Lei de Bases da Habitação entrou em vigor há um ano, mas “não resolveu praticamente nada”

  • Lusa
  • 16 Outubro 2020

A Lei de Bases da Habitação entrou em vigor há um ano mas, desde então, proprietários e inquilinos afirmam que praticamente nada mudou.

O Governo considera que a Lei de Bases da Habitação (LBH), em vigor há um ano, representa “uma nova era” em termos de política pública no setor, indicando que o primeiro passo na regulamentação passou pela adequação dos programas existentes. Contudo, proprietários e inquilinos dizem que LBH ainda não mudou praticamente nada.

A propósito do primeiro ano da entrada em vigor da LBH, o Gabinete da secretária de Estado da Habitação recorda à Lusa que, ao mesmo tempo em que era discutida e aprovada no Parlamento esta legislação, foi desenvolvida a Nova Geração de Políticas de Habitação, que “procurou erguer uma estratégia coerente e integrada, definindo objetivos e instrumentos adequados a um efetivo reconhecimento do direito à habitação”.

Na perspetiva do Governo, a LBH “marca uma nova era em termos de política pública de habitação, desde logo no relacionamento entre as diferentes esferas do Estado (administração central e local) e na relação entre este e os cidadãos”.

No âmbito da implementação da Nova Geração de Políticas de Habitação, com instrumentos como os programas 1.º Direito, Porta de Entrada e de Arrendamento Acessível, o primeiro passo na regulamentação da LBH passou pela adequação dos programas de apoio existentes, bem como pela adaptação da lei orgânica do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU).

Com novas competências, como a elaboração do Programa Nacional de Habitação, o IHRU vai ter um reforço de meios técnicos e humanos, “valorizando o seu papel de entidade pública nacional” no setor, refere o Gabinete de Marina Gonçalves. Sobre a “efetiva garantia” do direito à habitação a todos os cidadãos, em que “o Estado é o garante” desse direito, segundo a LBH, o Governo reforça que a prioridade é o aumento da oferta pública.

“Uma política pública de vocação universal não se faz, contudo, sem a mobilização de um parque público de dimensão adequada, de modo a garantir o cumprimento dos seus objetivos, tanto na vertente do reforço da oferta direta, sob a forma de arrendamento de fogos propriedade pública, seja pela capacidade regulatória que um maior peso do parque público no conjunto do parque habitacional passa a deter”, explica a tutela.

No contexto da pandemia, especificamente na relação que a habitação tem na proteção individual e familiar, designadamente no período de confinamento, o Governo lembra as medidas que permitiram a proteção dos arrendatários e senhorios, seja pela não cessação dos contratos de arrendamento em vigor, seja pelo apoio concedido pelo IHRU aos inquilinos que tenham sofrido quebras de rendimento.

A 17 de setembro, a anterior secretária de Estado da Habitação anunciou a aprovação de um diploma que regulamenta vários aspetos da LBH, adequando inclusivamente os instrumentos criados no âmbito da nova geração de políticas nesta área. O anúncio de Ana Pinho coincidiu com a sua última intervenção como membro do Governo, uma vez que horas depois passou a pasta à sua sucessora, Marina Gonçalves.

Adaptando os programas 1.º Direito, Porta de Entrada e de Arrendamento Acessível, bem como a orgânica do IHRU, o diploma de regulamentação entra em vigor no dia 02 de novembro — com exceção das adaptações do Programa de Arrendamento Acessível, que apenas são aplicadas 90 dias após a publicação, ou seja, no fim de dezembro.

Em vigor desde 1 de outubro de 2019, a primeira LBH em Portugal foi aprovada no Parlamento a 5 de julho de 2019, com os votos a favor de PS, PCP, BE, PEV e PAN e os votos contra de PSD e CDS-PP, determinando que “o Estado é o garante do direito à habitação”.

Além da “efetiva garantia” do direito à habitação a todos, estabelece a função social da habitação, em que “os imóveis ou frações habitacionais detidos por entidades públicas ou privadas participam (…) na prossecução do objetivo nacional de garantir a todos o direito a uma habitação condigna”. Entre as medidas que compõem o diploma, destacam-se a criação do Programa Nacional de Habitação e da Carta Municipal de Habitação, assim como a proteção no despejo e a integração do direito à habitação nas políticas de erradicação de pessoas em condição de sem-abrigo.

Proprietários e inquilinos dizem que LBH ainda “não resolveu praticamente nada”

A LBH “não resolveu praticamente nada”, defendem os inquilinos, manifestando expectativa quanto à entrada em vigor da regulamentação da legislação, enquanto os proprietários criticam o ataque à propriedade privada. “A LBH é um enunciado de boas intenções […]. De todas as boas intenções que estão plasmadas, nada foi posto em prática”, afirma à Lusa o presidente da Associação Nacional de Proprietários (ANP), António Frias Marques, considerando que o trabalho da Secretaria de Estado da Habitação tem sido “hostilizar os proprietários privados”.

