EDP, Jerónimo Martins e BCP pressionam Lisboa. Bolsa em queda

O PSI-20 abriu em terreno positivo, mas acabou por inverter a tendência. A contribuir para esta queda do índice estão os títulos da EDP, Jerónimo Martins e BCP.

O principal índice bolsista abriu a cotar no verde, mas acabou por inverter a tendência. Nas restantes praças europeias o sentimento é positivo. A contribuir para este desempenho estão os títulos da EDP e da Jerónimo Martins, enquanto a Galp Energia trava uma maior queda.

O PSI-20 está a perder 0,26% para 5.383,46 pontos, depois de ter encerrado no vermelho na última sessão.

A pressionar o índice estão dois pesos pesados: a EDP recua 0,38% para 3,401 euros e a Jerónimo Martins cai 0,29% para 13,955 euros. Também o BCP está a desvalorizar 0,44% para 0,2494 euros. Enquanto isso, a Nos recua 0,66% para 6,05 euros e a Semapa perde 0,66% para 15,12 euros, representando as maiores quedas desta sessão.

Contudo, a impedir uma queda mais expressiva da bolsa nacional está a EDP Renováveis que sobe 0,46% para 8,66 euros. A justificar este desempenho está o comunicado enviado esta terça-feira pela empresa à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), onde é referido que os acionistas aprovaram a distribuição de 61,1 milhões de euros em dividendos, o equivalente a sete cêntimos ilíquidos por ação.

Destaque também para as ações da Galp Energia que somam 0,31% para 14,44 euros, numa altura em que o preço do petróleo está a subir nos mercados internacionais. O barril de Brent está a valorizar 0,33% para 71,96 dólares enquanto o WTI, negociado no Texas, sobe 0,69% para 64,49 dólares.

A maior subida desta sessão está a ser da Ibersol, cujas ações somam 1,75% para 8,14 euros.

(Notícia atualizada às 8h29 com mais informação)

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Ordem dos Médicos quer responsabilizar ministra da Saúde por falhas no SNS

  • ECO
  • 17 Abril 2019

"Nós temos de começar a responsabilizar diretamente a ministra pelas insuficiências e insegurança que existem, neste momento, no SNS", afirmou o bastonário Miguel Guimarães.

Perante os problemas no Serviço Nacional de Saúde, a Ordem dos Médicos (OM) considera que a solução pode passar por começar a responsabilizar judicialmente a ministra da Saúde, Marta Temido, caso a falta de clínicos ponha em risco a assistência aos doentes. Quem o disse foi o bastonário Miguel Guimarães, em declarações à TSF (acesso livre).

“Nós temos de começar a responsabilizar diretamente a ministra pelas insuficiências e insegurança que existem, neste momento, no SNS. Responsabilizar publicamente e perante as entidades competentes”, disse Miguel Guimarães, acrescentando que esta é uma matéria que está já a ser estudada pelos advogados.

O bastonário utilizou o exemplo do serviço de urgência do Hospital Garcia da Orta, em Almada, para criticar os responsáveis por ignorarem os problemas da instituição. “A administração do hospital vem dizer que está tudo bem, mas não está tudo bem. Nós temos falado com os médicos que trabalham lá. Não se pode vir publicamente afirmar uma coisa que não é verdade. Se acontecer alguma coisa a alguma criança, a responsabilidade tem de ser destes senhores”, disse.

A Ordem dos Médicos leva esta quarta-feira a proposta ao Fórum Médico e Miguel Guimarães promete percorrer os serviços de saúde para denunciar situações que continuem por resolver no SNS.

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Novo Banco coloca 90 mil ações contra devedores para recuperar créditos

  • ECO
  • 17 Abril 2019

O banco tem a correr nos tribunais 90 mil ações contra devedores, na maioria empresas, com o objetivo de recuperar créditos em dívida.

O Novo Banco está a tentar recuperar créditos em dívida e, por isso, colocou perto de 91 mil ações nos tribunais, adianta o Jornal de Negócios (acesso pago). Os devedores são, na maioria, empresas e, dessas, um terço está em insolvência ou quase.

São, no total, 90.700 ações executivas em tribunal para tentar recuperar estas dívidas. Contam-se 24 mil reclamações de crédito junto de empresas em insolvência e, relativamente àquelas que estão em Processo Especial de Revitalização (PER) — através do qual os devedores negoceiam a dívida com os respetivos credores — são 2.700. Ou seja, 30% desses processos estão a ser movidos contra empresas financeiramente frágeis.

Restam ainda 44 mil ações executivas diretas, como por exemplo penhoras, e outras 20 mil reclamações não tipificadas.

Estes processos são apenas uma parte dos esforços que o Novo Banco está a fazer para se tornar num banco rentável. António Ramalho está ainda a apostar na venda de carteiras de ativos tóxicos, que incluem empréstimos em incumprimento e imóveis.

De acordo com a Bloomberg, citada pelo Negócios, a instituição bancária está à procura de compradores para dois portefólios de crédito malparado, cujo montante total supera os 3,5 mil milhões de euros.

