Montepio vende 100 milhões de euros em imóveis à dona da Whitestar

Em dois dias, o Banco Montepio vendeu duas carteiras de ativos problemáticos com o valor agregado de 426 milhões de euros a empresas do grupo da Whitestar.

Um dia antes de ter vendido uma carteira de malparado de 321 milhões de euros, o Banco Montepio chegou a acordo para a alienação de um portefólio de imóveis no valor de 100 milhões de euros. Ambos os negócios foram feitos com duas empresas criadas na hora, pertencentes ao mesmo grupo da Whitestar.

Como tem acontecido em todo setor, também o Banco Montepio continua os esforços no sentido de limpar o seu balanço de ativos não produtivos como os non performing loans (NPL) ou ativos imobiliários para fazer face às exigências das autoridades. Essa limpeza tem passado sobretudo pela venda dos ativos a empresas especializadas na recuperação de créditos em incumprimento e na gestão de imóveis.

A 26 de julho, o banco liderado por Dulce Mota anunciou ao mercado a alienação de uma carteira de 13 mil contratos de crédito malparado com o valor bruto de 321 milhões de euros a uma empresa chamada Panorama Jubilante, do grupo Arrow, que em Portugal é dona da Whitestar. A venda do portefólio “Atlas II” tinha sido concluída uns dias antes, a 12 de julho, após um processo competitivo que, conforme avançou o ECO, gerou um prejuízo de seis milhões para o Banco Montepio.

No dia anterior, a 11 de julho, o banco alienou à empresa Façanha Cristalina ativos imobiliários no valor global bruto de 105 milhões, revela o relatório e contas da instituição publicado esta semana. Ao contrário do “Atlas II”, esta carteira designada de “Brick” ainda não está fechada, dado que se encontra “em curso o processo associado de marcação das escrituras”.

Tal como a Panorama Jubilante, a Façanha Cristalina é uma sociedade de direito português criada através do serviço “Empresa na Hora”. Também é detida pelo grupo Arrow Global, tendo como administrador único João Bugalho, que é o CEO da Whitestar.

O Banco Montepio anunciou lucros de 3,6 milhões de euros na primeira metade do ano. Uma vez que as duas vendas ocorreram após o fecho do semestre, o eventual impacto das operações não foram incluídas nas contas semestrais. O banco chegou a 30 de junho com um rácio de non performing exposures (NPE, exposições não produtivas) de 14,7%, 0,3 pontos percentuais acima do rácio observado no final do ano passado.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Independentemente do resultado das eleições, DBRS vê “continuidade na política orçamental”

Portugal vai a votos a 6 de outubro. Mesmo com eleições à porta, a DBRS decidiu subir o rating, já que acredita que independentemente de quem seja o vencedor, a estratégia orçamental vai manter-se.

As legislativas estão “à porta”, mas nem isso impediu a DBRS de rever o rating da dívida portuguesa. Seis meses depois de dado sinais de uma eventual melhoria da classificação, acabou mesmo por fazê-lo, colocando a notação em “BBB (high)”. Justifica a revisão em alta com a melhoria estrutural do desempenho da economia, associada ao esforço continuado de consolidação orçamental. Um esforço que, diz, vai continuar, independentemente de quem quer que saia vencedores das eleições de 6 de outubro.

Independentemente do resultado das eleições de 6 de outubro, a DBRS acredita que a dinâmica política nacional irá resultar na continuidade da estratégia orçamental, já que o eleitorado continua concentrado nos partidos políticos europeístas”, diz a agência de notação financeira canadiana, no comunicado em que elevou o rating português para o nível mais elevado em oito anos, igualando-o ao de Itália.

As mais recentes sondagens apontam para uma vitória do PS, embora sem maioria absoluta. O último grande estudo de opinião, publicado pela SIC e o Expresso, do ISCTE e ICS, colocou o partido de António Costa com 38%, acima dos 28% do PSD, o que, a confirmar-se, obrigará os socialistas a procurarem novamente um parceiro para governar o país. Poderá levar a uma nova geringonça.

A DBRS, que classifica Portugal como “uma democracia liberal estável”, recorda que nos últimos quatro anos o país foi governado pelo PS, com apoio parlamentar tanto do Bloco de Esquerda como do PCP e dos Verdes. “Apesar desta posição minoritária [do PS] ter levantando alguns receios quando à capacidade de manter uma estratégia orçamental de longo prazo, no passado, o governo permaneceu no poder durante todo o mandato e cumpriu com as metas orçamentais do Programa de Estabilidade“.

Portugal conseguiu reduzir o défice de forma expressiva, projetando-se para este ano um défice de 0,2% do PIB, isto num contexto de crescimento acelerado da economia. A perspetiva é de que o défice encolha ainda mais, embora num contexto mais desafiante. A DBRS prevê que o “ritmo de crescimento deverá ser mais moderado do que no passado recente em virtude de uma desaceleração da procura externa”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Primeira baixa na Libra, a moeda do Facebook: PayPal renuncia ao projeto

A empresa de pagamentos PayPal decidiu renunciar ao projeto Libra, a criptomoeda que está a ser desenvolvida pelo Facebook. Visa e MasterCard estarão a ponderar fazer o mesmo.

Está feita a primeira baixa no projeto da Libra, a criptomoeda do Facebook. A empresa de pagamentos PayPal decidiu deixar de participar na rede, uma decisão que poderá ameaçar a ambição de Mark Zuckerberg de criar um sistema global de pagamentos digitais. A notícia foi avançada pelo The Wall Street Journal (acesso pago).

