Taxa das renováveis provoca faíscas dentro do próprio PS

  • Margarida Peixoto
  • 27 Novembro 2017

Há deputados socialistas descontentes com a mudança de posição do partido. Eram a favor da taxa e não compreendem a mudança súbita de decisão.

A mudança súbita de posição do PS sobre a taxa para as energias renováveis não foi compreendida por alguns deputados do próprio PS.

Não foi só com o Bloco de Esquerda que o chumbo da nova taxa para as empresas produtoras de energias renováveis gerou tensão. Dentro do próprio PS há deputados descontentes com a reviravolta decidida à última hora. Dois deles, Ascenso Simões e Paulo Trigo Pereira, assumiram publicamente esse desconforto. E o ECO sabe que não são os únicos.

“Não compreendo a mudança de sentido de voto do PS de sexta para hoje assumindo que há um dever de lealdade entre partidos que apoiam a solução governativa”, reconhece o deputado socialista Ascenso Simões, em declarações ao ECO, ressalvando que nem é um “entusiasta” dos atuais acordos com o BE e o PCP.

Não compreendo a mudança de sentido de voto do PS de sexta para hoje assumindo que há um dever de lealdade entre partidos que apoiam a solução governativa.

Ascenso Simões

Deputado do PS

Mas nem foi só por uma questão de lealdade para com os partidos da esquerda que o socialista votou a favor da taxa contributiva que não verá a luz do dia. Ascenso Simões evoca também uma questão de substância: “A medida tem justificação uma vez que este subsetor de produção elétrica foi sempre favorecido no âmbito da fiscalidade aplicada às empresas”, argumenta.

Paulo Trigo Pereira, também do grupo parlamentar do PS, votou em conjunto com a restante bancada, mas apresentou uma declaração de voto. “Apenas por razões de disciplina de voto em sede de Orçamentos do Estado, voluntariamente aceite ao integrar a lista do PS, não divergi do sentido de voto do PS contra a proposta do BE. Na ausência dessa disciplina teria votado essa proposta favoravelmente”, escreve o deputado.

E explica as suas razões: primeiro, lembra que durante o período da “troika em Portugal, e mesmo após a sua saída”, houve vários avisos das instituições internacionais, como o FMI e a Comissão Europeia a alertar “para as rendas excessivas no setor da energia”. Frisa que também as “organizações da sociedade civil portuguesa de defesa dos consumidores”, como por exemplo a DECO, têm feito os mesmos alertas.

Na impossibilidade de revisão de contratos que garantem uma rentabilidade excessiva desses investimentos, a única possibilidade de diminuir as rendas excessivas neste setor é através de um imposto.

Paulo Trigo Pereira

Deputado do PS

Segundo, reconhece que enquanto as energias renováveis eram uma “indústria nascente” fazia sentido dar um conjunto de incentivos através de tarifas garantidas acima do valor de mercado da energia, mas defende que “com a maturidade desses investimentos já não se justifica manter esses incentivos”.

Terceiro, nota a “impossibilidade de revisão” dos contratos em causa e por isso conclui que “a única possibilidade de diminuir as rendas excessivas neste setor é através de um imposto.”

Por fim, Paulo Trigo Pereira ainda defende a proposta do BE, argumentando que alargava a atual contribuição extraordinária para o setor energético (CESE) às renováveis de forma “equilibrada”, uma vez que a taxa de 30% não era “repercutível, direta ou indiretamente, nos consumidores” e que estava “consignada à redução do défice tarifário”. Além disso, isentava os “pequenos ou micro produtores, nomeadamente a produção de eletricidade para autoconsumo,” acrescenta.

Para além dos dois socialistas que reconheceram publicamente a sua discordância com a decisão do PS, outro socialista reconheceu ao ECO estar descontente com o volte-face e admitiu compreender as razões do Bloco de Esquerda para estar profundamente desiludido com o Governo.

Ainda antes da confirmação da alteração do sentido de voto dos socialistas, o ECO contactou o Ministério da Economia para perceber a posição do Executivo sobre o assunto. Mas até ao momento ainda não obteve qualquer resposta. Durante o debate, apenas Luís Testa, socialista, pressionado pelo Bloco, justificou o chumbo da taxa com a necessidade de promover as energias limpas. Mas nunca justificou a mudança súbita de posição. O Governo não tocou no assunto.

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Orçamento do Estado para 2018 aprovado

  • Margarida Peixoto
  • 27 Novembro 2017

O Orçamento do Estado para 2018 foi aprovado esta segunda-feira pela maioria de esquerda na Assembleia da República. Mas a tarde ficou marcada pela crise entre o Governo e o BE.

O Orçamento do Estado para 2018 foi aprovado esta segunda-feira na Assembleia da República.

O Orçamento do Estado para 2018 foi aprovado esta segunda-feira na Assembleia da República. Os planos orçamentais do Governo para o próximo ano foram aprovados com os votos favoráveis do PS, BE, PCP e PAN, e os votos contra do PSD e CDS-PP. Contudo, e apesar de o Executivo ter conseguido superar a prova orçamental pelo terceiro ano consecutivo, a tarde ficou marcada pela crise entre o BE e o Governo.

No discurso de encerramento, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos, argumentou que o que “une” a maioria de esquerda formada pelo PS, BE e PCP “é muito mais forte e construtivo” do que simplesmente impedir que a direita governe. É antes a “certeza de que (…) é mesmo possível viver melhor em Portugal”, defendeu.

