Brasil regista 111 mortos por coronavírus e 3.904 infetados

  • Lusa
  • 29 Março 2020

O número de casos de coronavírus no Brasil continua a aumentar, numa altura em que Bolsonaro tem defendido que o país "não pode parar". Rio de Janeiro é o estado mais afetado.

O Brasil tem 111 mortos e 3.904 infetados pelo novo coronavírus, tendo aumentado para dez o número de estados brasileiros a registar óbitos associados ao vírus, anunciou o Ministério da Saúde.

O país sul-americano registou um aumento de 487 infetados nas últimas 24 horas, sendo que a taxa de mortalidade de coronavírus atual no país é de 2,8%. A tutela da Saúde informou ainda que 90% das vítimas mortais tinha acima de 60 anos e 84% apresentava pelo menos um fator de risco.

Segundo os dados divulgados, dez das 27 unidades federativas do país (26 estados mais o Distrito Federal) registaram óbitos devido ao novo coronavírus: Amazonas, Ceará, Pernambuco, Piauí, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Todas as regiões do Brasil — norte, nordeste, sudeste, centro-oeste e sul — têm mortes confirmadas.

Apesar do alcance geográfico do vírus ter aumentado, São Paulo continua a ser o estado brasileiro mais afetado, contabilizando 84 mortos e 1.406 infetados. Segue-se o Rio de Janeiro com 13 óbitos e 558 infetados. Assim, o sudeste brasileiro, que engloba São Paulo e Rio de Janeiro, é a região com o maior número de infetados, totalizando 2.222 casos confirmados do vírus. No lado oposto está a região norte do país, com 184 casos de infeção.

As previsões do Governo para o próximo mês é de que a pandemia cresça no Brasil, com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a frisar a necessidade de isolamento social para evitar o avanço da doença e para evitar a sobrecarga hospitalar com outros tipos de atendimento. Quando nós mandamos parar [a circulação de pessoas] diminuem acidentes, traumas e aumentam” as camas livres das unidades de terapia intensiva, referiu.

Segundo Luiz Henrique Mandetta, “há informações de queda de até 30%, 40%, até 50% do nível de taxa de ocupação” das camas que antes estavam a ser utilizados para pessoas politraumatizadas. “Ou seja, mais um benefício quando mandamos parar, além de diminuir a transmissão”, disse o ministro. Apesar das entidades de Saúde recomendarem o isolamento social, Bolsonaro tem defendido ao longo da semana que o país “não pode parar”.

Na terça-feira, o Presidente do Brasil gerou polémica junto da classe médica e política do Brasil ao pedir às autoridades estaduais e municipais a reabertura de escolas e comércio, e o fim do “confinamento em massa”, de forma a evitar uma eventual “onda de desemprego”. O ministro da Saúde sublinhou que o lockdown (protocolo de emergência que geralmente impede a circulação de pessoas) pode vir a ser necessário em algum momento, em alguma região do país, mas nunca em todo o território brasileiro.

O Governo brasileiro proibiu, desde hoje, e por 30 dias, a entrada no país de todos os cidadãos estrangeiros por via aérea, de forma a travar a expansão do novo coronavírus à escala global. A medida não impõe restrições ao tráfego de carga nos aeroportos.

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Governo aperta regras de despedimento no acesso ao lay-off

A empresa que pretenda aceder ao novo 'lay-off'não pode despedir qualquer trabalhador, quando a versão inicial especificava a proteção do trabalhador que fosse alvo do apoio ao abrigo do novo regime.

Há mais uma retificação ao diploma sobre as condições de acesso ao novo regime de lay-off simplificado. O diploma definia que os trabalhadores abrangidos por medidas de apoio ao abrigo do novo lay-off não poderiam ser despedidos, mas agora, na retificação, vem alargar esta proibição de despedimentos coletivos e por extinção de posto de trabalho a todos os trabalhadores na empresa que recorra àquele regime.

O que diz a retificação ao decreto-lei agora publicada em Diário da República? No preâmbulo do artigo estava escrito que “o empregador não pode fazer cessar contratos de trabalho ao abrigo das modalidades de despedimento coletivo ou despedimento por extinção do posto de trabalho (…) relativamente aos trabalhadores abrangidos pelas medidas de apoio”. Agora, na retificação, cai a referência aos trabalhadores alvo dos apoios.

Além disso, há uma nova redação para o artigo 13º daquele diploma. Onde se lia que “durante o período de aplicação das medidas de apoio previstas no presente decreto-lei, bem como nos 60 dias seguintes, o empregador não pode fazer cessar contratos de trabalho de trabalhador abrangido por aquelas medidas”, passa a haver uma redação que exclui a referência aos referidos trabalhadores, portanto, a empresa que aceda ao regime não poderá rescindir contratos com nenhum trabalhador e não apenas com os beneficiários dos apoios.

O primeiro-ministro António Costa sempre referiu publicamente que as empresas que beneficiassem de apoios públicos no contexto desta crise de Covid-19 não poderiam fazer despedimentos, mas o Decreto-Lei n.º 10-G/2020, de 26 de março especificava o que estava em causa, e remetia essa restrição para os trabalhadores alvo do lay-off. A retificação agora publicada vem apertar o critério e diminui a liberdade de gestão empresarial prevista na Constituição (61º e 63º da Constituição).

