Pinho sobre suspeita de corrupção: é “um absoluto disparate”

  • ECO
  • 24 Junho 2017

O antigo ministro das Economia, em declarações o semanário Expresso, diz que não foi constituído arguido nas investigações do Ministério Público ao caso dos CMEC.

Foi no início de junho que a EDP, a EDP Renováveis e a REN foram alvo de buscas por parte da Polícia Judiciária. Em causa estavam suspeitas em torno dos Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual, mais conhecidos por CMEC, que levaram António Mexia, Manso Neto e mais cinco gestores a serem constituídos arguidos.

Uma das linhas da investigação, recorda o Expresso (conteúdo pago), é uma alegada associação entre o financiamento da EDP à Universidade de Columbia nos EUA, que criou um curso sobre energias renováveis ministrado por Manuel Pinho, e as condições que a elétrica garantiu em 2007 na revisão dos CMEC e na extensão (sem concurso) das concessões das suas barragens.

Este sábado, o ex-ministro da Economia, — que diz que não recebeu “nenhuma comunicação formal nem fui constituído arguido” — quebrou o silêncio sobre o caso e sobre as suspeitas de alegada corrupção: “Não sei se existe essa suspeita, mas se existir apenas posso dizer que se trata de um absoluto disparate e que tudo deve ser investigado até ao mais pequeno detalhe, se existirem dúvidas”, refere Manuel Pinho.

O ex-ministro foi ainda questionado sobre se a relação que tinha com António Mexia terá condicionado a sua independência face às pretensões da EDP enquanto foi ministro da Economia. Ao que Pinho responde: “De forma alguma, tanto mais que a escolha do doutor António Mexia foi, como se sabe, da inteira responsabilidade dos acionistas privados, que em final de 2005 reclamaram o direito de nomear o CEO da EDP. Para eles, era o doutor António Mexia e mais ninguém.”

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Bruxelas crítica estudo da REN sobre concessões atribuídas à EDP

  • Lusa
  • 21 Junho 2017

A Comissão Europeia considera que o estudo feito pela REN sobre o cálculo do possível valor económico resultante da extensão das concessões hidroelétricas atribuídas à EDP não respeita as práticas.

A Comissão Europeia considerou que o estudo feito pela REN sobre o cálculo do possível valor económico resultante da extensão das concessões hidroelétricas em 2007, atribuídas pelo Estado português à EDP, não respeita as práticas de mercado.

“A metodologia proposta pela REN não constitui uma prática de mercado”, lê-se num documento alargado hoje publicado por Bruxelas com as justificações para a decisão tomada em meados de maio, quando considerou que a extensão das concessões hidroelétricas à EDP não foi auxílio estatal.

Daí, a Comissão Europeia sublinhou que “o preço da extensão proposto não pode ser aceite”, apresentando um conjunto de razões para esta posição. “A REN aplicou uma única taxa de desconto tanto para o valor residual como para os fluxos de caixa livres. Esta taxa de desconto assume que o CMPC [custo médio ponderado do capital] é dado pelo CMPC da EDP (6,6%). O CMPC deve, no entanto, ter em conta a rendibilidade requerida por um painel de investidores de um determinado setor num determinado país, para um certo tipo de projeto”, destacou.

Mais, segundo Bruxelas, “os CMPC são geralmente calculados com base numa abordagem comparativa (CMPC de atores comparáveis no mercado) e numa abordagem ascendente, envolvendo uma estimativa específica de cada componente do CMPC (beta, prémio de risco de mercado), que não se efetuou no estudo”. Assim, para a Comissão Europeia, “aparentemente o método da REN não aplica a metodologia normalizada geralmente aplicada pelo mercado”.

Além disso, acrescentou, “a avaliação da REN não pôde ser utilizada pelas autoridades portuguesas, devido à sua falta de independência“. Ora, Bruxelas vincou que, de acordo com o quadro normativo português, “o valor da concessão deveria ser determinado com base nas avaliações realizadas por duas instituições independentes, o CSFB [Credit Suisse First Boston] e a Caixa Banco de Investimento [Caixa BI], no caso em apreço, e as suas avaliações foram utilizadas para determinar o valor do preço da extensão”.

