EUA anunciam primeiras sanções contra o Irão. Teerão vai continuar a cumprir acordo nuclear

  • Lusa
  • 10 Maio 2018

Donald Trump já anunciou as primeiras sanções contra o Irão desde que decidiu retirar os Estados Unidos do acordo nuclear. Mas Teerão vai continuar a cumprir.

Os Estados Unidos anunciaram esta quinta-feira sanções contra uma rede de financiamento dos Guardas da revolução, o exército de elite do regime iraniano, através de transferência de divisas entre os Emirados Árabes Unidos e o Irão.

Estas sanções, as primeiras desde que o Presidente dos EUA Donald Trump anunciou na terça-feira a saída do seu país do acordo nuclear iraniano, dirigem-se a seis indivíduos e três entidades iranianas.

Os alvos das sanções são acusados de integrarem “uma vasta rede de troca de divisas que forneceram e transferiram milhões de dólares à Força Quds dos Guardas da revolução”, precisa em comunicado o departamento do Tesouro norte-americano.

Conseguido depois de 21 meses de duras negociações, o acordo foi assinado, por parte dos Estados Unidos, pelo antecessor de Trump, Barack Obama.

Irão deve continuar a respeitar o acordo

Ao mesmo tempo, o presidente da Comissão de Política Externa e Segurança Nacional do parlamento iraniano garantiu esta quinta-feira, em Lisboa, que “o Irão continua vinculado ao acordo nuclear enquanto a Europa assumir os seus compromissos”.

Alaeddin Boroujerdi salientou que “se é um acordo vigente, com signatários internacionais, as partes têm de respeitar esse acordo”, pelo que, garantiu, o Irão mantém as responsabilidades assumidas.

“Em certos tempos, um acordo assinado internacionalmente funciona como garantia, mas, infelizmente, os Estados Unidos quebraram essa norma”, declarou, em alusão à saída dos Estados Unidos do acordo nuclear, assinado em 2015 entre o Irão e o grupo dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido), a que se juntou a Alemanha.

Em conferência de imprensa na embaixada do Irão em Lisboa, Alaeddin Boroujerdi, em visita a Portugal “num quadro de diplomacia parlamentar”, referiu esperar que “a Europa vai continuar com os seus compromissos”.

“O Presidente dos Estados Unidos disse que vai sair do acordo nuclear e esta atitude demonstrou que não podemos confiar agora nos acordos internacionais”, enfatizou, acrescentando a possibilidade de os norte-americanos pressionarem os países europeus para deixarem também o acordo de enriquecimento de urânio do Irão.

“Se a Europa não conseguir resistir a pressões norte-americanas, não existe mais justificação para o Irão continuar este caminho e, certamente, chegaremos a uma situação em que teremos de decidir com base nos interesses do nosso país”, frisou.

O presidente da Comissão de Política Externa e Segurança Nacional do parlamento iraniano salientou ainda que o Irão vai respeitar os “regulamentos internacionais” e que “aceita as restrições impostas pela Agência Internacional de Energia Atómica”. Contudo, Boroujerdi notou que o Irão “tem de continuar com o enriquecimento de urânio” e lembrou que “o único instrumento de defesa” que tem “são esses mísseis, essa capacidade de desenvolver mísseis”. “Nos oito anos de guerra com o Iraque, nem tínhamos mísseis para nos defendermos”, concluiu.

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EUA saem do acordo nuclear com o Irão. Vice-presidente já informou o Congresso

O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, já terá informado o Congresso de que o presidente vai anunciar a saída dos EUA do acordo nuclear com o Irão.

Os Estados Unidos deverão abandonar o acordo nuclear com o Irão, uma decisão que se espera que seja anunciada esta terça-feira pelo presidente Donald Trump. Segundo a CNN, o vice-presidente, Mike Pence, comunicou ao Congresso que o presidente vai anunciar a saída do país do acordo.

A informação foi avançada inicialmente pelo The New York Times (acesso condicionado), que garantiu que a intenção de os EUA saírem do acordo nuclear com o Irão foi transmitida pelo chefe de Estado norte-americano ao homólogo francês, Emmanuel Macron. A confirmar-se a decisão, abre-se a porta a novas sanções ao Irão.

Já depois da publicação da notícia pelo diário norte-americano, um representante da Presidência francesa veio a público garantir que Donald Trump não transmitiu qualquer informação sobre o sentido de decisão a Emmanuel Macron, desmentindo a notícia.

De acordo com o jornal, que cita uma fonte com conhecimento da conversa entre os dois líderes, os Estados Unidos deverão reinstaurar todas as sanções económicas contra o Irão que tinham sido levantadas na sequência do acordo. Segundo o jornal, deverá ser esta a posição que Donald Trump vai transmitir esta terça-feira, numa conferência de imprensa que o próprio marcou através do Twitter. O anúncio deverá ser feito por volta das 19h00 em Lisboa.

Trump exigia limites mais apertados ao Irão

Os parceiros do acordo, como é o caso de França, terão insistido para que Donald Trump mantivesse os Estados Unidos no acordo alcançado em 2015, e que foi considerado uma das principais conquistas da Presidência de Barack Obama.