Além desta retificação em relação a despedimentos, o Governo acrescenta outra condição para o acesso do empregador ao lay-off simplificado, esta de carácter fiscal e que não constava do diploma inicial. “Para aceder às medidas previstas no presente decreto-lei, o empregador deve, comprovadamente, ter as situações contributiva e tributária regularizadas perante a Segurança Social e a Autoridade Tributária e Aduaneira”.

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Faleceu o antigo secretário de Estado e deputado socialista Miranda Calha

  • Lusa
  • 28 Março 2020

Júlio Miranda Calha, faleceu este sábado, aos 72 anos. Foi antigo secretário de Estado do Desporto e da Defesa e deputado constituinte do PS.

O antigo secretário de Estado do Desporto e da Defesa, e deputado constituinte do PS, Júlio Miranda Calha, faleceu este sábado, aos 72 anos, disse à Lusa fonte oficial dos socialistas.

Professor de profissão, licenciado em letras, Miranda Calha foi deputado desde 1975 até à última legislatura, entre 2015 e 2019. Na Assembleia da República, como deputado, Miranda Calha foi presidente das comissões parlamentares de Defesa Nacional, e de Ambiente, Ordenamento do Território e Poder Local, tendo também desempenhado cargos como membro da Assembleia Parlamentar da União da Europa Ocidental.

Júlio Miranda CalhaJoão Relvas/LUSA

Na área da Defesa, fez parte da Assembleia Parlamentar da União da Europa Ocidental, tendo sido presidente da Assembleia Parlamentar da NATO e da Comissão de Segurança e Defesa da Assembleia Parlamentar da NATO. Em termos de funções executivas, além das pastas do Deporto e da Defesa, Miranda Calha foi também secretário de Estado da Administração Regional e Local e governador civil de Portalegre.

Especialista em questões de defesa, foi condecorado com a Grã Cruz da Ordem do Mérito, tendo ainda sido distinguido como Grande Oficial da Ordem do Infante e com a medalha de Mérito Municipal Grau Ouro pelo Município de Portalegre.

No plano político interno dos socialistas, Miranda Calha esteve sempre próximo de Mário Soares como secretário-geral e apoiou as candidaturas derrotadas de Jaime Gama à liderança deste partido (primeiro contra Vítor Constâncio, depois contra Jorge Sampaio). Mais recentemente, ainda no que respeita à vida interna do PS, Miranda Calha apoiou as lideranças de José Sócrates e de António Costa.

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Trump admite impor quarentena em três estados, incluindo Nova Iorque

  • Lusa
  • 28 Março 2020

O Presidente norte-americano diz estar a pensar na hipótese de impor quarentena em Nova Iorque, New Jersey e talvez um ou outro lugar, como algumas partes de Connecticut.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu este sábado a possibilidade de impor quarentena em três estados, incluindo Nova Iorque, para travar a pandemia de coronavírus nas regiões mais críticas.

“Gostaríamos de ter quarentena em Nova Iorque, porque é um ponto crítico. Nova Iorque, New Jersey e talvez um ou outro lugar, como algumas partes de Connecticut. Estou a pensar nisso agora”, disse Trump.

“Podemos não ter de o fazer, mas há uma possibilidade de, em algum momento, ser necessário”, explicou, depois de esta semana ter dito ser necessário que a população regressasse à vida normal, para procurar salvar a economia norte-americana. Trump indicou que, a existir, a quarentena será por um curto período, possivelmente duas semanas, afirmando ter discutido a questão com o governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo.

O governador já respondeu que nunca discutiu o tema com o Presidente e que não sabe sequer a que se refere Donald Trump, quando fala de quarentena. “Não sei como poderá ser legalmente aplicável. Do ponto de vista médico, nem sei o que se conseguirá resolver com isso. Não gosto do que estou a ouvir”, reagiu Cuomo, sobre a hipótese levantada por Trump.

O estado de Nova Iorque é o epicentro da pandemia nos Estados Unidos, com 52.318 confirmados e 728 mortes. Perante este cenário, Andrew Cuomo, anunciou hoje o adiamento das eleições primárias, que estavam marcadas para o dia 28 de abril e que ficam agendadas para 23 de junho, imitando as decisões de dez outros estados que estão a reprogramar a fase de escolha dos candidatos às eleições presidenciais de novembro.

Os Estados Unidos registam já o maior número de infeções em todo o mundo, com mais de 100.000 casos confirmados e mais de 1.700 mortes, por causa do coronavírus, que já infetou mais de 600 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram quase 28.000. Dos casos de infeção, pelo menos 129.100 são considerados curados.

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França regista 37.575 casos e 2.314 mortos desde o início da pandemia

  • Lusa e ECO
  • 28 Março 2020

O número de casos confirmados de infeção Covid-19 em França é de 37.575. Atualmente, o país gasta 40 milhões de máscaras por semana e encomendou mais mil milhões de unidades.

O número de casos confirmados de infeção Covid-19 em França é de 37.575, registando-se ainda 2.314 vítimas mortais desde o início da pandemia, segundo os números divulgados este sábado pelas autoridades francesas.

Nas últimas 24 horas, o novo coronavírus provocou 319 mortos em meio hospitalar no país. De acordo com os dados, há um aumento nas hospitalizações, com 17.620 pacientes hospitalizados devido à Covid-19, o que corresponde a um aumento de 1.888 doentes face a sexta-feira. Quanto aos casos mais graves, há 4.273 doentes em cuidados intensivos e receio de saturação nos hospitais da região parisiense.

