Portugal já desistiu da alta-velocidade, mas Bruxelas não

Uma das prioridades do próximo quadro comunitário deve ser a aposta no setor dos transportes, defende a Comissão Europeia. A ferrovia surge no topo seja transfronteiriça ou nas áreas metropolitanas.

Esperamos pelo momento em que Lisboa e Madrid estejam ligados por um comboio de alta velocidade. Está planeado há décadas“, desabafa o diretor da DG Regio. Rudolf Niessler, num encontro com jornalistas, esta terça-feira, sobre as orientações para o investimento e a política de Coesão em Portugal no período 2021-2027, sublinhou a necessidade de Portugal apostar mais na ferrovia, seja nas ligações transfronteiriças, seja nas áreas metropolitanas.

E se para Bruxelas o TGV “é um ponto que deve surgir”, nas palavras de Niessler, para Portugal, nas palavras de António Costa, o assunto é “tabu”. O primeiro-ministro disse, em entrevista ao jornal espanhol ABC, em fevereiro de 2018, que “a alta velocidade é um tema tabu na política portuguesa e vai sê-lo por muito tempo”. E acrescentou que “um dia” terá de se olhar para este tipo de rede ferroviária, que está a crescer na maior parte da Península Ibérica e na qual Portugal “estará de fora”.

Ora para que Portugal não fique de fora, a recomendação da Comissão Europeia é de que Portugal invista mais no setor dos transportes. “Portugal deve investir na ferrovia a dois níveis: as ligações transfronteiriças e nas áreas metropolitanas“, diz o diretor da DG Regio. Para Rudolf Niessler Portugal também deve apostar nas ligações a Espanha através do norte de Portugal. A nível das áreas urbanas é preciso reduzir a dependência do carro e “embora não haja uma solução simples”, a “beleza está na diversidade de soluções”, através da utilização de outros meios de transporte.

Portugal deve investir na ferrovia a dois níveis: as ligações transfronteiriças e nas áreas metropolitanas.

Rudof Niessler

Diretor da DG Regio

O “modelo tem mudar” porque Portugal “tem das taxas mais elevadas de utilização de carros na Europa: 80% de todos os quilómetros viajados são feitos de carro”, sublinha Niessler recordando uma estatística recente do Eurostat. “Portugal está muito além dos valores dos outros países. Isto deve mudar por isso sugerimos que a prioridade deve ser investir nos transportes.”

Mas há mais onde Portugal deve investir os cerca de 24 mil milhões de euros que Bruxelas lhe propõe atribuir para o pós-Portugal 2020 — um valor que ainda não sofreu alterações, apesar das críticas nacionais ao corte que a Comissão está a propor. Qualificações é um dos temas que surge no topo da agenda, até porque o país não pode ser competitivo se a mão-de-obra não for de alta qualidade. “Portugal tem um problema de adequação entre aquilo que o mercado necessita e as qualificações existentes”, sublinha Andriana Sukova, diretora-geral adjunta da DG Emprego. A responsável elogia os progressos feitos por Portugal nos últimos anos e sublinha que a necessidade de investir nas qualificações é transversal a todos os Estados membros. Mas se em Portugal “os números globais estão bem”, quando “vistos à lupa” há coisas que têm de ser melhoradas.

A Comissão defende a definição de objetivos para que depois se possam misturar fundos e modelos para as soluções encontradas. Mas há um ponto que está assente: a Comissão continua a insistir numa redução da taxa de cofinanciamento porque a Europa está a crescer e as taxas agora em vigor foram definidas num momento de crise. “Todos os países da Europa estão a crescer. A Europa regista o mais elevado nível de emprego de sempre e a taxa de desemprego também é a mais baixa de sempre (6,5%). Se isto não é um bom momento, não sei o que será“, ironizou Andriana Sukova.

A responsável reconhece que o tema continua a ser discutido, mas defende que a redução da taxa de cofinanciamento aumenta a “propriedade do Governo”. Um Governo que deve ainda tomar “a decisão difícil de onde não insistir”, alerta Niessler porque as necessidades são muitas e “os fundos só por si não chegam” e há que apostar onde eles possam fazer a diferença.

