“Problema de Portugal não tem sido falta de dinheiro, mas a fraca qualidade dos políticos”, diz CEO da dona do Pingo Doce

O CEO da Jerónimo Martins sublinhou que a estagnação da economia nos últimos vinte anos resulta da falta de qualidade dos políticos, o que leva a pensar "se temos de mudar":

Portugal não tem sabido responder às necessidades económicas nas últimas duas décadas devido à “fraca qualidade dos políticos” e da gestão, afirmou esta quinta-feira, Pedro Soares dos Santos, CEO da Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce, sublinhando que a sociedade tem de pensar “se vale a pena ou não mudar“.

Questionado, em conferência de imprensa, sobre as eleições legislativas de 10 de março, Soares dos Santos recordou: “Estamos mesmo à porta”, portanto é preciso ter algum cuidado”.

“Mas acho que hoje demos aqui um bom exemplo. Sem boa gestão não há resultados”, explicou o CEO, apontando para os números que a retalhista divulgou esta quarta-feira, com um aumento de 28,2% nos lucros líquidos de 2023, para 756 milhões de euros, com o EBITDA – resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações — a subir 17% para 2,2 mil milhões de euros.

“A gestão e a fraca qualidade dos nossos políticos, obriga-nos a pensar se não deveremos mudar como sociedade e esse para mim é talvez o maior desafio”, disse o responsável.

Adiantou que “o grande problema de Portugal não tem sido a falta de dinheiro, mas sim de qualidade e a falta de gestão das pessoas em perceberem qual é o bem comum e o que é que interessa“.

“Nos últimos 20 anos, se tivessem sabido responder às necessidades, Portugal teria crescido, não teria estagnado”, vincou Soares dos Santos. “Era bom como portugueses pensarmos nalguma mudança” e que tenham a “coragem de assumir isso”, concluiu.

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Lucros da Jerónimo Martins sobem 28% para 756 milhões em 2023. Dividendo sobe para 0,655 euros por ação

As vendas do Pingo Doce subiram 7,9% para 4,9 mil milhões. Na Polónia, a empresa alertou que a deflação alimentar poderá colocar ainda mais pressão na margem este ano do que em 2023.

Os lucros líquidos da Jerónimo Martins JMT 1,72% subiram 28,2% em 2023, para 756 milhões de euros, informou a empresa em comunicado enviado ao mercado. A retalhista liderada por Pedro Soares dos Santos adiantou ainda que vai propor aos acionistas o pagamento de um dividendo bruto de 0,655 euros por ação, o que compara com os 0,55 euros por ação pagos no ano passado relativos ao exercício de 2022.

A empresa já tinha informado, a 11 de janeiro, que o volume de negócios disparou 20,6% para 30.608 milhões de euros em 2023, devido ao forte desempenho de vendas com “foco na competitividade de preço e no crescimento em volume”, que permitiu superar pela primeira vez o marco dos 30 mil milhões de euros de vendas.

No comunicado, divulgado no site da CMVM esta quarta-feira, a empresa sublinhou que o forte desempenho ao nível das vendas em valor e em volume “reforçou as nossas posições de mercado e protegeu a rentabilidade, levando o EBITDA consolidado a crescer 17%“. Essa rubrica, que representa os resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, atingiu os 2,2 mil milhões de euros.

A respetiva margem EBITDA caiu 22 pontos base para 7,1% face ao ano anterior, “refletindo o impacto do investimento em preço e a inflação registada ao nível dos custos”.

Em relação aos resultados do quarto trimestre, a Jerónimo Martins informou que o EBITDA cresceu 14,1% para 578 milhões, uma subida de 7,1% a taxas de câmbio constantes, correspondendo a uma margem sobre as vendas de 7,1%, face a 7,2% no quarto trimestre de 2023. As vendas totais dispararam 16,7% para 8.157 milhões, enquanto o lucro líquido avançou 15,8% para 171 milhões.

Em Portugal, o Pingo Doce registou uma subida de 7,9% nas vendas anuais para 4,9 mil milhões de euros, com venda ‘like-for-like (LFL)’, ou seja comparando as mesmas lojas sem ter em conta novas aberturas, de 7,7%. No segmento cash&carry, o turismo foi o motor de crescimento, com o Recheio a aumentar as vendas em 15,1% para 1,3 mil milhões de euros, com um LFL de 14%.

Nas perspetivas para 2024, a empresa frisou que em Portugal persistem sinais de pressão sobre as famílias relacionados com taxas de juro elevadas, “esperando-se, por isso, que o consumo continue pouco dinâmico”, adiantando que o Pingo Doce “manterá a sua forte e reconhecida dinâmica comercial e prosseguirá com a implementação do novo conceito de loja que evidencia a diferenciação da insígnia, a nível de meal solutions e perecíveis” A companhia prevê remodelar entre 60 e 80 lojas no ano e inaugurar cerca de 10 novas localizações.

Margem na Polónia pode sofrer maior pressão que em 2023

Na Biedronka, lider do segmento discount no retalho alimentar na Polónia, as vendas em moeda local cresceram 18,2%, com um LFL de 14,2%. Em euros, as vendas atingiram os 21,5 mil milhões, mais 22,3% do que em 2022. “O crescimento em volumes manteve-se positivo ao longo de todo o ano, num claro contraste com a queda registada no mercado de retalho alimentar polaco”, referiu.