Ressalvando que a LBH fazia falta, tal como existe para outras áreas como Saúde e Educação, António Frias Marques lembra que “90% do parque habitacional do país é privado”, considerando que tal é um handicap na intervenção do Estado e lamentando a falta de auscultação dos proprietários, capítulo no qual “o Governo é autista”.

“Concordamos, plenamente, que é ao Estado que compete a função de pôr em prática o artigo 65.º da Constituição da República Portuguesa — direito à habitação — e a regulação do mercado habitacional e o combate à especulação […], mas no combate à especulação não vimos nada, os especuladores andam para aí à vontade“, destaca o presidente da ANP.

Sobre o objetivo do Governo de colmatar as carências habitacionais até 2024, António Frias Marques critica a sucessão de anúncios de instrumentos legislativos, que resultaram num “grande edifício de papel”.

O Estado enquanto garante do direito à habitação o que é que fez? A resposta, todos sabem, é nada. Apresentam-se com uma reciclagem de intenções e anúncios vagos e ocos de utilização do património do Estado para efeitos de habitação”, declara a vice-presidente da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP), Iolanda Gávea.

Reiterando que não pode haver soluções para o “gravíssimo problema da habitação” sem o diálogo e o envolvimento de todas as partes, a representante da ALP contesta a aprovação de legislação “sempre à revelia dos proprietários”. “A ALP vaticinou, desde logo, que a lei seria completamente ineficaz e um fracasso, que não teve qualquer efeito útil”, refere Iolanda Gávea, acrescentando que há falta de confiança dos proprietários, o que “mina todos os programas públicos”.

No âmbito da pandemia, as medidas aprovadas vieram “reforçar o profundo desequilíbrio que existe entre os parcos direitos dos proprietários e a elevada parcela dos deveres”, aponta a vice-presidente da ALP, explicando que a função social da habitação tem sido transferida para os proprietários e “o Estado tem de assumir o seu papel”.

Com o balanço de que a LBH, “até agora, não resolveu praticamente nada”, o presidente da Associação dos Inquilinos Lisbonenses (AIL), Romão Lavadinho, apresenta uma visão mais otimista para a execução após a regulamentação da legislação, cujo prazo era de nove meses, a concluir até maio, mas apenas foi publicada em outubro no Diário da República.

“Como vimos a dizer ao longo dos anos, é uma lei de bases que é fundamental para resolver o problema da habitação e responsabilizar o Estado, o Governo, pela resolução do problema”, sustenta Romão Lavadinho, destacando a importância da regulamentação para definir os apoios aos inquilinos que não tenham condições de habitabilidade, assim como a questão dos despejos.

Entre as expectativas dos inquilinos está a reivindicação de “não permitir que os proprietários continuem a fazer especulação no arrendamento”, para o qual contribui a oferta de património público a rendas acessíveis, inclusive a criação de uma bolsa que dispõe já de cerca de 15 mil imóveis habitacionais. “Vai fazer com que possa, finalmente, estar em confronto a propriedade pública com a propriedade privada e resolver o problema das famílias mais carenciadas, especialmente a classe média, que foi a que sofreu mais com esta pandemia“, perspetiva Romão Lavadinho.

Associação Habita preocupada com falta de respostas

A associação Habita considera que “não se passou praticamente nada” no primeiro ano da entrada em vigor da LBH, mostrando-se preocupada com o recente decreto-lei de regulamentação, devido à falta de respostas de emergência habitacional. “Não houve uma regulamentação, na verdade não se passou praticamente nada em torno da lei de bases, isso preocupa-nos”, disse à Lusa Rita Silva, porta-voz da associação Habita, lembrando que o prazo de regulamentação era de nove meses após a publicação do diploma no Diário da República. Como a publicação aconteceu em setembro de 2019, a regulamentação deveria ter sido elaborada até maio de 2020, mas só a 2 de outubro é que foi publicado o primeiro decreto-lei para o efeito.

Ressalvando que a associação Habita ainda está a analisar com detalhe o decreto-lei de regulamentação, Rita Silva adiantou que uma das preocupações tem a ver com o papel do IHRU como promotor e coordenador da política de habitação, em que se determina a possibilidade de “participar em sociedades, fundos de investimento imobiliário, consórcios, parcerias públicas e público-privadas e outras formas de associação”.

Outra das preocupações é que “há em todo o texto uma tendência de mudança da linguagem — de habitação pública e habitação social para habitação com interesse social” –, uma vez que pode significar que as novas políticas sejam novamente financiar os atores privados e não aumentar, efetivamente, a oferta pública acessível.

Relativamente à adaptação dos programas em vigor, a porta-voz da Habita sublinhou que estarão sempre dependentes de orçamento e da sua execução, pelo que “é fundamental que haja o pacote financeiro necessário, porque se não houver tudo fica no papel”.