Determinadas regiões, como o Grand Est, já atingiram este ponto de saturação e haverá transferência de mais 50 pacientes para outras regiões, segundo indicou hoje à tarde o ministro da Saúde, Olivier Véran. Até agora, 6.624 pessoas que testaram positivo a esta doença já foram dadas como curadas.

Este sábado, o ministro da Saúde francês anunciou que o Governo encomendou mil milhões de máscaras de proteção, a maioria delas à China, referindo que o país está a gastar atualmente 40 milhões de máscaras faciais por semana, restando stock para apenas três semanas.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia de coronavírus, já infetou mais de 600 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram quase 28.000. Dos casos de infeção, pelo menos 129.100 são considerados curados. Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

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Em quarentena? Nasceu o Calendall, que reúne os eventos virtuais em tempo de #FiqueEmCasa

Numa altura em que milhões de portugueses são incentivados a ficarem em casa, nasceu uma plataforma que reúne os eventos que vão ser realizados de forma virtual e transmitidos em direto.

Está quase a terminar a primeira semana de quarentena efetiva para milhões de portugueses, forçados a ficarem em casa para travar a pandemia do coronavírus. Mas muitos já acusam aborrecimento, apesar de a palavra de ordem continuar a ser a do isolamento. Foi a pensar nos mais sociais, que anseiam por voltar a ir a um concerto ou a um espetáculo de comédia, que nasceu o Calendall.

“É uma plataforma que acaba de ser lançada em tempo de #FiqueEmCasa e reúne todos os eventos nas redes sociais e outras plataformas online que importa acompanhar nestes dias de pandemia”, informam os promotores do projeto num comunicado. “Tudo o que está a ser transmitido em direto na internet estará disponível no Calendall, de maneira a que os portugueses não percam nada do que mais relevante está a ser produzido ou transmitido”, acrescentam.

O Calendall permite explorar “eventos” em curso ou outros que estejam agendados e que ainda não tenham acontecido. Uma espécie de agenda para que consiga organizar melhor o seu dia sem perder aquela aula de pilates ou o tal concerto virtual de que tinha ouvido falar. Para já, está longe de ter, literalmente, todos os eventos online do país, até porque os promotores têm de se registar e adicionar manualmente os seus eventos. Mas a ambição é a de crescer e ganhar expressão.

No mesmo comunicado, o Calendall recorda que “o número de espetáculos a que hoje é possível assistir no Instagram, Facebook ou Twitter aumentou consideravelmente nos últimos dias, não sendo possível acompanhar a imensidade de propostas que surgem na comédia, música, teatro, exposições, gastronomia ou educação”. Um efeito do isolamento social que tem sido apelo constante das autoridades de saúde.

Para Tiago Tomás, um dos “três responsáveis” pelo projeto, “a dispersão de todos estes acontecimentos exigia uma plataforma que proporcione, num único local, a disponibilização organizada de eventos”. “Além dos artistas mais populares, o Calendall surge para dar visibilidade a milhares de pessoas e a todos aqueles que queiram divulgar os seus eventos e conteúdos em direto”, frisa, citado na mesma nota.

Ao que o ECO apurou, Tiago Tomás é, atualmente, senior product designer da empresa de desenvolvimento KI labs, em Lisboa, somando passagens pela Novabase, onde terá estado envolvido no desenvolvimento da aplicação Via Verde Trasportes, assim como na startup portuguesa Indie Campers, de acordo com o LinkedIn. Por agora, a utilização da Calendall é gratuita, sendo apenas de registo obrigatório.

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Coronavírus: O que estão a fazer os outros países para ajudar os trabalhadores e as empresas

Com a Pandemia do novo coronavírus a colocar a economia de vários países em risco, o ECO foi tentar descobrir as principais medidas que foram tomadas por outros seis países europeus.

Face ao recente impacto do novo coronavírus em todos os setores da sociedade, o Governo apresentou o terceiro plano de apoio às empresas e famílias no espaço de quinze dias, medidas extraordinárias e de caráter urgente, na tentativa de amortecer os danos que estão a ser feitos à economia portuguesa nas últimas semanas.

E na Europa, o que está a ser feito? O Conselho da Diáspora, um organismo que reúne decisores portugueses no mundo, fez uma recolha de planos e medidas, aos quais o ECO acrescentou outras após um levantamento de informações complementares. Em Espanha, França, Dinamarca, Países Baixos, Suíça e Reino Unido.

Espanha

Empréstimos: Existe uma proteção adicional para os devedores numa “situação de vulnerabilidade”, em que uma pessoa esteja sem salário devido ao surto da Covid-19. Além disso, o Governo espanhol criou um programa de alívio a casos considerados vulneráveis (desempregados, famílias de baixos rendimentos, etc.) que consiste numa moratória nos empréstimos de primeira habitação.

Reestruturação e regime lay-off dos trabalhadores: Foi introduzido um novo regulamento com medidas para permitir uma reestruturação controlada da mão-de-obra, como caso da suspensão dos contratos de trabalho e permissão de licenças de trabalho parcial durante a interrupção relacionada com o coronavírus. Este novo regulamento criado pelo Estado espanhol dá aos empregadores o direito de aplicar cláusulas de força maior. O procedimento para permitir a reestruturação desses trabalhadores será acelerado e os pagamentos relacionados com a segurança social por parte do empregador serão, em certos casos, suspensos.