Este significativo crescimento das vendas impulsionou o EBITDA a aumentar 19,4% (+15,4% em moeda local). A respetiva margem foi de 8,5% (8,8% em 2022), com a evolução “a refletir o investimento em preço, conjugado com a inflação de custos”.

Em termos de crescimento de vendas LFL na Polónia, a tendência de abrandamento no ritmo, atingindo os 5,1% no quarto trimestre, face aos 24,5% no primeiro. Em janeiro, quando estes números foram revelados, os analistas mostraram desilusão face aos 7% que esperavam para os últimos três meses do ano, o que aliado com uma possível guerra de preços num ambiente mais concorrencial, levou a uma queda de 7,17% nas ações no dia seguinte.

 

No quarto trimestre, a margem EBITDA foi de 8,5% versus 8,7% no período homólogo. “Embora a Biedronka, tal como no terceiro trimestre, tenha beneficiado, também no quarto, de um comparativo favorável do preço da eletricidade e da normalização das cadeias de abastecimento em relação ao mesmo período do ano anterior, a pressão do investimento em preço e da elevada inflação dos custos refletiu-se na evolução da margem”, explicou a empresa.

Pedro Soares dos Santos, CEO da Jerónimo Martins, explicou no comunicado que “neste arranque de 2024, estamos conscientes de que a deflação alimentar que estimamos para o primeiro semestre será o nosso maior desafio, uma deflação que tenderá a levar à priorização do crescimento dos volumes por parte de todos os retalhistas e, consequentemente, a uma crescente intensidade concorrencial nos mercados em que operamos”.

A empresa sublinhou que na Polónia, “num contexto concorrencial que se intensificou e no qual o preço se revela mais do que nunca como o fator decisivo de compra, a Biedronka manterá a liderança de preço e dará prioridade ao crescimento de vendas, alavancando na sua força comercial para criar ainda melhores oportunidades de poupança e de valor para os consumidores polacos”.

Adiantou que para mitigar a extrema pressão que advém da rápida queda da inflação alimentar combinada com uma elevada inflação de custos, a Biedronka, trabalhará para converter em volumes e num mix de vendas de maior valor acrescentado um ambiente de consumo que se espera mais favorável. “Ainda assim, e também perante a decisão da companhia de continuar a investir de forma relevante na atualização dos salários das suas equipas, não excluímos que a margem EBITDA da Biedronka possa vir a sofrer maior pressão do que a registada em 2023”.

Na Colômbia, o grupo inaugurou 200 localizações na rede de supermercados Ara, terminando o ano a operar 1.290 lojas. As vendas atingiram 2,4 mil milhões no ano, 37,7% acima de 2022. O EBITDA foi de 45 milhões de euros, face a 60 milhões de euros em 2022, com a respetiva margem a situar-se nos 1,9% (3,4% em 2022).

Dividendo representa metade dos lucros

Em relação à remuneração acionista, o Conselho de Administração vai propor à Assembleia Geral Anual de Acionistas a distribuição de 411,6 milhões de euros em dividendos, correspondente à aplicação da política de a um dividendo bruto de 0,655 euros por ação (excluindo as 859.000 ações próprias em carteira) e representa um payout de cerca de 50% dos resultados consolidados ordinários (ou cerca de 54% dos resultados líquidos consolidados), quando excluídos os efeitos da aplicação da IFRS16.

“A proposta de distribuição de dividendos permite ao Grupo preservar a flexibilidade para continuar a investir de acordo com os seus planos de expansão e aproveitar potenciais oportunidades de crescimento não orgânico, mantendo, em simultâneo, a força do seu balanço”, explicou a empresa.

Sublinhou ainda que a “visão de longo prazo mantém-se válida e reiteramos o compromisso com o nosso programa de investimento, que, em 2024, se espera venha a cifrar-se em 1,2 mil milhões de euros, em linha com o realizado em 2023”.

“Para além da expansão e remodelação das redes de lojas, o programa inclui o reforço da operação logística na Polónia, em Portugal e na Colômbia e considera também o investimento inicial para lançar a operação na Eslováquia, cujas primeiras lojas deverão abrir no final deste ano,” acrescentou.

Antes da divulgação dos resultados, as ações da Jerónimo Martins encerraram a sessão de quarta-feira a subir 1,03% para 21,50 euros cada.

 

[Notícia atualizada às 19h07]

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Jerónimo Martins corta dividendos em 40%. Admite compensar acionistas se crise passar

A Jerónimo Martins reviu em baixa a proposta de remuneração acionista. "Para já", propõe distribuir 30% dos lucros, em vez da metade previamente anunciada. O valor passa para 20,7 cêntimos por ação.

A administração da Jerónimo Martins decidiu rever em baixa a proposta de distribuição de dividendos aos acionistas, relativos aos lucros de 2019. A empresa tenciona pagar 130,1 milhões de euros, sendo que esta nova proposta representa um corte de 40% (ou menos 86,7 milhões de euros) face à anterior remuneração acionista prevista de 216,8 milhões de euros.

“Para já”, segundo o grupo, a proposta corresponde ao pagamento de um dividendo bruto de 20,7 cêntimos por cada título, em vez dos 35 cêntimos propostos antes da pandemia. O valor representa payout de 30% dos lucros que contrasta com os 50% anteriores, de acordo com informação presente no relatório de contas da empresa referente ao primeiro trimestre, enviado esta quarta-feira à CMVM.