E garantiu que essa melhoria “é inseparável de um aumento dos rendimentos das famílias, de maior justiça fiscal, de melhores serviços públicos universais, de melhores infraestruturas e de uma política económica inteligente”. Mas nas 12 páginas de discurso não reservou uma linha para a questão que dividiu esta segunda-feira os bloquistas dos socialistas e que motivou a crítica mais dura alguma vez feita pelo BE ao Governo.

À saída do plenário, o primeiro-ministro António Costa também não quis responder às perguntas dos jornalistas sobre o assunto.

Em causa está uma mudança súbita de posição dos socialistas sobre uma proposta do BE para aplicar uma taxa contributiva extraordinária às empresas produtoras de energias renováveis, que os bloquistas afirmam estar acordada com o Executivo. O PS chegou a aprovar a medida nas votações de especialidade na Comissão de Orçamento e Finanças, na sexta-feira, mas avocou a matéria para plenário e esta tarde deu o dito por não dito e mudou o seu sentido de voto.

Ainda assim, e apesar da crise de última hora, a versão final do Orçamento do Estado para 2018 contou com muitas alterações dos partidos da esquerda e algumas mudanças obtidas por entendimentos pontuais entre a esquerda e a direita. O ECO reuniu as principais mudanças verificadas durante o debate de especialidade aqui.

O ECO esteve em direto durante o último dia do debate do OE2018. Pode reler o essencial da discussão parlamentar aqui.

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Os vidros e porcelanas da Vista Alegre cumprem 30 anos na bolsa

Fundada em 1824, Vista Alegre completou esta segunda-feira 30 anos de vida na bolsa portuguesa, num percurso de resiliência que chega aos dias de hoje graças ao resgate da Visabeira, em 2009.

Vista Alegre Atlantis celebrou hoje 30 anos de presença na bolsa portuguesa.Euronext Lisboa

Os vidros e porcelanas da Vista Alegre Atlantis estão de parabéns. A empresa cumpre esta segunda-feira três décadas na bolsa de valores portuguesa, num percurso de resiliência no mercado de capitais mas que foi particularmente conturbado nos últimos anos. Se hoje vive momentos de estabilidade acionista, a Vista Alegre esteve em vias de desaparecer em 2009, um cenário que apenas foi evitado com o “resgate” do grupo Visabeira.

“É verdade que a Vista Alegre teve momentos áureos mas também passou por momentos mais complicados. Acumulava 64 milhões de euros de resultados negativos nos quatros anos anteriores ao controlo pela Visabeira”, lembrou Nuno Terras Marques, presidente da Vista Alegre, durante a cerimónia de celebração de 30 anos de existência no mercado de capitais organizada pelo Euronext Lisbon.

“Foi uma tarefa hercúlea na inversão dessa tendência. Com os ativos qualificados como os trabalhadores da Vista Alegre foi-nos permitido virar a pagina e iniciar novo capítulo na história. (…) A Vista Alegre está finalmente no bom caminho”, frisou ainda.

"Foi uma tarefa hercúlea na inversão dessa tendência. Com os ativos qualificados como os trabalhadores da Vista Alegre foi-nos permitido virar a pagina e iniciar novo capitulo na história. (…) A Vista Alegre está finalmente no bom caminho.”

Nuno Terras Marques

Presidente da Vista Alegre Atlantis

Fundada em 1824 por José Ferreira Pinto Basto, na sequência da carta régia assinada pelo rei D. João VI, os últimos anos foram realmente dramáticos para uma das maiores empresas mundiais do setor dos vidros. Sobretudo em 2008 e 2009, quando o cenário de iminente falência da Vista Alegre apenas foi evitado com uma oferta pública de aquisição (OPA) da Visabeira.

Hoje em dia, o grupo detém mais de 81% do capital da Vista Alegre e poderá reforçar essa posição depois do aumento de capital de 29 milhões de euros que está em curso e que vai retirar protagonismo aos outros grandes acionistas, caso da Portugal Ventures (atualmente com 11%) e da Caixa Geral de Depósitos (4%).

No plano operacional, depois de quatro anos a fechar as contas no vermelho, a Vista Alegre voltou a vislumbrar lucros em 2016. Em 2017, os resultados deverão continuar a brilhar como os cristais com os quais trabalha: nos nove primeiros meses do ano, tem um lucro de 1,87 milhões de euros.

Durante a cerimónia, Nuno Terras Marques sublinhou o processo de inovação e internacionalização levado a cabo pela gestão da Visabeira. Mais de dois terços do negócio da Vista Alegre vem do exterior, com destaque para o mercado asiático e europeu, apresentando uma faturação de 41,5 milhões de euros.

“Em dois séculos de vida a Vista Alegre deixou de ser uma marca exclusivamente portuguesa. Hoje é frequente ver nos grandes hotéis e restaurantes europeus a marca Vista Alegre”, sublinhou o presidente da empresa, considerando que a empresa é um “grande ativo para o grupo Visabeira mas também para o país“.

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Mariana Mortágua: “O Governo não honrou a palavra dada”

  • Margarida Peixoto
  • 27 Novembro 2017

Bloco de Esquerda marca encerramento do debate do Orçamento do Estado para 2018 zangado com o Governo. Mariana Mortágua frisou a "deslealdade" e acusou Executivo de "rasgar compromisso com o BE".

