5 coisas que vão marcar o dia

O INE divulga os dados sobre a inflação e relativos ao volume de negócios, emprego, remunerações e horas trabalhadas nos serviços. A Jerónimo Martins apresenta um update operacional sobre as vendas.

O Instituto Nacional de Estatística divulga os dados finais relativos ao Índice de Preços no Consumidor em dezembro de 2021, bem como os dados referentes ao volume de negócios, emprego, remunerações e horas trabalhadas nos serviços. No plano empresarial, a Jerónimo Martins vai apresentar o update operacional. Há nova ronda de debates rumo às legislativas de 30 de janeiro.

Como evolui a inflação?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga esta quarta-feira os dados finais relativos ao Índice de Preços no Consumidor (IPC) referentes a dezembro, que permitem medir o pulso à inflação durante 2021. De acordo com as estimativas rápidas do gabinete de estatística, os preços em Portugal voltaram a acelerar em dezembro, com o índice de preços no consumidor a subir 2,8%. A taxa de inflação terá ficado, em média, nos 1,3% em 2021.

Efeitos da pandemia nos serviços

Além do IPC, o INE divulga os dados relativos ao índice de volume de negócios, emprego, remunerações e horas trabalhadas nos serviços, relativos a novembro de 2021. Em outubro, o índice de volume de negócios nos serviços aumentou 15,7%, e pela primeira vez desde o início da pandemia apresentou um valor superior (1,4%) ao homólogo no ano de 2019, segundo os últimos dados do gabinete de estatísticas.

Jerónimo Martins divulga dados preliminares sobre as vendas em 2021

Ainda antes de arrancar a época de resultados das cotadas presentes no PSI-20, a Jerónimo Martins vai dar a conhecer os dados preliminares sobre as vendas em 2021. Até setembro, os lucros da dona do Pingo Doce subiram cerca de 48% para para 324 milhões de euros, segundo a informação comunicada à CMVM.

Continuam os debates rumo às legislativas

Esta quarta-feira há nova ronda de debates entre os líderes partidários rumo às legislativas, marcadas para 30 de janeiro. Francisco Rodrigues dos Santos (CDS) vai estar frente-a-frente com André Ventura (Chega), pelas 17h00 em direto na CNN Portugal. A SIC transmite às 21h00 o debate entre Rui Rio (PSD) e João Oliveira (PCP), que vai substituir Jerónimo de Sousa, dado que o secretário-geral do PCP vai ser operado de urgência esta quarta-feira. Por fim, às 22h00 a SIC Notícias vai transmitir o debate entre João Cotrim Figueiredo (Iniciativa Liberal) e Rui Tavares (Livre).

Eurostat divulga dados sobre voos comerciais

A pandemia arrasou vários setores e a indústria da aviação foi um dos mais afetados. Neste sentido, o Eurostat divulga esta quarta-feira a evolução dos voos comerciais em dezembro, mês marcado por fortes restrições em vários países europeus dado a rápida disseminação da variante Ómicron. Em novembro, os aeroportos nacionais receberam cerca de quatro milhões de passageiros, o equivalente a uma subida de 180,6% face ao mesmo mês do ano passado. Contudo, os números continuam cerca de 30% abaixo dos níveis pré-pandemia, de acordo com os últimos dados do INE.

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Sem canudo, mas altamente especializadas. Conheça as profissões técnicas com salários até 49.000€

No primeiro lugar do pódio está o estivador, que recebe um salário bruto anual entre os 42.000 e os 49.000 euros. Já o segundo lugar é partilhado pelo modelador têxtil, ferramenteiro e tubista.

A escassez de talento tem afetado muitos setores e há perfis especializados, que não exigem uma formação ao nível do ensino superior, onde essa falta de profissionais ainda é mais agudizada, levando a um aumento dos níveis salariais. Estivador, modelador têxtil, ferramenteiro e o tubista estão entre os sete profissionais especializados mais bem pagos, segundo o levantamento feito pelo ManpowerGroup para a Pessoas. Um estivador pode receber até 49.000 euros anuais, salário que não difere muito de um big data specialist.

Algumas funções que, por serem altamente técnicas e especializadas, enfrentam um enorme desafio ao nível da captação de talento. A formação de novos profissionais não acompanha a necessidade do mercado, levando a “uma escassez de perfis capacitados” e, consequentemente, a um “aumento nos níveis salariais”, antecipa Rui Teixeira, diretor-geral de operações do ManpowerGroup, à Pessoas. Embora sem canudo, há profissões que conseguem elevar o patamar salarial para perto de 50.000 euros por ano. É o caso dos estivadores, que ocupam o primeiro lugar do pódio das funções, sem canudo, mais bem pagas em 2022.

Este ano o salário bruto anual deste profissional deverá rondar os 42.000 e os 49.000 euros, o que equivale a um rendimento mensal entre os 3.000 e os 3.500 euros. Para ter uma ideia, este salário não difere muito do rendimento de um big data specialist, software engineer, digital marketeer ou machine learning specialist, consideradas a 7.ª, 8.ª, 9.ª e 10.ª profissões mais bem pagas de Portugal este ano, segundo outro ranking do ManpowerGroup.

O segundo lugar do pódio, por sua vez, é partilhado por três profissionais diferentes. Com um salário anual entre os 35.000 e os 42.000 euros brutos (2.500 a 3.000 euros por mês) está o modelador têxtil, o ferramenteiro e o tubista.

Veja aqui as sete profissões técnicas e especializadas mais bem pagas em 2022:

1.º: Estivador: 42.000€ a 49.000€/ano (3.000€ a 3.500€/mês)

2.º: Modelador têxtil: 35.000€ a 42.000€/ano (2.500€ a 3.000€/mês)

2.º: Ferramenteiro: 35.000€ a 42.000€/ano (2.500€ a 3.000€/mês)

2.º: Tubista: 35.000€ a 42.000€/ano (2.500€ a 3.000€/mês)

5.º: Afinador de máquinas de injeção: 22.400€ a 42.000€/ano (1.600€ a 3.000€/mês)

6.º: Técnico de instalação e reparação de elevadores: 25.200€ a 27.600€/ano (1.800€ a 2.300€/mês)

7.º: Instalador de sistemas solares e eólicos: 25.200 a 28.000€/ano (1.800€ a 2.000€/mês)

“Em todas as funções referidas assistimos a um aumento nos salários praticados com respeito a 2022. No entanto, é ainda de referir que um número crescente de empresas está também a apostar numa maior diversidade de incentivos, mais além do vencimento, procurando assim alinhar a sua proposta de valor com aquilo que são as atuais preferências dos profissionais”, comenta Rui Teixeira.

