Preço do petróleo sobe após ataque com drones a oleoduto saudita

  • Lusa e ECO
  • 14 Maio 2019

O ataque com veículos aéreos não tripulados fez subir a tensão no Golfo. "Os agentes do mercado estão agora mais conscientes dos riscos nesta região", diz o Commerzbank.

O preço do barril de petróleo subiu esta terça-feira, numa altura em que a tensão aumenta no Médio Oriente após um ataque com um drone num oleoduto saudita, perturbando a atividade do principal exportador mundial.

O barril de Brent do mar do Norte para entrega em julho negociava a 71,30 dólares no mercado londrino, a subir 1,52%, às 17h de Lisboa. Em Nova Iorque, o barril de petróleo WTI (de referência nos Estados Unidos) ganhava 1,47% para 61,94 dólares.

O ataque com drones (veículos aéreos não tripulados) fez subir a tensão no Golfo dois dias após “atos de sabotagem” contra quatro navios, incluindo dois petroleiros sauditas. “Os agentes do mercado estão agora mais conscientes dos riscos nesta região”, comentaram analistas do Commerzbank.

A tensão entre a Arábia Saudita e o Irão tem aumentado, depois de Riade ter prometido aumentar a sua produção para suprir as necessidades que resultam da aplicação de sanções dos Estados Unidos, que impedem Teerão de exportar.

As sanções contra o Irão e a diminuição da produção voluntária por países da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e outros produtores aliados, incluindo a Rússia, levaram a uma subida dos preços desde o início do ano de 29,89% para o Brent e de 31,26% para o WTI.

Mas os preços não conseguiram manter-se nos máximos do ano atingidos no final de abril. “As incertezas em torno do dossiê relativo à tensão (comercial) entre a China e os Estados Unidos tornaram mais sombrias as perspetivas da procura mundial de petróleo e isso pesa nos preços”, resumiu Lukman Otunuga, analista da FXTM.

Petróleo de referência europeia já valoriza quase 30% este ano

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PS e BE pedem atenção do Ministério Público sobre Berardo

  • Lusa
  • 14 Maio 2019

Depois das declarações de Joe Berardo na comissão de inquérito, os deputados do PS e do Bloco de Esquerda pediram a atenção do Ministério Público sobre decisões da Associação Coleção Berardo.

Os deputados João Paulo Correia (PS) e Mariana Mortágua (BE) pediram a atenção do Ministério Público (MP) sobre a audição parlamentar ao empresário Joe Berardo, tendo os restantes partidos remetido o assunto para o relatório final.

Em declarações à Lusa no parlamento, o vice-presidente da bancada parlamentar do PS disse esperar “que o Ministério Público atue” relativamente aos empréstimos concedidos ao empresário, especialmente “naquilo que diz respeito à Caixa, que é um banco público”, bem como na questão da Associação Coleção Berardo, que “merece o escrutínio da Assembleia [da República] e a investigação do MP”.

“Contamos que o MP tenha estado muito atento à audição da passada sexta-feira, e que essa audição tenha fornecido bons elementos para o MP continuar a desenvolver a sua investigação”, disse João Paulo Correia.

O responsável parlamentar do PS ressalvou, no entanto, que “o inquérito parlamentar não se pode substituir à Justiça e ao Ministério Público”.

Ideia semelhante foi partilhada por Mariana Mortágua (BE), que sobre a questão da Associação Coleção Berardo, acrescentou que “é uma das matérias que é preciso investigar” de forma “aprofundada”, pois é um caso “em que são alterados os estatutos à revelia dos credores e em que há um aumento de capital sem comunicar aos credores”.

"Contamos que o MP tenha estado muito atento à audição da passada sexta-feira, e que essa audição tenha fornecido bons elementos para o MP continuar a desenvolver a sua investigação.”

João Paulo Correia

Deputado do PS

Segundo Joe Berardo, os títulos da Associação Coleção Berardo, que foram entregues aos bancos como garantia de empréstimos e que valiam 75% da associação, perderam valor num aumento de capital feito posteriormente, à revelia dos bancos credores.

Da audição de sexta-feira não se compreendeu quanto é que, de momento, os bancos credores detêm na Associação Coleção Berardo.

“Já houve um pedido para um reforço de informação sobre os estatutos e sobre todo este processo, para que seja enviado à comissão, e todas as conclusões da comissão serão enviadas ao MP e, portanto, eu penso que isto deve ter uma sequência ao nível do MP”, disse à Lusa Mariana Mortágua.

Os outros partidos foram mais comedidos na sua referência ao Ministério Público, com o PCP, pela voz do deputado Duarte Alves, a dizer que “está a ponderar todos os instrumentos que estão à sua disposição”, mencionando ainda os documentos prestes a ser recebidos.

Pelo CDS-PP, a deputada Cecília Meireles centrou a sua declaração à Lusa no requerimento feito hoje pelo seu partido, que pediu “acesso aos documentos respeitantes à Associação Coleção Berardo, para perceber, afinal, qual é a situação da associação e qual é a situação da coleção”.

Sobre o Ministério Público, a deputada disse que é uma questão “para se ponderar na altura do relatório final” da comissão, uma vez que ainda estão a ser recebidos documentos.