Mariana Mortágua, deputada bloquista, marcou o profundo descontentamento com o Governo no encerramento do debate sobre o Orçamento do Estado para 2018.Paula Nunes / ECO 27 novembro, 2017

A crise entre o Governo e o Bloco de Esquerda está oficialmente aberta. Mariana Mortágua, deputada bloquista, marcou o encerramento do debate sobre o Orçamento do Estado para 2018 acusando o Executivo de não ter “honrado a palavra dada”, de “deslealdade” e de ter “rasgado o compromisso com o Bloco” para se amarrar aos setores que têm sido sempre protegidos. Em causa está o chumbo de uma proposta dos bloquistas, num volte-face de última hora, que previa uma taxa extraordinária para as empresas produtoras de energias renováveis, que renderia aos cofres do Estado mais de 250 milhões de euros.

“O erro de hoje é inédito nos dois anos deste acordo e queremos registá-lo”, disse Mariana Mortágua, da tribuna. “O Governo não honrou a palavra dada”, acusou. A deputada disse que o Bloco votaria a favor do Orçamento do Estado porque, para os bloquistas, “palavra dada é mesmo palavra honrada”. Mas não hesitou em dramatizar o descontentamento do BE.

“O que hoje fica à vista é que o Partido Socialista preferiu amarrar-se aos mesmos setores que já protegeu nos seus governos anteriores”, criticou. “Quando era preciso um primeiro-ministro com ‘nervos de aço’ para responder às empresas que pretendem manter rendas de privilégio, o Governo falhou”, continuou. “Não nos queixamos apenas da deslealdade de ter rasgado o compromisso com o Bloco, o que já não seria pouco, porque a lealdade parlamentar baseia-se na palavra dada. Queixamo-nos da oportunidade que o país perdeu”, defendeu.

A deputada explicou os meandros tanto da proposta, como das negociações. Mariana Mortágua disse que a proposta de uma taxa contributiva sobre as energias renováveis tinha sido apresentada pelo Bloco no âmbito das discussões de especialidade e que estava acordada com o Governo; de caminho, lembrou que Portugal paga “a fatura mais cara da Europa” em termos energéticos e que as elétricas recebem “os maiores subsídios pela produção eólica e solar”.

Nada justifica o volte face do Partido Socialista a não ser a subserviência de sempre ao poder das elétricas.

Mariana Mortágua

Deputada do BE

De seguida, criticou abertamente a EDP Renováveis, notando o “autêntico milagre elétrico”, que permite que a empresa com apenas 12% da sua produção em solo nacional consegue 27% dos seus lucros. “Se tomarmos os preços da EDP-Renováveis como referência para todo o setor, verificamos que os consumidores portugueses pagam mais 400 milhões de euros por ano pela produção renovável do que pagariam se os preços fossem os que a EDP-Renováveis pratica na média dos países onde produz, por exemplo em Espanha”, frisou.

Defendeu a medida do Bloco, argumentou que era “parcial e moderada” e que “só em parte reduzia estes lucros excessivos”. Garantiu que “não atingiria qualquer novo investimento”. E denunciou que a proposta tinha sido “trabalhada e adaptada nos seus detalhes com os ministérios da Economia e das Finanças”. Para Mariana Mortágua, “nada justifica o volte face do Partido Socialista a não ser a subserviência de sempre ao poder das elétricas”.

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Anacom vai deixar de regular mercado grossista das chamadas de valor acrescentado

Regulador português vai deixar de regular o mercado grossista da "originação de chamadas para números geográficos relacionada com a prestação de serviços específicos". Confuso? O ECO explica.

A Anacom vai deixar de regular o mercado grossista da “originação de chamadas para números geográficos relacionada com a prestação de serviços específicos”. Segundo o regulador, este mercado também “já não faz parte da lista de mercados relevantes da Comissão Europeia”.

O que está aqui em causa? A matéria é complexa, mas fácil de explicar com exemplos. Aqui, estão em causa os números de telefone associados a serviços, como os começados por 760, 800, 808 e por aí em diante. Estes números são sempre fornecidos por uma operadora a uma entidade prestadora do serviço.

Imaginemos, por isso, um concurso de televisão com chamadas de valor acrescentado. A operadora X fornece um número começado em 760 ao canal A. No entanto, o telespetador, para participar nesse concurso, liga para esse número através de um telemóvel associado à operadora Y, com um custo associado de 60 cêntimos mais IVA.

Ora, as receitas não só são repartidas pela operadora X e pelo canal A, como também a operadora da origem da chamada, a operadora Y, tem direito a receber uma parte dessa receita. Esse mercado era, até aqui, regulado. Mas vai deixar de ser: as operadoras passam a acordar entre elas os valores a pagar.

“Esta decisão surge no âmbito da análise ao mercado grossista de originação de chamadas na rede telefónica pública num local fixo”, explica a Anacom num comunicado. Em contrapartida, a Anacom quer continuar a regular o submercado grossista de “originação de chamadas na rede telefónica pública num local fixo para a viabilização de serviços telefónicos retalhistas, suportados em acesso indireto”.

Aqui, em causa estão as chamadas fixas entre operadoras sem rede própria, um serviço já com alguma idade associado a um prefixo que se tem de marcar antes da chamada. Este mercado chegou a ter meio milhão de utilizadores, mas a Anacom reconhece que “tem vindo a perder alguma expressão”.

A Comissão Europeia considera que deve ser desregulado, mas o regulador português tem opinião contrária, pois ainda existem 27.000 utilizadores deste serviço (números de junho de 2007). Neste caso, a Anacom reiterou a proposta em Bruxelas e encontra-se a aguardar um desfecho.

