Governo cria três categorias de intermediários de crédito

  • Lusa
  • 8 Julho 2017

A partir de 1 de janeiro, só os bancos vão poder vender serviços de pagamento. Os intermediários de contratos de crédito vão passar a ser de três tipos.

O novo regime de acesso à intermediação de crédito, publicado na sexta-feira, define que só os bancos vão poder vender produtos de poupança e serviços de pagamento e divide em três categorias os intermediários de contratos de crédito. Em Portugal a atividade daqueles intermediários não está regulada, nem sujeita a normas específicas, existindo apenas desde 2009 alguns deveres, sobretudo ao nível de prestação da informação aos clientes.

Com a entrada em vigor deste diploma, em 1 de janeiro, passam a existir três categorias de intermediários: os de crédito vinculados, os intermediários de crédito não vinculados e os intermediários de crédito a título acessório, definindo a lei que algumas das condições para o exercício desta atividade passam a depender da categoria em que os intermediários de crédito estão registados.

Ressalvando tratar-se de um exemplo, o Governo diz no diploma que os intermediários de crédito vinculados e os intermediários de crédito a título acessório apenas vão poder ser remunerados pelas instituições mutuantes com quem mantêm vínculo, não recebendo dos clientes qualquer retribuição pela prestação dos seus serviços.

Pelo contrário, os intermediários de crédito não vinculados apenas vão poder ser remunerados pelos seus clientes, sendo-lhes negada a possibilidade de remuneração, a qualquer título, pelas instituições mutuantes.

O Banco de Portugal assegura a supervisão dos intermediários de crédito, do exercício da atividade de intermediário de crédito por parte de instituições de crédito, sociedades financeiras, instituições de pagamento e instituições de moeda eletrónica, bem como da prestação de serviços de consultoria relativamente a contratos de crédito e aplicação de sanções a eventuais violações às novas normas.

O diploma estabelece, no entanto, um período transitório de aplicação das novas regras, até 12 meses a contar de hoje para as pessoas singulares e coletivas que estejam já a desenvolver a atividade de intermediário de crédito, mas adverte que, durante o período transitório, devem observar os deveres de conduta, de informação e de assistência previstos nas normas legais e regulamentares aplicáveis aos contratos de crédito.

“Findo o período previsto (…), as pessoas singulares e coletivas que não tenham obtido autorização e registo para o exercício da atividade de intermediário de crédito ficam proibidas de exercer a referida atividade” lê-se no diploma.

O diploma define ainda que a atividade de intermediação “apenas pode ter” como objeto operações de crédito concedidas por entidades legalmente habilitadas a conceder crédito a título profissional, sendo-lhes vedado intervir na comercialização de outros produtos e serviços bancários, nomeadamente no âmbito da poupança e dos serviços de pagamento.

O decreto-lei integra também os intermediários de crédito no elenco de entidades obrigadas a disponibilizar o livro de reclamações.

O novo regime, apesar de fixar as condições de acesso à atividade da intermediação de crédito e da prestação de consultoria de contratos de crédito, continua a admitir a intermediação de contratos de crédito sem autorização específica às instituições de crédito, sociedades financeiras, instituições de pagamento e as instituições de moeda eletrónica.

O diploma também admite que, em determinadas condições, intermediários de crédito autorizados noutros Estados-membros possam intermediar contratos de crédito em território português, através de sucursal ou ao abrigo da liberdade de prestação de serviços.

Este novo regime resulta da transposição de uma diretiva comunitária de 2014, cujo atraso na transposição do regime já tinha sido notificado por Bruxelas a Portugal.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Número de detidos perto do G20 sobe para 143

  • Lusa
  • 8 Julho 2017

"Os manifestantes violentos permanecem na cidade", avisou um responsável em Hamburgo. Há mais de 200 agentes policiais feridos.

O número de detidos nos violentos distúrbios ocorridos em Hamburgo, durante a cimeira do G20, subiu para 143, informaram hoje as autoridades da cidade alemã, que alertaram para o risco de novos confrontos no último dia da cimeira.

“Os manifestantes violentos permanecem na cidade”, disse o responsável do Interior de Hamburgo, Andy Grote, apelando para os organizadores das diversas marchas previstas para hoje se “demarcarem” dos elementos radicais e a comunicarem às forças de segurança a presença destes elementos nas suas iniciativas, caso os detetem.

A agência de notícias espanhola EFE refere que o último balanço da polícia aponta para 143 detenções, desde quinta-feira, mais de 122 detenções temporárias, principalmente durante os confrontos nos distritos de St Pauli e Altona. O número de agentes policiais feridos ascende a 200, mas não há dados oficiais sobre o número de manifestantes feridos nos distúrbios.

A maioria das concentrações decorre hoje no centro da cidade, com cerca de 20.000 participantes de acordo com dados da polícia, enquanto dois outros protestos em curso registam entre 1.500 e 1.000 participantes.

