Bagão Félix receia “mais uma crise bancária”

  • ECO
  • 24 Julho 2020

Félix afirma recear “que haja mais uma crise bancária” em Portugal, nomeadamente quando as moratórias acabarem. Quanto ao acordo da UE diz que é bom, mas alerta que o dinheiro pode chegar só em 2021.

O economista e antigo ministro das Finanças António Bagão Félix está preocupado com o atual contexto económico e social do país. Em entrevista ao Jornal de Negócios (acesso pago), diz recear “que haja mais uma crise bancária” em Portugal.

Face ao impacto económico provocado pela pandemia de Covid-19, Bagão Félix avisa que o país “nunca” teve “uma recessão tão brutal“, que se vive não só do lado da procura, mas também da oferta e que vai causar “o desaparecimento de empresas” e levar “muitas empresas ao desemprego”. Além disso, o antigo ministro demonstra-se receoso quanto às moratórias. “Quando as moratórias terminarem, e as pessoas e as empresas tiverem de pagar, o que vai acontecer? Terão condições de pagar? Receio que haja mais uma crise bancária. Espero que não, mas receio“, aponta.

Quanto ao Plano de Recuperação acordado esta semana pelos 27 líderes dos Estados-membros da União Europeia (UE), Bagão Félix considera “que não é ótimo para Portugal”, mas importante, não só pelo facto, de “pela primeira vez, existir uma parcela da dívida que é mutualizada”. Ainda assim, deixa o aviso de Portugal poder não receber o dinheiro antes do final de 2021 “por causa da máquina burocrática da União Europeia”, conclui.

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Costa anuncia para setembro o pacote anti-corrupção

O primeiro-ministro anunciou a data em que será feita a apresentação de medidas como tribunais mais especializados, colaboração premiada e a separação de megaprocessos.

António Costa anunciou, no debate do Estado da Nação desta sexta-feira, que no início de setembro será anunciado o pacote anti-corrupção preparado pelo Governo.

Neste momento encontra-se em fase de audições, seguindo-se a fase de consulta pública e, após as férias de verão, o Governo acredita já ter o plano pronto, cujo conteúdo será anunciado publicamente.

Este plano incluiu questões como a separação/divisão de megaprocessos em processos mais curtos, tribunais (juízos) especializados em corrupção e a introdução nas leis processuais penais de um conceito mais alargado de colaboração premiada.

No final do ano passado foi criado um grupo de trabalho sobre a tutela da ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, constituído por académicos e representantes do Ministério Público, do Conselho Superior da Magistratura, do Conselho de Prevenção da Corrupção e da Polícia Judiciária. Cujos trabalhos acabaram por ficar atrasados, devido à propagação da Covid-19 e consequente estado de emergência.

Esta “estratégia nacional de combate à corrupção” — como lhe chamou o Governo — começou logo por causar algum frenesim na classe política e jurídica num ponto específico: colaboração ou delação premiada. Apesar de já constar na lei, esta requer alterações para ser mais fácil de aplicar, explicou na altura a titular da pasta da Justiça.

A delação ou colaboração premiada, tal como está concebida na lei, torna-se difícil de aplicar, uma vez que impõe um prazo de 30 dias entre a prática do crime de corrupção e o momento em que a denúncia é feita. Assim, a forma de introduzir uma melhoria passa por retirar da lei a existência desse prazo para a denúncia. A ideia é contrariar as condenações irrisórias pelo crime de corrupção, devido à dificuldade da prova.

Mas há ainda outros entraves como o facto de a lei não dar as devidas garantias a quem opte por denunciar o crime. Nas mudanças que deverão ser feitas, será mantida a possibilidade de o juiz reduzir a pena ao denunciante. Assim, ser-lhe-ão dadas garantias, isto sem que seja posto em causa, nem sacrificado, o princípio da presunção de inocência.

A juntar à já existente possibilidade de os arguidos beneficiarem da suspensão provisória do processo, através da aplicação de uma injunção para o pagamento do que é devido ao Estado, poderá ainda ser possível criar um acordo negociado de sentença, isto é, o arguido admite o crime e a culpa, dispõe-se a devolver o produto conseguido através do crime económico e em contrapartida o juiz propõe uma pena efetiva reduzida.

Outras das medidas que serão apresentadas é a separação dos megaprocessos em vários mais pequenos. O objetivo é desmontar os processos por forma a evitar os “casos gigantes”, como o caso BES ou a Operação Marquês, cujas respetivas acusações ultrapassaram as 4 mil páginas.