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Moscovici: Confiança na economia portuguesa não invalida vigilância

  • Lusa
  • 27 Novembro 2017

No Parlamento Europeu, o comissário afirmou que a confiança na economia não invalida que Bruxelas seja vigilante e reclame a Portugal os esforços necessários para cumprir as regras.

O comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, reiterou esta segunda-feira que a Comissão Europeia “tem confiança na economia portuguesa”, o que não invalida que Bruxelas seja vigilante e reclame a Portugal os esforços necessários para cumprir as regras.

Num debate na comissão de assuntos económicos do Parlamento Europeu, Moscovici, interpelado pelo eurodeputado Pedro Silva Pereira do Partido Socialista, que lembrou o facto de no passado recente a Comissão ter “revisto em alta as previsões para o crescimento económico e em baixa as previsões para o défice e dívida pública”, admitiu que tal pode voltar a suceder, mas enfatizou a necessidade de, ainda assim, Portugal prosseguir as reformas estruturais, pois para já há riscos de incumprimento.

“É verdade que no passado os resultados em Portugal foram melhores do que as nossas previsões, o que não é surpreendente, porque nós obviamente temos de ter uma abordagem muito cuidadosa e prudente”, começou por reconhecer Moscovici.

Relativamente ao parecer adotado na semana passada pela Comissão sobre o plano orçamental português para 2018, o comissário começou por lembrar que a opinião do executivo comunitário começa por reconhecer que “o desempenho económico é forte, que o défice orçamental está claramente a ser reduzido e que há um esforço estrutural em curso”.

“Mas este esforço não é suficiente se considerarmos os critérios” do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), pelo que poderá haver necessidade de “eventuais esforços adicionais”, advertiu.

No parecer adotado em 22 de novembro, a Comissão Europeia considerou que a proposta orçamental portuguesa para o próximo ano “pode resultar num desvio significativo” do ajustamento recomendado, identificando então um “risco de incumprimento” do ajustamento necessário para alcançar o Objetivo de Médio Prazo (de 0,25% do Produto Interno Bruto – PIB) “tanto em 2017 como em 2018”.

Nesse sentido, Bruxelas “convida as autoridades a tomar as medidas necessárias dentro do processo orçamental nacional para garantir que o orçamento de 2018 vai estar em conformidade com o PEC”.

“Em suma, há confiança na economia portuguesa? A minha resposta é sim, mas esta confiança não invalida o facto de o ajustamento reclamado ter de ser feito”, sublinhou o comissário europeu dos Assuntos Económicos. Mais à frente no “diálogo” com os eurodeputados, Moscovici refutou as críticas do eurodeputado comunista Miguel Viegas, que apontou o dedo às políticas “neoliberais” e de austeridade alegadamente impostas pela Comissão.

“Os nossos amigos portugueses não têm razões de queixa desta Comissão”, argumentou, apontando a título de exemplo o apoio dado por Bruxelas para que Portugal conseguisse ter uma “saída limpa” do seu programa de ajustamento e a leitura flexível das regras feita pelo executivo comunitário quando estavam em cima da mesa possíveis sanções e suspensão de fundos a Portugal.

“Não tenha dúvidas de que esta Comissão teve uma atenção particular para com Portugal”, concluiu.

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Gostava de morar no Alasca? Estado oferece 1.600 euros por ano

O Alasca é o Estado norte-americano com menos população e está a oferecer aos seus cidadãos permanentes cerca de 1.600 euros por ano, vindos das reservas de petróleo.

O estado do Alasca está a apostar no aumento do número de cidadãos e, para isso, está a oferecer incentivos a quem se mudar para a região. O maior estado dos Estados Unidos e o principal produtor de petróleo paga a cada um dos seus residentes um máximo de dois mil dólares (1.675 euros) por ano e esse valor também inclui as crianças. Mas será que compensa? O ECO fez as contas.

Se algum dia pensou em mudar de vida esta pode ser a sua oportunidade. O Alasca é o maior dos 50 estados norte-americanos mas, em contrapartida, é o menos povoado de todos — conta com 0,42 habitantes por cada quilómetro quadrado. Em 2016, tinha cerca de 740 mil habitantes. A sua economia depende principalmente da extração de petróleo e gás natural, tornando-o o maior produtor de petróleo dos Estados Unidos. E é com esse trunfo que o Alasca tenta atrair mais pessoas a mudarem-se para lá.

Atualmente, cada cidadão permanente recebe uma parcela da riqueza do petróleo do Estado. Mas, os residentes continuam a ser insuficientes e, para combater essa escassez, o Governo oferece esses mesmos incentivos àqueles que se mudem para lá. A medida foi implementada em 1982 de forma a garantir que as futuras gerações consigam beneficiar das reservas de petróleo do Estado, que são um recurso finito.

Até agora, o Alasca já entregou aos seus habitantes mais de 21 mil milhões de dólares (17,6 mil milhões de euros), e as crianças também estão incluídas. O valor pago a cada cidadão varia de ano para ano, conforme o valor das reservas de petróleo do estado. Por exemplo, o ano de 2015 viu o valor mais alto por cada cidadão — 2.072 dólares (1.735,5 euros) por ano, enquanto este ano se fixa nos 1.100 dólares (921,4 euros).

E quanto aos requisitos, não são muitos: apenas dois. Qualquer cidadão que se mude de forma permanente para o Alasca tem direito a esse pagamento anual, desde que lá permaneça, no mínimo, 180 dias por ano (o equivalente a seis meses) e não tenha sido condenado por qualquer crime no último ano.