Cerca de 20.000 polícias de toda a Alemanha foram destacados para a cidade portuária de Hamburgo por ocasião da cimeira face aos riscos de atentado e violência.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Incêndios: Obras de reconstrução até cinco mil euros avançam já

As obras de reconstrução de casas de primeira habitação até cinco mi euros podem avançar já por ajuste direto e sem necessidade de pedir três orçamentos.

O ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, garantiu que as obras de reabilitação de pelo menos 100 casas de primeira habitação vão avançar já, sem complicações formais e que haverá solução para as casas de primeira habitação nos concelhos não abrangidos pelo REVIVE.

Todos as obras que se resumam a repor o que já existia previamente dispensam a apresentação de projetos e podem avançar por ajuste direto, com o pedido de três orçamentos. Contudo, as obras até cinco mil euros até essa formalidade dispensam, anunciou o ministro Pedro Marques, na sequência de um encontro, este sábado, em Castanheira de Pêra, com os sete autarcas das zonas afetadas.

“Das cerca de 200 casas que estão em causa, em mais de 100 casas já foi feita a avaliação técnica — pelo IHRU e pela CCDR — e não é preciso projeto. É apenas necessário uma comunicação prévia porque se trata de repor o que existia anteriormente, a habitação ser reposta nas suas condições anteriores, e não há necessidade em termos legais de um projeto e aí é que demos orientação para avançar de imediato com todas as obras”, disse Pedro Marques aos jornalistas em declarações transmitidas pela Sic Notícias. O ministro deixou ainda a garantia de que grande parte destas obras “vão estar em obra muito rapidamente, já nas próximas semanas” e que antes do Natal haverá “muitas, muitas casas prontas”.

"Em mais de 100 casas já foi feita a avaliação técnica e não é preciso projeto. É apenas necessário uma comunicação prévia porque se trata de repor o que existia anteriormente, a habitação ser reposta nas suas condições anteriores, e não há necessidade em termos legais de um projeto e aí é que demos orientação para avançar de imediato com todas as obras.”

Pedro Marques

Ministro do Planeamento e das Infraestruturas

Já no caso das casas que necessitam de projeto, “que são algumas dezenas”, vão ser definidas “todas as disponibilidade que existirem”: “quem pode ajudar a fazer esses projetos rapidamente, ou se é preciso contratar projetistas também”, disse o ministro do Planeamento. “Mais uma vez passámos a permitir o ajuste direto também com consulta a três. Queremos que também estes projetos sejam feitos muito rapidamente”, precisou.

A reunião com os autarcas foi “passar do papel à prática”, segundo o ministro, o que já tinha sido decido na reunião de Conselho de Ministros desta semana. Pedro Marques reiterou que está a ser dado apoio técnico da CCDR Centro, da Segurança Social e do IHRU “para que se tomem boas decisões e se façam rapidamente estes projetos”.

Pedro Marques explicou ainda que caberá às câmaras municipais decidirem “se, no caso das obras maiores, avançarão elas, na reconstrução dessa casa com empreitada de obra publica ou se fará cada família individualmente”.

Em termos de financiamento colocava-se a questão de como seria apoiada a reconstrução das casas em municípios que não estão abrangidos pelo Fundo REVIVA, hoje oficialmente lançado, por diploma publicado na sexta-feira para vigorar no dia seguinte, determinando a nomeação do conselho de gestão até quinta-feira. Pedro Marques garantiu que as 24 casas de primeira habitação que já foram identificadas (pelos municípios e que serão verificadas pelo IHRU e pela CCDR) nos quatro concelhos que ficaram de fora vão ser apoiadas pelo Estado ou no contexto da solidariedade nacional.

Pedro Marques avançou que “já houve contactos do Governo com as outras organizações que recolheram contributos” e que estas “mostraram interesse e disponibilidade para apoiar todos o municípios”.

Gestão do fundo de apoio às áreas ardidas nomeado até quinta-feira

Os donativos do fundo REVITA, segundo o diploma, destinam-se “prioritariamente” ao apoio às populações afetadas pelos incêndios, sendo empregues “nomeadamente em reconstrução ou reabilitação de habitações, apetrechamento das habitações (designadamente mobiliário, eletrodomésticos e utensílios domésticos).

O fundo também apoia outras necessidades de apoio desde que devidamente identificadas e que não estejam cobertas por “medidas de política pública”, em vigor ou de caráter extraordinário, dirigidas às áreas e populações afetadas pelos incêndios”.

Os donativos do fundo podem ser afetos aos municípios, nos quais ocorreram os incêndios em junho passado, de Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande, “quando estes assumam junto dos beneficiários finais as responsabilidade pela concretização dos fins e objetivos” a que se destina o fundo.

