Remoto faz parte do ADN da Feedzai. “Estamos bem protegidos dos efeitos económicos da pandemia”, diz Nuno Sebastião

Com 500 pessoas espalhadas um pouco por todo o mundo, a Feedzai tinha já gente a trabalhar de casa antes mesmo da pandemia. A cultura do trabalho remoto faz parte do ADN da tecnológica.

É tecnológica. É digital. E, também por isso, Nuno Sebastião, cofundador e CEO da Feedzai, acredita que a startup portuguesa está “bem protegida dos efeitos económicos que esta pandemia possa ter”. “A verdade é que fazemos parte de um grupo de empresas que já nasceram globais e digitais. Isso significa que não estamos apenas dependentes de uma determinada região do mundo e que todo o nosso negócio é conduzido com recurso a plataformas e ferramentas digitais. A nossa empresa, quer do ponto de vista tecnológico, quer do ponto de vista de mindset, foi toda construída para ser operada em ambientes remotos”, justifica o empreendedor, assinalado que setores como o turismo, uma das principais alavancas do crescimento económico “será bastante afetado, sem dúvida. Os serviços também deverão enfrentar dias muito difíceis”.

“A Feedzai já nasceu uma empresa global e altamente distribuída pelo mundo inteiro”, começa por contar Nuno Sebastião, entrevistado nova rubrica diária do ECO chamada Gestores em teletrabalho. Na altura, e logo que ganhou os primeiros grandes clientes nos Estados Unidos, a empresa tinha “pessoas a trabalhar a partir de Portugal e a dar suporte a esses projetos importantíssimos que estavam a começar”. “Essa dinâmica manteve-se e a realidade é que temos mais de 500 pessoas espalhadas um pouco por todo o mundo e muitas delas já trabalhavam a partir casa, antes mesmo de esta pandemia ter começado. Essa cultura de trabalho remoto já fazia parte do nosso ADN“.

A realidade é que temos mais de 500 pessoas espalhadas um pouco por todo o mundo e muitas delas já trabalhavam a partir casa.

Nuno Sebastião

Cofundador e CEO da Feedzai

Neste momento, conta Nuno Sebastião, todos e cada um dos trabalhadores da Feedzai trabalha remotamente. Incluindo o próprio CEO. “Tomámos a decisão de fechar temporariamente os escritórios que temos na Europa, Estados Unidos, Ásia e Austrália com o objetivo principal de proteger as nossas pessoas e as suas famílias”.

O processo — que representa um enorme desafio para a maioria das empresas –, foi relativamente simples dado que a empresa é “nativa digital”. No entanto, antes de a Feedzai tomar qualquer decisão de pedir a todos os trabalhadores para trabalharem a partir de casa, foi necessária “uma série de testes” para assegurar que a equipa estava preparada para garantir o apoio a clientes como o Lloyds Banking Group ou o Citi, que apoia no combate ao crime financeiro através desta tecnologia. “A segurança é muito importante numa empresa como a nossa – quando trabalhas para algumas das maiores instituições financeiras do mundo e que depositam em ti a confiança de proteger os seus clientes, sabes que não podes vacilar um milímetro. Isso significa que testámos todos os cenários possíveis para garantir que nada afetaria a capacidade de suporte aos nossos clientes”.

Em termos práticos, os dias que se seguiram encheram-se de “normalidade”. “Já tínhamos todas as ferramentas que precisávamos, os processos de RH preparados, os mecanismos de gestão de projeto em marcha, etc”, detalha Nuno Sebastião. Talvez por isso, o dia-a-dia do português não tenha sofrido grandes alterações desde o início deste processo: o verdadeiro desafio foi, em contrapartida, habituar-se a “uma dinâmica totalmente a partir de casa”, sem deslocações para “lado nenhum”. “Numa reunião de gestão, por exemplo, tenho pessoas em Portugal, Londres e Silicon Valley, o que significa que apenas estamos todos juntos na mesma sala, três ou quatro vezes por ano. Todas as reuniões que fazemos são através de videoconferência e é absolutamente normal termos pessoas em fusos horários diferentes, o que significa que estamos todos muito habituados a estas dinâmicas de trabalho a partir de casa, do aeroporto, do hotel”, refere.

Sobre o futuro e o impacto que a crise provocada pelo Covid-19 pode ter no mundo, Nuno Sebastião adianta que ainda é cedo para medir números. “Preocupa-nos o facto de só ser possível perceber a real dimensão do estrago económico daqui por alguns meses. A China, por exemplo, que começou a combater a pandemia em dezembro, e que só agora está a conseguir estabilizar o problema, divulgou os resultados económicos e o impacto foi bastante significativo. Isto significa que na Europa e nos Estados Unidos ainda não temos a noção real do problema que temos pela frente”.

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Quando se vai começa a ver o impacto do vírus na economia? Este é o calendário da crise

A estimativa do PIB do 1.º trimestre só será conhecida em maio, mas antes disso vai ser possível ver o impacto do vírus na economia em indicadores avançados. Aliás, já há dados com quedas inéditas.

Na semana passada chegou a primeiro indicador avançado a mostrar o impacto da pandemia na economia europeia: de forma inédita, o PMI da Zona Euro colapsou de 51,6 em fevereiro para 31,4 em março, o valor mais baixo da série. Este foi o primeiro, mas serão divulgados ainda mais indicadores avançados que mostram a (quase) paralisação da economia. Em maio chega o valor mais vigiado com o Instituto Nacional de Estatística (INE) a divulgar a estimativa do PIB do 1.º trimestre.

Este é também um tempo desafiante para quem faz estatísticas. O próprio INE tem a “quase totalidade” dos seus trabalhadores a trabalhar a partir de casa, mas “tentará manter a sua atividade regular”. Com muitas empresas fechadas e a “normalidade” interrompida, ficam também em causa os inquéritos do INE, que são essenciais para as estatísticas, além dos dados administrativos. Ainda assim, para já, os números continuam a sair e muito em breve já será possível começar a sentir o pulso da economia portuguesa em março, o mês em que foi declarado o estado de emergência.

O primeiro indicador, ainda que com pouca informação concreta da economia, será o inquérito de conjuntura às empresas e aos consumidores relativo a março que o INE irá publicar esta segunda-feira. Um indicador semelhante para a Zona Euro, divulgado pela Comissão Europeia, irá sair no mesmo dia. É expectável que, tal como aconteceu no PMI, estes indicadores tenham quedas inéditas (superiores às da crise financeira) e cheguem a níveis historicamente baixos.

Dados mais próximos da economia real chegam apenas a 17 e 20 de abril quando o Banco de Portugal divulgar os indicadores coincidentes da atividade económica e do consumo privado de março e o INE divulgar a síntese económica de conjuntura. A 29 de abril chegará um dado sobre o qual já se especula: a taxa de desemprego mensal provisória de março, a qual deverá subir de forma significativa face aos anúncios de despedimentos já feitos por várias empresas. Este número será consolidado por volta do dia 20 de abril com os dados do IEFP e a 6 de maio quando forem divulgadas as estatísticas de emprego do primeiro trimestre.

A nível setorial, será no mesmo dia da taxa de desemprego mensal que chegarão os números de março do comércio a retalho — que parcialmente alvo das medidas restritivas tomadas pelo Governo –, nomeadamente sobre as horas trabalhadas. Os mesmos dados relativos à indústria, à construção e aos serviços chegam a 8, 11 e 12 de maio, respetivamente. Os efeitos desta crise nas exportações e nas importações em março serão conhecidos a 8 de maio. Para a maioria destes dados divulgados pelo INE, no próprio dia, no dia seguinte ou pouco depois são divulgados os dados da Zona Euro pelo Eurostat (ver calendário em baixo).

Dado o “delay” que existe nas estatísticas, durante as próximas semanas ainda vão sair dados relativos a janeiro e a fevereiro. Nestes não será possível identificar já o impacto direto da (quase) paralisação da economia portuguesa e europeia em março, mas é possível ver outro efeito, como explicava o Banco de Portugal no boletim económico de março: “É já visível um efeito negativo nas respostas relativas a novas encomendas para exportação e aos tempos de entrega dos fornecedores, refletindo as repercussões do choque sobre a atividade económica na China”, país onde começou o surto, explicam os economistas do banco central.