No entanto, segundo informações obtidas pelo mesmo jornal, as negociações colapsaram, com Trump a insistir que as fortes limitações na produção de combustível nuclear impostas ao Irão sejam mantidas mesmo para lá de 2030. O acordo de 2015 tem como principal objetivo travar as capacidades do Irão de produzir armas nucleares. Em troca, a comunidade internacional concordou em levantar as sanções económicas que representam uma barreira ao crescimento económico daquele país.

Petróleo cai, mesmo com a decisão

O mercado do petróleo está exposto a esta decisão, uma vez que as sanções que poderão ser impostas pelos Estados Unidos deverão limitar significativamente a capacidade de produção do Irão.

Ora, o Irão representa um terço da produção petrolífera mundial, pelo que é expectável uma redução da oferta no mercado. É por isso que o preço do barril de petróleo em Nova Iorque, para entrega em junho, chegou a ultrapassar a fasquia dos 70 dólares, algo que não acontecia desde 2014.

No entanto, esta terça-feira, mesmo com a notícia do The New York Times, o preço do crude está a derrapar. O contrato de WTI está agora a valer 69,02 dólares, uma queda intradiária de 1,4%.

(Notícia em atualização)

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Trump convencido de que será “alcançado um acordo” com a China

  • Lusa
  • 8 Abril 2018

“A China vai retirar a suas barreiras aduaneiras porque é a coisa certa a fazer”, escreveu Trump este domingo de manhã na rede social Twitter.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, manifestou-se convencido de que será “alcançado um acordo” com a China para evitar uma guerra comercial. “A China vai retirar a suas barreiras aduaneiras porque é a coisa certa a fazer”, escreveu Trump este domingo de manhã na rede social Twitter.

Segundo Donald Trump, as taxas aduaneiras vão ser “recíprocas” e alcançar-se-á “um acordo sobre a propriedade intelectual”. O Presidente dos Estados Unidos prometeu também “um soberbo futuro para os dois países”.

Trump não explicou porque é que está tão otimista quanto à resolução da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

Na quarta-feira, Donald Trump tentou suavizar esta situação e negou mesmo que houvesse uma guerra comercial. “Não estamos numa guerra comercial com a China, essa guerra foi perdida há muitos anos pelas pessoas tolas, ou incompetentes, que representavam os Estados Unidos”, escreveu no Twitter o presidente dos Estados Unidos.

E prosseguiu: “Agora temos um défice comercial de 500 mil milhões de dólares por ano, com o roubo de propriedade intelectual de mais 300 mil milhões de dólares”. Na altura tinha lembrado que os Estados Unidos não poderiam “deixar isto continuar”.

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Trump terá proposto reunir-se com Putin na Casa Branca

  • Lusa
  • 2 Abril 2018

O Presidente dos Estados Unidos terá proposto ao homólogo russo um encontro na Casa Branca, segundo o Kremlin.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, propôs ao seu homólogo russo, Vladimir Putin, um encontro na Casa Branca quando falaram por telefone no passado dia 20 de março, afirmou esta segunda-feira o conselheiro do Kremlin, Yuri Ushakov. “Durante a sua conversa telefónica, foi o próprio Trump que propôs um encontro”, declarou Ushakov à imprensa.

“Trump propôs organizar este encontro em Washington, na Casa Branca”, precisou, adiantando, no entanto, que depois as “relações bilaterais se deterioraram mais uma vez” com as expulsões recíprocas de diplomatas relacionadas com o envenenamento do ex-espião russo Serguei Skripal em Inglaterra.

O ex-espião duplo de origem russa Serguei Skripal, de 66 anos, e a sua filha Yulia, de 33 anos, foram encontrados inconscientes a 4 de março em Salisbury, no sul de Inglaterra, após terem sido envenenados com um componente químico que ataca o sistema nervoso. O Reino Unido atribuiu o envenenamento à Rússia, que tem desmentido todas as acusações e exigido provas concretas sobre esta alegação.

A crise diplomática originada pelo envenenamento do antigo espião Sergei Skripal e da sua filha Yulia já levou à ordem de expulsão de cerca de 300 diplomatas, segundo a contabilização da agência de notícias AFP. A 14 deste mês, o Reino Unido anunciou a expulsão de 23 diplomatas russos, uma manobra diplomática que foi seguida nos últimos dias por muitos países ocidentais, pela Ucrânia e pela NATO, o que afetou mais de 150 membros de representações diplomáticas da Rússia em dezenas de países.

Na sexta-feira, a Rússia chamou os embaixadores de 23 países para anunciar que receberiam uma retaliação idêntica à que haviam decretado contra os russos, o que eleva para mais de 300 os diplomatas afetados pela maior onda de expulsões diplomáticas da história. Ainda na sexta-feira, já depois de ter decretado a saída de 23 britânicos, a Rússia disse que as autoridades do Reino Unido devem reduzir o seu pessoal na Rússia “em mais 50 pessoas” para que o número de saídas recíprocas fique equiparado.

