Sindicato independente de motoristas “confirma manutenção da greve”

Associados do sindicato independente confirmam avanço para a greve. Mas prometem que vão dar lição de "civismo" e sem cortes de estradas.

O plenário do Sindicato Independente de Motoristas de Mercadorias (SIMM) decidiu esta de sábado manhã manter a greve anunciada para segunda-feira, avançou Anacleto Rodrigues, dirigente desta estrutura.

“Durante o plenário foi rejeitada a suspensão da greve”, avançou em declarações transmitidas pelas televisões. O dirigente referiu que até ao início da greve ainda há margem para a sua suspensão. Para que tal aconteça, porém, será necessário uma nova proposta da Antram.

“Ainda falta algum tempo, ainda há margem para desconvocar. Até agora não chegou nada [contactos da Antram] e os associados confirmam manutenção da greve”, explicou. A associação que representa as empresas de transporte, porém, já por várias vezes salientou que não volta às negociações enquanto os sindicatos não recuarem no aviso prévio de greve.

“Até ao início da greve, têm os nossos contactos, sabem da nossa abertura para resolver o problema, o que está em causa é tão só uma relação laboral mais justa, com salários dignos”, explicou o dirigente sindical.

Piquetes e cortes de estrada

Sobre a discussão que teve lugar na reunião desta manhã propriamente dita, Anacleto Rodrigues explicou que o plenário serviu igualmente para debater a organização dos piquetes de greve e reiterar a vontade de querer mostrar ao país um protesto pacífico.

O plenário “foi também para organizar os piquetes de greve, para que não surjam conflitos e para que os veículos que estejam a cumprir serviços mínimos não encontrem obstáculos”, apontou. E mesmo apesar de terem sido confrontados com um elevado nível de serviços mínimos, o SIMM assegurou que tudo será feito para que a greve decorra de forma cordial.

“Tive a oportunidade de alertar para o efeito que isso [serviços mínimos elevados] poderia vir a ter. Adivinhávamos que fossem generosos, mas não tanto. A indignação deu lugar à revolta, os motoristas sentem que neste momento há vários poderes a conjugarem-se para os silenciar para não reivindicar os seus direitos.”

O dirigente do SIMM deixou de seguida algumas promessas para a população presente em Portugal ao longo dos dias da paralisação.

“Da parte dos motoristas podem esperar duas coisas, vamos estar visíveis, de forma cordial, dar também a dar uma lição de civismo, para mudar a imagem que se tem do motorista”, disse. “Os sindicatos estão a trabalhar para assegurar serviços mínimos e os motoristas são responsáveis. Aliás, há mais de 20 anos que não temos qualquer revisão salarial e só agora estamos a avançar para a greve”, lembrou.

Sobre eventuais atitudes mais agressivas durante o protesto, Anacleto Rodrigues apontou que os motoristas conhecem a Lei e “que não se pode fazer cortes de estradas em Portugal”, logo “que nem sequer se tente”, recomendou. E para assegurar que tudo corre com civismo, também os piquetes serão analisados em detalhe.

Vamos estar atentos para ver se surgem infiltrados nos piquetes com o intuito de passar imagens erradas sobre os motoristas. Sempre que detetarem elementos estranhos que os procurem abordar para perceber se são ou não motoristas. Se não forem, então é denunciá-los às forças de segurança, pois temos linha aberta com as autoridades”, disse.

Cerca de meia centena de associados do SIMM esteve reunido em plenário durante esta manhã, deslocando-se agora até Aveiras de Cima para participar num novo plenário conjunto com os associados do Sindicato Nacional de Matérias Perigosas (SNMMP), a partir das 16h.

Estes são os dois sindicatos que avançam para a greve a partir de segunda-feira e por tempo indeterminado. O peso deste setor profissional na economia e o facto de a greve ter sido convocada sem prazo foram as principais razões para o Governo ter decidido decretar serviços mínimos entre 50% e 75%.

(Notícia atualizada às 13h)

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‘Chef’ Ljubomir Stanisic quer “espicaçar” cozinha açoriana

  • Lusa
  • 10 Agosto 2019

Ljubomir Stanisic, que abriu recentemente o restaurante Liquen, nas Furnas, diz estar nos Açores para deixar a sua marca e, acima de tudo, a "gratidão" para com os locais.

O ‘chef’ Ljubomir Stanisic diz-se apaixonado pelos Açores, um “pequeno paraíso” ainda não “totalmente descoberto”, inclusive pelos portugueses. O seu novo restaurante em São Miguel é um gesto de “gratidão” e quer “espicaçar” os cozinheiros locais.

“Muita gente” no continente disse que abrir um restaurante nos Açores era coisa de “maluco”, conta, em entrevista à agência Lusa Stanisic, sublinhando que “ninguém aposta nos Açores” e que, em termos gastronómicos, o que vai sucedendo são festivais onde apenas “se cozinha durante dois ou três dias”.

“Ficar cá no duro, com mau tempo, ir buscar o produto, plantar o produto, recolhê-lo, isso ninguém faz. Por exemplo, todas as minhas vacas têm nome, e sou eu que lhes dou água. É uma realidade que é rara, mas que traz uma riqueza única”, disse, durante uma conversa a bordo de um barco de pesca desportiva, um momento de “descontração” para o cozinheiro que ajuda “o cérebro a desligar”.

Ficar cá no duro, com mau tempo, ir buscar o produto, plantar o produto, recolhê-lo, isso ninguém faz. Por exemplo, todas as minhas vacas têm nome, e sou eu que lhes dou água.

Ljubomir Stanisic

Chef

Ljubomir Stanisic, que abriu recentemente o restaurante Liquen, nas Furnas, diz estar nos Açores para deixar a sua marca e, acima de tudo, a “gratidão” para com os locais: “Quero espicaçar os Açores com uma gastronomia diferente, para que os outros se preocupem em trabalhar em coisas diferentes”.

