Novo Banco oferece cash para comprar três mil milhões de dívida

É o passo que faltava para completar a venda do Novo Banco. A instituição vai avançar com uma oferta em dinheiro para comprar obrigações seniores. Quer poupar 500 milhões de euros.

O Novo Banco já apresentou aos obrigacionistas seniores a proposta de troca de dívida para que o banco possa conseguir uma almofada adicional de capital, de 500 milhões de euros.

Ao contrário do que chegou a ser aventado, não haverá uma troca de obrigações por outras (de menor valor, ou menor cupão), mas sim por dinheiro. Ou seja, os obrigacionistas vão receber cash em troca da dívida detida, sendo que as obrigações serão avaliadas ao preço a que estão no mercado.

“A oferta prevê a compra de todas as obrigações referentes a 36 emissões do Novo Banco, é uma oferta com contrapartida em cash, proporcionará aos seus detentores um preço alinhado com o mercado e é acompanhada por uma operação de solicitação de consentimento de reembolso antecipado (consent solicitation)“, diz o banco em comunicado.

Esta ‘consent solicitation’ deverá implicar a convocação de uma assembleia geral de obrigacionista em que é necessária a aprovação de 75% dos obrigacionistas. Neste cenário, a oferta será válida para 100% dos credores. Se houver um nível de aceitação inferior aos 75%, a oferta não será geral, mas o banco terá de fazer contas para aferir se consegue amealhar a poupança pretendida de 500 milhões de euros.

Qual é o preço de recompra?

“A opção pela solução em ‘cash’ torna mais simples e percetível a contrapartida e mais ajustada aos investidores institucionais e de retalho”, afirma o banco liderado por António Ramalho, acrescentando que “para os clientes do banco que optem pela venda ou que sejam reembolsados serão disponibilizados depósitos a prazo com condições específicas”.

O Novo Banco diz que a operação “segue os preços de mercado, ligeiramente acima do valor médio verificado no ultimo ano”. Ou seja, quem comprou e ainda detém obrigações ao par poderá perder dinheiro, perda que poderá ser menor para os que adquiriram os títulos em mercado já que estavam a negociar na generalidade com desconto.

A oferta arranca esta terça-feira e termina a 2 de outubro de 2017, com liquidação prevista a 4 de outubro de 2017.

Num comunicado publicado no site da CMVM, o banco elenca as 36 series de obrigações e a respetiva contrapartida ou valor de reembolso antecipado. Clique aqui para consultar o preço que será oferecido por cada uma das séries.

E a condição de sucesso da oferta?

Para assegurar o sucesso da operação, o Novo Banco revela que “deverá obter a participação de obrigacionistas que permitirá o reforço dos capitais próprios em, pelo menos, 500 milhões de euros, quer por poupança de juros quer por ganhos de capital”.

Esta é umas das condições que têm de ser preenchidas para que o Lone Star possa concretizar a compra da instituição bancária. Os norte-americanos acordaram a compra de 75% do capital do Novo Banco e comprometeram-se a injetar mil milhões de euros para reforçar os capitais. Capital que será reforçado em mais 500 milhões de euros caso os obrigacionistas do Novo Banco aceitem a proposta agora posta em cima da mesa.

Isso mesmo confirma o banco em comunicado à CMVM: “Esta operação é uma das condições precedentes para a concretização da venda à Lone Star que, nos termos do acordo de compra e venda, irá realizar injeções de capital no Novo Banco no montante total de 1.000 milhões de euros (incluindo 750 milhões de euros no momento da conclusão da operação e 250 milhões de euros no prazo de até três anos) e adquirir 75% do capital social do, mantendo o Fundo de Resolução 25% do capital”

A operação abrange 36 séries de obrigações, com maturidades entre 2019 e 2052, “no valor nominal global de 8,3 mil milhões de euros, correspondente a cerca de 3 mil milhões de euros de passivo contabilístico”.

O banco recorda ainda que “em 2016, enquanto a dívida do grupo relativa a obrigações seniores representava menos de 10% do total do passivo do Novo Banco, a mesma representava cerca de 40% dos juros e custos do passivo financeiro”.

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Wall Street fecha misto. Cotadas tecnológicas sobem

O Nasdaq subiu esta segunda-feira, antes da Alphabet (Google) divulgar os resultados. Wall Street fechou misto com o encontro da Fed à vista. Dow Jones e S&P 500 fecharam em terreno negativo.

As cotadas tecnológicas foram as estrelas de um dia misto em Wall Street. O Nasdaq fechou com um recorde enquanto aguardava bons resultados vindos da Alphabet, a dona da Google, o que se veio a confirmar com a divulgação dos números após o fecho dos mercados. Numa semana marcada pela decisão da Fed quanto à taxa de juro e mais resultados de cotadas, tanto o Dow Jones como o S&P 500 registaram quedas.

A Alphabet, dona da Google, divulgou esta segunda-feira os seus resultados. Segundo a Bloomberg, os resultados do segundo trimestre superaram as expectativas do mercado. Estas boas notícias deverão refletir-se esta terça-feira nos mercados, mas já nesta primeira sessão da semana as ações da empresa valorizaram 0,59% para os 999,655 dólares. O efeito positivo nas outras cotadas tecnológicas levou o Nasdaq a valorizar 0,36% para os 6.410,81 pontos, contrariando a tendência de Wall Street.

