Independência suspensa e BCP a corrigir. Lisboa ganha ânimo

  • Juliana Nogueira Santos
  • 11 Outubro 2017

A recuperação do BCP e a suspensão da independência catalã levam o principal índice bolsista português a iniciar esta sessão em alta.

O PSI-20 segue para a terceira sessão a abrir em alta, com dez cotadas em terreno positivo, quatro em negativo e duas inalteradas. A recuperação do BCP e o sentimento de confiança europeu fizeram com que o principal índice bolsista português iniciasse a sessão desta quarta-feira a valorizar 0,41%.

Pressionado pelo stress na banca espanhola, o BCP derrapou mais de 2% na sessão anterior. Passado um dia, o único banco cotado no principal índice português segue a corrigir das perdas, avançando 2,28% para 24,62 cêntimos. O destaque positivo da sessão vai também para o setor energético com a EDP, a EDP Renováveis e a REN a valorizarem entre 0,60% e 0,80%.

BCP corrige das perdas de terça-feira

Com apenas quatro cotadas a negociarem em terreno negativo, é a Jerónimo Martins que regista o pior desempenho, perdendo 0,36% para 16,45 euros. A retalhista viu os analistas AlphaValue aumentarem a recomendação dos seus títulos de “vender” para “reduzir”.

No mercado obrigacionista, e em dia de emissão de dívida a cinco e dez anos, as taxas de juro seguem a cair. O IGCP vai tentar captar até 1,250 milhões de euros, com as obrigações a cinco anos a cotarem nos 0,098% e as a dez anos nos 2,372%.

Na Europa, o destaque vai para o principal índice bolsista espanhol, o IBEX-35, que depois de o Carles Puigdemont ter suspendido a declaração de independência em detrimento do diálogo, avança mais de 1%.

(Artigo atualizado às 8h40 com mais informação)

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Governo cede ao PCP no mínimo de existência e IRS

  • ECO
  • 11 Outubro 2017

O Governo aproximou-se um pouco mais das exigências dos seus parceiros à esquerda no que diz respeito aos valor do mínimo de existência e às taxas de IRS nos escalões mais baixos.

Nos dias que antecedem a apresentação do Orçamento do Estado para 2018, o Governo aproximou-se um pouco mais das exigências dos seus parceiros à esquerda, desta vez do PCP, tendo aumentado o valor do mínimo de existência e reduzido as taxas de IRS nos escalões mais baixos.

Esta cedência é noticiada pelo Público, que avança que o Governo se comprometeu a aumentar o mínimo de existência, ou seja, o valor abaixo do qual os contribuintes estão isentos de IRS dos atuais 8.500 euros para os 8.980,44 euros. Em relação aos escalões de tributação de IRS, a proposta do Executivo não estará tão perto do desejado pelo PCP.

Em termos simplificados, o primeiro escalão terá uma redução de 16 euros por sujeito passivo, o segundo de 145 euros, o terceiro de 291 euros, o quarto de 353 euros e o quinto de 423 euros. O PCP quer um ganho constante de 300 euros para cada sujeito passivo de cada escalão.

Ainda assim, até à entrega da proposta do Governo, que será esta sexta-feira, ainda haverão cedências de parte a parte.

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Bot que segue Trump no Twitter comete gaffe (muito) perigosa

Um computador programado para negociar ações com base nos tweets de Donald Trump confundiu a palavra "anthem" com a empresa Anthem. E depois de seis meses parado, avançou para uma venda a descoberto.

A primeira trade do bot que segue Donald Trump tem tudo para ser um desastre

É uma história insólita. Em abril, dois repórteres da rádio pública norte-americana decidiram criar um programa informático que negociasse ações com base nos tweets de Donald Trump. Após uma série de desafios, conseguiram criar o BOTUS (Bot of the United States), um robô capaz de detetar os nomes de empresas nas mensagens do Presidente, perceber se o sentimento é positivo ou negativo e, depois, avançar para a transação.

Durante cerca de seis meses, o bot fez tudo… exceto negociar ações. Por vários motivos: ou o mercado estava fechado (porque Donald Trump, normalmente, publica tweets pela fresca), ou as mensagens identificavam mais do que uma empresa, ou mesmo por qualquer outro motivo. Tanto que os responsáveis decidiram permitir ao computador agendar transações fora de horas para as executar no momento da abertura das bolsas.