Elementos como o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, a possibilidade de desafio e evolução de carreira ou o propósito da organização são cada vez mais valorizados pelos colaboradores.

“Estes elementos complementam a oferta salarial e podem ser o elemento diferenciador que define a decisão final do candidato, pelo que é cada vez mais importante a sua integração na estratégia de atração de talento das organizações”, finaliza o diretor-geral de operações do ManpowerGroup.

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70% do setor de energia mudou de negócio e está a apostar mais nas renováveis

  • Capital Verde
  • 12 Janeiro 2022

Com esta mudança para energias limpas, as grandes empresas de energia (que no passado se dedicavam apenas ao petróleo e gás) já registaram um aumento de 6% nas suas receitas, diz o estudo da Capgemini

São 70% as empresas do setor da energia e utilities que já mudaram os modelos de negócio para reduzirem impactos ambientais. Ainda assim, a maioria das organizações continua sem ter os recursos necessários para desenvolver mais intensa e rapidamente as energias renováveis.

Um novo estudo do Capgemini Research Institute, intitulado “Remodeling the future: How energy transition is driving new models in energy and utilities”, demonstrou que os novos modelos das energias renováveis estão a transformar completamente o setor da energia, uma vez que a mitigação do impacto das alterações climáticas se transformou na razão de ser destas empresas.

As alterações climáticas e a procura de energias mais limpas por parte dos investidores são os principais motores da mudança que, de acordo com o estudo, já levaram 68% das organizações do setor da energia e utilities a optarem por novas formas de fazer negócio em prol da redução do impacto das alterações climáticas.

Na mesma análise, 63% das empresas revela que a procura por parte dos investidores também é um acelerador da mudança e 44% dos gestores inquiridos referiram que a rentabilidade é o motivo principal pelo qual estão a optar por novos modelos de negócio, já que percebem que há benefícios claros que podem advir da mudança.

Além disso, de acordo com o novo estudo, as organizações que estão a implementar modelos de energia limpa alcançaram uma redução de 4,6% nas emissões de âmbito 3 e esperam uma nova redução de 13% nos próximos três anos. Algumas empresas também afirmaram que registaram um aumento de 6% nas suas receitas com esta mudança.

Estes novos modelos de energias limpas, além de serem bons para o planeta, também se revelam positivos para o negócio destas empresas, uma vez que atraem novos clientes e criam mais oportunidades de vendas. Prova disso são os dados do Capgemini Institute que revelam que as empresas multinacionais já obtiveram um aumento de 4% nas oportunidades de upselling/vendas, estando ainda previsto que este número aumente para 9,2% nos próximos três anos.

Contudo, ainda há muitas empresas que não implementaram nenhum modelo de energia mais sustentável. Segundo a mesma análise, apesar de 64% das empresas afirmarem que planeiam implementar soluções de armazenamento de energia no futuro, apenas 19% já o estão a fazer e só 18% dos inquiridos afirmaram possuir uma estratégia global com objetivos e prazos bem definidos.

Além disso, o estudo mostra que, atualmente, a maioria das organizações (70%) diz não ter os recursos necessários para desenvolver os novos modelos. As empresas enfrentam atrasos na área das tecnologias a nível interno e na aposta em novas tecnologias (68%), nas competências relacionadas com o serviço (62%) e nos conhecimentos especializados em dados (56%).

“Apenas um terço das empresas inquiridas revelaram possuir áreas de inovação ativas e com escala a trabalharem no desenvolvimento e na testagem dos novos modelos com vista a procederem à industrialização dos resultados alcançados. É tempo de os vários players adotarem uma filosofia fail-fast e de forjarem novas parcerias, dentro e fora dos ecossistemas existentes”, alertou Peter King, Global Energy and Utilities Lead da Capgemini Invent.

Para a realização deste estudo, o Capgemini Research Institute inquiriu 530 gestores de topo de empresas do setor da energia e utilities que reportaram receitas superiores a 200 milhões de dólares em agosto e setembro de 2021.

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Mais de metade dos autotestes comunicados ao SNS em dezembro eram positivos

Desde que a plataforma foi lançada, já foram comunicados mais de 45 mil resultados, dos quais 15.300 positivos, revelaram os SPMS, ao ECO. Só em dezembro, foram comunicados mais de 12.600 resultados.

Só em dezembro, foram reportados mais de 12.600 resultados de autotestes de despiste à Covid-19 na plataforma online criada para o efeito. Deste total, cerca de 7.400 foram positivos, segundo os dados divulgados pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), ao ECO. Isto significa que mais de metade (58,7%) dos portugueses que comunicaram os resultados no último mês de 2021 testaram positivo à Covid.

Esta plataforma, criada pelos SPMS, entrou em funcionamento a 20 de maio de 2021 e permite aos cidadãos reportarem os resultados dos autotestes de despiste à Covid-19 que estão a ser vendidos nas farmácias, parafarmácias e supermercados portugueses para utilização da população em geral.

Desde então e até à passada quinta-feira, 6 de janeiro, “foram reportados na plataforma mais de 45 mil autotestes, dos quais cerca de 15.300 são positivos”, revelou fonte oficial dos SPMS e INSA, em resposta ao ECO. Nesse contexto, é possível constatar que cerca de três em cada dez autotestes (34%) comunicados nesta plataforma foram positivos.

Face à situação pandémica, Governo e especialistas têm vindo a incentivar o uso de autotestes para despistar eventuais casos de infeção por Covid-19, sendo que esta foi inclusivamente uma das opções recomendadas como medida de prevenção para os habituais encontros na época festiva. Só em dezembro, foram reportados “mais de 12.600 autotestes, dos quais cerca de 7.400 foram positivos”, sinalizam os organismos. Contas feitas, isto significa que 28% do total de autotestes comunicados desde que a plataforma entrou em funcionamento foram em dezembro. Além disso, isto significa também que do total de autotestes comunicados nesse período, mais de metade (58,7%) foram positivos.