Em sentido contrário, o índice Dow Jones caiu 0,31% para os 21.513,17 pontos. A acompanhar a tendência, mas por pouco, esteve o S&P 500 com uma desvalorização de 0,09% para os 2.470,93 pontos.

Esta semana vai ser marcada ainda pelo início do encontro com os governadores da Reserva Federal na terça-feira. Na quarta-feira, Janet Yellen comunica as decisões do conselho que, pelas últimas minutas, serão de continuar a aumentar a taxa de juro. Além da Alphabet, também a Amazon e o Facebook apresentam resultados no final da semana.

Além da tecnologia e da Fed, também o setor da energia vai estar sob foco. A OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) esteve reunida esta segunda-feira na Rússia. Depois de o preço do barril ter recuperado, a notícia de que as reservas norte-americanas não param de aumentar levaram a uma queda da cotação. Neste início de semana, tanto o Brent como o WTI EUA estão a recuperar com ganhos superiores a 1,2%.

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Primeiros moradores do Hub do Beato mudam-se até fim de 2018

Projeto alemão Factory é um dos que vai para o antigo armazém da manutenção militar. Startup Lisboa, responsável pelo projeto, será outro dos futuros 'moradores' do Hub Criativo do Beato.

Hub Criativo do Beato conta com espaço de cerca de 35.000 metros quadrados.Câmara Municipal de Lisboa

Mais de um ano depois de terem sido assinados os primeiros protocolos, o Hub Creativo do Beato dá esta terça-feira a conhecer os primeiros ‘moradores’ da antiga fábrica da manutenção militar que, se tudo correr bem, deverão mudar-se para o completo até ao final de 2018. A Factory, projeto berlinense liderado por Simon Schaefer — diretor da Startup Portugal que o ECO entrevistou em primeira mão — e a Startup Lisboa (uma parte da incubadora que vai assegurar que as startups podem crescer em número de colaboradores sem saírem do mesmo lugar), sabe o ECO, são dois dos primeiros residentes do hub que pretende ser um polo atrator da cidade para as indústrias criativas e empreendedoras a nível internacional.

A 17 de junho de 2016, Miguel Fontes, diretor da Startup Lisboa, dizia que aquele era “o primeiro dia deste projeto”. Não era para menos: é que a Câmara de Lisboa e os parceiros queriam transformar o sítio onde antes se guardava material de guerra num dos mais inovadores e criativos polos de Portugal e um dos mais significativos da Europa.

Esta terça-feira, a Câmara Municipal de Lisboa e a Startup Lisboa apresentam publicamente o projeto Hub Criativo do Beato. Fernando Medina e Miguel Fontes estarão presentes, assim como alguns dos primeiros ‘ocupantes’ do hub que, mais do que agregar peças já existentes do ecossistema, pretende atrair players de fora que tencionem mudar-se ou abrir escritórios em Lisboa. Incubadoras, aceleradoras, gabinetes de inovação de entidades corporate ou até startups para quem o espaço da Startup Lisboa já não é suficiente são algumas das apostas da entidade gestora do espaço. Mas há mais.

1ª tarefa: encontrar uma visão

Na altura em que a cedência do espaço foi anunciada, pouco se sabia sobre o projeto. De imediato, a Câmara de Lisboa entregou a gestão e o planeamento do Hub Criativo do Beato à Startup Lisboa, a incubadora da cidade que trabalha em estreita relação com a autarquia. “Sabíamos que este projeto não podia esgotar-se no espaço”, conta Miguel Fontes, em entrevista ao ECO. Por isso, todo o processo foi direcionado para ouvir o maior número de opiniões e perspetivas possível, sem nunca deixar de observar projetos do mesmo género, um pouco por todo o mundo.

Não podia ser um espaço onde só entrassem startups.

Miguel Fontes

Startup Lisboa

“O primeiro ponto foi a ideia de um hub que agregasse os players sob quatro eixos fundamentais: o próprio empreendedorismo, indústrias criativas, inovação e conhecimento e, por último, startups e global companies“, enumera. Vejamos ao pormenor cada um dos quatro eixos:

  1. Empreendedorismo: inclui coworks, incubadoras, aceleradoras com presença física no Beato.
  2. Indústrias criativas: negócios e indústrias ligadas a áreas como a moda, a música, a publicidade, o vídeo ou a arquitetura, entre outras.
  3. Inovação e conhecimento: captar para o Beato centros específicos de competências, inovação e desenvolvimento e equipas corporate ligadas à inovação que possam estar interessadas em ficar mais perto do ecossistema.
  4. Startups e global companies: de maneira a posicionar Lisboa como uma cidade de referência para empresas que queiram expandir as suas áreas de negócio e os mercados onde atuam.
Hub Criativo do Beato vai ter museus, espaços de exposições, auditórios, espaço de restauração, lavandaria e supermercado.

Uma cidade lá dentro

O Hub Criativo do Beato, localizado nas antigas instalações da Manutenção Militar – ala Sul, um antigo complexo fabril do Exército Português que conta cerca de 20 edifícios, 35 mil metros quadrados, vai ter espaços localizado na freguesia do Beato, e “pretende-se que contribua para a reabilitação urbana da área e para a criação de emprego e atração de empresas com foco na inovação e empreendedorismo”.