Segundo o executivo comunitário, “as avaliações fornecidas pelo CSFB e pela Caixa Banco de Investimento utilizaram uma metodologia adequada”, logo, “a Comissão não tem qualquer motivo para considerar essas avaliações inadequadas para estabelecer o valor de mercado do período de extensão das concessões”.

Em 2007, a REN estimou o valor da extensão da concessão em 1.672 milhões de euros, a Caixa BI apontou para um valor entre 650 milhões de euros e 750 milhões de euros, e o CSFB calculou um valor de 704 milhões de euros. “Em conclusão, após análise cuidadosa, a metodologia utilizada por Portugal para avaliar o preço da extensão pode ser considerada satisfatória”, rematou a Comissão Europeia.

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Mota-Engil atinge máximo de dois anos e meio. PSI-20 contraria Europa

A praça lisboeta subiu ligeiramente, contrariando as quedas generalizadas na Europa. As ações da Mota-Engil valorizaram mais de 10%, compensando as quedas da EDP e Galp.

A construtora nacional subiu em flecha na Bolsa de Lisboa, depois de ter anunciado duas vitórias em concursos de obras em Moçambique e Guiné-Conacri. Os valores envolvidos nos negócios animaram as ações da Mota-Engil que fechou em máximos do início de 2015, segundo os dados da Bloomberg. A praça lisboeta subiu ligeiramente enquanto as praças europeias estão a desvalorizar.

Os títulos da Mota-Engil valorizaram 10,75%, o valor mais alto desde 13 de janeiro de 2015. As ações valem agora 2,66 euros. Os investidores ficaram animados esta quarta-feira depois de a empresa anunciar, um dia antes, que venceu o concurso para fazer obras na Guiné e em Moçambique. Os dois contratos foram avaliados em mais de dois mil milhões de euros.

O PSI-20 valorizou 0,23% para os 5.315 pontos, contrariando as principais praças europeias que estão em queda à espera da decisão da Reserva Federal norte-americana. A expectativa é que Janet Yellen suba a taxa de juro diretora, aumentando novamente o preço do dinheiro. A principal praça, o Stoxx 600, está a desvalorizar 0,3%.

A contrariar a subida exponencial da construtora nacional estiveram as quedas da EDP e da Galp Energia. A elétrica nacional desvalorizou a 1,43% para os 3,17 euros. Já as ações da Galp baixaram 1,55% para os 13,31 euros por título. Entre as quedas esteve também o BCP: as ações do banco desvalorizaram 0,21% para os 23,85 cêntimos.

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Regulador precisa de dados da EDP e REN para fixar rendas

  • ECO
  • 14 Junho 2017

Os ganhos que a EDP obteve com os CMEC vão ser avaliados nas próximas semanas pelo regulador. Mas a ERSE necessita da informação das empresas que regula para definir o valor do ajustamento final.

O Governo quer recuperar o dinheiro pago a mais à EDP nos últimos dez anos. Ganhos que a energética obteve com os contratos CMEC [Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual] e que vão ser avaliados nas próximas semanas pelo regulador do setor. O problema está no facto de a ERSE necessitar da informação das empresas que regula para calcular o valor final das rendas.

O Público avança que estes dados que serão usados pela ERSE serão os mesmos que sempre têm sido usados para calcular as compensações à EDP na última década. Valores que são transmitidos pela empresa liderada por António Mexia e pela REN. O jornal explica que a fórmula dos contratos contém uma parcela fixa e uma de acerto que é calculada anualmente. Mas o decreto-lei que deu origem a estes cálculos define que o ajuste anual deveria, ao fim de dez anos de contrato, dar lugar a um ajustamento final.

O Orçamento de Estado, para além de ter transferido para a ERSE a responsabilidade de calcular este ajuste final, definiu que o regulador da energia deverá entregar ao Governo este estudo “até ao final do primeiro semestre de 2017”. Mas este prazo não será cumprido porque, segundo reconheceu a ERSE ao Público, não respeita o que ficou previsto no decreto-lei de 2004.

A decisão da ERSE é relevante na medida em que será esta que vai determinar quem fica a ganhar: a EDP ou os consumidores. Caberá ao regulador definir quanto é que os consumidores terão de pagar à empresa ou se, pelo contrário, será a EDP a compensar o sistema elétrico.

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EDP tem maior queda num mês. Lisboa cai

O setor energético penalizou a praça lisboeta no começo desta semana. A EDP não desvalorizava tanto praticamente há um mês. BCP e Pharol subiram.