A Comissão pede ainda “uma concentração de fundos em alguns objetivos para se obter o melhor resultado possível desse investimento”, disse Rudolf Niessler sublinhando o crescimento inteligente como a prioridade da Política de Coesão e a área da inclusão social para o Fundo Social Europeu.

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INE admite rever défice de 2018 a poucos dias das legislativas. E para melhor

O INE reportou um défice de 0,5% do PIB em 2018, mas está a rever as contas nacionais e admite que esta mudança pode baixar o défice numa décima. O tira-teimas chega a poucos dias das legislativas.

O défice ficou em 0,5% do PIB no ano passado, um resultado historicamente baixo, mas o número pode afinal ser ainda melhor. O Instituto Nacional de Estatística (INE) está a rever as contas nacionais e admite ao ECO que no reporte de final de setembro pode haver uma revisão em baixa do défice de 2018 numa décima. Uma boa notícia em cima das eleições legislativas de 6 de outubro.

“Esta notificação tem como referência a base 2011 das Contas Nacionais. A próxima (a enviar em setembro de 2019 ao Eurostat) será efetuada tendo como referência uma nova base das Contas Nacionais Portuguesas (base 2016), em preparação. Entre as alterações com a implementação da nova base, incluem-se as relativas à delimitação setorial que, de acordo com a informação disponível, apontam para um pequeno efeito positivo sobre o saldo das Administrações Públicas em 2018“, diz o INE no reportes sobre défices excessivos publicado esta terça-feira.

Mas em resposta ao ECO, o INE assumiu que esta revisão pode ter um impacto de uma décima, podendo baixar o défice de 0,5% para 0,4%.

“Os trabalhos de preparação da mudança de base estão ainda em curso. Como referido nos destaques hoje divulgados, de acordo com a informação disponível neste momento, apenas é possível dizer que as alterações relativas à delimitação setorial apontam para um pequeno efeito positivo sobre o saldo das Administrações Públicas em 2018 em termos nominais”, adianta o INE.

E acrescenta que “poderão ocorrer outras alterações com efeito no saldo e o próprio nível do PIB poderá também ser revisto no contexto da mudança de base”.

No entanto, o défice em percentagem do PIB conhecido esta terça-feira fica no limite mais baixo do intervalo dos arredondamentos a uma casa décimal, dando assim uma ajuda a uma revisão em baixa. “Note-se que o défice em 2018 fixou-se em 0,45% (0,5%) do PIB, pelo que pequenas revisões poderão fazer alterar o défice em percentagem do PIB a uma casa decimal.”

Ou seja, não será preciso muito para que o défice de 2018 salte de 0,5% do PIB para 0,4%.

O INE envia o reporte dos défices excessivos para o Eurostat duas vezes por ano: em março e em setembro. O calendário do INE não disponibiliza ainda a data em que o fará este ano no segundo reporte, mas é habitual que esta publicação seja divulgada no final de setembro. No ano passado, foi a 21 de setembro, uma data que serve de referência para este ano, mas que permite perceber a proximidade face à campanha eleitoral para as legislativas.

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Lucros do Crédito Agrícola encolhem para 112,5 milhões de euros

Crédito Agricola fechou contas de 2018 com um rácio CET1 de 15,2% e tendo a maior rede de agências do país, com 657 balcões. Expurgado de não recorrentes, resultado cresceu face a 2017.

O Crédito Agrícola registou lucros de 112,5 milhões de euros em 2018, valor que compara com os 150,2 milhões registados no ano anterior. Esta queda no resultado líquido deveu-se a receitas extraordinárias obtidas pelo Crédito Agrícola em 2017 através da venda de títulos de dívida pública, já que a instituição encaixou este ano 24,6 milhões de euros com operações financeiras, contra os 113 milhões de 2017.

Segundo Licínio Pina, e em termos recorrentes, o produto bancário cresceu 37,3 milhões de euros, tendo o negócio bancário contribuiu com 108 milhões de euros para o resultado, com os ramos de seguros a justificarem 6,9 milhões (Vida) e 2,7 milhões (Não Vida).