Segundo as recomendações das autoridades de saúde, os utentes que tenham um autoteste positivo ou inconclusivo devem, depois de registarem na plataforma o resultado do teste, contactar a linha SNS24 ( (808 24 24 24), sendo que posteriormente é-lhes emitida uma prescrição para teste confirmatório PCR, dado que os autotestes não são considerados como método de referência para diagnóstico para o SARS-CoV-2, e se não tiverem tido um teste positivo nos últimos 180 dias. Além disso, para os indivíduos indivíduos sintomáticos ou que contactaram com um caso confirmado, independentemente do resultado do autoteste, é também recomendado que contactem a linha SNS24.

SNS 24 recebeu mais de 160 mil chamadas por autotestes positivos de assintomáticos

Entre abril de 2021 e domingo, 9 de janeiro, a linha SNS 24 recebeu “mais de 160 mil chamadas por resultados de autotestes positivos de utentes assintomáticos”, de acordo com os dados disponibilizados pelos SPMS e pelo INSA, ao ECO. Deste total, só no mês de dezembro, foram registadas mais de 56.400 chamadas, na sequência de autotestes positivos de utentes assintomáticos.

Apesar de fiabilidade dos autotestes (tal como dos testes rápidos de antigénio) não ser tão elevada quanto a dos PCR, estes têm-se revelado suficientemente sensíveis quando uma pessoa tem uma carga viral mais elevada e, portanto, é mais contagiosa. Além disso, são mais baratos e especialmente dirigidos a doentes com suspeita de infeção e em caso de contacto com doentes positivos, bem como, para fins de rastreio.

Nesse contexto, a equipa de peritos liderada por Raquel Duarte que aconselha o Governo nas questões relacionadas com a pandemia, recomendou, na última reunião do Infarmed, que o Governo tornasse os autotestes gratuitos. Até ao momento, o Executivo apenas comparticipa a 100% a realização de quatro testes de antigénio por utente por mês. Desde segunda-feira, que a DGS permite que os autotestes possam ser permitidos no acesso a eventos de grande dimensão (desportivos, culturais ou corporativos), desde que feitos à entrada sob supervisão dos responsáveis.

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Franceses abrem novas “janelas” de investimento em Famalicão

Grupo francês aplica 33,3 milhões e cria 84 empregos numa fábrica de janelas de madeira. Tem como sócia a Caixiave, participada pela gigante Tryba, que está a fazer outros investimentos no Minho.

O projeto na área da carpintaria para construção chama-se Natwindo, trata-se de uma nova unidade de produção de janelas eficientes de madeira e promete criar 84 novos postos de trabalho em Vila Nova de Famalicão, num investimento que ascende a 33,3 milhões de euros e em que a portuguesa Caixiave terá uma “parte muito minoritária”.

João Ferreira Gomes, diretor comercial da produtora minhota que reclama a liderança ibérica em janelas e portas eficientes de PVC (policloreto de vinila), adianta ao ECO que esta nova fábrica será controlada por capitais franceses, mas “ainda não está exatamente definida a parte societária” dos sócios que vão viabilizar este projeto dedicado à exportação, sem data prevista para o arranque das obras.

A Natwindo vai receber um incentivo a fundo perdido do Portugal 2020 de quase 4,6 milhões de euros, de acordo com os dados consultados pelo ECO, e também já assinou um contrato fiscal de investimento com a AICEP que prevê um crédito fiscal máximo de três milhões de euros. No último Conselho de Ministros de 2021 foi aprovada pelo Governo a atribuição de um crédito a título de IRC, uma redução do IMI e do IMT, e ainda a isenção de imposto de selo.

Carlos Sá, fundador e presidente executivo da Caixiave.

Fundada em 1993, a Caixiave, que representou este consórcio investidor nestes contratos assinados com o Estado português, em janeiro de 2019 abriu o capital ao grupo francês Atrya, dono de nove fábricas na Europa e da marca Tryba, que passou a deter uma participação de 49% na empresa portuguesa de materiais de construção. Dirigida por Carlos Sá e pelo primo Artur Leite, emprega mais de 400 pessoas e acaba de fechar o exercício de 2021 com um volume de negócios a rondar os 43 milhões de euros, acima dos quase 30 milhões que tinham sido reportados em 2020.

Eles andavam à procura de empresas parceiras em Portugal e nós andávamos à procura de um parceiro estratégico. Houve uma conjugação das duas vontades. Nós, portugueses, temos sempre um problema em ganhar dimensão, face ao mercado [interno] pequeno que temos; e estes grandes grupos têm mais disponibilidade financeira do que as empresas portuguesas”, contextualiza João Ferreira Gomes, responsável comercial e de marketing.

Nós temos sempre um problema em ganhar dimensão, face ao mercado [interno] pequeno que temos; e estes grandes grupos têm mais disponibilidade financeira do que as empresas portuguesas.

João Ferreira Gomes

Diretor comercial da Caixiave

Foi “já com o apport financeiro” do grupo gaulês que a Caixiave avançou com a ampliação da fábrica de caixilharias de PVC, cujas obras estão a decorrer e devem estar concluídas no final deste ano, acrescentando 40% à atual capacidade de produção. E num terreno junto a este complexo fabril, na freguesia de Ribeirão, está a ser construída uma outra unidade especializada em janelas eficientes de alumínio, para abastecer o mercado ibérico. É da iniciativa da Tryba SA, cuja maioria (51%) do capital está nas mãos do grupo sediado na comuna de Gundershoffen, na região do Grande Leste.

Anunciado em maio de 2020 com um montante total de 50 milhões de euros, este último investimento inclui ainda uma nave para produzir janelas standardizadas de PVC para as grandes superfícies como o Leroy Merlin, e outra de vidros duplos para encurtar o tempo de resposta aos clientes. Teve luz verde para um apoio a fundo perdido de 9,57 milhões no PT2020 e benefícios fiscais no valor de 309 mil euros atribuídos pela Câmara famalicense, incluindo uma redução de 91% nas taxas municipais de licenciamento das operações urbanísticas, no IMT e no IMI.

Exportar por perto e mudar janelas em casa

Do volume de vendas total – e este setor dos materiais de construção quase não foi afetado pela pandemia de Covid-19, recorda João Ferreira Gomes, também presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Janelas Eficientes (ANFAJE) –, 35% foram realizadas no estrangeiro. Espanha e França são os principais mercados externos, pois, sendo um produto feito à medida e aplicado em obra, os clientes têm de estar em geografias próximas do local de fabrico.