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Serviços mínimos abrangem 40% do abastecimento em Lisboa e Porto

  • Lusa
  • 17 Abril 2019

Hospitais, bases aéreas, bombeiros, portos e aeroportos serão abastecidos como se não existisse greve. Postos de abastecimento apenas recebem combustível em Lisboa e Porto. Resto do país fica de fora.

Os serviços mínimos decretados por causa da greve dos motoristas de matérias perigosas abrangem 40% das operações normais de abastecimento de combustíveis aos postos da Grande Lisboa e Grande Porto, segundo o despacho publicado em Diário da República.

De acordo com o despacho que declara a situação de alerta para o período compreendido entre o dia 16 de abril e o dia 21 de abril, os serviços mínimos garantem o abastecimento normal de combustíveis aos hospitais, bases aéreas, bombeiros, portos e aeroportos, como se não houvesse greve.

Estão igualmente abrangidas 30% das operações no transporte de granel, brancos e gás embalado, assim como o transporte de cargas necessárias nas refinarias e parques, na CLT e na CLC (Companhia Logística de Combustíveis), “nos casos em que a acumulação de stocks de produtos refinados imponha o funcionamento das unidades em regimes abaixo dos respetivos mínimos técnicos”.

Os serviços mínimos incluem ainda o transporte “estritamente indispensável às restantes unidades e instalações dos sistemas industriais das áreas de Sines e de Matosinhos associados às refinarias da Petrogal”, de forma a “garantir o funcionamento estável das unidades à carga mínima” e evitar riscos para a segurança dos equipamentos e instalações e impactos ambientais.

Para garantir as operações abrangidas nestes serviços mínimos, o despacho declara a situação de alerta até às 23:59 do dia 21 de abril para a globalidade do território de Portugal continental.

Esta situação de alerta implica a convocação dos trabalhadores dos setores público e privado que estejam habilitados com carta de condução de veículos pesados, com averbamento de todas as classes de ADR, designadamente quem desempenha cumulativamente funções de bombeiro voluntário, bem como os agentes de proteção civil habilitados à condução de veículos pesados.

Implica também a elevação do grau de prontidão e resposta operacional por parte das forças e serviços de segurança e de todos os agentes de proteção civil, com reforço de meios para operações de patrulhamento e escolta que permitam garantir as operações de abastecimento e a segurança de pessoas e bens.

O despacho, assinado pelos ministros do Ambiente e da Transição Energética e da Administração Interna, determina ainda o imediato acionamento das estruturas de coordenação institucional das forças e serviços de segurança, bem como das estruturas da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, para garantir o cumprimento dos serviços previstos.

A greve dos motoristas de matérias perigosas, que começou às 00:00 de segunda-feira, foi convocada pelo Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), por tempo indeterminado, para reivindicar o reconhecimento da categoria profissional específica.

Na terça-feira, alegando o não cumprimento dos serviços mínimos decretados, o Governo avançou com a requisição civil, definindo que até quinta-feira os trabalhadores a requisitar devem corresponder “aos que se disponibilizem para assegurar funções em serviços mínimos e, na sua ausência ou insuficiência, os que constem da escala de serviço”.

No final da tarde de terça-feira, o Governo declarou a “situação de alerta” devido à greve, avançando com medidas excecionais para garantir os abastecimentos e, numa reunião durante a noite com a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) e o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas, foram definidos os serviços mínimos.

A greve dos motoristas de matérias perigosas decorre por tempo indeterminado.

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Hoje nas notícias: Novo Banco, TAP e tribunais

  • ECO
  • 17 Abril 2019

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O Novo Banco está a vender carteiras de crédito malparado, mas também a tentar recuperar créditos em dívida. Já a TAP está a fazer regressar muitos tripulantes e pilotos para voarem com as cores nacionais. Na Justiça, o Conselho Superior do Ministério Público alertou para a falta de procuradores para os ajustes ao mapa dos tribunais de primeira instância que entram em vigor em todo o país já no próximo dia 23 de abril.

Novo Banco já pôs 90 mil ações contra devedores

O Novo Banco tem um total de 90.800 ações executivas a correr em tribunal para tentar recuperar créditos em dívida. Os alvos são, na sua maioria, empresas. E um terço delas está em insolvência ou perto disso. Contam-se 24 mil reclamações de crédito por parte no Novo Banco junto de empresas em insolvência e 2.700 processos relativos a empresas que estão em Processo Especial de Revitalização (PER). Significa isto que cerca de 30% das reclamações estão a ser movidas junto de empresas que estão numa situação financeiramente frágil.

Leia a notícia completa em Jornal de Negócios (acesso pago).

Nova vaga de contratações da TAP rouba tripulantes a companhias do Médio Oriente

Muitos tripulantes e pilotos que, há cerca de três ou quatro anos partiram do país para trabalharem com companhias aérea do Médio Oriente estão a voltar. Isto porque a TAP arrancou com uma nova vaga de contratações que está a atrair aqueles que um dia foram embora. A companhia área nacional já fez regressar a Portugal cerca de 20 tripulantes de bordo que operavam em transportadoras como a Emirates, Qatar ou Ethiad. A TAP confirma estes regressos e adianta que, no ano passado, entraram 1.200 colaboradores, um número que considera histórico.

Leia a notícia completa em Diário de Notícias (acesso pago).