"Já houve um pedido para um reforço de informação sobre os estatutos e sobre todo este processo, para que seja enviado à comissão, e todas as conclusões da comissão serão enviadas ao MP e, portanto, eu penso que isto deve ter uma sequência ao nível do MP.”

Mariana Mortágua

Deputada do Bloco de Esquerda

Já pelo PSD, o deputado Duarte Marques também remeteu uma eventual comunicação ao Ministério Público para o relatório final, mas disse que “houve muitas dúvidas que foram confirmadas” na audição a Berardo.

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Alterações de última hora no IVA do gás encolhem a metade poupança dos consumidores

Inicialmente, Governo anunciou que redução do IVA na luz e no gás natural iria cobrir a totalidade do termo fixo. Contudo, diploma publicado apenas baixa IVA numa componente do termo fixo, acusa Deco.

O diploma publicado em Diário da República que oficializa a redução de uma componente do IVA cobrado nas faturas da luz e da água é substancialmente diferente ao que foi prometido pelo governo ao longo dos últimos meses, acusa a Associação de Defesa do Consumidor (Deco), depois de ter avançado com uma análise pormenorizada ao texto publicado. Em causa uma nuance que penaliza os consumidores pois vem amputar a já reduzida poupança com as faturas destes serviços essenciais, acusa a associação.

“A descida do IVA da energia estava prevista para os termos fixos de eletricidade até 3,45 kVA e do gás natural. Já era pouco, pois os termos fixos só representam cerca de 20% [da fatura total]. Mas afinal a redução vai incidir apenas sobre as tarifas de acesso, que são uma das componentes do termo fixo, e não sobre a totalidade desse termo. A decisão foi publicada em decreto-lei a 13 de maio”, diz a associação num texto publicado esta terça-feira no seu site.

Segundo as contas apresentadas pela associação, a “pequena” alteração decidida à última hora pelo governo terá um impacto significativo na poupança que tinha sido prometida aos consumidores e empresas presentes em Portugal, sobretudo no caso do gás natural, onde a poupança cai 52% face ao anunciado.

“No gás natural, se o IVA mínimo se refletisse sobre a totalidade do termo fixo, a poupança anual seria de 8,20 euros. Ao incidir apenas sobre as tarifas de acesso, a poupança será de uns meros 3,94 euros por ano. Perdem-se 4,26 euros de poupança anual“, acusa a associação. O fornecimento de gás é assim o mais penalizado pela alteração, até porque a redução do IVA com que o governo decidiu avançar deixa de fora o gás engarrafado — usado por 70% das famílias portuguesas, diz a Deco.

Já no fornecimento de eletricidade a questão é mais de princípio, ainda que também aqui a poupança prometida inicialmente fique aquém do oferecido pela versão final do diploma governativo. “Na eletricidade, se a baixa do IVA incidisse sobre o total do termo fixo, uma família com potência de 3,45 kVA pouparia 10,20 euros por ano na fatura da luz (EDP Serviço Universal). Com a redução do IVA apenas sobre as tarifas de acesso, a poupança passa para 9,12 euros por ano. Ou seja, perde-se 1,08 euros de poupança anual“, lê-se no texto da Deco.

A associação lembra ainda que gradualmente a promessa de reduzir o IVA na energia “foi perdendo impacto”, pois além das nuances agora acrescentadas ao diploma que ‘roubam’ poupanças aos consumidores, a Deco também lembra que esta medida foi inicialmente prometida com o Orçamento de Estado para 2019 só para ficar “quatro meses à espera da luz verde de Bruxelas”.

A redução do IVA só entrará em vigor apenas em julho, e sem efeitos retroativos, pelo que “na prática, os consumidores abrangidos vão perder seis meses de poupança“, pelo que aquilo que era uma promessa de nove euros de poupança este ano na eletricidade, “mal chegará aos 4,50 euros entre julho e dezembro de 2019″.

A associação de defesa do consumidor critica ainda o governo por recorrentemente apontar que estas reduções no gás e na luz vão chegar a três milhões de famílias residentes em Portugal, corrigindo o executivo ao apontar que em causa estão “três milhões de contratos” que abrangem “dois milhões de famílias”, já que “as potências mais baixas não correspondem à utilização em lares, e sim a espaços como garagens”.

“Desiludidos e indignados” com o Governo

Ainda antes da publicação do texto da Deco, já Rita Rodrigues, da associação, tinha denunciado o facto de o Governo estar a tentar passar de forma despercebida uma alteração substancial à medida prometida, algo que, mais do que “pela grandeza dos números” surpreende “pelo princípio”.

“Se já tínhamos uma mão cheia de nada, neste momento temos uma mão cheia de coisa nenhuma. Estamos surpresos, desiludidos e indignados porque o texto que foi agora publicado em Diário da República tem um impacto muito redutor face aquilo que tinha sido anunciado”, afirmou a responsável da associação à Lusa.

“Anunciar medidas, mas depois, pela maneira como elas são introduzidas em sede de publicação do diploma, conseguir reduzir o seu âmbito de aplicação é claramente ficar aquém da intenção anunciada”, acrescentou.

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Economistas esperam ligeira aceleração do PIB em cadeia no primeiro trimestre

  • Lusa
  • 14 Maio 2019

O INE divulga esta quarta-feira a estimativa rápida das Contas Nacionais Trimestrais, ou seja, os primeiros números sobre a evolução do PIB nos primeiros três meses do ano.