A gastronomia da região, defende o chefe de cozinha, não é surpreendente, mas tem produtos “fabulosos”, nomeadamente os queijos e produtos lácteos, vindos de um “pasto tão rico” como o das nove ilhas açorinas. Esta arte tem, no entanto, de “mudar muito, muito mesmo”.

“Há um grande medo de arriscar, não só em São Miguel, mas no conjunto das nove ilhas, há pouca formação direta nas pessoas. Uma das dificuldades aqui é comer um peixe no ponto”, lamenta.

Para o natural da antiga Jugoslávia, não é a cozinha que está na moda, mas sim o “comer bem” e a “qualidade da alimentação”, o que é positivo.

“Hoje em dia preocupamo-nos com a comida, sabemos mais sobre nutrientes. Para viver bem, só existem três segredos: comer bem, dormir bem e fazer desporto. Por isso estas três coisas estão na moda”, explica.

A exigência e o conhecimento dos clientes é, diz Stanisic, uma mais-valia, porque o tornam “mais cuidadoso” e em constante evolução: “Neste tipo de negócio ficar parado é uma estupidez”.

Neste tipo de negócio ficar parado é uma estupidez.

Ljubomir Stanisic

Chef

O programa televisivo que o ‘chef’ apresenta — e cujos episódios para a terceira temporada começam a ser gravados em setembro — não “mudou em nada” a sua personalidade, e a “realidade pura e dura” de “Pesadelo na Cozinha” acaba por funcionar como uma tentativa de “mudar mentalidades” de proprietários de restaurantes que “estão a fazer as coisas erradamente”.

Ljubomir Stanisic esteve várias vezes aos Açores nas últimas semanas, quer para o lançamento do restaurante Liquen, quer para formações na ilha de São Jorge, onde é consultor.

Ljubomir Stanisic cozinha a bordo do Oceantur, em Ponta Delgada, na Ilha de São Miguel. O chef afirma que os Açores são um “pequeno paraíso” que ainda não foi “totalmente descoberto”, inclusivamente pelos portugueses. O novo restaurante do chef em São Miguel é um gesto de “gratidão” e tem o objetivo de “espicaçar” os cozinheiros locais.Eduardo Costa/Lusa 6 Agosto, 2019

A conversa com a agência Lusa decorreu, todavia, num momento de descontração, a bordo de um barco de pesca desportiva de Carlos Linhares, um “amigo” e “grande companhia” para um dia de pesca no mar açoriano.

“Nem o conhecia da televisão, a primeira vez que o vi pensava que era jogador de futebol”, conta, entre risos, Carlos Linhares — antigo camionista, padeiro, coveiro e eletricista, entre outras profissões –, que espera no futuro colaborar com o ‘chef’ para oferecer aos clientes uma vertente gastronómica nas suas pescarias.

Por agora, Stanisic vai dar “algumas dicas”, coisas “simples e práticas”, de produtos e pratos que possam ser servidos a bordo. Um peixe-porco foi o destaque maior da pescaria de Ljubomir. Mas o mais importante foi “a melhor companhia do mundo” e o “relaxar, a inspiração”.

“Quando estou no barco não penso em nada. E quando penso é só em coisas boas. Estar no mar é como estar no ‘spa’. É uma terapia. E adoro o mar bravo, forte. E a partir de hoje vamos fazer uma parceria, isso é certo. Ele vai mandar-me clientes [para o restaurante] e eu vou cozinhar para os clientes dele no barco. Isso é certo”, concretiza o chefe de cozinha.

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ASF revê em baixa lucros das seguradoras que supervisiona para 383,1 milhões em 2018

  • Lusa
  • 10 Agosto 2019

Das 41 empresas supervisionadas apenas cinco tiveram prejuízos. Já em 27 empresas os lucros foram inferiores aos registados em 2017.

As seguradoras supervisionadas pela Autoridade de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) lucraram, no total, 383,1 milhões de euros em 2018, segundo o regulador de seguros, que corrigiu o valor divulgado anteriormente de 486 milhões de euros.

No relatório Análise de Riscos do Setor Segurador e dos Fundos de Pensões, divulgado esta quinta-feira, é referido que, “em 2018, o mercado sob supervisão prudencial da ASF registou um crescimento dos resultados globais de 18,2% para 383,1 milhões de euros”.

Das 41 empresas supervisionadas apenas cinco tiveram prejuízos. Já em 27 empresas os lucros foram inferiores aos registados em 2017.

O valor esta semana divulgado para os lucros de 2018 é diferente do conhecido em fevereiro, quando a ASF indicou que as seguradoras por si supervisionadas tiveram lucros de 486 milhões de euros em 2018, mais 50,2% face a 2017.

A Lusa questionou fonte oficial do regulador, que indicou que o valor de fevereiro era “provisório” e que “os valores corretos são os que agora constam do relatório”. Já sobre a diferença considerável de mais de 100 milhões de euros entre os dois valores, a mesma fonte não deu justificação até ao momento.

A 1 de agosto, a Autoridade da Concorrência (AdC) concluiu a investigação à existência de um cartel no setor segurador com a condenação da Lusitania e da Zurich, dois administradores e dois diretores ao pagamento de uma coima de 42 milhões de euros.

A este valor juntam-se 12 milhões de euros já pagos pela Fidelidade e Multicare, no âmbito do mesmo processo.

Este foi o primeiro cartel sancionado pela Concorrência no setor financeiro português e tem a coima mais elevada de sempre.

Segundo a ADC, as empresas envolvidas no cartel “combinavam entre si os valores que apresentavam a grandes clientes empresariais na contratação de seguros de acidentes de trabalho, saúde e automóvel, apresentando sempre valores mais altos, de modo a que a seguradora incumbente mantivesse sempre o cliente”.

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Falta de isenção, dramatismo e circo. Rui Rio acusa Governo de não querer “resolver problema” dos motoristas

Líder do PSD recorreu à sua conta de Twitter para criticar a postura do Governo na crise do camionistas. Rio fala de falta de isenção, dramatismo e circo montado.