Calendário de indicadores

Março

30 de março: Inquérito de Conjuntura às Empresas e aos Consumidores (INE); Indicadores de Sentimento Económico e de Clima de Negócios relativo a março (Comissão Europeia);

31 de março: Estimativa rápida da inflação de março para Portugal e para a Zona Euro (INE e Eurostat);

Abril

1 de abril: PMI da indústria na Zona Euro (IHS Markit); Vendas de automóveis (ACAP);

3 de abril: PMI dos serviços (incluindo turismo) na Zona Euro (IHS Markit);

13 de abril: Inflação de março de Portugal com mais informação detalhada (INE);

17 de abril: Indicadores coincidentes sobre a atividade económica e o consumo privado referentes a março (Banco de Portugal); Inflação de março da Zona Euro com mais informação detalhada (Eurostat); Registo de Novas Viaturas de Passageiros (ACEA);

22 de abril: Vendas de Cimento em março (Banco de Portugal);

20 de abril: Síntese económica de conjuntura de março (INE);

22 de abril: Indicador da confiança dos consumidores (Comissão Europeia);

29 de abril: Taxa de desemprego mensal de março (INE); Índice de Volume de Negócios, Emprego, Remunerações e Horas Trabalhadas no Comércio a Retalho.

30 de abril: Taxa de desemprego mensal de março na Zona Euro (Eurostat); Estimativa preliminar do PIB do primeiro trimestre para a Zona Euro e a União Europeia;

Maio

6 de maio: Estatísticas do Emprego do primeiro trimestre (INE);

8 de maio: Estatísticas do comércio internacional de bens relativas a março (INE); Índice de Volume de Negócios, Emprego, Remunerações e Horas Trabalhadas na Indústria (INE);

11 de maio: Índice de Produção, Emprego, Remunerações e Horas Trabalhadas na Construção e Obras Públicas (INE);

12 de maio: Índices de Volume de Negócios, Emprego, Remunerações e Horas Trabalhadas nos Serviços (INE);

15 de maio: Primeira estimativa da evolução do PIB no primeiro trimestre para Portugal e a Zona Euro (INE/Eurostat); Atividade turística de março (INE); Comércio internacional de bens da Zona Euro em março (Eurostat);

29 de maio: Informação mais completa das contas nacionais trimestrais do primeiro trimestre, com detalhes sobre o impacto da pandemia no PIB;

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Vírus já chegou ao lixo. Governo admite que metas da reciclagem podem “ser prejudicadas”

A Novo Verde defende que as metas de reciclagem terão de ser revistas em baixa, enquanto a Sociedade Ponto Verde diz que o sistema de recolha de resíduos está a adaptar-se à "nova realidade".

O ministério do Ambiente e Ação Climática (MAAC) admitiu que “as atuais metas de reciclagem poderão ser prejudicadas” em função das novas regras para a deposição e recolha de lixo instituídas no país por causa da pandemia de Covid-19. Por seu lado, a entidade gestora de resíduos Novo Verde defende que as metas de reciclagem terão de ser revistas em baixa, para poderem ser cumpridas, enquanto a Sociedade Ponto Verde diz que o sistema de recolha de resíduos está a adaptar-se à “nova realidade”.

Os resíduos domésticos que neste momento são depositados no contentor dos indiferenciados (dito lixo “normal”) podem conter materiais contaminados pelo novo coronavírus e, por isso, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) ditaram, a 17 de março, que os sacos de lixo deixassem de ser abertos para tratamento manual ou mecânico, como acontecia antes. Ou seja, segue tudo diretamente para incineração ou aterro.

Resultado? Menos embalagens estão a seguir para reciclagem. Neste momento, só são recicladas aquelas que forem depositadas diretamente nos ecopontos subterrâneos ou de superfície, e não tenham estado em contacto com o restante lixo comum. Em Lisboa, a recolha seletiva de recicláveis (papel, plástico e vidro) porta-a-porta foi mesmo cancelada pela autarquia.

“Dependendo do período de tempo associado à aplicação destas medidas, as atuais metas da reciclagem poderão ser prejudicadas. Não obstante, encontrando-se toda a Europa em situação de emergência e a executar medidas semelhantes no que respeita à gestão de resíduos, é expectável ou possível que possa haver um reajuste da trajetória referente ao cumprimento de metas determinadas aos vários Estados-Membros“, explicou ao Capital Verde, do ECO, fonte oficial do MAAC.

O ministro do Ambiente e da Ação Climática, José Pedro Matos Fernandes, admite que se registou já um aumento substancial da produção de resíduos em zonas residenciais: “Este é um momento em que, como consequência do recolhimento a que estamos obrigados, há mais gente em casa. E haver mais gente em casa, significa produzir mais lixo doméstico”.

Números não há ainda, mas “o MAAC está a acompanhar a situação e aguarda, a qualquer momento, dados sobre a situação atual da recolha seletiva de resíduos, bem como dados sobre a recolha dos resíduos indiferenciados, em todo o país. A recolha de resíduos é uma competência municipal ainda que relativamente à recolha seletiva de resíduos essa responsabilidade esteja, em vários casos, a cargo de empresas concessionárias ou intermunicipais”, sublinhou fonte ministerial.

Quanto ao lixo indiferenciado (aquele que vai todo misturado nos sacos de plástico), refere a mesma fonte oficial, “as orientações das entidades competentes são no sentido de que estes resíduos sejam diretamente encaminhados para eliminação por incineração ou em aterro, por poderem conter materiais contaminados. Isto significa que os sacos contendo esses resíduos não devem ser abertos para tratamento prévio manual ou mecânico”.

O MAAC garante que “a capacidade disponível nos aterros nacionais é compatível com as medidas” impostas e sobre um eventual aumento da poluição atmosférica em virtude de maiores volumes de lixo incinerado diz que “as instalações de incineração de resíduos urbanos e hospitalares têm implementadas as melhores tecnologias e cumprem os valores limite de emissão previstos nas suas licenças”.

Nas regiões de Lisboa e do Porto, os resíduos urbanos estão a ser eliminados preferencialmente nas instalações de incineração da Valorsul e da Lipor, respetivamente. Já as instalações de incineração de resíduos hospitalares estão localizadas na Chamusca. Nas restantes regiões do país, os resíduos devem ser depositados diretamente em aterro, adianta fonte do MAAC.

Recentemente, Matos Fernandes tinha anunciado que o valor da taxa de gestão de resíduos (TGR) seria aumentada para o dobro (de 11 para 22 euros por tonelada), precisamente para desincentivar a deposição de resíduos em aterro, uma medida que fica para já sem efeito. “O valor da TGR […] não será objeto de alteração durante a vigência do estado de emergência”, confirmou o ministério, justificando: “Encontrando-se Portugal numa situação absolutamente excecional decorrente da declaração do estado de emergência algumas das medidas previstas para execução a curto prazo poderão ser suspensas ou alteradas. Findo o estado de emergência o Governo deverá reavaliar o sentido das medidas a adotar”.

Ricardo Neto, presidente da Novo Verde, diz que a suspensão de diversas formas de recolha e tratamento de resíduos irá afetar as quantidades de resíduos de embalagem retomados, mas, ainda assim, estamos em crer que a revisão em baixa das metas estará alinhada com o decréscimo das retomas”. Ou seja, “será possível serem cumpridas” as metas de reciclagem mas só se as mesmas forem revistas em baixa. “As metas de reciclagem de embalagens são aferidas pela colocação de produtos embalados no mercado. Na situação em que vivemos, com o abrandamento acentuado de diversos setores de atividade e consequentemente com a quebra das vendas, as metas serão forçosamente mais baixas do que seria expectável” frisa o responsável.

Ana Isabel Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde, opta por uma abordagem mais otimista: “Portugal tem estado a seguir um bom caminho no que diz respeito ao cumprimento das metas de reciclagem de embalagens. É disso exemplo a taxa de reciclagem específica de embalagens de plástico que atingiu os 44,4%, superando assim as metas europeias para 2020. Contudo, nesta fase de pandemia a prioridade no setor está em acautelar todas as medidas necessárias à segurança da população e dos trabalhadores do setor”.