Faltam procuradores para ajustes nos tribunais, avisa Lucília Gago

O Conselho Superior do Ministério Público, órgão presidido pela procuradora-geral da República, Lucília Gago, deixou o alerta: não existem procuradores suficientes para os ajustes ao mapa dos tribunais de primeira instância que entram em vigor em todo o país já no próximo dia 23 de abril. Uma preocupação que Lucília Gago já explicou, no início do mês, numa declaração escrita enviada à ministra da Justiça. Aproximar mais a justiça das populações, sobretudo os tribunais de família e menores e, também, os que lidam com as questões laborais, é um dos grandes objetivos destas correções ao mapa jurídico.

Leia a notícia completa em Público (acesso pago).

Ordem dos Médicos quer responsabilizar Marta Temido por falhas no SNS

De acordo com o bastonário Miguel Guimarães, a Ordem dos Médicos (OM) quer passar a responsabilizar judicialmente a ministra da Saúde, Marta Temido, se a falta de clínicos puser em risco a assistência aos doentes. “Nós temos de começar a responsabilizar diretamente a ministra pelas insuficiências e insegurança que existem, neste momento, no SNS [Serviço Nacional de Saúde] – responsabilizar publicamente e perante as entidades competentes. É uma matéria que, neste momento, está a ser estudada pelos nossos advogados, caso seja necessário responsabilizar judicialmente”, garantiu Miguel Guimarães.

Leia a notícia completa em TSF (acesso livre).

Três novas vacinas vão custar por ano quase metade de todo o Plano Nacional de Vacinação

Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, prevê que a introdução das três novas vacinas aprovadas em sede de Orçamento do Estado 2019 terá um custo direto de 15 milhões de euros por ano. “Fazendo contas de merceeiro que geralmente batem certo”, a diretora-geral da Saúde apontou para um montante de 15 milhões de euros, o que representa quase metade do custo todo do Plano Nacional de Vacinação.

Leia a notícia completa em Jornal de Notícias (acesso pago).

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Bolsonaro diz que “não quer” e “não tem direito” de intervir na Petrobras

  • Lusa
  • 17 Abril 2019

Presidente brasileiro diz que "não pode" intervir na petrolífera brasileira que na semana passada perdeu 7,36 mil milhões de euros em bolsa depois de Bolsonaro travar aumento de preços.

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, diz que “não quer e não tem direito de intervir” na política de preços dos combustíveis da Petrobras, segundo o porta-voz da Presidência brasileira, Otávio Rêgo Barros.

“A frase que o nosso Presidente disse logo no início da reunião: eu não quero e não tenho direito de intervir na Petrobras. Eu não quero e não posso intervir na Petrobras. Eu não quero por questões de conceito. Eu não posso por questões legais e até mesmo políticas”, relatou Otávio Rego Barros, numa conferência de imprensa no Palácio do Planalto, em Brasília.

Bolsonaro reuniu-se na terça-feira com os ministros da Economia, Paulo Guedes, de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.

Segundo o ministro Bento Albuquerque, a reunião serviu prestar esclarecimentos ao chefe de Estado brasileiro sobre a política de preços da petrolífera estatal.

Por seu lado, Paulo Guedes adiantou que é a “Petrobras que decide reajustes, não é o ministro da Economia ou o Presidente da República“, acrescentando que a estatal “é realmente independente para estabelecer o preço do petróleo”.

As ações da petrolífera estatal brasileira tiveram na sexta-feira uma forte queda na bolsa de valores de São Paulo, depois de o Presidente do país, Jair Bolsonaro, ter vetado o aumento dos preços do gasóleo nas refinarias.

Duas horas após o encerramento da sessão, as ações ordinárias da Petrobras, que dão direito de voto aos acionistas, caíram 7,54%, enquanto as ações preferenciais, aquelas com maior valor e maior peso no mercado, caíram 6,71%, o que levou a bolsa à sua quarta queda consecutiva.

Na quinta-feira, a Petrobras anunciou um aumento de 5,74% do preço do gasóleo nas refinarias para sexta-feira, mas horas depois a empresa reverteu a decisão e anunciou que desistia desse aumento face à pressão feita por Bolsonaro.

O chefe de Estado brasileiro admitiu ter conversado com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, com o intuito de se reverter a decisão de aumentar os preços do ‘diesel’.

“Liguei para o presidente (da Petrobras), sim. Surpreendi-me com o reajuste de 5,7%. Não vou ser intervencionista e fazer práticas que fizeram no passado, mas quero ver os números da Petrobras, tanto que na terça-feira convoquei todos da Petrobras para me esclarecerem os 5,7% de reajuste, quando a inflação deste ano está projetada para menos de 5%”, declarou Jair Bolsonaro, na inauguração de um aeroporto em Amapá.

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Maduro pede a Portugal para desbloquear fundos retidos no Novo Banco

  • Lusa
  • 17 Abril 2019

A Venezuela tem cerca de 1,5 mil milhões de euros retidos no banco português. Nicolás Maduro alega que este dinheiro seria usado para comprar medicamentos e alimentação.

O Presidente da Venezuela exortou o Governo português a desbloquear os ativos do Estado venezuelano retidos no Novo Banco, sublinhando que o dinheiro será usado para comprar “todos os medicamentos e alimentos”.

