Comissária portuguesa defende mercado europeu para energias renováveis 

  • Lusa
  • 9 Janeiro 2020

Elisa Ferreira diz que Portugal “tem um excedente de energia renovável”, pelo que a seu ver “a questão é como transportar a sua energia renovável através de Espanha e de França para os outros países".

A comissária europeia portuguesa, Elisa Ferreira, defendeu esta quinta-feira a criação de um mercado interno “fluído e operacional” na União Europeia (UE) para a troca comercial de energias renováveis, que permitiria a países como Portugal exportar solar.

“Estamos numa mudança global e, portanto, é absolutamente essencial […] criar condições para ter um mercado para renováveis suficientemente fluido e operacional”, afirmou a responsável portuguesa, em conferência de imprensa após um encontro sobre política de Coesão no Comité das Regiões, em Bruxelas.

Além de permitir a troca comercial deste tipo de energia – que países como Portugal chegam a produzir em excedente, em casos como o solar –, Elisa Ferreira notou que este mercado interno iria contribuir para “uma produção [energética] menos penosa para o planeta”, dado ser feita de fontes renováveis.

“A Europa baseia-se na partilha das melhores condições para a produção de determinados bens e a energia é um deles”, observou a comissária portuguesa com a pasta da Coesão e Reformas.

Ainda assim, Elisa Ferreira notou que tal mercado “não impede a necessidade de explorar, em termos de ciência, tecnologia e inovação, outras formas de produzir energia”.

Elisa Ferreira reagia a declarações feitas pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em dezembro passado.

Numa intervenção na sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo, a presidente do executivo comunitário observou que Portugal “já tem um excedente de energia renovável”, pelo que a seu ver “a questão para Portugal é como transportar a sua energia renovável através de Espanha e de França para os outros países onde esta energia é necessária”, no âmbito de projetos para interligações elétricas que estão na gaveta há vários anos.

Em julho de 2018 foi assinado, em Lisboa, um acordo entre responsáveis políticos de Portugal, Espanha e França para avançar com uma interligação elétrica a ligar os três países.

Este projeto envolve Portugal, Espanha e França e visa a criação de ligações entre Portugal e Espanha (pela Galiza) e Espanha e França (pelo Golfo da Biscaia e pelos Pirenéus).

Esta não foi a primeira vez que Portugal, Espanha e França manifestaram interesse em avançar com este tipo de interligações, mas o projeto nunca avançou, apesar de continuar a ser uma prioridade para o Governo português.

"A questão para Portugal é como transportar a sua energia renovável através de Espanha e de França para os outros países onde esta energia é necessária”

Elisa Ferreira

Em causa está um investimento de 578 milhões de euros para a primeira fase, montante que será suportado por fundos comunitários já aprovados pela Comissão Europeia.

A estas verbas acresce financiamento adicional do Banco Europeu de Investimento, não quantificado, para avançar com o projeto, bem como infraestruturas que liguem Portugal e Espanha, entre Vila Fria-Vila do Conde-Recarei (Portugal) e Beariz-Fontefría (Espanha).

As interligações energéticas são linhas de alta tensão ou gasodutos que permitem transmitir eletricidade ou gás entre redes de dois países, criando condições para a troca comercial de energia.

Elisa Ferreira voltou também a insistir na necessidade de criar um Fundo para uma Transição Justa, que será criado pelo executivo comunitário para apoiar regiões europeias mais afetadas pela transição energética, mas não avançou mais pormenores sobre este programa, remetendo mais pormenores para a próxima semana.

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Juros de mora por dívidas ao Estado baixam pelo oitavo ano

  • Lusa
  • 9 Janeiro 2020

O IGCP fixou em 4,786% os juros de mora por dívidas ao Estado. É o oitavo ano consecutivo de redução desta taxa .

Os juros de mora aplicáveis às dívidas ao Estado e outras entidades públicas diminuem este ano, pelo oitavo ano consecutivo, para 4,786%, contra 4,825% em 2019, revela um aviso publicado em Diário da República esta quinta-feira.