Segundo os números apresentados esta terça-feira, a margem financeira do Crédito Agrícola cresceu 15,6 milhões para 305 milhões. No final do primeiro semestre do ano, o Crédito Agrícola já tinha reportado um resultado líquido de 64,2 milhões de euros, mais 37% que no período homólogo.

No ano de 2017 o Crédito Agrícola tinha mais do que duplicado os seus lucros, para 150,2 milhões de euros, tendo então conseguido “o melhor resultado de sempre”, conforme referiu então Licínio Pina. Em 2017, a margem financeira da instituição tinha crescido de 276 milhões para 289,7 milhões de euros.

Crédito Agrícola pagou mais 78,5% para Fundo de Resolução

O aumento das exigências do Fundo de Resolução para todo o setor bancário, sobretudo à conta das recorrentes injeções de capital no Novo Banco, levaram a um aumento expressivo dos contributos do Crédito Agrícola para o Fundo de Resolução, ao longo de 2018.

“Entrámos com quase 5 milhões de euros para o Fundo e em termos de Contribuição para o Setor Bancário foram outros 6,3 milhões de euros”, detalhou Licínio Pina. “Foram mais 78,5% e mais 38,3%, respetivamente”, concretizou, sublinhando que ao longo deste ano o valor continuará a subir. “Em 2019 o crescimento talvez não seja tão intenso, mas em termos absolutos será certamente mais.”

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“Créditos de favor na CGD? Não analisámos a qualidade das decisões”, diz a EY aos deputados. Acompanhe aqui a comissão de inquérito

EY, a responsável pela auditoria aos atos de gestão da Caixa Geral de Depósitos, é a primeira a ser ouvida no Parlamento. Acompanhe aqui a audição em direto.

Arrancam esta terça-feira as audições da II comissão de inquérito à recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e aos atos de gestão (é a terceira ao banco público nos últimos três anos). A primeira a ser ouvida é a EY, que elaborou a auditoria aos atos de gestão do banco público entre 2000 e 2015 e que identificou perdas de 1.200 milhões de euros nos principais créditos concedidos naquele período. Depois, será a vez de Carlos Costa (quarta-feira) e Vítor Constâncio (quinta-feira) se apresentarem no Parlamento. Quanto à audição da EY, começa às 15h00. Acompanhe aqui em direto.

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Carga fiscal sobe para 35,4% do PIB em 2018. Atinge um novo recorde

A carga fiscal ficou no ano passado em 35,4% do PIB, depois de no ano anterior ter atingido 34,4% do PIB.

A carga fiscal atingiu 35,4% do PIB em 2018, depois de no ano anterior ter chegado a 34,4%, o valor mais alto de sempre a par do ano de 2015, revela o Instituto Nacional de Estatística (INE). Este aumento face a 2017 aconteceu apesar do abrandamento da travagem no PIB em 2018 face ao ano anterior.

Com a publicação de dados sobre o conjunto das Administrações Públicas esta manhã, o INE atualiza um uma série de informação, onde consta o cálculo da carga fiscal.

Os dados de setembro passado tinham revelado que a carga fiscal medida em percentagem do PIB em 2017 tinha subido face ao ano anterior, mas mantendo-se num patamar igual ao registado em 2015.

Estas conclusões permitiram introduzir novidades no debate político. Passos Coelho (responsável pela governação de praticamente todo o ano de 2015) e António Costa (responsável pelo ano de 2017) tinham sido os primeiros-ministros responsáveis pelo maior registo da carga fiscal.

No entanto, os números conhecidos esta terça-feira mostram que a carga fiscal continuou a aumentar em 2018, atingindo um novo valor recorde.

O Governo tem argumentado em relação aos anos anteriores que o aumento da carga fiscal acontece devido à dinamização da atividade económica e ao crescimento do emprego, e não devido a uma subida nas taxas de impostos. Ainda esta terça-feira, o ministro das Finanças assumiu que a receita fiscal cresceu no ano passado 2.050 milhões de euros acima do previsto.