Os economistas antecipam que a economia portuguesa tenha crescido, em média, 0,5% em cadeia até março, ligeiramente acima dos 0,4% registados no final de 2018, e 1,7% em termos homólogos nos primeiros três meses do ano.

O Instituto Nacional de Estatísticas (INE) divulga na quarta-feira a estimativa rápida das Contas Nacionais Trimestrais, ou seja, os primeiros números sobre a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) nos primeiros três meses do ano.

Os economistas ouvidos pela agência Lusa esperam, em média, que o PIB tenha acelerado 0,5% entre janeiro e março, em comparação com os três meses anteriores, acima do crescimento homólogo de 0,4% registado no último trimestre de 2018.

Já em termos homólogos, ou seja, em comparação com o mesmo período do ano anterior, a média das estimativas aponta para uma expansão de 1,7%, em linha com o registado no quarto trimestre de 2018.

As previsões mais otimistas são do Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP) da Universidade Católica, que antecipa que o crescimento económico tenha acelerado no primeiro trimestre, com o PIB a avançar 0,7% em cadeia e 1,9% em termos homólogos.

Na Folha Trimestral de Conjuntura divulgada em 10 de abril, o NECEP indicou tratar-se de uma previsão “ligeiramente acima” do crescimento de 0,4% em cadeia e de 1,7% registado no quarto trimestre de 2018.

O Santander também antecipa um crescimento do PIB de 1,9% no primeiro trimestre em termos homólogos, apontando uma expansão de 0,6% em cadeia.

Durante 2019, a procura interna deverá impulsionar o crescimento, compensando parcialmente quaisquer choques externos que possam afetar a dinâmica das exportações”, indica o Santander numa nota de análise de abril, com as suas previsões para a economia portuguesa para o primeiro trimestre.

Já o Montepio prevê que o PIB tenha crescido 1,8% em termos homólogos e “um crescimento em cadeia entre 0,4% e 0,6%”. O BPI, por seu turno, espera uma expansão de 1,7% no primeiro trimestre na comparação com o mesmo período de 2018, e um crescimento de 0,5% em cadeia.

Já o BBVA prevê uma expansão da economia de 1,5% na comparação com o primeiro trimestre do ano passado e um crescimento de 0,3% face aos três meses anteriores, abaixo do registado no último trimestre de 2018.

A previsão em cadeia mais modesta para a evolução do PIB é da Infinox, que antecipa um crescimento de 0,2% até março, face aos três meses anteriores, esperando uma expansão de 1,5% em termos homólogos.

As políticas orçamentais destinadas ao aumento do crescimento económico por via do consumo privado começam a notar algum “desgaste”, então prevê-se que a expansão económica seja feita a um ritmo mais moderado”, comentou à Lusa Pedro Amorim, analista da Infinox.

O Governo espera que a economia cresça 1,9% no conjunto de 2019, acima dos 1,7% previstos pela Comissão Europeia, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco de Portugal e também acima dos 1,6% antecipados pelo Conselho das Finanças Públicas.

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Sporting vai receber 22,5 milhões do Atlético de Madrid pelo passe de Gelson

O clube de Alvalade anunciou que o acordo está fechado. Além do encaixe com Gelson, o Sporting vai receber o jogador Luciano Vietto por 7,5 milhões

A ida de Gelson Martins ao Club Atlético de Madrid vai dar um encaixe financeiro de 22,5 milhões de euros ao Sporting Clube de Portugal. O clube de Alvalade anunciou que o negócio está fechado, envolvendo ainda a vindo do jogador Luciano Vietto por uma soma de 7,5 milhões.

A SAD do Sporting Clube de Portugal informou que “celebrou um acordo global com o Club Atlético Madrid, SAD envolvendo os jogadores Gelson Martins e Luciano Vietto”, em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Sobre Gelson Martins, refere que o Club Atlético Madrid comprometeu-se a pagar 22,5 milhões de euros, “renunciando as partes a quaisquer direitos de que pudessem ser titulares em virtude do contrato de trabalho desportivo celebrado entre o jogador e a Sporting SAD, bem como em virtude da resolução unilateral promovida pelo jogador”.

Gelson Martins — tal como vários outros jogadores –, tinham apresentado rescisão por justa causa ao Sporting em junho do ano passado, depois da crise no seio do clube na sequência do ataque de vários adeptos a jogadores e equipa técnica em plena academia de Alcochete.

Entre os jogadores que apresentaram rescisão, o Sporting também já chegou a acordo com o Wolverhampton sobre Rui Patrício, que gerou um encaixe de 14 milhões de euros, logo no verão de 2018. As questões relativas aos passes de Rafael Leão e Rúben Ribeiro não estão ainda resolvidas. Bruno Fernandes, Bas Dost, Acuna e Battaglia acabaram por voltar atrás e decidir voltar para o clube dos ‘leões’.

Já sobre a chegada de Luciano Vietto, o mesmo comunicado acrescenta que “a Sporting SAD adquiriu, de forma definitiva, os direitos desportivos do jogador” por 7,5 milhões de euros, “ficando o Club Atlético de Madrid com direito a 50% dos direitos futuros”.

(Notícia atualizada às 16h30)

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Finanças vendem resultados do investimento público em plena campanha eleitoral

Com Pedro Marques na estrada em campanha para as europeias, o Ministério das Finanças enviou um comunicado onde insiste que o investimento público não contribuiu para a consolidação orçamental.