Mas, no final, valerá a pena?

A proposta até parece tentadora mas há mais fatores a ter em conta. As temperaturas negativas, que rondam os -7ºC, são um dos pontos que podem deixar muitos interessados de pé atrás, principalmente no mês de dezembro, com temperaturas que rondam os -2ºC. Ainda assim, no Alasca tem a hipótese de ver as famosas e tão desejadas auroras boreais, facilmente visíveis ao início da manhã ou fim da noite.

Aurora boreal, Alasca

Encontrar casa no Alasca não é tão difícil e custoso como em Lisboa ou no Porto. A oferta é variada, a preços acessíveis e, acredite, há vários pequenos paraísos demasiado baratos. Diariamente, o Governo leiloa casas a preços bastante acessíveis, localizadas em verdadeiros paraísos com vista para uma lagoa própria, floresta e a cinco quilómetros de um glaciar. O problema só é um: não têm acesso a água nem a Internet e o melhor será usar um telefone por satélite. Com sorte, encontra também ofertas imperdíveis, como comprar uma ilha com água cristalina, mas gelada, por 140 mil euros. Fora isso, há casas normais com todas as condições que um ser humano precisa, não se preocupe.

No que diz respeito às refeições, os preços dos produtos não são assim tão acessíveis, devido aos custos de importação. Por exemplo, um quilo de laranjas no Alasca custa cerca de 2,3 dólares (1,9 euros) enquanto cá fica por 1,29 euros. Um quilo de batatas fica por 1,89 dólares (1,58 euros) enquanto cá fica por 0,73 euros. Uma embalagem de champô custa 7,39 dólares (6,19 euros), enquanto cá, a mesma embalagem da mesma marca fica por 5,29 euros.

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Cinco soluções para rentabilizar o subsídio de Natal

Muitos portugueses já receberam ou preparam-se para ter depositado na conta o subsídio de Natal, ou parte dele. Dos depósitos aos PPR, fique a conhecer cinco formas de rentabilizar esse dinheiro.

No próximo ano é tempo de regressar ao passado. Todos os trabalhadores portugueses deixam de receber os subsídios de férias e de Natal em duodécimos, para passarem a vê-los depositados por inteiro na conta. Essa alteração surge depois de o Parlamento ter aprovado, na votação de especialidade do Orçamento do Estado para 2018. Mas, este ano, já há um grande conjunto de pessoas que vão receber pelo menos metade do subsídio de Natal.

Se para muitas pessoas essa quantia representa um “balão de oxigénio” para os seus orçamentos ou uma ajuda para comprar os presentes de Natal, para outras a solução poderá passar por a rentabilizar. Dos depósitos aos PPR há várias soluções de aplicação vocacionadas para investidores menos adeptos a assumir riscos com este extra. Fique a conhecer cinco dessas alternativas para este dinheiro. E quanto pode render cada uma delas.

Dos 0% aos 1,75%: os melhores depósitos em cada banco

Os depósitos a prazo são tradicionalmente o produto de poupança preferido dos portugueses. Contudo, esta alternativa de poupança está a perder cada vez mais brilho em termos de retorno. Aliás, nunca os depósitos a prazo renderam tão pouco como agora. Os últimos dados do Banco de Portugal, mostram que os bancos nacionais ofereceram uma taxa de juro média de 0,25% nas novas aplicações em depósitos a prazo realizadas em setembro, próximo do mínimo histórico fixado em agosto: 0,24%.

Contudo, para quem não prescinde de colocar o seu dinheiro nesta classe de produtos, há alguns que conseguem destacar-se pela positiva em termos de retornos. O ECO analisou a oferta de 18 instituições financeiras em busca dos melhores depósitos a um ano. O objetivo foi encontrar a melhor proposta, em cada banco, para quem esteja disponível para aplicar um montante máximo de 2.500 euros.

O depósito a um ano mais rentável por banco

Fonte: Sites dos dos bancos | (1) Nas subscrições entre 24 e 28 de novembro, este produto oferece uma taxa de juro de 0,6%. Dados recolhidos a 24 de novembro de 2017.

No leque da oferta analisada foram identificados apenas três instituições a oferecerem, para o prazo de um ano, depósitos cuja remuneração bruta supera a fasquia dos 1%. A taxa mais atrativa é disponibilizada pelo Banco Invest. Esta instituição financeira remunera a uma taxa de juro bruta de 1,75% as aplicações a partir de dois mil euros realizadas no depósito Invest Choice Novos Montantes.

Este produto é, aliás, o único que tendo em conta o universo de depósitos analisados que quase cobre a inflação. Em termos líquidos, este depósito do Banco Invest oferece uma remuneração de 1,26%. De acordo com as estimativas do Governo no Orçamento do Estado para 2018, a inflação deverá ficar nos 1,4% no próximo ano.

Com remunerações brutas superiores a 1% figura ainda os depósitos BNI Europa e Atlântico, dos bancos BNI Europa e Atlântico Europa que, respetivamente, oferecem taxas de juro brutas de 1,1% e 1%. Os melhores depósitos a um ano dos restantes bancos oferecem juros mais baixos, sendo que no caso do BPI não consegue juro nenhum. A taxa é de 0%.

Certificados de aforro: montante mínimo ajuda

Bastam 100 euros para poder aplicar em certificados de aforro (CA), o que permite alargar o leque de aplicações que podem ser feitas a pessoas com rendimentos mais baixos ou que pretendam rentabilizar apenas uma parcela do subsídio de Natal. O principal inconveniente é o facto de o retorno oferecido por este produto de poupança do Estado não ser o mais apelativo.