As ações da EDP EDP 0,00% desvalorizaram 3% na primeira sessão desta semana, uma queda até mais expressiva do que a registada quando foram realizadas buscas na sede da empresa que viu o seu presidente executivo ser constituído arguido. As cotadas do setor energético acabaram por arrastar o PSI-20 PSI20 0,00% para um resultado negativo. Em sentido contrário estiveram as ações do BCP.

EDP perde 3% na pior sessão num mês

Desde 15 de maio que os títulos da elétrica nacional não caíam tanto. As ações da EDP — empresa liderada por António Mexia, que é arguido no caso dos CMEC — tombaram 3,09% para os 3,17 euros por título. A descida foi acompanhada pelas restantes elétricas cotadas: a EDP Renováveis EDPR 0,00% caiu 0,27% para os 6,95 euros por ação, a Galp Energia GALP 0,00% desvalorizou 0,26% para os 13,50 euros por título e a REN RENE 0,00% baixou 1,53% para os 2,83 euros por ação.

O setor energético acabou por penalizar os resultados da praça lisboeta que, depois de ter fechado a semana passada em terreno positivo, voltou a desvalorizar esta segunda-feira. O PSI-20 caiu 0,77% para os 5.258 pontos. O índice português seguiu a trajetória de queda das praças europeias: o Stoxx 600 desvalorizou 0,94%.

As subidas do BCP e da Pharol PHR 0,00% (que ganhou 1,69% para 30 cêntimos) não foram suficientes para evitar a queda do PSI-20. O banco liderado por Nuno Amado valorizou 1,36% para os 23,8 cêntimos, seguindo a trajetória da sexta-feira passada em que o BCP subiu 4,59% – a maior subida desde 4 de maio. Esta segunda-feira o banco revelou, em comunicado enviado à CMVM, que o Norges Bank reforçou a sua posição. Detém agora uma participação de 2,645% no capital social do BCP.

Ainda na banca, o BCP é visto como o plano B para o Montepio caso a Misericórdia de Lisboa não avance. Os investidores estão neste momento expectantes face à entrada de um novo acionista e também na transformação das unidades de participação em ações, com a passagem a sociedade anónima. Depois das desvalorização da semana passada, as unidades de participação do Montepio MPIO 0,00% subiram 1,27% esta segunda-feira para os 47,9 cêntimos.

A penalizar a bolsa lisboeta estiveram ainda as ações dos CTT, da Mota Engil e da Navigator. O banco dos correios anunciou esta segunda-feira que cortou o spread da casa.

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António Costa diz que EDP está hostil ao Governo

  • Margarida Peixoto
  • 8 Junho 2017

O primeiro-ministro fez questão de vincar a conflitualidade entre o Governo e a EDP e acusou mesmo as empresas do setor energético de terem manhas para contornar a lei.

A EDP passou de uma posição dócil para uma posição hostil ao Governo“, disse o primeiro-ministro, António Costa, esta quinta-feira no debate quinzenal, na Assembleia da República. O chefe do Governo acusou ainda as empresas energéticas de terem “manhas” para contornar os quadros regulatórios e contratuais, “com a cobertura das entidades reguladoras”.

Com a investigação do Ministério Público ao regime dos Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMECs) da EDP como pano de fundo — no âmbito da qual já foram constituídos arguidos António Mexia e João Manso Neto, entre outros — as rendas excessivas do setor da energia marcaram o debate quinzenal. Heloísa Apolónia, dos Verdes, foi quem colocou a questão de forma mais direta a António Costa e perguntou-lhe “qual é o plano” do Governo para lidar com este problema.

O primeiro-ministro foi respondendo que os custos da energia aumentaram menos este ano e que o Executivo tomou medidas para baixá-los. Reconheceu que o atual quadro regulatório não é satisfatório e que deve ser revisto. E acrescentou que à medida que os contratos forem expirando, será possível renegociar as condições.

Para além da energia, também a banca marcou o debate. O primeiro-ministro adiantou que a solução para o malparado dos bancos já foi apresentada pelo Governo às instituições financeiras, numa reunião que decorreu esta segunda-feira. Os bancos deverão agora dar parecer sobre a solução encontrada.