Segundo fonte oficial do PayPal, citada pelo jornal, os responsáveis da empresa decidiram “renunciar à participação” no projeto do Facebook. No entanto, a empresa mantém-se entusiasta do projeto e garante que vai manter contacto com a equipa da Libra no sentido de explorar futuras parcerias.

O Facebook tenciona lançar uma moeda digital, chamada Libra, na primeira metade de 2020. Para tal, reuniu uma série de parceiros de relevo, numa espécie de coligação da qual o PayPal fazia parte até hoje. No grupo encontra-se também o duopólio Visa e MasterCard e a luso-britânica Farfetch.

No entanto, o projeto tem merecido forte oposição por parte de reguladores mundiais, entre os quais a Fed e o BCE, mas também a Comissão Europeia e alguns países como França e Alemanha. A principal preocupação é que uma rede global de pagamentos desta natureza possa representar um risco para a estabilidade do sistema financeiro.

Na semana passada, o mesmo jornal revelou que a Visa e a MasterCard, líderes mundiais em soluções de pagamento, também estão a ponderar renunciar ao projeto, temendo a má publicidade e um escrutínio mais apertado por parte das autoridades.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Centeno vê Portugal a chegar a rating de A “num prazo muito curto”

  • Lusa
  • 4 Outubro 2019

O ministro das Finanças acredita que Portugal voltará a subir de rating em breve e vê já o país a chegar à classificação de A "num prazo muito curto".

O ministro das Finanças considerou, esta sexta-feira, que a trajetória de recuperação e estabilização financeira não será interrompida e que o rating de Portugal pode em breve passar para níveis mais elevados. “Se mantivermos a trajetória de avaliações positivas consecutivas nos próximos tempos, diria que num prazo muito curto Portugal poderia atingir, não só nesta, mas em outras agências de ‘rating’, essa classificação A”, uma das classificações mais altas, afirmou Mário Centeno, em declarações à Lusa.

A agência de rating DBRS anunciou, esta sexta-feira, a decisão de melhorar a notação financeira de Portugal, de ‘BBB’ para ‘BBB+’ (nível de investimento), o que significa que o país está “a um nível de atingir a classificação A”, disse Centeno.

Para o ministro das Finanças, usando Espanha como referência, é possível “antecipar uma continuação destas melhorias”. Isto porque, acrescentou, apesar de Portugal estar classificado abaixo de Espanha, “tem hoje taxas de juro mais baixas ou muito próximas” das daquele país, “tem a dívida a cair na percentagem do PIB [Produto Interno Bruto], o que Espanha neste momento não tem, saldo orçamental equilibrado e está a crescer mais do que Espanha”.

Segundo Centeno, a trajetória de recuperação e estabilização financeira “não vai ser interrompida”, pelo que “as boas notícias de que Portugal hoje é sujeito muito ativo na Europa vão manter-se”.

Sobre a decisão da DBRS, Centeno considerou que é justificada pela “consolidação das contas públicas, pela redução do endividamento público e privado, pelo crescimento económico robusto e acima da média europeia e uma capacidade de financiamento positiva face ao exterior da economia portuguesa”.

O ministro destacou a evolução da economia, considerando que, “pela primeira vez, Portugal cresce sem pôr em causa o equilíbrio externo” e assim está “melhor preparado para enfrentar riscos externos”, que no passado “tanto prejudicaram a economia portuguesa”.

Nas outras agências de rating principais, Portugal tem notação de ‘BBB’ pela Fitch e Standard & Poor’s (segundo nível da categoria de investimento) e ‘Baa3’ pela Moody’s (primeiro nível na categoria de investimento, um nível acima de ‘lixo’).

A perspetiva está em todas como positiva, o que dá indicação de que o rating poderá melhorar. O rating é uma classificação atribuída pelas agências de notação financeira que avalia o risco de crédito (capacidade de pagar a dívida) de um emissor, que pode ser um país ou uma empresa.

Cada agência de rating tem a sua própria escala de avaliação, mas em todas a melhor classificação é o triplo A (AAA) e as letras C ou D indicam avaliações em que o investimento é considerado de risco ou especulativo (vulgarmente designado ‘lixo’).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Emprego deixa investidores animados e puxa por Wall Street

Os mercados norte-americanos terminaram a última sessão da semana em terreno positivo com os investidores animados com os dados do emprego e expectantes em relação a um novo corte das taxas de juro.

A semana foi atribulada em Wall Street, mas os dados do emprego conhecidos esta sexta-feira deixaram os investidores mais otimistas e puxaram os mercados norte-americanos para terreno positivo. Isto depois de os dados relativos à atividade industrial e ao setor do desemprego terem gerado preocupação e confirmado que a prolongada guerra comercial entre a China e os EUA já estão a impactar a economia norte-americana.

Na última sessão da semana, o índice de referência, o S&P 500, valorizou 1,41%. Também o industrial Dow Jones avançou 1,41% e o tecnológico Nasdaq subiu 1,39%.

Esta evolução dos mercados norte-americanos fica a dever-se ao sentimento de otimismo gerado pelos dados que foram conhecidos, esta sexta-feira, relativos ao mercado de trabalho. O Departamento do Trabalho norte-americano anunciou, esta manhã, que a taxa de desempregos nos Estados Unidos recuou, em setembro, para 3,5%, o nível mais baixo desde dezembro de 1969. Também o número de empregos criados em agosto foi revisto em alta, esta manhã, tendo sido criados mais 38 mil empregos (168 mil empregos no total) do que tinha sido anunciado anteriormente.