“Libertem os recursos [da Venezuela] sequestrados na Europa. Peço ao Governo de Portugal que desbloqueie os 1,7 mil milhões de dólares [cerca de 1,5 mil milhões de euros] que nos roubaram, que nos tiraram” e estão retidos no Novo Banco, afirmou Nicolás Maduro na terça-feira.

Maduro falava numa cerimónia com simpatizantes do regime, por ocasião do 16.º aniversário do programa de assistência social “Misión Barrio Adentro” [Missão no Bairro], transmitido em simultâneo e de maneira obrigatória pelas rádios e televisões do país.

“Com isso [os fundos retidos em Portugal] compraríamos todos os medicamentos (…) sobrariam medicamentos e alimentos na Venezuela. Eu faço um apelo ao Governo de Portugal: desbloqueie esses recursos. Porque nos tiram este dinheiro? É nosso”, afirmou.

Nicolás Maduro insistiu ainda que se os Estados Unidos e a Europa querem “realmente ajudar” a Venezuela, então devem desbloquear esses recursos.

“Já que afirmam que querem ajudar a Venezuela, há uma fórmula muito simples. Não têm que tirar um dólar das vossas contas, desbloqueiem todos os recursos económicos que nos roubaram”, disse, dirigindo-se ao Presidente norte-americano, Donald Trump, e à Alta Representante da UE para Política Externa e Segurança, Federica Mogherini.

Em 15 de janeiro último, o parlamento, maioritariamente da oposição, aprovou um acordo de proteção dos ativos da Venezuela no exterior e delegou numa comissão a coordenação e o seguimento de ações que protejam os ativos venezuelanos na comunidade internacional.

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5 coisas que vão marcar o dia

O Tesouro português vai emitir dívida de curto prazo, enquanto os partidos se pronunciam sobre o PE e o Parlamento debate a sustentabilidade da Segurança Social. Lá fora, há inflação e OPEP.

O Tesouro português vai ao mercado para colocar até 1.250 milhões de euros em dívida de curto prazo. Os partidos vão pronunciar-se sobre o Programa de Estabilidade e a Concertação Social sobre o Programa Nacional de Reformas. Ainda no Parlamento, há debate sobre a sustentabilidade do sistema de Segurança Social. Já a nível internacional, as atenções vão estar viradas para a inflação na Zona Euro e para o encontro dos maiores produtores de petróleo do mundo.

Portugal vai ao mercado. Quer 1.250 milhões

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP vai realizar, esta quarta-feira, um leilão duplo de bilhetes do Tesouro (BT) a três e 11 meses. O montante indicativo da operação situa-se entre os 1.000 e os 1.250 milhões de euros, entre BT com maturidades em 19 de julho de 2019 e 20 de março de 2020, devendo o IGCP voltar a conseguir obter taxas negativas, isto numa altura em que os juros de longo prazo tocam mínimos históricos. No caso da dívida benchmark, as obrigações a 10 anos, a yield tem caído em mercado secundário, tendo negociado na última sessão abaixo de 1,2%.

Partidos pronunciam-se sobre Programa de Estabilidade

Termina esta quarta-feira o prazo para os partidos entregarem projetos de resolução sobre o Programa de Estabilidade e o Programa Nacional de Reformas, sendo que o CDS-PP já anunciou que vai requerer a votação no Parlamento e irá apresentar um plano alternativo. Entre as medidas está uma descida de impostos a partir de 2021, através de uma redução nas taxas de IRS, que será paga com um corte nos benefícios fiscais. O mesmo tema estará em cima da mesa da Concertação Social, que irá também analisar o ponto de situação do Portugal 2020 e respetiva reprogramação.

Parlamento debate a sustentabilidade da Segurança Social

O sistema nacional de Segurança Social e a sua sustentabilidade será o tema do debate quinzenal que terá lugar esta quarta-feira, ao qual não faltará a greve dos motoristas que “secou” muitos postos de abastecimento de combustíveis. A discussão acontece menos de uma semana depois de a Fundação Francisco Manuel dos Santos ter divulgado um estudo que indica que, entre 2020 e 2045, o número de pensionistas deverá crescer de 2,7 milhões para 3,3 milhões. A partir de 2040, um terço da população portuguesa estará mesmo a receber pensão de velhice, o que coloca uma grande pressão sobre a Segurança Social. O défice crónico deverá chegar já no fim da próxima década e a solução seria aumentar a idade da reforma até aos 70 anos, mas o Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, José António Vieira da Silva, rejeita essa hipótese.

Confiança dos consumidores portugueses e inflação europeia

O dia vai ser cheio em termos de indicadores económicos. Em Portugal, o Instituto Nacional de Estatísticas publica o índices de preços na produção industrial e a síntese económica de conjuntura (incluindo a confiança dos consumidores) relativos a março, enquanto o Banco de Portugal divulga estatísticas das empresas de central de balanços. Na Europa, o principal foco vai ser o índice de preços nos consumidores na Zona Euro em março. O Eurostat deverá confirmar a desaceleração da inflação para 1,4%, após os 1,5% registados em fevereiro, numa altura em que os investidores procuram todos os sinais possíveis de que o travão na economia não é tão agressivo quanto esperado.