Ora, esta terça-feira, cerca de seis meses depois, surgiu a primeira transação. O problema é que o tiro saiu completamente ao lado: o BOTUS leu a palavra “Anthem” num tweet de Donald Trump e achou tratar-se de uma empresa com o mesmo nome. Detetou o ticker da mesma e avaliou (erroneamente) que Trump estava a falar mal dela. O resultado? Agendou uma venda a descoberto (short selling) das ações dessa empresa.

O tweet de Donald Trump exultava o dono do clube de futebol americano Dallas Cowboys por deixar no banco os jogadores que desrespeitam a pátria norte-americana, permanecendo sentados durante o canto do hino nacional. Eis o tweet original:

Não é certo o porquê de o robô ter confundido a palavra “anthem” (que significa “hino”) com a empresa homónima, na medida em que, no passado, o programa foi capaz de distinguir a palavra “intel” (de intelligence) da fabricante de processadores Intel, evitando meter a pata na poça. Não foi o caso, sobretudo porque, ao invés do que acontece nas compras normais de ações, a venda a descoberto pode acarretar perdas (ou ganhos) teoricamente infinitas.

Por esta hora, o primeiro short selling do BOTUS já estará em andamento. E, sorte para quem lá injetou capital, as ações da Anthem até estão a cair cerca de 1%. Desconhece-se, no entanto, o montante do investimento feito pelo BOTUS nesta operação, que é também uma experiência para o podcast Planet Money da NPR.

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PT convida trabalhadores sem funções a ficarem em casa

  • ECO
  • 11 Outubro 2017

A PT/Meo terá já convidado mais de uma centena de trabalhadores sem funções a ficarem em casa, ao invés de terem de se deslocar para o trabalho. Medida dura até janeiro de 2018.

Cláudia Goya, a recém-nomeada presidente executiva da PT/Meo.Paula Nunes / ECO

A PT Portugal está a dispensar trabalhadores sem funções do dever de assiduidade — por outras palavras, a permitir que estes fiquem em casa ao invés de se deslocarem para o trabalho. A hipótese já terá sido comunicada a mais de uma centena de trabalhadores, que são livres de a aceitar ou não, de acordo com a notícia avançada esta quarta-feira pelo Público [acesso condicionado].

Até aqui, os trabalhadores sem funções eram obrigados a cumprir horários. No entanto, com estas autorizações, a empresa permite que, já a partir de dia 16 de outubro e até 15 de janeiro do próximo ano, estes funcionários possam ficar em casa. A empresa tem ainda a liberdade de pôr fim a essa autorização “a qualquer momento”, segundo um despacho assinado pela direção de recursos humanos da PT Portugal, a que jornal teve acesso.

Ao jornal, a companhia explicou que “foram pedidas contribuições aos sindicatos que, até ao momento, ainda não foram recebidas” e que esta decisão surge enquanto a empresa tenta encontrar funções para estes trabalhadores ou propor condições para a saída dos mesmos, permitindo que fiquem em casa enquanto o processo não se desenrola.

Porém, a dispensa de assiduidade dada pela Meo não está a cair bem junto dos trabalhadores, que pedem à PT Portugal que clarifique os objetivos desta medida.

Esta terça-feira, as estruturas sindicais afetas à operadora estiveram reunidas com responsáveis da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), que emitiu recentemente um relatório onde aponta 150 infrações na empresa, como avançou o ECO em primeira mão. Para já, as contraordenações impostas à empresa liderada por Cláudia Goya poderão resultar em coimas entre 1,54 milhões e 4,85 milhões de euros.

Ora, à agência Lusa, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da PT (STPT), Jorge Félix, já tinha sinalizado que a empresa estaria a convidar trabalhadores “para irem para casa sem prestar a assiduidade diária, com direito à retribuição e ao subsídio de almoço, portanto com todos os direitos remuneratórios, mas sem sequer estarem no trabalho”. Na visão do sindicato, trata-se de uma tentativa de “ludibriar a ACT”, que se espera que continue “a sua ação inspetiva e de controlo”.

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Fitch: Só Portugal e mais dois países não viram rating subir desde a crise

Portugal integra lista de três países que ainda não registou qualquer melhoria no rating pela Fitch desde a crise. Recuperação do rating é mais lenta em países com elevada dívida e malparado.

Portugal é um dos três países europeus que ainda não viu melhorada a sua notação de dívida pela Fitch desde o início crise financeira de 2007, revelando maior desconfiança da agência de rating em relação à qualidade do perfil de crédito português do que em relação a outro soberano do Velho Continente.