“Dado o atual contexto mundial e a elevada incerteza prevalecente, o Conselho de Administração decidiu propor na Assembleia Geral, a realizar a 25 de junho, a distribuição, para já, de dividendos no montante de 130,1 milhões de euros, revendo a distribuição de 216,8 milhões de euros anunciada a 20 de fevereiro de 2020. Esta distribuição corresponde a um dividendo bruto de 0,207 euros por ação”, avançou a empresa.

Como avançou o ECO em meados de abril, o grupo retalhista estava a decidir o que fazer aos dividendos dado o atual contexto de recessão no horizonte, provocada pelo choque económico da pandemia. “Ainda estamos a discutir entre nós”, tinha dito aos jornalistas Pedro Soares dos Santos, presidente executivo da Jerónimo Martins, depois de uma reunião com o Presidente da República, nessa altura.

Grupo admite compensar acionistas se crise passar

Numa altura em que o país tenta uma reabertura gradual da economia, todas as atenções estão postas sobre a possibilidade de uma segunda vaga da pandemia. Uma hipótese que tem levado a uma maior cautela da parte das gestões de algumas empresas.

No caso da Jerónimo Martins não é diferente. A empresa retém agora este valor, para reforçar as reservas em plena pandemia, mas não exclui pagar o payout total dos 50% inicialmente propostos, caso se verifique um alívio da situação e uma recuperação.

“O Conselho de Administração não exclui a possibilidade de vir a propor, com base nas reservas livres da sociedade, a distribuição, até ao final do ano, do valor da diferença para o payout de 50% inicialmente previsto, se a evolução da situação epidemiológica e os seus impactos o permitirem”, indica também a empresa.

Segundo a informação divulgada esta quarta-feira, os lucros da dona do Pingo Doce caíram 43,8% no trimestre, para 35 milhões de euros. “Os primeiros impactos da crise sanitária mundial começaram a fazer-se sentir — ainda que com intensidades diferentes consoante o estádio de evolução da situação epidemiológica e cada país”, reconhece Pedro Soares dos Santos numa mensagem aos acionistas.

“Neste momento, existe ainda uma visibilidade muito reduzida sobre a escala e a profundidade que os efeitos desta pandemia poderão assumir. Num contexto que é de elevada incerteza, garantiremos todo o apoio às nossas pessoas”, remata o gestor português.

(Notícia atualizada pela última vez às 18h14)

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Lucros da Jerónimo Martins caem para quase metade. Ganha 35 milhões até março

Quebra dos lucros da dona do Pingo Doce foram "fortemente impactados pelas diferenças cambiais decorrentes da aplicação da IFRS16", revela a empresa.

A Jerónimo Martins viu os seus lucros caírem no primeiro trimestre. O resultado líquido da retalhista ascendeu a 35 milhões de euros, uma quebra de 43,8% face ao período homólogo, “fortemente impactados pelas diferenças cambiais decorrentes da aplicação da IFRS16″, mas também já afetados pelos primeiros efeitos da pandemia em março.

Em enviado à Comissão do Mercado de valores Mobiliários (CMVM), esta quarta-feira, a Jerónimo Martins revela que os seus lucros se fixaram nos três primeiros meses do ano nos 35 milhões de euros, valor que compara com os 62 milhões de euros registados no mesmo período do ano passado.

O resultado alcançado compara com a estimativa do CaixaBank BPI que antecipava um crescimento de 5% dos lucros da retalhista naquele período, para 76 milhões de euros.

Em termos operacionais, o EBITDA (lucro antes de impostos depreciação e amortização) atingiu 214 milhões de euros, uma redução de 0,6% em relação ao primeiro trimestre do ano passado, “refletindo os primeiros efeitos da pandemia ao nível dos custos operacionais”, justifica a dona do Pingo Doce.

Já ao nível das vendas a tendência foi oposta, com estas a crescerem em termos consolidados 11%, para 4.715 milhões de euros, com as vendas em LFL (vendas comparáveis) a crescerem 9,5%. A Jerónimo Martins revela que, antes do início da pandemia, o LFL crescia a 12,1% (acumulado a fevereiro).

“Fechámos o primeiro trimestre do ano com um crescimento de vendas assinalável, o que traduz a força competitiva dos vários negócios e a flexibilidade e resiliência das nossas operações, mesmo quando postas à prova por uma ameaça sem precedentes, como é o caso da pandemia por Covid-19″, diz Pedro Soares dos Santos no comunicado enviado ao regulador da bolsa.

O CEO da retalhista diz ainda que “os primeiros impactos da crise sanitária mundial começaram a fazer-se sentir – ainda que com intensidades diferentes consoante o estádio de evolução da situação epidemiológica em cada país (Polónia, Portugal e Colômbia) – a partir da primeira quinzena de março“.

"Fechámos o primeiro trimestre do ano com um crescimento de vendas assinalável, o que traduz a força competitiva dos vários negócios e a flexibilidade e resiliência das nossas operações, mesmo quando postas à prova por uma ameaça sem precedentes, como é o caso da pandemia por Covid-19.”

Pedro Soares dos Santos

De forma desagregada, a polaca Biedronka registou um crescimento de vendas de 12,6% para os 3,3 mil milhões de euros (+13,2% em moeda local), “com uma boa evolução da quota de mercado”, explica a Jerónimo Martins. Também no mercado polaco, a Hebe — especializada no Bem Estar e Saúde — aumentou as vendas em 14,6% para os 64 milhões de euros (+15,2% em moeda local), também “impactada pelo desempenho de março, já no contexto da pandemia”.