“[Os dados do emprego são] uma espécie de ‘caracolinhos dourados’: não são tão fortes que levem a Fed a deixar de considerar um novo corte nas taxas de juro no final de outubro, mas não são tão fracos que gerem preocupação em relação ao mercado de trabalho e ao consumo“, explica Shawn Snyder, da Citi Personal Wealth Management, citado pela Reuters.

Os investidores estão expectantes em relação à Reserva Federal norte-americana, esperando que assuma uma posição mais branda em matéria de política monetária e corte as taxas de juro, pela terceira vez este ano, face aos dados económicos não tão animadores divulgados no início desta semana.

Na quinta-feira, foram conhecidos os dados relativos ao setor dos serviços norte-americano, que em setembro caiu para mínimos de três anos. No mesmo sentido, o setor industrial tocou em mínimos de dez anos, deixando os investidores preocupados e confirmando que a prolongada guerra comercial entre Pequim e Washington já está a afetar a economia norte-americana.

Na sessão desta sexta-feira, destaque ainda para os títulos da Apple que somaram 2,80% para 227,01 dólares.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

A três horas do fim da campanha para as legislativas, DBRS sobe rating de Portugal para “BBB+”

A agência de notação tinha colocado o outlook em "positivo", em abril. Agora, na véspera das eleições, decidiu elevar a classificação que atribui à dívida nacional, afastando-a ainda mais de "lixo".

A DBRS subiu o rating de Portugal. Seis meses depois de ter “aberto” a porta à revisão em alta da notação da dívida do país, e na véspera das eleições legislativas, a agência canadiana elevou a classificação em um nível, colocando-a em “BBB (high)”. O Governo congratula-se com a decisão, vendo-a como uma “tradução da política de credibilização de Portugal”.

Foi a 5 de abril que a DBRS reafirmou a notação de “BBB”, mas melhorou o outlook, elevando-o de “estável” para “positivo”. Agora, concretizou essa melhoria de perspetiva, revendo a classificação em um nível — com uma perspetiva “estável” –, deixando a dívida pública portuguesa três níveis acima de “lixo” financeiro. O rating português está no nível mais elevado em oito anos, igualando o de Itália.

Esta revisão reflete a melhoria continuada e estrutural do desempenho da economia portuguesa.

Ministério das Finanças

“Esta revisão reflete a melhoria continuada e estrutural do desempenho da economia portuguesa”, diz o Ministério das Finanças, em reação à atualização em alta feita pela agência canadiana esta sexta-feira, 4 de outubro, o último dia da campanha para as eleições para a Assembleia da República que, consequentemente, irá eleger o próximo Governo.

“A dívida pública portuguesa beneficia hoje da classificação de investimento pelas quatro principais agências de rating internacionais, estando com perspetiva positiva nas outras três“, a Moody’s, Fitch e S&P, nota o ministério de Mário Centeno, destacando também a evolução dos juros da dívida nos mercados, nomeadamente a taxa das obrigações do Tesouro a 10 anos que está “abaixo de 0,2%, um valor sem paralelo histórico e o diferencial face a Espanha mantém-se praticamente nulo”.

Crescimento? Sim. Mas mais moderado

A DBRS destaca, nesta revisão em alta do rating, “o esforço continuado de consolidação orçamental estrutural, que se traduz no equilíbrio das contas públicas e na redução sustentada do rácio da dívida pública face ao PIB, no quadro de uma política que promove o investimento, o crescimento sustentável e a criação de emprego permanente”.

“Portugal está a tirar partido das condições favoráveis de mercado para melhorar o seu perfil de dívida e reduzir os encargos com juros. A maturidade da dívida tem vindo a ser alongada ativamente através de operações de troca e pagamentos antecipados ao FMI”, diz a DBRS, salientando que o Governo prevê reembolsar antecipadamente o FEEF. A perspetiva é de que reembolse dois mil milhões em novembro.

“Salienta também mudanças positivas na estrutura da economia portuguesa que favorecem a continuação do crescimento económico equilibrado”, referem as Finanças. “A diversificação e melhoria da qualidade das exportações, bem como o crescimento do investimento privado, são assinaladas como tendências que se revestem de crucial importância”, acrescentam.

O crescimento vai continuar, mas menos expressivo que no passado. A DBRS “antevê a continuação do crescimento equilibrado da economia portuguesa no futuro, apoiado por uma dinâmica positiva da procura interna associada ao crescimento do emprego, das remunerações e do investimento”, nota o comunicado das Finanças.

Contudo, a agência alerta que “o ritmo de crescimento deverá ser mais moderado do que no passado recente em virtude de uma desaceleração da procura externa“. “O consenso das previsões aponta para um crescimento entre 1,5% e 1,7% nos próximos anos, o que está em linha com a nossa expectativa”, diz a agência.

Risco da banca diminui. Malparado em queda

A DBRS explica a revisão em alta da notação do país também com a “diminuição dos riscos para a estabilidade financeira”. Para esta visão mais positiva da agência canadiana contribui “a diminuição do endividamento das empresas não financeiras; a redução muito significativa do rácio de crédito malparado; e a melhoria da rendibilidade dos bancos e o aumento dos seus rácios de capital”, refere o Ministério das Finanças.

Na primeira metade do ano, os bancos voltaram a encolher o stock de ativos problemáticos. O crédito malparado (os chamados non performing loans) encolheu em cerca de 2,5 mil milhões de euros, atirando o rácio de NPL para 8,3%, menos 1,1 pontos percentuais (p.p.) face a dezembro, revelou o Banco de Portugal.