Juntamente com a Portugal, apenas Itália e San Marino continuam sem registar qualquer melhoria no rating da dívida desde que rebentou a crise há uma década, segundo um relatório publicado esta terça-feira pela Fitch. Espanha, Chipre e até Grécia, economias que também foram arrastadas pela turbulência dos mercados, já observaram subidas no rating desde que a Fitch atirou as respetivas notações para patamares mínimos.

O primeiro downgrade a Portugal pela agência americana aconteceu a 24 de março de 2010, refletindo os primeiros sinais de stress em relação ao país — em abril de 2011 anunciou um pedido de ajuda internacional. Na altura, baixou o rating de AA (que se mantinha desde 1998) para A+. No espaço de um ano e oitos meses, seguiram-se mais baixas (oito níveis) até que em novembro de 2011 atingiu o mínimo em “BB+”, já dentro da categoria de “lixo”.

Entretanto, a Fitch chegou até a melhorar o outlook para positivo em abril de 2014, indicando que poderia rever em alta o rating nacional. Mas voltou atrás para um outlook estável em março de 2016 devido a algumas reticências levantadas pela solução de Governo em Portugal que resultou das eleições de 2015, com a chamada Gerigonça. Mais recentemente, com a última avaliação datada de 16 de junho deste ano, a agência recolocou a dívida portuguesa com perspetivas de evolução positiva, abrindo novamente caminho para retirar Portugal da classificação de “investimento especulativo” — algo que pode acontecer já a 15 de dezembro, data prevista da próxima avaliação.

"As recuperações de rating são mais lentas sobretudo nos países onde a crise deixou uma herança com elevada dívida pública e externa, elevado montante de malparado no sistema financeiro e ausência de políticas duradouras”

Fitch

Sem se referir ao caso específico de Portugal, a Fitch salienta que as “recuperações de rating são mais lentas sobretudo nos países onde a crise deixou uma herança com elevada dívida pública e externa, elevado montante de malparado no sistema financeiro e ausência de políticas duradouras”.

Depois de a Fitch ter melhorado as perspetivas de Portugal, a Moody’s também melhorou o outlook de estável para positivo no início de setembro. E em meados do mês passado foi a Standard & Poor’s a anunciar uma decisão inédita ao retirar Portugal de “lixo” sem ter antes atribuído uma perspetiva positiva ao rating nacional.

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Fazer greve é que está a dar

  • Marta Santos Silva
  • 11 Outubro 2017

Em vésperas de Orçamento do Estado e com a economia a crescer, multiplicam-se os pré-avisos de greve e as manifestações. O Governo responde com negociação e abertura, mas as greves continuam.

Esta segunda, os funcionários da ASAE, a autoridade do Estado que trabalha para manter a segurança alimentar e fiscalizar as atividades económicas, estiveram em greve. Na quinta, é a vez dos sindicatos dos polícias, que vão para a rua em manifestação. Os médicos começam com uma greve dia 11, na região norte, sendo que as paralisações regionais continuam até uma nacional a 8 de novembro. Na sexta, os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica param nos hospitais. Mais no fim do mês, os enfermeiros têm um pré-aviso para paralisação entre 23 e 27 de outubro, o mesmo dia em que Ana Avoila, a coordenadora da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, anunciou uma greve geral do setor. Mas muitos destes manifestantes já conseguiram concessões vindas dos ministérios que tutelam os seus setores. O que os mantém nas ruas?

O que se passa? É só o fim do verão, dinâmicas próprias de cada setor que por coincidência se juntam nesta época, ou as greves estão na moda porque há um elo comum entre esta maior mobilização, em especial no setor público mas também no privado, (sem esquecer o caso da Autoeuropa)?

O que há a ganhar com a mobilização?

Exemplos recentes ajudam a perceber a forma como os sindicatos podem usar a greve, ou mesmo apenas um pré-aviso, para facilitar negociações e ver satisfeitas as suas reivindicações. Olhemos por exemplo para a paralisação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) que tinha sido agendada para 24 e 25 de agosto, mas que acabou desconvocada após negociações.

A ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, teve de intervir junto do SEF para negociar com os sindicatos a contratação de mais inspetores. O Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do SEF exigia a contratação de mais 200 inspetores — acabou por se acordar que seriam contratados 100, um “acordo possível” para Acácio Pereira, dirigente sindical que falou ao Público. Greve cancelada, ficou prometido que seria discutida a contratação de ainda mais pessoal no próximo ano. “Tudo está bem quando acaba bem”, acrescentou Acácio Pereira. Nem tudo acabou em bem, com as demissões que se seguiram na liderança do SEF.