Já sobre o tema da Educação, que tinha sido escolhido pelo Executivo para este debate, o primeiro-ministro reafirmou a intenção de reduzir o número de alunos por turma. Além disso, reafirmou a vontade do Governo de chegar a um entendimento com os professores, de forma a evitar que a greve prevista para o dia 21 se concretize. “Se pudermos chegar a acordo, é sempre melhor do que o conflito”, disse, mas se não for possível, “faz parte da vida”, rematou, adiantando que nesse caso serão requisitados serviços mínimos, nos termos da lei, para assegurar a realização dos exames nacionais.

O Governo ouviu ainda um aviso por parte do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, a propósito da situação dos transportes públicos. “A dialética tem este sentido: o que era verdade ontem pode não ser verdade amanhã. E o quadro de esperança que se abriu precisa de ser mantido para que esta dialética não se concretize”, frisou o líder dos comunistas.

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Investigação passa fatura. EDP perde 500 milhões em bolsa

A EDP está a ser castigada pelas suspeitas de corrupção. As ações da elétrica liderada por António Mexia têm vindo a perder valor, registando uma desvalorização de mais de 500 milhões de euros.

A Energias de Portugal (EDP), bem como a EDP Renováveis e a REN, foram alvo de buscas. Em causa estão suspeitas em torno dos Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual, mais conhecidos por CMEC, que levaram António Mexia e Manso Neto a serem constituídos arguidos. Suspeitas que ainda são apenas isso, mas que estão já a passar fatura em bolsa. A elétrica está a perder valor.

Os títulos da EDP, que já tinham terminado a semana com uma queda superior a 1%, acentuaram a tendência negativa, registando uma descida de quase 4,5% que está a condicionar o comportamento da bolsa nacional: o PSI-20 está a perder 1%. É uma queda que se traduz num saldo negativo de 533,8 milhões de euros. Só nesta sessão o valor de mercado encolhe 373 milhões para 11.474 milhões, ainda assim a empresa mais valiosa do PSI-20.

Valor de mercado da EDP em queda

Fonte: Bloomberg

Esta queda traduz os receios dos investidores devido à investigação. Não só pelo impacto em termos reputacionais, como em termos de gestão, já que naturalmente poderá haver uma perda de foco da administração da empresa. Mas também, diz o Haitong, resulta dos receios em torno de eventuais custos associados à investigação aos CMEC.

A “questão-chave para os investidores” é se a EDP será forçada a dar algum tipo de compensação pelos ganhos excessivos com os CMEC no passado ou irão sentir algum impacto no fecho do valor dos CMEC, que ainda está a ser finalizado? São questões levantadas pelo Haitong que ajudam a explicar o comportamento negativo registado pela EDP.

“Em relação à devolução de ganhos passados, consideramos que é improvável já que para que isso aconteça terá de se provar que o aumento dos preços não estava correto (na altura da decisão quanto ao valor, os preços da energia estavam a aumentar) ou que o valor da extensão das concessões hidroelétricas foi feito a um valor injustificadamente baixo para a EDP”, diz o Haitong, salientando que “não será fácil provar-se isso”.

“Onde vemos alguns riscos de curto prazo é na definição do valor final dos CMEC já que a posição negocial da EDP será, agora, mais fraca tendo em conta a probabilidade de uma posição mais dura por parte das entidades envolvidas”, ou seja, a ERSE e o Governo, conclui o analista Jorge Guimarães.

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Cenário de impeachment de Temer pressiona ações europeias

Brasil mergulhou numa nova crise política. O Presidente Temer terá subornado Eduardo Cunha, que desencadeou o impeachment de Dilma. Cotadas com exposição ao mercado brasileiro em queda.

Caso que envolve Temer está a arrasar confiança dos investidores.Fotomontagem: Raquel Sá Martins

O Brasil está mergulhado numa nova crise política, depois das notícias sobre o envolvimento do Presidente, Michel Temer, num esquema de corrupção que envolve Eduardo Cunha, o antigo presidente do Congresso brasileiro que desencadeou o processo de impeachment de Dilma Rousseff, no ano passado. Aumentam os protestos nas ruas contra o Presidente. E as ações europeias expostas ao mercado brasileiro, casos do banco espanhol Santander ou das energéticas portuguesas Galp e EDP, estão em forte queda.