Evolução da carga fiscal (em % do PIB)

Fonte: INE

O conceito de carga fiscal utilizado pelo INE nas suas divulgações corresponde ao total das receitas de impostos e contribuições sociais das Administrações Públicas e da União Europeia excluindo contribuições sociais imputadas.

Para a subida da carga fiscal foram determinantes os aumentos dos impostos sobre o rendimento (IRS e IRC), que cresceram 1.225,3 milhões de euros. As receitas de IVA aumentaram 1.040,4 milhões de euros. No total a carga fiscal aumentou 4.329,8 milhões de euros.

(Notícia atualizada)

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BES: Novo Banco condenado a pagar mais de 100 mil euros a cliente a quem vendeu obrigações

  • Lusa
  • 26 Março 2019

Relação confirmou a decisão da primeira instância e condenou o Novo Banco a pagar mais de 100 mil euros a um cliente a quem vendeu obrigações transferidas para o BES "mau", com perda do investimento.

O Tribunal da Relação do Porto confirmou a decisão da primeira instância e condenou o Novo Banco a pagar mais de 100 mil euros a um cliente a quem vendeu obrigações transferidas para o “BES mau”, com perda do investimento.

O acórdão, a que a agência Lusa teve acesso esta terça-feira, é da passada quinta-feira (21 de março) e julga “improcedente a apelação” do Novo Banco, que tinha recorrido da sentença do tribunal de Aveiro, que em 1 de dezembro de 2017, condenou o “réu [Novo Banco] a restituir ao autor [da ação] a quantia de 103.806,00€ (cento e três mil oitocentos e seis euros), acrescida de juros civis vencidos e vincendos desde a respetiva liquidação (17/12/2014), até integral pagamento”.

O tribunal exigia, assim, que fosse “anulado o contrato” da venda de obrigações e que o Novo Banco restituísse ao cliente queixoso o dinheiro envolvido na operação, decisão que foi agora confirmada pela Relação do Porto, sem lugar a recurso.

Contactado pela Lusa, o advogado do queixoso, Pedro Marinho Falcão, considera que “desta decisão resulta uma maior responsabilização dos bancos relativamente ao nível de informação que dão aos seus clientes e à responsabilidade que lhes é devida quando estão a transacionar um produto financeiro, evitando que vendam aos seus clientes, como foi o caso, gato por lebre”.

O advogado admitiu à Lusa “que haja pessoas que estejam nas mesmas circunstâncias” do empresário de Aveiro, já que, quando foi conhecida a decisão da primeira instância, o seu escritório foi “contactado por várias pessoas que estariam em situação idêntica”.

O caso remonta a dezembro de 2014, quando o cliente, um empresário de Aveiro, subscreveu 100 mil obrigações do Novo Banco por 101.600 euros (mais comissões bancárias e imposto de selo).

Contudo, em dezembro de 2015, esses títulos foram afetados pela decisão do Banco de Portugal de transmitir uma série de obrigações do Novo Banco para o “BES mau” (a entidade que ficou com ativos problemáticos do ex-BES e que não tem capacidade financeira para assumir os compromissos com que ficou).

Segundo o queixoso, só então ficou a saber que adquiriu produtos financeiros ligados ao BES, o que lhe tinha sido garantido que não era o caso, acusando o Novo Banco de não lhe ter transmitido a informação devida.

Na sentença, o tribunal de Aveiro considerou que foram prestadas informações erradas ao cliente para o levar a adquirir o produto, pelo que decidiu pela nulidade do contrato e pela restituição do dinheiro.

O Novo Banco recorreu desta decisão para o Tribunal da Relação, alegando que “apenas intermediou o contrato” em causa e que este “não é um contrato de compra e venda, mas sim […] uma ordem de compra”, pelo que “nunca poderia ser condenado a restituir o que não recebeu”.

O banco argumentou ainda que o cliente “estava convencido de que estava a adquirir obrigações do Novo Banco, que já nada tinham a ver com o BES, e de facto adquiriu obrigações do Novo Banco, que já nada tinham a ver com o BES”, tendo em dezembro de 2015 o próprio banco sido “surpreendido” pelo Banco de Portugal “com a decisão de retransmissão para o BES de certos passivos, onde se incluem as obrigações” em causa.

