Wall Street sobe. Investidores de olho nos resultados

  • Leonor Rodrigues
  • 24 Janeiro 2017

Apesar de os três principais índices de referência dos EUA estarem a valorizar, os ganhos são ligeiros, com os investidores à espera dos resultados empresariais do último trimestre de 2016.

Wall Street abriu com ganhos ligeiros. Em época de apresentação de resultados do último trimestre de 2016, os investidores estão à espera de mais detalhes sobre o desempenho das empresas que justifique as suas avaliações no mercado, ao mesmo tempo que esperam mais medidas do novo presidente norte-americano, Donald Trump, que tomou posse na semana passada.

O principal índice de referência dos EUA, o S&P 500, abriu a subir 0,18% para os 2.269,29 pontos. Depois do rally que fez com que as bolsas norte-americanas batessem recordes depois da eleição de Trump, as atenções dos investidores centram-se nos resultados das cotadas.

A Reuters prevê que o S&P 500 tenha valorizado 6,6% no último trimestre do ano anterior. “O mercado está à espera de algum género de catalisador que justifique aumentar o preço das ações [face aos resultados]”, afirmou Adam Sarhan da 50 Park Investments à Reuters.

Depois de na segunda-feira as ações nos EUA terem caído com o cancelamento do tratado transpacífico e do presidente da maior economia do mundo ter voltado a falar sobre os impostos aos produtos importados para o país, hoje o Dow Jones está a valorizar mas apenas 0,07% para os 19.813,68 pontos. Já o Nasdaq sobe 0,36% para os 5.572,78 pontos.

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La La Land lidera os prémios Óscares com 14 nomeações

  • Lusa
  • 24 Janeiro 2017

O filme, que se estreia esta quinta-feira nos cinemas portugueses está nomeado na maioria das categorias, incluindo melhor filme, realização, argumento original e banda sonora.

O musical “La La Land: Melodia de amor”, de Damien Chazelle, soma 14 nomeações para os prémios Óscares, de cinema, hoje anunciados pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos.

O filme, que se estreia esta quinta-feira nos cinemas portugueses, está nomeado na maioria das categorias dos prémios, incluindo melhor filme, realização, argumento original e banda sonora, tem ainda uma dupla nomeação para melhor canção e para melhor ator e atriz principais, com o par Ryan Gosling e Emma Stone.

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“La La Land: Melodia de amor”, um tributo ao cinema de Hollywood, com uma história de amor entre uma atriz e um músico, iguala, em número de nomeações, os filmes “Titanic” (1997) e “Eva” (1950). A BBC recorda que o filme supera as 13 nomeações do musical “Mary Popppins” (1964).

Na categoria de “Melhor realização” estão nomeados Damien Chazelle, Tom Ford (“Animais Noturnos”), Barry Jenkins (“Moonlight”) e Kenneth Lonergan (“Manchester by the sea”) – todos indicados pela primeira vez – e ainda Mel Gibson (“O herói de Hacksaw Ridge”).

Para melhor filme foram nomeados “Primeiro Encontro”, “Vedações”, “O herói de Hacksaw Ridge”, “Hell or High Water – Custe o que custar!”, “La La Land: Melodia de amor”, “Lion – A longa estrada para casa”, “Manchester by the sea” e “Moonlight”.

Somando nomeações, os filmes “Primeiro Encontro” (no original “Arrival”), ‘thriller’ de ficção científica de Denis Villeneuve, e “Moonlight”, drama de Barry Jerkins, estão igualados em oito categorias, enquanto “O herói de Hacksaw Ridge”, de Mel Gibson, soma sete.

Tanto “Manchester by the sea” como “Lion – A longa estrada para casa” seguem com seis nomeações cada.

Arredado das principais categorias, o filme “Silêncio”, de Martin Scorsese, está indicado apenas para o Óscar de melhor fotografia.

A disputar o Óscar de melhor ator principal estão Ryan Gosling, Casey Affleck (“Manchester by the sea”), Andrew Garfield (“O herói de Hacksaw Ridge”), Viggo Mortensen (“Capitão Fantástico”) e Denzel Washington (“Vedações”).

Na categoria de melhor atriz estão Isabelle Huppert (“Ela”), Meryl Streep – nomeada pela vigésima vez com “Florence, uma diva fora de tom” -, Natalie Portman (“Jackie”), Ruth Negga (“Loving”) e Emma Stone.

Para melhor filme estrangeiro, em língua não inglesa, estão nomeados “Toni Erdman” (Alemanha), “Under sandet” (Dinamarca), “En man som heter Ove” (Suécia), “Tanna” (Austrália) e “O vendedor” (Irão).

“Vaiana”, “Kubo e as duas cordas”, “Ma vie de Courgette”, “Zootopia” e “A tartaruga vermelha” estão nomeados para o Óscar de melhor filme de animação.

A 89.ª cerimónia dos Óscares está marcada para 26 de fevereiro, em Los Angeles, com apresentação de Jimmy Kimmel. Os Óscares são atribuídos pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos.

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easyJet antecipa perder 121 milhões com desvalorização da libra

Entre outubro e dezembro, a easyJet transportou 17,4 milhões de passageiros e faturou mais de mil milhões de euros. Mas teme os impactos do Brexit.