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Trump felicitou Putin por telefone. Encontro está para breve

  • Lusa e Juliana Nogueira Santos
  • 20 Março 2018

Dois dias depois de ter sido reeleito, Putin recebeu a chamada de felicitação de Trump. Falaram ainda sobre a possibilidade de se encontrarem nos próximos tempos.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, felicitou por telefone Vladimir Putin pela sua reeleição, sendo que os dois abordaram uma possível cimeira bilateral e a coordenação para “limitar a corrida ao armamento”, informou o Kremlin.

“Donald Trump felicitou Vladimir Putin pela sua vitória na eleição presidencial indicou a Presidência russa (Kremlin), num comunicado. A nota informativa do Kremlin acrescentou que durante a conversa telefónica os dois líderes manifestaram-se favoráveis a uma coordenação de esforços entre Moscovo e Washington para “limitar a corrida ao armamento”.

Esta conversa e o seu conteúdo foi também confirmada por Donald Trump, tendo sido ainda caracterizada de “uma boa chamada”. Provavelmente vamos encontrar-nos num futuro não muito distante para discutir a corrida ao armamento, que está a ficar fora de controlo”, acrescentou ainda o presidente em conversa com os jornalistas.

Em relação ao caso do envenenamento do ex-agente duplo russo Serguei Skripal e da sua filha em solo britânico, cuja responsabilidade está a ser atribuída a Moscovo, o Kremlin disse que este não foi um assunto que tenha feito parte da conversa.

Vladimir Putin foi reeleito presidente da Rússia no domingo passado com 76,67% dos votos. De acordo com os últimos dados da Comissão Eleitoral Central, Putin obteve o apoio de 56,1 milhões de cidadãos, mais 10,5 milhões que na eleição de 2012, quando regressou ao Kremlin após um mandato de quatro anos como primeiro-ministro.

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Trump prevê que encontro com Kim Jong-Un seja um “tremendo sucesso”

  • Lusa
  • 11 Março 2018

A opositora de Trump nas eleições presidenciais, a democrata Hillary Clinton, já comentou que a administração não está a ver o perigo que representam as discussões com Pyongyang. 

O presidente norte-americano, Donald Trump defendeu sábado que as conversações com o líder norte-coreano Kim Jong-Un serão “um tremendo sucesso”, elogiou a colaboração da China e criticou a inação dos seus antecessores, afirmando que “não fizeram nada”.

“Acho que a Coreia do Norte está indo muito bem, será um tremendo sucesso. A promessa é que eles não vão lançar mísseis até esse encontro, e que vão procurar a desnuclearização, isso seria maravilhoso”, disse Trump aos repórteres pouco antes de participar num evento em Moon Township, a oeste da Pensilvânia.

“Vamos ver o que acontece. Isto devia ter sido enfrentado nos últimos 30 anos, e não agora. (Ex-presidentes Barack) Obama, (George W.) Bush, (Bill) Clinton, tiveram a oportunidade e não fizeram nada”, acrescentou Trump. O Presidente dos EUA aproveitou para agradecer a colaboração do Presidente chinês Xi Jinping, em relação à Coreia do Norte. “A China fez mais por nós do que nunca antes para qualquer outro presidente ou para este país, e eu respeito isso”, disse.

Trump comentou assim a notícia de que aceitou uma reunião histórica com o líder norte-coreano, que presumivelmente acontecerá em maio, num lugar a ser determinado, e que será, a acontecer, o primeiro encontro na história entre líderes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte. Trump já tinha anunciado que o presidente chinês Xi Jinping tinha agradecido os esforços “diplomáticos” da administração norte-americana para resolver a questão norte-coreana.

“O presidente Xi disse-me ter apreciado que os Estados Unidos estejam a tentar resolver o problema diplomaticamente em vez de usar a opção mais preocupante. A China continua a ajudar-nos”, escreveu este domingo Trump, numa referência à chamada telefónica com o seu homólogo chinês.

A Casa Branca anunciou na sexta-feira que os dois chefes de Estado estão “comprometidos em manter a pressão e as sanções até que a Coreia do Norte tome decisões para uma desnuclearização completa, verificável e irreversível”. “A Coreia do Norte não realizou qualquer teste de mísseis desde 28 de novembro de 2017 e prometeu não o fazer durante os nossos encontros. Eu acho que eles manterão sua promessa!”, afirmou Trump também num tweet.

A opositora de Trump nas eleições presidenciais, a democrata Hillary Clinton, já comentou que a administração não está a ver o perigo que representam as discussões com Pyongyang. “Se quer discutir com Kim Jong Un sobre armas nucleares, precisa de diplomatas experimentados. Precisa de pessoas que conheçam bem as questões e saibam decifrar os norte-coreanos e a sua linguagem”, afirmou a antiga responsável pela diplomacia dos Estados Unidos a um jornal holandês, acrescentado que o “perigo não é reconhecido pelo governo Trump”.

Estados Unidos não irão fazer concessões nas negociações com Coreia do Norte

O Governo norte-americano “não fará concessões” nas negociações com a Coreia do Norte de Kim Jong-un, e coloca como condições o fim das provas de mísseis e o início da desnuclearização, disse hoje o diretor da CIA. “Não se enganem. Apesar de estas negociações se realizarem, não se farão concessões“, afirmou o diretor da CIA, Mike Pompeo, num programa da cadeia televisiva conservadora Fox.