O Ministério da Justiça quer também que seja feita uma alteração à legislação em vigor, no sentido de criar juízos/tribunais especializados em crimes de corrupção. Tal como existem atualmente os do comércio ou de trabalho.

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Rui Rio quer Ministério Público a investigar vendas de imóveis do Novo Banco

Rui Rio voltou a questionar o Governo sobre o Novo Banco, acusando-o de entregar milhões de euros dos impostos dos portugueses sem verificar a "justeza desses pagamentos e a razoabilidade das perdas".

Rui Rio quer que o Ministério Público se “debruce” sobre a forma como o contrato de venda do Novo Banco ao Lone Star, em 2017, está a ser executado, nomeadamente em relação à venda de um lote de imóveis que levantou a suspeita por ter sido feita a um fundo de investimento com ligações recentes ao presidente do conselho geral de supervisão do banco.

Esta operação em causa, segundo adiantou o Público (acesso pago) no início do mês, gerou perdas de milhões de euros que foram cobertas pelo Fundo de Resolução, com recurso a um empréstimo do Estado. Até ser nomeado chairman do Novo Banco, Byron Haynes liderou um banco detido pelo fundo Cereberus, a quem o banco português vendeu 200 imóveis com uma perda de 328 milhões de euros. Seguiu-se uma queixa à autoridade europeia (ESMA) com a denúncia de “gestão ruinosa” e “conflito de interesses”.

“Ainda que esta transação possa ser vir a ser considerada formalmente legal, ela é eticamente muito questionável e carece de pormenorizado esclarecimento. Aliás, também não se entende, por que razão o Novo Banco agrupa em lotes gigantescos os imóveis que pretende alienar, restringindo a procura e reforçando, assim, o peso negocial dos potenciais compradores”, referiu o presidente do PSD esta sexta-feira no debate sobre o Estado da Nação.

“Tudo isto que temos visto e ouvido é já suficiente para que o Ministério Público se possa debruçar sobre a forma como este contrato de venda do Novo Banco à Lone Star tem vindo a ser executado”, acrescentou Rui Rio.

"Tudo isto que temos visto e ouvido é já suficiente para que o Ministério Público se possa debruçar sobre a forma como este contrato de venda do Novo Banco à Lone Star tem vindo a ser executado.”

Rui Rio

Presidente do PSD

Neste sentido, Rio acusou o Governo de entregar “recorrentemente milhões de euros dos nossos impostos” ao Novo Banco “sem cuidar de analisar ao pormenor a justeza desses pagamentos e a razoabilidade das perdas invocadas”.

E ironizou: “O Novo Banco deve ter sido o único proprietário em Portugal que, nos anos imediatamente anteriores à pandemia, vendeu imóveis a perder dinheiro”.

Esta sexta-feira, em entrevista ao Jornal Económico (acesso pago), o chairman do Novo Banco disse ser “inadmissível” ter a sua independência questionada. Confirma que foi CEO do BAWAG P.S.K, mas que nunca mais teve qualquer contacto com o Cerberus desde que saiu.

“O Novo Banco, os reguladores e eu não temos conhecimento, nem fomos informados, sobre nenhuma queixa submetida à ESMA, tal como foi publicado no Público há umas semanas — a qualidade do jornalismo teria sido boa se tivessem conseguido soletrar corretamente o nome deste banco e o meu. Eu sou um chairman independente e fui nomeado em outubro de 2017 e passei no fit & proper, que foi aprovado pelo BCE e pelo Banco de Portugal”, afirmou Byron Haynes.

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Algumas freguesias podem deixar estado de calamidade na próxima semana, diz Medina

  • ECO
  • 24 Julho 2020

Presidente da Câmara de Lisboa admite que algumas das 19 freguesias podem deixar estado de calamidade nos próximos dias. "É um cenário provável, caso a evolução da pandemia se mantenha positiva", diz.

Caso a evolução da pandemia se mantenha positiva, o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, admite que é possível que algumas das 19 freguesias da Área Metropolitana de Lisboa saiam do estado de calamidade já no início da próxima semana, avançaem declarações à Renascença (acesso livre).

“Admito que esse é um cenário bastante provável, se se mantiver esta evolução positiva. Estamos a lidar sempre com o inimigo invisível de desenvolvimento bastante incerto, mas é um cenário possível”, diz o presidente da Câmara de Lisboa.

O edil diz à Renascença que ainda é cedo para respirar de alívio, mas acredita que o número de novos infetados com o novo coronavírus na região da Grande Lisboa continue a diminuir.