A primeira vez que se falou no projeto foi a 9 de maio de 2016, dia em que as Finanças e a Defesa Nacional cederam o espaço à Câmara Municipal para a implantação de um novo hub empreendedor e criativo na cidade. O espaço, arrendado por mais de 7,1 milhões de euros por um prazo máximo de 50 anos, foi apresentado em junho do ano passado. Em junho, dava-se a apresentação pública do espaço. Agora, mais de um ano depois, a apresentação do projeto desenvolvido pela Startup Lisboa em conjunto com os parceiros e com a Câmara da cidade.

“O HCB vai ser um espaço de acesso público, aberto à comunidade, mas não queremos que agrida a realidade do Beato e de Marvila”, explica Miguel Fontes, sobre as linhas mestras do projeto. Por isso, além dos espaços criativos e para as empresas que integrem o espaço, o Hub Criativo do Beato vai ter outros elementos que farão o espaço viver por si. No plano estão, por isso, espaços de restauração, auditórios e espaços de exposição, lavandaria, supermercado e espaços de experimentação, de maneira a que o Hub “não seja um agregador mas um fator de atração”.

Projeto do Hub Criativo do Beato.D.R.

O espaço exterior será livre de carros, family friendly e com vários espaços chill out, que assegurarão a dinamização do espaço para além do horário de trabalho, funcionando como uma mais valia na atração da população para aquela zona da cidade.

"Quisemos fazer de tudo para fugir à ideia de um centro de escritórios.”

Miguel Fontes

Startup Lisboa

Tal como foi anunciado logo no início do processo, todas as obras de infraestruturas nas zonas comuns ficarão a cargo da Câmara de Lisboa, sendo os projetos e as obras no interior dos edifícios da responsabilidade das empresas que ocuparão os espaços. Assim, “o hardware”, como lhe chama Miguel Fontes — a rede de wi-fi, rede de esgotos, arruamentos e outros processos — são da responsabilidade da autarquia. Por outro lado, o “software” — a reabilitação dos espaços — vai ser feito pelos “ocupantes” que terão direito a um “período de carência” enquanto o investimento não tiver sido amortizado.

Recuperação e adaptação dos espaços interiores fica a cargo dos “novos” ocupantes.Câmara Municipal de Lisboa

Miguel Fontes sublinha que, nesta fase, tanto o investimento como a ocupação total dos espaços são muito difíceis de estimar mas acredita que, assim que o espaço esteja “em velocidade de cruzeiro”, será responsável por cerca de 3.000 postos de trabalho.

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Portugal já pagou 60% ao FMI com novo reembolso feito em julho

  • Lusa
  • 24 Julho 2017

O IGCP reembolsou ao Fundo Monetário Internacional (FMI) mais cerca de 1.750 milhões de euros em julho, o que significa que Portugal já pagou 60% do empréstimo daquele credor.

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) “concretizou em junho e julho dois reembolsos antecipados do empréstimo ao FMI no montante de SDR 810 milhões [cerca de 1.000 milhões de euros] e SDR 1.447 milhões [1.750 milhões de euros, respetivamente”, anuncia a agência liderada por Cristina Casalinho no boletim mensal da instituição divulgado esta segunda-feira.

Estes reembolsos correspondem a amortizações de capital que originalmente eram devidas entre junho de 2019 e março de 2020, acrescenta o IGCP, sublinhando que, com estes reembolsos, Portugal pagou já 60% do empréstimo total inicial do FMI.

O reembolso de junho já tinha sido anunciado pelo Ministério das Finanças, sendo que na altura o ministério tutelado por Mário Centeno dava conta de que até ao final de agosto Portugal pretendia reembolsar antecipadamente mais 2.600 milhões de euros ao FMI, antecipando as amortizações do empréstimo que ocorreriam até abril de 2020.

Com o reembolso de cerca de 1.750 milhões de euros anunciado hoje pelo IGCP e perante o compromisso do Governo português, o tesouro deverá pagar antecipadamente mais cerca de 850 milhões de euros até agosto.

Recorde-se que, em junho, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) autorizou o pedido de Portugal para voltar a fazer pagamentos antecipados ao FMI no montante de 9.400 milhões de euros.

Em maio, depois de a Comissão ter recomendado a saída de Portugal do Procedimento por Défice Excessivo (PDE), o Governo português pediu autorização aos seus parceiros europeus para pagar antecipadamente ao FMI quase 10 mil milhões de euros dos empréstimos concedidos durante o programa de assistência financeira.

O pagamento antecipado de empréstimos do FMI necessita do aval dos Estados-membros, pois estes terão que aceitar renunciar a uma cláusula (‘waiver’) nos contratos de empréstimos concedidos no quadro do programa de assistência financeira, que prevê que reembolsos antecipados tenham que ser proporcionais entre todos os credores (e Portugal só tenciona, mais uma vez, pagar mais cedo os empréstimos do FMI).

Segundo o Boletim Mensal do IGCP, Portugal está atualmente a pagar uma taxa de juro de 4,4% sobre o crédito concedido pelo FMI ainda por pagar e a maturidade média final desde a data do desembolso desta dívida é de 6,2 anos.