Noutros casos, uma paralisação pode ser desconvocada mesmo sem garantias para lá do diálogo. Foi o caso, por exemplo, da muito anunciada greve dos juízes, que estava marcada para 3 e 4 de outubro, logo após as eleições autárquicas. Conversas com os líderes parlamentares resultaram num cancelamento da greve. “Às vezes, é mais corajoso recuar do que persistir”, disse à agência Lusa a sindicalista Manuela Paupério.

Porquê desconvocar? Segundo os juízes, a Assembleia da República deu garantias de que discutiria não só o estatuto profissional dos juízes, como planeado, mas também questões salariais, que a ministra da Justiça pretendia deixar de fora por falta de orçamento.

Outro exemplo de um recuo foi a greve da Carris, agendada para 31 de agosto. O Sindicato Nacional dos Motoristas agendou o protesto para contestar os cortes no salário e o incumprimento dos contratos de trabalho. Mas a 18 desse mesmo mês a greve foi desconvocada, graças ao “entendimento conseguido” com a administração da Carris, que foi suficiente para desconvocar a paralisação, explicou a própria estrutura sindical. No mesmo sentido, os trabalhadores do Metro também suspenderam a greve que tinham agendada para 1 e 3 de agosto depois de o concelho de administração da empresa ter ido “ao encontro de algumas das pretensões já antigas”, assumindo o compromisso de “tudo fazer junto do Governo para a contratação dos novos trabalhadores que ainda faltam”.

Mas há mais. Os farmacêuticos tinham marcada uma greve para 18 e 19 de julho, e por tempo indeterminado a partir de 1 de agosto, para exigir a imediata publicação da carreira farmacêutica no Sistema Nacional de Saúde (SNS), já negociada com o Governo, e consequente criação de uma carreira para os profissionais em regime de contrato individual de trabalho. Essa pretensão, “com mais de 20 anos”, acabou por ser satisfeita com a medida aprovada em Conselho de Ministros.

Também há casos em que, apesar de já terem tido retorno das suas exigências, os sindicatos preferem manter os pré-avisos ou mesmo levar a cabo as greves na esperança de conseguirem mais. Por exemplo, parece ser o caso com os enfermeiros, onde o ministro Adalberto Campos Fernandes afirma que há disponibilidade para negociar um novo Acordo Coletivo de Trabalho, repor as 35 horas e rever as carreiras, mas os dias de greve lá continuam no calendário — à espera de mais certezas. O mesmo ministro negoceia ainda com os médicos, que estão em protesto para procurar menos horas de trabalho extraordinárias e turnos de urgência de 12 em vez de 18 horas, entre outras exigências, mas acredita que “havendo boa vontade, será possível o entendimento”.

Alguns analistas, politólogos e economistas consultados pelo ECO acreditam que há ainda outros três fatores principais subjacentes à maior concentração de greves nesta altura do ano: o primeiro, o anual e incontornável Orçamento do Estado, o segundo, um possível papel das eleições autárquicas, e por último, o período de melhoria económica e financeira que Portugal está a viver.

Orçamento de Estado: Agora ou só em 2019

O professor universitário Viriato Soromenho Marques foi o primeiro a identificar, ao ECO, estes três principais fatores que unem as greves recentemente convocadas. Com o Orçamento do Estado, cada sindicato tem agora o momento crucial “para ver as suas reivindicações respondidas” — entre a entrega, a 13 de outubro, da proposta do Governo, passando pelos momentos de negociação que se vão seguir até à aprovação final.

“O Orçamento do Estado é a principal decisão de uma democracia e dura um ano”, sublinhou, ao ECO, o investigador José Adelino Maltez. “Se tiver condições para fazer alguma pressão, faço-a agora”. Para o politólogo, não existe uma maior concentração de greves este ano do que nos anteriores. Considera tudo “tradicional”, sem “sequer uma exaltação”.

O investigador especialista em sindicatos, Elísio Estanque, discorda. “Já se percebeu que há uma maior predisposição agora”, e que em parte isso pode ter a ver com os parceiros do Governo no Parlamento que procuram maior margem negocial para alterar o Orçamento do Estado depois de ele ser proposto. “Não podem deixar de aproveitar a sua ligação ao mundo sindical para aproveitar algum descontentamento, de maneira a influenciar, de algum modo, a sua margem de manobra em termos de negociação”.

Se não houver internamente uma determinada predisposição e subjetividade e expectativas, se eles não tiverem realmente uma motivação concreta para conseguir mais, os trabalhadores não se deixam instrumentalizar.