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Reino Unido mantém Portugal de fora dos corredores aéreos. É decisão “não fundamentada”, diz o Governo

O Governo britânico alterou a lista dos corredores aéreos, mas manteve Portugal de fora. Assim, os britânicos que venham a Portugal terão de continuar a fazer quarentena quando chegarem a Inglaterra.

O Reino Unido alterou a lista de corredores aéreos, mas manteve Portugal de fora, refere o site do Governo britânico. À lista de países isentos de quarentena foram acrescentados cinco, mas Portugal continua a não merecer esta distinção. Assim, os britânicos que viajarem para Portugal terão de continuar a fazer quarentena quando regressarem a Inglaterra.

“A partir de terça-feira, 28 de julho de 2020, os passageiros não vão precisar de fazer quarentena ao chegar a Inglaterra vindos da Estónia, Letónia, Eslováquia, Eslovénia e São Vicente e Granadinas [Caribe]“, lê-se no site do Governo britânico. Ainda assim, precisando ou não de realizar quarentena, “todos os viajantes, inclusive os de destinos isentos, deverão preencher um formulário de localização na chegada ao Reino Unido”.

Portugal continua, assim, de fora dos corredores aéreos com o Reino Unido, dado o elevado número de casos de infeção que tem sido registado nos últimos dias. Quer isto dizer que os britânicos que viajem para Portugal terão de cumprir uma quarentena de 14 dias no regresso a Inglaterra. O mesmo se aplica aos portugueses que viajem para Inglaterra, que têm de se auto isolar à chegada ao território britânico.

A notícia inicial de que Portugal estava excluído dos corredores aéreos levantou uma onda de preocupação e indignação no Governo português, mas principalmente no setor turístico. As críticas estão relacionadas com os critérios usados pelo Reino Unido, que membros do setor e do Executivo acreditam que não são os mais acertados. Mais recentemente, o ministro da Economia disse que esta decisão foi tomada “sem fundamento científico, mesmo adotando o critério que decidiu seguir”.

Estas restrições aplicam-se apenas às viagens com destino a Inglaterra, deixando de fora a Escócia, País de Gales e a Irlanda do Norte. A distinção acontece porque houve desentendimento na adoção destas medidas e estes Governos acabaram por decidir adotar as próprias medidas.

O Governo britânico vai avaliar esta lista periodicamente — “semanalmente, se for necessário” –, de acordo com o evoluir da situação pandémica internacional. “Estamos preparados para responder rapidamente se a situação de saúde de um país piorar”, diz o Executivo de Boris Johnson.

MNE fala em decisão “não fundamentada”

O Ministério dos Negócios Estrangeiros já reagiu, lamentando a decisão de manter Portugal de fora. “O MNE lamenta que Portugal não tenha sido acrescentado à lista de países em relação aos quais o Reino Unido não exige quarentena. É uma decisão não fundamentada nem suportada pelos factos”, lê-se no tweet publicado momento depois do anúncio desta decisão.

Minutos mais tarde, o próprio ministro dos Negócios Estrangeiros também comentou esta decisão, lamentando a exclusão de Portugal e dizendo que aguarda que as autoridades britânicas “evoluam”. Em declarações aos jornalistas, transmitidas pela SIC Notícias, Augusto Santos Silva adiantou que teve “reuniões indispensáveis” com o ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, onde foram trocadas “informações indispensáveis”.

“A partir do momento em que as autoridades britânicas nos explicaram quais eram os cinco critérios que consideravam para tomar estas decisões, nós demonstrámos que, em relação ao conjunto desses critérios, a situação epidemiológica de Portugal era muito positiva. Designadamente quanto à capacidade de testagem, à taxa de letalidade, ao índice de reprodução, à capacidade de resposta do sistema de saúde e ao número de casos por cada 100 mil habitantes, que tem vindo a diminuir”, disse o ministro.

Augusto Santos Silva disse ainda que o MNE foi informado desta decisão pelo próprio Governo britânico no final da tarde desta quinta-feira. Contudo, “das duas formas como fizeram essa comunicação, em nenhuma delas explicaram os fundamentos científicos e técnicos“. “Esperamos que mais dia menos dia, mais semana menos semana, a realidade se imponha, os dados sejam reconhecidos e a decisão seja revista”, rematou.

Indicadores portugueses não permitem aliviar estas restrições, diz embaixada

Um comentário por parte da Embaixada do Reino Unido em Portugal também já chegou, com este órgão a explicar que “o primeiro dever de qualquer Governo é proteger a sua população”, acrescentando que as autoridades de saúde britânicas “tomam em consideração uma série de fatores que afetam as viagens ao estrangeiro, tais como as taxas semanais de incidência ajustadas à população, a taxa de mortalidade, o nível de testes no país (taxa, capacidade, taxa de positividade), os dados reportados pelos países da OMS, e a evidência epidemiológica”.