O líder do PSD considera que o Governo está a agir de forma demasiado musculada na crise dos motoristas e que essa atitude não ajuda a resolver a situação.

Através da sua conta de Twitter, Rui Rio diz que “se o objetivo fosse resolver o problema, o Governo seria mais isento e mais discreto”. “Não dramatizava, nem encenava um circo”, diz Rio, num post publicado à mesma hora que teve início a reunião do gabinete de crise convocado por António Costa., no primeiro dia em que entrou em vigor o alerta energético.

Este sábado, António Costa chamou ao Palácio de São Bento, os ministros que estão envolvidos neste processo, nomeadamente, o ministro do Trabalho Vieira da Silva, o ministro do Ambiente, José Matos Fernandes, mas também Augusto Santos Silva, ministros dos Negócios Estrangeiros, Eduardo cabrita, ministro da Administração Interna.

Esta manhã, também já está reunido o sindicato independente dos motoristas e, da parte da tarde estão previstos dois plenários do sindicato dos motoristas das Matérias perigosas, um em Aveiras e outro em Leiria.

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Banco de Portugal retira licença à Orey Financial

Banco de Portugal proibiu a Orey Financial de operar enquanto instituição financeira de crédito e já pediu ao Banco Central Europeu para revogar a autorização da instituição.

O Banco de Portugal anunciou este sábado em comunicado que retirou a licença à Orey Financial para operar enquanto instituição financeira, porque não capta depósitos, nem tem uma presença significativa no mercado.

O Banco de Portugal proibiu a Orey IFIC de assumir novas responsabilidades perante terceiros e de realizar pagamentos (exceto despesas correntes), salvo autorização do Banco de Portugal, visando assim a proteção dos direitos dos seus clientes e credores”, refere o mesmo comunicado, onde a instituição liderada por Carlos Costa explica que também “apresentou ao Banco Central Europeu um pedido de revogação da autorização da Orey Financial – IFIC, S.A. (Orey IFIC) enquanto instituição financeira de crédito”.

O Banco de Portugal justifica a sua decisão com “o facto de esta instituição não captar depósitos de clientes e não ter uma presença significativa no mercado”.

A retirada da licença ao braço financeiro da Orey foi articulada com a CMVM que também emitiu um comunicado no qual ordena medidas restritivas à Orey Financial. Entre elas está a proibição de angariar novos clientes; abrir novas contas ou aceitar depósitos pecuniários e/ou de instrumentos financeiros. A CMVM garante que “tem vindo a acompanhar e a monitorizar de forma próxima o processo de descontinuação de todas as atividades de intermediação financeira da Orey Financial designadamente quanto às condições de transferência dos ativos dos clientes para outros intermediários financeiros habilitados”.

Os clientes da Orey, onde se chegou a incluir o governo regional da Madeira, mas cujo contrato acabou por ser revogado a pedido do Tribunal de Contas que obrigou o governo regional a abrir um concurso público internacional, vão poder continuar a transferir os seus ativos para outras instituições, tal como esclarece a supervisora dos mercados numa nota explicativa da implementação destas medidas restritivas.

Entre as obrigações impostas à empresa de Duarte D’ Orey estava fazer um comunicado ao mercado. Mas nesse comunicado, a Sociedade Comercial Orey Antunes, a dona da Orey Financial, anuncia que “tomou a decisão estratégica de descontinuar a sua presença no setor financeiro”, uma decisão que aliás já tinha sido anunciada aquando da apresentação das contas anuais (não auditadas) a 11 de julho.

A Orey Financial, que tem uma quota de mercado inferior a 0,0015%, refere no mesmo comunicado que “requereu em 31 de maio de 2019 ao Banco de Portugal a renúncia expressa à sua licença de IFIC e em 4 de junho de 2019 à CMVM o cancelamento do registo dos serviços autorizados por esta autoridade”.

Perante as dificuldades a Orey Antunes conseguiu adiar, por um ano, o pagamento do juros de 30 milhões de euros em obrigações que vencem em 2031, avançou o ECO.

(Notícia atualizada às 12h40 do dia 12 de agosto. Inicialmente, a notícia indicava que o governo regional da Madeira ainda era cliente da Orey Financial)

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Afinal, o que já conseguiram os motoristas e o que ainda exigem?

A maioria das exigências dos sindicatos que convocaram a greve já foi garantida ou está a registar avanços nas negociações da Fectrans, muito graças à pressão da greve. Então o que falta dar mais?

Os motoristas já asseguraram aumentos salariais entre 120 e 240 euros por mês para janeiro de 2020. O subsídio para lidar com as cargas e descargas, abrangendo não só matérias perigosas, mas também motoristas de mercadorias, também já está aprovado. A proibição de transporte de combustíveis em cisterna aos domingos e feriados, idem aspas. O reconhecimento de profissão de desgaste rápido? Em curso. A intensificação da ação das entidades inspetivas às ilegalidades cometidas por empresas de transporte de mercadorias? Prometido.

Então o que justifica afinal uma greve desta envergadura? Para a Fectrans, maior representante dos trabalhadores do setor, nada. Para os sindicatos independentes mais dinheiro em 2021 e 2022 e, dizem os críticos, projeção mediática e a subida ao Parlamento da principal cara da luta dos motoristas de matérias perigosas — uma paralisação “impulsionada por exercícios de protagonismo e por obscuros objetivos políticos”, acusou o PCP.

Tendo como ponto de partida os avanços já conseguidos para os motoristas de mercadorias nas negociações em curso nos últimos meses, fomos revisitar os principais argumentos apresentados no aviso prévio de greve entregue pelos sindicatos em meados de julho para a greve que arranca segunda-feira.