Maiores produtores de petróleo reavaliam cortes

Começa esta quarta-feira uma reunião de dois dias da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) que irá determinar a estratégia para o mercado petróleo nos próximos meses. O primeiro dia será apenas para os membros do cartel e, no segundo, juntam-se outros países produtores, incluindo a Rússia, que também alinham no plano de cortes de produção em curso desde o início de 2018. Este programa será reavaliado e, segundo a agência Reuters, os países poderão decidir libertar um pouco a produção se a oferta por parte da Venezuela e do Irão caírem já que estender os cortes poderá começar a sufocar o mercado.

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Convento de São Francisco, em Setúbal, está à venda. Estado pede cinco milhões

As ruínas do antigo convento de São Francisco, em Setúbal, estão à venda por cinco milhões. Incluídos no pacote estão ainda cinco blocos residenciais/turísticos.

O antigo convento de São Francisco foi colocado à venda pela Estamo, propriedade do Estado, por 4,99 milhões de euros. De acordo com o anúncio, o preço inclui ainda cinco blocos residenciais/turísticos, construídos nos anos 90 pela Casa Pia. O projeto para o terreno permite a construção de uma unidade hoteleira ou habitações.

Inserido num terreno com 62.220 metros quadrados, no Lugar de São Francisco, estão as ruínas do antigo Convento de São Francisco, construído em 1410 e classificado como monumento pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC). Em 1755 foi “severamente atingido” pelo terramoto e, anos depois, foi convertido num quartel, após várias obras de recuperação. Em 1955 passa para as mãos da Câmara de Setúbal que, em 1996, o cede à Casa Pia de Lisboa. Finalmente, em 2004, retorna à DGPC.

Convento de São Francisco, SetúbalEstamo

Além deste edifício, a Estamo tem ainda à venda um conjunto de cinco blocos turísticos/residenciais, construídos nos anos 90 pela Casa Pia. De acordo com o anúncio, o Plano Diretor Municipal (PDM) permite duas possibilidades: “uma área de construção de cerca de 20.000 metros quadrados, predominantemente habitação” ou “cerca de 27.800 metros quadrados para usos de hotel, aparthotel, residências seniores assistidas e equipamento de saúde”.

Convento, quartel, colégio e alojamento para famílias carenciadas

O convento data de 1410, lê-se no site da DGPC, e pertencia a Religiosos Observantes da Província dos Algarves “tendo sido, provavelmente, a primeira ordem estabelecida em Setúbal“. No século XVII e XVIII, o convento já se encontrava “muito degradado”, tendo passado por “trabalhos de reedificação” entre 1747 e 1749. Em 1755 foi “fortemente atingido” pelo terramoto que abalou Lisboa.

Em 1834, depois da reconstrução, os frades são expulsos do convento e, pouco depois, passa para as mãos da família Torlades, que mandou demolir “a maior parte do mosteiro”. O convento passou por obras no século XIX e foi reconstruído em 1874. Um ano depois foi comprado por padres da Companhia de Jesus, que “concluem as obras, reedificando a igreja e adaptando o edifício para estabelecimento de ensino“.

A igreja e o colégio foram inaugurados a 4 de outubro de 1876 e, no século XX, converteu-se o convento num quartel. Ficou devoluto anos depois com a saída dos militares. Em 1975, a DGPC cede o edifício à Câmara de Setúbal que, em 1995, lá coloca a viver famílias desalojadas. Um ano depois é cedido à Casa Pia de Lisboa e, em 1997, foi assinado um protocolo entre o Ministério do Equipamento e o Ministério de Solidariedade e Segurança Social do Município de Setúbal no sentido de recuperar o convento para lá instalar um colégio para jovens carenciados.

Finalmente, em 2004, retorna às mãos da DGPC que, dois anos depois, apresenta uma “proposta de valorização urbanística para a ocupação da área do Convento de S. Francisco e sua envolvente”.

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Esquecimentos, operações sem aval do cliente e falhas no controlo interno. Chuva de coimas na banca rende 1,2 milhões ao supervisor

Banco fez operações sem consentimento dos clientes. Um gestor não declarou ao supervisor que era arguido num processo-crime. Mais de 20 de processos dão 1,2 milhões ao Banco de Portugal.

Em 2015 e 2016, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) realizou várias operações de pagamento sem o consentimento do cliente. Em quatro ocasiões o banco não procedeu ao reembolso imediato dos montantes das transações que não foram autorizadas. Todas estas irregularidades condenaram a instituição ao pagamento de uma coima de 80 mil euros pelo Banco de Portugal. A CGD não contestou a decisão.

Outra infração: em abril de 2015, Telmo Santos iniciou funções de gerente na Eupago, uma plataforma eletrónica de pagamentos, “em momento anterior à concessão da respetiva autorização pelo Banco de Portugal”. Esta falha levou o supervisor a admoestar Telmo Santos, que se livrou do pagamento de qualquer multa. Mas o mesmo não pôde dizer a Eupago, que foi condenada a pagar de uma coima de 11 mil euros, metade da qual se encontra suspensa pelo período de dois anos.

