Edifícios da antiga PT vendidos por 13,7 milhões de euros

  • ECO
  • 2 Janeiro 2019

A Altice alienou imóveis situados na cidade de Lisboa, na sua maioria "devolutos", durante o terceiro trimestre de 2018. O negócio foi fechado com a construtora bracarense Almost Future.

A Altice está a aproveitar a escalada de preços no setor imobiliário para alienar edifícios da antiga Portugal Telecom. No terceiro trimestre de 2018, a empresa liderada por Alexandre Fonseca arrecadou 13,7 milhões de euros com estes imóveis, escreve a edição desta quarta-feira do Jornal de Negócios (link indisponível).

As vendas constam do relatório e contas da Altice, onde os edifícios aparecem avaliados em 13,2 milhões de euros. Acabaram por ser alienados por um valor 500 mil euros superior àquele que lhes era atribuído contabilisticamente. A empresa confirma a alienação de “alguns imóveis na cidade de Lisboa, essencialmente devolutos”, à bracarense Almost Future, criada em 2016.

Estas vendas inserem-se no plano fundado por Patrick Drahi de vendas de ativos considerados não estratégicos em todos os mercados onde está presente.

O objetivo da empresa passa por melhorar os resultados financeiros e reduzir a dívida, depois de em 2017 ter falhado as expectativas dos investidores. Em Portugal, para além destes imóveis, a empresa já vendeu cerca de três mil antenas de telecomunicações.

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Hoje nas notícias: Altice, CGD e BES

  • ECO
  • 2 Janeiro 2019

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que marcam o dia.

O segundo dia do ano está a ser marcado pela venda de cinco edifícios da antiga PT por 13,7 milhões de euros e pela confirmação de que o inquérito aos maiores devedores do banco público, que já leva dois anos, ainda não tem arguidos. Enquanto isso, a Justiça já citou Mosqueira do Amaral como culpado no BES e foram quatro mil os psicólogos e nutricionistas a participar na corrida às 80 vagas abertas no SNS. Já na praça bolsista, registou-se a maior perda de empresas da década.

Altice vende edifícios da PT por 13,7 milhões

A Altice vendeu cinco edifícios da antiga PT por 13,7 milhões de euros à construtora bracarense Almost Future. O contrato-promessa de compra e venda foi assinado durante o terceiro trimestre do ano passado e, segundo a dona da Meo, diz respeito a “alguns dos imóveis na cidade de Lisboa, essencialmente devolutos”. Os dados sobre esta alienação foram avançados no relatório e contas da Altice, relativo à primeira metade do segundo semestre. Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Negócios ruinosos na CGD sem arguidos

Dois anos depois de ter sido aberto, o inquérito do Ministério Público aos maiores devedores da Caixa Geral de Depósitos continua sem qualquer arguido constituído. A Procuradoria-Geral da República sublinha que o “inquérito em que se investigam factos relacionados com a CGD encontra-se em investigação” e adianta que, até ao momento, “não tem arguidos constituídos”. Em causa estão suspeitas de gestão danosa na atribuição de financiamento, sendo a lista com os 100 maiores devedores do banco estatal uma das bases essenciais do processo. Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

Bolsa de Lisboa sofre maior perda de empresas desde 2010

No ano passado, saíram seis empresas da bolsa nacional, o maior número de abandonos desde 2010. O ano de 2018 ficou ainda marcado pela tentativa de acesso de duas outras empresas (a Sonae MC e a Vista Alegre), fruta da falta de investidores nacionais e das condições adversas do mercado. Soma-se ainda o adiamento da entrada na Euronext Lisbon protagonizado pela Science4you. Isto num ano em que o PSI-20 desvalorizou 14%, registando o pior ano desde 2014. Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado).

Justiça já citou Mosqueira do Amaral como culpado no BES

Pedro Mosqueira do Amaral, antigo administrador do Banco Espírito Santo, já foi avisado de que é considerado pela comissão liquidatária e pelo Ministério Público um dos culpados pela falência dessa instituição financeira. A notificação do gestor — que está entre as 13 personalidades consideradas responsáveis por esse desfecho do banco — não foi fácil e envolveu mesmo a rede consular alemã. Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

4.000 psicólogos e nutricionista para 80 vagas no SNS

São muitos os candidatos para tão poucas vagas: cerca de quatro mil psicólogos e nutricionistas candidataram-se aos 80 lugares nos concursos abertos no verão de 2018 para o Sistema Nacional de Saúde. Segundo a Administração Central do Sistema de Saúde, no caso dos nutricionistas, 1.082 profissionais concorreram a 40 vagas; E no caso dos psicólogos, registaram-se 2.849 candidaturas para as mesmas quatro dezenas de lugares. A bastonária Alexandra Bento antecipa que a seleção será “complicadíssima” e demorada. Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado).

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Dois anos depois, inquérito à CGD continua sem arguidos

  • ECO
  • 2 Janeiro 2019

A rocuradoria-Geral da República diz que "o inquérito em que se investigam factos relacionados com a CGD encontra-se em investigação". Não há arguidos constituídos.

O Ministério Público abriu um inquérito aos maiores devedores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) por suspeitas de gestão danosa na atribuição de financiamentos, mas dois anos depois o processo continua sem arguidos, revela o Correio da Manhã (acesso pago).

A Procuradoria-Geral da República revela ao diário que “o inquérito em que se investigam factos relacionados com a CGD encontra-se em investigação” e que “não tem arguidos constituídos”.

Na base do inquérito estão suspeitas de gestão danosa na atribuição de financiamentos concedidos a empresas e particulares sem garantias que ditaram avultadas perdas para o banco público. O valor aproximado desses financiamentos ascende a cerca de 2,5 mil milhões de euros.

A lista com os 100 maiores devedores do banco estatal, considerada fulcral para a investigação, foi entregue por António Domingues, o antigo presidente-executivo da CGD que preparou o plano de reestruturação e recapitalização do banco, em dezembro de 2016.

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Da esquerda à direita, as reações dos partidos à mensagem de Ano Novo

  • Lusa e ECO
  • 2 Janeiro 2019

Do Bloco de Esquerda ao CDS, passando pelo PCP, PSD e o PS, todos concordam com as ideias defendidas por Marcelo Rebelo de Sousa na Mensagem de Ano Novo. Veja as reações.

Marcelo Rebelo de Sousa centrou a habitual mensagem de Ano Novo nas eleições que se avizinham. Deixou o apelo aos portugueses para que votem, mas também atirou aos partidos, para que façam escolhas acertadas nos candidatos que apresentam. O Presidente da República alertou ainda para a necessidade de combater os populismos, isto ao mesmo tempo que sublinhou a necessidade de justiça social. Recados recebidos pelos partidos que, um a um, reagiram, mostrando-se de acordo.

Bloco de Esquerda apela a combate à extrema-direita

“O Presidente da República chamou a atenção para a necessidade de um combate largo contra a extrema-direita, que pretende destruir o regime democrático. Fazer esse combate largo fundado no Estado de Direito, no pluralismo político, na cidadania é um ponto importantíssimo nos dias de hoje — afinal de contas é o espelho dos Bolsonaros [uma referência ao novo Presidente do Brasil] que se verte sobre esse mundo de conflitos”, salientou Luís Fazenda.