Classificando como “muito insuficiente” o decreto-lei de regulamentação da LBH, Rita Silva adverte que o diploma não incide sobre os problemas fundamentais no setor e “continua a não garantir efetivamente o direito à habitação”. “Não referem nada sobre o impedimento de continuar a haver demolições e despejos sem alternativas de habitação, ou seja, o direito à habitação continua a não estar consagrado como direito inalienável, humano e constitucional”, declarou.

Para a Habita, “há vários domínios que devem ser regulamentados com toda a urgência”, para que o objetivo da lei de bases que reflete o artigo 65.º da Constituição da República Portuguesa sobre o direito à habitação se possa concretizar, nomeadamente a proteção e o acompanhamento no despejo, e a regulação do arrendamento habitacional que estabeleça um sistema de renda compatível com o rendimento familiar.

Apesar da decisão de se suspender o ato de execução dos despejos no âmbito da pandemia, “os processos em tribunal ou os atos administrativos estão a decorrer”, alertou Rita Silva, defendendo que devem ser implementadas medidas para evitar que os processos sejam executados mais tarde.

Reforçando a importância da LBH, a associação lembrou que “já existia uma crise habitacional e que, neste momento, o que se está a instalar é uma crise social e económica grave” em resultado da pandemia, pelo que a regulamentação desta legislação “é urgente, necessária e deve garantir, efetivamente, o direito à habitação para todas as pessoas”.

Na perspetiva da plataforma Stop Despejos, o balanço do primeiro ano da entrada em vigor da LBH “é desastroso”, em particular durante a crise pandémica, até porque “a implementação prática tem sido nula”.

“Se virmos o que tem acontecido agora durante a pandemia, é extremamente grave, porque os despejos continuam a acontecer e não há garantias nenhumas de que as pessoas sem alternativas de habitação não vão parar à rua”, referiu João Eça, membro da Stop Despejos, em declarações à Lusa.

Com intervenção junto de pessoas em condição de sem-abrigo na cidade de Lisboa, a Comunidade Vida e Paz apoia a LBH, por prever a integração do direito à habitação nas políticas de erradicação de pessoas em condição de sem-abrigo, defendendo que, se estivesse regulamentada, neste momento de pandemia, “os resultados poderiam ser, sem dúvida, muito mais benéficos para as pessoas que estão na rua”.

“Temos conhecimento de que algumas pessoas têm ficado desalojadas, porque ficaram desempregadas e financeiramente não têm condições para suportar rendas […]. Com certeza que, com a regulamentação da lei, poderíamos estar a falar de outro tipo de cenários, sobretudo nesta altura para a qual ninguém estava preparado”, referiu a diretora-geral, Renata Alves. Verifica-se ainda, acrescentou, “um grande número de pessoas que se encontra em situação sem-abrigo e tudo indica que vai aumentar”.

Antes da pandemia, esta instituição de apoio a sem-abrigo, que oferece uma ceia e pretende estabelecer uma relação de confiança para ajudar a sair da rua, acompanhava “cerca de 430 pessoas” na cidade de Lisboa, mas o início da pandemia aumentou para 800 o número de pessoas apoiadas. “Nos primeiros tempos, passámos a ter de reforçar as nossas ceias e, em vez de distribuirmos 430, estávamos a distribuir 800. Entretanto, estamos com a distribuição entre 500 e 550, ou seja, estamos a apoiar entre 500 e 550 pessoas que estão nas ruas”, adiantou Renata Alves, referindo-se à situação na capital

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

No Dia Mundial da Alimentação, saiba como reduzir o desperdício em casa

Em Portugal, um milhão de toneladas de alimentos são desperdiçados. E porque 40% do desperdício alimentar acontece em casa, siga estes passos para o combater.

No Dia Mundial da Alimentação, que se assinala esta sexta-feira, 16 de outubro, o recém-criado Movimento “Unidos Contra o Desperdício” sublinha que 1/3 da produção alimentar mundial é desperdiçada e 17% da comida é deitada fora mesmo antes de chegar aos consumidores.

Os números mostram também que 40% do desperdício alimentar ocorre a nível doméstico, pelo que o envolvimento das famílias é essencial no seu combate, sublinha este Movimento que nasceu no primeiro dia instituído pelas Nações Unidas como “Dia Mundial de Consciencialização para as Perdas e o Desperdício Alimentar”, a 29 de setembro de 2020.

“São números que impressionam sobretudo se pensarmos nos recursos envolvidos na respetiva produção e no número de pessoas com fome que poderiam ter acesso a estes alimentos. É fundamental que o combate ao desperdício seja um conceito integrante de toda a sociedade, seja das pessoas, seja das empresas, seja dos poderes públicos e se transforme num compromisso com as gerações futuras”, refere o Movimento em comunicado.