A easyjet fechou o primeiro trimestre do seu ano fiscal de 2017 (iniciado em outubro de 2016) com uma melhoria nas receitas e no número de passageiros transportados. Contudo, a companhia aérea low cost continua a alertar para os impactos do Brexit e antecipa que a desvalorização da libra vá afetar os lucros anuais em 105 milhões de libras (mais de 121 milhões de euros).

No período compreendido entre outubro e dezembro do ano passado, a easyJet transportou 17,4 milhões de passageiros, um aumento de 8,2% face aos 16,1 milhões transportados no período homólogo. As receitas ascenderam a 997 milhões de libras (1,15 mil milhões de euros), mais 7,2% do que no período homólogo, e a taxa de ocupação manteve-se nos 90%. A companhia aérea conseguiu ainda reduzir os custos em mais de 2%, para pouco mais de 50 libras por lugar.

São resultados que refletem “um primeiro trimestre sólido, com receitas, custos e número de passageiros em linha com as expectativas”, comenta Carolyn McCall, presidente executiva da easyJet. “Tudo isto apesar de um ambiente duro de operação e de preços”, acrescenta, citada em comunicado enviado às redações.

A responsável refere ainda que a evolução das receitas “continua a melhorar”, graças a “uma procura resiliente em todos os mercados europeus” da lowcost. “As reservas em antecipação estão à frente do ano passado”, detalha.

Os maiores desafios para este ano virão da evolução dos preços do petróleo, do Brexit e do clima de insegurança vivido na Europa.

Os preços e o ambiente operacional continuam difíceis, com os preços dos combustíveis permanecendo baixos e continuando o forte crescimento na capacidade de curto alcance europeu, impactando os rendimentos em toda a indústria”, refere a easyJet, no comunicado divulgado esta manhã.

A companhia aérea espera que a receita por lugar diminua, no primeiro semestre, “em dígitos únicos altos”, penalizada por “um movimento da Páscoa para a segunda metade do ano e algum impacto na metade correspondente ao atentado em Berlim”. Por outro lado, em abril (que já corresponde ao segundo semestre do ano fiscal da easyJet) deverá haver uma recuperação, graças à Páscoa.

Quanto à saída do Reino Unido da Europeia, a low cost espera que “a debilidade da libra esterlina afeta o lucro anual do ano da easyJet no ano fiscal de 2017 em cerca de 105 milhões de libras”.

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Incêndios: Bruxelas propõe ajuda de quatro milhões à Madeira

  • Lusa
  • 24 Janeiro 2017

A Comissão Europeia propôs hoje formalmente um auxílio de cerca de quatro milhões de euros à Madeira. Bruxelas já antecipou 10%.

A Comissão Europeia propôs hoje formalmente um auxílio de cerca de quatro milhões de euros à Madeira, provenientes do Fundo de Solidariedade da União Europeia, para ajudar a fazer face aos prejuízos causados pelos incêndios de agosto de 2016.

O pacote de assistência financeira hoje proposto pelo executivo comunitário aguarda agora a aprovação do Parlamento Europeu e do Conselho (Estados-membros), tendo Bruxelas já adiantado no ano passado 10% do montante da ajuda agora formalmente proposta.

A 10 de novembro de 2016, a Comissão Europeia já desembolsou 392.500 euros como adiantamento da ajuda do Fundo de Solidariedade da União Europeia à Madeira, explicando que o montante havia sido calculado com base na avaliação preliminar do pedido formal de assistência que recebeu das autoridades portuguesas a 21 de setembro.

Estimava-se que o total de auxílios ascenderia a 3,92 milhões de euros, pelo que se antecipou 10%.

A Comissão explicou na ocasião que assim que tivesse concluído a apreciação do pedido de ajuda formulado por Portugal na sequência dos incêndios de agosto passado na Madeira, proporia o montante definitivo de ajuda, o que aconteceu então hoje.

Os incêndios da segunda semana de agosto causaram três mortos, um ferido grave, destruição parcial ou total de 300 habitações, dezenas de desalojados e prejuízos avaliados em 157 milhões de euros.

epa05603360 YEARENDER 2016 AUGUST  A view of a forest fire in Funchal, Madeira Island, Portugal, 09 August 2016. The fire has led to the evacuation of 400 people.  EPA/GREGORIO CUNHA
Panorama dos incêndios no Funchal a 9 de agosto de 2016. Na altura, os fogos obrigaram à evacuação de 400 pessoas. EPA/GREGORIO CUNHAEPA/GREGORIO CUNHA 9 Agosto, 2016

A Comissão Europeia propôs ainda esta terça-feira uma ajuda de 7,3 milhões de euros a Chipre, igualmente do Fundo de Solidariedade, para ajudar Nicósia a fazer face aos prejuízos decorrer da grave seca de 2016, que esteve na origem de incêndios florestais e resultou em escassez de água para a população.

“Não esquecemos as populações de Chipre e da Madeira. Uma vez mais, estas tragédias vieram evidenciar a importância da solidariedade da União Europeia em momentos de necessidade. Passamos hoje das palavras à ação, com a atribuição de assistência financeira para ajudar as comunidades afetadas, revitalizar a atividade económica e apoiar os esforços de reconstrução”, disse a comissária da Política Regional, Corina Cretu.