O aviso assinado pelo vogal do Conselho de Administração da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP, António Pontes Correia, que fixa a taxa de juros de mora aplicáveis às dívidas ao Estado e outras entidades públicas para 2020, especifica a aplicação da taxa de 4,786% desde 1 de janeiro passado.

A taxa de juro por atrasos no pagamento (mora) de dívidas ao setor público, anualmente fixada em janeiro pelo IGCP, foi de 7,007% em 2012, baixando desde aí para 6,112% em 2013, 5,535% em 2014, 5,476% em 2015, 5,168% em 2016, 4,966% em 2017, 4,857% em 2018 e 4,825% no ano passado.

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BE garante reforços na Saúde, Educação e pensões. Abstém-se e viabiliza Orçamento

Bloco de Esquerda vai abster-se na votação na generalidade do Orçamento do Estado, permitindo a aprovação do documento. Partido negociou com o Governo um conjunto de medidas até ao último minuto.

O Bloco de Esquerda vai abster-se no voto na generalidade da proposta de Orçamento do Estado para 2020 (OE2020), garantindo assim a sua viabilização. As negociações com o Governo decorreram até “ao último minuto”, adiantou Catarina Martins. Estas permitiram aos bloquistas garantir medidas, nomeadamente para a Saúde, Educação e pensões, essenciais para o BE viabilizar o documento.

Uma das medidas anunciadas implica um reforço de 180 milhões de euros para a Saúde, que acrescem ao pacote já anunciado de 800 milhões de euros, “dedicados à internalização de meios complementares de diagnóstico no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, anunciou Catarina Martins, numa conferência de imprensa esta quinta-feira, transmitida pelas televisões, horas antes do inicio da discussão do Orçamento no Parlamento.

“Tendo em conta as questões que estão garantidas já, a comissão política decidiu abster-se na votação na generalidade do Orçamento”, reiterou a coordenadora bloquista. “Na especialidade, o BE não abdica de apresentar as suas propostas para as mais diversas áreas”, concluiu.

O PCP e o PAN anunciaram nesta quarta-feira a abstenção na votação na generalidade do OE2020, o que ainda não era suficiente para garantir a viabilização. Alguns minutos depois do anúncio do BE, o PEV garantiu também que se iria abster. Os três deputados do PSD Madeira poderão também escolher esta via, uma possibilidade que foi avançada pelo Expresso. De qualquer das formas, a viabilização do documento já está garantida.

Para além das verbas adicionais para o SNS, outra das medidas negociadas pelo BE foi a eliminação de todas as taxas moderadoras nos cuidados primários de saúde ao longo de 2020. No momento de entrada em vigor do OE2020, as consultas dos cuidados primários deixam de ter taxas moderadoras. “Eliminam-se também, de forma faseada ao longo do ano, as taxas moderadoras nos meios complementares de diagnóstico e terapêutica prescritos no âmbito dos cuidados primários”, disse Catarina Martins.

Há também mudanças no regime de exclusividade no SNS, que irá começar pelos cargos dirigentes médicos, ao invés dos médicos que estão a entrar no sistema, como tinha sido proposto. Isto porque “são esses cargos que organizam o trabalho no SNS”, explicou a coordenadora bloquista.

Fora da Saúde, Catarina Martins destacou mais três medidas acordadas com o Governo nas negociações. Uma delas é a recuperação do valor das pensões mais baixas, “através duma atualização extraordinária em linha com as que foram realizadas anualmente nos anos anteriores”, anunciou.

Foi também acordada a redução do valor das propinas no primeiro ciclo do ensino superior, voltando a reduzir em 20% o valor máximo das propinas. “Neste momento a propina máxima está em 871 euros, no próximo ano letivo deve ficar em 697 euros”, adiantou a coordenadora.

Finalmente, ficou definido o alargamento do complemento solidário para idosos que integrará a eliminação da ponderação no segundo e terceiro escalões nos rendimentos dos filhos para decidir do complemento que é atribuído aos pais. Catarina Martins sublinhou que ficaram ainda “questões em aberto”, nomeadamente sobre energia, salários e prestações sociais.