Para isso, sublinha, importa dar a conhecer aos cidadãos duas regras que agora são básicas: todos os resíduos produzidos em casas com casos de infeção ou suspeita de contaminação devem ser colocados no lixo comum, sendo que saco do lixo não deve ser completamente cheio e deve ser colocado dentro de outro saco; luvas, máscaras e os lenços de papel (mesmo sem estarem contaminados) devem ser sempre colocados no lixo comum e não no ecoponto ou na sanita.

Uma coisa é certa, garante a CEO da Sociedade Ponto Verde: “O sistema de gestão de resíduos mantém-se ativo, com os trabalhadores do setor, por todo o país, a desempenhar o seu papel diariamente quer na sua recolha quer na limpeza das ruas. Continua a funcionar, mas está, naturalmente, a adaptar-se à atual realidade, tal como a grande maioria dos serviços no nosso país”. Daqui deriva a adaptação dos serviços de recolha seletiva disponíveis (como é caso da suspensão temporária da recolha porta-a-porta em Lisboa). Ana Isabel Trigo Morais deixa a recomendação: “Aconselhamos que a população esteja atenta às medidas adotadas por cada Câmara Municipal e/ou Sistema de Gestão de Resíduos Urbanos (SGRU) da sua área de residência – cuja lista está disponível no site da APA”.

Quanto à incineração e deposição em aterro, não é o cenário ideal, mas o necessário neste momento. “Embora a reciclagem tenha posição privilegiada na hierarquia da gestão de resíduos, a incineração é ainda uma forma de valorização energética dos resíduos. Opções como as referidas (incineração, aterros) são excecionais e estão como tal a ser utilizadas como soluções neste momento excecional para Portugal, em que o mais importante, nesta fase, é conter e reverter o cenário de pandemia”, rematou a CEO da Sociedade Ponto Verde.

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Vendas de portáteis disparam com o teletrabalho. Estavam a cair antes do coronavírus

O coronavírus parou alguns setores da economia, mas também puxou por outros. As vendas de portáteis estavam a cair, mas sobem agora a dois dígitos. As de impressoras também.

A pandemia do coronavírus parou muitos setores da economia, mas também puxou por outros. As vendas de papel higiénico florescem e produtos como máscaras cirúrgicas e dispensadores de álcool em gel tornaram-se alvo dos especuladores. Mas é fora dos setores mais evidentes que se observam alguns dos efeitos mais expressivos da mudança de hábitos dos consumidores.

As vendas de computadores portáteis, que recuavam antes da pandemia, dispararam nas últimas semanas, depois de muitas empresas com computadores fixos terem sido forçadas a enviarem os trabalhadores para as respetivas casas. Aliás, o mercado está agora a crescer novamente — e a dois dígitos, tanto no segmento empresarial como no de consumo.

As marcas e retalhistas sondadas pelo ECO confirmam, de forma unânime, a “corrida” aos portáteis numa altura em que uma parte significativa do país trabalha a partir de casa. Um aumento da procura que também se verifica nas vendas de outros equipamentos de teletrabalho, como as impressoras.

A Lenovo é a fabricante dos portáteis ThinkPad, que voltaram a ser presença assídua nas secretárias de muitas empresas nos últimos anos. Contactada, a marca confirma a inversão no mercado dos portáteis, que está agora a crescer: “No que diz respeito ao mercado B2B [vendas a empresas], antes do início desta situação, o mercado decrescia cerca de 11% face ao mesmo período do ano anterior. Atualmente, cresce a um ritmo de 21%”, revela fonte oficial da empresa. “De facto, nas últimas duas semanas, o volume de vendas triplicou face ao período homólogo”, confirma a Lenovo.

“Já no que diz respeito ao mercado B2C [vendas a consumidores], nestas duas últimas semanas, registou-se um aumento de 13% face ao ano anterior, tanto a nível de volume, como de valor”, reconhece também a mesma marca.

No que diz respeito ao mercado B2B [vendas a empresas], antes do início desta situação, o mercado decrescia cerca de 11% face ao mesmo período do ano anterior. Atualmente, cresce a um ritmo de 21%.

Fonte oficial da Lenovo

O mundo é cada vez mais digital, mas ainda existem muitas empresas que trabalham com papel. Com a generalização do teletrabalho, o aumento nas vendas de impressoras também tem evoluído a dois dígitos.

“[Regista-se] um aumento de aproximadamente 18%” nas vendas, declara ao ECO José Ramón Fernandéz, business manager da divisão de impressoras para consumo da Epson Ibéria. “Comparando uma semana face à mesma semana do ano anterior, no caso de dispositivos multifuncionais para usuários finais, o aumento é de 47%”, refere, citando dados da GfK, mas assumindo que a empresa os está a observar “também”.

“Os dados são de crescimento, tendo em conta as necessidades de muitas famílias ou profissionais que tiveram de se adaptar repentinamente ao teletrabalho”, continua o gestor. E detalha: “No caso da Epson, comparando as duas últimas semanas com o mesmo período do ano anterior e tendo em consideração as vendas de impressoras de consumo nos principais retalhistas de Espanha e Portugal, observamos mais 62% de unidades vendidas”, aponta, considerando serem “números positivos que nos mostram que o setor se mantém ativo”.

Das marcas para o retalho, também a Worten confirma este aumento na procura de portáteis e impressoras, sobretudo nas vendas online, mas não é o único produto que os portugueses mais querem nesta altura: “Computadores, impressoras, televisores, equipamentos de frio e máquinas de café têm sido os produtos mais vendidos nas nossas lojas, incluindo a online, avança ao ECO fonte oficial da empresa. É uma tendência que “se compreende bem”, acrescenta a marca, “tendo em conta o contexto de quarentena, de isolamento social e de teletrabalho que mais de metade do país vive atualmente”.

Uma tendência equivalente tem sido observada pela Fnac. Ao ECO, o diretor comercial da Fnac Portugal, Pedro Falé, confirma que se verificou “efetivamente um aumento” na procura por alguns destes produtos, que “já era esperado”. Segundo o responsável, são evoluções “correlacionadas com o teletrabalho por via da necessidade, quer dos pais, quer dos estudantes, de assegurarem a continuidade das tarefas profissionais e escolares”.

“Neste âmbito, verificamos crescimentos elevados em produtos informáticos, destacando-se as categorias de portáteis, monitores, webcams e impressoras. Não estando relacionado com o teletrabalho, existiu também maior procura de produtos de lazer e entretenimento para passar o tempo, tendo-se por isso verificado crescimentos na área de TV, gaming, livros, jogos de tabuleiro e jogos para crianças”, acrescenta Pedro Falé, da Fnac.

A pandemia vai ter impacto nestes negócios, mas, para já, o comércio na internet tem ajudado as empresas. É também o caso da Fnac: “Temos vindo a registar um aumento significativo de volume de encomendas no e-commerce, comparativamente com o habitual funcionamento deste serviço, devido ao pedido efetuado pelas organizações institucionais para que os portugueses se mantenham em casa e não corram riscos desnecessários”, conclui o responsável.

Estes aumentos na procura, numa altura em que a economia portuguesa está parcialmente parada, acontecem em simultâneo com outros que já eram conhecidos, para além dos produtos de necessidade básica. É o caso das vendas de livros e até de sofás.

Contactada para este artigo, a HP não quis responder às questões do ECO. Rádio Popular e Media Markt não responderam.

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Bancos estão abertos? Veja aqui como está a funcionar cada um

Há bancos de portas aberta, outros encerraram alguns balcões, enquanto outros trabalham à porta fechada. Fique a par de como CGD, BCP, Santander, BPI, Novo Banco, Montepio e Crédito Agrícola atendem.

A pandemia obrigou os bancos a adaptarem o seu atendimento às atuais circunstâncias que aconselham a minimização dos contactos presenciais como forma de prevenção dos contágios. Enquanto umas instituições mantêm as portas abertas, outras preferem fechar as portas, condicionando o atendimento ao balcão com uma espécie de fila no exterior. Há ainda alterações de horários em alguns casos.