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Os robôs chegaram aos jornais

  • Leonor Rodrigues
  • 24 Janeiro 2017

Um jornal chinês tem um novo repórter, um robô chamado Xiao Nan. Mas será o único robô-jornalista do mundo? Nem por isso.

Que a China é obcecada pelas novas tecnologias, já toda a gente sabe. Agora há mais uma e, desta vez, no jornalismo. O Southern Metropolis Daily têm mais um repórter na equipa – e não é de carne e osso.

Na semana passada, o diário chinês publicou a primeira notícia escrita pelo repórter robô: o Xiao Nan ou Little South. A notícia tem pouco mais de 300 palavras e diz que o transporte ferroviário é o mais procurado pelos chineses durante o Ano Novo Lunar, altura em que milhares de pessoas viajam para verem as suas famílias.

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Repórteres robôs na China… E não só

Ainda que, na China, o Xiao Nan seja o primeiro repórter robô, na verdade a invenção não é nova — nem chinesa. Nos EUA já existem agências noticiosas a utilizar robôs para escreverem determinadas notícias, nomeadamente a Associated Press e a Bloomberg. No ano passado, a Bloomberg começou a utilizar esta tecnologia para notícias relacionadas com os mercados, com a identificação ‘by Bloomberg Automation‘.

Mas estão os robôs a ‘roubar’ empregos? Para o editor da Bloomberg, John Micklethwait, a resposta é não. Têm sim o poder de auxiliar os jornalistas. Na altura, Micklethwait disse que “utilizado de forma apropriada, o jornalismo automatizado tem o potencial de tornar o nosso trabalho mais interessante”. O mesmo afirma o próprio Southern Metropolis Daily e ainda Wan Xiaojun, professor na Universidade de Pequim que desenvolveu o programa: “Os robôs vão servir de complemento, auxiliando os editores e os jornalistas”.

Inovadores mas limitados

Apesar de inovadores, os robôs ainda são muito limitados. O Xiao Nan, por exemplo, está apenas programado para analisar a venda dos bilhetes de comboio e para cobrir eventos desportivos, recorrendo à deteção de palavras-chave. Também o robô da Bloomberg se limita a criar conteúdos relacionados com os mercados acionistas, caracterizados por serem factuais e de leitura simples.

Apesar de Xiaojun afirmar que o robô chinês pode ser programado também para produzir notícias noutras áreas, o responsável nega que venha substituir o trabalho dos jornalistas, até porque “os robôs continuam incapazes de conduzir uma entrevista e de responder intuitivamente a questões” e precisam de alguém que supervisione o seu trabalho, ainda que sejam úteis na análise de dados e a produzir notícias breves.

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Uma economia mais digital pode valer 1,8% do PIB

Uma maior penetração de tecnologias digitais na economia pode gerar 2,3 mil milhões de euros de riqueza adicional até 2020. No entanto, para acontecer, há muito trabalho pela frente.

Quão enraizada está a tecnologia na economia portuguesa? A questão não é de resposta simples, mas o estudo do Índice de Densidade Digital de Portugal, calculado pela consultora Accenture Strategy, dá umas pistas: “O digital representa 20% do PIB [Produto Interno Bruto]” num país onde “3% do total de empregos são especializados em tecnologia”. Porém, em 24 economias de todo o mundo analisadas pela empresa, Portugal só aparece na segunda metade da tabela e abaixo da média europeia: está em 17º lugar, com cerca de 40 pontos.

Porque é isto relevante? A consultora estima que mais dez pontos no índice poderão contribuir com um aumento adicional de 1,8% no PIB em 2020, ou 2,3 mil milhões de “riqueza adicional”. Será o país capaz disso? A Accenture acredita que sim: “Portugal tem reunidas as condições para a transformação”, ao nível das infraestruturas de telecomunicações, da educação, do quadro regulamentar e das empresas. Faltam, ainda assim, dois aspetos: “É necessária uma maior concretização no modo de operar das empresas e uma maior predisposição da população para a realização de transações online”, lê-se no estudo publicado em setembro.

Ao ECO e por email, Luís Pedro Duarte, responsável pelo estudo, explica que o Índice de Densidade Digital “identifica a real penetração das tecnologias digitais numa determinada economia”. O também managing director da Accenture Strategy garante que os vários indicadores apontam para uma “evolução positiva da economia portuguesa” na preparação para o digital, e que o país regista mesmo “valores de referência” em muitos aspetos. Contudo, destaca pela negativa “a menor incorporação de tecnologias digitais nos processos empresariais e a menor predisposição da população para a realização de transações online”.

Temos de formar mais recursos na área das Tecnologias da Informação e adaptar parte da população ativa a esta realidade. O investimento do país deve começar desde cedo na formação.

