas o IVA dos produtos alimentares, provoca o efeito de desincentivar o consumo nos restaurantes”, algo que, segundo a PRO.VAR, “será mais um contributo para a perda de competitividade da atividade e do setor do turismo em geral, o aumento de falências e o despedimento de milhares de trabalhadores”.

Para a PRO.VAR, a descida do IVA na restauração teria dois efeitos positivos: “a viabilidade dos negócios, pois a medida permitirá reduzir o impacto negativo da inflação das matérias-primas e de outros custos de fatores de produção”, e “uma redução de preços ao consumidor”.

“Outra exigência do setor prende-se com a compensação dos prejuízos no período da pandemia covid-19”, referindo a associação que os apoios “acabaram por ser escassos ou por nunca chegar”, e que “os restaurantes aguardam pelas contas finais para fecharem este dossiê”.

Fesap e STE querem aumentos retroativos a janeiro

A Federação de Sindicatos da Administração Pública (Fesap) e o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), da UGT, defenderam que o aumento salarial adicional e a subida do subsídio de alimentação devem ser retroativos a janeiro.

O líder da Fesap e vice-presidente da UGT, José Abraão, considerou que “as medidas são sempre insuficientes” face à “enorme inflação” e às atualizações salariais dos últimos anos, mas valorizou o facto de o Governo ter revisto o acordo assinado em outubro com as duas estruturas sindicais da UGT.

Para José Abraão, o aumento salarial adicional em 1% para a função pública “não é tudo, mas é importante porque é para todos os trabalhadores e vai melhorar a remuneração base na administração pública, que vai para cerca de 770 euros, e também quem teve aumentos de 2%, que vai passar a ter 3,5%” por consequência da subida do subsídio de refeição, dos atuais 5,20 euros para seis euros.

Na próxima quarta-feira os sindicatos vão ser recebidos no Ministério da Presidência, que tem a tutela da administração pública, e o líder da Fesap espera que as medidas sejam “concretamente operacionaliadas” e que haja retroatividade nos salários e no subsídio de refeição a janeiro de 2023.

“Se é para corrigir o que estava no acordo, ele entrou em vigor no dia 01 de janeiro e é aí que estas medidas devem incidir”, defendeu o dirigente sindical. Também a presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), Helena Rodrigues, disse que na reunião com o Governo vai propor a retroatividade das medidas a janeiro.

“No dia 29, na reunião negocial que vamos ter com o Governo, se é uma reunião negocial, temos novas coisas a acrescentar, ou seja, que o efeito [das medidas] seja a janeiro de 2023, mas também que se tenha em conta – e penso que o Governo já referiu essa possibilidade – acelerar as progressões na carreira”, afirmou Helena Rodrigues.

A dirigente sindical disse ainda que o STE “ficou agradavelmente surpreendido” com as medidas, considerando “positivo” o facto de o Governo “ter cumprido o acordo” ao corrigir as atualizações salariais face à subida da inflação.

(atualizado às 18h38 com mais informação)

 

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Redação do Les Echos em protesto pelo afastamento de editor

Os jornalistas do Les Echos suspeitam que o afastamento do editor Nicolas Barré está relacionado com uma crítica a um livro sobre Vincent Bolloré, um empresário bilionário e patrão dos media.

Os jornalistas do Les Echos, o maior jornal económico francês, encontram-se em protesto devido ao afastamento do editor-chefe do título. Nicolas Barré terá sido afastado pelo bilionário Bernard Arnault, dono do jornal, decisão que de acordo com a redação coloca em causa a independência editorial.

Como forma de mostrarem o seu descontentamento com esta “partida forçada”, os jornalistas franceses não vão assinar os seus artigos durante 24 horas, tanto na versão online como na versão impressa do jornal, adianta o Financial Times.

Estamos a realizar esta ação durante 24 horas de forma a destacar a nossa determinação e raiva para com o proprietário que não respeitou a independência da nossa publicação“, explicou Leila de Comarmond, presidente da associação de jornalistas de Les Echos, segundo a qual a “grande maioria” dos jornalistas iria aderir ao protesto.

Para a associação de jornalistas, a empresa “não pode mascarar a realidade” de que o editor foi “afastado pelo proprietário, contra as garantias de independência negociadas” na altura da compra do jornal à editora britânica Pearson, por parte do grupo LVMH, detido por Arnault.