Transversal à generalidade das instituições é, contudo, o conselho para que os clientes apenas se dirijam aos balcões em circunstâncias de extrema necessidade. Incentivam que, em alternativa sejam usados os canais digitais que permitem fazer um conjunto vasto de operações bancárias do dia-a-dia.

Abaixo fique a par como estão a operar sete dos maiores bancos nacionais: CGD, BCP, Santander, BPI, Novo Banco, Banco Montepio e Crédito Agrícola.

CGD mantém portas abertas

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) mantém as agências abertas, apesar de prever o encerramento temporário de agências em áreas designadas como de risco pela Direção-Geral da Saúde (DGS). “Prevemos ainda o encerramento temporário de agências em áreas designadas como de risco pela DGS e a possibilidade de ter colaboradores a trabalhar à distância, em caso de necessidade”, diz a Caixa uma mensagem publicado no seu site.

Apesar de manter portas abertas, o banco de capitais público está, contudo, a aconselhar os seus clientes a recorrerem aos serviços online. Para facilitar esse processo a CGD está também a simplificar a adesão ao homebanking. Para os clientes acederam, pela primeira vez, ao serviço da Caixadirecta deixam de ter de se deslocar a um balcão presencial e passam a poder fazê-lo online a 100%.

O banco diz ainda ser possível realizar as suas operações habituais no serviço Caixadirecta, através do 21 790 07 90, número que está disponível 24h/dia. Em atendimento automático, através da seleção das opções de menu inicial, é possível consultar contas e cartões, efetuar operações, desde transferências a pagamentos vários, sem necessitar de falar com o assistente, esclarece a CGD.

BCP ajusta entrada de clientes. Pede para aguardarem no exterior

O BCP decidiu ajustar a entrada de clientes que precisem de ir às suas agências bancárias, apelando para que aguardem no exterior até que possam ser atendidos presencialmente, procurando minimizar riscos de contágio com Covid-19.

A entrada dos clientes nas sucursais é feita “em função do número de colaboradores disponíveis para, a cada momento, prestar atendimento”, explicou o banco num comunicado de 15 de março, recomendando ainda que os clientes se desloquem às sucursais “apenas em caso de absoluta necessidade”, e sublinhando que “devem privilegiar sempre” a utilização dos canais digitais, nomeadamente a app Millennium e o site www.millenniumbcp.pt.

Caso os clientes não tenham os códigos de acesso aos canais digitais, o banco lembra que poderão obtê-los de imediato no seu site ou numa caixa Multibanco (ATM).

Santander com acesso condicionado de clientes

Desde o dia 16 de março que o Santander está a funcionar com um regime de acesso condicionado aos seus balcões. O banco deu conta de que esta medida “traduz-se numa gestão de fluxos de entradas nos balcões, de modo a evitar aglomerações excessivas que possam implicar maiores riscos de contágio”.

A regra é dar acesso simultâneo a um número de clientes que seja equivalente ao número de colaboradores existente no interior do balcão. “Os clientes deverão assim, como já acontece com outro tipo de estabelecimentos, aguardar a sua vez em fila no exterior, guardando a distância social entre eles aconselhada pelas autoridades de saúde”, explicou através de um comunicado.

Tendo em conta a nova realidade, o Santander apelou ainda a que o acesso dos seus clientes aos balcões, “se absolutamente necessário”, se continue a processar como agora com a maior tranquilidade possível, devendo ser privilegiados para a generalidade das operações os meios digitais ao dispor de todos (Netbanco, App), evitando-se assim contactos e aglomerações de público desnecessários.

BPI “à porta fechada”. Atende em “absoluta necessidade”

O BPI decidiu que durante a crise da pandemia vai funcionar “à porta fechada”. É desta forma que a instituição financeira liderada por Pablo Forero está a trabalhar desde 16 de março, prevendo atender clientes “em caso de absoluta necessidade”, caso estes assinalem a sua presença.

No seu site, o banco também incentiva os clientes a privilegiarem o uso de canais digitais para realizar as operações bancárias do dia-a-dia através da BPI App e BPI Net. No site do banco é disponibilizado um formulário que deverá ser preenchido por quem não disponha e pretenda aderir aos respetivos canais digitais.

Novo Banco fecha à hora de almoço

O Novo Banco está desde 23 de março a encerrar os seus balcões à hora de almoço, por um período de três meses. As agências do banco vão estar fechadas entre as 12h00 e as 13h00, assegurando desta forma a abertura de toda a sua rede de 356 balcões e a operacionalidade de 1.116 ATM.

A instituição liderada por António Ramalho está a manter o acesso condicionado a quatro pessoas em simultâneo ao balcão sob a coordenação do gerente do balcão.

Montepio com um balcão aberto por concelho

O Banco Montepio optou por assegurar que haja um balcão aberto em cada concelho do país em que está presente, durante o Estado de Emergência decretado no país. E reforça que os “clientes devem, sempre que possível, privilegiar os canais à distância, onde é possível realizar a maior parte de todas as operações bancárias, com total segurança e comodidade”, refere uma nota publicada no seu site.

Para quem não prescinda de um atendimento presencial, no site do banco está disponível a lista dos balcões que estão disponíveis para estas circunstâncias.

Crédito Agrícola encerra parte dos balcões

O Crédito Agrícola recomenda aos seus clientes sempre que possível a utilização dos canais digitais como meio preferencial de contacto com as suas agências. Mas o plano de contingência da instituição liderada por Licínio Pina prevê a manutenção de alguns balcões em funcionamento, pedindo contudo que os clientes apenas lá se dirijam “apenas em caso de absoluta necessidade”.

No site do Crédito Agrícola é possível consultar a lista de balcões ao longo de todo o país que estão de portas abertas, bem como as alterações de horários previstas.

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Formulário de ajuda aos trabalhadores independentes disponível a partir de hoje

O formulário para que os trabalhadores independentes possam ficar em casa a apoiar a família estará disponível a partir desta segunda-feira. O valor do apoio pode variar entre 438,81 e 1.097,03 euros.

A partir de hoje, os trabalhadores independentes já podem preencher o formulário para beneficiarem do apoio dado pelo Estado para ficarem em casa a cuidar dos filhos (menores de 12 anos), enquanto as escolas permanecem encerradas. Este apoio pode ser pago antes, depois, mas não durante as férias da Páscoa que começam hoje.

Segundo uma nota que a Segurança Social publicou no Twitter, o formulário para terem acesso ao outro apoio de que podem beneficiar os trabalhadores independentes — em caso de paragem total da sua atividade — só estará disponível no dia 1 de abril. Vamos por partes.

Apoio excecional à família: disponível hoje

Como trabalhador independente, pode ter acesso ao apoio para ficar em casa a cuidar dos filhos menores de 12 anos enquanto as escolas estiverem encerradas. Neste link poderá encontrar, a partir desta segunda-feira, o formulário para preencher e receber o apoio.

O valor previsto para este apoio para um período de 30 dias tem um limite:

  • Mínimo – 438,81 euros (valor do Indexante de Apoios Sociais – IAS)
  • Máximo – 1.097,03 euros (valor de 2,5 IAS)

Se o período de encerramento do estabelecimento de ensino for inferior a um mês recebe o valor proporcional. Atenção que este apoio deve ser declarado na Declaração Trimestral, estando sujeito à respetiva contribuição para a Segurança Social.

Redução da atividade económica: só na quarta-feira

Este é um outro apoio de que podem beneficiar os trabalhadores independentes que estão numa situação comprovada de paragem total da sua atividade, ou da atividade do setor, em consequência do surto do Covid-19.

Nesta caso, o formulário vai estar disponível nesta página da Segurança Social, mas só a partir desta quarta-feira.

Este apoio financeiro está disponível a partir do mês seguinte ao da apresentação do requerimento, pelo período de um mês, prorrogável mensalmente, até um máximo de 6 meses. O que quer dizer que como o formulário só estará disponível a 1 de abril, só poderá receber esse dinheiro em maio.