(Notícia atualizada às 11h55)

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Exportações crescem seis vezes mais do que importações à boleia dos automóveis

Vendas de bens ao exterior aceleraram no penúltimo mês de 2019, à boleia do setor automóvel. Já as importações travaram. Ainda assim, Portugal regista pior défice da balança de bens do que em 2018.

As exportações de bens cresceram seis vezes mais do que as importações em novembro. As vendas de mercadorias ao exterior aumentaram 8,6% no penúltimo mês do ano passado face ao mesmo período de 2018, com os automóveis a puxarem pelo comércio português lá fora — no mesmo mês do ano anterior tinham sido travadas pela greve dos estivadores. Já as importações travaram no mesmo mês, tendo subido apenas 1,3%.

Os dados foram revelados esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Apenas incluem informações sobre o comércio de bens, deixando de fora a balança de serviços, que inclui atividades como o turismo, por exemplo, permitindo ter uma ideia completa das relações comerciais de Portugal com o exterior.

O INE explica este desempenho com a exportação de automóveis. “Destacam-se os acréscimos nas exportações e importações de material de transporte (+38,6% e +28,4%, respetivamente), sobretudo nas exportações de automóveis para transporte de passageiros e nas importações de Outro material de transporte (sobretudo aviões)”, sublinha o gabinete de estatísticas.

Há um efeito extraordinário a influenciar estes números. “Especialmente no caso das exportações, a taxa de variação homóloga reflete em parte o decréscimo significativo das exportações observado em novembro de 2018, em resultado da greve dos estivadores no porto de Setúbal e que afetou particularmente as exportações de automóveis para transporte de passageiros”, contextualiza o INE.

Isto é, se a greve fez baixar as vendas em novembro 2018, a inexistência desse impacto em novembro de 2019 melhorou o desempenho do comércio português agora.

Por esta razão, o défice da balança comercial de bens registou uma diminuição de 329 milhões de euros em novembro, atingindo os 1.735 milhões de euros.

No acumulado do ano, Portugal registava em novembro uma balança de bens deficitária em 19 mil milhões de euros, um saldo pior do que registado em todo o ano de 2018. De resto, apesar de as exportações estarem a crescer mais do que as importações nos meses mais recente, foi o seu contrário a marcar a tendência na economia portuguesa em 2019 motivada pela recuperação do investimento, o que tem aumentado as necessidades de compras nos mercados internacionais, como chegou a destacar a Comissão Europeia.

Espanha, França e Alemanha continuam a ser os principais parceiros comerciais de Portugal. Com os espanhóis, as exportações sobem quase 1% até novembro, atingindo os 13,7 mil milhões de euros. As vendas de bens a alemães e franceses aceleram 8% e 6,5%, com as exportações a totalizarem os 6,7 mil milhões e 7,2 milhões, respetivamente.

(Notícia atualizada às 11h47 com mais informação)

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IUC cobrado a mais? “AT não fica com dinheiro que não seja devido”

  • Lusa
  • 9 Janeiro 2020

António Mendonça Mendes, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, assegurou que os contribuintes a quem o Fisco cobrou IUC em excesso serão ressarcidos.

O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, garantiu hoje que a tutela está a tratar das devoluções de IUC de carros importados, garantindo que “a AT [Autoridade Tributária] não fica com dinheiro que não seja devido”.

Em declarações à margem de uma conferência sobre o Orçamento do Estado para 2020, organizada pela Católica Porto Business School e pela consultora PwC, questionado sobre a devolução do Imposto Único de Circulação (IUC) nestes casos, o governante explicou que o Governo alterou uma proposta de lei para vigorar a partir de janeiro deste ano. “O que aconteceu é que existe um conjunto de contencioso e é sobre esse conjunto de contencioso que houve uma decisão, para o retirar. Estamos nessa fase”.

Questionado sobre se só iriam devolver o valor a quem reclamasse, António Mendonça Mendes referiu que as Finanças estão “a retirar o contencioso que existe e a avaliar outros cenários”. A “AT vai deixar de litigar com milhares de contribuintes”, garantiu o governante.