O Ministério das Finanças enviou esta terça-feira um comunicado para as redações onde salienta que o investimento público financiado pelo Orçamento do Estado cresceu 37,1% nesta legislatura face à anterior e onde destaca que “a verdade é que o investimento não contribuiu para a consolidação orçamental“.

As informações contidas no comunicado não são novas nem remetem para qualquer notícia ou indicador novo que tenha sido publicado esta terça-feira. Mas ajudam a reforçar a mensagem que o Governo quer passar em período eleitoral. Pedro Marques, o ex-ministro das Infraestruturas e Planeamento, e responsável pela execução do investimento público, já está na estrada em campanha para as europeias marcadas para 26 de maio, como candidato do PS. No arranque da campanha, Paulo Rangel, o candidato do PSD, acusou Pedro Marques de pôr investimentos na gaveta, dando o exemplo do IP3.

“O financiamento do Orçamento do Estado dirigido ao investimento (formalmente formação bruta de capital fixo), no período 2012-15, cifrou-se, em média, em cerca de 2.133 milhões de euros. No período 2016-18, esse esforço aumentou para 2.925 milhões de euros, um crescimento de 37,1%”, afirma o ministério tutelado por Mário Centeno. Este crescimento no investimento público foi referido esta segunda-feira pelo primeiro-ministro no debate quinzenal.

No mesmo comunicado, as Finanças afirmam que “o esforço orçamental com o investimento aumentou nesta legislatura cerca de 1.000 milhões de euros por ano, correspondente a mais de 0,5 pontos percentuais do PIB por ano”. “Ao contrário dos números repetidos à exaustão, a verdade é que o investimento não contribuiu para a consolidação orçamental; pelo contrário, se tivéssemos optado, erradamente, por manter o esforço orçamental da anterior legislatura teríamos um saldo orçamental que seria cerca de 0,5 pontos percentuais inferior em cada ano.”

Outra das mensagens que as Finanças querem passar refere-se à execução do investimento. É que, se por um lado o investimento inscrito em cada Orçamento do Estado vale com um “teto”, o “grau de execução depende de inúmeros fatores de natureza prática”.

O Ministério de Mário Centeno refere-se depois a alguns exemplos para mostrar por que razão por vezes a execução pode ficar abaixo da previsão de despesa de investimentos:

  • “Algumas obras de remodelação de escolas ficaram com os respetivos concursos desertos, o que tem
    implicado o lançamento de novos concursos”;
  • “O concurso do corredor Sul do Ferrovia 2020 resultou numa adjudicação bastante abaixo do valor de referência de 395 milhões de euros; a obra está a ser executada a 100%, mas a taxa de execução financeira face ao previsto é inferior a 100% porque o Estado teve uma poupança face aos valores inicialmente previstos”, justifica o Ministério das Finanças, acrescentando que o mesmo aconteceu nas obras da intervenção extraordinária na Ponte 25 de Abril.

O Ministério das Finanças argumenta que Portugal não pode voltar ao “tempo das derrapagens orçamentais, nem dos retificativos” e argumenta que se por um lado é benéfico para os contribuintes que a execução financeira seja inferior a 100%, “algo distinto, é o grau de execução física dos investimentos que deve ser de 100%”.

“Estas razões concorrem para que o valor de execução de investimento seja frequentemente inferior ao orçamentado. Se tomarmos os últimos sete anos, entre 2012 e 2015, o valor executado ficou 17% abaixo do orçamentado, e entre 2016 e 2018 esta percentagem melhorou para 14% (13% em 2018). Nesta legislatura mantivemos os compromissos”, garante o Ministério das Finanças.

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Reuters: UniCredit avança com OPA sobre o Commerzbank

O banco italiano UniCredit está a preparar uma oferta de compra sobre o alemão Commerzbank, tendo já contratado bancos de investimento para assessorar a operação, avança a Reuters.

O banco italiano UniCredit está a preparar uma oferta de compra sobre o alemão Commerzbank, tendo já contratado bancos de investimento para assessorar a operação, avança a Reuters, que cita fontes próximas do assunto.

As mesmas fontes adiantaram que o UniCredit contactou a Lazard e o seu gestor Jörg Asmussen, antigo ministro adjunto das Finanças alemão, juntamente com o JPMorgan, com vista ao lançamento de uma potencial oferta sobre o problemático banco alemão.

Neste momento, não é ainda claro se e quando a operação poderá avançar, mas a expansão do negócio para o mercado alemão é vista com bons olhos pela administração do UniCredit. Os italianos já detêm o HVB, um banco com sede em Munique.

O UniCredit está a finalizar um plano de reestruturação da sua atividade e tem sido um espetador atento no desenrolar das negociações entre o Commerzbank e o Deutsche Bank sobre uma eventual fusão. Mas as conversas não chegaram a um bom porto e o negócio Commerzbank, que está avaliado em 9,3 mil milhões de euros, voltou para a agenda dos italianos nas últimas semanas, nomeadamente do CEO do banco, Jean Pierre Mustier.

Além do UniCredit, também o holandês ING Groep mostrou interesse pelo Commerzbank, revelou uma das fontes, descrevendo as conversas informais como “intensas”.