Ainda assim, e “mesmo tendo sido uma surpresa”, o Novo Banco alegou que “tal decorre dos riscos da posse de obrigações do Novo Banco, que era uma instituição que tinha sido objeto de resolução por parte do Banco de Portugal e que continuava sujeita ao poder de retransmissão da autoridade de resolução”.

Tudo o que o Novo Banco transmitiu ao cliente era absolutamente verdade, tendo sido posteriormente alterado pelo Banco de Portugal”, sustentou.

Estes argumentos não colheram, contudo, junto dos juízes do Tribunal da Relação do Porto, que deliberaram agora “julgar improcedente a apelação e confirmar a sentença recorrida”.

Em dezembro de 2015, mais de um ano depois da resolução do Banco Espírito Santo (BES), o Banco de Portugal decidiu passar para o “banco mau” BES mais de 2.000 milhões de euros de obrigações não subordinadas do BES que inicialmente tinha decidido que eram responsabilidade Novo Banco.

Essa decisão penalizou os investidores que detinham esses títulos.

Grandes fundos internacionais, como BlackRock e Pimco, têm desde então criticado fortemente esta decisão do banco central, que consideram “ilegal e discriminatória” e puseram ações em tribunal.

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Tecnológicas e bancos dão gás a Wall Street

As bolsas norte-americanas voltam aos ganhos nesta sessão, com os setores tecnológico e financeiro a impulsionar os índices.

As bolsas norte-americanas arrancam a sessão desta terça-feira em alta, depois de dois dias de perdas, impulsionadas pelas tecnológicas e pelo setor financeiro. A Apple consegue também inverter a tendência da sessão passada e sobe quase 2%. Também a Boeing avança depois de anunciar que vai atualizar gratuitamente o software dos aviões 737 Max.

O índice S&P 500 começou o dia a valorizar 0,66% para os 2.816,74 pontos, enquanto o industrial Dow Jones sobe 0,74% para os 25.706,44 pontos e o tecnológico Nasdaq avança 0,82% para os 7.699,83 pontos. A Apple sobre 1,88% para os 192,29 dólares, depois de anunciar várias novidades, incluindo novos serviços de streaming, de notícias e também um cartão de crédito. A Amazon valoriza também 1,34%, para os 1.798,16 dólares.

A Boeing também arranca a sessão a subir, 0,49% para os 372,22 dólares, ao anunciar que as empresas que compraram os aviões do modelo 737 Max vão receber uma atualização do software gratuitamente. A fabricante de aeronave registou várias perdas em bolsa, após a suspensão por parte de vários países de um dos seus modelos, envolvido em dois acidentes nos últimos meses.

O setor financeiro também impulsiona as subidas em Wall Street, com os principais bancos a registar ganhos. O Citigroup sobe 1,36% para os 61,15 dólares, o Bank of America avança 1,23% para os 27,17 dólares, e o JP Morgan valoriza 0,69% para os 99,61 dólares, depois da abertura dos mercados.

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Finlândia já é conhecida por ser o país mais feliz do mundo. Agora quer contar o segredo

"Rent a Finn" ou, em português, "Aluga um finlandês" é o nome da campanha que oferece a possibilidade de viver a cultura e os hábitos finlandeses. Tem até 14 de abril para se inscrever.

A Finlândia é, por várias vezes, considerado o país mais feliz do mundo. Um título que pode, nomeadamente para os portugueses, habituados a longas horas de exposição solar, suscitar algumas dúvidas. Agora, o país da felicidade quer finalmente mostrar ao mundo qual é o seu segredo, avança o Business Insider (acesso livre).

“Rent a Finn” ou, em português, “Aluga um finlandês” é o nome da campanha que oferece a possibilidade de experienciar o estilo de vida dos finlandeses. “Pelo segundo ano consecutivo, a Finlândia foi considerado [pelo United Nations World Happiness Report] o país mais feliz do mundo. O nosso segredo está na natureza. Enquanto outros vão fazer terapia, os finlandeses calçam um par de botas de borracha e vão para a floresta”, lê-se no site da campanha.