Luís Pedro Duarte

Managing director da Accenture Strategy

Vendas fracas no online

É um dos pontos-chave. O estudo confirmou haver uma baixa penetração do online no setor do retalho no país, comparativamente com o resto da Europa e, principalmente, com o Reino Unido. “Apenas 2% do total de vendas em retalho foi feito online”, aponta Luís Pedro Duarte. É por isso um problema, mas um problema com solução à vista. Segundo o responsável, os portugueses parecem cada vez mais predispostos a comprar online, o que deverá animar o indicador. Já do lado da oferta, os retalhistas têm vindo a investir em plataformas digitais, “indo assim ao encontro da necessidade dos consumidores e permitindo o crescimento do online no setor”.

É um exemplo que deve ser seguido pelas demais empresas. “É preciso que o mindset se estenda de forma transversal a todo o tecido empresarial português se queremos ter um país mais competitivo”, diz o diretor. “Não basta as empresas estarem cientes dos impactos das novas tecnologias nas suas indústrias. É fundamental repensar os modelos de negócio. Novas fontes e modelos de receita, novos produtos e serviços novos mercados, novas parcerias e aquisições. E refletir nos respetivos modelos operativos”, alerta Luís Pedro Duarte.

Com uma mais penetração de tecnologias digitais na economia, a Accenture prevê que possam ser criados 2,3 mil milhões de euros de riqueza adicional em Portugal até 2020.Pexels

Acima do Japão, abaixo de Espanha

O Índice de Densidade Digital coloca Portugal acima de países como Japão, França, Brasil e Itália, mas abaixo da Bélgica, Espanha, Alemanha e Reino Unido. No pódio surge a Holanda, seguida dos Estados Unidos e da Áustria. Portugal surge beneficiado por uma boa cobertura de redes de nova geração e infraestruturas de telecomunicações, acima da média europeia, mas num território de menores dimensões. A prejudicar está a falta de competências digitais da população, um detalhe a que o estudo não ficou alheio.

“É sem dúvida um desafio que o país tem pela frente. Segundo os dados da União Europeia, 48% dos trabalhadores em Portugal têm baixa ou nenhuma capacidade para interagir com o digital e a percentagem de colaboradores especializados em áreas de TIC [Tecnologias da Informação e Comunicação] equivale a apenas 1,7% da população ativa, a contrastar com os 2,8% da média europeia”, refere o responsável da Accenture Strategy. “Este indicador é naturalmente refletido na pontuação geral do índice de densidade digital para Portugal, de forma penalizadora”, sublinha.

A falta de competências digitais tem merecido alertas da Comissão Europeia, que estima uma grande carência de profissionais na área da tecnologia até ao final da década. O assunto foi mesmo abordado por Marcelo Rebelo de Sousa no final de setembro, por ocasião do congresso anual da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC). Na altura, o Presidente da República referiu que “muitos [portugueses] usam as ferramentas básicas, mas não usam o digital como forma básica de comunicação”.

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Membros da OPEP concordam com monitorização da produção

  • Ana Luísa Alves
  • 24 Janeiro 2017

Para avaliar o compromisso dos países que aceitaram reduzir a produção petrolífera, foi criado o comité de monitorização que vai aceder aos registos de toda a produção dos países envolvidos.

Os países-membros da OPEP concordaram em monitorizar a produção petrolífera, depois de terem assinado o acordo que limita a produção do ouro negro, de modo a equilibrar o mercado. Até agora, a perceção dos responsáveis da OPEP é que está tudo a correr como previsto.

Os países envolvidos concordaram cortar a produção em 1,5 milhões de barris por dia, acordo que entrou em vigor no primeiro dia de 2017. “O cumprimento com este acordo tem sido ótimo”, disse o ministro da Energia saudita à Bloomberg. “Tendo por base tudo o que conheço, este é um dos melhores acordos celebrados desde há muito tempo”, acrescentou.

A Arábia Saudita, o Kuwait, o Qatar, a Argélia e a Venezuela encontraram-se com os outros países não membros, como a Rússia e Omã, de modo a verificar se os envolvidos no acordo estão a cortar a produção em 1,8 milhões de barris por dia para os próximos seis meses. O objetivo é provar que a OPEP vai eliminar o excesso de oferta a nível global e acabar com o ceticismo relativamente a promessas feitas — e falhadas — no passado.

Monitorização da produção

O ministro da Energia do Kuwait, Essam Al-Marzouk, que preside o comité de monitorização composto por cinco membros, saiu da reunião em Viena no passado dia 20 de janeiro, sexta-feira, com uma mensagem de sucesso: os produtores de petróleo estavam em total “total acordo” no que toca à monitorização da produção dos vários países.

O comité, que inclui os ministros do Kuwait, Rússia, Argélia, Venezuela e Omão, vão encontrar-se a 17 de março no Kuwait e depois, novamente, em maio. O secretariado da OPEP vai apresentar um relatório nos dias 17 de cada mês, avançou a organização em comunicado. Um grupo técnico, que consiste nos delegados de cada país membro do comité, vai encontrar-se mensalmente com o presidente da OPEP, o ministro da Energia saudita, para preparar este relatório.

O comité de monitorização vai aceder aos dados relativos à produção de cada país, bem como a informação proveniente de agências como a IHS Cambridge Energy Reserarch Associates, a Argus Media e a Agência Internacional de Energia, segundo revelou o ministro da Energia Russo, Alexander Novak.