Conclusão? Várias reivindicações já foram asseguradas ou para lá caminham, provavelmente graças à posição de força assumida desde abril por estes sindicatos, que terá sido fator-chave nos avanços positivos conseguidos nas negociações em curso entre Antram e Fectrans — não será seguramente coincidência que agora se tenham obtido avanços salariais como nunca o setor tinha conseguido, além de vários outros passos no que eram antigas lutas da Fectrans em defesa dos motoristas.

Mas entremos no pré-aviso de greve dos sindicatos. O documento começa por lembrar que a paralisação de 12 de agosto em diante não é mais do que o retomar da greve prometida para 23 de maio, suspensa pela assinatura de dois acordos que procuraram balizar as negociações futuras, com as duas partes a prometerem manter a paz social até “à conclusão das negociações”. Contudo, estas foram interrompidas pouco tempo depois pelos próprios sindicatos. E por ser o retomar da greve de 23 de maio, então as primeiras reivindicações citadas são as que foram apontadas nessa altura. Comecemos por estas:

  • “Reconhecimento oficial da categoria de motoristas de matérias perigosas”

Nas negociações em curso entre Fectrans e Antram, não só já foi acordado um subsídio específico para estes motoristas, de 125 euros mensais, como se encontra em negociações o desenho para a “inclusão de um mecanismo autónomo no instrumento de regulamentação coletiva de trabalho referente aos motoristas de matérias perigosas de mercadorias”. Este ponto de discussão, aliás, ficou logo fechado entre os sindicatos independentes e a Antram no Protocolo Negocial de 17 de maio.

Além disso, e graças à Fectrans, está atualmente em negociação o alargamento deste subsídio de 125 euros mensais a motoristas que lidam com outro tipo de mercadorias, mesmo que venha a ser de valor inferior. Aliás, será precisamente nas próximas reuniões entre Fectrans e Antram que será debatido “o valor do subsídio de operações para todos os trabalhadores com formação especifica e que efetivamente manuseiam a respetiva carga (cargas e descargas)”. Contudo, nem SNMMP, nem SIMM, poderão dar os seus contributos a esta discussão por terem avançado para a greve.

  • “Obrigatoriedade de acompanhamento médico anual”

Entre as cláusulas não pecuniárias aceites entre os sindicatos independentes e a Antram ainda em maio, o segundo ponto apresentado como “já aceite por ambas as partes” passa precisamente pela “realização de exames de saúde anuais aos trabalhadores, com base nas melhores práticas médicas”. E o acordo de maio entre a Antram e o SNMMP até vai mais longe, já que abre a porta à “possibilidade, a avaliar de acordo com a pretensão das partes, da consulta de diversas entidades que possibilitem a definição da periodicidade e dos concretos exames de saúde a realizar aos trabalhadores”.

Além disso, e já de acordo com o ponto de situação da evolução das negociações entre a Fectrans e Antram, publicado a 2 de agosto, já está igualmente “esclarecido e reforçado o princípio que os custos com os exames médicos obrigatórios nos termos do CCTV ou da medicina do trabalho, terão que ser suportados exclusivamente pelas empresas”.

  • “Reconhecimento de estatuto de profissão de desgaste rápido, com redução de um ano à idade por cada quatro de exercício de funções”

Este é um dos tópicos que ainda falta trazer para a mesa das negociações, mas, e para ganhar força neste debate, a Fectrans tem em curso a recolha de assinaturas de uma petição em prol da “redução da idade legal de reforma, a entregar no âmbito da próxima legislatura à Assembleia da República, que é a instituição com poderes para decidir sobre este assunto”. Esta é a instituição “com poderes para decidir sobre este assunto”, explica a Federação.

  • “Respeito pelo direito à retribuição e ao trabalho diurno, noturno e suplementar, traduzindo-se num aumento substancial dos valores remuneratórios”

Sendo difícil debater o que é um “aumento substancial dos valores remuneratórios”, comecemos pelo que é dito no início desta reivindicação. O “respeito” pela “retribuição e ao trabalho diurno, noturno e suplementar” é um dos pontos por que a Fectrans mais tem batalhado nas negociações com a Antram. E, segundo a própria, têm-se registado avanços, ainda que a matéria sobre “a expressão pecuniária relacionadas com as ajudas de custo”, ainda aguarde uma resposta a associação de empresas.

Porém, refere a Federação, e quanto ao subsídio por trabalho noturno, já ficou assente que este irá ser autonomizado em relação a outros, passando a haver lugar “ao pagamento de 10% do salário base, ou 25% de acréscimo ao valor hora, consoante o trabalhador faça predominantemente trabalho diurno ou noturno”, isto no caso de motoristas de Nacional. Também já ficou igualmente definido que “haverá lugar ao pagamento da 2ª refeição após qualquer trabalho realizado depois das 19h30”, só para citar dois exemplos.

Quanto ao “aumento substancial dos valores remuneratórios”, o mais fácil é mostrar o quadro comparativo entre os salários atuais e o que já se encontra fechado para 2020 para os motoristas de mercadorias, quadro que deixa claro onde estão os aumentos de “10% a 18%” anunciados para janeiro. São substanciais? Não são? Cada cabeça, sua sentença. Mas, sublinhe-se, o objetivo já definido pela Fectrans para 2021 passa por ter “850€ como salário base no setor”.

Fonte: Fectrans

 

  • “Abolição de esquemas remuneratórios que visam a fuga aos impostos”

Uma das queixas mais repetidas por estes sindicatos, mas também pela Fectrans — e trabalhadores de muitos outros setores, aliás — tem a ver com os esquemas remuneratórios a que muitas empresas recorrem para fugir aos impostos, prejudicando os direitos dos motoristas face à Segurança Social e outros benefícios. Este ponto liga-se diretamente com a falta de pagamento de horas extra.

Para resolver este problema, que segundo as estruturas sindicais lesam os contribuintes em vários milhões de euros, as entidades inspetivas do Estado com responsabilidade nesta matéria já foram chamadas à discussão. Segundo o ponto de situação mais recente feito pela Fectrans às negociações, “também se aguarda a realização da reunião com o Ministro do Trabalho para se discutir os mecanismos de fiscalização –- ACT e Segurança Social — da aplicação do CCTV , posto em causa por diversas entidades patronais, que origina o legítimo descontentamento dos trabalhadores”.