O valor do apoio é o da remuneração registada como base de incidência contributiva, com o limite máximo de 438,81 euros (1 IAS).

As contribuições para a Segurança Social continuam a ser sempre devidas, mesmo quando estiver a receber o apoio financeiro. No entanto, pode pedir o adiamento das mesmas para depois da cessação do apoio. Estas FAQ das Segurança Social podem ajudar a esclarecer as dúvidas.

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Simulações oficiais da Segurança Social. Saiba quanto vai ganhar no lay-off

A Segurança Social já disponibilizou uma calculadora para simular os salários dos trabalhadores que passem para o regime de lay-off. Podem suspender o contrato de trabalho ou apenas reduzir o horário.

É a arma mais poderosa do Governo para ajudar as empresa a pagar os salários nos próximos meses e deverá ser utilizada por um milhão de portugueses. Os trabalhadores das empresas que adiram a este regime podem suspender os contratos de trabalho ou simplesmente reduzir temporariamente os períodos normais de trabalho, ficando a ganhar dois terços do ordenado original, sendo que 70% do valor será pago pela Segurança Social e 30% pelo empregador.

No entanto, há nuances que são importantes ter em conta e vai percebê-las através das simulações que fizemos na calculadora na página oficial da Segurança Social. Se não quiser perder tempo a ler este texto e quiser fazer já a simulação do seu caso concreto, basta clicar:

O primeiro passo para ter acesso a esta ajuda do Estado é preencher este formulário que já está disponível na página da Segurança Social.

Suspensão temporária do contrato de trabalho

Agora vamos aos exemplos. Comecemos com o caso em que a empresa coloca o trabalhador em casa, sem trabalhar, ou seja, há uma suspensão temporária do contrato de trabalho.

No caso de um trabalho que ganhe o salário mínimo (635 euros brutos), as contas são fáceis de fazer. Mesmo em casa sem trabalhar continua a receber 635 euros, sendo que a Segurança Social paga 70% desde valor (444,5 euros) e o empregador 30% (190,5 euros).

Mas atenção. A empresa tem sempre de adiantar o dinheiro à cabeça (a parte paga pela empresa e a parte paga pela Segurança Social) e só depois é que o Estado devolve os 70% ao empregador. O Governo anda não disse em que data será feito esse reembolso, tendo apenas dito que será uma data fixa do mês para garantir previsibilidade à tesouraria.

Para quem ganhe 1.200 euros brutos por mês antes do lay-off, ficará com direito a 800 euros depois, sendo que 560 euros virão da Segurança Social e apenas 240 euros do empregador.

Vamos ao último caso. Neste regime do lay-off simplificado, o trabalhador tem de receber sempre um valor mínimo de 635 euros e um montante máximo de 1.905 euros.

Isto quer dizer que todos os trabalhadores que têm uma remuneração bruta superior a 2.857,50 euros mensais, levam para casa sempre o mesmo valor: 1.905 euros.

Por exemplo, no caso de antes ter um salário bruto de 3 mil euros, no lay-off levará para casa 1.905 euros, sendo que a Segurança Social paga 1.333,50 euros e a empresa os restantes 571,50 euros.

Outro fator a ter em conta é a fiscalidade e as contribuições sociais, porque estamos a fazer as contas ao ordenador bruto. No caso da empresa, neste regime de lay-off, ficará dispensada de pagar a TSU (23,75%). O mesmo não se passa com o trabalhador.

Nos três exemplos acima, ao salário bruto do trabalhador ainda é preciso deduzir o desconto para a Segurança Social (11%) e o IRS que varia consoante a situação do contribuinte. Nos exemplos, no caso de ganhar 635 euros brutos, fica isento de IRS. Se ganhar 1.200 euros brutos, e considerando o caso de um solteiro, sem filhos, além dos 11% para a Segurança Social, terá de descontar mais 14,5% de retenção de IRS. Para um ordenado de 3.000 euros, o IRS retido será de 27,8%.

Para saber quanto desconta de IRS no seu caso concreto, basta consultar a tabela de retenção de IRS.

Redução temporária do horário de trabalho

O regime de lay-off simplificado também permite uma redução temporária do horário de trabalho, em vez de uma suspensão temporária do contrato.

Vamos considerar o exemplo de um trabalhador que ganhe 1.000 euros brutos e passe a trabalhar apenas 40% do que trabalhava antes. O trabalhador continua a ter direito a levar para casa dois terços do ordenado (666,67 euros), mas a divisão da despesa entre a empresa e a Segurança Social é diferente.

Neste exemplo (ver tabela em baixo), a empresa terá de pagar ao trabalhador, em primeiro lugar, o valor correspondente à percentagem do horário efetivamente trabalhado: 40% de 1.000 euros, ou seja 400 euros. Só que como ninguém neste regime pode receber menos do que dois terços do ordenado original (666,67 euros para quem recebia mil euros), então o Estado e a empresa suportam a diferença entre a retribuição mínima devida ao trabalhador (666,67 euros) e a retribuição paga pelo empregador pelo trabalho a tempo parcial (os tais 400 euros). Esta diferença, de 266,67 euros no nosso exemplo, é paga em 70% pela Segurança Social (186,67 euros) e em 30% pela empresa (80 euros). No total, fica a cargo da empresa o pagamento de 480 euros (400 euros + 80 euros).

No caso de o trabalhador ganhar os mesmos 1.00 euros, mas trabalhar 60% do tempo, levará para casa os mesmos (666,67 euros), sendo que neste caso a empresa paga um total de 620 euros (600 euros pelos 60% de tempo trabalhado e mais 20 euros pagos para suportar a sua quota parte de 30% na compensação retributiva) e a Segurança Social pagará os restantes 46,67 euros (ou seja, 70% da diferença entre os 666,67 e os 600 euros).

Uma nota importante, que é válida para todos estes exemplos, é que o lay-off simplificado só tem a duração de um mês, sendo que o Governo já garantiu que o apoio poderá ser prolongado por um prazo adicional de três meses.

O último exemplo é importante porque permite perceber uma outra regra deste mecanismo do lay-off. Este regime só é comparticipado pela Segurança Social se a percentagem de trabalho parcial for inferior a dois terços (66,67%). Caso a carga horária seja superior a esse montante, a Segurança Social não paga nada. Ver exemplo abaixo em que o trabalhador está a trabalhar 80% do que trabalhava antes.

Que empresas têm direito a este regime?

Para ter acesso a este regime extraordinário, a empresa precisa de estar numa situação de crise empresarial. E o que é considerado crise empresarial?

  1. O encerramento total ou parcial da empresa ou estabelecimento, decorrente do dever de encerramento por causa da declaração do estado de emergência;
  2. A paragem total ou parcial da atividade da empresa ou estabelecimento que resulte da interrupção das cadeias de abastecimento globais, ou da suspensão ou cancelamento de encomendas, que possam ser documentalmente comprovadas;
  3. A quebra abrupta e acentuada de, pelo menos, 40% da faturação no período de 30 dias anterior ao do pedido junto dos serviços competentes da segurança social, com referência à média mensal dos dois meses anteriores a esse período, ou face ao período homólogo do ano anterior ou, ainda, para quem tenha iniciado a atividade há menos de 12 meses, à média desse período.

Atenção que não pode despedir

É outra das restrições para as empresas que adiram a este regime. Inicialmente, o Governo estabeleceu que as empresas que aderissem a este regime não podiam despedir os trabalhadores que estivessem em situação de lay-off. Contudo, nada impedia a empresa de despedir os outros empregados que continuavam no regime normal de trabalho.

Neste final de semana, o Governo apertou as regras e publicou uma retificação na lei, que impede o despedimento, quer dos trabalhadores que estão abrangidos pelo lay-off simplificado, quer dos restantes trabalhadores da empresa.

Este travão ao despedimento é válido durante o período de aplicação das medidas de apoio, bem como nos 60 dias seguintes.

Este é o formulário que tem de preencher para ter acesso ao lay-off

 

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Férias, teletrabalho ou faltas justificadas. Guia para os pais que têm de ficar em casa nas férias da Páscoa

As férias da Páscoa começam esta segunda-feira. À semelhança das últimas duas semanas, as crianças ficam em casa, mas agora os pais perdem o apoio do Estado. São estas as alternativas.