Nenhuma das partes quis prestar declarações sobre a operação.

O governo alemão detém 15% do Commerzbank. Uma fonte do executivo germânico disse que Berlim estaria aberto a uma fusão do Commerzbank com um rival europeu como o UniCredit.

(Notícia atualizada às 16h08)

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Legal Hackathon lança projeto tecnológico pioneiro. A ideia? Descomplicar o “jurisdiquês”

A CEO da Fundação Vasco Vieira de Almeida diz que evento é "futuro da indústria jurídica" e promete repeti-lo. Os participantes falam em ambiente fora da caixa. Fomos saber o que saiu desta maratona.

24 horas, 64 participantes e 16 projetos. São estes os números da primeira maratona de programação, com foco jurídico, em Portugal. O chamado Legal Hackathon teve como objetivo essencial promover a literacia jurídica por meio da inovação e “aproximar os cidadãos do direito através da tecnologia”, explica Margarida Couto, CEO da Fundação Vasco Vieira de Almeida, uma das organizadoras do evento, que se aliou à Startup Lisboa.

E assim foi: durante um fim de semana, várias equipas multidisciplinares juntaram-se, “compostas por jovens de diversas áreas das engenharias e da área jurídica, mas também de outras áreas como gestão, sociologia, antropologia, matemáticas farmácia e medicina”, e desenvolveram soluções tecnológicas com o desafio de dar aos cidadãos um acesso mais fácil a informação jurídica por via de soluções que aumentem a compreensão desta linguagem — vulgarmente chamada de “jurisdiquês”.

Aos participantes juntaram-se outros profissionais durante o hackathon, numa espécie de joint venture entre estudantes e mentores, que foram desde advogados da VdA a profissionais da Startup Lisboa, mas também das organizações parceiras, como a Outsystems e a Microsoft Portugal, de startups e dos parceiros académicos do ensino superior. Um dos pontos mais positivos desta maratona, realça Margarida Couto.

“Tipicamente, os hackathons têm participantes essencialmente de áreas tecnológicas. ‘Obrigar’ estes perfs mais techy a “entenderem-se” não apenas com juristas, como com participantes de outras áreas das ciências sociais e não só, foi sem dúvida impactante para todos os membros das equipas”. O que podia ter sido uma experiência difícil, dado que muitos dos membros das equipas não se conheciam sequer.

“Muitas equipas foram constituídas na sequência de um momento de speed dating, imediatamente antes do início da maratona de 24h. Para muitas equipas, foi um salto no escuro!”, refere.

Margarida Couto, da Fundação Vasco Vieira de Almeida, explica que este tipo de iniciativas é o futuro da indústria jurídica. “Gostávamos muito de repetir”, diz à Advocatus.

Desse salto acabou por resultar um trabalho produtivo entre os mais de 60 participantes. “Respirava-se uma energia difícil de descrever”, classifica a advogada, sobre o ambiente que se viveu na maratona. Foi um dia inteiro de brainstorming constante, no escritório da VdA, em Santos, com as equipas a trabalhar em contrarrelógio e sem dormir. “Apesar da manifesta falta de sono, ninguém se deixou vencer pelo cansaço e o espírito de colaboração dominou todo o evento”, conta. O esforço foi muito desafiante, considera, e a fatiga não venceu ninguém. “No ‘durante’, a energia era tanta e tão contagiante que julgo que muitos de nós não se aperceberam sequer do cansaço”.

Uma das vencedoras concorda: “o ambiente em que estávamos estimulou imenso a nossa produtividade, obrigando-nos a pensar e a trabalhar de forma quase ininterrupta e diferente” – muito “fora da caixa”, refere.

Participação feminina acima da média

Uma das grandes surpresas do evento foi a taxa de participação feminina, que chegou aos 35%. Um número acima da média entre os hackathons que se costumam realizar. Aqui, a paridade foi um dos grandes fatores que contribuiu para uma “dinâmica diferente”. “A diversidade de género era um critério importante e uma métrica de sucesso da iniciativa”, diz Margarida Couto. “Nesse sentido, acreditamos que esse foi mais um fator que contribuiu para uma estreia de sucesso”.

Neste caso, a adesão de mulheres a esta iniciativa também se deve à natureza do desafio. “Julgamos que teve essencialmente a ver com o facto de as equipas terem necessariamente de envolver participantes com background jurídico, área na qual há maior representatividade feminina do que nas áreas mais tecnológicas”, aponta.

Projeto vencedor propõe-se a traduzir o “jurisdiquês” para linguagem mais acessível

O grande vencedor foi uma solução em forma de app que promete ajudar a traduzir “o jurisdiquês” para o cidadão comum. Chama-se “O Meu Amigo Jurista” – e é uma tecnologia que permite analisar e classificar o nível de linguagem jurídica dos documentos para que se torne acessível a qualquer cidadão.

O primeiro prémio, no valor de 7.000 euros, foi entregue à equipa de Maria de Sousa, advogada, e de mais três colegas: uma jurista e dois engenheiros de software, todos colegas nos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde. A empresa ouviu falar do evento e selecionou os quatro para concorrer. À Advocatus, a advogada conta como os diferentes backgrounds os ajudaram, além do apoio dos mentores.