“Normalmente, muitas pessoas dizem que a AT litiga contra entendimentos que não são aceites pelo tribunal e, neste caso, que há uma litigância em massa, estamos a resolver esse contencioso conformando a posição processual da AT ao entendimento que existe nos tribunais”, salientou António Mendonça Mendes. O governante assegurou depois que a tutela está “a ir ao encontro dos direitos dos contribuintes”.

“A AT não fica com dinheiro que não seja devido. Assim como recupera os tributos quando tem que recuperar, também os devolve quando tem que devolver”, garantiu. A AT vai restituir o IUC pago pelos proprietários de carros importados após 01 de julho de 2007, mas com primeira matrícula anterior a esta data e remeteu para breve um esclarecimento público sobre o tema.

A AT não fica com dinheiro que não seja devido. Assim como recupera os tributos quando tem que recuperar, também os devolve quando tem que devolver.

António Mendonça Mendes

Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais

A legislação que entrou em vigor no dia 1 de janeiro deste ano passou a prever que daqui em diante os carros importados de outros países da União Europeia, com primeira matrícula anterior a julho de 2007, passam a pagar IUC pelas regras e tabelas em vigor antes desta data, mas não havia ainda indicações sobre uma eventual devolução do valor pago em anos anteriores.

Em resposta escrita à Lusa, no dia 7, sobre se estava prevista a devolução do IUC já pago pelos proprietários destes veículos e qual o universo potencial de carros abrangidos, fonte oficial do Ministério das Finanças afirmou não possuir elementos que permitam um apuramento rigoroso sobre o “universo abrangido e valores correspondentes de imposto a restituir”.

“Embora se compreenda o recurso a diferentes fontes de informação, não pode deixar de se referir que qualquer estimativa tem sempre natureza especulativa, dado que existem diversas vicissitudes de análise desses mesmos dados que impedem que seja feito um apuramento rigoroso”, referiu à Lusa.

A mesma fonte oficial disse ainda que “o Governo solicitou à AT para divulgar, em breve, um esclarecimento público sobre o tema através de nota a publicar no Portal das Finanças”.

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Metro de Lisboa investe 1,83 milhões em bancos revestidos a cortiça

  • Lusa
  • 9 Janeiro 2020

A substituição dos bancos começou a ser realizada na segunda-feira, esperando o Metro de Lisboa que a alteração ocorra, em média, em uma a duas unidades por semana.

O Metro de Lisboa vai renovar o interior de toda a frota de comboios, substituindo os atuais bancos com forro de tecido por outros com revestimento com cortiça, num investimento de 1,825 milhões de euros, indicou esta quinta-feira a empresa.

Num comunicado e numa resposta enviada à Lusa, a empresa diz que os novos 13.516 bancos vão ser revestidos com cortiça, um produto que de origem nacional, “com custo inferior, mais fácil de manter e amigo do ambiente”, coincidindo com a iniciativa “2020 – Lisboa Capital Verde da União Europeia”. “O novo material dos assentos e costas, que vai substituir o atual tecido, é formado por um compósito de cortiça, sendo mais percetível a sua textura e a sua cor natural”, refere a transportadora.

De acordo com o comunicado, o metropolitano já disponibiliza desde 2013, em seis carruagens, cerca de 200 bancos de cortiça a título experimental, que se encontram “em boas condições”. A substituição dos bancos começou a ser realizada na segunda-feira, esperando o Metro de Lisboa que a alteração ocorra, em média, em uma a duas unidades por semana (um comboio de seis carruagens).

Segundo a empresa, a durabilidade prevista para os novos bancos com revestimento de cortiça está estimada em 15 anos, sendo maior do que a atual. Os assentos e as costas dos bancos foram dimensionados para uma total resistência na sua utilização diária, sendo, pelas propriedades dos materiais escolhidos, de fácil limpeza, num material que a empresa refere cumprir os requisitos de emissão de fumos e gases tóxicos.