Estes juros cobrados pelo Fundo são superiores à taxa que Portugal está neste momento a pagar pelos títulos de dívida a 10 anos, que ronda os 3%, o que significa que estes reembolsos antecipados ao FMI geram poupanças nos encargos da dívida pública do país.

Desde que Portugal começou a devolver parte do crédito do FMI antes da maturidade, em 2015, foram já reembolsados mais de 16.000 milhões de euros do envelope total de 26.000 milhões que a instituição liderada por Christine Lagarde concedeu ao país no âmbito do resgate financeiro de 2011.

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O que falta para a TVI ser da Altice?

A dona da Meo ainda não é dona da Media Capital. O negócio tem de passar por vários crivos, até que se garanta que não compromete a concorrência e o pluralismo nos media. O que falta então?

Patrick Drahi, fundador da Altice, e Rosa Cullell, CEO da Media Capital.Henrique Casinhas/ECO

A proposta de compra da Media Capital pela Altice já é pública, uma operação que se realizará por cerca de 440 milhões de euros. Mas a compra ainda está longe ser fechada. A dona da Meo terá como intenção concluir a aquisição da dona TVI até ao final deste ano, mas há muita coisa em jogo, sobretudo no que toca a reguladores. Conheça aqueles que deverão ser os próximos.

A aprovação dos acionistas

É uma mera formalidade, mas tem de ser assim. São os acionistas da Prisa que terão, antes de mais, de dar um parecer favorável a esta venda. A Prisa detém 94,69% da Media Capital, controlando a empresa de forma efetiva. Mas este passo não deverá ser uma barreira. A empresa vê-se a braços com uma dívida elevada e parte dela vencerá já no ano que vem. A alienação da Media Capital tornou-se mais urgente depois de fracassada a venda da editora espanhola Santillana.

Além do mais, a administração da Prisa já terá tido luz verde dos acionistas para negociar ativos, ou o negócio não seria anunciado publicamente da forma que foi. Falta agora saber quando será votado, o que poderá acontecer numa assembleia geral extraordinária marcada para o efeito. Próximo passo.

Os pareceres dos reguladores

O regulador da concorrência

É na Autoridade da Concorrência (AdC) que o processo deverá estacionar durante mais tempo. Por esta altura, o regulador ainda não foi notificado da intenção de compra da Media Capital pela Altice, confirmou o regulador ao ECO, mas não por atraso ou incumprimento, garantiu fonte oficial. No entanto, feita a notificação, que deverá ser anunciada publicamente pela a AdC, o regulador terá de se pronunciar se esta operação de concentração põe em causa os princípios estabelecidos na lei da concorrência e se abre caminho à Altice para exercer algum tipo de abuso de posição dominante nos setores em causa: telecomunicações, media e publicidade.

Para tal, a AdC deverá cruzar a proposta de negócio com o que está escrito na lei e tem o direito a consultar pessoas ou empresas “cujas declarações considere pertinentes”. Em traços gerais, poucos são os limites do regulador para agregar toda a informação que lhe permita tomar uma decisão final: aprovar ou rejeitar o negócio.

O regulador dos media

Mas não será a AdC a constituir perigo para a Altice. Debaixo deste leque está a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), o regulador dos media ao qual a AdC terá obrigatoriamente de solicitar um parecer — vinculativo quando negativo — antes de tomar a sua própria decisão. Está na lei portuguesa.

Não é certo se a Altice corre algum risco de oposição regulatória na ERC. No entanto, por um lado, a entidade está há vários meses à espera de novos nomes para os órgãos diretivos, algo que não acontece por falta de acordo entre PS e PSD. Por outro, a compra da TVI pela Altice estaria desde logo condenada caso, no entender da ERC, isso crie problemas de pluralismo no setor dos media. Vamos por partes.

A ERC é presidida atualmente pelo ex-jornalista Carlos Magno, apoiado por Alberto Arons de Carvalho (vice-presidente) e Luísa Roseira (vogal). O mandato terminou em novembro e, desde então, o regulador perdeu dois membros da direção. Reduzida a três elementos, os lugares da ERC nunca mais foram preenchidos e o mandato de Carlos Magno tem vindo tem vindo a ser prolongado. A razão de toda esta inércia é, segundo o Publico, a falta de acordo entre o PS e o PSD sobre o método de escolha de quem será o novo presidente.

Entretanto, o negócio da TVI criou uma nova urgência. A votação dos nomes da ERC acabou adiada para setembro, o que significa que os partidos têm de se entender até à rentrée, havendo o risco de, caso isso não aconteça, o negócio acabe por passar à margem da entidade reguladora. Em causa, como explica o jornal, está o facto de todas as deliberações da ERC terem de ser tomadas com pelo menos três votos positivos o que, da forma que a ERC está, significará uma aprovação por unanimidade. Na falta de entendimento, a ERC fica incapaz de emitir um parecer. E o negócio passa.

Polémicas à parte, o que a ERC terá de avaliar quando se debruçar sobre o assunto será, desde logo, se o negócio compromete ou não os “valores” do pluralismo e da diversidade de expressão. Estes são os pilares fundamentais e, aqui, entra muita coisa. Entra o canal generalista da TVI em sinal aberto, assim como os canais temáticos da estação de Queluz de Baixo, a própria rádio Comercial e até, em última instância, a produtora Plural.