Quanto aos rácios de capital, num contexto de melhoria ligeira da rentabilidade do setor, apesar das adversidades, verificou-se um reforço. Segundo o supervisor da banca nacional, no segundo trimestre de 2019, “o rácio de fundos próprios totais e o rácio de fundos próprios principais de nível 1 (CET 1) situaram-se em 16,1% e 13,9%, respetivamente, aumentando ligeiramente face ao trimestre anterior“.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Sueca Loomis e espanhola Tablisa na corrida ao controlo da Esegur

  • ECO
  • 4 Outubro 2019

A venda da principal empresa de segurança privada de Portugal está na fase final. Em cima da mesa estão duas ofertas exclusivas: uma da espanhola Tablisa outra da sueca Loomis.

A espanhola Trablisa e a sueca Loomis estão a disputar a portuguesa Esegur, detida pela Caixa Geral de Depósitos (50%) e pelo Novo Banco (44%), na sequência da queda do Grupo Espírito Santo. A venda está na fase final, estando estas duas ofertas exclusivas em cima da mesa, avança o El Espanhol.

De acordo com o jornal espanhol, a operação deverá estar concluída nas próximas semanas. Fontes próximas do processo garantem, que os valores envolvidos são altos, tendo a oferta sueca ultrapassado os 30 milhões de euros, mais 25% a 30% do que a proposta apresentada pelos espanhóis.

A Loomis tem ainda a vantagem de contar com o apoio financeiro da empresa matriz internacional e de faturar mais de 1.500 milhões de euros, “uma magnitude que está a anos-luz da Tablisa”, sublinha o mesmo jornal.

A Esegur é líder de mercado, mas a sua receita é de apenas 40 milhões de euros, um número significativamente abaixo naquele que alcançou no tempo do GES. De acordo com o El Espanhol, essa evolução negativa é um dos motivos para a sua alienação.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

CMVM recebe menos queixas. Maioria são sobre ações

  • Lusa
  • 4 Outubro 2019

Regulador do mercado recebeu 199 reclamações nos primeiros seis meses do ano, menos 13% que no período homólogo. Um terço das reclamações recebidas incidiu sobre ações.

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) recebeu 199 reclamações nos primeiros seis meses do ano, menos 13% do que no período homólogo, segundo o Relatório Estatístico sobre Reclamações dos Investidores.

“O ‘Relatório Estatístico sobre Reclamações dos Investidores – 1.º semestre de 2019’ revela que a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários recebeu 199 reclamações nos primeiros seis meses deste ano, o que representa uma diminuição de 15% face ao segundo semestre de 2018 e 13% face ao período homólogo”, lê-se num comunicado publicado na página da internet da CMVM.

Segundo o documento, esta variação pode justificar-se pelo facto de, a partir do segundo trimestre deste ano, ter passado a ser necessário que as reclamações sejam primeiro apresentadas junto da entidade reclamada, “de modo a potenciar uma resolução atempada entre reclamante e entidade reclamada”.

Por outro lado, o relatório revelou que o livro de reclamações das entidades reclamadas passou a ser o canal preferencial dos investidores para apresentarem queixas sobre serviços e atividades de intermediação financeira (43% do total).

Já das reclamações em que o investidor se dirigiu diretamente ao mercado (33%), mais de 80% utilizou o website ou o correio eletrónico.

A maioria das reclamações foram apresentadas por pessoas singulares (95%), do sexo masculino (58%) e com residência em Portugal (91%), destacando-se os distritos de Lisboa e Porto (52%).

“Cerca de um terço das reclamações recebidas incidiu sobre ações, tendo-se registado um aumento do peso relativo de reclamações recebidas relativas a fundos de investimento (25% versus 14% no período homólogo). Em sentido inverso, observou-se uma diminuição das reclamações relativas a instrumentos de dívida”, apontou a CMVM.

O principal motivo das reclamações dos investidores foi a execução de ordens dos clientes, nomeadamente na subscrição/resgate de fundos de investimento, nas ordens de bolsa e ordens de transferência de valores mobiliários para outras instituições financeiras, representando 31% do total.

Seguiu-se a qualidade da informação prestada ao investidor (18%), os custos associados aos serviços prestados (17%) e o registo e depósitos de valores mobiliários (15%).

No período de referência, foram concluídas 897 reclamações, mais 137% face ao segundo semestre de 2018 e 106% em comparação com o período homólogo.

“Esta subida ficou a dever-se à conclusão dos processos de reclamações apresentados junto da CMVM contra o Banif, na sequência da medida de resolução aplicada em dezembro de 2015”, explicou a comissão liderada por Gabriela Figueiredo Dias.

O tempo de tratamento das reclamações, por seu turno, “teve um impacto negativo no tempo mediano de tratamento de reclamações”.

De acordo com a CMVM, se as reclamações relacionadas com as medidas de resolução do Banif não fossem consideradas no período em questão, “o tempo mediano de tratamento de uma reclamação na CMVM seria de 40 dias e teria caído 29% face ao semestre anterior e 66% face ao período homólogo”.

A comissão “promoveu diligências junto das entidades reclamadas em cerca de 94% do total de reclamações concluídas. As restantes não reuniram os critérios de admissão previstos, o reclamante desistiu ou a CMVM esclareceu o reclamante, sem necessidade de apresentar à entidade reclamada”, esclareceu.