O Metro de Lisboa prevê que a substituição se prolongue por todo o ano de 2020.

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Sophie Devonshire: “Um dos maiores riscos da velocidade é acelerarmos na direção errada”

Liderar à velocidade do futuro é, muitas vezes, parar para perceber a direção e o ritmo certos, explica a autora do best-seller “Superfast- How to Lead at Speed” à revista Pessoas.

Um bom líder deve conhecer-se a si próprio, ao seu público e, acima de tudo, deve conhecer a sua equipa. Para Sophie Devonshire, empresária e especialista em marcas, e autora do best-seller “Superfast- How to Lead at Speed”, o entendimento do impacto humano é tão poderoso como conhecer toda a evolução tecnológica que está na origem da era da velocidade. A velocidade é “manter o ritmo certo”, acredita a especialista. Assim como que desacelerar pode ajudar a encontrar a velocidade certa para o sucesso.

No final de outubro, Sophie Devonshire esteve em Portugal para participar no Business Transformation Summit, organizado pela CEGOC. Em conversa com a Pessoas, a especialista falou sobre liderança, revelou receitas para o sucesso e projetou o futuro dos líderes na era da velocidade.

O que significa ser líder nos dias de hoje?

A liderança num mundo que se move muito rápido é um conceito difícil. Hoje, os líderes são mais visíveis do que nunca e, acima de tudo, precisam de ser aqueles que marcam o ritmo. O que não significa que têm de se mover super rápido durante todos os segundos do dia. Na verdade, é o contrário. Os grandes líderes percebem que marcar o ritmo certo significa parar para planear, pensar lentamente, mas também significa agir rapidamente, porque se não te moveres rápido, a tua concorrência fá-lo-á. Assim, é preciso construir uma organização de uma forma em que consigas ser responsivo — e aproveitar as oportunidades quando elas surgem — e responsável, para que possas ajudar as pessoas, a sociedade e a organização.

A liderança num mundo que se move muito rápido é um conceito difícil.

Quais são os maiores desafios para os líderes desta “era de velocidade”?

Um dos maiores desafios anda à volta do conceito de energia, porque numa cultura always-on — onde a pressão nas pessoas continua e as coisas estão a mover-se tão depressa — gerir a energia enquanto líder ou empresário, gerir a energia da tua equipa ou da tua organização, é muito importante. Há um conceito na engenharia aeronáutica — mais precisamente na ciência dos foguetes — que se refere ao momento em que a crescente velocidade do foguete provoca a diminuição de oxigénio e os danos começam a sentir-se. Por isso, é muito importante para os líderes numa organização encontrarem o momento em que os danos começam a acontecer às pessoas. Precisamos de ter sustentabilidade no que toca à energia das pessoas e no seu sentido de ritmo. Gerir energia, para todos, é uma responsabilidade num mundo que pode ser assoberbante.

 

E quais os maiores riscos?

Um dos maiores riscos, para todos nós, é aceleramos mas na direção errada. Quando estava a fazer a pesquisa para o meu livro, falei com muitos engenheiros sobre a física da velocidade e, também eles, não falam de rapidez mas de velocidade. A velocidade é rapidez numa direção diferente, ou por outras palavras, rapidez na direção certa. Assim, há o risco que as pessoas se movam rapidamente, mas na direção errada e a responsabilidade dos líderes é garantir que essa direção é clara, que há orientação, que há um sentido de propósito que segue o de ritmo.

Colabora, como consultora, na Caffeine, uma empresa de consultoria de branding e desenvolvimento de negócio, no Reino Unido. Nesta era da velocidade, precisamos mesmo de mais cafeína? Ou de nos ajustar a uma determinada quantidade de “cafeína” e a um determinado ritmo?

Somos uma equipa de consultores e trabalhamos com líderes seniores, ajudando-os a estimular as marcas, os seus negócios. Procuramos o propósito e o ritmo, por isso é um bom nome para nós. Mas quando se olha mais profundamente para o que a cafeína faz, enquanto produto, tecnicamente é chamada estimulante psicoativo, que põe o cérebro a mexer e ajuda-te a pensar. Por isso, penso que todos precisamos de alguns shots de estímulo, de diferentes perspetivas, para pensarmos rápido.