Nota para o facto de não ser a primeira vez que a ERC se tem de pronunciar acerca de um negócio desta natureza. Fê-lo em 2010 e precisamente acerca da Media Capital, quando a Ongoing quis comprar a TVI, logo depois do chumbo da venda do grupo à… Portugal Telecom. Na altura, a empresa de Nuno Vasconcelos participava também no capital do grupo Impresa, o que foi decisivo para o parecer final do regulador: um claro e redondo não.

Porquê? Para a ERC, a empresa ficaria com demasiada influência sobre os dois canais SIC e TVI, o que lhe garantiria uma quota de audiências superior a 75%.Era por isso um risco significativo para o pluralismo. E quanto à produtora Plural, responsável pela produção da ficção da TVI, havia o risco de uma compra como essa resultar numa “maior uniformidade de conteúdos nos dois canais privados de televisão”

O regulador das comunicações

Paralelamente à ERC, a AdC deverá auscultar a Anacom, o regulador das comunicações. Contudo, este não será um parecer vinculativo. O ECO sabe que esse pedido oficial ainda não foi feito e que, neste ponto, o objeto da análise deverá ser, fundamentalmente, ao nível das licenças de espetro eletromagnético e de transferência da titularidade de licenças, por exemplo. Sem perigo para a proposta de compra da Altice.

Rosa Cullell, CEO da Media Capital.Henrique Casinhas/ECO

O parecer europeu

Ainda não é certo o impacto que a compra da Media Capital pela Altice poderá ter a nível europeu, mas não está completamente descartada a intervenção da Direção-Geral da Concorrência, o regulador europeu. A submissão do negócio a mais este filtro está dependente de critérios financeiros e surge na medida em que é um negócio entre empresas com sedes em diferentes países da Europa. Além do mais, a Altice detém negócios de media e de telecomunicações também em França, com a operadora SFR e a estação televisiva BFMTV. Para já, também não estará excluída uma intervenção dos reguladores espanhóis.

O pagamento e a OPA

Por fim, a CMVM. À compra da fatia de 94,69% que a Prisa detém na Media Capital segue-se a oferta pública de aquisição obrigatória da Altice para tentar garantir o resto do capital e tirar a empresa da bolsa. Numa nota da CMVM surge indicado que a contrapartida oferecida pela Meo por cada ação é de 2,5546 euros, num total de 11,5 milhões de euros.

No entanto, o mesmo comunicado refere que se o preço por ação definido no contrato de compra e venda for superior a esse valor, a Altice terá de rever “em alta” a contrapartida que terá de pagar por cada ação, de forma a igualar esse valor. Feito o pagamento à Prisa e concluída a OPA, a Altice, através da PT/Meo, torna-se a nova dona da dona da TVI.

O ECO tentou obter esclarecimentos adicionais junto da ERC, mas não foi possível obter resposta até à data de publicação deste artigo.

(Notícia atualizada às 19h25 com informação adicional cedida pela AdC)

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CDS quer esclarecimentos das Finanças sobre aumento de comissões na CGD

  • Lusa
  • 24 Julho 2017

"Nós dissemos desde o início que a recapitalização da CGD estava mal explicada", criticou o deputado centrista João Almeida.

O CDS-PP vai questionar o Ministério das Finanças sobre a subida das comissões cobradas pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) aos seus clientes, muitos deles reformados que tinham isenções, revelou hoje à Lusa o deputado João Almeida.

O CDS vai questionar o Ministério das Finanças acerca das notícias que saíram hoje, designadamente, no jornal Público, sobre o aumento de comissões na Caixa Geral de Depósitos (CGD) ou até a existência de comissões para quem até hoje estava isento como é o caso de muitos reformados”, avançou o deputado centrista.

“Nós dissemos desde o início que a recapitalização da CGD estava mal explicada, e nós vamos aos poucos percebendo que as condições que o Governo português negociou no âmbito dessa recapitalização são muito lesivas para os contribuintes portugueses e para muitos dos clientes da CGD”, acrescentou João Almeida.

E realçou: “Já o constatámos quando houve encerramento de agências em zonas onde não há alternativas e portanto as pessoas ficaram muito diminuídas no seu acesso a serviços bancários e vemos agora que uma população que, obviamente, tem limitações financeiras, que são os reformados, com pensões mais baixas, que até hoje beneficiavam de isenções nas suas contas bancárias na CGD e que, pelos vistos, vão passar a ter de pagar essas comissões”.

Na opinião do deputado, “esta recapitalização que este Governo negociou acaba por ser o pior de dois mundos, porque os contribuintes pagaram a recapitalização e como contrapartida ainda têm a redução de serviços ou o aumento de custos desses serviços”.

Portanto, pagam duas vezes para ficar pior servidos. E foi sobre isto que o Governo andou meses a dizer que tinha tido uma grande vitória”, reforçou, garantindo que o CDS vai entre hoje e terça-feira “exigir esclarecimentos” a Mário Centeno, que tutela a pasta das Finanças.

Confrontado com as declarações de Paulo Macedo, presidente da CGD, que disse que a subida das comissões era inevitável para fazer com que o banco público volte a ter resultados positivos, depois de sete anos de prejuízos, João Almeida voltou a apontar o foco ao executivo liderado por António Costa.