O Governo, neste decreto-lei publicado em suplemento do Diário da República na sexta-feira, e que tinha sido promulgado pelo Presidente da República na quinta-feira, prevê a possibilidade de serem estabelecidos protocolos, através do Instituto da Segurança Social, com “entidades privadas não lucrativas” com experiência em revitalização das áreas que arderam.

Nesse sentido, “podem os municípios recorrer aos procedimentos pro negociação ou ajuste direto com consulta obrigatória a pelo menos três entidades, para os contratos de empreitada e de aquisição de materiais de construção, até ao valor dos respetivos limiares comunitários, por contrato”, lê-se no diploma.

O fundo vai ser gerido por um conselho de gestão constituídos por um representante do Instituto da segurança Social, um outro designado por aquelas três câmaras municipais com áreas ardidas e um representante designado pelas instituições particulares de solidariedade social e associações humanitárias. O controlo da gestão do fundo, e do cumprimento do diploma publicado na sexta-feira, é do Inspeção-geral de Finanças.

“A contabilidade do fundo é organizada de modo a permitir registar todas as operações realizadas e identificar claramente o seu funcionamento.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

EDP e Gas Natural criam gigante ibérico. E na Europa?

É apenas um rumor que já foi desmentido pelas duas empresas. Mas uma junção da EDP com a Gas Natural iria dar à luz um dos maiores players do setor da energia no Velho Continente. Quanto vale a fusão?

Duas empresas do meio da tabela podem criar gigante europeu da energia.Pexels

rumores, há desmentidos, há análises e o negócio para uma eventual fusão entre a EDP e a Gas Natural foi o tema dominante dos mercados. A acontecer, estamos perante um gigante da energia na Península Ibérica. Mas não só. Esta utility ibérica seria também uma das maiores a atuar no continente europeu. Temos três gráficos que comparam a “nova empresa” com os maiores players do setor.

Quarta maior em capitalização bolsista

A italiana Enel e a espanhola Iberdrola são as maiores cotadas no setor elétrico europeu, apresentando capitalizações bolsistas na ordem dos 48,4 mil milhões e 43,3 mil milhões de euros, respetivamente. A fechar o pódio está atualmente a francesa Engie, com uma avaliação de mercado de aproximadamente 32,6 mil milhões de euros.

Agora a novidade: a empresa que resultar da fusão entre EDP e Gas Natural pode fixar uma avaliação de mercado de cerca de 31 mil milhões de euros, saltando diretamente para o quarto posto entre as maiores utilities do Velho Continente, de acordo com a soma das atuais capitalizações das duas empresas. À frente da francesa EDF, cujo valor de mercado está nos 27,6 mil milhões de euros.

Vêm aí o quarto gigante do setor europeu

Fonte: Bloomberg e BPI Research

O valor de mercado da nova utility luso-espanhola resulta da soma simples das avaliações de mercado da EDP e Gas Natural. A primeira vale cerca de 10,6 mil milhões. A segunda apresenta uma avaliação a rondar os 20,4 mil milhões.

Pódio nos lucros antes de impostos

A estimativa do BPI Research não contabiliza potenciais ganhos com sinergias resultantes da fusão. Mesmo assim, combinar os negócios de EDP e Gas Natural colocaria a nova empresa no último lugar do pódio no que toca a lucros antes de impostos e outras rubricas (EBITDA). Seria capaz de gerar um EBITDA de 8,7 mil milhões de euros num ano. Os analistas do Haitong e do BPI Research consideram que os portfolios das duas companhias se complementam. Ou seja, é positivo porque permitirá alargar o portfolio individual de cada empresa, mas é menos favorável à criação de sinergias dados não existir sobreposição de atividades.

“A entidade combinada terá maior escala e diversificação”, dizem os analistas Gonzalo Sánchez-Bordona e Flora Trindade, do BPI Research. “A nova empresa deverá ter 72% do seu EBITDA proveniente das atividades reguladas ou de produção contratada de longo prazo. (…) Deverá ter um rácio de dívida líquida/EBITDA de 3,1 vezes [que compara com o atual rácio de 3,5 vezes da EDP]”, adiantam ainda os analistas, estimando que a capacidade instalada combinada se situe nos 40.557 MW, para a qual as renováveis contribuem com 30% — a maior parte devido à exposição da EDP na EDP Renováveis.

Melhor desempenho na geração de resultados só mesmo a francesa EDP e a italiana Enel, que fecharam o ano passado com EBITDA de 17,3 mil milhões e 15,3 mil milhões de euros.

EDP/Gas Natural entra no pódio europeu do EBITDA

Fonte: Bloomberg e BPI Research

Impostos atiram fusão para quarto nos lucros

Os impostos em cada país pesam na atividade de cada empresa. E isso é vem evidente quando se resultado o resultado líquido. Neste parâmetro, a EDP/Gas Natural cai para o quarto lugar, com um lucro combinado de 2,4 mil milhões de euros, com as rivais Enel e Iberdrola ao alcance. Já a francesa EDF mantém a liderança: alcançou um lucro de 2,85 mil milhões de euros.