De acordo com Luís Fazenda, o Bloco de Esquerda também “sublinha que a mensagem do Presidente da República tenha contido referências muito expressivas sobre as desigualdades, a pobreza e a indignidade”.

“Mas assinalamos a contradição entre a vontade de querer mudar essas situações negativas no país e depois encorajar e recomendar vivamente uma maior integração europeia. As políticas da União Europeia têm vindo a agravar todas as desigualdades e a incapacitar o país na senda do desenvolvimento, diminuindo-o”, sustentou o dirigente do Bloco de Esquerda. Ou seja, na perspetiva de Luís Fazenda, na mensagem do Presidente da República “a solução não coincide com o diagnóstico”.

“Nesse sentido, o Bloco de Esquerda irá confrontar-se abertamente com todas as outras opiniões nas próximas eleições europeias e para a Assembleia da República. Aliás, o Presidente da República intima a que todos os partidos o façam. Nós fá-lo-emos”, indicou. Luís Fazenda afirmou, nesse contexto, que as bandeiras do Bloco de Esquerda passarão por “retomar os direitos do trabalho, reforçar os serviços públicos e salvar o Serviço Nacional de Saúde”.

PCP salienta papel na justiça social

Na reação à mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa, o PCP salientou a questão da justiça social. “Nós queremos dizer que não pode haver justiça social se não houver uma melhor distribuição da riqueza, melhores salários e reformas”, disse Dias Coelho. Para o dirigente comunista, ao longo de 2018, o seu partido teve “um papel decisivo na reposição e na conquista de diretos”.

“Queremos salientar que no processo de reposição e de reconquista de direitos, ao longo de 2018, se alargou a atribuição gratuita de manuais escolares, repôs-se novamente o pagamento integral do subsídio de Natal aos reformados, assim como direitos em áreas como a da saúde. Salientamos, ainda, que no ano que agora terminou demonstrou-se que o caminho verdadeiramente alternativo que está colocado ao povo português reside na política patriótica de esquerda capaz de libertar recursos e meios para que haja desenvolvimento e melhor distribuição da riqueza”, advogou o dirigente do PCP.

Já em relação à parte da mensagem do Presidente da República em que foi deixado um apelo à participação dos portugueses nas eleições europeias, regionais da Madeira e legislativas, Dias Coelho referiu-se a essas “importantes batalhas eleitorais”, dizendo que “reside na vontade, na força, na luta e também no voto do povo a resposta aos problemas que lhe estão colocados”. “Uma resposta que o PCP encara com confiança, porque confia nos trabalhadores e no povo, na sua sabedoria e capacidade de transformar e modificar”, acrescentou.

PS quer “reforçar a democracia”

A “número dois” da direção dos socialistas mostrou-se de acordo com Marcelo Rebelo de Sousa. “O Presidente da República deixa um apelo muito forte para os tempos difíceis que vivemos na Europa e no mundo — tempos que, para o PS, exigem bom senso na governação. Faz também um apelo à participação dos eleitores para o reforço da democracia nos próximos atos eleitorais que se avizinham, sem fraturas e com compromissos”, apontou a secretária-geral adjunta do PS.

Ana Catarina Mendes destacou também a ideia do chefe de Estado no sentido de que “não existam reivindicações excessivas que levem a populismos ou radicalismos”. “Todos os dias é preciso reforçar a nossa democracia e seguir um caminho mobilizador para um futuro melhor. Essa ambição o PS partilha: Governar para melhorar a vida das pessoas, combatendo as desigualdades, fazendo crescer a economia e o emprego, e reforçando todos os dias a credibilidade das nossas instituições democráticas”, salientou.

Ainda de acordo com a secretária-geral adjunta socialista, “o Presidente da República fez um apelo fortíssimo que o PS também tem vindo a fazer ao longo dos tempos”. “A exigência de reforçar a democracia significa dar credibilidade a quem todos os dias tem de executar as políticas, dar respostas concretas às pessoas e não nos deixarmos cair em extremismos e radicalismos que atingem outros países europeus. Só com uma democracia robusta podemos combater os fenómenos populistas”, acrescentou.

CDS destaca a necessidade de “escolhas exigentes”

“O Presidente da República apela, com razão, a ‘escolhas exigentes’ nestes ciclos eleitorais, e o CDS tem provas dadas pela positiva”, comentou Nuno Melo, em reação ao apelo feito pelo Presidente da República. O já anunciado cabeça de lista do CDS-PP às europeias sustentou, nas declarações à Lusa, que a escolha do seu partido será “segura, de um partido institucional, democrata cristão, conservador e ambicioso”.

O dirigente centrista justificou que as escolhas que os portugueses vão fazer “implicam também que se avalie o que temos”, no seu entender, “avaliar um governo que é muito mau, na medida em que, perante condições tão favoráveis, dificilmente se conseguiria pior”.

“Todos os setores do Estado gerem atualmente o caos”, disse, indicando os casos da “saúde, com listas de espera, demissões em bloco, transportes, segurança, estradas publicas a ruir, e greves em todos os setores”. Para Nuno Melo, o atual Governo de António Costa, “deve ser fortemente sancionado em cada uma das eleições”.

PSD frisa apelo ao bom senso

“O Presidente da República pede que nunca deixemos de debater, mas sem criar feridas desnecessárias. Numa palavra, que tenhamos bom senso. O PSD tem sabido ser uma oposição séria e responsável“, sublinhou, por sua vez, André Coelho, vogal da Comissão de Política Nacional do PSD.

Segundo o social-democrata, a mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa fica em linha com a posição que tem sido tomada pelo partido de Rui Rio não só em termos políticos, mas também no que diz respeito à estratégia económica.

“Se há tecla em que temos batido, é na necessidade de termos políticas para preparar o futuro”, salientou André Coelho, referindo-se ao apelo deixado pelo Presidente da República no sentido de preparar a economia lusa para as crises futuras.

Governo reconhece-se na mensagem do PR

O ministro Pedro Marques disse, esta quarta-feira, que o Governo se reconhece na mensagem de Ano Novo do Presidente da República, numa altura em que, “em demasiados países”, as democracias têm feito um “caminho para o populismo”. “Temos assistido, efetivamente, a esse caminho para o populismo e, às vezes, para situações ou de xenofobia ou de impulsos de extrema direita e de radicalismos perigosos nalgumas das nossas democracias, até na própria Europa”, afirmou aos jornalistas em Vouzela, onde acompanhou a entrega de chaves de habitações reconstruídas após os incêndios de outubro de 2017.

Na opinião de Pedro Marques, “o discurso de Ano Novo do Presidente da República foi muito bem recebido em toda a classe política”, mas, sobretudo, pelos portugueses em geral.

Além disso, o ministro sublinhou que o Governo a que pertence tem trabalhado para que estes quatro anos sejam “de recuperação económica e de recuperação de emprego no país” e também “de redução de desigualdades, porque os portugueses têm que compreender que os políticos estão a governar para melhorar as condições de vida dos que menos têm”, garantiu.