Já no mercado nacional, a retalhista salienta que “o ano arrancou com uma envolvente de consumo positiva, tendo-se começado a observar, à medida que o mês de março avançava, sinais de trading down”. Nesse contexto, as vendas totais do Pingo Doce subiram em 3,5%, para os 936 milhões de euros. Quanto ao Recheio, as vendas cifraram-se em 214 milhões de euros, um ligeiro acréscimo de 0,2% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Relativamente a essa unidade, é adiantado pela empresa que “a partir da segunda metade de março, o encerramento dos restaurantes e a paragem da atividade turística impactaram de forma material as vendas ao canal HoReCa”.

No seu terceiro mercado — a Colômbia — é salientado que “o ano iniciou-se com um enquadramento económico favorável“, tendo as medidas de confinamento no contexto da pandemia mundial começado a ganhar força ao longo do mês de abril. Daí que a Ara tenha aumentado as vendas, em moeda local, em 52,3%. Em euros, as vendas nessa unidade cresceram 38,9% para os 235 milhões de euros, “respondendo à estratégia reforçada de preço” implementada em 2019 e que “continua a ser fundamental para o seu desempenho”.

(Notícia atualizada às 18h30)

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Fecho ao domingo na Polónia trava lucros da Jerónimo Martins

A dona do Pingo Doce foi penalizada pelo encerramento dos supermercados ao domingo na Polónia, onde tem a Biedronka. Lucros caíram 14,5%.

A Jerónimo Martins registou uma quebra nos lucros do primeiro trimestre. Ganhou menos 14,5% que no período homólogo, justificando esta evolução negativa com o impacto dos “dias adicionais de fecho obrigatório ao domingo na Polónia”. A desvalorização da moeda polaca também pesou.

“O resultado líquido do Grupo foi de 72 milhões de euros, 14,5% abaixo do primeiro trimestre de 2018 [85 milhões], em virtude do impacto negativo do calendário, dos dias adicionais de fecho obrigatório ao domingo na Polónia e da depreciação do zloty”, diz em comunicado enviado à CMVM. O EBITDA atingiu 214 milhões de euros, uma redução de 0,6% em relação ao ano anterior.

"Todos os negócios registaram muito bons desempenhos de vendas e de rentabilidade, que ganham ainda mais relevância num contexto de calendário negativo e de aumento do número de dias de fecho obrigatório das lojas ao domingo, na Polónia.”

Pedro Soares dos Santos

CEO da Jerónimo Martins

Apesar da quebra nos lucros, Pedro Soares dos Santos sublinha os números apresentados. “Entrámos em 2019 com força e os resultados do primeiro trimestre refletem essa dinâmica”, diz o presidente executivo da dona do Pingo Doce, salientando que todos os “negócios registaram muito bons desempenhos de vendas e de rentabilidade, que ganham ainda mais relevância num contexto de calendário negativo e de aumento do número de dias de fecho obrigatório das lojas ao domingo, na Polónia”.

“As vendas líquidas aumentaram 1,1% para 4,2 mil milhões de euros“, sendo que a “taxas de câmbio constantes, as vendas cresceram 3,2%, com um LFL [vendas comparáveis] neutro”. As receitas do Pingo Doce cresceram 2,6% (1,6% sem os combustíveis), enquanto na Polónia registou-se uma quebra. As vendas da Biedronka cresceram 2%, mas numa base comparável encolheram 1,1%.

Apesar desta evolução negativa dos resultados líquidos nos primeiros três meses deste ano, “estou confiante na nossa capacidade de superar os desafios à vista e de continuar a crescer acima do mercado ao longo de 2019“, diz Pedro Soares dos Santos.

(Notícia atualizada às 8h08 com mais informação)

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Jerónimo Martins quer abrir 100 a 150 lojas por ano na Polónia

  • ECO
  • 2 Janeiro 2019

Pedro Soares dos Santos quer abrir ainda mais lojas na Polónia, prevendo adicionar entre 100 a 150 novas unidades ao ano, durante os próximos anos.

A Jerónimo Martins quer continuar a crescer no mercado polaco. Para isso, vai abrir ainda mais lojas no país, prevendo adicionar entre 100 a 150 novas unidades ao ano, durante os próximos anos. A meta foi definida por Pedro Soares dos Santos, em entrevista ao Business Insider Polska (conteúdo em polaco).

“Nos próximos anos, devemos abrir 100-150 novas lojas a cada ano”, revelou o presidente executivo do grupo que em Portugal tem o Pingo Doce, reiterando assim o compromisso para com a Polónia, onde detém a Biedronka. Esta meta supera a estimativa dos analistas do BPI que apontavam para cerca de 80 novas lojas por ano.

A aposta na Polónia é para manter, mesmo com todos os constrangimentos ao negócio. O principal de todos é proibição do comércio de domingo que, diz Soares dos Santos, está a ser compensada com o crescimento das vendas nos outros dias da semana. “A Biedronka está a ser capaz de compensar 70% do volume de negócios perdido aos domingos. Estamos a perder os 30% restantes”, notou.

Nesta entrevista ao site polaco, Pedro Soares dos Santos revela que pretende aumentar a oferta de produtos frescos nas suas lojas. Quer que a Biedronka seja um take away, com mais produtos frescos e refeições prontas. Os frescos são 40% das vendas da retalhista, mas o CEO quer que esse rácio aumente para 70%.

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CEO portugueses ganham 23 vezes mais que trabalhadores. E lá fora?