Esta segunda-feira arranca a interrupção letiva para as férias da Páscoa. Com as escolas fechadas face à pandemia de coronavírus, milhares de crianças vão ter de ficar em casa e, consequentemente, muitos pais de faltar ao trabalho. Ao contrário do que aconteceu nas últimas duas semanas, não está agora assegurada qualquer fatia da remuneração a esses trabalhadores, restando-lhes escolher entre as seguintes alternativas: teletrabalho, marcação de férias ou faltas justificadas. Em todos esses cenários, há nuances a ter em conta.

Em resposta à propagação de coronavírus em Portugal, o Executivo de António Costa decidiu avançar com a suspensão de todas as atividades letivas presenciais entre 16 de março e 13 de abril, período que inclui as últimas semanas do segundo período escolar e as duas semanas de férias de Páscoa já previstas no calendário deste ano letivo.

Com este encerramento dos estabelecimentos escolares, milhares de pais viram-se obrigados a ficarem em casa para acompanhar os filhos, tendo o Governo preparado para estas situações um “mecanismo especial” que assegurou a estes trabalhadores o pagamento de 66% da sua remuneração, garantida em 33% pela Segurança Social e em 33% pelo empregador.

Isto durante as últimas semanas do segundo período escolar (16 a 27 março). Esta segunda-feira, com o arranque das férias da Páscoa chega, por outro lado, a suspensão desse apoio e o encurtar das alternativas disponíveis para esses pais.

A única exceção a essa suspensão são os pais cujos filhos (até aos três anos) frequentem creches. Nesse caso, o apoio em causa é mantido durante as férias, uma vez que não estava previsto o encerramento destes estabelecimentos. “O apoio permanece apenas para os pais com filhos a frequentar creches, isto porque as creches não têm período de Páscoa e não estava previsto que fechassem”, disse a ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, após a reunião de Conselho de Ministros de quinta-feira.

Para todos os outros, o apoio em causa deixa de se aplicar a partir desta segunda-feira, apesar de o seu prolongamento ter sido pedido, em diversas ocasiões, pelos partidos da esquerda e pelos sindicatos, uma vez que também os ATLs foram fechados face à pandemia de coronavírus.

Faltas ao trabalho são justificadas

Em alternativa, o Governo decidiu alargar para o período das férias da Páscoa a justificação das faltas dos pais que tiverem de ficar em casa para acompanhar os seus filhos até 12 anos de idade.

Essas faltas justificadas não contam, assim, para um eventual despedimento e “não determinam a perda de quaisquer direitos”, a não ser a perda de salário. “As faltas justificadas ao abrigo do número anterior não determinam a perda de quaisquer direitos, salvo quanto à retribuição“, lê-se no decreto-lei 10-K de 2020. Ou seja, os pais podem faltar ao trabalho para ficar em casa com menores de 12 anos, mas tal implica a perda de rendimentos.

Férias contra vontade do empregador

A outra alternativa aberta pelo Governo é a da marcação de férias mesmo sem o “sim” do empregador para ficar em casa a cuidar dos dependentes até 12 anos. “O trabalhador pode proceder à marcação de férias, sem necessidade de acordo com o empregador, mediante comunicação, por escrito com antecedência de dois dias relativamente ao início do período de férias”, lê-se no diploma já referido.

Ao contrário do que acontece no caso das faltas justificadas, esta opção não implica a perda de remuneração (mas não é pago o subsídio de refeição). Em circunstâncias normais, o gozo de férias é sinónimo de pagamento de subsídio de férias, mas o decreto que agora abre a porta à marcação de férias unilateralmente pelo trabalhador deixa também a possibilidade de esse subsídio ser pago até ao quarto mês seguinte ao do início do gozo de férias.

Trabalhar a partir de casa pode ser alternativa

Para os pais cujas funções possam ser prestadas em teletrabalho, esta modalidade poderá também ser uma opção. Neste caso, mantém-se a remuneração por inteiro a ser paga pelo empregador.

De acordo com o decreto-lei publicado pelo Governo sobre esta matéria, o trabalho remoto pode ser requerido pelo trabalhador, mesmo que não haja acordo com o empregador, desde que as funções permitam esse tipo de regime. Havendo adequabilidade das funções, o patrão não pode dizer que não a esse pedido, já esclareceu a Segurança Social.

Já no caso de os seus filhos estarem em isolamento profilático ou doentes, aplica-se o subsídio para assistência a filhos, que passará a equivaler a 100% da remuneração do trabalhador com a entrada em vigor do Orçamento do Estado, o que deverá acontecer a 1 de abril.

No caso de o dependente ter menos 12 anos, este subsídio é atribuído no máximo por 30 dias; já no caso de o dependente ter mais de 12 anos, o período máximo é de apenas 15 dias.

Em caso de isolamento profilático de criança menor de 12 anos ou, independentemente da idade, de menor com deficiência ou doença crónica, a atribuição deste subsídio (por 14 dias) não fica dependente de um período mínimo de descontos para a Segurança Social. Em circunstâncias normais, o prazo de garantia exigido é de seis meses.

Para ter acesso a este apoio, os pais devem, de resto, obter junto dos serviços de saúde uma certificação da situação clínica dos seus dependentes, que deve ser remetida eletronicamente aos serviços da Segurança Social no prazo máximo de cinco dias após a sua emissão e na qual deverá estar indicado o requerimento do subsídio para assistência a filho.

De notar que o encerramento das escolas e dos ATLs será reavaliado no dia 9 e se for prolongado — o Governo já disse que tal é provável — os pais deverão voltar a ter direito ao apoio que assegurou dois terços do seu salário para acompanhar filhos até 12 anos, nas últimas semanas.

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Há quase 700 mil infetados no mundo. Coronavírus já fez mais de 33 mil mortes

  • Lusa
  • 29 Março 2020

Já foram diagnosticados mais de 697.750 casos de coronavírus, com Itália e os EUA no topo dos países mais afetados. Uruguai, a Síria, a Bolívia, o Mali e a Nova Zelândia anunciaram as primeiras mortes

A pandemia do novo coronavírus matou, pelo menos, 33.244 pessoas no mundo inteiro desde que a doença surgiu em dezembro na China, segundo um balanço da AFP às 19h00 deste domingo, a partir de dados oficiais.

Segundo a agência de notícias francesa, já foram diagnosticados mais de 697.750 casos de infeção pelo novo coronavírus e a pandemia espalhou-se por 183 países ou territórios. A AFP alerta que o número de casos diagnosticados reflete apenas uma fração do número real de infeções, já que um grande número de países está agora a testar apenas os casos que requerem atendimento hospitalar.

Entre o total de casos, pelo menos 137.900 pessoas são agora consideradas curadas. Desde a contagem feita às 19h00 de sábado, 3.241 novas mortes e 56.973 novos casos foram registados em todo o mundo.

Os países com mais mortes nas últimas 24 horas foram a Espanha, com 838 novas mortes, a Itália (756) e os Estados Unidos (460). A Itália, que teve a sua primeira morte ligada ao novo coronavírus no final de fevereiro, tem agora 10.779 mortes, em 97.689 casos. Só hoje foram anunciados 5.217 novos casos e 756 mortes, enquanto 13.030 pessoas são dadas como curadas pelas autoridades italianas.

Depois da Itália, os países mais afetados são a Espanha, com 6.528 mortes, em 78.747 casos, a China continental, com 3.300 mortes (81.439 casos), o Irão, com 2.640 mortes (38.309 casos) e a França, com 2.606 mortes (40.174 casos). A China (sem os territórios de Hong Kong e Macau), onde a epidemia começou no final de dezembro, registou de sábado para hoje 45 novos casos e mais cinco mortes. E indicou que 75.448 pessoas estão curadas.

Em número de casos, os Estados Unidos são o país mais afetado, com 132.637 contaminações, segundo os números oficiais, contabilizando ainda 2.351 mortes e 2.612 pessoas curadas. Desde sábado às 19h00 (hora de Portugal), o Uruguai, a Síria, a Bolívia, o Mali e a Nova Zelândia anunciaram as primeiras vítimas mortais ligadas ao vírus.