“É para isso que a política pública serve, se não funcionava apenas a economia de mercado”, frisou.

(Notícia atualizada às 15h10 com declarações do Governo)

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5 coisas que vão marcar o dia

O Banco de Portugal publica estatísticas sobre a dívida pública relativas a novembro e termina o prazo para cumprir as obrigações fiscais adiadas.

No dia em que oficialmente começa 2019 nas praças bolsistas, o Banco de Portugal divulga a nota de informação estatística relativa a novembro sobre a dívida pública. Termina esta quarta-feira o prazo para cumprir as obrigações fiscais que tinham sido adiadas e a GNR finalizada a Operação “Ano Novo”. Os democratas e os republicanos voltam a negociar o fim do shutdown parcial da administração norte-americana.

Como evoluiu dívida pública?

O Banco de Portugal divulga, esta quarta-feira, uma nota de informação estatística (relativa a novembro de 2018) sobre dívida pública. Em outubro do ano passado, a dívida pública tinha ficado nos 251,1 mil milhões de euros, mais 2,1 milhões de euros do que no final de setembro. Essa evolução foi justificada, na altura, pelo Banco de Portugal com a emissão de títulos de dívida em 1,9 mil milhões de euros.

Termina prazo para cumprir obrigações fiscais adiadas

Termina, esta quarta-feira, o prazo para cumprir as obrigações fiscais que tinham sido adiadas pelo Governo por causa das greves e das tolerâncias de ponto. Na semana passada, o Ministério das Finanças decidiu alargar o prazo para os contribuintes cumprirem algumas das obrigações fiscais que teriam de ter saldadas até ao final de 2018, nomeadamente no que diz respeito aos impostos que estavam a ser regularizados através de planos prestacionais. Isto porque as tolerâncias de ponto na Função Pública (a 24 e 31 de dezembro) e a paralisação dos trabalhadores da Autoridade Tributária inviabilizaram o cumprimento em causa.

Democratas e republicanos retomam negociações

Depois de terem fracassado a 27 de dezembro, os democratas e os republicanos voltam a tentar acabar com a paralisação parcial do Governo norte-americano, esta quarta-feira. Este shutdown parcial, que está a provocar o encerramento de vários departamentos da administração dos Estados Unidos, surgiu depois de Donald Trump ter dito que não aceitaria qualquer Orçamento que não incluísse dotação para a construção do polémico muro com o México, o que os democratas recusam.

Primeira sessão do ano das bolsas

2019 já vai no segundo dia mas a primeira sessão das praças bolsistas acontece só esta quarta-feira. A bolsa de Lisboa terminou o ano em terreno positivo, mas não conseguiu evitar um ano vermelho. Na segunda-feira, o PSI-20 fechou a valorizar 1,81%, mas recuou, no acumulado do ano, 14% (o pior ano desde 2014).

Chega ao fim Operação “Ano Novo”

A Guarda Nacional Republicana (GNR) termina, esta quarta-feira, a Operação Ano Novo. O patrulhamento rodoviário começou a 28 de dezembro e teve como alvos as vias de maior tráfego de modo a prevenir a sinistralidade rodoviária, garantir a fluidez do tráfego e apoiar os utentes das vias. Nos dois primeiros dias da operação, foram registados 429 acidentes, que causaram cinco vítimas mortais e nove feridos graves.

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Da economia às greves, até às eleições. Marcelo e Costa frente a frente

Em ano de eleições e protestos, Marcelo aproveita a sua última mensagem de 2018 para deixar recados a grevistas, eleitores e candidatos. Já Costa defende melhoria da vida de todos de modo equilibrado.

Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa fecharam 2018 com temas semelhantes, mas posições um tanto diferentes. Na economia, o Presidente vê “tempos difíceis” enquanto que o primeiro-ministro ignora as incertezas; sobre as greves, um pede respeito e o outro escolhe contornar a matéria, salientando ainda assim o “muito” que precisa de ser feito; já nas eleições, há recados sérios dirigidos não só a eleitores, mas também a candidatos.

Num ano que promete ficar marcado por três idas às urnas e pelo clima de contestação social, estes são os votos do primeiro-ministro e do Presidente da República, frente a frente.

  • Marcelo vê tempos difíceis, Costa ignora incertezas

Para Marcelo, os “tempos continuam difíceis” em vários aspetos que podem pôr em perigo a economia, tendo em conta uma Europa “que fica mais pobre com a partida do Reino Unido, desacelera na economia”. E neste campo, o Presidente pede respostas para vários cenários. “Podemos e devemos ter a ambição de assegurar que a nossa economia não só se prepare para enfrentar qualquer crise que nos chegue, como queira aproximar-se das mais dinâmicas da Europa, prosseguindo um caminho de convergência agora retomado.”

Em matéria de finanças públicas, o chefe de Estado é omisso na sua mensagem de ano novo: não há referências diretas ao défice ou à dívida pública. Pelo contrário, António Costa destaca a vontade de “eliminar o défice e de continuar a reduzir a dívida, condições da credibilidade internacional que reconquistámos, e que é fundamental para reduzir os juros que Estado, empresas e famílias pagam”. A par da “política de responsabilidade e equilíbrio para continuar a melhorar a vida de todos”, Costa conta com uma economia a crescer. “Pela primeira vez desde o início do século a nossa economia cresceu mais do que a média europeia”, disse António Costa, que sublinhou o impacto deste crescimento no emprego. Este otimismo acontece apesar das dúvidas já reveladas pelo Presidente da República que classificou o cenário do Governo como “mais generoso”, aquando da promulgação do Orçamento do Estado para 2019.

  • Marcelo e Costa juntos no combate à pobreza

O Presidente da República e o primeiro-ministro deixam mensagens semelhantes no que diz respeito ao combate à pobreza. António Costa salienta que, “virada a página dos anos mais difíceis”, uma das questões essenciais que se coloca é a do alargamento dessas melhorias a “cada vez mais pessoas”. Marcelo Rebelo de Sousa acompanha o sentimento, apelando ao reforço da “justiça social”, ao “combate à pobreza” e à “correção das desigualdades”. O chefe de Estado diz ainda que é preciso garantir a “dignidade” de todos, a começar pelos que estão mais “frágeis, excluídos, ignorados”.

Na sua mensagem de Natal, o primeiro-ministro aproveita ainda para notar que, apesar de terem sido criados 341 mil empregos, há “ainda muitas pessoas” à procura de trabalho e, embora os “rendimentos tenham melhorado”, persistem “níveis elevados de pobreza”. Por isso, o líder do Executivo determina que é “preciso continuar a melhorar os rendimentos e a dignidade no trabalho”.

Marcelo Rebelo de Sousa acrescenta: “Podemos e devemos ter a ambição de ultrapassar a condenação de um em cada cinco portugueses à pobreza e a fatalidade de termos Portugais a ritmos diferentes, com horizontes desiguais”. A propósito, António Costa também reforça a necessidade de um “pleno aproveitamento” do território nacional.