Os 100 euros anuais e os protocolos violados (ou não)

Os pontos seguintes do aviso prévio de greve levam-nos à acusação dos sindicatos de que a Antram desrespeitou documentos assinados, ou seja o ponto referente aos tais aumentos de 100 euros por ano em 2021 e 2022, o que justificou a opção dos sindicatos de interromper as negociações e avançar para a paralisação. Olhemos para os documentos em questão.

Tal como se verifica nos documentos anexados ao aviso prévio de greve entregue pelos dois sindicatos, a “Declaração Conjunta” assinada pelas partes a 9 de maio, compromete ambas com uma remuneração bruta global de 1.400 euros por mês normal de trabalho “repartidos pelas diversas rubricas e subsídios” (ponto 3), aumento esse que “determina um acréscimo retributivo de cerca de 250 euros mensais face ao que atualmente existe”.

Além disso, neste mesmo documento (ponto 4), o sindicato e a Antram “reconhecem em garantir aos motoristas de materiais perigosos um acréscimo de retribuição global (a repartir entre as diversas rubricas fixas) de 100 euros em 2021 e outros 100 euros em 2022, caso as condições económicas o permitam relativamente a este último, bem como a indexar para o futuro aumentos anuais da retribuição em função do aumento do salário mínimo”.

Porém, e no ponto 5 desta “Declaração“, tanto a Antram como o Sindicato aceitam que “o teor desta declaração fica condicionado a aprovação do mesmo por parte dos filiados” no sindicato “e associados da Antram, caso em que a greve será desconvocada”. Acontece que os associados da Antram não aprovaram o ponto relativo aos aumentos de 100 euros em 2021 e 2022, pelo que no “Protocolo Negocial” firmado e aceite pelas partes a 17 de maio seguinte, este ponto já não é referido, ficando apenas o relativo à retribuição de 1.400 euros brutos já em 2020 e, para os seguintes anos, a indexação do salário “à evolução da retribuição mínima mensal garantida”.

Este “Protocolo” foi assinado e aceite pelo Sindicato de Matérias Perigosas e pela Antram. Contudo, e já depois de assinar o protocolo, o representante do sindicato veio defender uma outra interpretação do mesmo.

Para Pardal Henriques, a referência no ‘considerando F)’ do Protocolo de que este acordo “concretiza” o anterior pressupõe a aceitação dos aumentos anuais de 100 euros em 2021 e 2022 — isto apesar do mesmo ‘considerando F)’ sublinhar que o ‘Acordo de Princípio’ estava “condicionado à apresentação e/ou aprovação do mesmo por parte dos filiados e dos associados”. É graças a esta interpretação do protocolo que o sindicato acusa a Antram de ter voltado atrás na palavra. E é esta a base que justifica a greve de 12 de agosto pelo SNMMP.

Quem tem razão? Quem violou o quê? Viajemos até 15 de julho, data da reunião na DGERT entre Antram, Sindicato, Fectrans e Governo para tentar definir serviços mínimos — sem sucesso.

De acordo com a ata desta reunião — divulgada pelo Observador –, ao longo da reunião, e quando se entrou no debate das revisões salariais para 2021 e 2022, Guilherme Dray, representante do MIH, lembrou “o esclarecimento prestado” numa reunião anterior sobre a diferença entre a declaração de 9 de maio e os protocolos assinados posteriormente, “assinalando que a Declaração de 9 de maio continha uma referência a aumentos salariais de 100 euros em 2021 e 100 euros em 2022 (caso a situação económica o permitisse), mas previa também que esta solução deveria ser objeto de ratificação” por associados e filiados das duas estruturas.

Contudo, prosseguiu, “ao passo que os filiados do SNMMP aprovaram por unanimidade (excepto um voto), os associados da Antram não aprovaram essa disposição relativa aos aumentos de 2021 e 2022. Por essa razão, no Protocolo de 17 de maio ficou expresso que os aumentos salariais para esses anos seriam indexados à evolução da retribuição mínima mensal garantida”, e nada mais.

Na ata assinada e aceite por todas as partes, é descrito que de seguida “o representante do Ministério das Infraestruturas e a conciliadora perguntaram então se o motivo da greve era apenas uma divergência quanto aos aumentos salariais para 2021 e 2022, tendo o representante do SNMMP [Pardal Henriques] respondido afirmativamente“.

Independentemente de quem considerar ter razão, certo é que a greve de 12 de agosto é, de facto, relativa a aumentos salariais que eventualmente só existirão em 2021 e 2022. E certo é também que de acordo com o quadro da Fectrans que atrás publicámos, os motoristas de materiais perigosos (cisternas) continuam com a oferta de um aumento entre 241 e 256 euros em cima da mesa para janeiro de 2020.

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FMI garante que China interveio pouco na cotação do yuan

  • Lusa
  • 10 Agosto 2019

Relatório do FMI conclui que a taxa de câmbio real efetiva do yaun cumpre as regras básicas. Mas defende que a China devia ser mais transparente ao explicar os movimentos da moeda.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) garantiu este sábado que o Banco do Povo Chinês (banco central) realizou “poucas intervenções” sobre o câmbio do yuan face a divisas estrangeiras nos últimos anos.

Num relatório sobre a economia chinesa no último ano, o organismo citou como exemplo que, após a desvalorização do renminbi (nome oficial do yuan), registada entre junho e agosto de 2018, a divisa chinesa manteve-se “geralmente estável” frente às principais moedas internacionais.

O documento foi divulgado na mesma semana em que o yuan ultrapassou, pela primeira vez desde 2008, a barreira psicológica das sete unidades por dólar norte-americano, com alguns especialistas a consideraram que o banco central chinês permitiu deliberadamente esta desvalorização em resposta ao anúncio do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de novas taxas alfandegárias de 10% sobre 300 mil milhões de dólares de importações chinesas, a partir de 01 de setembro.