Foram várias as infrações detetadas pelo supervisor bancário nos últimos anos, as quais resultaram na abertura de processos de contraordenação contra cerca de quatro dezenas de entidades e dirigentes, incluindo os maiores bancos nacionais como a CGD, o BCP, o Santander Totta, ou o BPI, mas também fintech, como a Easypay, e cujos casos estão fechados e foram agora divulgados pelo Banco de Portugal. No total, as coimas ascenderam a mais de 1,154 milhões de euros, segundo os cálculos do ECO. Esta soma não contabiliza a multa de cinco milhões de euros aplicada ao Montepio, Tomás Correia e outros antigos administradores daquele banco. O desfecho deste processo já foi noticiado, e já foram anunciados recursos desta decisão, mas o Banco de Portugal ainda não o comunicou oficialmente.

A maior das últimas coimas foi aplicada ao Banif e a antigos administradores devido a factos que ocorreram entre 2010 e 2012. Atualmente em liquidação, o banco não cumpriu com os limites de crédito concedido a partes relacionadas, que não pode exceder 10% dos fundos próprios da instituição. Mas não foi a única contraordenação do banco que, em cúmulo jurídico, foi condenada ao pagamento de uma coima de um milhão de euros, suspensa na totalidade do seu valor pelo período de quatro anos.

Os vários antigos administradores do Banif visados pelo Banco de Portugal também foram condenados, incluindo os antigos CEO Joaquim Marques dos Santos e Carlos Duarte de Almeida. Tudo somado, as coimas atingiram os 680 mil euros, embora a suspensão parcial delas tenha baixado a “fatura” para cerca de 340 mil euros. Três dos arguidos impugnaram a decisão.

BPI alterou comissão sem avisar cliente

O Banco de Portugal detetou infrações “para todos os gostos”. Por exemplo, como a CGD, também o BPI realizou movimentos na conta de clientes sem a devida autorização. Mas a coima de 85 mil euros do Banco de Portugal tem também em linha de conta outra infração: alterou uma comissão sem informar previamente um cliente. Os factos ocorreram em dezembro de 2014 e janeiro de 2015, quando Fernando Ulrich presidia ao banco. O BPI, agora liderado por Pablo Forero, acatou a decisão.

Falhas nos procedimentos internos adequados para cumprimento dos deveres preventivos de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo valeram multas aos bancos BCP e Grupo Crédito Agrícola, por exemplo.

No caso do banco liderado por Miguel Maya, que foi alvo de um coima de 50 mil euros, foram três as contraordenações que lhe foram imputadas devido a factos que ocorreram durante as presidências de Carlos Santos Ferreira (2008-2012) e de Nuno Amado (2012-2018). O banco falhou, por duas ocasiões, no dever de acompanhar a relação de negócio que mantém com um seu cliente, acompanhamento este que é necessário para ter a certeza de que as transações levadas em causa estão de acordo com a sua atividade e perfil de risco, tal como prevê a lei da prevenção de branqueamento. A instituição também não cumpriu com a lei que obriga a examinar a conduta ou a operação de um cliente “cujos elementos caracterizadores a tornem particularmente suscetível de poder estar relacionada com o branqueamento ou o financiamento do terrorismo”.

Ao Expresso, que identificou o BCP como sendo o alvo da coima cuja identificação do arguido não tinha sido revelada pelo Banco de Portugal, o banco referiu que “na defesa dos interesses dos seus clientes e do bom nome do banco, tem especial preocupação com todas as matérias que possam configurar atos ou práticas ilícitas por parte de entidades que se relacionam com o banco, sejam ou não clientes, pelo que dispõe de profissionais bem preparados e de uma direção de compliance que observa e assegura a atuação de acordo com a lei e com as melhores práticas internacionais”.

Não disse ao supervisor que era arguido num processo-crime

Nem todas as contraordenações resultaram em coimas. Por exemplo, em janeiro de 2017, a Orey Financial e a Easypay foram admoestadas pelo supervisor por se terem esquecido de enviar o Questionário de Auto Avaliação no devido tempo. Em ambos os casos, a decisão do Banco de Portugal não foi impugnada.

Também houve coimas de valor relativamente mais reduzido, como aquela que foi aplicada a um gestor que não declarou, por três ocasiões, ao Banco de Portugal a “sua qualidade de arguido em processo-crime em fase de inquérito” entre julho de 2013 e novembro de 2015.

Esta infração valeu uma multa de 5.000 euros, mas ainda não há um desfecho definitivo neste caso. É que o arguido, cujo nome foi mantido na reserva por parte do Banco de Portugal, recorreu da decisão condenatório junto do Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão, “que julgou a impugnação improcedente, condenando o arguido nos mesmos termos da decisão do Banco de Portugal”. A decisão daquele tribunal também mereceu recurso do arguido para o Tribunal da relação de Lisboa.

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Porquê tanta pressa em entregar o IRS? Sobretudo para antecipar o reembolso e “despachar o assunto”

Este ano, o prazo de entrega do IRS aumentou de dois para três meses. Apesar disso, nos primeiros dias houve uma corrida por parte dos contribuintes. Fomos tentar perceber porquê.