Os colaboradores exigem hoje mais flexibilidade no local de trabalho, e um maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Como é que os empregadores podem responder às necessidades do futuro, ao mesmo tempo que garantem o sucesso do seu negócio?

Muitas pessoas com quem falei do mundo empresarial estão à procura de um ambiente de trabalho focado nos resultados, em vez de um ambiente de trabalho focado nas horas de trabalho. A responsabilidade de qualquer pessoa que saiba o que se passa dentro da organização, é entender como é que as pessoas podem trabalhar no seu melhor e fazer com que isso possa acontecer.

O futuro será flexível e vai ter em conta o facto de termos diferentes personalidades e formas de trabalhar. Os líderes visionários são aqueles que estão um passo à frente, em termos de reconhecerem que a mudança não é algo pelo qual estamos a passar agora, mas sim uma constante do negócio. Entender que a criatividade e sucesso vêm, frequentemente, de pessoas que têm diferentes perspetivas na vida e que têm a energia para concretizar, é uma forma de reconhecer que é necessário tempo para as pessoas descansarem e recuperarem, para irem buscar estímulos a outros locais, e não só no escritório. Pensar em formas diferentes de trabalhar é uma parte vital para conseguir marcar o ritmo certo para a organização.

Os grandes líderes percebem que marcar o ritmo certo significa parar para planear, pensar lentamente, mas também significa agir rapidamente, porque se não te moveres rápido, a tua concorrência fá-lo-á.

O que pode acontecer se os líderes não seguirem essa tendência?

O que tem sido fascinante, nos últimos anos, é vermos a rapidez com que as empresas conseguem falhar. O risco de não tomar ação correta é o fracasso. Se pensarmos em empresas como a Uber que, do nada, cresceu para uma empresa avaliada em 58 biliões de dólares, em 58 países, em cinco anos. As empresas podem mover-se mesmo muito, muito depressa. O risco para as startups e scaleups é que, também elas precisam de crescer, sem desacelerar. Por isso, ter o ritmo certo independentemente do tamanho do negócio, é a diferença entre o sucesso e a dificuldade.

Assim sendo, que recomendações podemos encontrar no livro “Superfast: Lead at Speed“, para liderar na era da velocidade?

Uma das coisas que as pessoas acham difícil é que, para se liderar em vez de gerir, tudo começa com uma pausa para o líderes pensarem quem são enquanto pessoas. Há quem o considere um pouco narcisista, mas é essencial. Também recomendo estar o mais próximo possível do teu cliente ou consumidor, porque o entendimento humano sobre o teu público vai ajudar a tomar decisões mais rápidas. E, por fim, entender a tua equipa. Dispensar tempo para conhecer a equipa é uma enorme vantagem competitiva. Abrandar para ganhar tempo pode levar a uma grande aceleração. No livro, uma das recomendações é que os indivíduos criem uma rede de cérebros. Assim será possível ir mais longe, e mais rapidamente, com a ajuda dos outros, mas é preciso garantir que não são pessoas exatamente iguais a si, ou pessoas que parecem diferentes, mas pensam da mesma forma. É necessário trazer novas perspetivas, trazer uma criança para resolver um problema complexo para adultos, ou alguém de outra indústria.

A diversidade cognitiva é um tema cada vez mais atual nas organizações. Qual a importância desta diversidade de competências para os líderes, na era da velocidade?

A diversidade cognitiva é essencial para liderar na era da rapidez. À medida que o mundo muda, e os nossos problemas de negócio se tornam mais complexos que nunca, já não é possível que as coisas sejam resolvidas ou criadas por uma só pessoa. A recombinação de ideias que são diferentes umas das outras é o que cria mudança e inovação positiva. Há um conceito de que falo no livro, designado “creative abrasion”, que defende que com a diversidade cognitiva é possível “polir ideias”, porque há diferentes perspetivas e pessoas que estão dispostas a argumentar, discutir e debater. Sem essa diversidade cognitiva não é possível criar ideias novas e inteligentes. Seremos hamsters numa roda, sempre à volta dos mesmos problemas.