Elísio Estanque

Investigador da Universidade de Coimbra

No entanto, os sindicatos não são instrumentos. “Se não houver internamente uma determinada predisposição e subjetividade e expectativas, se eles não tiverem realmente uma motivação concreta para conseguir mais, os trabalhadores não se deixam instrumentalizar”, assinalou. “Por outro lado é evidente que a máquina organizativa tem poder”.

Jogo de xadrez pós-autárquicas?

As eleições autárquicas de 1 de outubro mudaram muitas das dinâmicas locais que se viviam até agora, e um dos grandes perdedores foi o PCP, incluindo na sua coligação com Os Verdes. Para Elísio Estanque, embora ainda haja uma “distância curta para se tirarem grandes ilações”, o PCP poderá tentar “questionar a ideia de complacência e atitude de colaboração que tem tido com o Governo PS”.

Viriato Soromenho Marques di-lo com bastante certeza. O PCP tem um grande poder sobre os sindicatos afetos à CGTP e poderia tentar mostrar que ainda é poderoso através das suas demonstrações, embora isto seja, admite, “algo para avaliar caso a caso”.

“A CGTP como força social é mais forte do que o PCP”, contrapõe José Adelino Maltez. “Não é agora que vai haver conflito. E a CGTP percebe, melhor do que ninguém, que é preciso moderar a sua força. Não há que fazer análise política às autárquicas”.

Arménio Carlos é o secretário-geral da CGTP.Paula Nunes / ECO

Falando pela CGTP, o secretário-geral da central sindical, Arménio Carlos, criticou aqueles “que dizem que a resposta da CGTP está associada às autárquicas” por estarem mal informados sobre o programa e o projeto dos sindicatos. “Se lessem o que nós escrevemos, esses comentadores não fariam essas análises”. Até porque, afirma, a maior mobilização nesta altura do ano “não é este ano, é em todos os anos”.

João Cardoso Rosas, politólogo, também não vê ligação. “Para mim, a questão é independente do resultado das autárquicas”, disse. “A lógica do movimento sindical é independente das movimentações políticas. Os sindicatos estão a cavalgar a onda para não ficar para trás e aproveitar a onda de recuperação económica. Mão do PCP? “É um pouco teoria conspirativa”, responde ao ECO.

Mais dinheiro devia ser para todos?

Uma motivação mencionada ao ECO por todos os peritos é a da crescente perceção de que a economia portuguesa vai melhor e, por isso, há mais folga. Ainda esta terça-feira o Fundo Monetário Internacional prevê que a economia nacional deverá crescer 2,5% este ano, depois de 1,4% no ano passado, o que coloca Portugal entre os cinco países da zona euro que registam uma maior aceleração do crescimento.

Para Viriato Soromenho Marques, essa perceção pode traduzir-se numa ideia de que os rendimentos do país “deveriam ser de alguma forma redistribuídos pelos trabalhadores”, o que leva a reivindicações mais veementes.

“O movimento sindical ao ver a recuperação económica, depois de muitos anos em que estiveram na defensiva e estiveram em perda”, explica João Cardoso Rosas, vê-se agora com mais margem para exigir. E Elísio Estanque concorda: “Pressente-se que há alguma margem de manobra, alguma recuperação do poder de compra, para poder repor o que tinha sido tirado aos trabalhadores.

As greves dos enfermeiros ou da Função Pública, a segunda convocada pela Frente Comum, são exemplos claros disso. Ana Avoila, sindicalista da Frente Comum, frisou ao convocar a greve: “Se o Governo não inverter a situação, não descongelar salários, não fizer propostas de aumentos salariais, não fizer o descongelamento de posição remuneratória para todos […], a Frente Comum avançará com uma grande greve nacional”. Também os enfermeiros pedem 35 horas de trabalho semanal para todos e mesmo um aumento salarial de 400 euros que foi considerado “incomportável pelo ministro”.

Para Elísio Estanque, é cedo para saber como vai terminar a fase mais intensa de greves do ano. “Não sei ao certo até que ponto é que isto vai redundar numa mobilização muito abrangente, de maneira a criar agitação no país. Uma leitura dessas seria precipitada. O que há é um agitar de bandeiras porque se está na véspera de uma negociação”.

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5 coisas que vão marcar o dia

Portugal regressa aos mercados com os juros em mínimos de dezembro de 2015. O FMI atualiza a previsão para o défice e o CFP avalia a evolução orçamental. Lá fora, Fed e Blackrock dão novidades.