Vai ainda avaliar posteriormente o compromisso para com o acordo assinado, tendo em conta a produção de cada país. Os dados da exportação de cada país também poderão ser analisados, acrescentou Novak à Bloomberg.

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EDP emite 600 milhões em obrigações a seis anos

A EDP concluiu esta manhã uma operação de financiamento de 600 milhões de euros. Emitiu obrigações a seis anos, pagando uma taxa de juro à volta de 1,9%

A EDP EDP 0,00% foi esta manhã aos mercados levantar 600 milhões de euros em obrigações com maturidade em setembro de 2023, tendo pago uma taxa de juro à volta de 1,9%, avança a agência Bloomberg citando fontes próximas do processo.

A procura foi robusta e ajudou a elétrica liderada por António Mexia a baixar os custos de financiamento nesta operação. A EDP Finance, entidade do grupo que emitiu a dívida, recebeu ordens no valor de 2,2 mil milhões de euros, ou seja, a procura foi cerca de quatro vezes superior à oferta.

A operação esteve a cargo dos bancos CaixaBank, Citi, ING, Mediobanca, BCP, Mizuho, NatWest Markets, Santander e Unicredit, adiantaram as mesmas fontes à agência norte-americana.

Contactada pelo ECO, a EDP não esteve disponível para responder no imediato.

No arranque da emissão, o prémio exigido pelos investidores estava fixado nos 175 pontos base, acrescidos da taxa mid-swap a seis anos (referência no mercado) que ronda os 26 pontos base. Ainda assim, em virtude da forte procura, o prémio baixou para os 160 pontos base, colocando a taxa final da primeira operação de financiamento de uma empresa nacional em 2017 em torno dos 1,9%.

Na última emissão de dívida, realizada em agosto do ano passado, a EDP financiou-se em mil milhões de euros em obrigações a oito anos, pagando uma taxa de 1,18%, numa operação que contou com a participação do Banco Central Europeu (BCE) no âmbito do programa de compra de dívida de empresas iniciado em julho desse ano.

As ações da EDP valorizavam esta terça-feira 0,4% para 2,73 euros. Nos primeiros nove meses de 2016, a elétrica registou um lucro de 615 milhões de euros, menos 16% do que no mesmo período do ano anterior. Os analistas estimam um lucro de 933 milhões de euros para a totalidade do ano. As contas serão apresentadas a 2 de março.

(notícia em atualizada às 13h24)

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Ações da BT afundam mais de 19%

  • Leonor Rodrigues
  • 24 Janeiro 2017

Erros de contabilidade na unidade italiana da empresa de telecomunicações do Reino Unido ditaram perdas expressivas esta manhã.

As ações da BT caíram 19% depois de terem sido detetados erros de contabilidade em Itália — o que obrigou a empresa de telecomunicações britânica a cortar nas suas previsões de resultados para os próximos anos —, ao mesmo tempo que os efeitos do Brexit, que ainda vai ter de ir a votos no Parlamento, já se fazem sentir.

“Estamos profundamente desapontados com o comportamento impróprio que encontrámos [na unidade italiana]”, afirmou o CEO da BT, Gavin Patterson, que acrescentou que os erros foram ainda mais graves do que o previsto em outubro.

A BT esteve esta manhã a desvalorizar mais de 19% para os 308,55 pences, a maior queda desde 1986, de acordo com a Bloomberg. Os problemas contabilísticos da BT italiana foram identificados pela primeira vez em outubro do ano passado. O valor das perdas foi atualizado e o grupo foi obrigado a triplicar o montante das suas provisões. Por causa disso, os resultados no que diz respeito às receitas e ao EBITDA da BT, também vão sofrer um corte no terceiro trimestre de 2016.

Fonte: Bloomberg (Valores em pence)
Fonte: Bloomberg (Valores em pence)

E as más notícias não ficam por aqui: com a possível saída do Reino Unido da União Europeia, alguns clientes da empresa de telecomunicações estão a terminar os contratos com a operadora britânica, devido ao aumento da inflação, o que obrigou a BT a reduzir as suas expectativas em termos de receitas em 17% — de 3,6 mil milhões de libras (4,17 mil milhões de euros) para 3,2 mil milhões (3,7 mil milhões de euros).

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Inflação na Venezuela vai em 800%, mas ainda não parou

O FMI prevê um agravamento das condições económicas do país. A contração económica será acompanhada de um cenário de hiperinflação. O fundo admite valores superiores a 1600%.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) atualizou as previsões económicas para a América Latina e as Caraíbas, prevendo que o Produto Interno Bruto (PIB) da Venezuela registe uma nova contração e que o país entre em hiperinflação.

A Venezuela continua emersa numa profunda crise económica que avança para uma hiperinflação”, afirma o FMI. A inflação, estimada em 800% em 2016, de acordo com os dados preliminares do Banco Central da Venezuela divulgados pela Reuters na última sexta-feira, deve piorar ainda mais. O Fundo, na sua previsão de outubro de 2016, colocava a fasquia da inflação para 2017 nos 1660,05%, mas nesta revisão de cenários divulgadas esta segunda-feira, o FMI frisa que os indicadores do país continuam a deteriorar-se.