O período de entrega do IRS arrancou há pouco mais de duas semanas, mas mais de um terço dos contribuintes já apresentou as declarações de rendimentos. Esta “avalanche” não surpreende os fiscalistas, que a justificam com a pressa em receber os respetivos reembolsos. Mesmo com um prazo mais alargado este ano para entregar o IRS, o ECO foi ouvir 15 contribuintes e perceber os motivos para esta pressa.

Desde o dia 1 de abril já foram entregues mais de 1, 83 milhões de declarações de rendimentos anuais, de acordo com os dados do Ministério das Finanças, o equivalente a mais de um terço do total, dos quais mais de 805 mil declarações foram entregues através da funcionalidade IRS Automático. Mas porquê esta pressa? Mesmo com aumento do prazo de entrega de dois para três meses?

“Reembolsos” é a palavra de ordem, tanto da parte dos fiscalistas como dos contribuintes. “Aquilo que as pessoas estão a fazer é entregar a declaração mais rapidamente para receber o reembolso também mais rapidamente”, explica ao ECO Luís Leon, fiscalista da Deloitte. De acordo com os dados do Ministério das Finanças, “estão a ser realizadas 200.000 liquidações por dia, sendo que 350.000 contribuintes já terão recebido os seus reembolsos”.

Foi exatamente essa a razão apontada por vários dos contribuintes com quem o ECO falou. Carolina Santos diz que entregou “no dia 6 para receber logo o reembolso”. “Vou casar este ano. Também para não me esquecer. E porque se houver alguma coisa tenho tempo de ver e voltar a entregar a declaração de substituição”. Mas para a brand manager, de 28 anos, também ajudou a facilidade de preenchimento. Diz que vai “guardar o reembolso e tentar poupar” o dinheiro.

O mesmo defende Rafael Castro, estudante do ensino superior com 22 anos, que acredita que “quanto mais cedo entregas, mais rápido recebes [o reembolso]”. Francisco Rebelo, de 43 anos, opta sempre por entregar o IRS nas primeiras duas ou três semanas, “para despachar” e “para saber se o reembolso dá para usar nas férias”.

Os portugueses “ganharam empatia com o IRS”, porque “o IRS dá-lhes dinheiro”, afirma Manuel Faustino, ex-diretor do IRS, ao ECO. “Não me admira a avalanche a entrar, porque as pessoas têm dinheiro a receber”. No ano passado, os reembolsos do IRS totalizaram cerca de 2,6 mil milhões de euros. Este ano esse valor deverá tocar nos três mil milhões de euros, de acordo com as contas do ex-diretor do IRS, Manuel Faustino.

“Assim fico já despachada”

Não só para receber os reembolsos mais rapidamente, mas também para “despachar”. É o caso de Henrique Vasconcelos Pereira, arquiteto com 26 anos, que já entregou a declaração apenas “para não deixar para o final”. O professor Pedro Camelo, 40 anos, pensou da mesma forma e quis “arrumar com o assunto”, enquanto Maria Coelho, bancária de 53 anos, nunca deixa passar da primeira semana. “Assim fico já despachada, não perco mais tempo, até porque depois ajudo a fazer o IRS de outros familiares”, diz.

Cátia Oliveira, programadora de 26 anos, já entregou para não ter de se preocupar mais com assunto, mas também porque “tinha medo de deixar passar o prazo de entrega por esquecimento”. Mas aqui, Manuel Faustino, ex-diretor do IRS, acredita que “as pessoas já não têm as multas por atraso em mente”.

Joana Vieira, arquiteta de 28 anos, entregou a declaração a 4 de abril porque tinha de “tratar da declaração da Segurança Social para os recibos verdes”, então decidiu “tratar logo das duas coisas ao mesmo tempo”. Com o reembolso, que é cerca de 100 euros no seu caso, vai usar em algumas “despesas extraordinárias”, como compras.

“Entregar em três ou quatro cliques”

Reembolso, “despachar o assunto” e facilidade na entrega das declarações. “A maior parte das pessoas que têm salários e pensões foram ao Portal das Finanças e perceberam que era possível entregar em três ou quatros cliques e fizeram-no”, explica o fiscalista da Deloitte, ao ECO. Para Luís Leon, o IRS automático facilitou todo o processo e isso contribuiu para as pessoas agilizarem as entregas.

Jaime Moreno, técnico de laboratório com 54 anos, também é um dos que prefere tratar rapidamente do assunto e, desta vez, não foi diferente. Viu no Twitter que o portal das Finanças estava em baixo e decidiu experimentar. “Experimentei só por experimentar e, na realidade, aquilo agora faz-se em dois minutos. É só confirmar o agregado, o NIB e pronto”, diz. “A Autoridade Tributária tem simplificado muito o procedimento”.

A verdade é que a pressa para entregar o IRS foi tanta que o portal das Finanças foi abaixo pelo menos três vezes, uma delas logo no primeiro dia. E essas falhas também levaram alguns portugueses a acelerar a entrega das declarações com receio de novas falhas. Manuel de Aragão, estudante e técnico de apoio à contabilidade e gestão com 22 anos, vai entregar este fim de semana “para não deixar tudo para último, até porque os servidores [das Finanças] a dado momento congestionam e por vezes fica difícil submeter“.