Contratos Públicos e Concessões: Os contratos celebrados por empresas e entidades públicas espanholas que não possam ser cumpridos ou cujas obrigações não podem ser realizadas como resultado da interrupção da Covid-19, não permitirá que a entidade pública rescinda o contrato. A execução do contrato pode ser suspenso, podendo mesmo permitir que a empresa procure uma compensação junto dessa contraparte pública.

Corporate governance e Sociedades Cotadas: Com a aproximação da época da assembleia geral de acionistas, tornou-se possível às empresas realizar reuniões dos órgãos sociais há distância (por exemplo, videoconferência) mesmo que o estatuto social da empresa não preveja este tipo de situações. Além disso, a maioria dos prazos das sociedades é suspensa, incluindo o arquivamento das contas anuais, onde não só o prazo foi suspenso, como foi adiado.

Regras de Insolvência: O prazo para solicitar a abertura do processo de insolvência previsto na Lei espanhola está suspenso.

Investimentos Estrangeiros: Restrições à aquisição de certos ativos e participações em Espanha, aplicando-se a investidores estrangeiros e a negócios ou empresas que operam em áreas ou interesses estratégicos. O Governo declarou a suspensão dos investimentos realizados por investidores fora da UE ou da Associação Europeia de Livre Comércio, bem como dos investimentos em setores estratégicos quando o investidor detém 10% do capital social ou do controlo das mais-valias sobre o órgão de administração. Da mesma forma, os investimentos feitos por entidades estrangeiras de propriedade pública e soberana são suspensos.

França

Pagamentos pendentes por parte dos serviços públicos: Aceleração do reembolso de créditos pendentes e do pagamento de faturas pendentes por parte do Estado e autoridades locais.

Auditoria fiscal: Não haverá nova auditoria fiscal e nenhuma ação processual (notificações e liquidações) será enviada para uma auditoria fiscal em andamento, a menos que haja um estatuto de limitação ou prazo exigido por lei.

Medidas de segurança social: As empresas podem adiar total ou parcialmente o pagamento das contribuições para a segurança social até 3 meses. Nenhuma penalidade será aplicada. Também é possível o adiamento do pagamento do complemento de reforma. Quanto às empresas mais pequenas, caso se encontrem em dificuldades não terão de pagar contribuições para a segurança social enquanto a situação económica persistir.

Contudo, Para os trabalhadores independentes, estes podem solicitar:

  • Adiamento do prazo de pagamento;
  • Ajuste do calendário contributivo;
  • A intervenção do Estado para o pagamento parcial ou total das suas contribuições ou para a atribuição de ajuda financeira excecional.

Implementação imediata do teletrabalho: Implementação obrigatória e com efeito imediato de teletrabalho. Empregos onde o teletrabalho não é possível, o empregador é obrigado a respeitar e assegurar o respeito pelas regras de higiene no local de trabalho, e a limitar as deslocações tanto quanto possível.

Viagens profissionais: Limitação tanto quanto possível das viagens dos funcionários.

A redução parcial da atividade como solução económica: Todas as empresas cuja atividade é reduzida devido ao coronavírus e, em particular, aquelas que estão obrigadas a encerrar (restaurantes, cafés, centros comerciais, lojas, etc.) são elegíveis para o esquema de redução parcial da atividade. Durante esta redução de atividade, o empregador deve pagar ao trabalhador um salário equivalente a 70% da sua remuneração bruta, sendo que o Governo francês cobrirá 100% das remunerações pagas pelas empresas.

Situação dos pais com crianças menores de 16 anos: Se o teletrabalho não for possível e um empregado não tiver creche para menores de 16 anos, este terá direito a solicitar uma espécie de licença de assistência à família, sem período de espera, durante o encerramento da creche.

Ajuda de 1.500 euros para as pequenas empresas, trabalhadores independentes e microempresas: Será usado para compensar negócios fechados por ordem do Governo (bares, restaurantes, etc.), mas também microempresas e trabalhadores independentes que se encontram sem volume de negócio. Estes terão direito a uma compensação de 1.500 euros no mês de março.

Dinamarca

Pagamentos de baixa médica desde o primeiro dia: Os empregadores dos cidadãos afetados pelo coronavírus – infetados ou em quarentena – receberão o pagamento da baixa médica logo no primeiro dia de ausência e não após 30 dias.

Despedimentos coletivos com direito a indemnização do Estado: Atribuição de 10 milhões de coroas dinamarquesas para garantir iniciativas rápidas e específicas em caso de despedimentos em larga escala causados pela Covid-19.

Pagar indemnizações a empresas em risco de despedimento de pessoal: As empresas que de outra forma seriam forçadas a reduzir o pessoal em pelo menos 30%, ou mais de 50 funcionários, são elegíveis para compensações. Esta remuneração concedida pelo Governo será de 75% do total das despesas salariais dos funcionários em questão, no entanto, o máximo de 23.000 coroas dinamarquesas por funcionário. As compensações serão pagas na condição de que os empregados não sejam demitidos.

Países Baixos

Redução do horário de Trabalho é substituída por medidas de conservação do trabalho: Os empregadores podem solicitar uma compensação de custos salariais, caso estejam a prever uma perda mínima de 20% do volume de negócio. No entanto, durante o período de compensação, o empregador não poderá despedir nenhum trabalhador por motivos económicos.