O programa lançado pela Visit Finland, que é totalmente gratuito, propõe “alugar” um finlandês por três dias. Os nativos, espalhados por várias zonas do país, prometem mostrar e ensinar aos estrangeiros selecionados a cultura e os hábitos dos finlandeses de A a Z.

Para isso, oito finlandeses vão abrir as suas casas e vidas aos turistas de modo a ensiná-los, por exemplo, como se ligarem à natureza e como relaxar. Todos eles são candidatos voluntários e, para serem os nativos escolhidos, tiverem de explicar através de um vídeo como mostrariam aos estrangeiros a verdadeira essência e a cultura finlandesa.

Já os viajantes, para concorrer ao programa, também terão de enviar um vídeo no qual falem um pouco sobre eles próprios, sobre a sua conexão à natureza e, também, do motivo que os leva a querer visitar a Finlândia. Juntamente com o vídeo, deverá ser também submetido um formulário, que está disponível para preencher no site da campanha. O período de candidaturas, que abriu no dia 18 de março, encerra no próximo dia 14 de abril.

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Parlamento Europeu aprova relatório que pede o fim dos vistos gold

  • Vasco Gandra, em Bruxelas
  • 26 Março 2019

Depois da Comissão Europeia e de ONG's anticorrupção terem manifestado preocupação com este assunto, o Parlamento Europeu aprovou um relatório que pede o fim dos vistos gold.

A pressão sobre os países que concedem vistos gold aumenta. Depois de a Comissão Europeia e de ONGs anticorrupção terem manifestado preocupação com estes regimes, foi a vez de o Parlamento Europeu (PE) aprovar por esmagadora maioria – 505 votos a favor, 63 contra e 87 abstenções – um relatório que pede o fim dos designados vistos gold.

Os eurodeputados manifestam a sua “preocupação” em relação a estes regimes que existem na maioria dos Estados-membros da UE — entre os quais Portugal –, e que permitem conceder a cidadania ou a residência (passaportes ou vistos gold) a pessoas de países terceiros em troca de investimento.

O Parlamento Europeu recomenda a estes países para revogarem “de forma progressiva e célere todos os regimes” de vistos gold. Os eurodeputados dizem que os potenciais benefícios económicos não compensam “os riscos graves de branqueamento de capitais e de evasão fiscal” que aqueles esquemas apresentam.

Riscos ainda mais acentuados devido a uma governação insuficiente dos vistos gold, segundo o Parlamento de Estrasburgo que manifesta preocupação “com a falta de transparência” quanto ao número e à origem dos requerentes, ao número dos que obtiveram vistos gold, aos montantes investidos e à sua origem.

Os eurodeputados pedem aos Estados-Membros que revelem o nome e a nacionalidade dos indivíduos a quem concederam cidadania ou residência ao abrigo destes regimes, bem como o número de recusas e os motivos em que estas assentaram.

Uma das questões suscitadas pelos vistos gold prende-se com o facto de a obtenção de uma autorização de residência ou de cidadania concedida por um Estado-membro conferir ao beneficiário acesso a um vasto leque de direitos em todo o território da União, incluindo a livre circulação no espaço Schengen.

Além disso, o relatório também é cético sobre os alegados benefícios económicos, sublinhando que “os investimentos efetuados ao abrigo destes programas não promovem necessariamente a economia real do Estado-membro que concede a cidadania ou a residência”.

Até abolirem estes esquemas, os países em questão devem assegurar que as medidas de diligência reforçada, exigida pela diretiva sobre branqueamento de capitais, são devidamente aplicadas aos candidatos a vistos gold.

O relatório aprovado propõe também a criação de uma “força policial financeira” da UE, com capacidades próprias de investigação, e uma unidade de informações financeiras. Os eurodeputados consideram que a Comissão Europeia deveria começar a trabalhar de imediato nestas propostas.

O relatório aponta ainda sete Estados-membros (Bélgica, Chipre, Hungria, Irlanda, Luxemburgo, Malta e Holanda) que considera serem facilitadores de planeamento fiscal agressivo.