De acordo com a imprensa brasileira, existe uma gravação secreta que mostra Michel Temer a aprovar um pagamento “para comprar o silêncio de Cunha” e que já chegou às mãos do Supremo Tribunal Federal. Esta gravação é comparada a “bomba atómica” com um poder de destruição maior do que as denúncias feitas pela construtora Odebrecht no caso Lava-Jato.

De acordo com o jornal O Globo (acesso livre / conteúdo em português), foram os donos de uma produtora de proteína animal, a JBS, quem entregou no tribunal uma gravação em que Michel Temer terá autorizado o pagamento de uma mesada a Eduardo Cunha para se manter calado na prisão. “Tem que manter isso, viu?”, terá dito Temer nas gravações, citado pel’O Globo.

O Presidente brasileiro já veio desmentir as informações, afirmando que “jamais” solicitou pagamentos para comprar o silêncio de Cunha, mas as revelações estão a provocar uma nova onda de protestos no Brasil e a arrasar confiança dos investidores. Os deputados da oposição já pediram a demissão de Temer.

Galp sob pressão

As ações de cotadas europeias com elevada exposição ao mercado brasileiro estão sob intensa pressão vendedora esta quinta-feira. O banco espanhol Santander está a cair 4,78% para 5,67 euros. As operadoras de telecomunicações Telefonica (dona da Vivo) e a Telecom Italia cedem mais de 2%. Em Portugal, Galp e EDP perdem 3% e 0,55%, respetivamente.

O real brasileiro está “sob o risco de mais penalizações” com a evolução do escândalo político durante o dia de hoje, referiu Jameel Ahmad, analista da FXTM. “O timing desta notícia não podia ser mais inapropriado, considerando a incerteza no mercado que vem dos EUA”, acrescentou.

“O enfraquecimento dramático do governo deverá, no mínimo, adiar as reformas no mercado de trabalho e no sistema de pensões”, comentava a consultora Arko Advice.

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EDP dá jackpot. Chineses encaixam 170 milhões em dividendos

A elétrica liderada por António Mexia destacou o dividendo. São 19 cêntimos por ação, num total de 690 milhões. Os chineses são os que recebem a maior "fatia" do prémio da EDP.

A Energia de Portugal (EDP) vai começar a pagar o dividendo relativo aos resultados do ano passado. São, ao todo, 690 milhões de euros — a EDP lucrou 961 milhões — que chegam nos próximos dias às contas dos acionistas da elétrica nacional, com grande parte destes milhões a saírem do país. Qual é o destino? A China recebe um quarto do total.

A China Three Gorges, a maior acionista da elétrica liderada por António Mexia, é quem fatura mais com o jackpot dos dividendos da EDP. A posição de 21,35% no capital, representativa de 780 milhões de ações, vai permitir encaixar 148,3 milhões de euros com o dividendo de 19 cêntimos por ação que foi aprovado pelos acionistas da cotada portuguesa.

Mas o “bolo” da China com os dividendos da EDP não se fica por aqui. Engorda para 169,3 milhões com os quase 21 milhões de euros que serão depositados na conta da CNIC Co., referente à posição de pouco mais de 3%.

Estrutura acionista da EDPEDP

Logo a seguir à China surgem os EUA como destino dos milhões que vão levantar voo da elétrica. A Capital Group, que detém mais de 14%, prepara-se para receber 97,8 milhões de euros, enquanto a BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, encaixará mais 34,7 milhões para entregar aos seus investidores. O total é de 132,5 milhões.

Espanha fecha o pódio com quase 50 milhões de euros referentes aos 7,2% da Oppidium. Para os Emirados Árabes Unidos vão mais 28 milhões, 16,5 para a Argélia e 15,7 para o Qatar. A Noruega, através do Norges Bank, o maior fundo soberano do mundo, vai encaixar 14 milhões de euros com os dividendos da empresa portuguesa.

Quem também “comprou” o bilhete premiado dos dividendos da EDP foi o BCP, tanto o banco como o fundo de pensões da instituição liderada por Nuno Amado. Vai receber quase 17 milhões de euros.

Estes grandes investidores vão encaixar um total de 443 milhões de euros, o equivalente a 64% do total a distribuir pela empresa. O remanescente vai para outros investidores, muitos deles pequenos aforradores que mantêm ações da EDP em carteira. Este ano, essas ações estão a oferecer um retorno de 7,3%, isto mesmo contando com a queda resultante do destaque do dividendo.