Uma deterioração que se justifica pelo elevado défice orçamental, as enormes distorções económicas e uma forte restrição da disponibilidade de importações de bens intermédios. Os dados divulgados pelo FMI projetam “uma marcada contração da atividade económica” em 2017, ou seja, uma contração do PIB de 6%, inferior à de 2016 (-12%) e de 2015 (-6,3%).

A gravidade da situação económica levou já o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, a anunciar uma mudança na cúpula do banco central. O economista, deputado e aliado político de Maduro, Ricardo Sanguino é o novo governador que substitui assim Nelson Merentes, “um matemático que controlava a instituição desde 2009”, escreve a revista brasileira Veja. “Conheço-o muito bem [a Ricardo Sanguino]. É um dos homens mais estudiosos e conhecedores da vida financeira e monetária do país”, afirmou Maduro no seu programa televisivo, justificando assim a sua escolha.

Já no dia 15, o Presidente Maduro anunciou a assinatura do primeiro Decreto de Emergência Económica de 2017, para superar a crise e dar continuidade ao estado de “exceção” que vigora no país desde janeiro de 2016. A queda dos preços do petróleo não ajudaram em nada esta economia fortemente dependente desta fonte de receitas, levando a uma forte escassez de produtos numa economia fortemente centralizada. Maduro atribui as culpas da situação a uma guerra económica levada a cabo pelos seus adversários políticos com a ajuda dos Estados Unidos.

A incerteza quanto à política comercial do novo Presidente do Estados Unidos é outro dos riscos que o FMI aponta para a América Latina.

A oposição já voltou à rua para exigir eleições e estas previsões económicas dão gás às exigências de mudanças económicas.

Pro-government supporters dance during a march to accompany the coffin of Fabricio Ojeda, former president of the Patriotic Junta and leader of the Armed Forces of National Liberation (FALN), to the National Pantheon in Caracas, Venezuela, on Monday, Jan. 23, 2017. Venezuelan president Nicolas Maduro issued a statement that Venezuela's National Assembly "is in contempt" and "doesn't exist" in response to Congress declaring him an "abandoned president." Photographer: Carlos Becerra/Bloomberg
Manifestante pró-governamentais dançam durante uma manifestação para acompanhar o caixão de Fabricio Ojeda, antigo presidente da Junta Patriótica e líder das Forças Armadas da Libertação Nacional (FALN), até ao Panteão Nacional em Caracas, a 23 de janeiro. Caracas tem sido palco de diversas manifestações, nomeadamente da oposição que exige eleições. Fotógrafo: Carlos Becerra/Bloomberg

Para Carlos Vecchio, coordenador político da Voluntad Popular, e opositor de Maduro, a única forma de mudar as projeções económicas através de uma mudança no Governo. “Ainda não tocámos no fundo. A crise vai agudizar-se. O impacto social será devastador se Maduro continuar no poder”, disse o responsável através da sua conta no Twitter.

 

Mesmo neste contexto de crise, Portugal aumentou as suas exportações para a Venezuela. De acordo com os dados do instituto Nacional de Estatísticas (INE), Portugal exportou 36,43 milhões de euros para a Venezuela, um salto de mais de 2000% face aos 1,49 milhões de euros exportados em 2015. Recorde-se que Portugal tem uma extensa comunidade emigrante na Venezuela, sendo que alguns portugueses, perante a crise, até já optaram por regressar.

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Snapchat com cara lavada entra na luta contra as notícias falsas

  • Juliana Nogueira Santos
  • 24 Janeiro 2017

Com novo design, a aplicação experimenta uma nova abordagem ao problema geral das notícias falsas.

A dois passos da entrada no mercado de valores, a Snap Inc. continua a dar os últimos retoques à sua aplicação estrela, Snapchat. A primeira mudança é a estabilização da barra de procura que passa a estar em todos os ecrãs e a adição de um avatar para acesso rápido ao próprio perfil.

A procura vai permitir ao utilizador entrar em contacto com toda a gente de uma forma mais fácil e encontrar conteúdo do seu agrado mais rapidamente.

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A barra de procura mantém-se no topo do ecrã, mesmo no modo fotografia.The Verge

Esta nova interface torna-se ainda mais atrativa com a adição dos Bitmoji — empresa comprada pela Snap Inc. no ano passado –, que permite a escolha de um avatar personalizado.

Os utilizadores passam também a poder contribuir para o separador “As Nossas Histórias”. Antes só se podia contribuir para histórias localizadas — da cidade onde se encontravam — ou para histórias de tópicos específicos. Agora é só enviar o snap para este separador, esperar pela avaliação da equipa e ver os nossos dez segundos espalhados pelo mundo.

A preocupação geral com as notícias falsas também se estendeu à Snap Inc. A empresa vai restringir a publicação de imagens e títulos sem valor editorial, para assim controlar o click-bait e ou as notícias completamente falsas. O Times avançou também que a aplicação vai impor restrições de idade aquando do upload, para que menores não tenham acesso a conteúdo inapropriado. O objetivo será criar “um ambiente informativo, factual e seguro para todos”.