Apoio de Emergência para Trabalhadores Independentes: O Executivo dos Países Baixos pagará uma compensação aos trabalhadores independentes que varia de acordo com a quebra do volume de negócio:

  • Se 100% do volume de negócio for perdido, a compensação ascende a 90% do valor do salário;
  • Se perderem 50% do volume de negócios, a compensação ascende a 45% do montante salarial;
  • Se perderem 25% do volume de negócios, a compensação ascende a 22,5% do montante salarial.

Adiamento do pagamento de impostos: Os empresários afetados pelas consequências económicas da Covid-19 podem solicitar um adiamento extraordinário do pagamento de impostos ou podem solicitar uma redução do imposto provisório sobre o rendimento ou uma liquidação do imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas.

Suíça

Liquidez para as empresas: Um total de 20 mil milhões de francos servirá para ajudar empresas que estão com problemas para obter um empréstimo do banco. As empresas (incluindo trabalhadores independentes) poderão contactar os seus bancos para pedir um crédito de até 500.000 francos. Para empréstimos de mais de 500.000 francos, o crédito é garantido em 15 por cento pelo banco e em 85 por cento pelo Governo suíço. De referir ainda que as empresas também podem adiar o pagamento das contribuições para a segurança social sem juros.

Proteção ao turismo: Será apoiado por um fundo de empréstimo de 530 milhões francos suíços que foi disponibilizado ao setor.

Empregados e trabalhadores temporários: Os trabalhadores temporários, incluindo estagiários, terão agora direito a uma compensação por perda de trabalho. Equiparável às proteções existentes para os trabalhadores com contrato a termo.

Proteção para freelancers e trabalhadores independentes: O Estado também anunciou que os freelancers e os trabalhadores independentes seriam compensados pelo trabalho perdido devido à Pandemia. Esta categoria de profissionais receberá 80% do seu salário diário até um máximo de 196 francos suíços por dia.

Proteção para o desporto: Os clubes desportivos profissionais e organizações desportivas serão elegíveis para receber uma parte dos 50 milhões de francos suíços, se estiverem em perigo de falência.

Tributação: Os juros de mora para o atraso no pagamento de impostos, direitos aduaneiros e impostos de incentivo serão renunciados até ao final de 2020.

Reino Unido

Plano de Empréstimos Empresariais: O esquema de empréstimo por interrupção de negócios será sem juros durante 12 meses.

Férias Fiscais para Empresas: Adiamento do pagamento de IVA no próximo trimestre para empresas até ao final de junho. O reembolso dessas faturas será feito até ao final do exercício financeiro.

Benefícios e Trabalhadores Independentes: Aumentar o principal benefício pago pelo Estado (Universal Credit) para 1.000 libras por ano, sendo que o ‘Crédito Fiscal para Trabalhadores’ (WTC) também aumentará para o mesmo montante.

O Governo britânico suspende ainda os próximos pagamentos a recibos verdes para trabalhadores independentes até janeiro de 2021.

Empréstimos: Apoio aos proprietários de casa através da suspensão do pagamento mensal da hipoteca (mortgage holiday).

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Itália regista 889 mortos nas últimas 24 horas. Ritmo abrandou

Em 24 horas, o número diário de mortes por coronavírus diminuiu face aos últimos dias, enquanto o número de recuperados aumentou. Especialistas acreditam que pico não está longe.

O número de mortos por coronavírus em Itália continua a aumentar mas, este sábado, o ritmo de evolução abrandou. Nas últimas 24 horas, o país registou 889 vítimas mortais, menos do que as 969 observadas na sexta-feira. O número total de infetados já ultrapassa os dez mil, enquanto o número de recuperados aumentou face aos últimos dias: nas últimas 24 horas, houve 1.434 pessoas curadas.

São boas notícias para os italianos, que viram o número de mortes diárias diminuir, enquanto o número de recuperados aumentou. De acordo com os dados revelados este sábado pela Proteção Civil daquele país, citados pelo jornal La Reppublica (conteúdo em italiano), nas últimas 24 horas houve 889 mortes, elevando para 10.023 o número total de falecimentos devido ao surto de coronavírus.

Ao todo, o país tem atualmente 70.065 pessoas infetadas com o vírus, um aumento de 3.651 nas últimas 24 horas, o que também mostra uma diminuição face aos 4.041 observados na sexta-feira. Desde que o surto começou no país, Itália já registou mais de 92 mil infeções.

No número de pessoas recuperadas também se observa uma melhoria. Até ao momento já 12.384 pessoas infetadas recuperaram do vírus, um aumento de 1.434 nas últimas 24 horas, o que mostra que o cenário está a melhorar dado que, na sexta-feira, se contavam apenas 589 recuperados.

Itália tem atualmente 26.676 pessoas hospitalizadas com sintomas, das quais 3.856 estão nos cuidados intensivos e 39.533 estão em isolamento nas suas casas.

“Certamente, se as medidas drásticas de contenção não tivessem sido adotadas, teríamos outros números e as unidades de saúde, que estão num estado crítico, estariam num estado dramático. Teria sido uma situação insustentável”, disse o comissário Angelo Borrelli, durante a conferência de imprensa que faz a atualização diária do número de casos, citado pelo jornal italiano.

De acordo com o Instituto Superior de Saúde (ISS) italiano, o pico da epidemia não está longe. “Vemos uma aparente redução na curva de infeção desde 20 de março, mas ainda não estamos em fase de queda”, disse o presidente da ISSA, Silvio Brusaferro. “A extensão das medidas de contenção é inevitável”, referiu, depois de o Governo ter referido que “uma reabertura a 3 de abril é muito cedo”.