Assim, em 65% dos casos a CMVM concluiu a reclamação de “forma desfavorável ao reclamante”, em 5% a entidade reclamada “atendeu à pretensão do reclamante” e em 24% a entidade reclamada “não atendeu à pretensão do reclamante”, não apresentando elementos que permitam contrariar o fundamento da reclamação apresentada.

A maioria dos casos em que a entidade reclamada “não atendeu à pretensão do reclamante” referem-se a reclamações apresentadas contra o Banif.

Destas, apenas em 17 foi possível encontrar “evidência de irregularidades na comercialização dos produtos objeto de reclamações”, enquanto nas restantes o banco “não disponibilizou e não foi por outros meios possível obter elementos que permitissem aferir da regularidade ou irregularidade da sua atuação”.

Para além das reclamações do Banif, registaram-se sete casos, relativos a três entidades reclamadas, nos quais a entidade reclamada “não atendeu à pretensão do reclamante”.

Ainda no âmbito das entidades reclamadas, entre janeiro e junho, foram 24 as entidades com reclamações admitidas na CMVM contra si.

No período em causa, 14 entidades registaram um aumento no número de reclamações face ao semestre anterior e nove registaram um retrocesso.

“O Deutsche Bank Aktiengesellschaft – Sucursal em Portugal, o Bankinter, S.A. – Sucursal em Portugal e o Banco Santander Totta, SA foram as entidades que registaram uma maior redução no número de reclamações entradas face ao período homólogo. A Orey Financial – Instituição Financeira de Crédito, SA foi a entidade que registou um aumento mais expressivo no número de reclamações”, assegurou a CMVM.

No âmbito dos estatutos da CMVM e da lei-quadro das entidades administrativas independentes com funções de regulação da atividade económica dos setores privado, público e cooperativo, a comissão publica um relatório anual de reclamações, bem como uma informação estatística semestral de reclamações.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

PS recupera nas sondagens, mas precisa de parceiro para formar Governo

  • ECO
  • 4 Outubro 2019

A última sondagem desta campanha indica que a distância nas intenções de voto entre PS e PSD aumentou ligeiramente. Os socialistas recuperaram terreno, mas precisam de um parceiro para governar.

O PS recuperou terreno, mas mantém-se aquém da maioria “inequívoca” que tanto pediu. De acordo com a sondagem feita pela Pitagórica para a TSF, Jornal de Notícias e TVI, há agora 9,4 pontos percentuais (p.p.) a separar os socialistas dos social-democratas, um fosso ligeiramente maior do que aquele que tinha sido verificado, na quinta-feira.

A liderar as intenções de voto nesta legislativa, o PS recolhe 37,2%, tendo recuperado alguma vantagem em relação ao PSD, nas duas últimas semanas. O partido de Rui Rio recolhe, por sua vez, 27,8% das intenções de voto, estando a 9,4 p.p. do partido de António Costa.

Em terceiro lugar, mantém-se o Bloco de Esquerda, com 9,2% das intenções de voto. Segue-se a CDU, com 6,6%, o PAN com 4,8% e, em último lugar entre os partidos com assento parlamentar, o CDS-PP com 4,6%.

Já entre os partidos que ainda não têm representação parlamentar, é o CHEGA que se destaca, com 1,8% das intenções de voto, seguindo-se a Aliança de Santana Lopes com 1,1%. O LIVRE e o Iniciativa Liberal recolhem 0,9%, cada um.

Este estudo de opinião teve por base 600 entrevistas recolhidas durante quatro dias.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Votação dos emigrantes triplicou face a 2015

  • Lusa
  • 4 Outubro 2019

Até esta sexta-feira, votaram nestas eleições legislativas um total de 97 mil portugueses emigrados, três vezes mais do que em 2015.

Um total de 97.244 portugueses residentes no estrangeiro votaram até esta sexta-feira por carta para as eleições legislativas, três vezes mais do que em 2015, segundo a Secretaria Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI).

O último relatório da SGMAI com informações e números sobre o processo eleitoral refere que foram rececionadas até quinta-feira 88.244 cartas resposta, remetidas pelos eleitores residentes no estrangeiro, enquanto em 2015 votaram 31.610. Entretanto, fonte oficial do Ministério da Administração Interna indicou à Lusa que durante esta sexta-feira foram recebidas 9.000 cartas de portugueses residentes no estrangeiro, totalizando 97.244.

O relatório da SGMAI indica que, das 88.244 cartas recebidas, 69.053 foram remetidas pelos portugueses que votam pelo círculo da Europa e 19.191 por Fora da Europa. Os portugueses residentes em França foram os que votaram em maior número, um total de 35.182, seguido do Brasil (11.322) e Suíça (9.779), refere o relatório da SGMAI.

No ano passado foi aprovado o recenseamento automático dos portugueses residentes no estrangeiro, que permitiu alargar o número de eleitores de cerca de 300 mil para 1,4 milhões. Nas últimas legislativas de 2015, o universo eleitoral era de 242.852 inscritos e votaram 31.610 votos eleitores, dos quais 28.354 foram considerados válidos (11,68%).

A SGMAI refere também que foram devolvidos “por motivos vários” 87.521 boletins de voto, contra os 38.367 de há quatro anos. As cartas podem ser devolvidas por vários motivos, nomeadamente o eleitor não residir no endereço indicado, o boletim não ter sido reclamado ou o eleitor já ter morrido.