Para Charlotte Seabra, coordenadora do Movimento Unidos Contra o Desperdício, “os números falam por si: no mundo, um terço dos alimentos são desperdiçados, na Europa 88.000.000 toneladas e em Portugal 1.000.000 toneladas, segundo dados da FAO. Estas quantidades são suficientes para acabar com a fome no mundo”.

E porque o desperdício alimentar começa na nossa cozinha, o Movimento apresenta 10 dicas para ajudar todos os portugueses no combate ao desperdício, dentro das suas próprias casas. “São pequenas mudanças que podem gerar grandes reduções do desperdício”, garantem.

  1. Planeie as refeições e elaborar uma lista de compras antes de ir ao supermercado.
  2. Cozinhe apenas as quantidades necessárias para o número de pessoas que vão consumir a refeição.
  3. Coloque os produtos com data de validade mais curtas à vista no frigorifico.
  4. Comece por utilizar os hortícolas e as frutas mais maduras e só depois as mais verdes.
  5. Utilize a fruta madura para preparar batidos de fruta ou purés de fruta.
  6. Se tem sobras, invente ou procure receitas que permitam o reaproveitamento.
  7. Congele a comida confecionada que sobrar ou guarde-a no frigorífico em recipientes apropriados para ser consumida no dia seguinte.
  8. Aproveite a água da cozedura dos legumes para a sopa.
  9. Use a casca de alguns produtos hortícolas ou frutas (cebola, limão, laranja, curgete, etc.) para fazer chá ou compotas.
  10. Partilhe as sobras com amigos, vizinhos, familiares.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Duplica coima máxima para estabelecimentos que não cumprem regras da pandemia

A coima máxima para restaurantes, estabelecimentos comerciais e outras pessoas coletivas que não cumpram regras de lotação e distanciamento social agora é 10.000 euros.

Com a passagem do país ao estado de calamidade, o Governo decidiu agravar as coimas aplicadas às pessoas coletivas — como os restaurantes e os estabelecimentos comerciais — que não cumpram as regras de lotação e afastamento estipuladas face à pandemia de coronavírus. O teto máximo da penalização duplica, passando de 5.000 euros para 10.000 euros.

De acordo com o diploma publicado esta sexta-feira em Diário da República, durante a situação de alerta, contingência ou calamidade, as pessoas singulares e coletivas têm o dever de observar as regras de ocupação, lotação, permanência, distanciamento físico e existência de mecanismos de marcação prévia nos locais abertos ao público.

Se não o fizerem, está prevista a aplicação de coimas. No caso das pessoas singulares, a sanção varia entre 100 euros e 500 euros — tetos que se mantêm inalterados com a passagem à situação de calamidade. Já no caso das pessoas coletivas (como restaurantes e estabelecimentos comerciais), as coimas variam entre 1.000 euros e 10.000 euros. Esse limite máximo estava antes fixado nos 5.000 euros, mas o Governo endureceu-o no diploma publicado esta sexta-feira.

Esta foi uma das seis mudanças que o Executivo decidiu levar a cabo face à passagem do país ao estado de calamidade. Além desta medida, o Governo escolheu proibir ajuntamentos de mais de cinco pessoas, limitar a 50 participantes os eventos de natureza familiar, proibir festejos académicos e atividades de caráter não letivo, determinar às forças de segurança e à ASAE o reforço da fiscalização e recomendar o uso da máscara comunitária na via pública e a instalação da app StayAway Covid.

Sobre esse último ponto, o Executivo entregou na Assembleia da República uma proposta de lei que prevê a obrigatoriedade do uso de máscara na via pública e a instalação na referida em app em alguns contextos específicos, como o laboral, académico e escolar. Este diploma está já a gerar polémica, com muitas vozes a questionar a constitucionalidade dessa última obrigação.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Prolongamento do prazo para usar Cartão do Cidadão ou carta de condução expirados entra em vigor amanhã

  • ECO
  • 16 Outubro 2020

Medida que autoriza o uso de cartões do cidadão e cartas de condução expirados até 31 de março já foi publicada em Diário da República.

Os documentos, como o cartão do cidadão e carta de condução, que tiverem expirado continuam válidos até 31 de março do próximo ano. A medida excecional anunciada pelo Governo, já foi promulgada pelo Presidente da República e publicada em Diário da República. Entra em vigor já este sábado.

O decreto-lei destaca a “prorrogação, até 31 de março de 2021, da admissibilidade de documentos expirados, designadamente de cartões de cidadão, certidões e certificados emitidos pelos serviços de registos e da identificação civil, cartas de condução, cartões de beneficiário familiar de Instituto de Proteção e Assistência na Doença, I. P. (ADSE), documentos e vistos relativos à permanência em território nacional, bem como as licenças e autorizações”.