As novas atualizações são uma poderosa ferramenta para as marcas e negócios que vejam na Snapchat uma boa oportunidade, visto que os conteúdos passam a poder ser vistos por mais pessoas, quer por aparecerem rapidamente na pesquisa, quer por poderem entrar rapidamente na história coletiva.

A Snap Inc. está, aos poucos, a aumentar o valor da sua aplicação, oferecendo soluções não só para os millennials que veem na aplicação uma forma rápida e divertida de contactarem os seus amigos, mas também para os negócios, para os meios de comunicação e para os influenciadores. Conseguirá os 25 mil milhões de dólares?

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Swaps: Portugal quer levar o caso ao Tribunal Europeu de Justiça

  • Margarida Peixoto
  • 24 Janeiro 2017

Este não é só um caso entre empresas e um banco. É um caso que prejudica o Estado e que pesa aos contribuintes, apela a defesa das transportadoras.

São sete swaps apenas, mas mais de 1,7 mil milhões de euros dos contribuintes portugueses que estão em causa. Depois de duas derrotas nos tribunais ingleses, as empresas públicas de transporte apresentaram cinco argumentos para convencer os juízes do Supremo a reapreciar o caso. E pedem que o assunto seja levado ao Tribunal Europeu de Justiça, mostra o requerimento, a que o ECO teve acesso. O prazo para o Santander responder termina esta terça-feira.

Os juízes já tinham dito que não viam cabimento num recurso ao Supremo Tribunal inglês, mas as empresas públicas portuguesas não desistiram. Depois da segunda decisão da justiça inglesa favorável ao Santander, Carris, STCP, Metro de Lisboa e Metro do Porto entregaram um requerimento formal para apelar aos juízes de última instância do Reino Unido.

Em causa está um diferendo entre as transportadoras e o banco Santander, sobre sete contratos de derivados financeiros, assinados entre junho de 2005 e novembro de 2007. Depois de terem gerado fluxos positivos para as empresas públicas, no início, os contratos acumulam perdas potenciais de 1.250 milhões de euros, segundo a informação mais atualizada a que o ECO teve acesso. As empresas interromperam os pagamentos e, por isso, já devem cerca de 440 milhões de euros, aos quais haverá que somar juros de mora. Contas feitas, o prejuízo potencial para as empresas públicas supera 1,7 mil milhões de euros.

São estes prejuízos que as empresas públicas — e, em última instância, o Estado português — querem evitar a todo o custo. No requerimento, são explanados cinco argumentos para convencer os juízes do Supremo a avaliar de novo o diferendo. De seguida, os advogados demonstram, em dois pontos fundamentais, o erro de avaliação que consideram ter sido cometido pela primeira instância e reafirmado pela segunda instância.

E no final pedem ao Supremo que recorra ao Tribunal Europeu de Justiça. Quando os tribunais nacionais encontram diferendos sobre a aplicação de legislação europeia, devem remeter o assunto ao Tribunal Europeu de Justiça, que pesará as várias interpretações da lei feita pelos juízes nacionais e garantirá que há uma aplicação do direito comunitário uniformizada.

Os advogados das empresas públicas estão convictos de que este é um desses casos, já que, asseguram, a mesma Convenção de Roma, assinada pelos países da União Europeia, está a ter agora uma interpretação diferente por parte dos tribunais ingleses do que a que foi dada pelos tribunais alemães.

Perante este apelo, o Santander apresentará também os seus argumentos. O prazo termina hoje e os juízes terão cerca de seis semanas para ponderar se admitem reavaliar o caso. Podem decidir apenas com base na argumentação submetida pelas partes, ou podem requerer audições.

Os cinco argumentos para os juízes do Supremo

Primeiro, a defesa das empresas públicas precisa que os juízes do Supremo não atendam ao parecer deixado pelo tribunal de segunda instância, que dizia que o caso não deveria ter mais apelo possível. Por isso, detalham cinco argumentos:

1 – São os contribuintes que estão em causa

Primeiro, não se trata apenas de um conflito entre empresas de transporte e um banco. “Tendo em conta as largas somas envolvidas”, este caso é importante “para o Estado português, enquanto acionista das empresas públicas (…), para os contribuintes portugueses, para os residentes em Portugal nas duas maiores cidades (Lisboa e Porto) e para os utilizadores dos sistemas de transporte destas duas cidades (metro, autocarros e comboios)”, lê-se no requerimento.

Os advogados das empresas notam que o market-to-market das operações (ou seja, o seu valor atualizado de mercado) supera “1,3 mil milhões de euros”. Para dar aos juízes uma ideia do peso que implicam numa economia como a portuguesa, sublinham que representam 0,77% do PIB nacional, “que cresceu apenas o dobro deste valor, 1,5% em 2015”. Frisam que os juros já oscilam entre 33% e 92,5% e que continuam “a subir”.

2 – O interesse é de toda a União Europeia

Argumentam que este caso toma decisões relevantes para todos os países da União Europeia, na medida em que se pronuncia sobre o número 3 do artigo 3º da Convenção de Roma. Este é uma espécie de salvaguarda do direito nacional:

“A escolha pelas partes de uma lei estrangeira, acompanhada ou não da escolha de um tribunal estrangeiro, não pode, sempre que todos os outros elementos da situação se localizem num único país no momento dessa escolha, prejudicar a aplicação das disposições não derrogáveis por acordo, nos termos da lei desse país, e que a seguir se denominam por «disposições imperativas».”