A Coreia do Norte deverá oferecer, segundo o responsável da CIA, “provas verificáveis, completas e irreversíveis” de que os ensaios de mísseis acabaram e os Estados Unidos vão manter as sanções económicas a Pyongyang. No sábado à noite, o Presidente norte-americano, Donald Trump, previu que as conversações com Kim Jong-un serão um “êxito tremendo”. Dias antes, tinha revelado ter aceitado o encontro que, a realizar-se, seria a primeira reunião da história entre os líderes dos EUA e da Coreia do Norte.

“O Presidente [dos EUA] tomou a decisão, este é o momento adequado para se reunir com Kim [Jong-un]”, acrescentou Mike Pompeo. Embora tenha chegado a ser apontado o mês de maio como a data para ter lugar o encontro, a porta-voz presidencial, Sarah Sanders, disse que ainda não havia “nem lugar nem data fixados”.

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Trump admite recuar nas taxas do aço e alumínio se alcançar acordo com México e Canadá

  • Lusa
  • 5 Março 2018

Na semana passada os EUA anunciaram que vão impor uma taxa alfandegária de 25% sobre as importações de aço e de 10% sobre as de alumínio para proteger a indústria nacional, mas Trump admite recuar.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu esta segunda-feira retirar a proposta sobre tributação das importações de aço e alumínio se for alcançado um acordo comercial justo com o México e o Canadá.

“Temos grandes défices comerciais com o México e o Canadá. O Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (TLCAN), que está sob negociação agora mesmo, tem sido um mau acordo para os Estados Unidos. Enormes deslocalizações de empresas e trabalhos”, escreveu o líder norte-americano numa mensagem no Twiter. Trump, que ameaçou no final da semana passada impor elevadas taxas alfandegárias, acrescentou que “as tarifas sobre o aço e alumínio só serão retiradas se for assinado um novo e justo TLCAN“, um acordo que está em vigor desde 1994.

O presidente norte-americana não deu mais detalhes, nomeadamente sobre a possibilidade de alargar a mais países, e quais. A mensagem de Trump coincide com o fecho da última ronda de negociações sobre o TLCAN que tem lugar esta segunda-feira na Cidade do México, com a presença dos principais negociadores dos três países.

Na semana passada os Estados Unidos anunciaram que vão impor uma taxa alfandegária de 25% sobre as importações de aço e de 10% sobre as de alumínio para proteger a indústria nacional, numa iniciativa que mereceu a crítica da generalidade da comunidade internacional, preocupada com a possibilidade de respostas semelhantes por parte de outros países.

Já esta segunda-feira, o Governo alemão reafirmou que as políticas de “isolamento” e de “protecionismo” dos EUA são “o caminho errado” e insistiu que uma guerra comercial não beneficia ninguém. “Não queremos uma escalada na situação e muito menos uma guerra comercial” que não beneficia a Alemanha, a Europa e os Estados Unidos”, vincou o porta-voz do Governo alemão, Steffen Seibert, reiterando que a redução dos obstáculos comerciais “não se alcança mediante ameaças”.

Nas declarações, o porta-voz de Angela Merkel salientou que a chanceler “sempre defendeu uma redução dos obstáculos comerciais, concretamente através de um acordo comercial transatlântico”.

Também esta segunda-feira o Presidente da França, Emmanuel Macron, disse que se as medidas protecionistas [dos EUA] foram confirmadas, “é importante que a União Europeia reaja rapidamente e de maneira proporcional”. Durante uma conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro do Quebeque, Macron acrescentou que “é claro que as medidas seriam uma violação das regras da Organização Mundial do Comércio; a União Europeia teria então o direito, e seria esse o desejo da França, de meter uma ação na OMC e tomar as contramedidas apropriadas” relativamente aos norte-americanos.

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BCE estima impacto positivo a curto prazo de reforma fiscal dos EUA

  • Lusa
  • 5 Fevereiro 2018

Para a zona euro, estima-se que a reforma "poderá aumentar a procura por bens e serviços", embora o efeito global se preveja bastante pequeno. É que haverá outros efeitos a ter em conta.

O impacto da reforma fiscal nos Estados Unidos da América sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do país será positivo no curto prazo, mas os efeitos a longo prazo são “muito mais incertos, segundo o Banco Central Europeu (BCE).

Num artigo incluído no próximo boletim económico do BCE, divulgado pela agência EFE, é estimado que a reforma melhore o PIB real dos Estados Unidos da América entre 0,5% e 1,3% nos próximos três anos.

Contudo, referem os autores do artigo, os efeitos a longo prazo são “muito incertos” porque dependem de como a reforma tributária é financiada e o impacto de um maior défice nos custos da dívida soberana.

É que o aumento do défice fiscal poderá gerar maiores taxas de juros de longo prazo e aumentar o custo do capital, contrariando alguns dos efeitos positivos do lado da oferta.

Já na zona euro, o artigo estima que a reforma “poderá aumentar a procura por bens e serviços”, pelo aumento da procura dos EUA, embora o efeito global se preveja bastante pequeno. A zona euro também será afetada por mudanças na paisagem fiscal internacional, cujas consequências são muito incertas e complexas, devido à atratividade fiscal que os Estados Unidos ganham com esta reforma.