Os serviços públicos estão com limitações devido à pandemia, nomeadamente para os atos que têm de ser feitos de forma presencial. Por essa razão, no final de setembro, o Governo decidiu escoar os Cartões de Cidadão através de duas novas vias: os CTT e os espaços de cidadão. Na altura, o Executivo indicava que existiam cerca de 350 mil documentos por entregar.

A decisão de prorrogar a atendibilidade dos documentos expirados surge na mesma reunião de Conselho de Ministros em que foram revistas pelo Executivo as medidas de restrição implementadas devido à pandemia, com novas regras definidas, sendo que foi também elevado o estado de alerta do país de contingência para calamidade.

Além disso, foram igualmente publicados em Diário da República, no mesmo diploma, novas regras que determinam que os veículos utilizados no transporte de doentes ficam dispensados do licenciamento prévio, estando os mesmos autorizados a circular apenas com o certificado de vistoria de veículo até ao dia 31 de dezembro de 2020.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Millennium bcp entrega 50 mil euros à AMI para reflorestação do Pinhal de Leiria

  • Conteúdo Patrocinado
  • 16 Outubro 2020

A iniciativa resulta da associação a um projeto de Ecoética da AMI, através do qual o banco se comprometeu a doar um euro por cada cliente que aderisse ao extrato bancário digital.

O Millennium bcp entregou 50 mil euros à Assistência Médica Internacional (AMI), um valor que permitirá plantar cinco mil árvores no Pinhal de Leiria e reabilitar cinco hectares de terreno afetado nos incêndios de 2017.

O donativo, integrado na política de sustentabilidade do Millennium bcp, resulta da associação à campanha “Vamos todos ser Dinis”, do projeto Ecoética da AMI, através da qual o banco se comprometeu a doar um euro por cada cliente que aderisse ao extrato bancário digital em detrimento do extrato em papel – sujeito ao montante máximo de 50 mil euros – com o objetivo de participar no esforço de reflorestação do Pinhal de Leiria.

De acordo com Miguel Maya, CEO do Millennium bcp, o valor angariado “é um sinal do envolvimento e do compromisso dos clientes com a natureza e com a mitigação das alterações climáticas”. E acrescenta: “Esta iniciativa constitui um apoio à recuperação de um importante capital histórico e natural do país, pela importância da sua biodiversidade em termos ecológicos, mas também do seu contributo para o desenvolvimento da economia local e a melhoria da qualidade de vida das populações.”

Miguel Maia, CEO do Millennium bcp, e Fernando Nobre, Presidente da AMI – Fundação de Assistência Médica Internacional.

“É extraordinário o resultado do trabalho conjunto entre as organizações da economia social e do setor empresarial, que através de ações como esta dinamizada pelo Millennium bcp a favor do projeto Ecoética, contribuem para um futuro melhor”, refere Fernando Nobre, Presidente da AMI – Fundação de Assistência Médica Internacional, em comunicado.

A campanha, que decorreu entre junho a setembro deste ano, para além de permitir uma redução de custos, melhorou também o desempenho ambiental do Millennium bcp, quer pela diminuição do consumo de papel e da pegada associada à expedição postal, quer pela possibilidade de compensar parte da pegada carbónica com o sequestro de CO2 conseguido pelas árvores que o banco vai ajudar a plantar.

Esta iniciativa faz parte do Plano Diretor de Sustentabilidade 2021 do Millennium bcp e, portanto, um reforço do seu contributo para a concretização do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nº 15 – “Proteger a vida terrestre” – definido como um dos prioritários pelo banco no quadro da implementação da Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Moratórias não são uma “panaceia”, alerta Banco de Portugal

Vice-governador do Banco de Portugal diz que é necessário começar a pensar "numa estratégia de saída" do regime das moratórias porque recuperação económica não será igual para todos.

Milhares de famílias e empresas portuguesas pediram aos bancos para suspenderem as prestações dos empréstimos nos últimos meses. O Banco de Portugal considera a moratória do crédito foi uma medida importante porque permitiu absorver o impacto imediato da crise pandémica, mas não é “uma panaceia”, avisa o vice-governador, Luís Máximo dos Santos. É preciso começar a pensar “numa estratégia de saída” porque a recuperação não será igual para todos.

“É um instrumento e uma medida de política importante, mas não é uma panaceia. Quer dizer, as moratórias permitem ganhar tempo e gerir melhor a conjuntura imediata, mas haverá um momento em que terão de cessar”, alerta Máximo dos Santos em entrevista ao BdP Podcast, o novo podcast do Banco de Portugal.

“Aí terá de se pensar numa espécie estratégia de saída porque a recuperação da atividade económica provavelmente não vai ser de índole a que uma vez terminadas as moratórias, a suspensão dos reembolsos de crédito, todos os beneficiários delas possam estar em condições de passar a cumprir”, sublinhou o vice-governador.