Os cientistas que estão a aconselhar o Governo britânico, lê-se no comunicado, “tiveram em consideração muitos indicadores para além do números de casos mais recentes. Por exemplo, dados regionais, dados sobre testes, estratégia de testagem e a natureza dos recentes surtos de Covid-19 em Portugal. Houve também contactos diretos entre especialistas de ambos os países para analisar estes dados”.

A embaixada diz que o Governo de Boris Johnson reconhece os “esforços abrangentes por parte do Governo português e das autoridades de saúde no combate à pandemia”, contudo, salienta que, “nas últimas semanas, a prevalência do vírus em Portugal continental durante o período recente permaneceu persistentemente alta”. “Embora os indicadores estejam a melhorar em Portugal, não estão ainda a um nível que permita ao Governo britânico aliviar estas restrições”.

“Continuamos a acreditar que as medidas adotadas pelas autoridades portuguesas são as corretas e irão reduzir a taxa de infeção para níveis baixos de uma forma sustentada, permitindo que o Reino Unido elimine as restantes restrições logo que isso possa ser alcançado em segurança”, remata.

(Notícia atualizada às 14h13 com declarações de Augusto Santos Silva)

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“A resposta não é proibir os despedimentos”, diz António Costa

"Proibir os despedimentos é destruir mais empresas e gerar mais despedimentos", defendeu o primeiro-ministro, no debate sobre o Estado da Nação.

O primeiro-ministro considera que a resposta às dificuldades que hoje se sentem no mercado laboral face à pandemia de coronavírus não passa pela proibição dos despedimentos, como têm defendido os grupos parlamentares mais à esquerda. “Aquilo que temos de fazer é prosseguir uma estratégia de reanimação da economia“, sublinhou o chefe do Executivo.

António Costa está a participar, esta sexta-feira, no debate sobre o Estado da Nação. Foi nesse contexto que o primeiro-ministro indicou que a proibição dos despedimentos não faz parte dos planos do Governo, já que tal opção resultaria, disse o governante, na destruição de mais empresas e em mais despedimentos. De modo a proteger os postos de trabalho, é preciso, portanto, “prosseguir uma estratégia de reanimação da economia”, defendeu o chefe do Executivo.

O lay-off simplificado, uma das principais medidas excecionais lançadas em resposta à crise pandémica, proíbe despedimentos coletivos e por extinção do posto de trabalho, mas as bancadas mais à esquerda têm avisado que tal não protege os milhares de trabalhadores com contratos a termo ou em situações precárias. Além disso, a referida proibição expira 60 dias após a saída da empresa do regime do lay-off simplificado, o que também preocupa alguns partidos e sindicatos, que antecipa uma escalada do desemprego.

E numa altura em que o Executivo está a preparar o apoio para suceder o lay-off simplificado — que ficará disponível, a partir de agosto, só para as empresas encerradas por imposição legal –, António Costa ainda nada adiantou, esta sexta-feira, sobre essa nova medida, cujos contornos serão críticos para o futuro das empresas, têm dito as confederações patronais.

Também no debate desta sexta-feira, a bloquista Catarina Martins lembrou que, logo no primeiro mês da economia, cerca de 100 mil trabalhadores passaram a novos desempregados, tendo grandes empresas, como a Galp Energia, dispensado os precários. Sobre o lay-off, a deputada frisou ainda que, “todos os dias”, chegam queixas de empresas que, estando a trabalhar a 100%, pedem este apoio que prevê a redução dos horários ou até mesmo a suspensão dos contratos, o que também já foi denunciado pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT).

E em resposta ao primeiro-ministro, Catarina Martins frisou que, tal como os despedimentos estão proibidos no seio do lay-off simplificado, também deviam estar no caso das empresas que “têm lucros em tempos de crise”. A bloquista lembrou ainda que António Costa recusou fechar um acordo com o Bloco de Esquerda sobre as medidas laborais, ponto que o partido tinha identificado como essencial para repetir a Geringonça.

(Notícia atualizada às 12h30 com declarações de Catarina Martins)

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Procurador-Geral da Suíça demite-se devido a controvérsia da FIFA

Michael Lauber, o procurador-geral da Suíça responsável pelas investigações à FIFA, pediu a demissão.