A reforma aumenta o risco de “uma concorrência fiscal em todo o mundo” e pode gerar uma erosão da base tributável nos países da União Europeia (UE), acrescenta o artigo.

A reforma fiscal dos EUA, em vigor desde 1 de janeiro de 2018, contempla uma redução do imposto sobre as empresas de 35% para 21% e uma deduções os impostos dos investimentos feitos. Há também reduções de impostos sobre o rendimento para os contribuintes individuais. A reforma também facilita o repatriamento de lucros conseguidos por empresas no estrangeiro.

A China já anunciou, no final de dezembro passado, um programa de benefícios fiscais em resposta à reforma fiscal norte-americana.

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EUA: Primeiro Estado da União marca “novo momento americano”

  • ECO e Lusa
  • 31 Janeiro 2018

Trump foi ao Congresso para dizer que agora se vive um novo momento americano. Imigração, infraestruturas e economia foram os temas do discurso mais tweetado da história.

Durante o seu primeiro discurso do Estado da União, o Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, definiu que se vive agora um “novo momento americano”. “Este é o nosso novo momento americano. Nunca houve um momento melhor para começar a viver o sonho americano”, disse Trump perante as duas câmaras do Congresso norte-americano.

O Presidente dos Estados garantiu desejar que “cada americano conheça a dignidade de um dia duro de trabalho, que cada criança se sinta segura na sua casa à noite e que cada cidadão se sinta orgulhoso desta terra”. “Seguimos em frente com uma visão clara e certa para tornar a América grande de novo para todos os americanos”, continuou.

O republicano começou o discurso referindo-se aos resultados da economia — descida do desemprego, subida de salários, crescimento da bolsa — e referiu-se também à maior vitória do seu primeiro ano de mandato, a aprovação de uma reforma do sistema fiscal. “Desde que aprovámos o corte de impostos, cerca de três milhões de trabalhadores já receberam bónus dos cortes de impostos, milhares e milhares de dólares”, declarou Trump.

Os seus planos para uma reforma de imigração, investimento público e acordos de comércio também foram temas abordados. “A América virou finalmente a página de décadas de acordos de comércio injustos, que sacrificaram a nossa prosperidade e enviaram [para outros países] as nossas empresas, os nossos trabalhos e a riqueza da nossa nação”, disse Donald Trump, perante as duas câmaras do Congresso norte-americano (Câmara dos Representantes e Senado).

Trump, que decidiu a saída dos EUA do Acordo Trans-Pacífico de Comércio e quer renegociar o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), afirmou que “a era de submissão económica terminou” e que todos os novos acordos serão “justos e, mais importante, recíprocos.”

Trump oferece DACA em troca do muro

O presidente dos EUA também se referiu a um dos temas com o qual o Congresso se debate neste momento, que é o futuro dos jovens protegidos pelo programa DACA, pessoas que foram trazidos para os EUA em criança de forma ilegal. Trump reiterou a proposta da Casa Branca, que oferece um caminho da cidadania para cerca de 1,8 milhões de jovens que “cumpram requisitos de trabalho e educação, e bom caráter moral”, em troca da construção do muro da fronteira com o México, o fim da lotaria de vistos e os programas de reunificação familiar.

“Comunidades que passam por dificuldades, especialmente comunidades de imigrantes, podem ser ajudadas por políticas de imigração que se centrem nos interesses dos trabalhadores americanos e das famílias americanas”, defendeu.

Na área económica, o republicano mencionou um tema popular entre os conservadores, o corte de regulações para todas as indústrias. “Na nossa missão para responsabilizar Washington, eliminámos mais regulações no nosso primeiro ano do que qualquer outra administração na história”, assinalou. “A América é uma nação de construtores. Construímos o Empire State Building em apenas um ano. Não é uma desgraça que agora demore dez anos para conseguir a licença para construir uma simples estrada?”, questionou

Num dos vários momentos em que referiu a colaboração entre os partidos, Trump pediu a democratas e republicanos que deixem passem o seu plano de investimento público em infraestruturas.“Estou a pedir a ambos os partidos que se unam para nos dar a rede de infraestruturas segura, rápida, de confiança e moderna que a nossa economia precisa e que as nossas pessoas merecem”, apelou.

Trump pediu ainda “a todos que coloquem as suas diferenças de lado, que procurem pontos de acordo e que procurem a unidade” que os Estados Unidos precisam para as pessoas que serve.

Discurso mais tweetado da história

Este discurso tornou-se no mais tweetado da história, anunciou a rede social. Segundo o Twitter, o discurso de Trump teve 4,5 milhões de mensagens com o hashtag “#SOTU”, sigla em inglês do nome do discurso (“State of the Union”), e “#JointSession”, designação de “sessão conjunta”, numa referência à reunião da Câmara dos Representantes e do Senado para ouvir o presidente dos EUA.

Estas 4,5 milhões de mensagens ultrapassaram o recorde anterior, também pertencente a Donald Trump, de três milhões de mensagens, quando discursou, igualmente perante o Congresso, em fevereiro do ano passado, intervenção que não foi considerada discurso do Estado da Nação porque o presidente dos Estados Unidos apenas estava há apenas um mês na Casa Branca.