"É um instrumento e uma medida de política importante, mas não é uma panaceia. Quer dizer, as moratórias permitem ganhar tempo e gerir melhor a conjuntura imediata, mas haverá um momento em que terão de cessar.”

Luís Máximo dos Santos

Vice-governador do Banco de Portugal

Máximo dos Santos lembra que, mesmo na atual situação das moratórias, os bancos já estão a registar um aumento de incumprimentos nos créditos por parte daqueles que não se encontram abrangidos pela medida que permite uma suspensão temporária do pagamento dos empréstimos bancários até setembro do próximo ano.

De acordo com a Sinopse de Supervisão Comportamental do Banco de Portugal, os contratos de crédito com moratórias ascendiam a 726.966 no final de agosto.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Movimento nos aeroportos mantém recuperação em agosto mas ainda com quedas acima de 50%

  • Lusa
  • 16 Outubro 2020

Apesar da recuperação, aeroportos nacionais ainda registam decréscimos diários superiores a 50% nos passageiros.

O movimento nos aeroportos portugueses manteve a tendência de recuperação em agosto, mas ainda com decréscimos diários superiores a 50% nos passageiros, segundo dados hoje divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

De acordo com a estatística rápida do INE, em agosto de 2020, nos aeroportos, registou-se o movimento de 2,2 milhões de passageiros, representando um decréscimo de 65,9% (-79,5% em julho).

O movimento de carga e correio, por sua vez, totalizou 10,4 mil toneladas, correspondendo a uma diminuição de 38,9% (-47,8% em julho).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

“Se são as quatro rotas do Porto que dão prejuízo, pare com elas”, diz Rui Moreira a Pedro Nuno Santos

Autarca do Porto sugeriu ao ministro das Infraestruturas que pare com as quatro rotas da TAP a partir do Aeroporto Sá Carneiro. Talvez assim a "TAP deixe de custar dinheiro ao país", ironizou.

O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, disse que as rotas criadas no Porto são neste momento um prejuízo para a TAP e que estão com “46% da lotação em média. O autarca da Câmara do Porto, Rui Moreira já reagiu nas redes sociais, ironizando e pedindo ao ministro que “pare com elas”.

“Pelos vistos, são as quatro rotas do Porto que dão prejuízo à TAP. As rotas de Lisboa darão lucro. A nova rota Lisboa/Bilbau deve ser um must em termos de rentabilidade e importantíssima para uma estratégia nacional. Promover visitas ao Gugenheim basco é “top. Mas, senhor ministro, são boas notícias. Se são as quatro rotas do Porto que dão prejuízo, pare com elas. Mas, por favor, incorpore a TAP na Carris ou na muito rentável Soflusa. Não nos importamos, havemos de encontrar uma solução. Para Lisboa é ótimo: fica com a TAP que, sem o prejuízo do Porto, deixa de ser um perdócio”, reage o autarca da Câmara do Porto, na sua página oficial do Facebook.

Rui Moreira acrescentou ainda: “Para o resto do país – para a província em que alegremente nos incluímos – é uma maravilha, porque a TAP deixa de nos custar dinheiro“. Para o resto do país – para a província em que alegremente nos incluímos – é uma maravilha, porque a TAP deixa de nos custar dinheiro”, diz Rui Moreira.

Pedro Nuno Santos anunciou também, no Parlamento, que irão sair 1.600 trabalhadores do grupo TAP até ao final do ano, tendo já saído 1.200 colaboradores.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo passa a efetivos trabalhadores contratados para o SNS durante a pandemia

Está criado o regime execional que permite a conversão dos contratos dos trabalhadores do SNS recrutados durante a pandemia em permanentes.

O Governo criou um regime excecional que abre a porta à passagem a efetivos dos trabalhadores recrutados para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) durante a pandemia. De acordo com o decreto-lei publicado esta sexta-feira em Diário da República, a conversão em contratos de trabalho sem termo deverá ser autorizada pelo Ministério da Saúde por despacho, sob proposta do órgão máximo de gestão.

Segundo o diploma, deverão ser propostos para esta conversão contratual os trabalhadores cujas funções correspondam a necessidades permanentes das entidades em que estejam integrados, desde que haja vagas no mapa de pessoal que proporcionem esta passagem a efetivos e apenas quando se tenha atingido o número máximo de renovações contratuais legalmente permitidas.

E antes da celebração dos contratos de trabalho em funções públicas por tempo indeterminado nestes serviços e organismos do Ministério da Saúde, serão marcados concursos, “a que podem também ser opositores outros trabalhadores com e sem vínculos de emprego público previamente constituído”.

A abertura desses procedimentos concursais deverá ser autorizada pelo Ministério da Saúde, no prazo máximo de 30 dias a contar do levantamento das necessidades permanentes das entidades, que deverá ser levado a cabo pela Administração Central do Sistema de Saúde em articulação com as Administrações Regionais de Saúde. Isto depois de os dirigentes máximos terem verificado a correspondência das funções com as necessidades permanentes e a existência de lugares disponíveis no mapa de pessoal.