No ano passado, a EDP conseguiu lucrar 960 milhões de euros, enquanto a Gas Natural registou um lucro de 1,35 mil milhões de euros.

Lucro da EDP/Gas Natural sobe 2,4 mil milhões

Fonte: Bloomberg e BPI Research

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

ERSE exige mudanças de nome na EDP

  • ECO
  • 8 Julho 2017

As atividades reguladas e comerciais do grupo EDP devem ter uma imagem totalmente separada, diz o regulador: a EDP Distribuição e a EDP Serviço Universal vão ter de mudar de nome.

A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) decidiu obrigar a EDP Distribuição e a EDP Serviço Comercial a mudar de nome, de maneira a demarcarem-se totalmente do grupo EDP, por serem as empresas que prestam serviços regulados, por oposição à EDP Comercial, que vive de receitas ganhas em mercado, escreve este sábado o jornal Público.

A ideia é que a distinção para os consumidores seja clara entre as empresas reguladas e as comerciais no grupo EDP, pelo que a imagem e nome das primeiras deve mudar.

Segundo o Público, esta mudança de imagem deverá ter de entrar em vigor pelo menos a partir de 2018, na altura em que mudam os regulamentos da ERSE. A entidade reguladora do setor antecipa problemas no âmbito da diretiva europeia do mercado interno da eletricidade, onde poderia haver dúvidas “na adequada separação de imagem comercial das empresas de distribuição e de comercialização de um mesmo grupo económico”.

A EDP, em resposta ao Público, assinalou que ainda não está definido “o grau de profundidade adicional de diferenciação na imagem que é pretendido”, sendo que as empresas já têm uma imagem própria. Os custos finais da mudança, afirma o grupo, deveriam ser assumidos pelos consumidores de eletricidade.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Concorrência suspeita de cartel nas seguradoras e faz buscas

  • ECO
  • 8 Julho 2017

Os escritórios lisboetas de quatro seguradoras foram alvo de buscas no âmbito de uma investigação da Autoridade da Concorrência. Há suspeitas de que os preços estejam a ser combinados.

A Autoridade da Concorrência está a investigar quatro seguradoras por suspeita de cartelização no setor, escreve este sábado o semanário Expresso, que assinala ainda que os escritórios de Lisboa dessas quatro empresas foram alvo de buscas nos últimos dias.

O processo foi aberto em junho, sob a liderança da nova presidente da Autoridade da Concorrência, Margarida Matos Rosa. A suspeita é de que as seguradoras possam estar a combinar preços e possam mesmo ter um acordo para a partilha de mercado, o que constituiria uma prática proibida pela lei da concorrência.

Cinco instalações pertencentes a quatro seguradoras foram investigadas durante os últimos dias, segundo o Expresso. Fonte oficial do regulador confirmou ao jornal que as “diligências de busca e apreensão a seguradoras” tinham ocorrido, mas não esclareceu quais as seguradoras que tinham sido visadas.

Durante o primeiro semestre de 2017, a Autoridade da Concorrência fez buscas em 26 empresas na Grande Lisboa, assinala o Expresso — em 2016, no mesmo período, tinham sido investigadas apenas nove.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Poiares Maduro acusa Costa de não usar fundos contra fogos

  • ECO
  • 8 Julho 2017

O antigo ministro de Passos Coelho afirma que o Governo "optou por não fazer investimento" na prevenção de incêndios. O Ministério da Administração Interna rejeita a acusação.

Miguel Poiares Maduro acredita que o Governo de António Costa fez escolhas, ao travar no investimento público e não apostar na área do combate aos fogos, que prejudicaram a prevenção de incêndios este ano. O Ministério da Administração Interna já respondeu: o secretário de Estado Jorge Gomes afirma que já foram investidos cerca de 200 milhões de euros na Proteção Civil.

Em entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo, o antigo ministro do Desenvolvimento Regional do Governo PSD/CDS de Pedro Passos Coelho afirmou que “já havia vários concursos que estavam disponíveis e foi opção do Governo não fazer investimento”.

Para Miguel Poiares Maduro, o Governo travou no investimento público e agora “estamos a ver consequência disso”, inclusive no caso dos incêndios. “Quando há um investimento com fundos europeus, há uma comparticipação do Estado. Essa comparticipação iria agravar a despesa em termos de défice. O que houve foi um corte, em termos relativos: se olharmos de 2015 para 2016 a evolução do Portugal 2020, comparando com os anos equivalentes de 2008 para 2009 do QREN, o que vemos é uma desaceleração, sobretudo nos fundos associados a investimento público”, afirma o ex-ministro.