Os jornalistas do Les Echos suspeitam que o afastamento de Nicolas Barré está relacionado com uma crítica a um livro que fala de Vincent Bolloré, um empresário bilionário e patrão dos media, revela o Financial Times, acrescentando que a LVMH se recusou a comentar o assunto. O livro em causa é o “Histoire d’un ogre”, da autoria de Erik Orsenna.

Num comunicado divulgado esta quarta-feira é afirmado que Nicolas Barré vai perseguir novos desafios num novo cargo dentro da empresa, adiantando que a vaga deixada pelo editor será ocupada interinamente pelo seu adjunto, François Vidal, até à nomeação de um novo editor-chefe.

“Estou muito contente que o Nicolas Barré tenha escolhido perseguir novas oportunidades dentro do grupo num novo papel. Quero agradecer-lhe pelo seu trabalho de liderança editorial ao longo da última década, onde provou o seu grande valor com editor e gestor”, refere Arnault, citado no comunicado.

Contactado, Nicolas Barré não respondeu a um pedido para comentar a situação, refere o Financial Times.

Além do Les Echos, a LVMH, a maior empresa de artigos de luxo do mundo, detentora de marcas como a Louis Vitton, Sephora ou Dior – propriedade de Bernard Arnault – tem também o jornal Le Parisien.

Até há pouco tempo, Arnault era o homem mais rico do mundo, tendo perdido o pódio para Elon Musk dois meses depois de lhe o ter conquistado. O dono da Louis Vuitton tinha no início do ano a fortuna avaliada em 174,7 mil milhões de euros.

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Deloitte volta a distinguir boas práticas no mercado de capitais. Candidaturas aos IRGAwards abertas até 31 de março

Os IRGAwards têm com objetivo distinguir as boas práticas no desenvolvimento do mercado de capitais, rumo a um mercado mais eficiente, transparente e socialmente responsável.

Estão abertas as candidaturas aos “Investor Relations and Governance Awards” (IRGAwards), nas categorias de “Sustainability Initiative Award” e “Transformation Award”. No ano em que se assinala a 35.ª edição da iniciativa, as duas categorias de prémios vão, novamente, reconhecer iniciativas com impacto no desenvolvimento do mercado empresarial português, iniciado em 2022. Os interessados têm até 31 de março para submeter a sua candidatura.

“Na categoria de ‘Sustainability Initiative Award’ são elegíveis as iniciativas que tenham tido um impacto significativo na melhoria das condições do governo societário ou do mercado, visando nomeadamente atender à responsabilidade pelos impactos sociais e ambientais da atividade empresarial”, começa por explicar a Deloitte, que promove a iniciativa há mais de 30 anos em Portugal, citada em comunicado.

“Com o propósito de reconhecer os exemplos de boas práticas empresariais numa área crítica para as organizações são elegíveis, na categoria de ‘Transformation Award’, os projetos que tenham tido impacto significativo na transformação das atividades ou do negócio das empresas”, complementa.

Os IRGAwards têm com objetivo distinguir as boas práticas no desenvolvimento do mercado de capitais, no sentido de contribuírem para tornar o mercado mais eficiente, transparente e socialmente responsável.

Para mais informações sobre o processo de candidatura, consulte o regulamento, descarregue o guia de candidatura e os formulários de candidatura (aoSustainability Initiative Award” e ao Transformation Award”).

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Pagar pelo lixo que se faz. Tarifários de resíduos vão mudar, e possivelmente ficar mais caros

O plano estratégico para os resíduos até 2030 prevê mudanças na forma como são cobrados estes serviços. E contém alguns alertas sobre previsíveis aumentos nos preços.

O Governo quer repensar os tarifários aplicados à gestão de resíduos, de forma a recuperar os custos do serviço – algo que hoje, por regra, não acontece. Até 2030, o plano é que quem produz lixo pague consoante as quantidades que produz. E, antes disso, pretende-se aplicar o mesmo princípio à indústria, comércio e restauração. As tarifas poderão, conteúdo, ficar mais caras na sequência destas medidas, alerta o Governo. Em sentido oposto, planeia colocar os resíduos “a render”, no sentido de os aproveitar para a produção de energia, por exemplo.

Em 2020, 173 entidades gestoras (74 %) não recuperaram os custos com a prestação do serviço de resíduos urbanos, e não é conhecida a cobertura de gastos de 34 entidades gestoras. Mas “os tarifários devem permitir a recuperação tendencial dos custos” inerentes aos serviços prestados, “salvaguardando a acessibilidade económica dos utilizadores”, lê-se no Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos (PERSU) 2030.