Uma vez autorizados, os procedimentos concursais devem ser abertos no prazo máximo de dez dias. Os concursos ainda carecem, no entanto, de uma portaria do Ministério da Saúde para serem regulamentados.

O decreto-lei conhecido esta sexta-feira detalha, por outro lado, que os trabalhadores que passarem a efetivos serão colocados “na primeira posição remuneratória aplicável à carreira”, à exceção dos técnicos superiores do regime geral, cujo recrutamento de licenciados será feita para a segunda posição remuneratória da tabela.

A esta conversão de contratos aplica-se os limites de contratação já definida numa Resolução do Conselho de Ministros de junho: até 912 enfermeiros, até 220 técnicos superior de diagnóstico e terapêutica, até 480 assistentes técnicos, até 1.320 assistentes operacionais e até 63 outros profissionais.

Com a criação deste regime, os contratos de trabalho a termo certo em execução são automaticamente renovados até ao termo dos procedimentos concursais, suspendendo-se o limite máximo de renovações.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Brexit: MNE britânico pede mais flexibilidade à UE para chegar a um acordo

  • Lusa
  • 16 Outubro 2020

O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico mostra-se "surpreso" e "dececionado" com a falta de flexibilidade por parte do Conselho Europeu em relação à negociação do Brexit.

O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Dominic Raab, pediu “flexibilidade” à União Europeia (UE) para chegar a um acordo comercial pós-Brexit com o seu país durante a reunião do Conselho Europeu que termina hoje.

Os chefes de Estado e de Governo da UE, reunidos desde quinta-feira em Bruxelas, pediram a Londres “ações” para avançar no sentido de um pacto que impeça um ‘Brexit’ abrupto em 31 de dezembro, quando termina o período de transição.

Há um acordo a ser alcançado, mas deve haver flexibilidade dos dois lados, energia, boa disposição e vontade política das partes, e o primeiro-ministro (britânico, Boris Johnson) dirá algo mais (hoje)”, insistiu o ministro em declarações à Rádio 4 da BBC.

Raab admitiu estar “surpreso” e “dececionado” com a falta de flexibilidade por parte do Conselho Europeu.

O ministro britânico disse que as diferenças permanecem em apenas duas questões: acesso dos barcos da UE às águas pesqueiras do Reino Unido e “igualdade de condições” para garantir uma concorrência económica justa entre o Reino Unido e o bloco.

“As questões são realmente estreitas agora”, disse Raab.

O negociador britânico do Brexit, David Frost, lamentou que a UE “não esteja mais empenhada” em trabalhar “intensamente” para chegar a um acordo sobre a sua futura relação com o Reino Unido.

“Estou surpreso com a sugestão de que, para chegar a um acordo, todas as ações futuras devem vir do Reino Unido. É uma posição incomum numa negociação”, escreveu Frost na rede social Twitter.

Boris Johnson alertou no início de setembro que a cimeira desta semana em Bruxelas deve ser um ponto de viragem para estabelecer se um pacto pode ser alcançado ou os preparativos para um rompimento não negociado devem ser acelerados.

O chefe do Governo britânico deve tornar hoje pública a sua posição com base nas conclusões dos líderes da UE.

O Reino Unido saiu da União Europeia em 31 de janeiro de 2020. Em conformidade com o Acordo de Saída, é agora oficialmente um país terceiro, pelo que já não participa no processo de tomada de decisão da UE.

Por comum acordo, a UE e o Reino Unido decidiram, contudo, estabelecer um período de transição, que termina em 31 de dezembro de 2020.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Restaurantes pedem redução temporária do IVA. Medida pode salvar até 46 mil empresas

A restauração defende uma redução do IVA para fazer face aos efeitos provocados pela pandemia. A medida, diz um estudo da PwC, custaria até 338 milhões de euros ao Estado.

A Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) defende uma redução temporária do IVA para a restauração, para fazer face aos efeitos da pandemia. De acordo com um estudo encomendado à PwC, esta redução do imposto para os 6% custaria entre 90 e 338 milhões de euros ao Estado, permitindo a manutenção de até 46 mil postos de trabalho.

“Não vamos aguentar se não houver medidas robustas para o setor”, começou por dizer a secretária-geral da AHRESP, Ana Jacinto, durante a apresentação do estudo aos jornalistas esta sexta-feira. Assim, a AHRESP defende a redução do imposto para a taxa reduzida: passando dos 23% para os 6%.

Sobre a temporalidade desta redução, a AHRESP propõe que a mesma vigore durante 12 meses. “Queremos que seja aplicada durante um ano. Se pudesse começar já era o que desejaríamos. Mas pelo menos com a aprovação do Orçamento do Estado para 2021, queremos que se inicie rapidamente e possa estar, pelo menos, durante um ano”, adianta Jacinto.