A investigação aprofundada lançada pela Comissão Europeia sobre o regime de auxílios regionais da Zona Franca da Madeira é mencionada, limitando-se o relatório a referir que a investigação está a ser conduzida para se verificar se as isenções fiscais concedidas a empresas alí estabelecidas estão em conformidade com as decisões da Comissão e com as regras da UE sobre auxílios estatais.

Num outro ponto do relatório, os eurodeputados pedem à Comissão para apresentar uma proposta para a eliminação urgente do sistema de portos francos na UE.

O relatório de 74 páginas é o resultado de um ano de audições e debates desenvolvidos por uma comissão especial do PE sobre crimes financeiros e evasão e elisão fiscais. Os membros desta comissão reuniram com responsáveis europeus e nacionais, e procederam a missões de apuramento de factos em vários países. Tratou-se de dar seguimento ao trabalho de outras comissões anteriores, criadas após as revelações dos últimos anos dos escândalos do LuxLeaks, Panama Papers e Football Leaks.

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CGD vende edifício da Malo Clinic à espanhola Incus Capital

Através da Caixa Imobiliária, o banco vendeu o edifício Green Park a uma gestora de fundos espanhola. O imóvel tem uma área de 13.550 metros quadrados de escritórios.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD), através da Caixa Imobiliária, vendeu o edifício Green Park, em Lisboa, a uma gestora de fundos de investimento espanhola. Com uma área de 13.550 metros quadrados de escritórios, distribuídos por 14 pisos, o imóvel tem como inquilinos a Malo Clinic.

Localizado no número 43 da Avenida dos Combatentes, o Green Park foi projetado inicialmente para escritórios mas, “devido à sua versatilidade”, está a ser utilizado por prestadores de serviços de saúde, entre os quais a Malo Clinic, refere a CBRE, que assessorou a venda. O imóvel passa, assim, das mãos da Caixa Imobiliária para o portefólio de fundos de investimento da Incus Capital Advisors, com escritórios em Lisboa, Madrid, Paris e Milão.

Maló ClinicEssential Business

“De design flexível e com vistas panorâmicas 360.º sobre a cidade nos pisos superiores, o imóvel tem uma área bruta locável de escritórios de 13.550 metros quadrados, distribuídos por 14 pisos. Com 352 lugares de estacionamento, quatro pisos de garagem e 300 metros quadrados de área de arrumação (…) o Green Park num condomínio com uma vasta oferta comercial e residencial”, lê-se no comunicado enviado pela consultora.

Esta é uma oportunidade única para as empresas nacionais e internacionais de se estabelecerem numa zona em expansão na cidade de Lisboa. O Green Park é um exemplo da situação atual do mercado de escritórios, em que gradualmente os investidores começam a apostar em imóveis que precisam de serem reposicionados, de forma a dar a resposta à escassez de espaço de escritório”, diz Nuno Nunes, diretor de capital markets da CBRE.

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Défice abaixo do esperado é “resultado histórico e virtuoso”, diz Costa

  • Lusa
  • 26 Março 2019

O primeiro-ministro elogiou o resultado, mais uma vez, abaixo do esperado do défice orçamental. António Costa diz que este resultado foi alcançado sem cortes.

O primeiro-ministro, António Costa, considerou a descida do défice para 0,5% um “resultado histórico e virtuoso” que, defendeu, “não resulta do corte na despesa nem do aumento dos impostos”, mas de uma “política que devolveu confiança”.

“Portugal reduziu o défice para 0,5% e a dívida para 121,5. Um resultado histórico e virtuoso, que não resulta do corte na despesa nem do aumento dos impostos, mas do crescimento da economia, do emprego e da recuperação da credibilidade internacional que reduz a despesa com a dívida”, escreveu António Costa numa mensagem na rede social Twitter.

Segundo Costa, “esta redução resulta de uma política que devolveu confiança, através da melhoria do rendimento das famílias e o apoio ao investimento das empresas”.

“Agora estamos mais bem preparados para a conjuntura internacional e para continuar a reforçar o investimento público”, assinala.

O défice orçamental de 2018 ficou nos 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), abaixo dos 0,6% previstos pelo Governo, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatísticas (INE).