Para isso, o Governo considera “premente” que o sistema tarifário seja dissociado do consumo de água – hoje em dia, o preço pago pelos resíduos está indexado ao consumo de água, apesar de este não ter influência na gestão de resíduos. A única relação que estes dois serviços têm é serem cobrados na mesma fatura. Assim, o PERSU 2030 prevê medidas de apoio aos municípios, para melhor conduzir o processo de desindexação da tarifa ao consumo de água, a sua aplicação direta aos resíduos produzidos, ao mesmo tempo que se incentiva à separação.

Como? Através da aplicação do princípio PAYT – Pay as You Throw [Paga à medida que deitas fora, numa tradução livre para português]. “Este sistema configura uma efetiva aplicação do princípio do poluidor-pagador, responsabilizando o munícipe pelos resíduos produzidos”, explica o documento. “Não obstante, sendo possível que o valor da tarifa a pagar seja superior ao cobrado atualmente, é expectável numa fase inicial alguma resistência à mudança”, ressalva.

A partir de janeiro de 2025, deve passar a ser obrigatória a aplicação de regimes PAYT (ou equivalentes) junto do comércio, restauração e indústria. Uma prática que deverá ser estendida a todos os produtores a partir de 1 de janeiro de 2030.

Mas há mais metas neste âmbito. O PERSU prevê que a Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Saneamento (ERSAR) apresente, ainda em 2023, a Revisão do Regulamento Tarifário da ERSAR, e que elabore um estudo para apoiar os municípios na implementação da tarifa diretamente sobre a quantidade de resíduos produzidos, e não por indexação ao consumo de água. Até 2025, espera-se que 50% dos municípios aderentes e 75% da população abrangida por modelos PAYT apliquem o princípio do poluidor-pagador, através da diferenciação de sistemas tarifários (fixo ou variável), consoante produção e destinos.

Ainda em 2023, terá de ser feita uma “promoção da aplicação de tarifários que assegurem a cobertura integral dos custos” em 20% dos municípios, considerando os critérios de acessibilidade económica ao serviço e a adoção de tarifários especiais e nível de rendimento. A percentagem deverá subir para 50% em 2026 e atingir os 70% em 2030.

Aproveitar os resíduos para produzir energia

Por forma a evitar aumentos significativos na tarifa, que se prevê poderem acentuar -se nos próximos anos, importa assegurar a obtenção de receitas”, refere o mesmo plano. Para isso, é necessário “assegurar a valorização” dos produtos que resultam do tratamento dos resíduos urbanos.

Nesse sentido, são apresentadas várias medidas, entre elas a reavaliação do processo remuneratório da produção de energia a partir de resíduos. Já terão sido submetidas ao Governo propostas de atuação, em particular no que diz respeito à remuneração do biometano que é produzido no processo de valorização de biorresíduos, mas que não são detalhadas no PERSU. Um diploma neste âmbito, da remuneração da produção de energia a partir de resíduos, deverá ser publicado em 2023.

"Por forma a evitar aumentos significativos na tarifa, que se prevê poderem acentuar -se nos próximos anos, importa assegurar a obtenção de receitas.”

PERSU

“Importa também explorar a possibilidade de os aterros que não possuem aproveitamento de biogás, mas para os quais exista viabilidade, possam alavancar investimentos para a sua captura e conversão em bioprodutos, como sejam combustíveis para frotas automóveis ou outras utilizações, em simbiose industrial”, lê-se no plano estratégico.

Linhas orientadoras deverão ser disponibilizadas até 2024 para que possam ser construídas ou melhoradas infraestruturas, permitindo uma produção de biogás e injeção na rede sustentável a nível local.

Por fim, o plano prevê que sejam identificadas e concretizadas potenciais sinergias entre as entidades de gestão de resíduos urbanos e os produtores de combustível derivado de resíduos (CDR), até 2024. Em 2025, quer-se que a totalidade destes combustíveis seja escoado.

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Défice é uma “boa notícia”, diz Marcelo que elogia Medina por medidas “tomadas no momento adequado”

Chefe de Estado classificou de "boa notícia" o facto de o défice das contas públicas ter encolhido para 0,4% em 2022 e elogiou o ministro das Finanças pelas medidas tomadas para combater a inflação.

O Presidente da República classificou esta sexta-feira como “boa notícia” o facto de o défice das contas públicas ter encolhido para 0,4% em 2022 e elogiou o ministro das Finanças pelas medidas tomadas para mitigar a subida do custo de vida.