  • Marcelo pede respeito, Costa contorna greves

Na sua tradicional mensagem de Ano Novo, Marcelo Rebelo de Sousa faz questão de deixar ainda uma nota sobre o clima de contestação social que o país tem vivido. O Presidente da República aconselha os portugueses a chamarem “a atenção dos que querem ver eleitos” para os seus direitos e “escolhas políticas” não apenas através da opinião, mas também através de manifestações e greves.

Num momento em que vários setores nacionais enfrentam (ou acabaram de enfrentar) paralisações críticas — como a dos enfermeiros, que acabou por resultar no adiamento de cerca de dez mil cirurgias — o chefe de Estado sublinha que, mesmo em protesto, é necessário respeitar os outros: os que apresentam opiniões diferentes e “os que podem sofrer as consequências” dessas lutas.

Por sua vez, António Costa contorna este tema, mas defende que o país está “melhor”, embora haja ainda “muito” para “melhorar”. “Temos de continuar a investir na qualidade dos serviços públicos, como o Sistema Nacional de Saúde ou os transportes”, reforça o primeiro-ministro, na sua mensagem de Natal.

Apesar de dizer não “ignorar” essas necessidades, o líder do Executivo frisa que é preciso fazer tal investimento sem deixar de “eliminar o défice” e reduzir a dívida. “Há, pois, que prosseguir com ambição e determinação esta política de responsabilidade e equilíbrio para continuar a melhorar a vida de todos em Portugal”, afirma.

  • Marcelo quer políticos “mais confiáveis”, Costa evita tema das eleições

Marcelo vai direto ao ponto na sua mensagem ao exigir a todos os portugueses que participem nas eleições. “O que vos quero pedir, hoje, é simples mas exigente. Votem. Não se demitam de um direito que é vosso, dando mais poder a outros do que aquele que devem ter.” Mas o Presidente da República faz mais do que isso ao exigir à classe política responsabilidade. Na mensagem de Ano Novo é possível encontrar duas passagens sobre esse ponto em concreto. “Se quiserem ser candidatos analisem, com cuidado, o vosso percurso passado e assumam o compromisso de não desiludir os vossos eleitores”, alerta o chefe de Estado, numa altura em que se somam casos que põem em dúvida a ética da classe política.

Mais adiante na sua intervenção, Marcelo expressa o seu desejo para 2019: “Ponto de encontro entre povos, economia mais forte, sociedade mais justa, política e políticos mais confiáveis. Será pedir muito a todos nós, neste ano de 2019? Não. Não é.” E pede que não sobrem dificuldades. “Debatam tudo, com liberdade, mas não criem feridas desnecessárias e complicadas de sarar.”

Já António Costa não se refere diretamente ao ano eleitoral. No entanto, a mensagem de Natal acabou por ser marcada pelo clima pré-eleitoral. Depois de desfiar um conjunto de indicadores que mostram resultados positivos, o primeiro-ministro afirmou: “Estamos melhor, mas ainda temos muito para continuar a melhorar. A primeira condição é dar continuidade às boas políticas que nos têm permitido alcançar bons resultados”. Leia-se: para o país melhorar os portugueses têm de confiar em quem os governa no presente. O clima pré-eleitoral é também notório quando diz que não se ilude e defende que “não nos podemos iludir com os números”, abrindo assim o espaço necessário para tentar mostrar uma proposta de futuro.

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Em ano de eleições, PR apela ao voto e aconselha candidatos a “analisarem percurso passado”

Analisem o vosso "percurso passado". Foi esse o recado deixado pelo Presidente da República, na tradicional mensagem de Ano Novo, aos candidatos que participarão nas eleições marcadas para 2019.

Marcelo Rebelo de Sousa deu o tiro de partido para 2019, ano que será marcado por três idas às urnas, com um recado para aqueles que decidam participar nessas corridas. “Se quiserem ser candidatos, analisem com cuidado o vosso percurso passado e assumam o compromisso de não desiludir os vossos eleitores”, sublinhou o Presidente da República, na sua tradicional mensagem de Ano Novo. O chefe de Estado aproveitou também a ocasião para repetir o apelo ao voto.

“As vossas escolhas irão decidir o nosso destino durante quatro anos, nas eleições para a Assembleia da República e para a Assembleia Legislativa Regional da Madeira e muito da nossa presença na Europa, durante cinco anos, nas eleições para o Parlamento Europeu”, salientou o Presidente.

O ano de 2019 será marcado por três eleições: a 26 de maio acontecem as europeias, a 22 de setembro a corrida à Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira e a 6 de outubro as eleições legislativas.

“Votem. Não se demitam de um direito que é vosso, dando mais poder a outros do que aquele que devem ter. Pensem em vós, mas também nos vossos filhos e netos; olhem para amanhã e depois de amanhã e não só para hoje”, frisou, por isso, o Presidente da República.

Aos candidatos, o chefe de Estado também deixou uma mensagem, pedindo-lhes que façam uma reflexão sobre os seus históricos. “Se quiserem ser candidatos, analisem com cuidado o vosso percurso passado e assumam o compromisso de não desiludir os vossos eleitores”, reforçou, referindo que é fácil destruir a democracia com “arrogâncias intoleráveis, promessas impossíveis, apelos sem realismo, radicalismos temerários e riscos indesejáveis”.

Apelo ao “bom senso”

Marcelo pediu ainda “bom senso” a quem participar nessas corridas, notando que tal sentimento “não é incompatível com ambição”. Aliás, o Presidente da República defendeu mesmo que Portugal deve ser ambicioso na preparação da economia nacional “para enfrentar qualquer crise que nos chegue” e na convergência com a Europa. Isto quando a Europa “fica mais pobre” com o Brexit.

“Ponto de encontro entre povos, economia mais forte, sociedade mais justa, política e políticos mais confiáveis. Será pedir muito a todos nós, neste ano de 2019? Não, não é“, afirmou o Presidente.

Greves, sim. Não a todo o custo

Além disso, Marcelo Rebelo de Sousa frisou que os portugueses devem “chamar a atenção dos que querem ver eleitos” para os seus direitos, não só através da opinião, mas também através da manifestação e greve.

“Mas respeitem sempre os outros, os que de vós discordam e os que podem sofrer as consequências dos vossos meios de luta”, aconselhou o Presidente da República, num momento em que o país tem enfrentado múltiplas paralisações em setores tão críticos como o dos enfermeiros cirúrgicos (que provocou o adiamento de cerca de 10 mil cirurgias) e dos transportes ferroviários.

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Vistos Gold: O que ligou Orlando Figueira e Carlos Alexandre

Empréstimo de 10 mil euros de Figueira a juiz acontece durante os Vistos Gold. Juiz estava com o processo e Orlando passa a advogado de um arguido. O ECO conta-lhe a história.

Que Carlos Alexandre tinha recebido um empréstimo de 10 mil euros do amigo Orlando Figueira já era um facto público. Mas o que não se sabia era os ‘papéis processuais’ que ambos desempenhavam à data desse empréstimo. Na semana em que o tribunal decidiu o destino dos vários arguidos do processo conhecido como ‘Vistos Gold’, o ECO dá a conhecer mais um ponto na ligação entre Orlando Figueira, ex-magistrado do DCIAP e recentemente condenado na Operação Fizz, e Carlos Alexandre, juiz de instrução de alguns dos principais processos investigados pela Justiça portuguesa.