Segundo a primeira notificação de 2018 relativa ao Procedimento por Défices Excessivos, remetida hoje pelo INE ao Eurostat, o défice das Administrações Públicas atingiu 912,8 milhões de euros, o que correspondeu a 0,5% do PIB, abaixo do saldo negativo de 3% registado em 2017.

“O défice das Administrações Públicas (AP) situou-se em 0,5% do PIB no ano acabado no 4.º trimestre de 2018, que compara com uma necessidade de financiamento de 0,2% do PIB no trimestre anterior. Este agravamento da necessidade de financiamento resultou da variação positiva de 2,4% na despesa total e de 1,7% na receita total das AP”, explica o INE.

O valor anunciado pelo INE fica abaixo do previsto pelo Governo. Em 06 de fevereiro, o ministro das Finanças, Mário Centeno, disse no parlamento que o défice orçamental de 2018 ficaria próximo de 0,6% do PIB.

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Lucros da Fidelidade crescem 28%. Atingiram 280 milhões de euros

Seguradora portuguesa lucrou mais, contrariando as restantes empresas do setor detidas pela Fosun. A banca ajudou o grupo chinês a apresentar resultados líquidos recorde.

A Fidelidade fechou o ano passado com lucros de 280 milhões de euros, um aumento de quase 28% face ao resultado alcançado no ano anterior, mostram dados divulgados no site da seguradora da Fosun. O resultado da seguradora portuguesa contrariou a tendência do setor a nível global, mas o negócio da banca ajudou o grupo chinês a fechar 2018 com resultados líquidos recorde.

Os números mostram que a antiga seguradora da Caixa Geral de Depósitos atingiu um resultado líquido de 280 milhões de euros, valor que compara com os 219,5 milhões de euros registados em 2017.

O aumento dos lucros da Fidelidade foi apoiado num crescimento de cerca de 6% nos prémios brutos que ascenderam a 1.921 milhões de euros. Em 2017, estes tinham totalizado 1.813 milhões de euros.

Relativamente aos ativos da seguradora registou-se um crescimento de menor dimensão. O total de ativos da seguradora ascendiam no final de 2018 a 17.841 milhões de euros. Ou seja, 3% acima dos 17.286 milhões de euros no período homólogo. Já os ativos líquidos aumentaram 0,5%, dos 2.717 milhões de euros, para 2.731 milhões.

O resultado líquido da Fidelidade, da qual a Fosun detém 84,9884%, corresponde a 95% dos lucros totais do negócio segurador da Fosun em Portugal, tendo em conta os resultados do grupo chinês divulgados nesta terça-feira. A Fosun Insurance Portugal lucrou 293,8 milhões de euros em 2018 — tem 80% da Multicare e Fidelidade Assistência.

Este resultado foi, segundo a Fosun, “sobretudo em benefício do negócio vida (cresceu 6,2 pontos percentuais, para 39,1%), refletindo a performance comercial da CGD num ambiente de taxas de juro extremamente baixas e produtos bancários alternativos limitados, difícil de repetir no futuro”.

Fosun ganha mais. Banca puxou pelos lucros

A nível global, o negócio segurador da Fosun não acompanhou a evolução positiva registada em Portugal. O resultado líquido atribuível por esta área de negócio ascendeu a 314 milhões de euros, uma quebra de quase 15% face aos 368 milhões registados em 2017.

Também os investimentos deram um contributo negativo para as contas, com lucros atribuíveis por este segmento ao grupo chinês equivalentes a cerca de 755,5 milhões de euros, abaixo dos 772 milhões de 2017 (-2%).

Mas a banca ajudou a compensar essa quebra de resultados. A banca, como um todo, contribuiu com um resultado líquido equivalente a 164 milhões de euros em 2018, 13% acima dos 145 milhões registados e 2017. Recorde-se que o BCP fechou o ano passado com lucros de 300 milhões de euros. A Fosun detém 27,25% do banco.

Face a este cenário, a Fosun acabou por terminar o ano passado com uma subida dos seus lucros na ordem dos 2%. Estes totalizaram o equivalente a 1.768 milhões de euros em 2018, o que compara com 1.736 milhões em 2017. É um valor recorde.

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