De acordo com o Twitter, a mensagem mais replicada foi a que continha a ligação para assistir, em direto, ao discurso.

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Como vai a união dos EUA? Trump revela pela primeira vez

  • Juliana Nogueira Santos
  • 30 Janeiro 2018

No seu primeiro discurso do Estado da Nação, Trump poderá fechar um capítulo e abrir outro. Mas não sem antes resolver o entrave do financiamento do Governo.

Donald Trump esteve presente na edição de 2018 da reunião anual do Fórum Económico Mundial, em Davos.World Economic Forum / Boris Baldinger

Com o segundo ano de presidência de Trump chega também o primeiro discurso do Estado da União. É tradição que todos os anos — exceto no primeiro do mandato — o presidente dos Estados Unidos se dirija ao Congresso e ao país para dizer em que termos está a união dos 50 estados. Este ano não vai ser exceção.

Este discurso cumpre o requisito expresso na Constituição norte-americana que diz que o presidente “deve, de tempo a tempo, fornecer ao Congresso informações sobre o Estado da União e recomendar à sua consideração as medidas que acha serem necessárias e expedientes“. O protocolo definiu então que, onde se lê “de tempo a tempo”, se deva ler “de ano a ano”.

Assim, o líder da maioria no Congresso tem de convidar formalmente o presidente, através de carta. O presidente aceita e define uma data e um tema. Ficou então definido que esta terça-feira, dia 30 de janeiro, às 21h00 — 02h00 de quarta-feira em Lisboa — Donald Trump falaria sobre “uma América segura, forte e orgulhosa”. E o que significam estas premissas? Tudo aponta para que sejam poucas novidades.

Depois dos impostos vêm as infraestruturas

Na semana passada, na reunião anual do Fórum Económico Mundial, Donald Trump fez questão de sublinhar todos os feitos deste primeiro ano: a reforma fiscal, o crescimento da economia, o desemprego recorde e o rally dos mercados. Deixou ainda aberta a porta ao diálogo com os parceiros comerciais, ao afirmar que a “América primeiro não é a América sozinha”.

É assim expectável que, seguindo as pistas da força e do orgulho, o presidente dirija o discurso pelo mesmo caminho. O plano fiscal será revisitado, os números do emprego serão novamente etiquetados como recordistas e os congressistas republicanos não cessarão os aplausos. Os acordos como o NAFTA e o TPP também não serão esquecidos.

Mas com a reforma fiscal riscada da lista de afazeres escrita quando ainda era candidato às presidenciais de 2016, Trump irá agora concentrar a sua atenção num pacote de investimentos nas infraestruturas de 200 mil milhões de dólares que pode vir a atingir os 1,8 biliões. É aí que se incluem estradas, pontes, aeroportos e o tão famoso muro na fronteira com o México.

Uma América que Trump diz segura passará pelo investimento na segurança nacional, tanto na construção do muro, como na restrição à imigração e aos imigrantes que já estão no país. É aqui que a barreira entre democratas e republicanos se tem constituído. A nuvem da paralisação do Governo por falta de orçamento anual continua a pairar sobre Washingtonainda que tivesse sido soprada por instantes pelo Senado no princípio do mês — e o entrave é ainda o programa de proteção dos Dreamers, os imigrantes ilegais que entraram no país quando eram menores.

Enquanto os liberais querem manter essa proteção, os republicanos preferem canalizar os fundos do DACA para as forças militares ou até para o muro. Espera-se então que Trump pressione o Congresso a tomar uma decisão em relação a este assunto, para que o plano de financiamento federal possa ser concluído, com quase cinco meses de atraso.

E será que é o que os norte-americanos querem ouvir?

E será que as linhas já escritas pelo presidente dos Estados Unidos coincidem com aquilo que os norte-americanos querem ouvir? Uma sondagem feita pelo Politico mostra que Trump acertou em metade. Assim, 59% dos inquiridos querem ouvir o presidente a falar sobre o sistema de saúde, enquanto 58% querem ouvir como o presidente tenciona melhorar a economia e criar mais emprego.

“A nossa sondagem revela que desenvolver a reforma do sistema de saúde é cada vez mais uma prioridade para os eleitores desde o último Estado da União do presidente Barack Obama”, aponta Kyle Dropp, analista da Morning Consult, a agência parceira do Politico. Para trás, os norte-americanos querem que se deixe a pobreza mundial, as alterações climáticas e a imigração ilegal.

Nas casas de apostas, também já se fazem previsões. No Predict It, uma plataforma que encontra na política um campo de apostas, já se ganha mais dinheiro se 42 milhões de pessoas assistirem ao discurso ou se Trump falar da Coreia do Norte. Por outro lado, os apostadores não estão nada seguros que Trump diga “fake news”, “amnistia” ou fale de Barack Obama.

Há também aqueles que nem sequer querem ouvir o presidente ou fazem questão de protestar de qualquer forma. Vários congressistas democratas já admitiram que vão boicotar este discurso em protesto. Outras congressistas afirmaram que vão vestir-se de preto em apoio ao movimento Time’s Up.