Concretizando: Carlos Alexandre recebeu 10 mil euros de empréstimo do ex-magistrado do DCIAP Orlando Figueira, numa altura em que era o juiz responsável pelo processo dos Vistos Gold e pouco antes de Orlando Figueira ter sido contratado para defender o angolano Eliseu Bumba nesse mesmo processo, já como advogado.

Quando Carlos Alexandre recebe das mãos de Figueira esse valor, o processo encontrava-se em fase de inquérito a cargo do magistrado do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC). E Figueira era já advogado. Semanas depois, Orlando é nomeado defensor de Eliseu Bumba, arguido do processo oficialmente conhecido de “Operação Labirinto”, mas que acabou por ficar conhecido como processo dos Vistos Gold.

Contactado pelo ECO relativamente ao timing deste empréstimo na altura em que decorria o processo dos Vistos Gold, Carlos Alexandre diz que nada tem a referir, assume saber que Orlando Figueira “exerceu advocacia desde setembro de 2012″, mas acrescenta que, “quanto à referida constituição como advogado de Eliseu Bumba, não posso comentar, por não ter em meu poder os elementos necessários a tal”.

"Remeto para as declarações que prestei no processo a que faz referência conhecido por “Operação FIZZ” e, bem assim, nada tenho a referir quanto ao primeiro parágrafo referente aos caso “Vistos Gold”. Orlando Figueira, que seja do meu conhecimento, exerceu advocacia desde Setembro de 2012 e, quanto à referida constituição como Advogado de Eliseu Bumba, não posso comentar, por não ter em meu poder os elementos necessários a tal.”

Carlos Alexandre, juiz de instrução criminal

Porém, como o ECO confirmou junto do próprio processo, a 19 de fevereiro de 2016 Orlando Figueira constitui-se como advogado de Eliseu Bumba e junta esse mesmo comprovativo de substabelecimento (volume 61) ao processo. Dias depois, a 25 de fevereiro, o TCIC — por ordem de Carlos Alexandre, titular do processo na fase de inquérito — notifica Orlando Figueira, na qualidade de advogado de Eliseu Bumba, do despacho de abertura de instrução (iniciada em março desse ano) e da designação de data para o debate instrutório. Notificação essa também incluída no processo.

Carlos Alexandre nunca chegou a pedir escusa nesse processo. Uma possibilidade prevista no artigo 43º do Código de Processo Penal (CPP) que define que “a intervenção de um juiz num processo pode ser recusada quando correr o risco de ser considerada suspeita, por existir motivo sério e grave, adequado a gerar desconfiança sobre a sua imparcialidade”. Essa escusa — segundo o número 4 desse mesmo artigo — admite que “o juiz não pode declarar-se voluntariamente suspeito, mas pode pedir ao tribunal competente que o escuse de intervir”.

Também contactado pelo ECO, Orlando Figueira recusou-se a responder por escrito às questões colocadas. Orlando Figueira, após ter saído da magistratura, onde esteve anos no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), esteve no compliance office do BCP (desde 2012), foi assessor jurídico do Activo Bank (desde 2014) e integrou a sociedade de advogados BAS ainda em 2014. Nesta qualidade de advogado, Orlando Figueira foi contratado por Eliseu Bumba para o patrocinar no processo dos Vistos Gold. No final de fevereiro é detido por suspeitas de corrupção no âmbito do processo da Operação Fizz.

Factos e datas

21 de outubro de 2015 — Carlos Alexandre recebe de Orlando Figueira, amigo do juiz há quase 30 anos, um empréstimo de 10 mil euros. No julgamento da “Operação Fizz” o juiz admitiu esse empréstimo, dizendo que era para pagar as obras de uma casa em Mação (ver texto em baixo).

19 de fevereiro de 2016 — Orlando Figueira, que na altura já estava fora da magistratura do Ministério Público e era advogado desde 2012 e advogado da BAS desde 2014, tornou-se o advogado de Eliseu Bumba, empresário angolano acusado de um crime de corrupção ativa no processo dos Vistos Gold. Nada foi falado relativamente a esse empréstimo.

25 de fevereiro — Orlando Figueira é preso preventivamente no âmbito da Operação Fizz por suspeitas de corrupção passiva, branqueamento, violação do segredo de justiça e falsificação de documento, suspeito de receber um total de 763 mil euros para arquivar os processos-crime em que investigava Manuel Vicente, enquanto ainda exercia funções de magistrado do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).

9 de março de 2016 — O valor do empréstimo é devolvido por Carlos Alexandre a Orlando Figueira por transferência bancária, e foi precisamente essa transferência que levou Carlos Alexandre e ter de explicar durante o julgamento do Fizz, na sessão de 24 de janeiro de 2017. A conta do BPA -Europa em nome de Figueira encontrava-se bloqueada devido ao processo judicial em curso e, por isso, a transferência/devolução do montante chamou a atenção do DCIAP.

11 de maio de 2016 — Decisão instrutória de Carlos Alexandre dos Vistos Gold, que pronuncia todos os arguidos a julgamento, incluindo o angolano Eliseu Bumba. O caso está ainda em fase de julgamento, estando a leitura do acórdão marcada só para 2019.

16 de fevereiro de 2017 — Acusação do caso Fizz é conhecida, colocando Orlando Figueira no banco dos arguidos.

22 de janeiro de 2017 — Julgamento do caso Fizz começa. Acórdão da decisão final já esteve marcado para 8 de outubro mas foi adiado e deverá acontecer no final deste ano.

7 de dezembro de 2018 No âmbito da Operação Fizz, Orlando Figueira é condenado a uma pena única efetiva de seis anos e oito meses de cadeia pelos crimes de corrupção passiva, branqueamento, falsificação de documento e violação do segredo de justiça e proibição de voltar à magistratura durante cinco anos.

4 de janeiro de 2019 – Está marcada a leitura do acórdão do processo dos Vistos Gold. O processo envolve ex-altos quadros do Estado, com um total de 21 arguidos.

As teses diferentes relativas ao empréstimo

Quanto às razões do empréstimo, o juiz de instrução e Orlando Figueira nunca se chegaram a entender, questionados sobre o mesmo no âmbito da Operação Fizz. Segundo Carlos Alexandre, terá sido para pagar as obras da sua casa em Mação. Segundo Figueira terá sido para ajudar o filho de Carlos Alexandre que estava gravemente doente.

Certo é que o juiz foi inquirido logo em 2017 pelo DCIAP — já no âmbito do Fizz — para explicar a transferência desses 10 mil euros. Mas o timing dessa transferência no decorrer do processo dos Vistos Gold nunca chegou a ser referido. Na altura, Carlos Alexandre explicou a sua relação de amizade com o procurador — de mais de 20 anos — e os contornos da aceitação desse “empréstimo”. A Caixa de Crédito Agrícola concedeu-lhe um crédito de 100 mil euros destinado a financiar a construção de uma casa em Mação, mas este crédito era faseado, de acordo com o avanço na obra. Em outubro de 2015, o empreiteiro não tinha avançado o suficiente para a Caixa Agrícola libertar 10 mil euros. Foi então que Orlando Figueira se terá oferecido. Carlos Alexandre não estranhou a disponibilidade do ex-procurador.