Na próxima terça-feira, 31 de março, o Governo italiano vai hastear bandeiras por todas as cidades, em memória de todas as vítimas que o coronavírus já provocou naquele país.

(Notícia atualizada às 17h47 com mais informação)

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Reino Unido ultrapassa fasquia dos mil mortos. Governo anuncia novas medidas para as empresas

  • Lusa e ECO
  • 28 Março 2020

Mais de mil pessoas morreram no Reino Unido infetadas com coronavírus, num país que regista mais de 17 mil casos confirmados.

No Reino Unido, o surto de coronavírus já provocou mais de mil vítimas mortais, com 260 mortes observadas nas últimas 24 horas, de acordo com um relatório oficial do Governo britânico. O Executivo anunciou novas medidas de apoio às empresas.

Naquele país, o número de vítimas mortais este sábado ascende a 1.019, com 17.089 casos confirmados de coronavírus. Entre os doentes encontra-se o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e o seu ministro da Saúde, Matt Hancock, enquanto o ministro responsável pela pasta da Escócia, Alister Jack, está isolado há sete dias, depois de ter revelado sintomas semelhantes, sem ter sido testado.

Perante a rápida propagação do novo coronavírus, o Reino Unido envolveu-se numa operação contra o tempo para conseguir disponibilizar milhares de camas hospitalares. Os britânicos estão confinados em casa desde segunda-feira à noite, por um período de pelo menos três semanas.

Apesar destes números, o diretor da Public Health Wales, afirma que o número de real de casos provavelmente é bastante superior. “O coronavírus está agora a circular em todas as partes do País da Gales. A ação mais importante que todos podemos ter no combate ao coronavírus é ficar em casa para proteger o NHS e salvar vidas”, disse Robin Howe, citado pelo The Guardian (conteúdo em inglês). “Sabemos que ficar em casa pode ser difícil e queremos agradecer a todas as pessoas em Gales por estarem a fazer a sua parte para ajudar a travar a propagação do vírus”.

Governo britânico anuncia novas medidas apoio às empresas

O ministro para os Negócios, Energia e Estratégia Industrial do Reino Unido anunciou este sábado que o Governo vai avançar com novas medidas de apoio às empresas cuja atividade está a ser afetada pelo surto. “É crucial que quando esta crise passar, o que vai acontecer, estejamos preparados para recuperar”, referiu Alok Sharma,.

Segundo adiantou, o Executivo vai alterar o atual modelo de insolvência das empresas e avançar com medidas que vão dar “tempo e espaço suplementar” às empresas para enfrentarem a situação atual de quebra de atividade e estarem preparadas para a retoma quando a crise terminar. Em simultâneo, referiu o governante, as medidas de apoio à economia e empresas pretendem também assegurar que os credores conseguem ter retorno.

A maior flexibilização que vai ser dada às empresas garantirá que vão poder aceder a capital e matérias-primas, mesmo que se encontrem em processo de reestruturação. Na sequência do impacto que o combate à pandemia de Covid-19 está a ter na economia, as empresas britânicas tinham pedido ao Governo que aliviasse a carga regulatória.

Na conferência de imprensa, realizada por videoconferência, Sharma adiantou ainda que vai ser reduzida a carga burocrática, para que os novos produtores de gel desinfetante para as mãos — um produto que se tornou escasso e que está esgotado em muitas lojas — possa ser colocado no mercado “em poucos dias”.

“Vamos eliminar todas as barreiras administrativas à produção de desinfetante para as mãos”, referiu. Desta forma, “novos produtores e empresas que fabricam os ingredientes dos desinfetantes poderão colocar os seus produtos no mercado numa questão de dias”. O Executivo de Boris Johnson vai também “aumentar o fornecimento de equipamentos de proteção individual, como máscaras faciais, para proteger os funcionários o serviço de saúde”.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia de Covid-19, infetou mais de 600 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram quase 28.000. Dos casos de infeção, pelo menos 129.100 são considerados curados. Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

(Notícia atualizada às 19h com mais informação)

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Stress financeiro de Portugal em máximos, mas não como em 2008

O indicador de stress financeiro para Portugal superou nas últimas semanas o nível atingido no início de 2016 quando havia dúvidas sobre a "geringonça", mas não chegou à crise de 2008.

A volatilidade nos mercados financeiros é o novo “normal” das últimas semanas, com os índices bolsistas a cair com a mesma rapidez com que depois sobem. O mesmo acontece nas obrigações, no petróleo ou noutros ativos financeiros. Ainda assim, segundo o indicador de stress financeiro do Banco de Portugal, a instabilidade financeira não atingiu o nível registado na crise financeira de 2008/2009 e na crise das dívidas soberanas de 2011/2012, mas superou o stress atingido no início de 2016 quando havia dúvidas sobre as medidas e a estabilidade da então nova “geringonça”.

São muitos os exemplos deste stress financeiro: o PSI-20 tocou em mínimos históricos do século passado, as bolsas norte-americanas entraram em “bear market” para pouco depois passarem a “bull market” (no caso do Dow Jones), os juros das obrigações portuguesas a dez anos agravaram-se para lá dos 1% e o petróleo — não só por causa da pandemia, mas também por causa do desentendimento entre a Arábia Saudita e a Rússia — passou rapidamente dos 60 dólares por barril para a casa dos 20 dólares.