As subscrições de CA da nova série E, lançada a 30 de outubro e que veio substituir a série D, realizadas neste mês de novembro, oferecem uma taxa de juro bruta de 0,671%. Esta taxa apesar de não ser muito atrativa, supera a oferecida pela maior parte dos depósitos a prazo disponíveis. Compara com a remuneração de 0,25% oferecida, em média, nas novas aplicações em depósitos a prazo realizadas em setembro.

Mas para quem mantenha a aplicação em CA, a respetiva remuneração é acrescida de 0,5% do início do segundo ano até ao final do quinto ano. Do início do sexto ano até ao final do décimo ano, acresce ainda à taxa base 1%. Ou seja, numa perspetiva de longo prazo a remuneração já é mais atrativa.

Certificados do Tesouro perdem brilho, mas reinam

Os Certificados do Tesouro Poupança Crescimento (CTPC) lançados no final de outubro vieram oferecer uma remuneração menos atrativa face aos seus antecessores Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM). Mas apesar do corte de remuneração continuam a ser o produto de poupança do Estado mais atrativo, batendo mesmo os concorrentes depósitos a prazo.

A taxa média ao fim dos sete anos de horizonte temporal máximo de investimento é de 1,35%, em termos médios. As taxas do novo produto do Estado começam nos 0,75%, em termos brutos, no primeiro ano e vão crescendo até atingirem os 2,25% no sétimo ano de aplicação.

Remuneração dos CTPC

Contudo essas taxas podem ser melhoradas, já que a partir do segundo ano de aplicação está prevista a adição de um bónus em função do crescimento do PIB. No caso dos CTPM esse prémio era de 80% do crescimento do PIB, enquanto no caso do novo produto de poupança do Estado, esse bónus é de 40% do PIB e está limitado a um máximo de 1,2% (proporção de um crescimento de 3% do PIB).

À semelhança dos CTPM, o mínimo de aplicação é de 1.000 euros, sendo que ao colocar o seu dinheiro neste produto tem de estar preparado para não mexer nele durante o primeiro ano. Ou seja, este produto apenas adequa-se a quem possa prescindir da quantia em causa durante esse horizonte temporal. Quanto mais tempo esperar para o resgatar, mais elevado será o retorno alcançado.

OTRV? Atenção às comissões

Tal como há um ano, o Governo decidiu lançar uma nova emissão de Obrigações do Tesouro de rendimento Variável (OTRV), bem próximo da altura em que os portugueses recebem o subsídio de Natal. Esta última emissão oferece a remuneração mais baixa de todas as operações já realizadas. Nesta sexta série de OTRV, é oferecida uma taxa de juro bruta de 1,1%, numa aplicação que tem uma maturidade de cinco anos. De recordar que a primeira emissão desta natureza realizada em maio de 2016 oferecia um prémio de 2,2%.

Apesar dessa quebra, as OTRV continuam a despertar muito interesse por parte dos aforradores já que quando comparadas com a maior parte dos produtos disponíveis no mercado continuam a ser atrativas e termos de remuneração. Por isso podem ser uma boa alternativa para aplicar o valor do subsídio de Natal.

Mas essa aplicação não deve ser feita “às cegas”. É necessário ter em conta que as OTRV são alvo de comissões que são cobradas pelos bancos comercializadores que podem “comer” o retorno conseguido pelo aforrador. De acordo com cálculos do ECO, apenas tornam compensador para o investidor que disponha de pelo menos sete mil euros para aplicar. Isto significa que caso pretenda tirar partido do retorno deste produto irá necessitar de juntar o valor do subsídio de Natal a outra quantia que tenha de parte.

As “OTRV dezembro 2022” estão disponíveis para montantes mínimos de 1.000 euros, tal como acontece com os CTPC. Mas atenção, já que estas não estão completamente imunes ao risco. Após a sua subscrição, este produto do Estado pode ser negociado no mercado, razão pela qual está dependente do respetivo “humor”, e por isso mesmo há o risco de eventuais perdas caso o seu titular as necessite de vender antes da maturidade.

Atenção ainda para o facto de que esta emissão de OTRV está apenas disponível para subscrição até ao dia 28 de novembro. Depois disso, continua a poder investir neste produto, mas para tal terá de ir ao mercado.

Vá atrás dos benefícios fiscais nos PPR

Com a chegada do fim de ano está na altura para receber o tradicional telefonema do gestor de conta com a seguinte questão: “Não quer fazer um Plano Poupança Reforma (PPR)?” À parte do retorno que possa tirar deste investimento, e que provavelmente só daqui a alguns anos irá tirar partido quando se reformar, a aposta num novo PPR ou o reforço numa aplicação que já disponha é uma forma de rentabilizar a fatura fiscal relativamente a este ano.

Mapa das deduções nos PPR

Fonte: Optimize27 novembro 2017

É possível deduzir no IRS 20% das contribuições feitas para este produto, em função de um limite que varia consoante a idade do subscritor. Para pessoas com menos de 35 anos, é dedutível 20% do valor aplicado com um limite de 400 euros. Entre os 35 e os 50 anos o limite baixa para 350 euros, enquanto para idades superiores o limite são 300 euros.