“O facto de existirem dois elementos na equipa que trabalham na área do Direito permitiu ter uma noção maior das dificuldades em transmitir a informação jurídica a cidadãos comuns – por outro lado, o facto de dois elementos da equipa pertencerem à área tecnológica permitiu aliar os conhecimentos dos quatro e desenvolver um projeto com que todos se identificassem”, explica Maria de Sousa.

A troca de experiências entre os quatro foi crucial. “Quando tivemos de apresentar o nosso projeto fizemo-lo com toda a energia e empenho, como se não estivéssemos acordados há 33 horas”. Agora a equipa, que quer pôr o projeto em marcha para que fique disponível tanto para empresas e sociedades de advogados como ao cidadão comum, fala numa sensação de dever cumprido.

“Tivemos 24 horas para nos conhecermos, chegarmos a um consenso, desenvolvermos essa ideia em conjunto e apresentá-la”, acrescenta Maria. “Só foi possível com muito esforço e trabalho em equipa, além de todas as ajudas, por isso sentimo-nos recompensados. Valeu a pena”.

E, no final, será que o objetivo foi cumprido? “É demasiado cedo para avaliar se foi atingido, mas uma coisa é certa: houve claramente um despertar para o tema e uma criação de awareness junto de participantes, mentores e parceiros”, conta Margarida Couto. Não apenas numa ligação entre direito e cidadania, “mas também sobre a forma como a tecnologia pode ajudar ao exercício de uma cidadania mais ativa e efetiva”, acrescenta.

Para já, a ideia de que se poderá repetir fica no ar. “Gostávamos de que este fosse o primeiro de muitos. Acreditamos que este tipo de iniciativas contribui muito para algo que consideramos essencial para o futuro da indústria jurídica”.

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Depois de uma das piores sessões do ano, Wall Street recupera

Os principais índices da bolsa de Nova Iorque regressaram às subidas, com os investidores mais tranquilizadas com as negociações do acordo comercial entre Estados Unidos e China.

A bolsa de Nova Iorque está a subir, com os investidores mais otimistas relativamente às negociações entre os Estados Unidos e a China e a procurarem bons negócios, depois de na segunda-feira Wall Street ter registado um dos piores dias do ano.

O índice industrial Dow Jones sobe 0,3%, enquanto o Nasdaq, que agrupa as ações das principais tecnológicas, valoriza 0,56%. O S&P 500, que junta as 500 maiores empresas cotadas em Nova Iorque, ganha 0,32%. Na segunda-feira, devido à intensificação das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China, o Dow Jones e o S&P 500 tiveram a maior queda em percentagem desde o início do ano.

Os sinais vindos de Washington e de Pequim esta terça-feira apontam para a continuação das negociações entre as partes, tendo em vista um acordo comercial.

Mesmo com o anúncio dos EUA de um agravamento das taxas sobre as importações chinesas, e da retaliação já esperada da China, os investidores estarão a valorizar a continuação das negociações, mantendo a esperança de que será possível evitar uma guerra comercial prolongada entre as duas maiores economias do mundo.

Donald Trump disse que irá conversar com Xi Jinping no final de junho, por ocasião da cimeira do G20. O governo chinês disse apenas que as duas partes concordaram em manter as negociações abertas, uma mensagem que terá acalmado os mercados.

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Hospital de Cascais nega “envolvimento no falseamento de quaisquer resultados clínicos”

  • Lusa
  • 14 Maio 2019

Atuais e ex-funcionários do Hospital de Cascais denunciam que eram impelidos a aligeirar sintomas ou o caso de doentes. Grupo Lusíadas que gere o hospital em PPP nega "envolvimento".

O Hospital de Cascais negou esta terça-feira “qualquer envolvimento no falseamento de quaisquer resultados clínicos ou de quaisquer algoritmos de sistema de triagem” e anunciou que vai averiguar a sua veracidade.

Um grupo de antigos e atuais profissionais do Hospital de Cascais acusou a administração de falsear resultados clínicos e algoritmos do sistema de triagem da urgência para aumentar as receitas que são pagas à parceria público-privada, segundo uma reportagem divulgada na segunda-feira à noite, pela SIC.

Atuais e ex-funcionários ouvidos no âmbito da reportagem denunciam que eram impelidos a aligeirar sintomas ou o caso de doentes, para que os algoritmos da triagem de Manchester dessem uma cor de pulseira verde em vez de amarela, por exemplo, para que os tempos máximos de espera não fossem ultrapassados. A triagem de Manchester define, através de cores, a prioridade dos doentes em urgência.

A SIC relatou que as denúncias em relação ao Hospital de Cascais já chegaram à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde e ao Ministério Público.

Em comunicado, o Conselho de Administração do Grupo Lusíadas (que detêm a unidade hospitalar numa parceria público-privada) afirma que o Hospital de Cascais “não tem conhecimento de quaisquer denúncias efetuadas por quaisquer profissionais a quaisquer entidades judiciais ou extrajudiciais, nomeadamente ao seu conselho de administração”.

Por outro lado, afirma que o “Hospital de Cascais repudia e nega formalmente qualquer envolvimento no falseamento de quaisquer resultados clínicos ou de quaisquer algoritmos de sistema de triagem”.

Contudo, acrescenta, que, tendo em consideração que os factos relatados na reportagem, “a terem ocorrido, se referem a comportamentos individuais, o Grupo Lusíadas irá proceder à aferição da veracidade dos mesmos e no caso de haver comportamentos inadequados, de proceder à implementação das correspondentes ações corretivas”.