3 – Na Alemanha a decisão foi outra

Os advogados das empresas públicas recuperam um caso decidido na Alemanha, em que o entendimento deste artigo da Convenção de Roma foi outro. Nesse caso, o Tribunal do Trabalho de Bielefeld decidiu que um contrato de emprego assinado entre um cidadão de nacionalidade polaca e uma empresa polaca, na sequência de uma oferta de emprego vista pela internet a partir da Polónia, era, ainda assim, um caso sob a jurisdição alemã. Esta conclusão foi retirada ao abrigo do artigo 3º da Convenção de Roma, e foram dados como argumentos que o contrato foi assinado na Alemanha e aplicado em solo alemão. Este é também um dos pontos-chave no pedido de intervenção do Tribunal Europeu de Justiça.

4 – O impacto é internacional

Da interpretação dos juízes ingleses resulta que “a simples assinatura de um formulário internacional estandardizado (…) retira uma situação do âmbito do número três do artigo terceiro” da Convenção de Roma, argumentam os advogados. “Isto nunca foi sugerido antes”, frisam. E recordam que os formulários da ISDA (da Associação Internacional de Swaps e Derivados) são usados internacionalmente noutros setores, como o da construção. “O caso tem por isso implicações não apenas dentro da União Europeia, mas também internacionalmente nos mercados financeiros e noutros mercados”, lê-se na exposição dos advogados das empresas de transportes.

5 – Este não é caso único

Os advogados frisam que o caso das empresas portuguesas não é o único que levanta questões de interpretação deste artigo da Convenção de Roma e que por isso é natural que o Supremo seja, mais tarde ou mais cedo, confrontado com a questão. A defesa das empresas públicas dá como exemplo o caso que opõe o Dexia Crediop Spa ao Commune di Prato, onde o tribunal de recurso discordou da decisão da primeira instância, antevendo-se, por isso, uma forte probabilidade de recurso ao Supremo.

Onde é que os juízes falharam?

Além de justificar porque é que o assunto merece a atenção do Supremo, os advogados explicam em que medida é que o caso foi mal avaliado pelas duas instâncias anteriores. A defesa das empresas públicas utilizam dois argumentos fundamentais: primeiro, tentam demonstrar em que medida é que a interpretação feita pela justiça inglesa da Convenção de Roma não está correta. Depois, concluem daí que se a interpretação tivesse sido outra, então os swaps teriam sido reencaminhados para o Tribunal Comercial para serem modificados ou terminados, tendo em conta o Código Civil Português.

Para justificar a discordância da interpretação feita da Convenção de Roma, os advogados levam as conclusões dos juízes ao extremo. Se a interpretação da primeira instância, confirmada pela segunda instância, estiver correta, então quer dizer que “(…) a mera utilização de um formulário internacional tiraria um contrato do âmbito do número 3 do artigo 3º [da Convenção de Roma”, notam. O mesmo aconteceria com “o mero recurso a um terceiro interveniente (independentemente de estar relacionado ou não) para fornecer um serviço que facilite o negócio”; ou ainda com “o mero suporte em contratos back-to-back (espelho) que alguém na cadeia utilize, desconhecidos para uma das partes, e que impliquem uma entidade estrangeira”.

Daqui decorre que, se esta interpretação prevalecer, “as circunstâncias em que é provável que o número 3 do artigo 3º se aplique serão raras.”

"Uma solução justa para ambas as partes poderia ser encontrada”, lembram os advogados das empresas públicas, citando a sentença de segunda instância. E por isso, rematam: “Uma solução justa deve agora ser procurada.”

Defesa das empresas públicas

Requerimento de recurso ao Supremo Tribunal de justiça inglês

Justificado este ponto, os advogados partem para a segunda parte da sua tese: os juízes avaliaram mal quando decidiram que este caso não era um assunto doméstico, fundamentalmente situado em Portugal. A defesa das empresas públicas rebate, um por um, os seis argumentos considerados pelo juízes para decidir que o caso deve ser julgado na jurisdição inglesa.

Nota, por exemplo, que os formulário da ISDA são, por natureza, internacionais e que por isso não faz sentido assumir que têm de ser regulados pela lei do Reino Unido. Podem ser usados no âmbito da lei americana, por exemplo. Tal como o uso da lei inglesa não deve contar como argumento já que, no limite, a escolha do idioma aponta para qualquer país anglófono — Estados Unidos, Austrália ou Canadá e não apenas o Reino Unido. A defesa frisa ainda que as negociações e as transações dos swaps aconteceram todas em Portugal, sublinha que foram produtos desenhados a pedido (vendidos over-the-counter) e que por isso não eram propriamente contratos transacionáveis.

No final, os advogados lembram que foram os próprios juízes que reconheceram, na sentença, que “uma solução justa para ambas as partes poderia ser encontrada”. E, por isso, rematam: “Uma solução justa deve agora ser procurada.”

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