Por continentes, segundo a contagem da AFP, a Europa totalizava às 19:00 de hoje 23.864 mortes, para 382.943 casos. A Ásia tinha 3.792 mortes, para 105.573 casos. O Médio Oriente registava 2.727 mortes, para 47.310 casos. Os Estados Unidos e o Canadá tinham 2.414 mortes, para 138.880 casos. A América Latina e Caraíbas contavam 287 mortes, para 13.939 casos. A África tinha 142 mortes, para 4.569 casos, e a Oceânia 18 mortos, para 4.537 casos.

Esta avaliação foi realizada usando dados coletados pelos escritórios da AFP, das autoridades nacionais competentes e informações da Organização Mundial da Saúde. Portugal regista 119 mortes, mais 19 do que no sábado, enquanto o número de infetados subiu 792 para 5.962, segundo os dados hoje divulgados. Dos infetados, 486 estão internados, 138 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.

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Rio disponível para viabilizar orçamento suplementar

  • Lusa e ECO
  • 29 Março 2020

O líder do PSD abriu a porta a uma aprovação de um Orçamento Suplementar no Parlamento, mas rejeita a possibilidade de passar cheques em branco ao Governo.

O presidente do PSD está disponível para viabilizar uma proposta de Orçamento suplementar para este ano destinada a responder à crise económica na sequência da pandemia do novo coronavírus, dizendo mesmo que politicamente terá grande latitude para a aceitar. Esta posição foi transmitida por Rui Rio em entrevista à RTP, depois de confrontado com o cenário de o Governo apresentar uma proposta de Orçamento retificativo para este ano, hipótese que afastou, desde logo do ponto de vista técnico.

“Não vai haver orçamentos retificativos de certeza absoluta, garanto-lhe que não vai haver orçamentos retificativos. Vai haver orçamentos suplementares”, contrapôs o líder social-democrata, economista de formação académica, nesta entrevista conduzida pelo jornalista Carlos Daniel.

Rui Rio justificou, depois, que a apresentação de um Orçamento retificativo, “como o nome indica, é para retificar qualquer coisa” e um Orçamento suplementar “é para acrescentar, e forte”. “Portanto, vai haver Orçamento suplementar. É absolutamente inevitável. Eu não vou passar um cheque em branco [ao Governo]. Apesar de toda esta solidariedade, não vou passar cheques em branco ao Governo. Mas eu quero viabilizar”, frisou.

Neste ponto, o presidente do PSD foi ainda mais longe, dizendo que pretende viabilizar essa eventual proposta do executivo. “Quero que o Governo apresente um Orçamento suplementar que seja viabilizável, porque tem de ser. E vamos ter uma latitude muito grande para aceitar o Orçamento suplementar”, declarou.

Rio deixou, no entanto, uma ressalva: “Não vamos aceitar tudo e mais alguma coisa – aí, também, calma”. “Vamos manter o rigor agora, sabendo nós que o rigor é um rigor de dar muito dinheiro a muita gente, mas tem de ser”, acrescentou.

“Sociedade vai ter de debater um governo de salvação nacional”

O presidente do PSD considerou, por outro lado, que, quando a questão da recuperação económica se tornar a prioridade, com a melhoria da situação de saúde, vai ter de se debater a composição de um Governo de salvação nacional. “Quando vier a economia para o primeiro lugar, então estou convencido de que a sociedade portuguesa vai ter de debater efetivamente a composição de um Governo de salvação nacional. O Governo que vier – pode ser o mesmo, como é lógico – vai ser sempre de salvação nacional”, declarou Rui Rio em entrevista à RTP.

No entanto, de acordo com o líder social-democrata, “neste momento a prioridade não é pensar sobre isto”, porque se coloca “a parte sanitária em primeiro lugar”.

Questionado sobre a possibilidade de um cenário de Bloco Central, com PS e PSD no Governo, ou a formação de um Governo de salvação nacional para responder à crise económica do país, Rio fugiu à pergunta. “A isso não lhe vou responder sim, não lhe vou responder não, não lhe vou responder talvez. Não penso nada sobre isso, porque neste momento a prioridade não é pensar sobre isto”, alegou.

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Coronavírus? Cefaleia? Curva epidemiológica? Consulte o glossário do Covid-19

A pandemia do coronavírus introduziu no léxico dos portugueses uma série de novos conceitos que não eram amplamente conhecidos até agora. Apanhe o fio à meada com este glossário.

Curva epidemiológica. Cerca sanitária. Ventilador. Vírus. Nas últimas semanas, estes conceitos entraram na casa dos portugueses através da televisão, da rádio e dos jornais, pela boca de governantes, autoridades de saúde e até comentadores. Conceitos que devem ser explicados e entendidos, sobretudo nos tempos extraordinários como os que vivemos.

A pensar nisto, o ECO desenvolveu um glossário que apresenta definições para alguns destes conceitos, à luz da pandemia do coronavírus que tem assolado o mundo. Não são as definições técnicas ou complexas, mas sim um contexto básico capaz de ajudar a generalidade da população a compreender o que significam. Consulte-o.

C

Cefaleia: É o nome genérico dado a “uma dor localizada na cabeça ou na região superior do pescoço”, isto é, na região cervical, segundo o Hospital da Luz. É um dos sintomas associados à doença Covid-19, provocada pela infeção com o novo coronavírus, afetando cerca de 34% dos casos confirmados em Portugal, segundo os dados da DGS. Os outros sintomas associados à doença são a tosse (72%), febre (60%), dificuldade respiratória (23%), dores musculares (42%) e fraqueza generalizada (28). Não é de estranhar, por isso, que o número de pesquisas por “cefaleia” no Google tenha disparado nos últimos dias, segundo dados do Google Trends.

Cerca sanitária: É uma medida que está a ser usada para combater a propagação do coronavírus, nomeadamente em Ovar. No caso concreto, as “fronteiras” do concelho foram fechadas e sujeitas a um apertado controlo, depois de surgirem indícios de contágio local do novo coronavírus. Como explicou o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, a cerca sanitária implica que o acesso ao concelho “está vedado”, salvo “situações excecionais” como as dos “profissionais de saúde, das forças de segurança ou de socorro, residentes regressando à sua residência habitual ou o abastecimento de áreas que devam continuar em funcionamento”.

Confinamento compulsivo: Diz respeito à obrigatoriedade de isolamento da população como forma de tentar travar a propagação da pandemia. Em Portugal, com o estado de emergência, o confinamento compulsivo obrigatório passou a aplicar-se aos doentes com Covid-19 e às pessoas sob vigilância das autoridades por terem estado em contacto com infetados. Ou seja, cidadãos nestas situações são obrigados, por lei, ao isolamento em casa ou no hospital, sob pena de cometerem crime de desobediência. A restante população não está sujeita ao confinamento, mas as autoridades apelam ao isolamento profilático voluntário.

Coronavírus: É uma família de vírus que pode causar infeções em humanos e noutros animais, sobretudo ao nível respiratório. Segundo a DGS, as infeções causadas por coronavírus podem “ser semelhantes à gripe ou evoluir para uma doença mais grave, como pneumonia”. O nome deste tipo de vírus remete para o latim corona, que significa “coroa”, apelando ao aspeto deste vírus quando observado num microscópio.

Imagem ilustrativa do novo coronavírus.CDC/Alissa Eckert, MS; Dan Higgins, MAMS

Covid-19: É o nome da doença causada pela infeção com o novo coronavírus, caracterizada por provocar febre, tosse e dificuldade respiratória nos casos ligeiros a moderados, ou “pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos”, ou mesmo a morte nos casos mais graves. De acordo com a DGS, “a maioria dos casos recupera sem sequelas”.