O caso verifica-se também na área dos incêndios. “O que sabemos é que havia fundos europeus que já estavam disponíveis, havia concursos abertos para investimento público nessa matéria e havia no caso dos meios aéreos, e o Governo optou por não fazer esse investimento. Isso é conhecido, é claro e é objetivo”, disse Miguel Poiares Maduro à TSF.

Sobre a gestão de fundos comunitários por parte do Governo de António Costa numa perspetiva mais geral, Poiares Maduro disse que “é cedo para avaliar”. No entanto, considerou que “há um regresso a uma lógica de dar o dinheiro”. O Governo “está a preparar-se para regressar aos financiamentos a fundo perdido, o que do meu ponto de vista não é positivo”.

Ministério da Administração Interna nega acusação

O secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, garantiu à TSF que foram aplicados cerca de 200 milhões de euros na área da Proteção Civil através do QREN. Jorge Gomes diz que o Governo anterior deixara apenas 57 milhões de euros para a Proteção Civil, mas que através da negociação foi possível aumentar esse financiamento.

Não é a primeira vez que se gera discórdia acerca dos fundos comunitários. Recentemente, Poiares Maduro deu uma entrevista ao ECO na qual criticou a atuação do Governo de António Costa em relação aos fundos comunitários, e obteve resposta do atual ministro da tutela, Pedro Marques, entrevistado na conferência ECO Talks. Os dois ministros discordavam em três níveis principais: a execução dos fundos, a formação profissional e a relevância da contrapartida nacional no cumprimento do défice, como o ECO contou aqui.

Notícia atualizada às 16:40 com a resposta do Ministério da Administração Interna.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Santos Silva: Membros do Governo são sempre “precários”

  • ECO
  • 8 Julho 2017

Em duas entrevistas, o ministro dos Negócios Estrangeiros diz que remodelações nos governos são normais, mas elogiou a "lição" dada por Urbano de Sousa ao "não fugir às responsabilidades".

Augusto Santos Silva vê como “normais” as remodelações de Governo, segundo disse em entrevista ao Expresso, mas assinalou que todos os membros do Governo “sem exceção” são ministros “excelentes”. Ao Diário de Notícias e à TSF, o ministro dos Negócios Estrangeiros que chefia o Governo durante as férias de António Costa elogiou ainda a colega da Administração Interna, que entre pedidos de demissão não “foge às responsabilidades”.

Ao Expresso, o ministro cujo período à frente do Governo termina este sábado assinalou que este é um “momento muito difícil” para o Executivo, mas sem ser catastrofista. “A vida de um Governo é feita de vitórias e derrotas”, disse, e juntou que as sondagens não o assustariam: “Não interessa nada se as pessoas estão mais zangadas ou se somos mais ou menos populares”.

Questionado sobre a possibilidade de remodelações, respondeu com naturalidade: “Fazem parte da vida política. Por alguma razão, os ingleses chamam-lhe refrescamento”. E acrescentou que “qualquer membro do Governo é precário”, por definição.

Ao Diário de Notícias e à TSF, Augusto Santos Silva manteve o mesmo tom. Afirmou que Constança Urbano de Sousa, ministra da Administração Interna, está “a dar uma lição a toda a gente por não fugir às responsabilidades”, embora tenha voltado a reforçar que qualquer ministro pode estar sujeito a sair do Governo. Para o ministro dos Negócios Estrangeiros, Constança Urbano de Sousa está a “permanecer no posto de comando, fazer o que alguém nesse posto tem de fazer nestas circunstâncias”.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Carregamento de veículos elétricos começa a ser pago a 31 de julho

  • Lusa
  • 8 Julho 2017

As tarifas vão ser divulgadas a partir de dia 17. “Esta alteração decorre em paralelo à atualização tecnológica dos postos de carregamento normal que se encontra em curso", afirma a MOBI.E.

O pagamento nos postos de carregamento rápido de viaturas elétricas inicia-se em 31 de julho, segundo informação enviada aos utilizadores pela gestora da rede de mobilidade (MOBI.E), que divulgará as tarifas a partir de dia 17.

“No dia 31 de julho de 2017 a Rede de Mobilidade Elétrica entra numa nova fase, com o início do pagamento nos Postos de Carregamento Rápido (PCR)”, lê-se na informação, que acrescenta que a partir do dia 17 de julho será “disponibilizada a informação sobre as tarifas de operação” dos PCR.

Também a partir do próximo dia 17 serão conhecidas as propostas dos comercializadores, no ‘site’ da MOBI.E, para que os utilizadores solicitem a adesão ao serviço que pretendem.

Para efetuar carregamentos nos PCR, os utilizadores dos veículos devem ter um acordo comercial com um operador detentor de registo de Comercialização de Eletricidade para a Mobilidade Elétrica (CEME), o que “lhes permitirá continuar a carregar os seus veículos em qualquer posto de carregamento de acesso público, independentemente do Operador do Posto de Carregamento (OPC)”.