Numa altura favorável para os juros da dívida portuguesa, o IGCP vai emitir títulos a cinco e dez anos. No mesmo dia, a entidade liderada por Teodora Cardoso vai fazer um raio-X à evolução orçamental do segundo trimestre, enquanto o FMI vai atualizar as suas previsões para os défices dos países. No Parlamento, o Governo apresenta as linhas gerais do Orçamento aos partidos. Nos mercados, a divulgação dos resultados da Blackrock e a divulgação das minutas da Fed são os principais eventos.

Portugal volta ao mercado de dívida com juros em mínimos

A decisão surpreendente da Standard & Poor’s de subir o rating da dívida portuguesa para o nível de investimento aliviou os juros nos mercados. No final da semana passada, os juros a dez anos atingiram mínimos de dezembro de 2015. Esta quarta-feira, o IGCP volta ao mercado de dívida para emitir títulos a cinco e dez anos, num montante indicativo global entre 1.000 milhões e 1.250 milhões de euros.

FMI avalia défices e banca depois de melhorar previsões para a economia

Após ter atualizado as previsões para a economia mundial no World Economic Outlook, o Fundo Monetário Internacional vai atualizar as suas previsões para os défices orçamentais dos países. Vítor Gaspar, ex-ministro das Finanças português e atual diretor do departamento de Assuntos Fiscais do FMI, falará em conferência de imprensa. O assunto principal, como já tinha antecipado, é a desigualdade. Além disso, o Fundo vai divulgar o Relatório Global de Estabilidade Financeira que incide sobre o setor financeiro.

Blackrock divulga resultados trimestrais

Uma das maiores gestores de ativos do mundo — que detém grande parte da dívida portuguesa — vai divulgar os resultados do terceiro trimestre. Neste momento, este fundo de investimento, em conjunto com a Pimco, tem uma ação em tribunal contra o Banco de Portugal e o Estado português por causa das perdas que registaram no processo do Novo Banco. As ações da cotada valorizaram ligeiramente na sessão desta terça-feira para os 464,54 dólares por título. Recentemente, o fundo reforçou a sua participação para 2,63% no BCP.

Minutas da Fed vão dar pistas?

A taxa de juro ficou inalterada, mas os investidores estão ávidos de informação e pistas numa altura em que a Reserva Federal prepara-se para retirar os estímulos da economia. O plano revelado a 20 de setembro passa por reduzir o balanço da Fed já este mês. A entidade liderada por Janet Yellen pretende começar a introduzir um limite ao montante a reinvestir (de 6.000 milhões de dólares por mês em títulos do Tesouro e de 4.000 milhões de dólares por mês em títulos hipotecários).

Défice e Orçamento do Estado para 2018 na ordem do dia

Esta quarta-feira o Conselho das Finanças Públicas vai publicar um relatório sobre a evolução orçamental até ao final do segundo trimestre deste ano. Segundo o INE, o défice do primeiro semestre fixou-se em 1,9%: o do primeiro trimestre ficou em 1,7% e o do segundo trimestre ficou em 2,1%. Por outro lado, as linhas gerais do Orçamento do Estado para 2018 vão ser apresentadas aos partidos com assento parlamentar esta quarta-feira. As reuniões vão contar com a presença do ministro das Finanças, Mário Centeno, e o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos.

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Portugal (pela sétima vez) no mundial

  • ECO
  • 11 Outubro 2017

Portugal ganhou à Suíça e vai estar outra vez no mundial de futebol, a sétima e a quinta vez consecutiva.

A seleção portuguesa de futebol qualificou-se esta terça-feira pela sétima vez, e quinta consecutiva, para a fase final de um Mundial, ao vencer em casa a Suíça por 2-0 e conquistar o Grupo B europeu de apuramento.

Johan Djourou, aos 41 minutos, na própria baliza, e André Silva, aos 57, selaram o nono triunfo consecutivo da formação das ‘quinas’, depois da derrota inicial no reduto dos helvéticos, que chegaram à Luz com nove triunfos, em nove jogos.

Portugal, que esteve em todas as grandes competições desde 2000 e repete as presenças em Mundiais de 1966, 1986, 2002, 2006, 2010 e 2014, terminou com os mesmos 27 pontos da Suíça, mas com vantagem na diferença de golos (32-4 contra 23-7).