O hospital refere ainda que “respeita a independência e idoneidade técnica dos profissionais de saúde envolvidos nos processos de triagem, de tratamento dos doentes e de codificação clínica” e explica que “os processos internos de triagem do Hospital de Cascais são auditados regularmente por equipas de auditoria internas certificadas e anualmente pelo Grupo Português de Triagem”.

Segundo a administração do hospital, “o processo interno de codificação clínica do Hospital de Cascais é baseado nas melhores práticas e visa assegurar a melhor prestação de cuidados de saúde aos doentes, sendo executado por diferentes intervenientes médicos, dotados de total autonomia técnica e devidamente habilitados para o efeito”.

Por outro lado, garante, a atividade do hospital é ainda auditada anualmente pela Entidade Pública Contratante, reiterando o Conselho de Administração do Grupo Lusíadas “toda a confiança nos profissionais de saúde que diariamente prestam cuidados de saúde à população servida pelo Hospital de Cascais.

O incumprimento dos tempos de espera pode fazer o hospital incorrer em penalizações financeiras.

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Alargamento do pagamento do IVA em cinco dias vai permitir opção pelo débito direto

  • Lusa
  • 14 Maio 2019

A Diretora-geral da Autoridade Tributária e Aduaneira foi ouvida no Parlamento, que está a discutir a proposta de lei do Governo que altera vários códigos fiscais.

A Diretora-geral da Autoridade Tributária e Aduaneira disse esta terça-feira que o alargamento em cinco dias do prazo do pagamento do IVA vai permitir aos contribuintes a opção pelo débito direto.

Helena Borges esteve esta terça-feira a ser ouvida na Comissão de Orçamento e Finanças na sequência na discussão na especialidade da proposta de lei do Governo que procede à alteração de vários códigos fiscais, introduzindo ajustamentos em normas relativas às obrigações declarativas dos contribuintes, procurando simplificar procedimentos e reforçar o combate à fraude e evasão fiscais.

Uma das alterações prevista consiste no alargamento do prazo do pagamento do IVA em cinco dias, face às datas em vigor, aplicando-se esta alteração tanto às empresas que se encontram no regime mensal como no regime trimestral deste imposto. Questionada pelo deputado do PSD Cristóvão Crespo sobre o objetivo desta mudança, Helena Borges respondeu tratar-se “de uma opção técnica”, sendo uma forma de “permitir aos agentes económicos a opção pelo débito direto“.

Desde março de 2018 que é possível aos contribuintes aderirem ao pagamento de impostos por débito direto, estando esta funcionalidade disponível para o IRC, IRS, IMI IUC, pagamento por conta do IRS e pagamentos a prestações.

Dados facultados à Lusa em fevereiro pelo Ministério das Finanças indicavam que, no final de 2018, cerca de 29 mil contribuintes tinham aderido ao pagamento de impostos por débito direto, sendo que a maioria usa esta funcionalidade para pagar o Imposto Municipal sobre os Imóveis (IMI). Os mesmo dados revelavam que, naquela data, havia 44.121 adesões ativas, sendo a diferença entre ambos os universos justificada pelo facto de cada contribuinte poder escolher esta forma de pagamento para mais do que um imposto.

Durante a audição desta terça-feira, os deputados questionaram também Helena Borges sobre a introdução do mecanismo de justo impedimento para o contabilista certificado, nomeadamente o facto de apenas entrar em vigor em janeiro de 2020, enquanto a generalidade das disposições do diploma está previsto que entrem em vigor em julho de 2019.

A diferença, neste caso, salientou Helena Borges, está relacionada com a necessidade de adaptar o sistema da AT de forma a que esta mudança permita que possa ser aplicada antes da instauração do auto de notícia.

Impostos diferidos na banca não arrisca receitas do Estado

Nesta audição, a diretora-geral da AT foi também ouvida sobre o novo regime proposto pelo Governo sobre ativos por impostos diferidos na banca e que visa fazer a convergência do reconhecimento na contabilidade dos bancos e no sistema fiscal das imparidades para perdas por créditos.

Um dos pontos mais questionado pelos deputados teve a ver com o facto de o diploma consagrar um período de adaptação de cinco anos os bancos durante o qual os bancos podem continuar a aplicar o regime fiscal que vigora até à entrada da nova lei. Depois de salientar que a criação de um regime definitivo permitirá reduzir o consumo de recursos, a diretora geral da AT acrescentou não ver riscos para a receita na criação deste período transitório de cinco anos.

“Nesta fase não encontramos dificuldades, nem riscos para a receita”, afirmou Helena Borges, sinalizando, contudo, que a AT aguarda com interesse o estudo que foi pedido à UTAO – Unidade Técnica de Apoio Orçamental. A iniciativa de pedir este estudo partiu do PS para que possam ser avaliados os custos do sistema em vigor e potenciais perdas implícitas pela não aplicação do regime definitivo.