No estrangeiro, estão inscritos 1.464.514 eleitores para votar por via postal, 895.386 dos quais pelo círculo da Europa e 569.128 por Fora da Europa, e 2.240 para votar presencialmente, 204 da Europa e 2.036 de Fora da Europa. Para os portugueses votarem presencialmente, a Direção Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas vai instalar 79 locais de voto nos consulados.

A Administração Eleitoral enviou no total 1.464.709 cartas, 1.464.508 expedidas inicialmente, seis expedições adicionais resultantes de reclamações e 195 segundos envios. O voto dos emigrantes portugueses por via postal terá de ser expedido até ao dia da eleição (06 de outubro) e chegar à Assembleia de Recolha e Contagem, em Lisboa, até 16 de outubro.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Rio considera inadmissíveis acusações de Costa contra a direita

  • Lusa
  • 4 Outubro 2019

Rio diz que Costa "ouve muitas vezes coisas de que não gosta". "Também me dizem muitas coisas de que não gosto e não vou dizer que PS, PCP e BE plantaram uma pessoa", remata.

O presidente do PSD, Rui Rio, rejeitou e considerou não ser “minimamente admissível” a acusação de António Costa de que o partido teria ‘plantado’ um incidente na campanha do PS.

Em declarações aos jornalistas antes de iniciar a tradicional descida do Chiado, em Lisboa, Rio escusou-se a comentar a exaltação do secretário-geral do PS e primeiro-ministro, António Costa, relativamente a um homem que o abordou para o criticar “por ter gozado merecidas férias enquanto morriam pessoas” nos incêndios.

“Relativamente ao episódio prefiro não comentar, apenas lamentar o facto de o dr. António Costa ter dito que a direita — estava a referir-se ao PSD, o PSD não é de direita, mas era isso que estava a dizer — isso é que eu não acho minimamente admissível”, reagiu o líder do PSD.

“Acho que as pessoas me conhecem. Alguma vez eu ia fazer semelhante coisa, por amor de Deus”, acrescentou, dizendo ter esperança que, até ao final da campanha que hoje termina, o líder do PS “venha repor o que sabe que não é verdade”.

Rui Rio salientou que também “ouve muitas vezes coisas de que não gosta”, referindo que tal aconteceu na quinta-feira, no Porto.

“Eu ando na rua, também me dizem muitas coisas de que não gosto e não vou dizer que PS, PCP e BE plantaram uma pessoa”, afirmou.

Perante a insistência dos jornalistas se os políticos não têm direito a perder a cabeça, Rio admitiu que sim, mas reiterou que não queria comentar o episódio em concreto.

“Lamento que dr. António Costa diga que a direita o fez, a direita não sei se o fez, o centro não o fez de certeza e penso que a direita também não, mas falo pelo centro que é o PSD”, disse.

O secretário-geral do PS acusou a “direita” de ter hoje “plantado” um homem no final da arruada socialista, no Terreiro do Paço, em Lisboa, para o “caluniar” sobre os incêndios de Pedrógão Grande de junho de 2017.

“É seguramente um senhor que estava ali para provocar, repetindo uma mentira sobre uma situação que constituiu uma tragédia do país”, declarou António Costa aos jornalistas, na estação de Santa Apolónia, em Lisboa, momentos antes de partir para o Porto onde esta noite encerra a campanha socialista.

Momentos antes, António Costa teve um incidente com um homem que o abordou para o criticar “por ter gozado merecidas férias enquanto morriam pessoas” nos incêndios de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria.

“No dia 18 de junho eu estava lá. Mentiroso provocador, o senhor não estava lá no dia 18 [de junho de 2017]”, respondeu António Costa visivelmente exaltado, momentos antes de partir para o Porto, de comboio, onde esta noite encerra a campanha eleitoral do PS.

Mais tarde, perante os jornalistas, já um pouco mais calmo, o líder socialista considerou “repugnante que alguém utilize a campanha eleitoral para o atacar com uma calúnia”.

“É vergonhoso como a direita recorre a golpes tão baixos”, disse, antes de sustentar a tese de que aquele incidente foi montado contra si.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Foi isto que Costa deu aos professores. O que ainda reivindicam?

O início do mandato de Costa criou expectativas que ficaram por cumprir, diz a Fenprof. "As coisas começaram como uma luz ao fim do túnel, mas o túnel desabou". Governo merece nota negativa, avalia.

Um dia antes da ida às urnas, os professores saem à rua numa manifestação cujo propósito é chamar a atenção para as dificuldades sentidas pela classe docente, do envelhecimento à recuperação do tempo de serviço congelado. Ao Governo de António Costa que está agora a terminar, os professores dão nota “claramente negativa”, mostrando-se preocupados com o futuro, especialmente se os socialistas conseguirem a maioria “inequívoca” a que tanto têm apelado. “Seria desastroso”, diz ao ECO o dirigente da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira.

Para assinalar o Dia Mundial do Professor, a 5 de outubro, os professores vão levar a cabo um protesto, cuja proximidade ao ato eleitoral (que está marcado para 6 de outubro) chegou mesmo a levantar dúvidas sobre a sua licitude. A Comissão Nacional de Eleições (CNE) acabou, contudo, por esclarecer que a ação em causa só seria ilegal se se transmitissem mensagens que pudessem ser entendidas como campanha eleitoral — como, por exemplo, o apelo ao voto em determinados partidos em detrimento de outros — o que não está nos planos dos professores.

Nesse sentido, as bandeiras e faixas que serão usadas, este sábado, não serão “dirigidas a nenhuma entidade ou organização” e as palavras de ordem “serão genéricas”. No fim da manifestação, não haverá, além disso, discursos, garante a Fenprof.