Michael Lauber demitiu-se esta sexta-feira do seu cargo de procurador-geral, depois de um tribunal suíço ter concluído que mentiu aos investigadores enquanto o seu gabinete examinava o alegado caso de corrupção em torno do organismo que governa o futebol (FIFA), que ficou conhecido nos meios de comunicação por ‘FIFAgate’. Foi o próprio procurador que anunciou a decisão através de um comunicado.

Lauber, suspeito de coluio com Gianni Infantino, devido a várias reuniões informais com o presidente do organismo que rege o futebol mundial, disse, em comunicado, renunciar ao cargo para defender “o interesse das instituições”.

O procurador-geral foi retirado da investigação ao escândalo de corrupção que assolou a FIFA em 2015, o denominado ‘FIFAgate’, por não ter declarado os contactos estabelecidos com Infantino, tendo também sido sancionado com um corte salarial de 8%, pelo Ministério Público da Suíça, por ter mentido e obstruído a investigação disciplinar que era alvo.

Hoje, o Tribunal Administrativo Federal (TAF) acolheu parcialmente o recurso de Lauber, reduzindo o corte para 5%, mas o procurador acabou por se demitir.

“No essencial, foram violados os deveres do procurador-geral, em particular no que diz respeito à terceira reunião com o presidente da FIFA, também considerada uma violação grave dos seus deveres”, lê-se no comunicado do TAF, que reconhece que Lauber “prejudicou a reputação” do Ministério Público, sem estar ciente da “ilegalidade dos seus atos”.

Em comunicado, Lauber disse “respeitar a decisão do TAF”, mas continuando “a rejeitar veementemente a acusação de mentir”.

A 04 de julho, a justiça suíça nomeou Stefan Keller como procurador extraordinário para avaliar supostos atos de conluio por parte de Infantino e Lauber, resultantes de denúncias anónimas.

Keller, presidente do Supremo Tribunal e presidente do Tribunal Administrativo do Cantão de Obwalden, é o responsável por “avaliar as denúncias criminais transmitidas” à Autoridade de Vigilância do Ministério Público da Confederação Suíça, contra Lauber, Infantino “e outros”, segundo revelou, na altura, a autoridade que supervisiona a acusação.

Caso o procurador extraordinário considere que “existem indícios”, será aberto um processo criminal juntos das comissões competentes.

Na mesma altura, também através de um comunicado, a FIFA “acolheu” a decisão de nomear um procurador extraordinário, reforçando que “continuará a cooperar de forma transparente com as autoridades suíças, pois é do seu interesse que as queixas anónimas sejam tratadas o mais rápido possível”.

Atualmente, estão abertos processos penais contra três ex-dirigentes do organismo que rege o futebol mundial, incluindo o antecessor de Infantino, o suíço Sepp Blatter, e o atual presidente do Paris Saint-Germain, Nasser al-Khelaifi, sendo que todos eles negaram quaisquer irregularidades.

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Rio ataca gestão do Governo nos dossiers TAP e Novo Banco. São “dois monstros de proporções gigantescas”

O líder da oposição considera que a gestão do Governo nos dossiers da TAP e do Novo Banco é "altamente preocupante". São "dois monstros de proporções gigantescas", classificou.

Numa intervenção no debate do Estado da Nação, esta sexta-feira, o líder do Partido Social-Democrata criticou a gestão do Governo nos dossiers da TAP e do Novo Banco, afirmando que esta é “altamente preocupante”. Para Rui Rio tanto a transportadora aérea como o sucessor do BES são “dois monstros de proporções gigantescas” para as contas públicas e para o estado da economia em plena crise pandémica.

“Não é, por isso, entusiasmante ver o Governo falhar de forma significativa as previsões macroeconómicas constantes do orçamento suplementar, e é, acima de tudo, altamente preocupante assistir à forma como têm sido geridos os dossiers da TAP e do Novo Banco“, afirmou Rio, concluindo que “estamos perante dois monstros de proporções gigantescas em face da debilidade das nossas finanças públicas e da conjuntura económica e social que atravessamos”.

“Temos de ter consciência que no estado em que se encontra a nossa dívida pública e o nosso endividamento externo, qualquer erro que o Governo cometa terá efeitos decisivos para o nosso futuro coletivo”, alertou Rio. Por isso, o líder da oposição apelou ao Governo para gerir da melhor forma possível os fundos que irão chegar da União Europeia, assinalando que “desta vez, não há margem para falhar, nem margem para adiar“.