A perda de valor do yuan levou o Departamento do Tesouro norte-americano a designar oficialmente a China como país “manipulador de divisa”, algo em que Trump insistia há anos. E, embora o relatório do FMI se refira a 31 de julho último, as conclusões são que a taxa de câmbio real efetiva cumpre as regras básicas.

No entanto, no documento sublinhou-se que a China devia ser mais transparente ao explicar os movimentos do yuan e permitir uma maior flexibilidade na taxa de câmbio.

Atualmente, o Banco do Povo Chinês fixa uma taxa de referência diária para cotação nos mercados internos. O yuan não é inteiramente convertível, sendo que o valor face a um pacote de moedas internacionais pode variar até 2% por dia.

A taxa de referência para investidores internacionais, nos mercados externos como o de Hong Kong, não é regulada pelo banco central chinês.

No início da semana, as praças financeiras mundiais registaram fortes perdas depois de Pequim permitir que o yuan caísse para o valor mais baixo em 11 anos, em relação ao dólar, mas o Banco do Povo Chinês garantiu às empresas que não permitirá mais quedas acentuadas e que a taxa de câmbio se manterá estável.

A instituição chinesa justificou a depreciação do yuan, na segunda-feira, como “medidas unilaterais e protecionismo comercial” e de “imposição de aumento de taxas alfandegárias contra a China”, numa clara referência ao último episódio da guerra comercial que começou entre Pequim e Washington, no verão passado.

Um yuan mais fraco significa que os produtos chineses são mais baratos, o que pode ajudar a conter o efeito negativo das novas taxas sobre a competitividade da economia chinesa.

Em relação à guerra comercial entre os Estados Unidos e Pequim, desencadeada por Trump em março de 2018, o FMI lembrou “a grande incerteza” económica que implica a curto prazo e aconselhou a China a suspender benefícios adicionais, principalmente fiscais, caso a situação se agrave.

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Secretário de Estado da Saúde quer cortes nas deduções fiscais para financiar o SNS

  • ECO
  • 10 Agosto 2019

O secretário de Estado da Saúde defende que o SNS precisa de mais receitas e tem uma solução: reduzir as deduções das despesa de saúde dos atuais 15% para 5%. A medida permitia encaixe de 300 milhões.

Perante as contínuas necessidades de financiamento do Serviço Nacional de Saúde, o o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Francisco Ramos, em entrevista ao Público (acesso condicionado) defende uma redução das deduções das despesas de saúde no IRS. Passar dos atuais 15% de dedução à coleta para 5% representaria um encaixe imediato de 300 milhões de euros nos cofres do Estado, defende.

“Neste momento, a única “declaração” que o senhor ministro das Finanças fez foi a proposta do Programa Estabilidade e Crescimento [PEC], que foi aprovada por todo o Governo e que prevê para 2020 um crescimento de 300 milhões na dotação do SNS. A minha posição, enquanto secretário de Estado responsável pelas finanças do SNS, é que será preciso pelo menos o dobro. E tenho uma sugestão que volto a pôr em cima da mesa: a de que esses 300 milhões que faltam venham dos benefícios fiscais em sede de IRS, ou seja, baixando dos atuais 15% [deduções de despesas de saúde] para 5%. Imediatamente haverá mais 300 milhões de euros”, disse Francisco Ramos.

Tenho uma sugestão que volto a pôr em cima da mesa: a de que esses 300 milhões que faltam venham dos benefícios fiscais em sede de IRS, ou seja, baixando dos atuais 15% [deduções de despesas de saúde] para 5%. Imediatamente haverá mais 300 milhões de euros.

Francisco Ramos

Secretário de Estado Adjunto e da Saúde

Reconhecendo que com esta opção as “famílias vão suportar mais encargos”, o secretário de Estado sabe que a proposta pode ser impopular, mas mas “também é impopular o SNS não conseguir dar resposta”. “Esta é uma escolha que tem que ser feita. É uma escolha política, a de desviar parte desse dinheiro para reforçar o SNS”, diz.

Francisco Ramos defende ainda que os portugueses tenham um seguro complementar público, que permita o acesso a saúde oral, óculos, próteses, despesas não cobertas pelo SNS, replicando um modelo que já existe noutros países. “O SNS existe há 40 anos, o que está escrito é que é para todos os portugueses, que é geral, cobre todos os cuidados, e tendencialmente gratuito. Mas há um conjunto de cuidados que o SNS não consegue assegurar, desde a saúde oral, óculos, próteses auditivas. Não há nenhuma tradição de oferta pública nestas áreas. A minha proposta é que se discuta um meio alternativo de financiar estes atos”, sublinha.

O secretário de Estado, que garante sentir-se bem no papel de “ajudante de ministro”, revela que a “taxa de retenção de médicos no SNS oscila entre 80 e 90%. Dos médicos que são formados só 10 a 15% não ficam no SNS” e que a dedicação exclusiva “é uma questão formal de proibir as pessoas de trabalharem noutro sítio”. “A dedicação plena é criar condições para que as pessoas se sintam satisfeitas e trabalhem apenas no hospital público. A inspiração é a remuneração em função do desempenho. A exclusividade é uma medida administrativa. Foi o que correu mal da anterior experiência. O SNS e as pessoas beneficiaram zero disso, não resultou num acréscimo de atividade”, conclui.

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“Decisões sobre a Comissão Europeia são do Governo português”, diz Centeno

  • Lusa
  • 9 Agosto 2019

"As decisões sobre a Comissão Europeia são do Governo português, e não passam por uma decisão do seu ministro das Finanças", disse à Lusa Mário Centeno.

O ministro das Finanças, Mário Centeno, disse esta sexta-feira à Lusa que as decisões sobre uma possível ida para a Comissão Europeia “são do Governo português” e não suas, e que do que “gosta genuinamente” é de apresentar bons resultados.