Explicou que o empréstimo foi pago em poucos meses e que lhe transferiu o dinheiro a 9 de março de 2016 — já quando Orlando Figueira estava preso preventivamente — para a conta do Banco Privado Atlântico Europa, assumiu na fase de inquérito Carlos Alexandre no DCIAP.

“Não tenho amigos nem contas bancárias em nome de amigos” e os processos disciplinares de Alexandre

Meses antes, numa numa entrevista dada à SIC/Expresso, em setembro de 2016, Carlos Alexandre dizia não ter amigos na magistratura. “Sou o ‘Saloio de Mação’, tenho de trabalhar porque não tenho amigos nem fortuna nem contas bancárias em nome de amigos.” Uma referência indireta a José Sócrates e a Carlos Santos Silva — ambos arguidos na Operação Marquês — um processo que também estava a seu cargo, à data. Declarações que lhe valeram um processo disciplinar por parte do Conselho Superior da Magistratura mas que acabou arquivado.

Recentemente, o juiz voltou a ser alvo de um inquérito disciplinar, ainda a decorrer. Em causa as dúvidas levantadas pelo juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal sobre a transparência do sorteio informático que colocou nas mãos de Ivo Rosa a responsabilidade pela instrução criminal da Operação Marquês. Em entrevista à RTP, Carlos Alexandre disse que “há uma aleatoriedade que pode ser maior ou menor” de acordo com o número de processos atribuídos a cada juiz.

O que é o processo dos Vistos Gold?

A 13 de novembro de 2014, a Polícia Judiciária deteve vários suspeitos no âmbito de um alegado esquema de corrupção de atribuição ilegal de vistos gold. Miguel Macedo demitiu-se em novembro de 2014 do cargo de ministro da Administração Interna, tendo-lhe sido imputado pelo Ministério Público o alegado favorecimento de um grupo de pessoas que pretendia lucrar de forma ilícita com esses mesmos ‘Vistos Gold’, realizando negócios imobiliários lucrativos com empresários chineses que pretendiam obter autorização de residência para Investimento.

Desse grupo faziam parte Jaime Gomes, empresário e amigo de Miguel Macedo, António Figueiredo, ex-presidente do Instituto de Registos e Notariado (IRN), e o empresário chinês Zhu Xiaodong. Em causa estão também alegados favorecimentos a uma empresa de Paulo Lalanda de Castro, ex-patrão da farmacêutica Octopharma, e ao Grupo Bragaparques.

O processo Vistos ‘Gold’, que tem 21 arguidos (17 pessoas singulares e quatro empresas), prende-se com a alegada prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, recebimento indevido de vantagem, prevaricação, peculato de uso, abuso de poder, tráfico de influência e branqueamento de capitais.

No dia 4 de janeiro os arguidos foram todos absolvidos, à exceção de António Figueiredo — condenado a pena de prisão suspensa por quatro anos — e Maria Antónia Anes, condenada a quatro anos também de pena suspensa.

O que é o processo da Operação Fizz?

O julgamento da Operação Fizz arrancou a 22 de janeiro e assenta na acusação de que o ex vice-presidente angolano, Manuel Vicente, corrompeu Orlando Figueira, com o pagamento de 760 mil euros, para que este arquivasse dois inquéritos em que estava a ser investigado, um deles o caso da empresa Portmill, relacionado com a aquisição de um imóvel de luxo no Estoril em 2008.

Orlando Figueira, Paulo Blanco e Armindo Pires são os três arguidos de um caso que chegou a envolver também o antigo vice-presidente de Angola Manuel Vicente, por corrupção ativa, mas cujo processo foi separado e entregue às autoridades judiciais angolanas.

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Bolsonaro promete reformas estruturais “sem viés ideológico” e abertura do Brasil ao comércio internacional

  • ECO
  • 1 Janeiro 2019

Jair Bolsonaro já é o presidente do Brasil. Na tomada de posse, focou as prioridades nas reformas económicas e na luta anti-corrupção.

O novo Presidente da República Federativa do Brasil, Jair Bolsonaro, prometeu realizar “reformas estruturais”, considerando-as essenciais para relançar o crescimento económico e abrir o mercado interno brasileiro ao comércio internacional “sem o viés ideológico”. Num discurso de posse que começou com as referências religiosas – “Primeiro quero agradecer a Deus por estar vivo. Que pelas mãos de profissionais da Santa Casa de Juiz de Fora operaram um verdadeiro milagre. Obrigado, meu Deus”, Bolsonaro confirmou (quase) todas as suas prioridades económicas e o discurso anti-corrpução.

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“Precisamos de criar um ciclo virtuoso para a economia, que traga a confiança necessária para permitir abrir o nosso mercado ao comércio internacional, estimulando a competição, a produtividade e a eficácia sem o viés ideológico”, disse o novo chefe de Estado brasileiro no discurso de tomada de posse.

No discurso feito esta tarde no Congresso, em Brasília, Jair Bolsonaro prometeu trazer “a marca da confiança, do interesse nacional, do livre mercado e da eficiência” à economia brasileira, acrescentando que haverá “confiança no cumprimento da regra de que o Governo não gastará mais do que arrecada e na garantia de que as regras, os contratos e as propriedades serão respeitadas”.

Leia aqui o discurso de Jair Bolsonaro na íntegra

“Brasileiros e brasileiras,

Primeiro quero agradecer a Deus por estar vivo. Que pelas mãos de profissionais da Santa Casa de Juiz de Fora operaram um verdadeiro milagre. Obrigado, meu Deus.

Com humildade, volto a esta casa onde, por 28 anos, me empenhei em servir a Nação brasileira. Travei grandes debates e acumulei experiências e aprendizados que me deram oportunidade de crescer e amadurecer. Volto a esta casa não mais como deputado, mas como Presidente eleito da República Federativa do Brasil, mandato que me foi confiado pela vontade soberana do povo brasileiro.

Hoje estou aqui fortalecido, emocionado e profundamente agradecido a Deus pela minha vida e aos brasileiros que me confiaram a missão a honrosa missão de governar o Brasil neste período de grandes desafios e, ao mesmo tempo, de enorme esperança.

Governar com vocês.

Aproveito este momento solene e convoco cada um dos congressistas para me ajudarem na missão de restaurar e de reerguer o nosso país, a nossa pátria, libertando-a definitivamente do jugo da corrupção, da criminalidade, da irresponsabilidade económica e da submissão ideológica. Temos diante de nós uma oportunidade única de reconstruir o nosso País e resgatar a esperança dos nossos compatriotas. Estou certo de que enfrentaremos enormes desafios, mas se tivermos a sabedoria de ouvir a voz do povo, alcançaremos êxito nos nossos objetivos. E pelo exemplo, pelo trabalho, levaremos as futuras gerações a seguirem-nos nesta tarefa gloriosa. Vamos unir o povo, valorizar a família, respeitar as religiões e a nossa tradição judaico-cristã, combater a ideologia de género, conservando os nossos valores. O Brasil voltará a ser um país livre de amarras ideológicas.