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Senado norte-americano chumbou orçamento e pôs governo de Trump de mãos atadas. E agora?

  • Margarida Peixoto
  • 20 Janeiro 2018

Oficialmente, a administração dos Estados Unidos está paralisada desde as 24 horas de sexta-feira, quando os republicanos falharam a aprovação da sua proposta de Orçamento.

O shutdown quer dizer que só os serviços essenciais da administração — como os que lidam com a segurança pública e nacional — estão em funcionamento.: Kevin Dietsch/Pool via Bloomberg

A administração Trump está em shutdown desde as 24 horas desta sexta-feira, quando os Republicanos falharam a aprovação de uma proposta de orçamento que permitiria alargar o financiamento dos serviços dos Estados Unidos da América (EUA) provisoriamente, até 16 de fevereiro. O Governo de Trump está assim oficialmente paralisado.

Segundo a Reuters, Democratas e Republicanos não se entenderam na discussão de matérias relacionadas com a imigração e a segurança das fronteiras do país e dos 60 votos necessários para aprovar o orçamento, os Republicanos só conseguiram 50. A agência explica que muitos Democratas recusaram a proposta porque o Presidente Donald Trump rejeitou incluir mecanismos de proteção dirigidos aos jovens imigrantes — conhecidos como os Dreamers (sonhadores).

O chumbo deste orçamento provisório quer dizer que, tecnicamente, a administração Trump ficou sem verbas para funcionar a partir da meia-noite. Há assim mais de 800 mil funcionários públicos norte-americanos que poderão não ir trabalhar na próxima segunda-feira, sendo forçados a uma licença sem vencimento enquanto os congressistas não conseguirem fechar um acordo.

Esta está longe de ser a primeira vez que uma paralisação se concretiza: tal como o ECO já contou, aconteceu 18 vezes na história dos Estados Unidos. Desta vez, desde setembro que o risco se tem vindo a colocar. Mesmo antes de o anterior orçamento expirar, os Republicanos conseguiram aprovar uma extensão do financiamento, que viria a ser alargada em dezembro. Contudo, na noite desta sexta-feira para sábado, não se conseguiu encontrar uma solução.

Trump entra num braço de ferro

A paralisação marca negativamente o dia em que a administração Trump assinala um ano no poder. A incapacidade para aprovar o financiamento é particularmente dura já que os Republicanos controlam tanto a Casa Branca, como o Congresso. E na sequência do chumbo, a Casa Branca entrou num braço de ferro com os Democratas.

Não vamos negociar a situação de imigrantes ilegais enquanto os Democratas mantiverem os nossos cidadãos legais reféns das suas exigências precipitadas.

Casa Branca

Fonte oficial

“Esta noite, eles [os Democratas] puseram a política acima da nossa segurança nacional, das famílias dos militares, das crianças vulneráveis, e da capacidade do nosso país de servir todos os americanos”, disse fonte oficial da Casa Branca, em comunicado. “Não vamos negociar a situação de imigrantes ilegais enquanto os Democratas mantiverem os nossos cidadãos legais reféns das suas exigências precipitadas”, garantiu ainda a Casa Branca.

Na sequência do chumbo, Democratas e Republicanos comprometeram-se a retomar as negociações este sábado, para chegar a um acordo rápido, mas a Reuters adianta que essa possibilidade é agora estreita.

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“Volto já”. O que significa o shutdown do Governo norte-americano?

  • Juliana Nogueira Santos
  • 19 Janeiro 2018

Esta sexta-feira, cerca de 800 mil trabalhadores podem não ter de ir trabalhar para a próxima semana e a economia pode perder 20 mil milhões de dólares por um impasse entre partidos.

A imigração está no centro deste impasse. O Governo federal poderá ter de escrever “Volto Já” nas portas.Ana Raquel Moreira/ECO

Na próxima semana, mais de 800 mil funcionários públicos norte-americanos podem ver os seus serviços paralisados, sendo obrigados a tirar licença sem vencimento, porque os congressistas ainda não conseguiram chegar a um consenso em relação ao financiamento federal para 2018. Parece-lhe um cenário bizarro? Nada disso, já aconteceu 18 vezes na história dos Estados Unidos.

O orçamento do Governo federal relativo a 2018 deveria ter entrado em vigor no dia 1 de outubro de 2017, mas o partido que detém a maioria no Congresso norte-americano ainda não chegou a um projeto-lei capaz angariar a maioria absoluta dos votos. O republicano Paul Ryan, presidente da Câmara dos Representantes, conseguiu encontrar três soluções nos últimos quatro meses para evitar a paralisação do Governo federal — em inglês, um shutdown –, mas poderá não encontrar uma quarta.

Em setembro, mesmo antes de o orçamento anterior expirar, os republicanos aprovaram uma extensão temporária do financiamento que permitiu aos serviços do Estado continuarem a trabalhar e a gastar sem qualquer restrição. O mesmo aconteceu no princípio e no fim do mês de dezembro, quando o Congresso deu luz verde, pelas duas vezes, às despesas extraordinárias.