Os alertas referem-se não só à TAP e ao Novo Banco, mas também a outros investimentos que serão feitos. “Cair na tentação política de agradar apenas no curto prazo, distribuindo as verbas em função de lógicas partidárias ou de submissão aos interesses mais poderosos, será penhorar o futuro da nossa sociedade e fazer exatamente o contrário daquilo que se impõe”, argumentou o líder do PSD, rejeitando “projetos irrealistas ou megalómanos”. Anteriormente, o PSD abriu o debate do Estado da Nação questionando as decisões do Governo ao nível do hidrogénio.

TAP? “Tudo nos faz temer o pior”, diz Rio

O líder do PSD foi especialmente crítico da injeção de mil milhões de euros na TAP, processo em que “tudo nos faz temer o pior”, nas palavras de Rio. “A TAP é uma empresa falida, por permanente acumulação de prejuízos. A TAP não foi capaz de apresentar um plano de negócios e a correspondente reestruturação. A TAP apenas pediu o dinheiro que entendeu, e o Governo decidiu de forma temerária entregar-lhe imediatamente mil milhões de euros”, considera.

Rui Rio foi especialmente crítico da administração da TAP que “gosta de distribuir [prémios] em anos de prejuízo” e que neste momento pagou “o lay-off principesco”. “Sem plano credível, sem uma reestruturação devidamente negociada e sem um horizonte claramente definido, o Estado não devia entrar num negócio que tudo tem para ajudar o país a arruinar-se financeiramente”, aponta, apelando ao Estado para tratar esses dossiers “de forma bem mais prudente”. E deixou uma pergunta: “Que explicação dará o Governo ao País, se daqui por um ano a TAP estiver de mão estendida a pedir mais uns largos milhões de euros aos portugueses?

Em relação ao Novo Banco, o deputado social-democrata criticou o Governo por não analisar ao pormenor o que justifica as sucessivas injeções anuais que o Fundo de Resolução tem de fazer no banco. “O Novo Banco deve ter sido o único proprietário em Portugal que, nos anos imediatamente anteriores à pandemia, vendeu imóveis a perder dinheiro“, afirmou Rio, referindo as notícias de que foram vendidos imóveis a fundos de investimento com ligação ao presidente do Conselho Geral de Supervisão do Novo Banco. “Ainda que esta transação possa ser vir a ser considerada formalmente legal, ela é eticamente muito questionável e carece de pormenorizado esclarecimento“, concluiu.

“Temos de ser capazes de reagir da forma mais eficaz e mais competente”

No final do seu discurso, Rio apelou a que o país seja capaz de “reagir da forma mais eficaz e mais competente que estiver ao nosso alcance”. “Temos de ser capazes de transformar, com a enorme ajuda dos fundos europeus, a ameaça que sobre nós tem pairado, numa oportunidade de modernização da nossa sociedade e de reforço da nossa competitividade“, afirmou o líder da oposição, referindo que “só quem não estiver no seu juízo perfeito” é que iria querer austeridade.

E elegeu algumas das prioridades do PSD: serviços públicos com “maior eficácia”, menos burocracia e custos de contexto; uma justiça “mais célere”, que combata a corrupção, e sem ser um “entrave” à atividade económica; investimento público com “grande efeito multiplicador” que reforce a “competitividade” da economia; criação das condições necessárias para as PMEs reforçarem a competitividade nos mercados externos, “com produtos de maior valor acrescentado, de forma a criarem mais e melhores empregos para os portugueses”.

(Notícia atualizada às 12h24 com mais informação)

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Pandemia já afetou 400.000 empregos no setor da aviação

O setor da aviação é um dos mais afetados pela pandemia. No total, são cerca de 400.000 postos de trabalho afetados, pelo lay-off ou mesmo despedimentos, um pouco por todo o mundo.

Sem aviões nos céus e com as viagens limitadas, para travar a pandemia do novo coronavírus, o setor da aviação está a ser um dos mais afetados. Um pouco por todo o mundo, as companhias aéreas colocaram milhares de trabalhadores em lay-off e viram-se obrigadas a suprimir milhares de postos de trabalho para garantir a continuidade do negócio.

De acordo com os cálculos da Bloomberg (conteúdo em inglês, acesso livre), cerca de 400.000 trabalhadores neste setor já foram dispensados, colocados em lay-off ou têm em risco o seu emprego, devido à pandemia.

A onda de despedimentos ou lay-off tem atingido pilotos, tripulação de cabine e até outros profissionais que trabalham nos aeroportos. Entre as companhias afetadas estão nomes como Ryanair, Emirates, Airbus, Air france, British Airways, Lufthansa, Emirates e Qantas Airways.