A MOBI.E garantiu que com esta alteração criam-se “condições para a melhoria da qualidade do serviço prestado aos utilizadores e expansão da rede de carregamento”.

“Esta alteração decorre em paralelo à atualização tecnológica dos postos de carregamento normal que se encontra em curso, com o aumento da potência dos 100 postos de carregamento mais utilizados, que se iniciará em agosto, e com a expansão da rede a todos os concelhos de Portugal Continental, que se iniciará após o verão”, conclui a informação.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo aprova investimento de 185 milhões em biomassa

  • Lusa
  • 8 Julho 2017

As quatro novas centrais de biomassa serão instaladas no sorte do país, aumento para oito o número deste tipo de centrais energéticas aprovadas nesta legislatura.

O Governo deu luz verde a quatro novas centrais elétricas de biomassa florestal, a instalar nos concelhos de Vila Velha de Rodão, Mangualde, Figueira da Foz e Famalicão, representando um investimento de cerca de 185 milhões de euros.

De acordo com a secretaria de Estado da Energia, os promotores dos projetos são a Sociedade Bioelétrica do Mondego, a EDP Produção Bioelétrica, a PA Biomassa, SA e a SIAF – Sociedade Iniciativa e Aproveitamentos Florestais, Energia, S.A., cujas centrais possuem potências instaladas de 55 MW, 35 MW, 15 MW e 12 MW, respetivamente.Referentes a concursos anteriores a 2011, os projetos aprovados dispõem de remuneração garantida e têm que entrar em exploração até ao final de 2019, refere a nota do gabinete de Seguro Sanches.

Com a atribuição destas quatro licenças de produção, elevam-se para oito o número de projetos e de reforços de centrais de biomassa já licenciados durante a atual legislatura, juntando-se às anteriores em Famalicão, Fundão, Viseu e Porto de Mós.

Em 2006, foram lançados procedimentos de concurso público para construir e explorar centrais de biomassa florestal residual, mas a iniciativa privada deixou por instalar 50% da potência de injeção então colocada a concurso e que agora o Governo quer atribuir. “Esta medida enquadra-se assim na estratégia do Governo de prevenção e minimização do risco de incêndios, com intervenção ao nível da floresta, bem como de promoção e diversificação da economia regional e de aproveitamento dos recursos endógenos“, refere fonte oficial da secretaria de Estado da Energia.

Em paralelo, o Governo criou um regime especial e extraordinário para instalação e exploração de centrais de biomassa pelos municípios ou, por decisão destes, por comunidades intermunicipais ou por associações de municípios, potenciando o objetivo de assegurar aos produtores florestais o valor do material lenhoso.

A potência de injeção na rede elétrica a atribuir, ao abrigo desta legislação, não deverá exceder um total de 60 MW e um máximo de 15 MW por central, as quais beneficiarão de medidas de apoio à venda da eletricidade, cujo processo de aprovação já se iniciou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Paulo Macedo: “Daqui a seis meses, todos os bancos vão precisar de mais capital”

O presidente da CGD afirma que os bancos têm de ter mais capital para responder às exigências regulamentares. É já a partir de janeiro que os bancos terão de ter reservas adicionais de capital.

Paulo Macedo afirma que “todos os bancos vão precisar de mais capital daqui a seis meses”. O presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) salienta, numa conferência organizada pelo ISEG, que as instituições financeiras têm mais exigências em termos regulamentares. É já em janeiro que termina o prazo para as instituições financeiras reforçarem as almofadas de capital, por exigência do Banco de Portugal. Mas esta realidade não se reflete na concessão de crédito às empresas, defende Macedo, referindo que a Caixa “quer” dar mais empréstimos.

“Os bancos têm de ter mais capital. É uma realidade que os bancos têm mais exigências em termos regulamentares”, nota Paulo Macedo, na conferência “Real Economy and Finance” do ISEG. Recorde-se que o Banco de Portugal deu um ano aos maiores bancos para que constituíssem uma reserva adicional de capital. E este prazo acaba em janeiro, quando as novas regras entram em vigor, com o objetivo de garantir a estabilidade do sistema financeiro. “Há maiores exigências para o mesmo nível de concessão de crédito”, explica.

"Daqui a seis meses, todos os bancos precisarão de mais capital.”

Paulo Macedo

Presidente da Caixa Geral de Depósitos

Mas esta realidade vai repercutir-se na concessão de crédito às empresas? “No caso português, não”, defende o presidente da CGD. “Houve uma redução do crédito. Era o que se pedia ao país, às empresas e às famílias”. Isto não quer dizer que os “bancos não tenham capacidade para emprestar”. Pelo contrário, no caso da Caixa, o banco “tem claramente liquidez que permite ter uma concessão de crédito” muito além do que tem.