Um gestor do PSI-20 ganha, em média, 23 vezes mais do que os trabalhadores. Mas cada caso é um caso, e depende do setor de atividade. E lá fora?

“Se for a uma empresa tipo EDP vai ver que o salário de topo é 210 vezes o salário mínimo. Não é aceitável esta disparidade e o desinvestimento que as empresas fazem nos quadros jovens. Isto tem de mudar sob pena de perdermos esta geração“.

António Costa, primeiro-ministro, deixava em agosto passado a sua opinião em relação às diferenças salariais que se praticam no setor privado em Portugal, ainda antes de PS e Bloco de Esquerda apresentarem propostas repor maior equilíbrio nos salários. Enquanto os socialistas querem agravar a Taxa Social Única (TSU) para as empresas que não corrijam este gap, os bloquistas pretendem reduzir-lhes os benefícios fiscais. As propostas foram apresentadas esta semana. Mas qual é a realidade portuguesa? E lá fora?

No PSI-20, que concentra as maiores empresas portuguesas cotadas, a remuneração atribuída aos gestores representou 22,8 vezes o salário médio anual que foi pago aos trabalhadores em 2017. Mas cada caso é um caso.

Por exemplo, na EDP, a empresa referenciada pelo chefe do Executivo, o trabalho do CEO António Mexia foi remunerado em 2,29 milhões de euros no ano passado (incluindo prémio de mandato), enquanto cada trabalhador da elétrica auferiu uma remuneração média de 58 mil euros. Diferença salarial? Mexia recebeu quase 40 vezes mais do que um trabalhador do grupo.

Outro caso que mereceu atenção política: há mais de um ano, Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda, também criticou as divergências salariais, fazendo mira àquilo que era a realidade da Jerónimo Martins, dona da cadeia de supermercados Pingo Doce, em 2016.

“Pedro Soares dos Santos quase duplicou o salário de 2015 para 2016 e ganhou o ano passado 1,27 milhões de euros, o equivalente ao que ganham em média 90 trabalhadores do Pingo Doce, ganhou sozinho aquilo que paga em média a 90 trabalhadores do Pingo Doce e aumentou o seu próprio salário em 46%, será que algum dos trabalhadores do Pingo Doce teve um aumento salarial de 46%?”, questionou Catarina Martins em abril de 2017.

Um ano depois das palavras da coordenadora do Bloco de Esquerda, as disparidades salariais na Jerónimo Martins agravaram-se acentuadamente. O CEO auferiu uma remuneração acima de dois milhões de euros em 2017, ganhando 160 vezes mais do que a remuneração média atribuída aos trabalhadores. E o paycheck atribuído a Pedro Soares dos Santos equivaleu a quase 260 salários mínimos nacionais.

Quanto ganham os CEO do PSI-20?

E lá fora?

Nos EUA, o congressista democrata Keith Ellison analisou dados de 14 milhões de trabalhadores de 225 empresas norte-americanas que geraram receitas anuais de 6,3 biliões de dólares, e concluiu que, em média, os CEO ganhavam 339 vezes mais do que os trabalhadores.

“Se o teu chefe auferisse o teu salário anual em menos de um dia, como te sentirias? Desmoralizado? Enojado? Muitos americanos estão agora a perceber como os salários são distribuídos (ou não)”, disse Ellison no estudo “Rewarding or Hoarding(sumário executivo), publicado em maio deste ano. Outras conclusões do estudo: em 188 empresas das 225 analisadas, o salário de um CEO chegaria para pagar a 100 trabalhadores; em 219 companhias, um trabalhador precisaria de trabalhar pelo menos 45 anos para ganhar o que o seu CEO ganhar em apenas um ano.

Com este trabalho, Keith Ellison queria contribuir para um cenário de mudança que já está a ocorrer nos EUA. Na cidade de Portland, em Oregon, foi introduzida recentemente uma taxa de 10% sobre empresas cujos CEO ganham mais de 100 vezes do que é pago em média aos trabalhadores. A taxa sobe para 20% se a disparidade salarial for superior a 250.

Na realidade, é nos EUA onde as disparidades salariais entre CEO e trabalhadores são mais acentuadas, segundo uma análise da Bloomberg: em média, o CEO americano ganhava em 2017 cerca de 265 vezes mais do que os trabalhadores. É um rácio superior àqueles que se verificam, por exemplo, na Índia (229) ou Reino Unido (201).

Espanha (143), Alemanha (136) e China (127) fecham o ranking dos 10 países com maiores disparidades, de acordo com a análise da Bloomberg com base nos principais índices bolsistas em 22 países.

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Amazon vai acelerar fusões e aquisições no retalho nacional

Online está a mudar a forma como consumimos e isso vai acelerar movimentos de consolidação no setor do retalho da Península Ibérica, com destaque para a Sonae e Jerónimo Martins, diz o BPI.

A internet está a mudar a forma como os consumidores fazem as suas compras e players como a Amazon vão acelerar movimentos de consolidação no setor do retalho da Península Ibérica, com impacto no negócio da Sonae (Continente) e Jerónimo Martins (Pingo Doce), as duas maiores cadeias de retalho em Portugal, dizem os analistas do CaixaBank BPI.

Numa nota de research publicada esta segunda-feira, com o título “Amazoning the world”, o banco de investimento salienta a força do canal online sobretudo em produtos mais transacionáveis como os eletrónicos de consumo, os livros e o vestuário, enquanto no segmento da alimentação a penetração online é mais reduzida. Ainda assim, o impacto da internet vai colocar pressão na rentabilidade das lojas físicas, que pensam cada vez mais no digital.