Por outro lado, a Caixiave conta com o crescimento da procura no mercado doméstico, graças aos incentivos públicos para a melhoria da eficiência energética com a troca de janelas no âmbito de um programa do Fundo Ambiental e, em particular, às verbas destinadas a esta área que foram inscritas no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e já começaram a ser distribuídas através de vários avisos. “Portugal tem de reforçar essa área. A seguir à Bulgária, é o país que tem as casas com pior conforto e pior desempenho térmico da Europa”, notou o gestor.

Segundo os cálculos da empresa minhota, o potencial de negócio é grande, uma vez que 29% dos edifícios em Portugal precisam de obras de reabilitação, 70% foram construídos sem requisitos de eficiência energética e apenas 6% dos fogos têm soluções de construção com requisitos de qualidade térmica e eficiência energética. O universo em causa ascende a 3,5 milhões de edifícios e 5,9 milhões de fogos, apenas no mercado interno.

Mas numa fase em que vários países, ao mesmo tempo, estão a programar investimentos tão avultados nesta área, este é mais um fator de pressão (a adicionar a outros, como o constrangimento logístico) para a escassez e para a escalada dos preços das matérias-primas, como o alumínio, o vidro, o PVC ou o aço. João Ferreira Gomes aponta o dedo à “especulação” e desabafa que “os grandes detentores de matérias-primas jogam com isso e os materiais de construção têm vindo a subir bastante para toda a gente e vão-se repercutir” no preço final.

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Discotecas e bares nem sempre têm ajuda maior com o novo Apoiar

O alargamento dos limites máximos dos apoio para bares e discotecas encerrados podem variar entre 27.500 euros para microempresas e 101.250 euros para médias e grandes empresas.

Os bares e discotecas, obrigados a fechar até 14 de janeiro devido à pandemia, assim como as empresas do setor da Cultura, já começaram a receber o “novo pagamento” no âmbito do Programa Apoiar. Apesar da revisão em alta dos limites deste apoio, que é calculado em função das quebras de faturação, nem sempre as empresas beneficiam de uma ajuda maior, revelam as simulações feitas pela EY para o ECO.

Por exemplo, um bar ou uma discoteca que tenha tido uma quebra de faturação de 500 mil euros, tem direito a um apoio correspondente a 20% dessa quebra, ou seja, cem mil euros. Mas a ajuda desde o início sempre teve limites de acordo com a sua dimensão e com o nível de perda de faturação (entre 25 e 50% ou mais de 50%). Assim, neste caso, uma discoteca de média dimensão que perdeu 100 mil euros de faturação recebia um apoio de 67.500 euros (o limite máximo definido para estes casos). Mas agora, tendo em conta a revisão em alta deste limite, vai passar a receber os 100 mil euros por completo, ou seja, mais 32.500 euros, porque a fasquia subiu até aos 135 mil euros.

De sublinhar que nas primeiras versões do Apoiar uma discoteca ou um bar de média ou grande dimensão não tinham apoios. Apenas passaram a ter por estarem encerradas por determinação legal ou administrativa. No caso das microempresas com os CAE 56302, 56304 e 56305, que se mantiveram encerradas, com uma quebra de faturação entre 25 e 50%, em vez de poderem receber no máximo 82.500 euros, passaram a poder receber 110.000. Já no caso de uma pequena empresa o limite subiu de 202.500 para 270.00 euros.

Para os bares e discotecas que estão de portas fechadas, o alargamento dos limites máximos de apoio pode variar entre 27.500 euros para uma microempresa com uma perda de faturação entre 25 e 50%, e os 101.250 euros para as médias e grandes empresas com quebras de faturação entre 50 e 100%.

Para além do alargar dos limites, o Executivo introduziu um novo pagamento extraordinário para atividades culturais (CAE 59 e 90). Estas empresas até aqui recebiam os apoios correspondentes a todos os CAE. Assim, para empresas com quebras de faturação entre 25% e 50%, o apoio poderá ascender a 15.000 euros para microempresas, 82.500 euros para pequenas empresas e 202.500 euros para médias e grandes empresas.

Se estas empresas apresentarem descidas no volume de negócios superiores a 50%, as ajudas podem aumentar para 22.500 euros para microempresas, 123.750 euros para pequenas empresas e 303.750 para médias empresas.

Mas nem sempre isto se traduz num aumento do apoio que a empresa recebe. Vejamos uma nova simulação da EY de uma média empresa com uma quebra de faturação de 500 mil euros. O apoio corresponderá a 20% da quebra, ou seja, 100 mil euros. E é esse o montante que vai continuar a receber independentemente de os limites terem aumentado. Assim, só para empresas com quebras maiores é possível beneficiar do alargamento dos limites que podem variar entre 2.500 euros para uma microempresa com uma perda de faturação entre 25 e 50%, e os 50.625 euros para as médias e grandes empresas com quebras de faturação entre 50 e 100%.

O Programa Apoiar consiste num apoio de tesouraria, sob a forma de subsídio a fundo perdido, “para empresas de setores particularmente afetados pelas medidas excecionais aprovadas no contexto da pandemia de Covid-19”. Este programa, financiado com verbas europeias do React, teve várias alterações ao longo do tempo para se ajustar às necessidades das empresas. “É uma legislação sui generis porque foi construída uma em cima da outra” e “não é de fácil entendimento”, porque “nuns casos os limites são duplicados, enquanto noutros o limite anterior é substituído”, sublinhou ao ECO, o fiscalista da EY Francisco Hamilton Pereira.

De acordo com os dados que o Ministério da Economia avançou ao ECO, até quarta-feira da semana passada, os bares e discotecas já tinham recebido 53 milhões de euros no âmbito do Apoiar, verbas que foram pagas ao abrigo das regras anteriores à portaria de 23 de dezembro.

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Fundo polémico que juntou BES, Montepio e José Guilherme vai para a insolvência

Tribunal decretou a insolvência do Invesfundo II na semana passada. Foi este o fundo que ligou o BES, o Montepio e o construtor José Guilherme para desenvolver terrenos na Amadora. Devia 85 milhões.