Os títulos da EDP estão a apresentar uma queda de 5,64% para 3,11 euros no dia em que se procede ao destaque da remuneração acionista da cotação das ações — o dividendo começa a ser pago a 17 de maio. Esta queda, técnica, está a pesar no comportamento do índice nacional que, ainda assim, mantém um bom desempenho no acumulado do ano: sobe mais de 11%.

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AdC multa EDP e Sonae em 38,3 milhões. Elétrica avança para tribunal

A Autoridade da Concorrência multou a EDP e a Sonae por práticas anti-concorrências na campanha comercial "Plano EDP Continente", que decorreu em 2012. Ambas as empresas contestam decisão.

A Autoridade da Concorrência (AdC) condenou várias empresas do grupo EDP e da Sonae ao pagamento de coimas no valor de 38,3 milhões de euros pela realização de um pacto de não-concorrência, no âmbito da parceira criada com a campanha comercial “Plano EDP Continente”, que decorreu em 2012.

Argumenta a AdC que “por força do referido pacto, a EDP e a Sonae comprometeram-se a não entrar nos respetivos mercados, nomeadamente, vinculando a Sonae a não concorrer na comercialização de energia elétrica, em Portugal continental, pelo período de dois anos”.

Em reação, tanto a EDP como a Sonae já vieram contestar a decisão divulgada esta sexta-feira para autoridade responsável pela defesa da concorrência no mercado.

“A decisão da AdC e os respetivos fundamentos encontram-se em análise pelo Grupo EDP, que não deixará de se socorrer dos meios legais ao seu dispor para salvaguardar os seus direitos, salientando-se desde já que a mesma será objeto de recurso junto do Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão pela clamorosa injustiça que representa, conjugada com os graves erros que lhe estão subjacentes”, adiantou a elétrica liderada por António Mexia.

Do lado da Sonae é salientada a segurança absoluta de que as suas participadas não adotaram “qualquer comportamento ilícito ou minimamente censurável face às leis da concorrência ou quaisquer outras, e, antes pelo contrário, ter dado um impulso significativo à concorrência no setor elétrico e à transferência de valor para os consumidores”

A Lei da Concorrência proíbe expressamente os acordos entre empresas que, tendo por objeto restringir, de forma sensível, a concorrência no todo ou em parte do mercado nacional têm, pela sua própria natureza, um elevado potencial em termos de efeitos negativos, reduzindo o bem-estar dos consumidores e prejudicando a competitividade das empresas e a economia como um todo.

"Por força do referido pacto, a EDP e a Sonae comprometeram-se a não entrar nos respetivos mercados, nomeadamente, vinculando a Sonae a não concorrer na comercialização de energia elétrica, em Portugal continental, pelo período de dois anos.”

Autoridade da Concorrência

Comunicado

A AdC explica que o processo teve origem em denúncias de consumidores, tendo a prática ocorrido no contexto da liberalização da comercialização de energia elétrica e de gás natural em Portugal, “momento de particular importância para a concorrência no setor”, sublinha a entidade liderada por Margarida Matos Rosa.

O grosso da multa é aplicado ao grupo EDP. A EDP Comercial é multada em 25,8 milhões de euros e a EDP é multada em 2,9 milhões. Do lado da Sonae, a Sonae Investimentos e o Modelo Continente Hipermercados recebem coimas de 2,8 milhões e 6,8 milhões, respetivamente. A Sonae MC também foi condenada pela prática da infração, mas não foi possível fixar coima em virtude da inexistência de volume de negócios.

(Notícia atualizada às 16h49)

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Pharol e EDP cimentam máximos anuais da bolsa

PSI-20 cimenta máximos de mais de um ano com Pharol e EDP a brilharem na bolsa, contrariando o sentimento mais tímido na Europa.

Lisboa voltou a distinguir do cenário europeu com ganhos acima dos 0,5%, num desempenho para o qual contribuíram sobretudo Pharol e EDP e que permitiu à bolsa nacional cimentar máximos de mais de um ano.

O PSI-20, o principal índice português, fechou em alta de 0,52% para 5.144,84 pontos, mantendo-se em máximos desde março do ano passado. A Pharol voltou a disparar: somou mais 10,51% para os 0,31 euros, depois de a Orascom ter anunciado que vai prolongar a sua proposta sobre a Oi. A EDP, que presta contas ao mercado, também avançou 1,49% para 3,13 euros. Já após o fecho mostrou as contas trimestrais.