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Comissão dos SMS: Relator nega ter violado dever de sigilo

  • Lusa
  • 10 Outubro 2017

Luís Testa respondeu às acusações de José Pedro Aguiar Branco, social-democrata que preside à comissão de inquérito, sobre a divulgação das conclusões do relatório.

O relator da segunda comissão de inquérito sobre a Caixa, o deputado socialista Luís Testa, recusou esta terça-feira ter violado o dever de sigilo na sequência da divulgação pela comunicação social de conclusões preliminares do relatório.

Esta posição foi transmitida através de carta, à qual a agência Lusa teve acesso, depois de o presidente desta comissão de inquérito sobre a Caixa Geral de Depósitos (CGD), o social-democrata José Pedro Aguiar-Branco, ter acusado o socialista Luís Testa de ter violado o dever de sigilo e de desprestigiar a imagem do parlamento, ao estar, supostamente, envolvido na divulgação de notícias sobre as conclusões preliminares da comissão.

No entanto, o deputado do PS, eleito pelo círculo de Portalegre, respondeu ao ex-ministro social-democrata, dizendo também ter sido apanhado de surpresa pela divulgação de notícias.

“A surpresa manifestada por V.Exa não se distância da minha, uma vez que nunca fiz qualquer declaração à imprensa sobre a proposta que lhe enviei e, muito menos, a transmiti, nem ninguém sob minha orientação o fez, a qualquer órgão de comunicação social, como tenho a certeza de que ninguém com quem tenha falado sobre a proposta de relatório o tenha feito”, defende-se Luís Testa.

Luís Testa refere ainda que não pode asseverar que “trechos evidenciados pela comunicação social correspondam, em parte, ou na sua totalidade, à peça que lhe enviei”.

“Em momento algum falei, opinei, ou comentei o quer que seja, com quem não faça parte desta comissão. Resta dizer que as publicações a que se refere não são as conclusões do relatório, nem sequer podem ser tidas como as formuladas na proposta de relatório da qual sou o autor”, sustenta ainda o deputado do PS.

Na carta, Luís Testa reforça que não pode ser associado a si qualquer desprestígio do parlamento enquanto instituição. “Quanto ao mais, também repudio”, acrescenta Luís Testa, numa alusão às recentes notícias publicadas sobre a comissão de inquérito.

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Wal-Mart e energéticas brilham. Wall Street renova máximos

O reverse stock split de 20 mil milhões de dólares anunciado pela Wal-Mart fez com que as ações disparassem. Os três principais índices renovaram máximos.

Wall Street fechou esta terça-feira em terreno positivo. Os principais motores dos mercados norte-americanos foram o Wal-Mart e o setor energético, que foi à boleia da valorização do barril de petróleo — tanto em Londres como em Nova Iorque. Os investidores estão agora expectantes face às revelações das minutas da Fed que vão ser divulgadas esta quarta-feira.

O Nasdaq valorizou 0,11% para os 6.587,25 pontos. Já o S&P 500 subiu 0,23% para os 2.550,64 pontos e o Dow Jones avançou 0,31% para os 22.830,68 pontos. Os três índices renovaram máximos, segundo a Bloomberg. Até a Morgan Stanley disse à Market Watch que a valorização de Wall Street está com “proporções épicas”.

As ações da Wal-Mart valorizaram 4,47% para os 84,13 dólares por título. Esta reação positiva dos mercados surge depois de a empresa prometer aos investidores que as vendas online vão crescer 40% até 2019. A empresa pretende também abrir mais mil lojas nos Estados Unidos em dois anos. Acresce que a cotada vai avançar com um reverse stock split de 20 mil milhões de dólares.

Parece que os investidores não querem meter o dedo em nenhum risco que esteja à vista“, afirma o analista Brian Frank, à Bloomberg, num momento em que a incerteza política continua na Catalunha.

No final da semana, espera-se que os investidores fiquem com os olhos postos na época de divulgação de resultados do terceiro trimestre. Quinta-feira é a vez dos bancos começaram a revelar as suas contas: a JP Morgan Chase e o Citigroup são os primeiros. Seguem-se o Bank of America e o Wells Fargo na sexta-feira. Empresas como a BlackRock, a Samsung e a Domino’s também vão revelar resultados.

Antes disso, a Fed revela as minutas da última reunião esta quarta-feira. Além disso, alguns responsáveis da Reserva Federal têm discursos marcados durante esta semana, onde podem ser dadas mais pistas sobre os planos de Janet Yellen para o aumento a taxa de juro até ao final do ano.