“Esse argumento tem a ver com a gestão da CGD. Nós não estamos aqui a questionar a gestão da CGD. Nós estamos a questionar os pressupostos que o Governo português negociou com Bruxelas para esta recapitalização“, lançou.

“Perante esses pressupostos, a CGD agora tem que se adaptar e cumpri-los, mas do ponto de vista político nós temos é que fiscalizar é a ação do Governo e foi o Governo que criou condições que fazem com que agora a CGD encerre agências ou crie novos custos, designadamente, para os reformados que não têm condições para suportar esses novos custos”, rematou João Almeida.

Os clientes da CGD, que até agora estavam isentos de comissões, vão passar a pagar 4,95 euros por mês ou a escolher a Conta Caixa com custos mais baixas, de acordo com a nova tabela de Comissões e Despesas da Caixa, citada hoje pelo jornal Público.

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PSD deu 24h. Governo responde em 2h remetendo para a PGR

  • Lusa e ECO
  • 24 Julho 2017

O PSD deu 24 horas ao Governo para tornar pública a lista nominativa das pessoas que morreram na tragédia de Pedrógão. O Governo já respondeu com uma nota de Costa que remete a decisão para a PGR.

“O Governo tem 24 horas para tornar pública a lista nominativa das pessoas que perderam a vida na tragédia de Pedrógão Grande e de esclarecer quais foram os critérios”, disse aos jornalistas o líder da bancada parlamentar do PSD, Hugo Soares, em Lisboa, esta segunda-feira. O Executivo não tardou em resposta. Cerca de duas horas depois, o gabinete do primeiro-ministro emitiu uma nota em que remete a decisão para o Ministério Público.

Questionado sobre o que fará o PSD caso o Governo não responda favoravelmente a este ultimato, Hugo Soares respondeu que o partido vai “esperar pela reação do Governo”. “Eu não quero acreditar que o senhor primeiro-ministro e o Governo estão a fazer gestão política da tragédia que assolou Pedrógão Grande”, acrescentou.

Estas palavras de Hugo Soares já tiveram resposta por parte do Governo. “Como decorre da Lei, a divulgação da lista de vítimas será feita pelo Ministério Público se e quando o considerar adequado“, lê-se numa nota divulgada há momento pelo gabinete do primeiro-ministro. O Executivo recusa-se assim a divulgar a lista de vítimas do incêndio de Pedrógão Grande, reafirmando que esse processo encontra-se em “segredo de justiça”.

“O Sr. Primeiro-Ministro contactou hoje [segunda-feira] a Sra. Procuradora-Geral da República que confirmou que o segredo de justiça abrange a lista das vítimas”, lê-se ainda no comunicado.

(Atualizado às 19h41)

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Nos renova patrocínio com a primeira liga de futebol

A operadora de Miguel Almeida terá renovado por mais três épocas o patrocínio da primeira liga de futebol nacional. Acordo deverá ser anunciado esta quarta-feira.

A primeira liga de futebol deverá manter o patrocínio da Nos por mais três anos. Fotografia por Estela Silva/Lusa

A operadora Nos terá renovado por mais três épocas o contrato de patrocínio da primeira liga de futebol. A informação foi avançada pelo Dinheiro Vivo, que recorda que o anterior contrato estava em vigor desde fevereiro de 2015 e tem validade até à época de 2017/2018. Não se conhece o montante envolvido nem os termos do novo acordo.

O ECO contactou a Nos, que não confirmou nem desmentiu a informação. Questionada sobre o mesmo assunto, a Liga Portuguesa de Futebol Profissional ainda não respondeu.

No entanto, a operadora de Miguel Almeida e a liga presidida pelo ex-árbitro Pedro Proença já tinham convocado os jornalistas para uma conferência de imprensa esta quarta-feira, com referência à assinatura de um “protocolo”. O ECO sabe que o acordo será apresentado nesta conferência de imprensa conjunta com representantes da Liga e da Nos, marcada para o meio-dia, no hotel Altis, em Lisboa.

A Nos tem vindo a apostar no futebol. Logo no final de 2015, a operadora comprou os direitos televisivos dos jogos do Benfica no estádio da Luz, um contrato válido por três anos e que se poderá estender por mais sete, numa operação que se realizou por 400 milhões de euros. Mais tarde, a operadora adquiriu também os direitos do Sporting, por 446 milhões de euros a partir de 2018 e por dez anos. E comprou também os do Sporting de Braga, por 100 milhões de euros. Os valores não são comparáveis pois cada contrato tem cláusulas próprias.

(Notícia atualizada às 18h09 com mais informações)

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Pasto, hortícolas e frutas mais afetados por seca, a seguir será vinha e olival

  • ECO
  • 24 Julho 2017

Representantes dos agricultores estão preocupados com a situação de seca que o país atravessa.

Todas as culturas estão já afetadas pela seca, principalmente pastagens, hortícolas e frutas sazonais, e, se não chover dentro de um mês, será também a vinha e o olival, defendeu a Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Também o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) transmitiu preocupação com a falta de pasto e de água para os animais que já provocou perdas da totalidade da produção em algumas culturas.