“No caso da CGD, não tem apenas liquidez e capital, quer” ceder empréstimos, diz Macedo. “Faz parte da estratégia comercial [da CGD] dar mais crédito às empresas”, afirma o presidente do banco, acrescentando que “um banco não pode ter tradicionalmente rácios de transformação baixos durante muito tempo” — o rácio da CGD está em 90%, sendo o do setor de 94%. Neste caso, o problema não está do lado dos bancos, mas da procura, defende. Paulo Macedo relembra os dados do Banco de Portugal, que mostram que o “o crédito esta no nível mais baixo dos últimos dez anos”.

Nem mesmo o malparado está a limitar a cedência de crédito, reforça Paulo Macedo, líder do banco que no ano passado reconheceu perdas de milhares de milhões de euros de crédito em incumprimento. Isto numa altura em que o Governo já apresentou uma proposta para o malparado aos três bancos portugueses — CGD, Novo Banco e BCP — com níveis mais elevados destes empréstimos de cobrança duvidosa. As instituições financeiras vão agora analisar a solução apresentada pelo Ministério das Finanças e o Banco de Portugal.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Criminosos à solta na bolsa de Lisboa. Estes foram apanhados

Desde a informação privilegiada que veio pela rádio, ao banco que quis ganhar milhões, até ao recurso a uma offshore para esconder o rasto dos ganhos ilegais, são vários os crimes na bolsa de Lisboa.

Ganhar em bolsa é fácil? Não. A menos que se saiba o que vai acontecer antes de… acontecer. E há muitos que têm, nos últimos anos, conseguido ter acesso a essa informação privilegiada, utilizando-a de forma ilícita. Isso tem acontecido, de acordo com a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), especialmente aquando das ofertas públicas de aquisição (OPA).

Desde a informação privilegiada que veio pela rádio, ao banco que quis ganhar milhões, até ao recurso a uma offshore para esconder o rasto dos ganhos ilegais, são vários os crimes que agora começam a ser revelados pela polícia da bolsa. São casos de crimes realizados em contexto de OPA, mas também há casos de manipulação de mercado nas 20 decisões judiciais proferidas em 2016.

Na sombra do Panamá: acabou-se o descanso no paraíso fiscal

Depois das revelações dos Panama Papers, foi a vez de um investidor ser apanhado na rota deste offshore. Era “especialmente habilitado”, descreve a CMVM: foi parte dos órgãos sociais da sociedade aberta do PSI-20, de uma instituição de crédito e de um intermediário financeiro. Para mais, assessorou a preparação de uma OPA e como tal, ficou na lista dos detentores de informação privilegiada. Ainda assim, cerca de um mês antes da referida OPA, comprou ações e deu ordem para que fosse comprada uma quantidade ainda maior. Vendeu a totalidade no âmbito da aquisição potestativa e com isso, conseguiu uma mais-valia de quase 50% do montante investido.

Este foi o “circuito bastante opaco”: as ordens de compra foram dadas pessoalmente. As operações foram feitas através de uma conta num banco suíço, cujo titular era uma “sociedade domiciliada na jurisdição offshore do Panamá” — o sigilo assegurado pela falta de acordos de cooperação internacional. Só com autorização da FINMA, a “CMVM suíça”, é que foi possível obter a identidade do investidor como beneficiário da conta e das transações. O processo está suspenso, a acusação por deduzir. Mas a mais-valia foi devolvida ao Estado e foi ainda obrigado a entregar quantias pecuniárias a instituições de solidariedade.

A informação privilegiada que tanto aguardava… na rádio

É provavelmente o caso com a justificação mais insólita. O investidor acusado em simultâneo com o respetivo cônjuge, era administrador executivo de um banco em 2010, data em que compraram 750.000 euros em ações numa sociedade que, no mesmo dia, anunciou uma proposta de fusão. Foram vendidas nas duas sessões seguintes dando origem a mais-valias “de valor relevante”. O banco do qual era administrador detinha participação numa das duas sociedades em processo de fusão e a transação aparece em contraste com o histórico de negociação.

"Um investidor qualificado, intermediário financeiro especializado na gestão de ativos, que efetuou, ao longo de um ano, operações de compra de uma determinada ação. Operações que envolviam normalmente pequenas quantidades, com especial incidência nos leilões de fecho, sobretudo nos últimos instantes.”

Exemplo de um crime de mercado

CMVM

Em 2011 o Ministério Público deduziu a acusação e em 2015 deu-se o julgamento. Os arguidos foram absolvidos pelo Tribunal Criminal do Porto dada a seguinte justificação: o investidor alega ter agido em função de uma notícia que ouvira na rádio, enquanto conduzia. A notícia anunciava um aumento dos títulos transacionados nessa manhã. Desde então, o Ministério Público já interpôs dois recursos, perante a primeira e uma segunda absolvição.