Os motivos mais comuns são estes, mas também podem ser outros. Uma contabilista contactada pelo ECO, que preferiu manter o anonimato, adianta que a pressa em matricular os filhos nas escolas e em pedir créditos bancários também podem ser justificações para a corrida à entrega do IRS. Nestes dias, o mesmo escritório já submeteu cerca de 100 declarações de IRS, um número bastante superior ao verificado nos anos anteriores. Contudo, o número de declarações submetidas tem vindo a reduzir: “cada vez mais é mais fácil submeter as declarações e agora as pessoas conseguem fazer isso em casa, sem precisar de ajuda”, explicou.

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Fundos devem ser atribuídos num prazo de 60 dias, mas chegam ao “mar” com 49 dias de atraso

Tribunal de Contas sugere a reavaliação do modelo de gestão, criticando também o baixo nível de execução do programa operacional.

Os beneficiários do Programa Operacional do Mar têm, em média, as suas candidaturas aprovadas em 109 dias e não nos 60 que estão definidos no Acordo de Parceria que regulamenta o Portugal 2020. A auditoria do Tribunal de Contas ao modelo de gestão deste programa operacional, divulgada esta terça-feira, critica o facto de a análise e decisão das candidaturas ser “bastante díspar”.

“O desempenho dos organismos dos programas envolvidos na análise e decisão das candidaturas é bastante díspar, verificando-se que o tempo médio de decisão varia entre 51 dias e 177 dias, sendo a média geral de 109 dias”, pode ler-se na auditoria do TC.

“Considerando que o prazo máximo legalmente estabelecido é de 60 dias e que o seu incumprimento tem consequências na vigência dos contratos de delegação de competências nos organismos intermédios, o sistema de informação deveria incluir informação sobre as razões dos desvios e sobre eventuais suspensões deste prazo, para que se pudesse apurar com rigor o seu grau de cumprimento e exercer o respetivo controlo”, acrescenta.

Este é apenas um dos problemas que o tribunal identificou no programa operacional e, por isso, recomenda à ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, que reavalie o modelo de gestão do programa e assegure que existem recursos humanos suficientes para acompanhar eficazmente o programa.

“O modelo de gestão adotado para o PO MAR2020 é muito desconcentrado, com 20 Organismos Intermédios (OI), alguns dos quais com experiência reduzida na análise e gestão de candidaturas. A Autoridade de Gestão (AG) assenta numa estrutura com apenas 17 elementos, incluindo dirigentes e pessoal de apoio administrativo, o que se revela insuficiente para assegurar um acompanhamento técnico eficaz dos OI que garanta a correta aplicação dos fundos europeus”, frisa o Tribunal de Contas.

A instituição liderada por Vítor Caldeira aponta ainda o dedo ao facto de a autoridade de gestão do Mar2020 ter delegado no Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP) “a generalidade das funções de gestão a partir da aprovação das candidaturas”. Uma opção prevista na lei, mas que foi levado ao extremo já que, ao transferir para o IFAP a emissão de todas as autorizações de despesa relativas aos pedidos de pagamento dos apoios, desresponsabiliza a autoridade de gestão pelas despesas realizadas no âmbito do programa.

O tribunal recomenda ainda um reforço do acompanhamento e dos controlos de qualidade, até porque “parte dos controlos previstos para mitigação dos riscos de fraude não é suficientemente eficaz”.

Outra das grandes críticas do Tribunal de Contas vai para a execução do programa. A análise incide sobre o final de 2017 e nessa altura a taxa de execução financeira era de 13%, quando os valores médios do Portugal 2020 se situavam em 26%. Mas, tal como o Governo explica no espaço de contraditório, o Mar2020 “foi aprovado, pela Comissão Europeia, a 30 de novembro de 2015, data muito posterior à dos restantes Programas Operacionais” e, à semelhança de todo o Portugal 2020 este quadro comunitário tem mais três anos para ser executado além de 2020 (o normal é serem mais dois.

O Executivo sublinha que, a 31 de dezembro de 2018, a taxa de compromisso global do PO era de 65,1%, representando 310 milhões de euros de despesa pública, e 419 milhões de euros de investimento elegível. E que, no final do ano passado, a taxa de execução já estava nos 26%, um valor que compara com os 33% do restante quadro comunitário.

TC critica “taxas de compromisso muito baixas”

Mais do que os atrasos, o Tribunal de Contas sublinha que “duas das prioridades do programa (coesão territorial e política marítima integrada) apresentam taxas de compromisso muito baixas” e “24 dos 41 indicadores de realização (perto de 60%) apresentavam execução nula, designadamente nas áreas de desenvolvimento local e da proteção ambiental”.

O Governo reconhece o atraso: “Reconhecemos que, a medida relativa às estratégias de desenvolvimento local, apresenta, uma taxa de compromisso inferior à média do programa”, mas “com base nos avisos publicados pelos GAC foram rececionados 198 projetos que totalizam 33 milhões de euros de investimento, o que nos permite afirmar, com algum grau de segurança, que também nesta medida iremos em 2019 atingir um grau elevado de compromissos”.

Finalmente, o Tribunal critica o facto de “as áreas de maior realização, em que as metas definidas para 2023 foram já largamente superadas, correspondem às medidas ligadas à subsidiação”, nomeadamente ao apoio à cessação temporária das atividades de pesca e ajuda à armazenagem.

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