A responsável explica que a redução temporária do IVA não é novidade e já foi adotada por muitos países. “Toda a Europa está unidade nesta medida. Não estamos a pedir nada muito inovador”, disse. O estudo dá o exemplo do Reino Unido, que baixou a taxa do IVA em comida e bebidas não alcoólicas dos 20% para os 5%, e também da Alemanha, onde a taxa para refeições (exceto bebidas) em restaurantes caiu dos 19% para os 5%.

Assim, de acordo com o estudo feito pela PwC, ao reduzir-se temporariamente o IVA na restauração seria possível cortar os encargos do setor entre os 606 e os 732 milhões de euros, o que permitiria salvar entre 35 a 46 mil postos de trabalho e entre sete a dez mil empresas em 2021. Além disso, esta manutenção dos postos de trabalho poderia “permitir um efeito positivo para o Estado em IRS, TSU e subsídio de desemprego entre 394 e 516 milhões de euros, reduzindo o impacto global nas contas do Estado pela perda de receita de IVA”.

Feitas as contas, reduzir temporariamente o IVA poderia custar ao Estado entre 90 milhões de euros (num cenário mais conservador) e 338 milhões de euros (num cenário com base nas previsões do Banco de Portugal). “Sabemos que a medida não vai salvar todas as empresas. Mas faremos tudo para que o Governo a aprove”, diz Ana Jacinto.

Além das mais-valias que a AHRESP considera que a medida traria, a associação defende que isto permitiria ainda evitar a redução do rendimento das famílias e o respetivo consumo, evitaria o encerramento de empresas, a perda da ocupação e da fonte de rendimento e proteção social de muitas empresas e reduziria ainda a fraude no setor.

O inquérito mensal feito pela AHRESP em setembro mostrou que 40% das empresas da restauração já despediram desde o início da pandemia, com 18% a assumirem que não vão conseguir manter a totalidade dos postos de trabalho até ao final de 2020. “Perante as perdas de faturação acima de 40%, registadas por mais de 63% das empresas, 32% dos agentes económicos demonstraram intenção de insolvência“.

AHRESP não sabe se IVAucher terá impacto no setor

Questionada sobre o que pensa a AHRESP acerca do IVAucher — que vai permitir aos contribuintes acumular o IVA da restauração, alojamento ou cultura e gastá-lo mais tarde –, Ana Jacinto respondeu que essa é “uma medida destinada aos consumidores”. “Nem sabemos se terá qualquer impacto no setor, nem sabemos muito bem como será concretizada”, afirmou.

A secretária-geral da AHRESP adianta que a associação já tinha proposto ao Governo exemplos de “boas práticas que se concretizaram pela Europa”. E deu o exemplo do Governo britânico, que assumia 50% do custo de uma refeição até um máximo de dez libras, compensando depois a empresa. “Foi uma medida ágil, simples e com um efeito muito positivo no setor da restauração”, notou.

(Notícia atualizada às 11h33 com mais informação)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Roger Tamraz confirma interesse no EuroBic

  • ECO
  • 16 Outubro 2020

Empresário libanês já chegou a acordo para a aquisição da posição de Isabel dos Santos, mas pretende comprar as posições dos outros acionistas. "Em Portugal fica-se dentro da União Europeia", explica.

O empresário libanês Roger Tamraz confirma o interesse no EuroBic, adiantando que já chegou a um acordo para a aquisição da posição de Isabel dos Santos no banco português. Mas o objetivo é comprar as posições aos outros acionistas, incluindo Fernando Teles, segundo adiantou ao Jornal de Negócios (acesso pago).

“Estou interessado [em comprar o EuroBic], mas até agora só conclui o bloco que pertence a Isabel dos Santos, o que é apenas de 42,5% do capital, e por isso estou à espera dos outros. Estamos à espera que cada um deles tome a decisão de forma autónoma”, referiu Roger Tamraz, dono da companhia petrolífera Netoil. A Sic avançou na semana passada que Isabel dos Santos acordou com o empresário a venda da sua participação de 42,5% do banco.

Tamraz explica ainda a razão que o levou a avançar para a compra do EuroBic: “No novo enquadramento europeu, vir para Lisboa tem certas vantagens fiscais e melhor situação de preço e, uma vez em Portugal, fica-se dentro da União Europeia”.

Sobre a origem dos fundos para concretizar a aquisição, cujo acordo já foi comunicado ao Banco de Portugal, Roger Tomraz assegurou ao jornal que dispõe de liquidez para financiar a operação, nomeadamente através de empresas cotadas em Londres e Frankfurt. “Não estou a falar de um investimento pessoal, de eu comprar, mas sim de mais de 20 mil acionistas através da bolsa”, disse.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.