“As decisões sobre a Comissão Europeia são do Governo português, e não passam por uma decisão do seu ministro das Finanças”, disse à Lusa Mário Centeno, acrescentando que a construção da nova Comissão “é um momento muito importante para a Europa”.

“A posição do Governo português tem sido transmitida pelo senhor primeiro-ministro [António Costa], e é exatamente essa que temos”, garantiu Centeno.

Questionado sobre se gostaria de ser vice-presidente da Comissão Europeia com a pasta das Finanças, o também presidente do Eurogrupo disse que “o que gosta é de apresentar bons resultados”, referindo-se à subida, para positiva, da perspetiva da dívida portuguesa por parte da Moody’s, anunciada esta sexta-feira.

“Confesso que nos deixa obviamente a todos muito orgulhosos de termos cumprido todas as metas orçamentais até aqui, e trazer a economia e o mercado de trabalho em Portugal a este ponto, é genuinamente disso que o ministro das Finanças gosta”, garantiu Mário Centeno.

O primeiro-ministro, António Costa, indicou quatro nomes de portugueses, duas mulheres e dois homens, à presidente eleita da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen, para compor o futuro executivo da Comissão e dois deles já foram ouvidos.

Segundo fonte conhecedora do processo, a comunicação a Bruxelas destes quatro candidatos portugueses, “com perfis diversos e, portanto, concorrentes a pastas diferentes”, foi efetuada há mais de três semanas.

Posso confirmar que Ursula von der Leyen teve vários encontros informais com potenciais candidatos a comissários esta semana, tendo-se reunido com dois candidatos de Portugal”, disse na quinta-feira à agência Lusa o porta-voz da presidente eleita.

Contudo, o gabinete do chefe do Governo português escusou-se a comentar quaisquer nomes envolvidos, nomeadamente os da ex-eurodeputada e atual vice-governadora do Banco de Portugal, Elisa Ferreira, e do eurodeputado e antigo ministro das Infraestruturas, Pedro Marques, apontados na quinta-feira pelo jornal Público como tendo sido indicados por António Costa.

Hoje, o ministro das Finanças respondeu ainda à Lusa sobre a sua recente candidatura à liderança do FMI e da escolha da búlgara Kristalina Georgieva como candidata europeia ao cargo de diretora-geral, dizendo que a postura portuguesa foi a do “consenso”.

Participámos numa eleição tentando sempre ser um fator de consenso. Foi esse o objetivo desde o primeiro instante, e portanto estive nessa candidatura com esse objetivo. A Europa tinha que apresentar um candidato, e apenas um candidato, foi isso que aconteceu”, declarou o também presidente do Eurogrupo.

O ministro das Finanças português e presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, parabenizou em 02 de agosto a búlgara Kristalina Georgieva por ter sido escolhida como candidata europeia à liderança do Fundo Monetário Internacional, antes de a sua designação ter sido oficialmente confirmada.

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Portugal paga 2.000 milhões de euros de dívida a credores europeus até final do ano

  • Lusa
  • 9 Agosto 2019

A devolução antecipada das quantias em dívida trará poupanças superiores a 100 milhões de euros em juros adicionais para Portugal nos próximos anos.

Portugal vai pagar antecipadamente aos credores europeus 2.000 milhões de euros de dívida da troika até ao final do ano, depois de já ter pago tudo ao FMI, disse esta sexta-feira à Lusa o ministro das Finanças, Mário Centeno.

Já está em curso um processo de início de pagamento antecipado aos credores europeus” da dívida contraída por Portugal no âmbito do Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), entre 2011 e 2014, junto do Fundo Monetário Internacional (FMI), Comissão Europeia e Banco Central Europeu (conhecidos como troika), disse hoje à Lusa o ministro das Finanças.

Esperamos que até ao fim do ano ocorra o primeiro [pagamento antecipado], expectavelmente entre o final do terceiro trimestre e o princípio do quarto trimestre, será um pagamento na ordem dos 2.000 milhões de euros, e esse pagamento trará poupanças superiores a 100 milhões de euros em juros adicionais para Portugal nos próximos anos“, explicou Mário Centeno.

O também presidente do Eurogrupo lembrou que “a dívida ao Fundo Monetário Internacional foi totalmente paga”, e afirmou que o pagamento antecipado “é possível apenas por todo este trajeto e processo de redução de taxas de juro, de diferenciais de taxa de juro, que Portugal hoje tem”.

Em 10 de dezembro de 2018, o ministro das Finanças anunciou que Portugal concretizou o pagamento do total da dívida ao FMI, com a liquidação de 4,7 mil milhões de euros.

O total do empréstimo ao FMI ascendeu a 26,3 mil milhões de euros, estando os restantes 52 mil milhões divididos entre o Fundo Europeu de Estabilização Financeira e do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira.

Foi em 17 de maio de 2014 que terminou o programa de ajustamento português, assinalando a saída da troika do país, constituída por elementos da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu (BCE) e do FMI.

Portugal pediu assistência financeira em 06 de abril de 2011, com José Sócrates como primeiro-ministro. Um mês depois, em 05 de maio, a troika apresentou o programa de assistência financeira a Portugal, no valor de 78 mil milhões de euros.

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Finanças admitem rever meta da dívida devido a mudança metodológica

  • Lusa
  • 9 Agosto 2019

Centeno diz que quando o Governo tiver que definir novas metas, no âmbito do Orçamento do Estado para 2020, irá fazer as devidas alterações atendendo à influencia no rácio da dívida face ao PIB.

O Ministro das Finanças, Mário Centeno, disse esta sexta-feira que quando o Governo tiver que definir novas metas” para o rácio da dívida pública “obviamente” o fará, depois de uma mudança metodológica no seu cálculo por parte do Eurostat.

