Costa critica PT: “Já fiz a minha escolha da companhia que utilizo”
O primeiro-ministro disse recear que a PT vire uma nova Cimpor, com um eventual "desmembramento" que ponha em causa a companhia e os trabalhadores. E apela a um olhar atento da Anacom.
O primeiro-ministro criticou a PT Portugal no debate do Estado da Nação desta terça-feira. António Costa disse recear que, devido à “forma irresponsável” como foi feita a privatização, o país possa vir a ter “um novo caso Cimpor”, com um eventual “desmembramento” que ponha em risco os postos de trabalho e o futuro da companhia.
“Partilho consigo os receios sobre a evolução da PT. Porque receio bastante que a forma irresponsável como foi feita aquela privatização, possamos vir a ter um novo caso Cimpor e um novo desmembramento que ponha em causa não só os postos de trabalho como o futuro da empresa”, disse o chefe do Governo numa resposta ao deputado comunista João Oliveira, que falou do alegado ambiente de “intimidação” aos profissionais da PT Portugal.
António Costa disse ainda esperar que a Anacom “olhe com atenção” para o que aconteceu em Pedrógão Grande com as diferentes operadoras. “Espero que a autoridade reguladora olhe com atenção para o que aconteceu só nestes incêndios de Pedrógão Grande com as diferentes operadoras, para compreender bem como houve algumas que conseguiram manter sempre as comunicações e como é que houve outra que esteve muito tempo sem conseguir manter comunicações nenhumas”, sublinhou.
“Isso é muito grave”, considerou ainda António Costa. A PT está entre as principais acionistas da sociedade que gere o SIRESP, o sistema de comunicações do Estado, que terá sofrido falhas na sequência dos grandes incêndios que lavraram no distrito de Leiria em meados de junho, como o ECO já noticiou aqui. Por fim, António Costa disse: “Eu, cá por mim, já fiz a minha escolha da companhia que utilizo.” Contactada pelo ECO, a PT preferiu não comentar.
Além de João Oliveira, também a líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, falou da empresa: “Na PT, a Altice prepara o despedimento de milhares de trabalhadores, fintando todas as regras e gabando-se disso mesmo até no Parlamento”. “A responsabilidade do Governo é travar estes processos. O Governo que recusou, e bem, o despedimento coletivo da PT, não pode agora lavar as mãos quando a PT está a fazê-lo”, sublinhou.
"Eu, cá por mim, já fiz a minha escolha da companhia que utilizo.”
PT debaixo de fogo
A PT Portugal tem estado debaixo de fogo devido à situação em que se encontrarão centenas de trabalhadores. A empresa é acusada de promover um ambiente de coação entre os trabalhadores, acusações que Paulo Neves, o presidente executivo e chairman da companhia, rejeitou “liminarmente” na comissão parlamentar de Trabalho e Segurança Social no Parlamento.
Além do mais, 118 trabalhadores estarão em risco de perder os seus direitos na sequência da transferência para outras empresas do grupo Altice, juntando-se a 47 outros funcionários na mesma situação praticamente desde o início do mês, alegadamente. A situação levou os sindicatos a convocarem uma greve para dia 21 deste mês. Sobre estas transferências, Paulo Neves disse não aceitar “qualquer acusação de ilegalidade”. “A ideia é recolocá-las ou negociar a saída”, reiterou o gestor.
(Notícia atualizada às 18h31 com mais informação)
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