E tudo isto ocorreu em poucas semanas em que se registaram sessões com subidas ou descidas históricas, ou seja, (quase) sem paralelo na história dos mercados financeiros. Este comportamento do valor dos ativos reflete o nervosismo e a incerteza dos investidores perante o impacto que a pandemia do coronavírus vai ter na economia mundial, nos resultados das empresas, na capacidade dos Estados pagarem a sua dívida, na procura por petróleo, entre outros.

“Os índices acionistas registaram movimentos de desvalorização significativos e generalizados, penalizados pelos receios sobre os efeitos da pandemia do novo coronavírus e acentuados pelas perturbações no mercado do petróleo”, resumia o Banco de Portugal no boletim económico de março, divulgado na quinta-feira, no qual divulga os dados mais recentes do indicador de stress financeiro para Portugal e para a Zona Euro.

Stress financeiro disparou nas últimas semanas

Fonte: Banco de Portugal.

Para conjugar todos estes fenómenos e tentar quantificar o stress financeiro, o Banco de Portugal desenvolveu um indicador para aferir o grau de interrupção do normal funcionamento dos mercados financeiros, o que terá implicações nas decisões da política monetária e orçamental dado que o aperto das condições financeiras poderá transmitir-se para a “economia real” caso se mantenha por um período prolongado de tempo.

De acordo com a metodologia, os indicadores compósitos de stress financeiro para Portugal e para a Zona Euro são calculados a partir da agregação de indicadores de stress relativos de cinco segmentos de mercado: mercado monetário, mercado obrigacionista, mercado acionista, intermediários financeiros e mercado cambial. Este indicador revela não só se potencialmente haverá problemas financeiros para Portugal como fornece “informação estatisticamente significante sobre os valores futuros do crescimento do PIB real”, de acordo com o estudo feito por economistas do BdP.

A análise da série histórica deste indicador mostra que o pico atingido nas últimas semanas já ultrapassa ligeiramente o stress financeiro sentido no início de 2016 quando havia dúvidas sobre a aliança entre o Governo PS e o BE e o PCP, além de manter-se a dúvida sobre se Portugal iria ou não ser alvo de sanções europeias por não ter cumprido as regras orçamentais. Nessa altura, os juros da dívida portuguesa no mercado secundário de obrigações dispararam tal era o receio dos investidores face a uma mudança no rumo de controlo das contas públicas.

Porém, fica bastante aquém do nível de stress financeiro registado em 2008 e 2009 com a crise financeira — em que havia desconfiança entre os bancos (intermediários financeiros) — e o que se registou durante a crise das dívidas soberanas da Zona Euro em vários momentos em 2010, 2011, 2012 e 2013, seja com a Irlanda, Grécia, Espanha, Itália ou Portugal, o que levaria a programas de resgate e a anos consecutivos de austeridade que apenas recentemente acabaram.

Tal como em 2016, ano em que o Banco Central Europeu (BCE) liderado por Mario Draghi lançou o programa de compra de dívida pública (conhecido por “quantitative easing”) também agora a ação do banco central, neste momento liderado por Christine Lagarde, foi determinante para “acalmar” os mercados. Se inicialmente Lagarde tinha lançado achas para a fogueira com a declaração de que não era o papel do BCE encurtar os spreads (diferença dos juros de países de maior risco, como a Itália, e a da Alemanha), o lançamento de um programa pandémico de compras de 750 mil milhões de euros até ao final do ano levou o BCE de novo para a linha da frente na resposta económica da Zona Euro.

No caso do indicador do stress financeiro para a Zona Euro, este atingiu um pico nas últimas semanas superior ao registado em 2016, mas também fica aquém do registado durante a crise financeira e durante a crise das dívidas soberanas.

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Rússia fecha todas as fronteiras a partir de segunda-feira

  • Lusa
  • 28 Março 2020

Vladimir Putin vai fechar totalmente as fronteiras da Rússia a partir de segunda-feira, e temporariamente, para tentar travar a propagação do novo coronavírus.

A Rússia anunciou que vai fechar totalmente as suas fronteiras, a partir de segunda-feira e temporariamente, para tentar travar a propagação do novo coronavírus.

De acordo com um decreto do Governo, a Rússia “restringirá temporariamente o tráfego” em todas as suas passagens rodoviárias, ferroviárias e marítimas, a partir da meia-noite de segunda-feira (21:00 de domingo em Portugal continental).

O Governo russo já tinha decretado, a partir de hoje e até dia 5 de abril, o encerramento de várias atividades comerciais, incluindo de restauração, com exceção de comércio à distância, tendo recomendado aos cidadãos para limitarem as suas deslocações.

Esta semana, Vladimir Putin já tinha também anunciado a suspensão de todos os voos internacionais do país, uma medida que entrou em vigor esta sexta-feira e que se aplica a todos os voos de entrada e saída do território russo, exceto os aparelhos fretados e que realizam ligações especiais de repatriamento de cidadãos russos no estrangeiro. Até ao momento a Rússia já tinha reduzido de forma gradual as ligações aéreas internacionais.