Pretendo partilhar o poder de forma progressiva, responsável e consciente. De Brasília para o Brasil, do poder central para Estados e municípios. A minha campanha eleitoral atendeu ao chamamento das ruas e forjou o compromisso de colocar o Brasil acima de tudo e Deus acima de todos. Por isso, quando os inimigos da pátria, da ordem e da liberdade tentaram pôr fim à minha vida, milhões de brasileiros foram às ruas. Uma campanha eleitoral transformou-se num movimento cívico, cobriu-se de verde e amarelo, tornou-se espontâneo, forte e indestrutível, e nos trouxe até aqui.

Nada aconteceria sem o esforço e a intervenção de cada um dos brasileiros que tomaram as ruas para preservar a nossa liberdade e a democracia. Reafirmo o meu compromisso de construir uma sociedade sem discriminação ou divisão. Daqui em diante, iremos pautar-nos pela vontade soberana daqueles brasileiros que querem boas escolas, capazes de preparar seus filhos para o mercado de trabalho e não para a militância política, que sonham com a liberdade de ir e vir sem serem vitimados pelo crime, que desejam conquistar pelo mérito bons empregos e sustentar com dignidade as suas famílias, que exigem saúde, educação, infraestrutura e saneamento básico, e respeitam os direitos e as garantias fundamentais da nossa Constituição. O pavilhão nacional remete-nos para a Ordem e o Progresso. Nenhuma sociedade se desenvolve sem respeitar esses preceitos. O cidadão de bem merece dispor de meios para se defender, respeitando o referendo de 2005, quando optou nas urnas ao direito à legítima defesa.

Vamos honrar e valorizar aqueles que sacrificam as suas vidas em nome de nossa segurança e da segurança dos nossos familiares. Contamos com o apoio do Congresso Nacional para dar respaldo jurídico para que os policiais realizem o seu trabalho. Eles merecem e devem ser respeitados. As nossas forças armadas terão as condições necessárias para cumprir sua missão constitucional, de defesa da soberania, do território nacional e das instituições democráticas, mantendo as suas capacidades para resguardar nossa soberania e proteger as nossas fronteiras.
Montamos a nossa equipa de forma técnica, sem o tradicional viés político que tornou o Estado ineficiente e corrupto. Vamos valorizar o Parlamento, resgatando a legitimidade e a credibilidade do Congresso Nacional.

Na economia, traremos a marca da confiança, do interesse nacional, do livre mercado e da eficiência. Confiança no cumprimento de que o governo não gastará mais do que arrecada. E na garantia de que as regras, os contratos e as propriedades serão respeitadas. Realizaremos reformas estruturantes que serão essenciais para a saúde financeira e sustentabilidade das contas públicas, transformando o cenário económico e abrindo novas oportunidades.
Precisamos criar um círculo virtuoso para a economia, para que traga a confiança necessária para permitir abrir o nosso mercado ao comércio internacional, estimulando a concorrência, a produtividade e a eficácia sem viés ideológico. Nesse processo de recuperação do crescimento, o setor agropecuário seguirá desempenhando um papel decisivo em perfeita harmonia com a preservação do meio ambiente. Dessa forma, todo o setor produtivo terá um aumento de eficiência, com menos regulamentação e burocracia.

Esses desafios só serão resolvidos mediante um verdadeiro pacto nacional entre a sociedade e os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, na busca de novos caminhos para um novo Brasil. Uma de minhas prioridades é proteger e revigorar a democracia brasileira, trabalhando arduamente para que ela deixe de ser apenas uma promessa formal e distante e passe a ser um componente substancial e tangível da vida política brasileira, com respeito à democracia.

A construção de uma nação mais justa e desenvolvida requer a rotura com práticas que se mostram nefastas para todos nós, maculando a classe política e atrasando o progresso. A irresponsabilidade nos conduziu à maior crise ética, moral e económica de nossa história. Hoje começamos um trabalho árduo para que o Brasil inicie um novo capítulo de sua história. Um capítulo no qual o Brasil será visto como um país forte, pujante, confiante e ousado. A política externa retomará o seu papel na defesa da soberania, na construção da grandeza e no fomento ao desenvolvimento do Brasil.

Senhoras e senhores congressistas, deixo esta casa rumo ao Palácio do Planalto com a missão de representar o povo brasileiro. Com a bênção de Deus, o apoio da minha família e a força do povo brasileiro, trabalharei incansavelmente para que o Brasil se encontre com seu destino e se torne a grande nação que todos queremos.

Muito obrigado a todos vocês. Brasil

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Marcelo e o veto sobre os professores: “Eu o que quis foi, apenas, apreciar a questão formal”

  • Lusa
  • 1 Janeiro 2019

Marcelo Rebelo de Sousa devolveu ao governo o diploma sobre as carreiras dos professores. Agora, garante que veto foi "questão formal".

O Presidente da República afirmou esta terça-feira que, ao vetar o diploma do Governo sobre a contagem do tempo de serviço dos professores, apenas apreciou “a questão formal” da aplicação da Lei do Orçamento do Estado. “Eu o que quis foi, apenas, apreciar a questão formal – mas toda a forma tem algum conteúdo – que era a aplicação da lei do Orçamento através de um processo negocial já agora no ano em que nos encontramos. Foi só isso”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado, que falava aos jornalistas num hotel de Brasília, onde se encontra para assistir à posse de Jair Bolsonaro como Presidente do Brasil, no primeiro dia de 2019, escusou-se a responder o que entende que deve ser feito quanto ao conteúdo do diploma. “Não me pronunciei sobre a substância da matéria, não me vou pronunciar aqui no Brasil”, respondeu, referindo que não gosta de falar “sobre matérias portuguesas” no estrangeiro.

No dia 26 de dezembro, o Presidente da República vetou o diploma do Governo que estabelece a recuperação parcial do tempo de serviço dos professores no período em que as suas carreiras estiveram congeladas.

Marcelo Rebelo de Sousa justificou este veto com o facto de o Orçamento do Estado para 2019 – que tinha entretanto promulgado, no dia 21 de dezembro, e que entraria em vigor no dia 1 de janeiro – incluir uma norma que prevê que haja um processo de negociação sindical sobre esta matéria.

Numa nota publicada no portal da Presidência da República na Internet, o chefe de Estado salientou que “anteriores passos negociais foram dados antes da aludida entrada em vigor” do Orçamento do Estado e disse que devolvia o decreto-lei ao Governo “para que seja dado efetivo cumprimento” à referida norma orçamental, que teve os votos de todas as bancadas, menos o PS.

O decreto-lei do Governo estabelece a recuperação de dois anos, nove meses e 18 dias de tempo de serviço dos professores, mas as suas estruturas sindicais opõem-se ao diploma, exigindo a contabilização total dos nove anos, quatro meses e dois dias em que tiveram as carreiras congeladas.