Curva epidemiológica: Em linhas gerais, a curva epidemiológica é um gráfico que permite visualizar a evolução de um surto como o do novo coronavírus. A curva relaciona o número de casos com a evolução temporal desde o primeiro caso. No começo de um surto como o atual, à medida que o tempo passa, o número de casos vai aumentando e disparando até atingir um pico, seguindo-se uma redução. Esta curva pode ser rápida e acelerada num surto descontrolado, ou mais achatada e dispersa no tempo caso sejam tomadas medidas de prevenção. As autoridades portuguesas acreditam que o isolamento dos cidadãos em casa vai permitir achatar essa curva de forma a evitar o colapso do sistema de saúde. A 15 de março, a ministra da Saúde, Marta Temido, disse que “é previsível que a curva epidemiológica aumente até ao final de abril”. A 21 de março, a ministra atualizou a previsão, apontando que o pico deverá “situar-se à volta de 14 de abril”.

Um esquema básico que mostra duas curvas epidemiológicas e o efeito da adoção de medidas de controlo e prevenção para evitar o colapso do sistema de saúde.Wikimedia Commons

E

Estado de emergência: Numa situação de crise como a atual, as entidades democráticas soberanas podem instaurar diferentes “estados” no país, que correspondem a medidas mais ou menos apertadas. Em meados de março, o Presidente da República propôs que fosse declarado “estado de emergência”, o que o Governo e o Parlamento aceitaram. Este estado deu ao Governo poderes alargados para combater a pandemia, incluindo a suspensão de alguns direitos dos cidadãos. Entre as medidas mais apertadas estão a proibição de doentes com Covid-19 e pessoas sob vigilância saírem à rua, ou o encerramento obrigatório de estabelecimentos não essenciais.

Conferência de imprensa do Governo, a 19 de março, na qual António Costa, primeiro-ministro, anunciou as medidas que vieram concretizar o estado de emergência em Portugal.MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

I

Isolamento profilático: Uma vez que o novo coronavírus propaga-se, sobretudo, pelo contacto social, a DGS tem recomendado o isolamento profilático voluntário como forma de combate à pandemia. Significa que as autoridades de saúde estão a apelar à população que se isole em casa e evite ao máximo o contacto social, de forma a prevenir o contágio pelo novo coronavírus. Por ser voluntária, a medida não representa uma exigência nem é vinculativa como acontece no confinamento compulsivo obrigatório.

P

Pandemia: A Organização Mundial da Saúde declara uma pandemia quando um determinado surto de uma doença para a qual os humanos não tenham imunidade suscita preocupações do ponto de vista da sua expansão geográfica. Quando uma epidemia passa a ser declarada pandemia, significa que as autoridades de saúde consideram mais provável a existência de casos de contágio local ou comunitário num conjunto alargado de países. É, por isso, uma evolução do conceito de epidemia (que, por sua vez, remete para um aumento súbito no número de casos de uma doença numa comunidade ou num país, ou seja, num contexto geográfico mais restrito). O novo coronavírus foi declarado uma pandemia a 11 de março, meses depois de a epidemia se ter alastrado da China por vários países em todo o mundo, sobretudo na União Europeia.

R

Recessão: À medida que os países forçam o encerramento de fábricas e de serviços para combater a expansão da pandemia, e com as bolsas mundiais a caírem a dois dígitos, muitas previsões económicas têm apontado para a iminência de uma nova recessão mundial. Tecnicamente, uma recessão verifica-se após dois trimestres consecutivos de contração económica. Ou seja, por exemplo, dois trimestres consecutivos em que o Produto Interno Bruto de um país apresenta valores negativos. Com o coronavírus a causar disrupção económica do lado da oferta e da procura, há três grandes cenários que têm sido apresentados pelos economistas: o de uma recuperação económica em “V” (economia afunda mas recupera rapidamente), em “U” (economia afunda, recuperando apenas depois um período de dificuldades) ou em “L” (pior cenário, em que a economia afunda para dar origem a um período prolongado de depressão).

R0: Se já pesquisou sobre a pandemia do coronavírus, é provável que se tenha deparado com o termo R0. No original em inglês, lê-se “R naught” e é um conceito crucial para o desenvolvimento de políticas de saúde pública para combater o surto. O R0 é uma métrica de intensidade do surto e caracteriza-se pelo número médio de pessoas que um pessoa infetada pode contagiar. Alguns trabalhos relacionados com a pandemia do coronavírus têm incorporado na sua metodologia um R0 = 2,3, o que significa que, estatisticamente, em média, cada pessoa infetada pelo novo coronavírus contagia 2,3 pessoas. No entanto, o R0 real pode variar, nomeadamente com as medidas de isolamento tomadas como prevenção.

S

SARS-CoV-2: É o nome pelo qual ficou conhecida a estirpe de coronavírus responsável pela atual pandemia de coronavírus. Sabe-se que teve origem na China no final de 2019, mais concretamente na província de Hubei, na cidade de Whuan, num mercado local que é conhecido pela venda de animais vivos. Com efeito, a sua “origem animal” é relativamente consensual na comunidade científica, suspeitando-se de que os morcegos sejam uma das espécies portadoras, o que ainda não foi confirmado. Segundo a DGS, SARS-CoV-2 significa “Síndrome Respiratória Aguda Grave – Coronavírus – 2”.

V

Ventilador: É um equipamento médico que auxilia a respiração dos doentes nos casos de Covid-19 mais graves, podendo ser a diferença entre a vida e a morte. O ventilador tem a função de ajudar a oxigenar o sangue quando os pulmões, que têm esta função, estão incapazes de o fazer por si só de forma eficaz (por exemplo, quando apresentam fluído no seu interior). A escassez de ventiladores tem sido apontada como um dos problemas provocados pela pandemia e é um dos motivos pelo qual é crucial evitar que demasiadas pessoas fiquem infetadas ao mesmo tempo. Algumas empresas industriais em todo o mundo estão a avançar para o fabrico de ventiladores para ajudar a suprimir a falta destes aparelhos, havendo também projetos que exploram o fabrico de peças para ventiladores com recurso à impressão 3D.

Vírus: São agentes microscópios acelulares constituídos por uma cápsula proteica com algum material genético. Por outras palavras, não possuem muitos dos componentes das células, que são a unidade básica da vida, mas têm a capacidade de infetar organismos vivos. Os vírus “parasitam” uma célula, manipulando-a para que produza as proteínas de que ele próprio necessita para se replicar. Há, por isso, um amplo debate sobre se os vírus podem ser considerados seres vivos ou não, tendo em conta que têm algumas das características necessárias para tal, mas falta de outras.

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Dinheiro do lay-off chegará às empresas no dia 28 de cada mês, revela Marques Mendes

Marques Mendes revelou na SIC este domingo que a transferência da Segurança Social para as empresas no regime de lay-off será feita no dia 28 de cada mês.

É a arma mais poderosa do Governo para ajudar as empresa a pagar os salários nos próximos meses e deverá ser utilizada por um milhão de portugueses.

Os trabalhadores das empresas que adiram a este regime podem suspender os contratos de trabalho ou simplesmente reduzir temporariamente os períodos normais de trabalho, ficando a ganhar dois terços do ordenado original, sendo que 70% do valor será pago pela Segurança Social e 30% pelo empregador.

Mas atenção. O Governo já disse que terá de ser a empresa, num primeiro momento, a adiantar a totalidade da remuneração ao trabalhador, sendo que a Segurança Social fará o reembolso dos 70% mais tarde, num dia fixo do mês.

No seu comentário na SIC, Marques Mendes revelou que o Governo terá decidido fixar o dia 28 de cada mês como o dia para se processar a transferência do dinheiro para as empresas.

“É positivo para as empresas fazerem o planeamento e gerirem a tesouraria”, defendeu Marques Mendes.

Tem acesso a este regime as empresas que estão numa das três seguintes situações de “crise empresarial”:

  • encerramento total ou parcial decretado “por decisão das autoridades políticas ou de saúde”;
  • paragem total ou parcial da sua atividade resultante da interrupção das cadeias de abastecimento globais ou da suspensão ou cancelamento de encomendas e reservas;
  • quebra “acentuada” de, pelo menos, 40% da faturação, no mês anterior ao pedido comparando com a média dos dois meses anteriores a esse pedido ou face ao período homólogo.

O formulário para as empresas se candidatarem a este apoio já está disponível e pode ser encontrado neste link.

(Notícia atualizada às 21h20)

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