“Essa mudança de conceito reflete-se no nível que é medido do rácio da dívida face ao PIB, e obviamente que quando o Governo tiver que definir novas metas, com certeza no âmbito do Orçamento do Estado para 2020, que o irá fazer“, disse hoje Mário Centeno à Lusa.

O também presidente do Eurogrupo afirmou que a mudança do Eurostat é “meramente conceptual” e que “não há novas responsabilidades que estejam agora a ser reconhecidas pelo Estado português que não estavam antes”.

“Esta dívida que agora é colocada no conceito que é utilizado para medir a dívida pública já estava a ser financiada, como é evidente, e portanto também do ponto de vista dos investidores não há aqui nenhuma novidade”, assegurou o ministro das Finanças.

O Banco de Portugal divulgou na segunda-feira valores revistos em alta para a dívida pública, decorrentes do impacto da revisão da metodologia usada para a calcular, que passa a incluir os juros capitalizados dos certificados de aforro.

Segundo o Banco de Portugal, houve uma revisão da metodologia das estatísticas da dívida pública “motivada pela nova versão do Manual do Défice e da Dívida” do Eurostat.

Isto levou a uma revisão das séries de dívida pública. Por exemplo, na semana passada foi divulgado o valor de junho da dívida pública na ótica de Maastricht, a que conta para Bruxelas, de 246,9 mil milhões de euros. Já com a metodologia atualizada, o valor divulgado na segunda-feira para junho é de 251,2 mil milhões de euros.

Também o valor da dívida em percentagem do Produto Interno Público (PIB) é revisto. Por exemplo, em 2018, passa de 121,5% do PIB para 123,6% do PIB.

questionado pela agência Lusa sobre as metas do saldo orçamental em contabilidade nacional (a que interessa para Bruxelas) para o primeiro semestre, Centeno disse que “os números estão totalmente alinhados” com o projetado no Orçamento do Estado para 2019, mas não quis adiantar um número, depois do excedente orçamental de 0,4% do PIB registado no primeiro trimestre.

“O número seria sempre um pouco especulativo, no sentido de que cumpre e caberá ao INE [Instituto Nacional de Estatística] divulgar esse número no final de setembro”, respondeu o responsável pela pasta das Finanças.

“Cumpre-me também sublinhar que a receita fiscal, associada obviamente ao excelente desempenho da economia portuguesa e do seu mercado de trabalho, está acima daquilo que foi projetado”, salientou ainda o ministro.

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Ministro das Finanças espera futuras subidas no rating de Portugal

  • Lusa
  • 9 Agosto 2019

O ministro das Finanças diz que a melhoria do outlook de pela Moody's decorre da evolução da economia, do mercado de trabalho e da credibilidade das politicas económicas, e em particular orçamental.

O ministro das Finanças, Mário Centeno, espera que a subida da perspetiva do rating de Portugal por parte da Moody’s, de estável para positiva, traga, no futuro,novos movimentos de melhoria da classificação da dívida“, disse hoje à Lusa.

“Esta melhoria decorre daquilo que nós temos vindo a observar em termos da evolução da economia portuguesa, do seu mercado de trabalho e da credibilidade das politicas económicas, e em particular orçamental, em Portugal”, afirmou hoje Mário Centeno em reação à subida da perspetiva do rating de Portugal de “estável” para “positiva” por parte da agência de notação financeira Moody’s.

“Isto quer dizer que esperamos, nos próximos meses, nas próximas avaliações, novos movimentos de melhoria da classificação da dívida”, acrescentou o ministro.

A agência de notação financeira norte-americana Moody’s subiu hoje a perspetiva da dívida pública portuguesa de “estável” para “positiva”, mas manteve o rating em ‘Baa3’, um nível acima do “lixo” foi hoje divulgado.

O também presidente do Eurogrupo lembrou que “é a décima vez desde setembro de 2017, nos últimos dois anos, que houve uma melhoria na classificação, na notação, da dívida portuguesa”.

Questionado pela Lusa sobre se a melhoria da perspetiva poderá sobreviver às turbulências do contexto económico internacional, Centeno disse que essas “tensões” são “testes sucessivos à resiliência da recuperação económica que Portugal e outros países, a generalidade dos países, na verdade, têm observado”.

“A verdade é que Portugal tem tido nesse campo um desempenho particularmente excecional. A palavra pode parecer demasiado elogiosa para o desempenho da economia e da sociedade portuguesa mas não o é, porque nós vimos uma redução, uma compressão enormíssima dos diferenciais de taxa de juro face aos nossos parceiros europeus”, destacou o também presidente do Eurogrupo.

No entanto, o ministro das Finanças afirmou que é necessário o país estar atento “a riscos e a incertezas que se avolumam por esse mundo fora”, uma vez que “a economia portuguesa é cada vez mais uma economia aberta e sujeita também a esses choques”, mas apelou para uma concentração “naquilo que são, e são muitos, os sinais positivos em Portugal“.

Em 15 de fevereiro, a agência de notação financeira Moody’s não se pronunciou sobre o rating atribuído a Portugal, mantendo a dívida pública portuguesa com uma nota de ‘Baa3’ e uma perspetiva estável.

Desde 12 de outubro de 2018 que a Moody’s tinha uma nota de ‘Baa3’ para a dívida soberana de Portugal, com uma perspetiva estável, tendo sido a última agência de rating a retirar Portugal de um grau de especulação ou “lixo”, quando já a Standard & Poor’s (S&P), a Fitch e a DBRS tinham colocado o país no patamar de investimento.

Atualmente, as norte-americanas Fitch e Standard & Poor’s e a canadiana DBRS atribuem uma nota de ‘BBB’ ao rating de Portugal, o segundo nível da categoria de investimento.

De acordo com o calendário da atualização dos ratings previsto para 2019, a próxima agência a pronunciar-se sobre a situação económica e financeira do país é a S&P, em 13 de setembro.

A DBRS poderá pronunciar-se em 4 de outubro e a Fitch fará nova revisão sobre o país em 22 de novembro.

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