No caso dos casados, se cada membro do casal for subscritor de um produto e tiver investido o limite individual, os valores sobem para 800, 700 e 600 euros respetivamente. Para ter acesso à dedução máxima é necessário investir 2.000, 1.750 e 1.500 euros, respetivamente, tendo em conta cada cenário. Mas atenção que o benefício possível de retirar do PPR está condicionado pelo limite global das deduções à coleta de IRS.

Limites à coleta de IRS

Fonte: Optimize27 novembro 2017

A aplicação em PPR pode ser feita através de duas classes de produtos distintos: sob a forma de seguro ou de fundo de investimento. Os primeiros podem ser subscritos através das seguradoras e os segundos através das gestoras de ativos. Os PPR contratados sob a forma de seguro oferecem garantia de capital e de rendimento, na maior parte dos casos. No caso dos fundos PPR não existem essas garantias, mas também o potencial de retornos pode ser mais elevado, já que parte da respetiva carteira é aplicada em ações. Os PPR sob a forma de fundos são indicados sobretudo para quem esteja mais distante da idade da reforma já que há mais tempo para recuperar eventuais perdas sofridas.

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OPEP aponta para um “otimismo” no mercado petrolífero

  • Lusa
  • 27 Novembro 2017

A limitação na produção e a consequente valorização do barril de petróleo levou ao secretário-geral da OPEP a considerar que o mercado está a entrar num ciclo marcado pelo regresso do investimento.

O secretário-geral da OPEP, Mohamed Barkindo, considerou esta segunda-feira que o corte na produção petrolífera decidido por 24 países devolveu o “otimismo” e a “confiança” a um mercado que vai a caminho de “recuperar o equilíbrio”.

Barkindo referia-se a uma limitação da produção em quase 1,8 milhões de barris por dia, concertada em finais de 2016 por 24 países produtores, o que contribuiu para uma subida do preço do crude.

Aos 14 países que integram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), juntaram-se 10 outros países, incluindo a Rússia.

O rigoroso cumprimento dos ajustamentos desde a aplicação da decisão a 1 de janeiro deste ano, “trouxe um novo otimismo ao mercado petrolífero como não se via há algum tempo“, afirmou Barkindo, em Viena, no início de uma reunião de cooperação técnica entre a OPEP e outros países produtores.

Esse otimismo traduz-se numa subida dos preços, com o barril de referência da OPEP acima de 61 dólares, quando há um ano estava em cerca de 45 dólares.

A OPEP e os seus aliados vão reunir-se na próxima quinta-feira, na capital austríaca, para debater um possível prolongamento da redução, que foi acordada para vigorar só até 31 de março de 2018.

O secretário-geral da OPEP também disse que “o investimento no setor está a regressar”.

O corte decidido há quase um ano destinava-se a acabar com o excesso de oferta, que além de fazer baixar os preços levou as reservas dos países desenvolvidos a níveis máximos.

Segundo Barkindo, agora “o mercado está a voltar ao equilíbrio”.

“As condições atuais de mercado, o nível de confiança e o otimismo reinantes na indústria são uma prova do resultado dos nossos esforços conjuntos”, acrescentou.

Na opinião do secretário-geral da OPEP, o trabalho conjunto feito ao longo do último ano levou “a novas relações” entre a OPEP e os países que pertencem à organização.

“Isso levou a novas amizades, novas oportunidades e lançou as bases para continuar a nossa cooperação no futuro”, apontou.

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Airbnb entrega 3,1 milhões de euros em taxa turística a Lisboa

  • Juliana Nogueira Santos
  • 27 Novembro 2017

A empresa gerou 3,1 milhões em taxa turística no ano de 2017, um montante que ascende aos cinco milhões de euros desde 1 de maio de 2016.

A Câmara Municipal de Lisboa recebeu 3,1 milhões de euros da Airbnb, fruto da taxa turística cobrada durante este ano de 2017. A informação foi divulgada às redações pela empresa que afirma que, desde 1 de maio de 2016, o montante entregue à Câmara ascende aos cinco milhões de euros.

“A Airbnb, líder mundial em plataformas de alojamento local e comunitário, acaba de anunciar que gerou uma receita de 3,1 milhões de euros em taxas turísticas durante 2017 em Portugal (desde o início do ano até ao momento) “, pode ler-se no comunicado. “Com base na parceria entre a Airbnb e a Câmara Municipal de Lisboa — relativa à coleta da taxa turística no valor de um euro por cada noite passada na capital — desde 1 de maio de 2016 a Airbnb já recolheu e entregou às autoridades do município de Lisboa um total de quase cinco milhões de euros.”

“Queremos ser bons parceiros para Portugal e, por isso mesmo, estamos orgulhosos de introduzir esta ferramenta de registo e de ajudar as famílias locais a partilhar as suas casas e a seguir todas as regras. Estamos também cientes de que o alojamento local é um motor económico que ajuda os governos a aumentar as suas receitas fiscais e as comunidades“, afirma Arnaldo Muñoz, country manager da Airbnb em Portugal.

“Os anfitriões querem pagar sua justa parte de impostos e estamos muito satisfeitos por trabalhar com o governo para ajudá-los, ao mesmo tempo que continuamos a liderar esta indústria neste tema.” A Airbnb assume-se assim como a única plataforma a coletar um euro por cada noite passada na capital.

(Notícia atualizada às 17h25 com mais informação)

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Pharol desliza 12% e castiga Lisboa. BCP e REN não perdoam

  • Juliana Nogueira Santos
  • 27 Novembro 2017

O anúncio da saída do CEO da Oi levou os títulos da Pharol a deslizarem mais de 12%. O BCP e a REN aumentaram a pressão sobre o PSI-20, que acabou por ceder.