Marcelo Rebelo de Sousa classificou como “boa notícia” o défice ter diminuído para 0,4% no ano passado, – bem abaixo das estimativas do Governo no OE que apontava para 1,9%, mas que em dezembro o primeiro-ministro corrigiu o número para 1,4% a 1,5%), – assim como as projeções do Banco de Portugal que apontam um crescimento da economia portuguesa de 1,8% este ano. “Portanto, há uma folga para tomar medidas”, realçou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações transmitidas pela RTP3, a partir da cimeira Ibero-Americana, que decorre na República Dominicana.

Para o Chefe de Estado, o pacote de 2,5 mil milhões de euros de apoio às famílias portuguesas anunciado esta sexta-feira pelo Executivo abrange “quatro setores fundamentais”: os bens alimentares, através de uma isenção do IVA sobre um cabaz de produtos que ainda irá ser definido, medidas de apoio à agricultura, “medidas de diretas de apoio ao bolso das famílias” e tem ainda a “preocupação de completar isso com um aumento extraordinário dos funcionários públicos”, resume.

“Da mesma maneira que critico o que é para criticar, elogio o que é de elogiar. Já elogiei o ministro Fernando Medina há pouco porque [as medidas] foram bem tomadas e num momento adequado”, enalteceu Marcelo Rebelo de Sousa. O Presidente da República referiu ainda que a razão pela qual estas medidas só foram anunciadas agora “é dupla”, dado que, por um lado, “só agora se soube que a folga [orçamental] é muito superior àquilo que se esperava” e, por outro, já é dado como certo que “para já” não haverá uma quebra na inflação.

Questionado pelos jornalistas sobre se estas medidas serão suficientes, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que “isso ninguém sabe”, mas são “o que é possível para este momento”. “Se são suficientes depende da evolução do Orçamento no futuro e depende, sobretudo, da inflação quebrar ou não quebrar”, ripostou.

Já sobre o “IVA zero” num cabaz de produtos de bens essenciais elencou que a medida “pode ter maior ou menor sucesso”, dependendo do “tipo de produtos e da resposta do mercado”.

(Notícia atualizada pela última vez às 16h19)

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Abandono escolar diminui 17 pontos percentuais em 11 anos. Portugal já ultrapassa meta da UE para 2030

Com uma taxa de abandono escolar em 2022 fixada nos 6%, Portugal já ultrapassou a meta de 9% estabelecida pela União Europeia até 2030.

O abandono escolar em Portugal tem vindo a diminuir ao longo da última década. Em 2022, apenas 6% dos jovens entre os 18 e os 24 anos não tinham completado o ensino secundário e não se encontravam a estudar nem participaram em qualquer tipo de formação. Em 2011, o mesmo indicador fixava-se nos 23%, o que significa que, em 11 anos, a taxa de abandono escolar diminui 17 pontos percentuais. Com estes valores, Portugal já ultrapassou a meta europeia de 9% prevista para 2030, mostram os dados publicados pela Fundação José Neves (FJN).

“O decréscimo do abandono escolar precoce na última década representa um dos progressos mais relevantes na educação em Portugal. Esta evolução é particularmente positiva e está associada às melhorias verificadas na conclusão do ensino secundário e da progressão para o ensino superior”, refere a Fundação José Neves.

A redução do abandono precoce está certamente associada ao alargamento da escolaridade obrigatória até aos 18 anos de idade (medida que data de 2009) e à expansão da via profissionalizante do ensino secundário”, acrescenta ainda, em comunicado.

A taxa de abandono escolar precoce foi, em 2022, tal como nos anos anteriores, significativamente mais baixa nas mulheres (3,9%) do que nos homens (7,9%). Não obstante, a diferença na taxa de abandono precoce da educação ou formação entre homens e mulheres tem vido a decrescer (de 10,4 pontos percentuais, em 2011, para 4 pontos percentuais, em 2022).

A União Europeia estabeleceu como meta para 2030 que a taxa de abandono escolar precoce se situasse abaixo dos 9%. Quer nos homens, como nas mulheres, a taxa de abandono escolar precoce em Portugal registou um desempenho acima da média europeia, tendo já ultrapassado o valor estabelecido.

A diminuição da taxa de abandono escolar ao longo da última década esconde, contudo, diferenças regionais significativas. Em 2021, a taxa de abandono na Região Autónoma dos Açores foi de 23,2%, quase quatro vezes superior à média nacional no mesmo ano (5,9%). Só a Área Metropolitana de Lisboa e a região Norte registaram, em 2021, taxas de abandono escolar inferiores a 6%.

Consulte o relatório da FJN na íntegra aqui.

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