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Governo recua e retoma discussão sobre recibos verdes

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 10 Outubro 2017

Governo e Bloco reuniram-se hoje. Documento do Executivo que adiava novo regime fica sem efeito, diz José Soeiro.

Afinal, o novo regime contributivo dos trabalhadores independentes pode ficar fechado este ano. O Governo tinha indicado ao Bloco de Esquerda que as novas regras só deveriam entrar em vigor em 2019, mas comprometeu-se agora a retomar em breve as negociações, disse o deputado José Soeiro ao ECO.

Esta terça-feira, o Público noticiou que o novo regime contributivo dos recibos verdes seria novamente adiado, para 2019, remetendo para um documento do Ministério do Trabalho. A decisão gerou fortes críticas do BE. E, no final do dia, Bloco e Governo voltaram a reunir-se para discutir o tema.

Ao ECO, o deputado José Soeiro explica que o documento do Governo ficou sem efeito e que será feita uma task force para avançar nas negociações. O objetivo é chegar a acordo antes da votação do Orçamento do Estado mas nada está garantido, adiantou.

O novo regime prevê, entre outros pontos, que as contribuições dos trabalhadores independente sejam mais próximas do rendimento real.

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CP deverá ter novos comboios até 2022

  • Lusa
  • 10 Outubro 2017

Segundo o presidente da CP, o plano de aquisição de carruagens é um investimento que tem em conta o plano de eletrificação da ferrovia". Até lá a empresa vai ter de viver com material alugado.

O presidente da CP – Comboios de Portugal, Carlos Gomes Nogueira, estimou esta terça-feira que a companhia tenha novo material circulante até 2022, explicando que, até lá, a empresa terá de reparar o existente e proceder a alugueres.

“Será aberto um concurso internacional para aquisição de um conjunto significativo de unidades, mas abrindo-o no primeiro trimestre do próximo ano, como foi dito pelo senhor ministro [do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques] e para o qual acredito que há condições, demora sempre três até estar finalizado”, disse o responsável, numa audição na comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas, no parlamento. Carlos Gomes Nogueira estimou que a CP tenha, assim, novo material circulante (automotoras e locomotivas) “no segundo semestre de 2021 ou primeiro semestre de 2022”.

Será aberto um concurso internacional para aquisição de um conjunto significativo de unidades, mas abrindo-o no primeiro trimestre do próximo ano.

Carlos Gomes Nogueira

Presidente da CP

“Como é que vivemos até lá? […] Viveremos com uma grande entrega da EMEF [Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário] para a recuperação e reparação do material existente”, notou o responsável.

Ao mesmo tempo, “a CP tem material alugado à Renfe [empresa ferroviária espanhola estatal] para comboios regionais, cerca de 20 unidades”, e terá de “reforçar essa componente de aluguer”, acrescentou.

Esse reforço permitirá, segundo Carlos Gomes Nogueira, “guarnecer a linha do Oeste, onde não se podem esconder os problemas complicados, bem como outras linhas regionais”.

Segundo o responsável, “o plano de aquisição de material circulante é um investimento que tem em conta o plano de eletrificação da ferrovia e é um investimento pesado”, mas escusou-se a falar em valores. Indicou apenas que a CP tem estado em negociações com fabricantes mundiais canadianos, franceses, espanhóis e chineses.

O responsável lembrou que o último investimento feito pela CP em material circulante foi “há muitos anos”: em 2000, para o reforço dos transportes ferroviários urbanos do Porto, e em 1998, para a compra de comboios alfa pendulares.

“Estamos a concluir esse plano de aquisição de material circulante e apresentaremos uma proposta concreta ao senhor ministro [Pedro Marques] até meados deste mês”, assegurou o presidente do Conselho de Administração da CP, que assumiu o cargo em junho passado.

Intervindo na ocasião, o deputado Heitor de Sousa, do BE (partido que requereu a audição), alertou para que “não vale a pena comprar material circulante que daqui a cinco anos esteja em desuso”. Entretanto, a empresa vai continuar a apostar na remodelação de alfa pendulares.

“Dois já estão em circulação […] e a terceira unidade ainda sairá para operação este ano”, disse o presidente da CP, falando em mais quatro unidades remodeladas no próximo ano e as restantes três a circular em 2019.

A nova geração dos comboios alfa pendular consiste na remodelação total de dez comboios da frota, num investimento de 18 milhões de euros.

Quanto à entrada de pessoal, a administração da CP espera ter “dentro de dias” a autorização para contratar 24 maquinistas e revisores, adiantou Carlos Gomes Nogueira.

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