Foi para a insolvência um fundo imobiliário criado em 2005 para desenvolver projetos na Amadora e que chegou ao final de 2020 com dívidas de cerca de 85 milhões de euros ao Novobanco e também ao Banco Montepio, sendo que uma parte foi perdoada. Foi este o fundo que juntou o BES e o Montepio ao construtor José Guilherme, conhecido pela “liberalidade” de 14 milhões de euros a Ricardo Salgado, o antigo presidente do BES. O empreiteiro também foi investigado pelo Ministério Público por suspeitas de “luvas” de 1,5 milhões a Tomás Correia, ex-presidente do Montepio, em troca de financiamento bancário, o que negou dizendo que era para os filhos de um amigo já falecido.

A insolvência do Invesfundo II foi aprovada pelo tribunal da comarca de Lisboa na semana passada, depois do pedido feito pela sociedade gestora, a Gesfimo, no final do ano passado. Contam-se mais de duas dezenas de credores, incluindo o Novobanco e o Banco Montepio e ainda o Estado, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Gesfimo, e o próprio José Guilherme, de acordo com o processo consultado pelo ECO no Citius.

As dívidas ao Novobanco e ao Banco Montepio ascendiam a cerca de 85 milhões de euros no final de 2020. Mas as contas do fundo relativas a esse ano já só registavam créditos bancários de 66 milhões de euros junto destas duas instituições, na sequência do perdão de dívida que ficou acordado no plano de recuperação (PER) que os bancos aceitaram em 2018.

O PER foi considerado vital para manter a atividade do fundo, que tinha capitais próprios negativos em 16 milhões de euros, e contemplou uma redução imediata de quase 25% dos créditos, implicando um haircut de 21 milhões na dívida bancária. Ainda assim, o acordo deixou aberta a porta para que as instituições financeiras pudessem receber o montante perdoado, caso as vendas dos ativos imobiliários assim o permitissem. Ficou previsto que o fundo procedesse à alienação da totalidade dos ativos até final do ano passado, quando se extinguia o plano.

O que tem o fundo? Sobretudo lotes de terreno situados no Marconi Parque, no município da Amadora, comprados em 2005 ao Fundo de Pensões da Companhia Portuguesa Rádio Marconi. São mais de oito dezenas de lotes cujo valor líquido ascende, atualmente, a perto de 82 milhões de euros e que estão hipotecados aos bancos. Ou seja, com base nesta avaliação, os bancos recuperariam na quase totalidade os empréstimos concedidos.

Para 2021 estava previsto o Invesfundo II “continuar a desenvolver os esforços comerciais com vista à alienação do seu património”, seguindo o plano aprovado pelos credores, de acordo com o relatório e contas de 2020.

A sociedade gestora reconhecia, porém, que a pandemia veio colocar dificuldades significativas no processo de venda dos terrenos, sobretudo por causa das “perspetivas mais negativas” para a economia e para o mercado imobiliário de habitação e escritórios que subsistiam. Entretanto, com a recuperação da economia e os avanços na vacinação no ano passado, as perspetivas terão melhorado.

Com o tribunal a decretar a insolvência, o fundo está agora nas mãos do administrador de insolvência David Duque, a quem os credores terão reclamar as dívidas durante os próximos 30 dias.

Contactados pelo ECO, nem o Novobanco e nem o Banco Montepio responderam às questões até à publicação do artigo.

Litígios, atrasos e um PER até à insolvência

O Invesfundo II faz parte de uma “família” de fundos criados na década de 2000 no seio do Grupo Espírito Santo (GES) para diversas apostas no setor imobiliário. Eram nove os Invesfundos ao todo, quatro dos quais já foram fechados, e outros dois estão em processo de insolvência, incluindo este. Por exemplo, já aqui demos conta o processo relativo ao Invesfundo III, relativo a um megaprojeto imobiliário em Gaia, e que deverá resultar numa perda de 25 milhões de euros para o Novobanco, não obstante os esforços feitos na recuperação do dinheiro com a venda dos ativos. Também este está em liquidação, embora numa fase mais adiantada.

Em relação ao segundo dos Invesfundo, o caminho até aqui registou vários atrasos nas obras de urbanização dos terrenos, disputas no tribunal e alguns episódios mais peculiares. Como aconteceu em 2009, por exemplo, quando ameaçou ir para tribunal contra o Fundo de Pensões da Rádio Marconi por lhe ter adquirido um terreno adicional por oito milhões, quando o terreno em causa não pertencia ao fundo de pensões, mas a outra entidade.

Depois, em 2011 e 2012, teve de lidar com a falência da Infraurbe, contratada para realizar as obras de urbanização do loteamento, tendo avançado com uma ação judicial contra a empreiteira por causa dos defeitos que encontrou nas obras, o que atrasou todo o processo que culminaria com o início da comercialização dos lotes. Só em 2013 o litígio foi resolvido e as obras de conclusão foram retomadas apenas no início de 2015, depois de um novo financiamento de 12 milhões obtido junto do Novobanco e Montepio – acima dos 63 milhões já pedidos no final de 2010.

Foi neste ano que o Invesfundo entrou em desequilíbrio: passou a ter um capital próprio negativo de 16 milhões de euros, depois de ter revisto em baixa a avaliação dos terrenos.

Por esta altura, já há muito que José Guilherme e a sua ligação a Ricardo Salgado estavam na mira das autoridades, por causa da “prenda” de 14 milhões como fora justificado pelo ex-presidente do BES pelos bons conselhos de investimento. Mais tarde, o Ministério Público também estaria a investigar pagamentos a Tomás Correia de 1,5 milhões como contrapartida de um financiamento do Banco Montepio ao Invesfundo II.

A solução para o futuro do fundo passaria por um PER, negociado já em 2018 e homologado pelo tribunal já no início de 2019, depois de os bancos terem recusado outras vias. Uma das opções que esteve em cima da mesa foi a venda de terrenos a um investidor, mas o negócio não se concretizou. Com o PER foi perdoado um quarto da dívida da banca.

Em 2020, ainda prosseguiam as obras de urbanização, nomeadamente de requalificação da rede elétrica. Mas o fundo registou mais adversidades que comprometeram a conclusão das obras finais dentro do prazo: após uma visita dos técnicos municipais, verificou-se que o projeto de iluminação estava desatualizado de acordo com os protocolos energéticos, tendo sido necessário fazer novo estudo luminotécnico e instalar 220 novas luminárias, encargos que não estavam então previstos. Além disso, também se registaram roubos de equipamento como as tampas dos esgotos e grelhas dos sumidouros, com consequências económicas para o fundo.