“Estão já afetadas todas as culturas, especialmente as de primavera-verão, mas também as permanentes, como a fruta”, disse esta segunda-feira à agência Lusa João Dinis, da CNA, acrescentando que o interior é mais atingido. “Se continuar assim”, sem chuva, “mais um mês e a seca vai atingir também a vinha e o olival, apesar de atualmente estarem promissores”, adiantou ainda.

Quase no final de julho, o retrato que a CNA faz da situação de seca severa no território nacional, já reconhecida pelo Governo através de um despacho hoje publicado, reflete os problemas dos pastos e pastagens, que registam uma quebra de 80% relativamente ao “normal” para esta altura, produtos hortícolas criados ao ar livre e frutas sazonais, cuja produção pode descer para metade.

Também o presidente da CAP, citado pela Lusa, afirma que há “uma extraordinária preocupação e já existe prejuízo efetivo” devido ao decréscimo da produção e da qualidade, “com perdas que podem ir de 10% a 25% e, em algumas situações, pode ser 100%”, como no caso de alguns cereais que são utilizados para alimentar os animais, resumiu Eduardo Oliveira e Sousa.

No que respeita aos efeitos na produção animal, o presidente da CAP defendeu que “devia ser criada uma autorização especial” para os agricultores poderem conduzir os animais às barragens mais próximas para beber água, já que “uma situação de emergência requer medidas de emergência”. Realçou ainda que “há meses que há falta de pasto, secou com três meses de antecedência e os produtores, em vez de colherem os cereais, deram aos animais”, perdendo a totalidade destas culturas.

Também esta segunda-feira, a empresa gestora do Alqueva anunciou que vai facilitar o acesso de agricultores à água, nas infraestruturas do projeto, para abeberamento de gado e rega de emergência de culturas, devido à seca que afeta o Alentejo.

Num comunicado enviado à agência Lusa, a Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA) refere que se trata de uma das medidas que implementou para “auxílio aos agricultores no combate à seca climatérica”, que “também afeta a área de influência do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA)”.

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Galp e Jerónimo Martins pressionam bolsa, Impresa cai 7%

Retalho e energia pesaram na bolsa de Lisboa, num dia misto no resto da Europa. Galp e Jerónimo Martins derraparam, mas foi a Impresa a que mais afundou.

Num dia misto para as principais praças da Europa, a bolsa de Lisboa não resistiu às quedas nos setores do retalho e da energia, com a generalidade das cotadas a caírem acima de um ponto percentual e a arrastarem o principal índice português para uma queda de 0,61% para 5.263,68 pontos. O Stoxx 600 derrapou 0,38%, mas França, Espanha e Itália viram ganhos entre 0,20% e 0,60%.

Em Portugal, a Jerónimo Martins pesou na bolsa, registando o pior desempenho da sessão, ao cair 1,76% para 17,27 euros. Mas entre as principais quedas está também a da Galp, que recuou 1,48% para 13,31 euros, mesmo com a forte valorização dos preços do petróleo. O Brent avançava 1,12% para 48,59 euros, enquanto a matéria-prima valorizava 1,14% em Nova Iorque.

Ao início da manhã, o ECO avançou que os acionistas americanos da EDP Renováveis rejeitaram o preço da OPA da EDP. Face à notícia, a EDP desvalorizou 0,83%, mas a EDP Renováveis beneficiou de uma subida de 0,48%, ficando em terceiro lugar no pódio dos melhores desempenhos desta segunda-feira. A contribuir para as perdas estiveram ainda os CTT, cujos títulos desvalorizaram 1,12%.

Nota final para as ações da Impresa. A dona do canal televisivo Sic saiu-se fortemente penalizada pelo falhanço na emissão de obrigações que, apesar de ser oficialmente atribuído a alterações de mercado, o ECO sabe que esteve relacionado com a pouca procura por parte dos investidores. O grupo que detém a estação de Carnaxide afundou 6,65% para 37 cêntimos, um mínimo desde meados de junho.

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Municípios deixam 255,2 milhões em dívidas por cobrar a clientes, contribuintes e utentes

  • Margarida Peixoto
  • 24 Julho 2017

Dívidas por cobrar a clientes, contribuintes e utentes subiram. Mas a autarquia também deixou por pagar 11,7% dos compromissos assumidos em 2016.

Lisboa é o município com maior volume de dívidas a receber, em 2016, com um total de 190,9 milhões de euros. Em segundo lugar estava Setúbal e em terceiro Vila Nova de Gaia.Paula Nunes / ECO

255,2 milhões de euros: foi este o valor que as autarquias deixaram por cobrar a clientes, contribuintes e utentes. O número aumentou 6,4% face a 2015 e é o mais elevado, pelo menos, desde 2006. Neste valor estão incluídos 12,6 milhões de euros de cobrança duvidosa, referentes a 181 municípios, que “muito provavelmente se transformarão em imparidades.” Os dados constam do Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses, de 2016, publicado esta segunda-feira.

Considerando o total de todas as dívidas por cobrar, o valor baixou 9,8%, para 756,5 milhões de euros. As dívidas de contribuintes, clientes e utentes representam cerca de um terço deste valor global. O relatório sublinha que “são ainda muitos os municípios” que inscrevem valores na rubrica de dívidas de cobrança duvidosa, o que traduz “simultaneamente dificuldades económicas da economia local” e “alguma dificuldade dos municípios em atempadamente porem em execução mecanismos de cobrança coerciva que lhes permitem cobrar os seus créditos.”