Há duas semanas, a Emirates, dos Emirados Árabes Unidos, revelou que pretende eliminar até 9.000 postos de trabalho devido à diminuição da procura gerada pela pandemia.

No final de junho, a Airbus já anunciou que vai suprimir “cerca de 15 mil postos” de trabalho, o que corresponde a 11% dos efetivos a nível global, até ao verão de 2021. Com esta decisão, serão afetados 5.100 postos de trabalho na Alemanha, cinco mil em França, 1.700 no Reino Unido, 900 em Espanha e 1.300 em outros países.

No início deste mês, a Air France avançou que pretende cortar 7.580 postos de trabalho, na empresa Air France e na subsidiária regional Hop!, até ao final de 2022. O mesmo aconteceu com a low-cost Ryanair, que anunciou o corte de 3.500 postos de trabalho caso os funcionários não aceitassem os cortes salariais depois de, em maio, ter despedido mais de 250 trabalhadores devido ao colapso da procura.

Nos Estados Unidos, a perda de empregos nas companhias Delta Air Lines, a United Airlines e a American Airlines pode ultrapassar os 100.000, aponta a Bloomberg, que refere ainda que os dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo apontam para perdas em profissões relacionadas com o setor da aviação — desde engenheiros até aos trabalhadores das agências de viagens — que podem atingir os 25 milhões de empregos.

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Fesap diz que há serviços a propor acordos de teletrabalho que “não são sérios”

  • Lusa
  • 24 Julho 2020

A Fesap alerta que há alguns serviços do Estado a propor aos trabalhadores acordos para teletrabalho que “não são sérios” e exige que a matéria seja regulamentada.

O dirigente da Federação de Sindicatos da Administração Pública (Fesap) disse esta sexta-feira que há alguns serviços do Estado a propor aos trabalhadores acordos para teletrabalho que “não são sérios” e exige que a matéria seja regulamentada.

“Não é séria a postura de alguns serviços”, afirmou à Lusa o líder da Fesap, José Abraão, antes de entrar para a reunião com o secretário de Estado da Administração Pública, José Couto, que hoje volta a receber as estruturas sindicais no Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública, em Lisboa, para discutirem o teletrabalho.

Segundo José Abraão, está a haver um “aproveitamento” por parte de “alguns serviços” que estão a apresentar acordos para teletrabalho aos funcionários que “penalizam a parte mais débil da relação do trabalho, que é o trabalhador”.

O dirigente sindical refere um acordo, sem especificar, que “tem uma cláusula em que o serviço de origem fica dispensado em disponibilizar seja o que for”. “O trabalhador tem de dispor de todas as ferramentas informáticas, bem como ter as condições de higiene e segurança” no seu posto de trabalho, seja em casa ou em outro local onde exerça funções.

“Isto não é sério e é por isso que queremos a regulamentação desta matéria, porque com acordos destes o empregador fica dispensado de tudo, passando toda a responsabilidade para o trabalhador”, sublinha José Abraão.

Além da Fesap, o secretário de Estado da Administração Pública recebe esta sexta-feira a Frente Sindical liderada pelo Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) e a Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública.

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Atividade económica da Zona Euro volta a crescer em julho. É o melhor desempenho em dois anos

A atividade económica na Zona Euro está a demonstrar sinais de recuperação, tendo voltado a registar um crescimento em julho, segundo os dados da IHS Markit. 

Pela primeira vez desde janeiro, a atividade económica na Zona Euro voltou a crescer, impulsionada pelo facto de a maioria das economias terem reaberto após o confinamento imposto pela pandemia. É o ritmo mais alto em cerca de dois anos, segundo os dados divulgados esta sexta-feira pela IHS Markit.

O índice que mede a atividade da indústria e dos serviços (o Purchasing Managers’ Index ou PMI) na área da moeda única fixou-se nos 54,8 pontos em julho, acima do valor registado no mês anterior, quando atingiu os 48,5 pontos.

Este é o registo mais elevado desde meados de 2018 e muito acima do mínimo de 13,6 pontos registados em abril. Leituras acima dos 50 significam que a atividade económica está em expansão e abaixo dos 50, em contração.

“As empresas da Zona Euro caminham para um início de terceiro trimestre encorajador, com a produção a crescer, em julho, à taxa mais rápida em pouco mais de dois anos, em consequência de os bloqueios continuarem a diminuir e as economias a reabrir”, disse Chris Williamson, economista-chefe da IHS Markit, citado pela Reuters (acesso livre, conteúdo em inglês).