Apesar do atraso na conclusão das obras por causa destas dificuldades, o Invesfundo II manteve-se a promover os terrenos e recebeu propostas. Contudo, o preço e as condições “especiais” do mercado levaram as negociações com os interessados a um desfecho desfavorável.

Novobanco quer apagar legado com José Guilherme

A insolvência do Invesfundo II, que tinha José Guilherme como um dos subscritores, surge depois de o Novobanco ter tentado vender a dívida de 121 milhões de euros do construtor numa carteira de crédito malparado no final do ano passado.

Contudo, a operação foi travada pelo Fundo de Resolução por causa do elevado desconto com que ia ser comprada e para não haver o risco de José Guilherme recomprar a dívida por um valor irrisório. Ia ser vendida com um desconto de 97%, por cerca de 3,9 milhões.

O Novobanco acabou por alienar a carteira “Harvey” nos últimos dias do ano passado ao fundo Deva e à Arrow por um terço do valor, mas o crédito de José Guilherme ficou de fora, permanecendo no balanço do Novobanco.

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Depoimento de Powell reduz receios dos investidores e anima Wall Street

Jerome Powell afirmou que o banco central está determinado em assegurar que a subida da inflação não ficará descontrolada.

Os principais índices de Wall Street encerraram em terreno positivo, animados pelo discurso do presidente da Reserva Federal norte-americana (Fed). Jerome Powell falou perante o Senado, afirmando que o banco central está determinado em assegurar que a subida da inflação não ficará descontrolada. O setor tecnológico liderou as subidas desta terça-feira.

O índice de referência financeiro, S&P 500, valorizou 0,92% para 4.713,07 pontos, acompanhado pelo industrial Dow Jones que avançou 0,51% para 36.252,02 pontos. A estrela desta sessão foi o tecnológico Nasdaq que somou 1,41% para 15.153,4 pontos.

O sentimento foi de alívio esta terça-feira, depois do depoimento de Jerome Powell perante o Senado, que acabou por apontar como quase certo um novo mandato à frente da Fed. O presidente afirmou que o banco central está determinado em garantir que o aumento da inflação será controlado e que, em vez de diminuir o crescimento do emprego, é necessário um aperto nas políticas para manter a expansão económica.

Os comentários de Powell tranquilizaram os investidores, que estavam preocupados que a Fed não dê prioridade ao travão da subida da inflação, como explica Shawn Cruz, da TD Ameritrade, citado pela Reuters (conteúdo em inglês). “A preocupação inicial era de que a Fed atrapalhasse o ritmo da recuperação”, disse, acrescentando que o banco central está “ciente do potencial efeito” que a subida da inflação teria na economia.

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Líder do PE recordado como “europeu dedicado” que lutou pelo “bem comum”

  • Lusa
  • 11 Janeiro 2022

De Ursula von der Leyen ao Papa Francisco, líderes europeus recordaram um "grande europeu", o "político valioso" e um "lutador pela democracia europeia". Funeral começa na quinta-feira em Roma.

David Sassoli, que morreu na madrugada desta terça-feira aos 65 anos, foi alvo de uma homenagem espontânea no Parlamento Europeu, que presidia, e foi recordado pelos líderes políticos e instituições europeias como um “europeu dedicado”, na luta pelo “bem comum”.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, expressou a sua tristeza e comoção após a morte do líder do Parlamento Europeu (PE), frisando que Sassoli fará falta pelo “seu calor humano, generosidade, simpatia e sorriso”.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também no Twitter, lamentou a morte de “um grande europeu e italiano”.

Também o Banco Central Europeu (BCE), instituição liderada por Christine Lagarde, manifestou a sua consternação pela morte de David Sassoli salientando que “era um europeu dedicado, um apaixonado presidente do Parlamento Europeu desde 2019 e um lutador pela democracia europeia e pelos direitos humanos”.

O sumo-pontífice católico, o Papa Francisco, homenageou o presidente do PE, num telegrama enviado à viúva de Sassoli, divulgado pelos serviços do Vaticano, salientando a morte de um “crente animado de esperança e caridade que, de forma pacífica e respeitosa, trabalhou para o bem comum com um compromisso generoso”.

Também os líderes dos sete grupos políticos no PE lamentaram esta terça-feira a morte do presidente da instituição, David Sassoli, aos 65 anos.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, considerou que “a Europa perdeu um presidente de Parlamento empenhado, a Itália um político sensato e a Alemanha um amigo”.

Já o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, compatriota de Sassoli, homenageou “um símbolo de equilíbrio, de humanidade e de generosidade”, enquanto o seu homólogo holandês, Mark Rutte, evocou “um trabalhador árduo ao serviço da Europa e fervoroso defensor dos seus valores e princípios”.

O primeiro-ministro português, António Costa, recebeu com “profunda tristeza” a notícia da morte de “um amigo”, com quem trabalhou de perto nos últimos dois anos e o líder do executivo espanhol, Pedro Sánchez, lembrou o “grande defensor dos valores europeus”.

Também a comissária europeia portuguesa, Elisa Ferreira, manifestou a “profunda tristeza” pela “perda prematura” de Sassoli, lembrando-o como “um homem de princípios e integridade”.

Por seu lado, o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, manifestou-se chocado com a morte súbita de Sassoli.

O Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, expressou uma “grande dor” pela morte do presidente do Parlamento Europeu, “um político valioso, mas, acima de tudo, um amigo”.

Já a presidência francesa do Conselho da União Europeia (UE) manifestou o profundo pesar pelo falecimento de David Sassoli, lembrando a sua “dignidade, profissionalismo e devoção”.

As bandeiras da UE na sede da Comissão Europeia, em Bruxelas, foram colocadas a meia-haste para homenagear David Sassoli, com o executivo comunitário a destacar “um europeu apaixonado e um italiano orgulhoso”, numa nota divulgada na rede social Twitter, juntamente com uma fotografia da homenagem, realizada no edifício Berlaymont, sede da Comissão.

Também o PE colocou as suas bandeiras a meia-haste “em honra” de David Sassoli, tinha avançado a assembleia europeia no Twitter.