A primeira sessão desta semana foi de perdas para as principais bolsas europeias e nem Lisboa escapou. O índice de referência nacional perdeu quase 0,5% pressionado pelo deslize de 12% da Pharol, pelo BCP e pela REN, cujos direitos de subscrição acumulam já perdas de 16%.

Do outro lado do Atlântico, o CEO da Oi está de saída da empresa, mas atravessaram as água e passaram para Portugal, com as ações da Pharol a caírem 12,18% para 31 cêntimos. Os rumores de saída de Marco Schroeder começaram na passada sexta-feira, com a Reuters a avançar que este já tinha entregado a carta de demissão, devido a desentendimentos com o conselho de administração da empresa.

Estes vieram a confirmar-se na manhã desta segunda-feira, através de um comunicado enviado aos mercados, juntando-se também à instabilidade trazida pelo processo de recuperação da Oi.

Pharol desliza 11% com saída do CEO da Oi

A contribuir para este dia de perdas estiveram também as ações do BCP, que caíram 1,44% para 24,57 cêntimos, bem como as ações da REN, que foram castigadas pelo fraco desempenho dos direitos de subscrição. Os direitos deslizaram 9,15% para 12,9 cêntimos, acumulando já perdas de 16,23% desde que entraram em negociação, enquanto as ações da empresa deslizaram 1,97% para 2,39 euros.

No lado dos ganhos, os destaques vão para a Jerónimo Martins que, ainda que tenha iniciado a sessão desta segunda-feira a perder terreno, avançou 0,40% para 16,36 euros, e para a EDP, a única energética a conseguir manter-se à tona nesta sessão, avançando 0,38% para 2,92 euros. A Semapa avançou 4,74% para 16,23 euros, no dia em que viu o BPI subir seu preço-alvo para 21,10 euros.

Lisboa segue assim o caminho das principais praças europeias, que também terminaram o dia em terreno negativo. O francês CAC-40 perdeu 0,56%, enquanto o alemão DAX deslizou 0,46% e o agregador Stoxx 600 caiu 0,45%. O espanhol IBEX-35 foi o único a pintar-se de verde nesta segunda-feira, avançando 0,13%.

(Notícia atualizada às 16h50 com mais informação)

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Confirma-se: PS recua e deixa cair nova taxa sobre renováveis

  • Margarida Peixoto
  • 27 Novembro 2017

O PS tinha votado a favor da nova taxa das renováveis na sexta-feira, mas avocou a medida e mudou o sentido de voto. BE criticou duramente a decisão: foi uma "cambalhota triste", lamentou Jorge Costa.

Confirma-se: os socialistas recuaram e a taxa extraordinária sobre as energias renováveis não vai avançar. A proposta era do BE e chegou a ser aprovada pelo PS na semana passada. Contudo, os socialistas avocaram o assunto para debate em plenário e, na repetição da votação, esta segunda-feira, voltaram atrás.

A proposta para uma nova contribuição para as empresas de energias renováveis foi rejeitada com os votos contra do PS e do CDS, a abstenção do PSD e o votos favoráveis do BE, PCP, PEV, PAN e ainda do deputado socialista Ascenso Simões. O deputado do PS Paulo Trigo Pereira informou que entregará uma declaração de voto.

Durante o período de discussão das matérias avocadas, que antecede o encerramento da discussão sobre o Orçamento do Estado para 2018, o deputado socialista Luís Testa sublinhou os esforços e medidas que o Executivo de António Costa tem vindo a aplicar em matéria de política energética, defendendo que está um curso “uma revolução”.

Imediatamente antes, o bloquista Jorge Costa já tinha sublinhado os lucros da EDP Renováveis e lamentado a decisão do PS sobre a proposta do BE. Depois da intervenção de Luís Testa, o deputado do BE voltaria ao assunto para dizer que “há um milagre elétrico” a acontecer para as energéticas e “quem paga são os consumidores”. E confrontou diretamente os socialistas: “O PS votou a favor [na nova contribuição sobre renováveis] na sexta-feira e avocou a medida a plenário. O PS quer mudar o seu sentido de voto? E porquê?”

Mas a pergunta, num primeiro momento, ficou sem resposta. Os socialistas utilizaram os últimos dois minutos do tempo que tinham disponíveis para Fernando Rocha Andrade argumentar sobre a decisão do PS de não aprovar a proposta dos sociais-democratas para isentar de IMI as habitações devastadas pelos incêndios.

“Faltaram nervos de aço ao Governo para enfrentar as empresas produtoras de energia e faltaram nervos de aço ao senhor deputado para responder porque mudou a sua decisão”, rematou ainda Jorge Costa. E deu parte do tempo do BE ao deputado socialista — Mariana Mortágua especificou que lhe concediam um minuto, reservando ainda 26 segundos para os bloquistas.

Pressionado, Luís Testa respondeu: “Tendo em conta os progressos que todos nós já firmamos no tecido energético nacional, com ganho para as populações e o país, chega a hora de investir nas energias renováveis”. Nos segundos que lhe restavam, Jorge Costa lamentou a decisão, acusando os socialistas de uma “cambalhota triste na vigésima quinta hora.”

Nuno Magalhães, do CDS-PP, aproveitou ainda para oferecer um minuto do tempo dos populares aos socialistas para concretizarem a resposta, mas Luís Testa recusou.

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