Ainda que não possa usar a manifestação deste fim de semana para apelar ao voto a certos concorrentes à Assembleia da República, Mário Nogueira deixa claro que, se o PS conseguir a maioria “inequívoca” a que tem apelado, tal será “desastroso” para a classe docente. Em conversa com o ECO, o dirigente da Fenprof mostra-se “preocupado com o futuro” e salienta que dá uma nota “claramente negativa” ao Executivo de António Costa que está prestes a cessar funções.

Uma avaliação negativa, que nem sempre foi assim tão negra. “As coisas começaram com uma luz ao fim do túnel, mas depois o túnel desabou e acabou a luz”, frisa Mário Nogueira, lembrando que a primeira metade desta legislatura criou uma “expectativa muito positiva” nos professores, que acabou por não ser cumprida nos últimos dois anos.

“O Governo de António Costa não deu, nem devolveu nada aos professores. Tudo o que conseguimos foi com muita luta“, sublinha o sindicalista, notando, contudo, que no início do mandato de António Costa houve aspetos positivos a destacar, como o fim das bolsas de contratação de escola (BCE).

Em causa está uma medida lançada em 2014 pelo então ministro Nuno Crato, com o objetivo de dar resposta às queixas dos representantes dos professores, que acusavam os diretores das escolas com contrato de autonomia ou no estatuto de território educativo de intervenção prioritária de fazerem concursos à medida dos docentes que pretendiam recrutar.

As BCE deviam juntar todas as vagas das escolas em causa num listagem única, mas um erro matemático e uma outra falha relativa às próprias colocações dos professores (alguns docentes chegaram a ser colocados em mais de uma centena de postos diferentes) deixaram milhares de alunos sem aulas.

Dois anos depois, o atual ministro da Educação considerou, por isso, que esta medida não estava a funcionar, tendo eliminado as BCE em prol de um modelo “mais eficaz” de contratação.

Há a destacar também, sublinha Mário Nogueira, a reposição das remunerações na Administração Pública. A reversão dos cortes, que tinham sido aplicados durante o período de crise, aconteceu, de forma gradual, entre 2015 e 2016. Os primeiros 20% dos cortes foram apagados em 2015, seguindo a reversão de mais 20% em janeiro de 2016, mais 20% em abril de 2016, mais 20% em julho e os restantes 20% em outubro, mês em que, assim, se deu, por fim, a eliminação completa da redução remuneratória.

Ainda assim, o dirigente da Fenprof frisa que, como os impostos sobre os rendimentos “não se alteraram”, muitos docentes passaram a ter um “salário líquido igual ou, em alguns casos, mais baixo” do que tinham antes desta medida do Executivo de António Costa.

Além disso, o Governo em causa acabou com o pagamento em duodécimos dos subsídios de férias e de Natal, sendo atualmente pagos por inteiro e nas datas normais. Os duodécimos tinham sido introduzidos em 2013.

Mário Nogueira destaca, também, como medida positiva o fim do financiamento dos colégios privados que atuavam em regiões onde havia escolas públicas. O Executivo ainda em funções decidiu, no início da legislatura, reestruturar a rede de colégios com contrato de associação com o Estado, passando a financiar só os que se encontravam em zonas onde não havia capacidade nas escolas públicas mais próximas para receber todos os estudantes.

Outro dos momentos positivos nesta legislatura, diz Nogueira, foi o fim da prova de avaliação de conhecimentos e capacidades (PACC) exigida, a partir de 2013, a todos os professores contratados, um “instrumento regulador” dos docentes que não pertencem aos quadros. A 11 de dezembro de 2016, o Parlamento decidiu, contudo, pôr termo a este exame, aprovando projetos de lei do BE e do PCP nesse sentido. Os diplomas tiveram os votos favoráveis do PS, BE, PCP, PEV e PAN, enquanto PSD e CDS-PP votaram contra. Daí que Nogueira frise: “Algumas das medidas tiveram um papel importante da Assembleia da República”.

O Governo de António Costa foi ainda responsável pelo descongelamento das várias carreiras das Administrações Públicas. A partir de janeiro de 2018, o relógio voltou a contar. As carreiras estavam desde 2011 congeladas, mas, com o Orçamento do Estado para 2018, o tempo de serviço (no caso das carreiras especiais) voltou a contar para progredir a partir dessa data. “Este descongelamento abrange todos os trabalhadores integrados na carreira docente, os quais progridem na carreira à medida que reúnem requisitos para o efeito”, lê-se no decreto-lei nº36/2019.

Descongelou, mas não recuperou na íntegra o tempo de serviço até então previsto, sublinha o sindicalista.

Em março deste ano, o Executivo de António Costa publicou em Diário da República o decreto-lei que “mitiga os efeitos do congelamento” na carreira docente, prevendo a recuperação de apenas dois anos, noves meses e 18 dias (1.018 dias) dos nove anos, quatro meses e dois dias “perdidos” pelos professores, no período em causa.

Esta foi uma das matérias mais quentes desta legislatura, com António Costa a ameaçar mesmo demitir-se, caso os deputados aprovassem a recuperação integral do período congelado (que estava a ser alvo de apreciação parlamentar); Este momento é destacado por Mário Nogueira, que diz que “não sabe” se deve considerar este o “ponto mais alto ou mais baixo” destes quatro anos.