Assim, e depois de quase meio ano a empurrar o planeamento de despesas com a barriga, dando como justificação a urgência de ver aprovados projetos-leis mais impactantes, como a nova estratégia para o sistema de saúde nacional ou a tão prometida reforma fiscal, as hipóteses passaram a ser: consenso ou paralisação.

Mas o Governo para mesmo?

Quando o plano de financiamento anual expira sem um substituto, a lei prevê que os setores não essenciais do Governo fechem temporariamente para evitarem gastos não programados. Os norte-americanos chamam-lhe um spending gap, ou seja, um hiato nas despesas.

Neste período, os parques naturais, os museus públicos, os monumentos, os jardins zoológicos e até certos departamentos como o do comércio, ou o da justiça ficam de portas fechadas e a maioria, ou até a totalidade, dos seus trabalhadores é enviada para casa, sem vencimento, até que haja um acordo em Washington.

Os cidadãos deixam de poder tirar ou renovar documentos de identificação, veem os seus voos atrasados e podem até ter problemas nos bancos, por estes não conseguirem ter acesso aos dados fiscais dos seus clientes.

No entanto, as consequências mais graves são para os militares e as empresas. Os membros da polícia, dos bombeiros, do exército, do FBI e até as patrulhas de fronteira são considerados trabalhadores essenciais, ou seja, não podem ser dispensados. No entanto, e tal como todos os outros funcionários públicos, deixam de receber durante o período de paralisação.

No caso das empresas, todas aquelas que têm no Estado um cliente direto não recebem pagamentos. Também os bancos veem a sua atividade diminuída por não terem esse acesso aos dados. Os cálculos dos analistas apontam para perdas na economia que podem ascender até aos 20 mil milhões de dólares.

E nos mercados? Analisando os 18 shutdowns que já aconteceram em território norte-americano — e que aconteceram tanto com presidentes republicanos como com democratas –, os impactos nos mercados não são assim tão fortes. Segundo uma análise do Marketwatch, os índices caíram uma média de 0,6% nessa altura. Ainda assim, a volatilidade dos mercados aumenta significativamente, fazendo transparecer a incerteza dos investidores em relação à incerteza que também se vive em Washington.

E quem é que continua a ganhar salário durante essa altura? Os congressistas e todos os senadores, os membros da Casa Branca e até o Presidente. Parece um incentivo pouco forte para resolver este impasse.

O jogo das culpas

A travar o acordo bipartidário estão questões relacionadas com a imigração. Os democratas garantem que não vão votar em nenhum projeto-lei que não inclua fundos para proteger os imigrantes sem documentos que chegaram ao país menores de idade — os Dreamers — e que viram o DACA, o programa criado por Obama, cessado pela administração atual.

Por outro lado, os republicanos — leia-se o presidente — insistem não só no financiamento para o muro que poderá vir a dividir a fronteira entre os EUA e o México, mas também que o alargamento por seis anos do CHIP, o programa de saúde dedicado às crianças que permite o acesso aos cuidados por parte de mais nove milhões, é a cedência suficiente às exigências dos democratas.

Divergências à parte, e até à semana passada, o acordo parecia atingível, com o presidente a mostrar abertura para discutir este tópico quente com os democratas. Mas como coerência não é algo a que Trump nos tenha acostumado, explodiu um escândalo. Um democrata afirmou que na reunião na Casa Branca dedicada a essa discussão, o presidente questionou-se porque é que os EUA continuam a acolher imigrantes de “países de merda”, referindo-se ao Haiti e a El Salvador.

Estas declarações, consideradas por muitos racistas e nada presidenciais, deitaram por terra quaisquer possibilidades de chegar a um consenso. Entretanto, os dois partidos têm conseguido bater recordes no jogo da ‘batata quente’, ou seja, de passarem as responsabilidades de um lado para o outro. Até o presidente já se envolveu, não como árbitro, mas como reforço de peso para os republicanos.

No Twitter, Trump tem chamado à atenção para a necessidade de resolver este impasse, impondo como principais lesados as forças militares do país. Já no serão desta quinta-feira, argumentou que “uma paralisação do Governo será devastadora para os militares… algo com o qual os democratas se preocupam pouco”. Por outro lado, em ano de eleições intercalares que se avizinham esperançosas para os democratas, estes também não querem ficar com as culpas.

Republicanos preparam o plano D

Com este cenário pouco seguro, são muitos os que já apontam o shutdown governamental como uma certeza. Os críticos — onde se inclui o presidente — afirmam que já não há margem para continuar a empurrar estes temas com a barriga sob a pena de os setores saírem prejudicados. As soluções apresentadas até então, todas temporárias, não podem ser seguidas por falta de estabilidade.

À falta de solução, os republicanos já têm o plano na manga, o de adiar a paralisação — e consequentemente a discussão entre azuis e vermelhos — para 16 de fevereiro. Esta quarta extensão já foi aprovada na Câmara dos Representantes e passa agora para o Senado, também controlado pelos conservadores. Ainda assim, são necessários 12 votos do lado dos democratas, algo não é já dado como certo.

As horas vão passando e o financiamento vai acabando. Cerca de 800 mil trabalhadores podem não ter de ir trabalhar para a próxima semana e a economia pode perder 20 mil milhões de dólares por este impasse. Por agora, está tudo nas mãos do Senado.

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