Aprovado inicialmente em Conselho de Ministros no dia 4 de outubro, o diploma do Governo acabou por só ser aprovado definitivamente em 20 de dezembro, após mais uma reunião negocial entre representantes dos ministérios da Educação e das Finanças e estruturas sindicais dos professores, que terminou novamente sem acordo. O Orçamento do Estado para 2019, por sua vez, foi aprovado em votação final global no parlamento em 29 de novembro e promulgado no dia 21 de dezembro.

O Presidente da República avisou, durante o processo orçamental, que iria apreciar primeiro o Orçamento do Estado para 2019 e a respetiva norma relativa ao tempo de serviço dos professores, e só depois um eventual diploma do Governo que lhe chegasse sobre a mesma matéria.

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Uma década de sucesso e outra de crise. O euro faz 20 anos

Começou a circular apenas três anos depois, mas a moeda única foi criada oficialmente a 1 de janeiro de 1999. Conheça o percurso, vantagens e desafios (e faça ainda o quiz sobre o euro).

O vigésimo aniversário da moeda única é um ponto de viragem. Após uma década de sucesso e outra de crise, o euro entra numa nova fase, em que poderá vir a ganhar peso no contexto global. As instituições europeias não escondem a vontade de reforçar o poder da moeda, mas os partidos antieuropeístas fazem sombra ao brilho da divisa.

Apesar de ter entrado em circulação apenas três anos mais tarde, dia 1 de janeiro de 1999 foi a data em que 11 países da União Europeia fixaram taxas de câmbio, adotaram uma política monetária partilhada sob a responsabilidade do BCE e lançaram uma nova moeda comum. Foi o nascimento do euro, que é atualmente a moeda de 19 países da União Europeia (UE) e de 340 milhões de cidadãos europeus.

Se olharmos para estes 20 anos, vemos dois períodos diferentes. O primeiro período foi de culminar de um longo ciclo de grande moderação e o segundo foi de crise”, afirmou o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, no início do mês. Apesar de reconhecer que é um “observador enviesado”, considera que “o euro tem sido um sucesso”.

“Agora, se todos participaram nesse sucesso ou não, é que nos devíamos questionar. Porquê? Porque é claro que todos participaram dos benefícios da moeda única. Devíamos encontrar as razões para isso… É complexo. Parte deve-se a responsabilidades nacionais, mas parte não. O que espero agora para o euro é uma reflexão franca que possa inspirar ações futuras sobre como completar a União Monetária”, acrescentou Draghi.

O euro nunca foi tão popular. O barómetro da Comissão Europeia, publicado em novembro, indica que 74% dos cidadãos da Zona Euro consideram que a moeda única beneficia a UE, enquanto 64% defendem que é positiva para a economia do país em que vive.

No entanto, nem sempre foi assim e a crise atingiu de forma profunda os países da região e levou o BCE a tomar medidas inéditas na Zona Euro. Depois de garantir que faria tudo o que fosse preciso para salvar o euro, Draghi começou um programa massivo de compra de dívida, que atingiu os 2,6 biliões de euros ao longo de três anos. Terminado em 2018, os estímulos monetários foram vistos como uma das principais causas para a descida dos custos de financiamento dos países em crise.

Apesar da recuperação, abriu-se espaço à emergência de partidos populistas na Zona Euro, incluindo em grandes economias como França, em 2017, ou, mais recentemente, em Itália. Mas até estes acabaram por perder força. Afastadas as ameaças financeira e política, cabe agora à União Europeia definir o caminho da próxima década do euro.

As instituições europeias pretendem aprofundar os planos de reforço da moeda única, cujas linhas mestras foram definidas no “Relatório dos Cinco Presidentes“, em 2015. O plano, que decorre em duas fases até 2025 e uniu os presidentes da Comissão Europeia, do Parlamento Europeu, o Banco Central Europeu e do Conselho Europeu, já deu frutos ao nível da coordenação de políticas económicas e orçamentais dos Estados membros e os mecanismos de resposta à crise. Por outro lado, a União Bancária e a União de Mercado de Capitais, apesar de terem avançado, continuam aspetos por concluir.

Numa altura de transição para a governança europeia — com mudanças de presidentes no Banco Central Europeu e Comissão Europeia em 2019 e do Eurogrupo em 2020 –, o objetivo da Zona Euro poderá ser aproveitar a guerra comercial para reforçar a confiança mundial na moeda única.

“No contexto atual de incerteza de conflitos comerciais e sanções extraterritoriais dos EUA, os participantes do mercado estão à procura de alternativas”, afirmou o comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici, no início do mês. Defendeu que o euro deve “refletir o peso político, económico e financeiro da Zona Euro” no mundo e sublinhou que governos, bancos e multinacionais estão à mercê dos EUA.

Após o início, paridade com o dólar esteve próxima em 2016

Fonte: Reuters

No verão de 2019, a Comissão Europeia irá apresentar os resultados de uma série de consultas públicas para explorar opções de reforço do poder do euro, incluindo sobre a hipótese de o euro substituir o dólar nas importações de petróleo, gás e outras matérias-primas. O setor da transportação aérea poderá ser outro setor em que a UE quer aumentar a presença.

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Taxa turística em Lisboa passa para dois euros por noite

Dormir em hotéis ou alojamento local em Lisboa passará a ter uma taxa de dois euros por dia. Receitas vão atingir os 36,5 milhões de euros em 2019.

Dormir em hotéis ou unidades de alojamento local da cidade de Lisboa vai ficar mais caro a partir desta terça-feira, dia 1 de janeiro, devido ao aumento da Taxa Municipal Turística, instituída pela Câmara de Lisboa, de um para dois euros.

A duplicação da taxa turística da capital permitirá à câmara de Lisboa uma receita da ordem dos 36,5 milhões de euros em 2019. Este aumento servirá para reforçar a limpeza urbana e os transportes nas zonas com maior pressão do turismo. Mas estas receitas provenientes da taxa turística também já foram aplicadas em eventos como o Festival Eurovisão da Canção e vão também ajudar a financiar a continuação da cimeira da tecnologia e inovação Web Summit em Portugal.

Aprovada pelo município em 2014, a Taxa Municipal Turística começou a ser aplicada em janeiro de 2016 sobre as dormidas de turistas nacionais (incluindo lisboetas) e estrangeiros nas unidades hoteleiras ou de alojamento local, sendo cobrado um euro por noite até um máximo de sete euros.

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Segundo dados de outubro do ano passado, em termos globais, a câmara já encaixou cerca de 31 milhões de euros desde o início da cobrança. Em 2017, a autarquia recebeu 18,5 milhões de euros de taxa turística, mais 6,1 milhões do que em 2016. Isentos deste pagamento estão as crianças até 13 anos, assim como quem pernoita na cidade para obter tratamento médico e os seus acompanhantes.

A duplicação da taxa na capital, de um para dois euros por noite, foi aprovada pela Assembleia Municipal de Lisboa a 18 de dezembro de 2018, no âmbito das alterações ao Regulamento Geral de Taxas, Preços e Outras Receitas do município. O documento mereceu os votos favoráveis do PS, PAN, BE e de nove deputados independentes, a abstenção de PPM, MPT, CDS-PP e PSD, e os votos contra do PCP e do PEV.

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