Assim, esta procura foi reanimada pelo chamado “Grande Desconfinamento”, bem como pelas novas encomendas que aumentaram pela primeira vez desde fevereiro. Nesse sentido, segundo as estimativas da consultora, o índice de negócios (new business index, em inglês) cresceu para 57,2 pontos, comparativamente com os 47 pontos registados em junho. Este é também o registo mais elevado desde outubro de 2018.

Para o futuro, Williamson avisa que muitas empresas continuam “a reduzir a força de trabalho a um ritmo alarmante”, preocupadas com o facto de a procura subjacente poder não ser suficiente para sustentar a recente melhoria na atividade.

O “Grande Confinamento” levou o Fundo Monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 4,9% em 2020, arrastada por uma contração de 8% nos Estados Unidos, de 10,2% na Zona Euro, menos 2,7 pontos do que as previsões de abril. Para Portugal, o FMI prevê uma recessão de 8% e uma taxa de desemprego de 13,9% em 2020.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 627 mil mortos em todo o mundo e infetou mais de 15,2 milhões de pessoas em 198 países e territórios. Em Portugal, o novo coronavírus já infetou mais de 49 mil pessoas, das quais 1.705 acabaram por morrer. Até ao momento registam-se 34.369 casos recuperados.

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Costa garante que não haverá rendas excessivas na produção de hidrogénio

No Estado da Nação, Costa afirmou que "Portugal tem condições únicas para ser o grande produtor de hidrogénio verde na Europa porque dispõe de água abundante no mar e energia solar barata"

O primeiro-ministro António Costa garantiu esta sexta-feira no debate do Estado da Nação que a aposta do Governo português no hidrogénio verde não vai gerar novas rendas excessivas no setor da eletricidade, como aconteceu no passado com os CMEC nas centrais térmicas ou as tarifas feed in nas renováveis.

“O leilão que abrimos gerou neste momento intenções de investimento privado de 16 mil milhões de euros. A contrapartida de investimento público são 400 milhões de euros ao longo de 10 anos. Esta é uma ajuda pública que é uma parcela mínima do investimento alavancado pelos privados e que estão disponíveis para fazer porque acreditam nesta tecnologia do futuro”, disse Costa.

Na sua intervenção no debate, Rui Rio disse que a aposta no hidrogénio pode ser um projeto “extremamente perigoso” por se tratar de uma “tecnologia ainda muito atrasada”. “Para termos investimento privado, só com subsídios. Receio que tenhamos pela frente mais um episódio de rendas garantidas agora para o hidrogénio”, disse o líder do PSD, questionando porque é que a “fatia de leão” do investimento será em Sines tendo em conta que “os custos de transporte do hidrogénio são brutais”.

“Será que é em Sines porque este negócio interessa mais à EDP do que aos portugueses, a exemplo do negócio de rendas excessivas que agora o Ministério público está a investigar? Não temos condições para aventuras nem para ideias megalómanas. E a situação pode ser pior se o Governo vier a fazer novos leilões com rendas garantidas para a energia renovável agora com a desculpa que é para produzir hidrogénio”, acusou Rio, rematando: “Pode garantir-nos que não haverá mais negócios da China?”.

Luís Leite Ramos, também do PSD, pediu a Costa para explicar se o Governo vai realizar um concurso internacional para a escolha dos parceiros estratégicos do Governo na fábrica de hidrogénio que vai nascer em Sines.

Na sua resposta, Costa explicou que o hidrogénio vai ser vital para a descarbonização da indústria e dos transportes pesados. “Portugal tem condições únicas para ser o grande produtor de hidrogénio verde na Europa porque dispõe de água abundante no mar e energia solar barata. Não é por acaso que estamos no coração da estratégia europeia para o hidrogénio verde. Não é uma ideia bizarra do Governo português. Honra-nos muito estar com a Holanda e a Alemanha no conselho de administração da Aliança para o Hidrogénio verde na Europa. Queremos e vamos ter uma posição liderante”, disse o governante.

Perante as questões do PSD, o primeiro-ministro lembrou que “30% do conjunto dos fundos comunitários terão de ser associados a investimentos na luta contra as alterações climática. O mar é fundamental como regulador do ambiente, a floresta como sumidouro de CO2, o transporte urbano e suburbano, mas a energia é inescapável. Portugal compara melhor em termos internacionais na questão da energia, porque teve a capacidade de, em tempo próprio, ter visão estratégica de investir nas renováveis. Por isso 54% da energia elétrica que consumimos hoje já assegurada por fontes renováveis. Não acontece em mais nenhum país europeu”. Costa lembrou que o leilão histórico para a produção energia solar em 2019 teve o menor custo a nível mundial.

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