Perto de 300 pessoas, na sua maioria eurodeputados, assistentes e funcionários do Parlamento Europeu, reuniram-se, de forma espontânea, em frente à sede da instituição, em Bruxelas, para homenagear a memória do primeiro presidente que morreu em funções, segundo relataram as agências internacionais.

O PE vai homenagear David Sassoli na abertura da próxima sessão plenária, na segunda-feira, em Estrasburgo, França, na presença do antigo eurodeputado e ex-primeiro-ministro italiano Enrico Letta.

Segundo um comunicado, a abertura da sessão plenária em Estrasburgo será marcada por uma homenagem a Sassoli, eleito eurodeputado em 2009 e que presidiu à instituição entre julho de 2019 e 2022, que será conduzida pela primeira vice-presidente e candidata à sucessão, a maltesa Roberta Metsola, do Partido Popular Europeu (PPE).

A candidata do PPE para suceder a David Sassoli como presidente do Parlamento Europeu (PE), disse estar de “coração partido” com a morte daquele político, salientado que “a Europa perdeu um líder”.

As cerimónias fúnebres de Sassoli, segundo divulgou o porta-voz do presidente do PE, Roberto Cuillo, iniciam-se na quinta-feira, com uma câmara ardente, em Roma, das 10:00 às 18:00 (menos uma hora em Lisboa). O funeral terá lugar na sexta-feira, 14, às 12:00 (11:00 de Lisboa) na igreja de Santa Maria degli Angeli, também na capital italiana.

Sassoli morreu esta terça-feira aos 65 anos num hospital em Itália, sendo o primeiro presidente do PE a morrer em exercício de funções nas quais estava prestes a ser substituído, no cumprimento de um acordo de partilha do mandato de cinco anos.

David Sassoli contraiu uma pneumonia em setembro de 2021, que o obrigou a receber tratamento hospitalar em Estrasburgo, França, e, embora tenha recebido alta hospitalar uma semana depois, prosseguiu a recuperação em Itália e esteve mais de dois meses ausente das sessões plenárias do parlamento, regressando no final do ano.

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FMI nomeia Gourinchas como novo economista-chefe

Depois de Gopinath se tornar a primeira mulher a ocupar o cargo de economista-chefe do FMI, chegou a vez de Gourinchas subir ao lugar, sendo que o francês irá começar em janeiro em tempo parcial.

Pierre-Olivier Gourinchas foi nomeado para a sucessão de Gita Gopinath enquanto economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), anunciou o fundo e avançou a Bloomberg (acesso pago, e conteúdo em inglês).

O economista francês irá começar em tempo parcial a 24 de janeiro, passando a tempo inteiro a 1 de abril, pode ler-se em comunicado do fundo com sede em Washington. Gourinchas é atualmente o diretor da Universidade da Califórnia em Berkeley e diretor do programa de finanças internacionais e macroeconomia do National Bureau of Economic Research.

O recém-nomeado foi também investigador convidado do FMI e editor-chefe da IMF (FMI – sigla inglesa) Economic Review de 2009 a 2016, sendo que possui ainda um doutoramento pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

Depois de Gopinath se tornar na primeira mulher a ocupar o cargo de economista-chefe do FMI, esta deverá substituir Geoffrey Okamoto enquanto a número dois na hierarquia da instituição em 21 de janeiro. O anúncio, divulgado em dezembro, contrastou com as declarações de Gopinath em outubro onde expressou planear voltar à Universidade de Harvard, de modo a manter o seu lugar catedrático após três anos de serviço público.

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Costa diz que Bloco se “cansou” da geringonça, mas Catarina Martins voltaria a fazer acordo

Catarina Martins diz que principal obstáculo é o "desejo" do PS em conseguir "maioria absoluta" nas eleições. António Costa diz que esse "não é um objetivo em si".

Começou por ser um debate tranquilo, mas aqueceu quando se falou na saúde e na legislação laboral. António Costa não se cansou de repetir que o Bloco de Esquerda “fechou a porta” à geringonça, quando votou contra o Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), mas Catarina Martins mostrou-se disponível para um novo acordo de governação. Ainda assim, avisou: “Não aceitaremos perder o Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

“O desejo de maioria absoluta [do PS] é um obstáculo. A ambição de maioria absoluta tem sido um obstáculo a entendimentos“, disse a líder bloquista esta terça-feira, durante o debate com António Costa na RTP1, no âmbito das eleições legislativas de 30 de janeiro. Mas o líder socialista respondeu e explicou que “o objetivo em si não é a maioria absoluta” para o PS.

A bloquista recordou os “quatro anos de estabilidade, reconquista de direitos e crescimento da economia” que a geringonça trouxe, afirmando: “Orgulho-me e voltaria a fazê-lo”. Mas também recuou no tempo até 2019, quando o Bloco propôs ao PS um novo acordo “para responder ao país”, mas que foi recusado. “Foi um erro ter recusado esse acordo”, disse.

A isto, António Costa respondeu com o chumbo do OE2022. “Em 2020, quando estávamos no momento mais grave da pandemia, o Bloco decidiu romper o diálogo à esquerda. Por vontade do Bloco, o Governo do PS já tinha sido derrubado há um ano”, disse. E não poupou nas críticas, afirmando que “há um Bloco que aparece na campanha eleitoral cheio de mel e outro que atua na Assembleia cheio de fel”.

O “mel” e “fel” que aqueceu o debate

Este trocadilho do “mel” e do “fel” foi o ponto de partida para a enumeração das principais divergências entre o PS e o Bloco de Esquerda. “Foi mel dizer aos cuidadores informais que teriam 30 milhões de euros em cada Orçamento, mas foi fel o Governo guardar 98% desse montante na gaveta”, atirou Catarina Martins, usando essa resposta como trampolim para a questão da saúde.

“Temos de olhar para o país. Se nada for feito, o SNS estará moribundo daqui a quatro anos“, afirmou a líder bloquista, explicando que “ninguém pode pedir ao Bloco que aceite Orçamentos que, a cada dia que passa, enterrem mais o SNS”. A falta de profissionais de saúde foi tema central. “Em vez de ter medidas destas, o PS preferiu um braço de ferro continuado”, atirou.