Mas há um desafio. “Pensamos que o online vai exigir aos players que ganhem escala para fazer face a estes desafios”, consideram os analistas José Rito e Bruno Bessa. “Os novos competidores online deverão pressionar as margens enquanto o aumento da consolidação entre os produtores tem levado as retalhistas a estabelecer parcerias. Consolidação (no setor) será o próximo passo”, frisam.

Para o CaixaBank BPI, são diferentes as alternativas em cima da mesa para a Sonae SON 0,79% e Jerónimo Martins. Veem a dona do Continente mais ativa em compras na Península Ibérica. Quanto à Jerónimo Martins, uma maior atividade de fusão deverá envolver a Colômbia — onde detém a marca Ara — ou um outro mercado próximo onde a retalhista já está presente — também detém a Biedronka, na Polónia.

“A Sonae tem uma parceira com a Satya (30% atribuível à Sonae) com o objetivo de encontrar potenciais alvos em África. Esta joint venture já assegurou algumas lojas em Moçambique e foi noticiado o seu interesse em alguns ativos no Egito. Adicionalmente, a empresa poderá olhar também para o mercado espanhol”, analisa o banco. Em relação à Jerónimo Martins, “deverá focar o seu poder de fogo na América Latina e Europa de Leste”, acrescenta.

Sonae é a preferida

Entre as retalhistas preferidas pelo CaixaBank BPI continua a Sonae, porque “está mais bem posicionada em termos de online e poderá tirar benefícios de um tendência mais sustentável no segmento alimentar em Portugal”. Neste cenário, o banco de investimento aumentou o preço alvo da Sonae em 15% para 1,50 euros por ação, mantendo a recomendação “comprar”.

“O sentimento dos consumidores tem tocado máximos históricos na Ibéria, acionando as unidades de bens mais transacionáveis da Sonae, nomeadamente de bens eletrónicos”, justificou a equipa do BPI. “A perspetiva deverá permanecer positiva, já que o rendimento disponível continuará a melhorar, com o aumento do salário mínimo, desemprego mais baixo, menos impostos e salários mais altos dos funcionários públicos”, vincou ainda.

Sonae é a retalhista dos olhos do BPI

Nota: A informação apresentada tem por base a nota emitida pelo banco de investimento, não constituindo uma qualquer recomendação por parte do ECO. Para efeitos de decisão de investimento, o leitor deve procurar junto do banco de investimento a nota na íntegra e consultar o seu intermediário financeiro.

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Pedro Soares dos Santos: “Investimos 550 milhões em Portugal em cinco anos”

Pedro Soares dos Santos diz que "acredita em Portugal". Por isso, e depois de muitos milhões investidos no país, diz que quer continuar a fazê-lo. O centro logístico de Valongo é uma prova disso.

A Jerónimo Martins tem investido milhões de euros no seu crescimento, tanto a nível nacional como internacional. Só em Portugal foram investidos 550 milhões de euros nos últimos cinco anos, diz o presidente executivo da dona do Pingo Doce, Pedro Soares dos Santos, na inauguração do novo centro logístico do grupo, em Valongo, que custou 75 milhões.

“Acreditamos no potencial de Portugal. Investimos 550 milhões de euros entre 2012 e 2016”, referiu Pedro Soares dos Santos. “E é um investimento que é feito por uma empresa sem dívida“, salientou, na inauguração do centro logístico localizado no norte do país, que ocupa um espaço de 100 mil metros quadrados, conta com 450 colaboradores diretos e cerca de 300 indiretos, num total de 750.

Continuando na senda dos investimentos, Pedro Soares dos Santos anunciou ainda a construção de uma nova unidade fabril em Valongo. “Vamos abrir uma fábrica de massas frescas aqui [em Valongo]”, frisou o presidente executivo do grupo.

“Para já não temos mais dados sobre este novo investimento que vamos realizar,” disse fonte oficial da Jerónimo Martins, ao ECO. O novo investimento, que ainda não tem data para avançar, deverá ficar dentro do perímetro industrial do centro de logística do grupo, em Alfena no concelho de Valongo, e deve abastecer cerca de 100 lojas, à semelhança do investimento que o grupo tem realizado na Azambuja, numa outra unidade fabril para a produção de massas frescas e que emprega 60 pessoas.

“O maior e mais moderno” centro logístico do grupo, de acordo com a empresa que detém a rede de supermercados Pingo Doce, custou 75 milhões de euros, sendo um exemplo da aposta do grupo em Portugal. “A família [Soares dos Santos] está em Portugal. Queremos crescer em Portugal”, referiu Alexandre Soares dos Santos que abriu a cerimónia da inauguração do centro, que contou com a presença do primeiro-ministro, António Costa.

[Investimentos da Jerónimo Martins] são sinal de confiança no país e na nossa economia

António Costa

Primeiro-ministro

Ainda assim, “vamos expandir nos próximos dois, três anos para outros lugares“, adiantou Soares dos Santos, sem especificar a que geografias se referia.

“A minha família não vende, a minha família está em Portugal, queremos crescer e queremos crescer no mundo,” frisou ainda o patriarca.

António Costa, por seu turno, enalteceu os investimentos realizados pela Jerónimo Martins que classificou como um “sinal de confiança no país e na economia“. Sobre o processo de internacionalização da Jerónimo Martins, Costa frisou que o grupo está presente num mercado de 100 milhões (Portugal, Polónia e Colômbia) mas não desvalorizou o mercado nacional.