No total, foram as 14 cotadas que encerraram acima da linha de água, com nota de destaque ainda para a Nos (+0,78%) e Jerónimo Martins (+0,79%). No caso da retalhista dona do Pingo Doce, a evolução positiva surge depois do destaque do dividendo ocorrido na sessão desta terça-feira e que levou a uma penalização na cotação de cerca de 2%.

EDP liga a luz no PSI-20

A impedir maiores ganhos estiveram sobretudo a EDP Renováveis, que viu as receitas aumentarem mas os lucros encolheram no primeiro trimestre, e a Galp. As ações de ambas as energéticas cederam em torno dos 0,8%.

“O mercado nacional encerrou em alta, demonstrando assim uma overperformance face às praças europeias”, referiram os analistas do BPI no Comentário de Fecho. “As bolsas europeias negociaram em ligeira baixa, com os investidores a reagirem aos resultados empresariais divulgados e a aguardarem pela reunião da Reserva Federal nos EUA”, acrescentaram.

De facto, os principais mercados no Velho Continente apresentaram-se em terreno misto no encerramento. O índice de referência europeu Stoxx 600 cedeu ligeiros 0,11%. Por outro lado, o DAX 30 alemão fechou em alta de 0,12%.

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Acionistas americanos contestam preço da OPA à EDP Renováveis

  • ECO
  • 25 Abril 2017

MFS Investments considera que o preço que a EDP quer oferecer aos acionistas minoritários da EDP Renováveis de 6,8 euros por ação não é justo e deve ser revisto em alta.

A gestora de ativos norte-americana, MFS Investments considera que o preço que a EDP quer oferecer aos acionistas minoritários da EDP Renováveis (6,8 euros) não é justo. Numa carta enviada, no final da semana passada à administração da EDP, considera que existem condições para melhorar a oferta, avança o Público (acesso condicionado).

Em causa está a operação lançada pela EDP para adquirir 22,5% da unidade de energias renováveis que ainda não controla e não convence nem os acionistas minoritários da EDP Renováveis nem os analistas. Mas o presidente da EDP, António Mexia, insiste que não irá rever.

De acordo com a missiva enviada à equipa de gestão, a que o Público teve acesso, a MFS Investments, que representa clientes com 35,5 milhões de ações da EDP Renováveis, ou seja, 4% do capital e direitos de voto da empresa, defende que como a EDP Renováveis entrou em bolsa a valer oito euros, o preço que agora é oferecido não reflete a capacidade de crescimento no longo prazo.

“Acreditamos que a cotação tem ainda de recuperar de alguma incerteza relativa à política de renováveis norte-americana”, afirma a carta assinada pelos gestores, Maura Shaughnessy e Claud Davis, citada pelo Público. Recorde-se que Maura Shaughnessy já tinha confrontado António Mexia, durante a conferece call onde explicou a operação, com o preço oferecido na OPA. Um preço que considerava baixo.

Na mesma carta, a gestora de ativos defende que o valor justo das ações da EDP Renováveis deve ser calculado com base no valor dos ativos e a geração de cash-flow.

Tal como o ECO já explicou a oferta que está em cima da mesa deixa implícita uma avaliação da EDP Renováveis em torno de um milhão de euros por megawatt (uma métrica industrial utilizada pelo mercado para calcular o valor de empresas). Mas este é um valor claramente abaixo da avaliação pressuposta no último negócio da empresa, realizado há um mês. Em fevereiro, a EDP Renováveis vendeu um conjunto de ativos a China Three Gorges por 242 milhões de euros, o que conferia à subsidiária da EDP um valor de mercado de 1,7 milhões de euros por megawatt, segundo as contas do CaixaBI. Ou seja, há uma diferença de avaliação de 70% entre as duas operações.

Além disso, a contrapartida fica abaixo do preço da Oferta Pública de Venda (OPV), em 2008, onde os investidores pagaram oito euros na operação que levou a EDP Renováveis para a bolsa. Quem comprou na OPV, ficará a perder dinheiro se vender agora, dado que os dividendos distribuídos ao longo dos últimos nove anos totalizam os 21,16 cêntimos (2016 incluído).

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