António Costa defendeu-se, afirmando que, neste momento, o SNS “tem mais 28 mil profissionais de saúde do que em 2015” e que, só a 1 de janeiro de 2022, “entraram em funções mais 2.044 médicos”. “Temos vindo a reforçar recursos humanos”, afirmou o socialista.

A legislação laboral é também outro ponto de discórdia. Como disse Catarina Martins, é um “caso difícil”. O Bloco defende que o “salário médio tem de subir”, enquanto António Costa diz que o chumbo do OE2022 pôs em causa a agenda de trabalho digna que “respondia às necessidades das pessoas”.

O PS acusou ainda o Bloco de querer “recorrer à emissão de dívida pública” para nacionalizar a ANA – Aeroportos de Portugal, os CTT, a REN, a EDP e a Galp. “Aos valores de hoje, o Bloco propõe agravar a dívida pública em 14,5% do PIB”, atirou António Costa. Catarina Martins respondeu que “talvez o PS ache normal que seja o Estado chinês a mandar na energia em Portugal ou que os CTT estejam a ser totalmente destruídos”.

O líder socialista terminou, afirmando que os motivos referidos acima “não são as verdadeiras razões que dividem o PS do Bloco”. E acusou os bloquistas de, em outubro de 2021, terem tido uma “atitude irresponsável” ao votar contra a proposta do OE2022. Catarina Martins sublinhou que o Bloco “está aqui para encontrar soluções para o país”, mas que não aceitará “perder o SNS nem a pobreza de quem trabalha“.

(Notícia atualizada às 21h33 com mais informação)

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Com os 20 anos do Euro chega a última hipótese de trocar escudos

Há 20 anos, os portugueses, em conjunto com mais 11 países, passaram a utilizar euros no dia-a-dia, abandonando os escudos. Agora, são já 19 os Estados-membros que utilizam esta moeda.

Foi há 20 anos que o Euro entrou em circulação, em 12 países europeus. Portugal foi um deles, com os portugueses a trocarem os escudos que tinham na carteira por euros. Neste ano que marca o vigésimo aniversário do Euro, prescrevem também os últimos escudos que ainda se podem trocar junto do Banco de Portugal.

Apesar de terem passado duas décadas desde que o Euro começou a circular, a moeda “nasceu” oficialmente a 1 de janeiro de 1999, quando foram fixadas as taxas de conversão com as antigas moedas nacionais dos países da Zona Euro. Nessa altura, foi lançado como moeda contabilística nos mercados financeiros e utilizado para pagamentos eletrónicos, chegando aos bolsos dos europeus três anos depois.

Agora, são já 19 os Estados-membros que utilizam esta moeda, depois de a Eslovénia aderir à Zona Euro em 2007, seguida de Chipre e Malta (2008), Eslováquia (2009), Estónia (2011), Letónia (2014) e Lituânia (2015). Atualmente, a Croácia está a dar os passos preparatórios para aderir também a esta moeda, o que prevê fazer em 1 de janeiro de 2023, desde que cumpra todos os critérios.

Assim, existem cerca de 340 milhões de europeus a utilizar esta moeda no dia-a-dia. Há mais de 140 mil milhões de moedas e 27 mil milhões de notas de euro em circulação, segundo a Comissão Europeia, sendo que a nota mais usada é a de 50 euros: circulam mais de 13 mil milhões de exemplares deste valor.

Mas mesmo passados 20 anos desde a chegada da nova moeda, continuam a existir milhares de milhões em dinheiro que já não se usa no Velho Continente.

Segundo os cálculos feitos pela Bloomberg, são 8,5 mil milhões de euros nas moedas antigas que ainda podem ser trocados nos bancos centrais de cada país. Portugal está incluído neste montante, pelo menos até ao próximo mês, altura em que vão prescrever os últimos escudos que ainda podiam ser trocados junto do Banco de Portugal.

O escudo deixou as mãos dos portugueses a 1 de março de 2002, quando foi completamente substituído pelo Euro, terminando assim este ano o prazo de troca, que é de 20 anos após a retirada de circulação. A taxa de conversão ditou que um euro equivalia a 200,482 escudos.

Os últimos dados conhecidos do banco central português revelavam que existem ainda 11,4 milhões de notas de escudo que não foram entregues, que correspondem a aproximadamente 95 milhões de euros, sendo que mais de um terço deste valor representa notas de cinco mil escudos. O último conjunto de notas de escudos, da série dos Descobrimentos, ainda pode ser trocado até 28 de fevereiro de 2022.

Apesar de muitos ainda terem notas antigas em casa, as estatísticas indicam que a maioria tem uma opinião positiva da moeda atual. O Eurobarómetro mais recente aponta que 78% dos europeus pensam que o euro é uma coisa boa para a União Europeia, sendo que mais de dois terços (69%) também dizem que o euro é uma coisa boa para o seu país.

20 anos depois, vem aí um euro digital?

Apesar de ser cada vez mais invisível, o Euro continua a ser maioritariamente transacionado em mão, segundo os dados mais recentes. Mas está nos planos um euro digital, que poderá alterar a maneira como os europeus interagem com o dinheiro.

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, sinalizou numa declaração em comunicado a marcar este aniversário que o Euro é “a moeda do futuro e, nos próximos anos, também se tornará uma moeda digital”. “O Euro também reflete nossos valores. O mundo em que queremos viver. É a moeda global para investimentos sustentáveis. Todos nos podemos orgulhar disso”, acrescentou.

Já Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), reitera, também citada em comunicado, que “os euros que temos nas mãos tornaram-se um farol de estabilidade e solidez em todo o mundo”. Enquanto líder deste organismo, compromete-se a “continuar a trabalhar arduamente para garantir a manutenção da estabilidade de preços”, prometendo também que vão renovar “a face destas notas e que dar-lhes também uma dimensão digital”.

Em julho, foi anunciado que o projeto do euro digital do BCE iria avançar para uma fase de investigação de 24 meses em que tentará chegar ao desenho e à distribuição ideal deste complemento às notas e às moedas.

Por cá, também já se está a preparar esta dimensão. O Banco de Portugal (BdP) sinalizou no mês passado que iria criar um “grupo de contacto” para debater o fenómeno das criptomoedas e a possível emissão do euro digital, um projeto que está em discussão no seio do BCE. Em causa estará um grupo pequeno, que deve arrancar no início deste ano.

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