“Não temos que escolher entre valorizar o mercado interno ou internacionalizar. Temos de nos internacionalizar sem deixar de valorizar o nosso próprio mercado interno”, disse António Costa.

Nova imagem corporativa da Jerónimo Martins

A empresa de distribuição anunciou também esta manhã, em Valongo, a mudança da imagem corporativa do grupo, numa altura em que celebra 225 anos. A nova identidade foi desenvolvida pela agência britânica The Partners e será utilizada em Portugal, Polónia e Colômbia. A imagem da empresa — que não era alterada há 14 anos, altura em que o grupo estava apenas presente na Polónia — está agora mais focada no universo alimentar.

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Jerónimo Martins inaugura maior centro logístico do grupo em Valongo

  • Lusa
  • 27 Setembro 2017

O centro logístico, localizado no norte do país, ocupa um espaço de 100 mil metros quadrados. Representa um investimento de 75 milhões de euros.

A Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce, inaugura o maior centro logístico do grupo em Alfena, Valongo, um investimento de 75 milhões de euros, numa cerimónia que conta com a presença do primeiro-ministro, António Costa.

O centro logístico, localizado no norte do país, ocupa um espaço de 100 mil metros quadrados, conta com 450 colaboradores diretos e cerca de 300 indiretos, num total de 750.

Este é “o maior e mais moderno” centro logístico do grupo, de acordo com a empresa que detém a rede de supermercados Pingo Doce.

A cerimónia de inauguração contará com a presença do primeiro-ministro, numa altura em que o grupo assinala 225 anos.

Está também prevista uma ação de protesto e denúncia dos trabalhadores do grupo junto ao centro de logística, de acordo com o CESP – Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal.

Em comunicado, o CESP refere que a APED – Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição, da qual a Jerónimo Martins é presidente, e as empresas do setor “insistem na retirada de direitos como condição para aumentar salários e corrigir injustiças”.

O CESP adianta que a APED “põe como condição para a discussão das restantes matérias a aceitação pelos sindicatos da redução da remuneração do trabalho suplementar e maior desregulação dos horários”, apontando que “as empresas apresentam diariamente lucros de milhões, com subidas significativas de vendas”, pelo que “os trabalhadores não aceitam que as injustiças sejam corrigidas à custa dos seus salários”.

Entre outras medidas, o CESP exige aumento de salário para todos os trabalhadores e a correção da carreira profissional dos operadores de armazém e a sua progressão automática até ao nível de operador especializado, equiparado à carreira profissional dos operadores de loja.

Nos últimos cinco anos, o grupo Jerónimo Martins investiu 1.000 milhões de euros em Portugal.

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Resultados aquém do esperado afundam Jerónimo Martins

Lucro da dona do Pingo Doce cresceu menos de 1%, desapontando investidores. Ações registam maior queda em quase três meses.

Jerónimo Martins está a afundar mais de 3% esta quinta-feira na bolsa de Lisboa, isto depois de a retalhista ter apresentado resultados que ficaram aquém do esperado no último trimestre. As ações sofrem a maior queda desde o início do maio.

Com uma queda de 3,45% para 16,77 euros, tratando-se do nível mais baixo dos últimos dois meses, o mercado está a refletir sobretudo as contas que a dona do Pingo Doce apresentou esta quarta-feira. Fechou o primeiro semestre do ano com lucros de 173 milhões de euros, um crescimento de apenas um milhão, ou 0,6%, quando comparado com o período homólogo do ano anterior. Este valor ficou aquém das expectativas dos analistas do CaixaBI, cujas estimativas apontavam para um resultado líquido de 179 milhões de euros.

Alvo de pressão vendedora, mais de 600 mil papéis trocaram de mãos em cerca de duas horas de negociação, um volume que compara com os 750 mil títulos negociados diariamente nos últimos 12 meses.

Jerónimo Martins cai para mínimos de dois meses

Não era só o CaixaBI que esperavam um melhor cenário para a Jerónimo Martins. Também para o BPI Research, “resultados trimestrais ligeiramente abaixo do esperado”.

“Em relação ao EBITDA, as margens ficaram abaixo das nossas estimativas sobretudo devido à Polónia e perdas mais elevadas com os novos negócios. O lucro líquido ficou abaixo das nossas estimativas refletindo também custos não recorrentes em Portugal”, argumentam os analistas do BPI.

E acrescentam: “A Jerónimo Martins tem uma forte operação na Polónia e vamos o crescimento de longo prazo na Colômbia como positivo, mas a avaliação continua esticada. (…) Lucro por ação continua fraco”.

O PSI-20 segue pressionado pela Jerónimo Martins, uma das cotadas com maior preponderância no índice. A bolsa recua 0,18% para 5.260,86 pontos.

"Em relação ao EBITDA, as margens ficaram abaixo das nossas estimativas sobretudo devido à Polónia e perdas mais elevadas com os novos negócios. O lucro líquido ficou abaixo das nossas estimativas refletindo também custos não recorrentes em Portugal.”

BPI Research

Iberian Daily

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Há menos penny stocks na nossa bolsa. E mais ações “caras”

As ações do PSI-20 estão mais caras. Há menos penny stocks portuguesas e cinco títulos apresentam-se com um valor nominal supera os dez euros. E isso é bom e mau ao mesmo tempo.