O diploma estabelece que, “por forma a permitir aos sujeitos passivos a organização da sua estrutura para acolher o novo regime fiscal de reconhecimento de perdas por imparidade, é previsto um período de adaptação de cinco anos durante o qual aqueles poderão continuar a aplicar o regime fiscal que vigorou até à entrada em vigor da presente lei, podendo optar, durante o referido período, mediante comunicação à Autoridade Tributária e Aduaneira, pela aplicação antecipada do regime definitivo agora consagrado e que será aplicado a todas as instituições de crédito nos períodos de tributação com início em, ou após, 1 de janeiro de 2024”.

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Desplante, delinquência e decoro. Políticos atacam Berardo

O tema Joe Berardo entrou para o debate político. Da direita à esquerda, de Belém a São Bento, chovem críticas ao comendador: Desplante, decoro, desfaçatez e até delinquência financeira.

Foi na passada sexta-feira que Joe Berardo falou na Assembleia da República, na II Comissão de Inquérito à Recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD). A audição do empresário, que no final de 2015 tinha uma dívida de 320 milhões à Caixa, teve vários momentos insólitos, assim resumidos pelo comentador Luís Marques Mendes na SIC: “Joe Berardo esteve a gozar com o pagode”.

Uma das revelações do comendador na Comissão de Inquérito foi a de que a Associação Berardo, dona das 861 obras de arte que estão em exposição no Centro Cultural de Belém, terá feito um aumento de capital à revelia da banca que agora vai ter mais dificuldades em penhorar a coleção que teria sido dada como garantia ao empréstimo de 900 milhões que o empresário contraiu junto de três bancos nacionais para, entre outras coisas, comprar ações do BCP.

http://videos.sapo.pt/MyqoG2l15m73HWg8DuSr

Foi este anúncio que levou Catarina Martins do Bloco de Esquerda a trazer o assunto esta segunda-feira ao debate quinzenal. A líder do Bloco considerou que Berardo esteve no Parlamento a “rir-se dos portugueses como antes fizeram Oliveira e Costa e Salgado” para concluir que o madeirense “deu o golpe” chamando novos acionistas à coleção Berardo para evitar a penhora dos bens.

A resposta do primeiro-ministro não tardou: “Acho que o país está seguramente todo chocado com o desplante com que o senhor Joe Berardo respondeu na semana passada na Assembleia da República”. António Costa disse ainda que a atual gestão da CGD “acionou o senhor Berardo para pagar à Caixa o que deve à Caixa. Não há razão para que a CGD perdoe o crédito”.

Debate quinzenal com o primeiro-ministro - 06FEV19

De São Bento a Belém

O tema rapidamente saiu de São Bento e chegou a Belém. Depois de quebrar o prolongado silêncio na sequência da crise política, Marcelo Rebelo de Sousa também falou sobre Berardo para pedir decoro: “Tem de se respeitar as instituições, ter decoro, ter uma maneira respeitosa de tratar essas instituições”.

Para o Presidente da República, “quando isso não acontece, o juízo dos concidadãos é negativo porque sentem que alguém que tinha sido considerado um exemplo de repente fica aquém daquilo que os portugueses exigem em termos de responsabilidade”. Recorde-se que quando era comentador televisivo, Marcelo Rebelo de Sousa elegeu Joe Berardo como a figura do ano na economia portuguesa em 2007, pelo papel que tinha tido na definição do futuro do BCP e pela abertura do museu de arte contemporânea.

Berardo entra nas europeias

O tópico também já entrou na campanha para as europeias. Jerónimo de Sousa não destoou nas críticas: “Camaradas, veja-se esse escândalo do Berardo e da sua desfaçatez, que mais não é do que a ponta do icebergue que esconde esse problema maior que mina a sociedade portuguesa e tem origem na promiscuidade entre poder político e poder económico, com o que significa de lastro para a corrupção e justificação para drenar milhares de milhões para a banca e seus negócios obscuros”. O líder comunista discursava perante uma plateia de mulheres num jantar de campanha na Casa do Alentejo, em Lisboa.

Ainda à esquerda, depois do “desplante” e da “desfaçatez”, Marisa Matias do Bloco falou em “delinquência financeira”. A cabeça de lista do Bloco às eleições europeias comentava o riso do empresário Joe Berardo ao ser confrontado com a “sua delinquência financeira, o melhor retrato da elite medíocre e parasitária”.

Direita liga Joe a José

À direita, Paulo Rangel esteve em Santa Maria da Feira e procurou ligar Joe Berardo à anterior governação socialista. Depois de dizer que “não queremos mais ‘Berardos'”, Rangel considerou que personalidades como o comendador existiram em Portugal “para que a Caixa Geral de Depósitos assaltasse o BCP, e a Caixa e o BCP ficassem nas mãos de gente próxima do Governo socialista de José Sócrates”.

“É que Berardo não caiu do céu, Joe Berardo não é uma invenção de si próprio. É uma invenção de uma conjuntura político-económica em que havia um governo que queria controlar a banca e o usou a ele”, atirou o candidato social-democrata.

Mais à direita, Nuno Melo citou duas declarações feitas em 2007 por Joe Berardo: “Portugal precisa de um primeiro-ministro como José Sócrates para dar uma reviravolta ao país” e “Sócrates tentou fazer alguma coisa pelo país, mas foi crucificado”. O candidato dos centristas concluiu: “Que diríamos nós que pagámos 350 milhões de dívida enquanto Joe Berardo no Parlamento, sorri, e diz que não deve nada a ninguém”.

O riso de Joe Berardo entrou definitivamente na campanha eleitoral.

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