Retorno imediato de 30%? Sim, com informação privilegiada

A CMVM identificou “indícios fortes de utilização de informação privilegiada por dois investidores, que adquiriram ações de uma sociedade nas vésperas da divulgação de comunicado de informação privilegiada, procedendo à sua total alienação na sessão seguinte (a do dia de saída do anúncio) com uma rentabilidade imediata de cerca de 30%”. “As operações de compra foram repartidas por um dos arguidos, pelo seu pai e por uma sociedade da qual um dos arguidos era sócio-gerente”, refere o regulador, salientando que “nunca antes os arguidos haviam comprado nem vendido ações da sociedade em causa, nem de nenhuma outra sociedade do mesmo setor”.

A atuação levantou suspeita de insider trading. O Ministério Público acabou por acusar os dois arguidos da prática de crimes de abuso de informação. Para evitarem julgamento, “os arguidos tiveram que entregar ao Estado e ao SII a totalidade das mais-valias registadas com as transações e sujeitar-se ao pagamento, a título de injunções, de quantias pecuniárias a favor de várias instituições de solidariedade social”.

Jogar ao Preço Certo na bolsa de Lisboa

Nem só de abusos de informação privilegiada se fazem os crimes de bolsa em Lisboa. Há também, de acordo com a CMVM, casos de manipulação de mercado. No caso, o regulador identificou “um investidor qualificado, intermediário financeiro especializado na gestão de ativos, que efetuou, ao longo de um ano, operações de compra de uma determinada ação com um nível de liquidez intermédio”. Essas “operações envolviam normalmente pequenas quantidades, com especial incidência nos leilões de fecho, sobretudo nos últimos instantes“, provocando de forma “sistemática e reiteradamente impactos positivos na cotação dessas ações”, permitindo aos fundos de investimento por ele geridos “uma menos-valia de cerca de 50%”.

Identificado o crime, a CMVM participou o caso ao Ministério Público que deduziu acusação. O Tribunal Criminal de Lisboa condenou em 2016 dois dos arguidos (colaboradores do intermediário financeiro especializado na gestão de ativos, um deles assumindo funções de chefia e direção) ao pagamento de quantias pecuniárias (a título de multas penais) pela prática em coautoria de um crime de manipulação de mercado. O trader, que executou as ordens, foi absolvido.

“Peso pesado” do PSI-20 dá milhões a… um banco

Há também o caso de um banco que comprou ações de uma das cotadas com maior peso no PSI-20 para a sua carteira própria. Segundo a CMVM, “as compras ocorreram nos três dias anteriores à divulgação de informação privilegiada, que provocou uma significativa subida de cotação das ações (mais de 4,5%): uma das maiores de sempre do emitente”. Com a venda de quase todas as ações compradas, a instituição financeira teve uma mais-valia de 10 milhões de euros.

Em 2014, o Ministério Público (MP) deduziu acusação pela prática do crime de abuso de informação. É que, à data dos factos, o “grupo financeiro a que o banco pertencia detinha informação privilegiada sobre o facto que foi divulgado”. As autoridades acabaram por acusar três colaboradores do banco pela prática de crime de abuso de informação. O Tribunal Criminal de Lisboa ainda absolveu os arguidos, mas acabaram mesmo por ser condenados depois de o MP ter interposto recurso. A determinação das penas a aplicar aos arguidos ainda não tinha baixado ao Tribunal de 1ª instância no final de 2016.

As compras ocorreram nos três dias anteriores à divulgação de informação privilegiada, que provocou uma significativa subida de cotação das ações (mais de 4,5%): uma das maiores de sempre do emitente. [um dos pesos pesados do PSI-20].

Exemplo de um crime de mercado

CMVM

Usar produtos alavancados para ganhar numa OPA

A CMVM detetou um caso de abuso de informação privilegiada em que um administrador de um intermediário financeiro, com conhecimentos relevantes sobre o mercado de instrumentos financeiros, “constituiu, dias antes da publicação de um anúncio preliminar de OPA, posições longas em CFD [Contracts For Difference, produtos financeiros que permitem com um valor reduzido ter posições sobre um ativo num montante substancialmente superior] sobre ações da sociedade visada, que encerrou logo após o seu anúncio”. Com estas operações, o investidor obteve uma “mais-valia relevante num curto espaço de tempo”.

De acordo com a CMVM, “no decurso da investigação foi possível apurar a lista de insiders através dos quais o arguido poderá ter obtido informação”. Ficou ainda “demonstrado o caráter excecional das operações realizadas pelo arguido”. O Ministério Público deduziu acusação por abuso de informação, tendo o arguido requerido a abertura de instrução. O processo seguiu para julgamento e, no início de 2016, o Tribunal Criminal de Lisboa proferiu sentença que condenou o arguido pela prática de um crime de abuso de informação de mercado, tendo atribuído uma pena suspensa de 13 meses de prisão.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.