De acordo com o Anuário, quase metade da dívida por cobrar está inscrita na rubrica “outros devedores de curto prazo,” uma categoria que deveria ter valores residuais mas que tem acumulado montantes cada vez mais elevados, numa prática pouco transparente de prestação de contas: esta “terá que ser uma situação a contrariar de futuro pois não permite avaliar a relevância substantiva destes créditos sobre terceiros, cujo peso relativo tem sido o mais elevado na estrutura das dívidas a receber,” lê-se no relatório.

Mas há o outro lado da história: quanto é que as autarquias deixaram por pagar aos seus fornecedores? 992,4 milhões de euros, o equivalente a 11,7% dos compromissos assumidos em 2016.

Investimento caiu quase 60% em dez anos

Além disso, o relatório dá conta de um aumento do peso das despesas correntes, face aos gastos de capital, no orçamento de 2016. No ano passado, só 31,3% das despesas foram aplicadas em investimento, enquanto 68,7% foram aplicados em gastos correntes.

Face a 2015, esta distribuição revela uma quebra de 44,7% do investimento direto dos municípios. Quando comparado com 2006, a quebra é ainda mais impressionante: 59,3%.

A par da queda do investimento, as contas mostram uma redução significativa das transferências dos fundos comunitários, que apresentaram a menor receita desde 2006: 196 milhões de euros, que comparam com 355 milhões em 2015 e 708 milhões em 2006.

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Tsipras admite erros. Varoufakis acusa-o de “incoerência”

Tsipras e Varoufakis continuam em conflito. O primeiro-ministro grego deixou várias críticas ao seu ex-ministro das Finanças, revelando até que este "adora" Schäuble. Varoufakis já respondeu.

O atual primeiro-ministro e o ex-ministro das Finanças da Grécia trocaram acusações esta segunda-feira, na sequência de uma entrevista cedida por Alexis Tsipras. Numa altura em que o país está prestes a sair do Procedimento por Défices Excessivos, vai voltar aos mercados esta terça-feira e com a nova ajuda já autorizada, o conflito entre os dois políticos continua. A cisão entre os dois ocorreu em julho de 2015, menos de seis meses do Governo ter tomado posse.

Eu cometi erros, grandes erros“, confessou o atual primeiro-ministro grego, em entrevista ao The Guardian, publicada esta segunda-feira. Qual o maior erro? “A escolha de pessoas para lugares-chave”, admitiu. Questionado sobre se a referência era diretamente para Yanis Varoufakis, Tsipras rejeitou a ligação, mas disse que o ex-ministro das Finanças grego foi a escolha certa para a primeira abordagem de conflito com os credores.

Contudo, a crítica a Varoufakis chega com Tsipras a acusá-lo de querer reescrever a história: “Talvez chegará o momento em que certas verdades serão ditas (…) quando chegarmos ao ponto de analisar o que ele [Varoufakis] apresentou como plano B, que era tão vago que nem valia a pena discutir”. “Era simplesmente fraco e ineficaz“, classificou Tsipras.

No entanto, o próprio governante do Syriza assumiu os erros que cometeu enquanto líder dos destinos da Grécia. Tsipras justifica-se com a sua falta de experiência governativa, principalmente no que toca à “dimensão das dificuldades no dia-a-dia”. “Atualmente tenho uma diferente noção da que tinha previamente”, referiu. Contudo, Tsipras garante que nunca quis sair da UE: “Sair da Europa e ir para onde… para outra galáxia?

Talvez chegará o momento em que certas verdades serão ditas.

Alexis Tsipras

Primeiro-ministro grego

Alexis Tsipras vai mais longe quando o assunto é o seu ex-ministro das Finanças, chegando a dizer que este tinha grande estima por Schäuble, o ministro das Finanças alemão. “Acho que [Schäuble] é o alter ego dele. Ele adora-o. Ele respeitava-o e ainda o respeita muito”, afirmou o primeiro-ministro grego.

Varoufakis acusa Tsipras de uma “profunda incoerência”

Em resposta à entrevista, Yanis Varoufakis publicou uma carta de opinião também no The Guardian. O ex-ministro das Finanças afirma que há uma “profunda incoerência” na resposta de Tsipras sobre o seu papel no Governo.

“Ou eu fui a escolha certa para ser o ponta de lança da ‘colisão’ com a troika dos credores da Grécia porque os meus planos eram convincentes, ou os meus planos não eram convincentes e, por isso, eu fui a escolha errada como primeiro ministro das Finanças”, contrapôs Varoufakis.

O ex-ministro das Finanças grego conclui que as respostas de Tsipras mostram a “impossibilidade” de manter uma crítica “radical” face aos anteriores Governos gregos enquanto se adotava a “doutrina” Tina (There Is No Alternative; Não Há Alternativa).

No texto Varoufakis é crítico do percurso escolhido por Tsipras, assinalando que a questão que se impõe é saber se ser prisioneiro dos credores é um plano melhor do que aquele que o atual primeiro-ministro rejeitou por ser “fraco e ineficaz”.

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