O que têm em comum Jerónimo Martins, Semapa, Galp, Corticeira Amorim e Ibersol? São empresas que se apresentam na principal montra portuguesa com títulos cotados acima de dez euros. Não há muito tempo o PSI-20 estava carregado com penny stocks. Mas agora o destaque na bolsa são ações com elevado valor nominal. E isso é bom e mau ao mesmo tempo.

Penny stocks são ações cujo valor está abaixo do euro. São ações “baratas” que potenciam a liquidez no mercado. O que é bom para os pequenos investidores. Mas, do outro lado da moeda, estas ações de baixo valor nominal afastam grandes investidores institucionais e cuja ausência em Lisboa se fez sentir em grande medida nos últimos anos de crise económica e financeira no país — e com impacto na delapidação da mercado bolsista nacional. Em casos como o BCP e Banif, a cotação das ações chegaram inclusivamente à quarta casa decimal tão reduzido que era o preço dos seus títulos.

Títulos com um valor nominal mais elevado podem acabar por influenciar o comportamento dos investidores privados“, refere Albino Oliveira, gestor da Patris Investimentos. “A menor proporção de penny stocks no PSI-20 é positiva para o índice, se considerarmos os investidores institucionais que muitas vezes estão constrangidos na sua capacidade de investir nestes títulos”, no caso do investidor privado, uma menor percentagem de penny stocks reduz a oferta de títulos para day-trading“, sublinha a equipa de research do BiG.

As ações mais caras do PSI-20

Fonte: Bloomberg (valores euros)

Esta circunstância tem pesado, na verdade, no volume de negociação em day-trading na bolsa portuguesa. No primeiro trimestre do ano, o volume de ações trocadas no mesmo dia afundou 15,6% no Euronext Lisbon, segundo as estatísticas da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

Ações caras?

É o título mais “caro” do PSI-20. A Jerónimo Martins está atualmente a cotar na casa dos 17,7 euros. Ainda assim, de acordo com o Erste Group, pode valorizar ainda mais nos próximos meses: até aos 20 euros.

A dona do Pingo é um dos cinco títulos com valor nominal acima dos dez euros que atualmente coabitam no PSI-20. São títulos que chamam a atenção dos investidores de peso para a bolsa portuguesa e que olham sobretudo para os fundamentais das empresas cotadas para aferir o nível de atratividade de determinada ação. É aqui que entram indicadores como o Price Earnings Ratio (PER) — rácio do lucro por ação — para avaliar se uma ação está barata ou não.

"A menor proporção de penny stocks no PSI-20 é positiva para o índice, se considerarmos os investidores institucionais que muitas vezes estão ‘constrangidos’ na sua capacidade de investir nestes títulos”, no caso do investidor privado, uma menor percentagem de penny stocks reduz a oferta de títulos para day-trading.”

Equipa de research do BiG

Este rácio lucro por ação é uma ferramenta útil que compara o preço de uma ação, permitindo avaliar quantas vezes o dividendo está refletido na cotação. Ou seja, assumindo que o dividendo se manterá ao longo do tempo, o PER indica quantos anos serão precisos para reaver o dinheiro investido nas ações. Assim, um título com o valor de um euro pode ser mais caro do que outro título cotado nos dez euros se a primeira não distribuir sequer dividendos. Tudo depende da capacidade de gerar lucro para quem detém o título, o acionista.

No PSI-20, as ações que apresentam o PER mais baixo pertencem atualmente à Mota Engil (PER de 7,8) e Sonae (9). Por seu turno, EDP Renováveis e Novabase apresentam os PER mais altos, de 124,1 e 34,6, respetivamente. À luz deste indicador, é mais atrativo investir na construtora e na retalhista do que na empresa de energias renováveis e na tecnológica.

Injeção de liquidez

Para cotadas como a Ibersol e Corticeira Amorim, o elevado valor facial do título poderá estar a revelar-se um mais um empecilho para a criação de liquidez no mercado, dado tratar-se de empresas com baixa capitalização bolsista ou reduzida dispersão de ações no mercado. O caso da empresa que gere franchises na área da restauração como o Burguer King ou Pizza Hut é elucidativo: subiu à principal liga da bolsa em meados de março, mas no mês subsequente pouco negociou.

É difícil de perceber se é o preço de cerca de 17 euros que está a travar a atividade bolsista da Ibersol. Se for, mais complicado ficará se a estimativa do Haitong se concretizar: as ações podem chegar aos 19,5 euros devido ao bom momento económico na Península Ibérica, de acordo com uma nota de research publicada a semana passada.

O requisito da liquidez faz parte das regras da Euronext para uma cotada pertencer ao grupo exclusivo do PSI-20. Com isto, a gestora da bolsa pretende criar condições para a formação de um preço justo dos títulos.

Em teoria, um processo de stock split (de divisão do título por mais títulos) poderia ajudar a tornar as duas cotadas mais atrativas. Mas essa não é a opinião nem de Albino Oliveira nem do BiG. “Para aumentar a liquidez dos títulos, as opções resumem-se à emissão de novas ações (ou seja um aumento de capital) ou à venda da participação de um acionista de referência que distribuiria as suas ações pelo mercado“, diz a equipa de research do BiG.

Albino Oliveira lembra que na Corticeira Amorim, a Amorim International Participations e a Investmarnk Holdings venderam no ano passado um bloco correspondente a 10% do capital do grupo, “o que permitiu aumentar o free float e, consequentemente, a sua liquidez”.

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