O número de infetados com coronavírus na Rússia já superou o milhar, registando-se quatro vítimas mortais, a maioria dos casos em Moscovo.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infetou mais de 600 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram quase 28.000. Dos casos de infeção, pelo menos 129.100 são considerados curados. Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

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Merlin admite moratória nas rendas do Almada Fórum. “Não será uma carência a 100%”, diz João Cristina

A SOCIMI está a ponderar suspender as rendas dos ativos comerciais e hoteleiros que detém devido à crise do coronavírus. Antecipa um impacto no imobiliário e prevê uma recuperação apenas em 2021.

A Merlin Properties admite suspender as rendas do Almada Fórum, centro comercial do qual é proprietária desde 2018, bem como de cerca de uma dezenas de lojas de rua que detém em Lisboa, adiantou ao ECO o diretor-geral em Portugal, João Cristina. A acontecer, essa suspensão dependerá do âmbito de encerramento dessas atividades, uma medida que também se aplica a Espanha, mas apenas ao setor retalhista e hoteleiro.

“Não somos insensíveis ao que se está a passar [crise devido ao coronavírus] e às atividades que estão obrigadas a encerrar. Haveremos de ajudar os nossos clientes de alguma forma. Mas não será uma carência a 100%, tem de haver alguma proporcionalidade“, explicou o responsável da Merlin em Portugal. “Uma carência de rendas parece-me desproporcionada porque passa o ónus para cima de nós e os proprietários têm os seus negócios e obrigações”, continua.

“Naturalmente, dentro da nossa política comercial, teremos algumas concessões aos lojistas e operadores que mais precisam”, disse João Cristina, detalhando que isso inclui “todos os espaços com uso comercial ou retalho”. Em território nacional, estão abrangidos o Almada Fórum e “cerca de dez lojas de rua” espalhadas pela capital, como por exemplo no Parque das Nações.

Mas, a haver uma suspensão das rendas, esse processo será feito após uma análise “caso a caso”. Isto é, a Merlin vai analisar “quais as atividades que estão obrigadas a encerrar e as que podem abrir” se aqui o quiserem. Por exemplo, no Almada Fórum, lojas como os supermercados continuam a sua atividade, e outras como grandes cadeias têxteis continuam a vender online. Tudo isso será tido em conta. “Não estamos a falar de dar carências cegas a todos, mas às atividades que são diretamente impactadas pela obrigações do encerramento. Teremos muito cuidado na análise”, afirmou o diretor-geral.

João Cristina revelou ao ECO que a Merlin tem sido contactada pelos próprios inquilinos nesse sentido — “alguns clientes têm-nos pedido desconto das rendas” –, e a empresa está a ter isso em conta. “Não posso dizer que vai ser uma suspensão cega a todos os lojistas, porque, seguramente, isso não vai acontecer”, afirmou. Esta medida está também a ser estudada em Espanha, onde a SOCIMI tem sede, mas apenas para os ativos do retalho e do setor hoteleiro. Em Portugal, a empresa não é, para já, proprietária de nenhuma unidade hoteleira.

Há dias, o CEO da Merlin, Ismael Clemente, já tinha adiantado que esperava uma quebra inferior a 10% nas rendas devido ao surto de coronavírus. “Considerando (…) o ónus da situação difícil atual com os inquilinos nos locais e empresas que não podem abrir ao público, e assumindo que o encerramento ordenado pelas autoridades dura até 31 de julho, o impacto nas rendas brutas previstas para 2020 será inferior a 10%“, referiu, na altura, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Apesar disso, a empresa, que entrou recentemente para a bolsa de Lisboa, afirmou estar preparada para enfrentar essa situação, dado que 94,8% dos imóveis que detém estão ocupados. “A Merlin Properties beneficia de um sólido património para superar este período desafiante”. No ano passado, de acordo com as contas apresentadas, a SOCIMI espanhola encaixou 525,9 milhões de euros com rendas brutas.

“Haver uma recuperação este ano será muito difícil”

Para João Cristina, ainda “é muito prematuro falar do impacto” deste crise de coronavírus na economia e, sobretudo, na empresa. “Óbvio que terá impacto. Vai ter impacto nos nossos clientes e acabará por ter impacto nos nossos negócios, assim como em toda a economia”, disse ao ECO, referindo que a Merlin não está, por enquanto, a pensar recorrer a alguma linha de financiamento, tanto do Governo português como do Governo espanhol.

Já para o setor, o responsável antecipa um cenário pouco positivo. “Ao nível do mercado de capitais (investimento), haverá seguramente muitos processos de venda que, muito possivelmente, serão paralisados. Não deve ser surpresa para ninguém que os números do investimento este ano serão bastante menos simpáticos do que os do ano passado e do que os de 2018“, disse.

Afirmando que o futuro está dependente de muitos fatores, que estão fora do controlo dos players do mercado, o diretor-geral da Merlin acrescenta: “A profundidade da correção [de preços] acabará por ocorrer, mas temos que, dependendo do tempo que isto leve, essa correção possa demorar. Creio que este ano a recuperação será muito difícil. Talvez no próximo ano“, confidenciou.

A Merlin tem uma carteira de ativos imobiliários avaliada em 12,7 mil milhões de euros e estreou-se em Portugal em 2015 — onde é atualmente um dos maiores proprietários em termos de metros quadrados — com a compra do Edifício Caribe, no Parque das Nações, por 18 milhões de euros. A essa aquisição seguiram-se outras, nomeadamente o Edifício Monumental (que está a ser reabilitado atualmente), o Almada Fórum (406,7 milhões) e a sede da Nestlé, em Linda-a-Velha, por 12,5 milhões.

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