Perante esta posição do Governo, PSD e CDS-PP, que na especialidade tinham votado a favor da recuperação dos 9A4M2D, recuaram na votação global, levando assim ao chumbo da recuperação integral do tempo “perdido”. O Governo acabou por aprovar, então, a recuperação de apenas dois anos desse período congelado.

A recuperação destes 2A9M18D está a acontecer de dois modos: ou no momento da progressão para o escalão seguinte ou, se assim tiverem optado os docentes até 1 de julho, de modo faseado e já a partir deste ano (em três tranches: junho de 2019, junho de 2020 e junho de 2021).

De acordo com as estimativas do Governo, à boleia desta modalidade de faseamento, quase todos os professores que só iam progredir em 2020 estarão, se tiverem optado pelo faseamento, em condições de saltar de escalão em 2019; E os que iam progredir em 2021 e 2022 devem saltar em 2020, se escolherem esse caminho. Este ano, o Governo estima que 30 mil professores tenham progressões. Sem esta possibilidade de faseamento, a expectativa era que progredissem 13 mil docentes, ou seja, mais 17 mil podem vir a saltar de escalão com a medida em questão.

Do lado dos sindicatos, a luta continua, isto é, vão continuar a reivindicar os restantes sete anos que ficaram por recuperar, uma medida que PCP, BE e PSD incluíram nos seus programas eleitorais. O PSD defende, contudo, a recuperação indireta desse tempo, o não agrada plenamente aos professores.

Outro dos problemas que António Costa deixou por resolver foi a questão do envelhecimento da classe docente. De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), só 1% dos professores portugueses tem menos de 30 anos e quase metade tem 50 anos ou mais, o que deixa antever que será necessário, na próxima década, substituir um em cada dois desses docentes.

Em apenas cinco anos, a fatia de professores portugueses com 50 anos ou mais aumentou de 28% para 47%, o maior agravamento percentual registado na OCDE. “O Governo nunca fez nada”, diz Nogueira sobre esta matéria.

Além do envelhecimento, a precariedade é outra das preocupações dos docentes. “Este ano, os professores que conseguiram entrar nos quadros tinham, em média, 15 anos de serviço”, denuncia o sindicalista.

Quanto aos horários de trabalho, ainda que a lei preveja uma semana de 35 horas, os professores trabalham, em média, 46 horas com todas as atividades dentro e fora da sala de aula, estima Nogueira. Ou seja, o líder da Fenprof diz que este Governo não “regularizou os horários”, o que foi agravado pelo rácio entre docentes e alunos. “A redução do número de professores foi quase o triplo da redução do número de alunos. Como é que foi possível? Foi possível com a sobrecarga de trabalho dos professores”, explica. Os professores já ameaçaram voltar a fazer greve ao trabalho suplementar este mês, depois das eleições, se o excesso em causa se mantiver.

Outro problema nesse mesmo âmbito apontado ao ECO por Nogueira está ligado ao número de alunos por turma, tendo o Governo tomado “uma medida meramente simbólica” de reversão da medida tomada pelo Executivo anterior. Em causa está a redução da composição das turmas do 10.º ano, que passaram a ter um número máximo de 28 alunos (e já não de 30 alunos), a partir deste ano letivo.

Outra das reivindicações que ficaram por cumprir, salienta o líder da Fenprof, foi a aplicação do regime de pré-reforma por suspensão de prestação de serviço, que entrou em vigor este ano mas, até ao momento, não permitiu a saída de nenhum professor ou funcionário público do mercado do trabalho. O ministro das Finanças disse que o país não se podia dar ao luxo de abrir essa porta e o ministro do Trabalho salientou que as competências desses trabalhadores menos jovens são muito necessárias ao país.

A propósito, o Governo de António Costa deixou ainda por fazer, diz Nogueira, o regime específico de aposentação dos docentes. “Aprovar um regime específico de aposentação aos 36 anos de serviço, admitindo-se, com esse objetivo, uma aplicação faseada”, lê-se no caderno reivindicativo da Fenprof para a próxima legislatura.

Tudo somado, Mário Nogueira dá nota “claramente negativa” ao Governo que está agora a terminar e salienta que as expectativas criadas nos primeiros dois anos não foram cumpridas e a disponibilidade para o diálogo foi sendo esgotada. “Os professores não recusam esforços na sala de aula, mas fora dela percebem que, apesar disso, o Governo não lhes reconhece mérito e está sempre a cair em cima“, remata.

O que é que os professores ganharam nesta legislatura?

  • Fim das bolsas de contratação de escola;
  • Fim das provas de avaliação de conhecimentos e capacidades (PACC) para professores contratados;
  • Reposição dos salários e fim do pagamento dos subsídios de Natal e férias em duodécimos;
  • Descongelamento das carreiras e recuperação de dois anos, nove meses e 18 dias dos anos “perdidos”;
  • Fim do financiamento dos colégios privados que atuavam em regiões onde havia escolas públicas capazes de dar resposta ao número total de alunos.

O que é que ficou por fazer, segundo os sindicatos?

  • Ficaram por recuperar cerca de sete anos do período congelado. O Governo recuperou apenas dois anos, nove meses e 18 dias dos nove anos, quatro meses e dois dias “perdidos” pelos docentes;
  • Professores continuar a ter de fazer mais do que as 35 horas semanais reconhecidas na lei;
  • Classe docente está cada vez mais envelhecida e Governo “não fez nada”;
  • A propósito, professores não tiveram acesso à pré-reforma;
  • Ficou também por estabelecer um regime de aposentação especial para esta carreira;
  • Número de alunos por turma sofreu uma redução “meramente simbólica”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.