A responsabilidade de qualquer pessoa que saiba o que se passa dentro da organização, é entender como é que as pessoas podem trabalhar no seu melhor e fazer com que isso possa acontecer.

Qual tem sido a maior mudança no mundo da liderança, nos últimos anos?

O que está a mudar é que as pessoas no mundo empresarial sentem-se mais confortáveis em falar desta ideia de “entendimento humano” — que tradicionalmente era visto como o lado mais soft dos negócios — ao mesmo tempo que falam sobre o que se passa com a tecnologia. Na verdade, acredito que manter o ritmo certo impulsiona o desempenho, por isso há uma razão muito racional para passar tempo a entender os humanos. São as emoções que levam à mudança. Trabalhei durante anos em estratégia de marcas e descobri que as pessoas compram emocionalmente, e justificam-se racionalmente. O mesmo acontece na transformação dentro das organizações. As pessoas têm de querer mudar, de comprar a tua visão e o teu sonho. Uma das maiores mudanças, mesmo nos últimos anos, é que há um maior reconhecimento de que os líderes têm de começar a falar do lado emocional do negócio.

Como projeta o futuro?

A única coisa que verdadeiramente sabemos é que a mudança vai continuar e este mundo não vai desacelerar. A tecnologia, mas também as expectativas das pessoas, vão continuar a mudar tudo, por isso aquelas pessoas que têm medo ou não são realistas sobre isto, vão descobrir um verdadeiro desafio. Há coisas muito entusiasmantes no mundo em que estamos: significa que se alguém tem uma boa ideia é mais provável que a consiga fazer acontecer. As empresas estão a fazer coisas incríveis, mas temos de reconhecer que um mundo super rápido vai colocar mais pressão nas pessoas, e que depende de cada um de nós fazer escolhas. Temos de estar atentos e ser responsáveis quando pensamos no impacto que a tecnologia tem na humanidade, e estar preparados para pensar qual o impacto dos negócios no mundo.

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Desemprego na Zona Euro manteve-se em novembro no nível mais baixo desde 2008

  • Lusa
  • 9 Janeiro 2020

Em Portugal, a taxa de desemprego manteve-se nos 6,7% em novembro, com o desemprego jovem a aumentar para 19%, de acordo com o Eurostat.

A taxa de desemprego na Zona Euro manteve-se nos 7,5% em novembro passado, o valor mais baixo desde julho de 2008, enquanto na União Europeia (UE) também seguiu inalterada, nos 6,3%, de acordo com os dados divulgados esta quinta-feira pelo Eurostat.

Os dados publicados pelo gabinete oficial de estatísticas da UE revelam que a taxa de desemprego não sofreu assim alterações na comparação em cadeia — novembro face a outubro de 2019, mas os valores representam recuos de quatro e três décimas, respetivamente, na comparação homóloga, com novembro de 2018, quando se fixavam nos 7,9% no espaço da moeda única e nos 6,6% no conjunto dos 28 Estados-membros.

As menores taxas de desemprego foram registadas na República Checa (2,2%), Alemanha (3,1%) e Polónia (3,2%), enquanto as mais altas foram observadas na Grécia (16,8%, dados de setembro) e Espanha (14,1%).

Na variação homóloga, o indicador recuou em 20 Estados-membros, avançou em seis e manteve-se em dois, um dos quais Portugal, já que, segundo as estimativas agora avançadas, a taxa de desemprego terá sido de 6,7% em novembro, o mesmo valor verificado 12 meses antes e duas décimas acima do registado em outubro passado.

Já o desemprego jovem aumentou em Portugal de 17,9% em outubro para 19% em novembro, praticamente o mesmo valor verificado em novembro de 2018 (19,1%) e acima da média da zona euro (15,6%) e da UE (14,3%).

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Benfica vende avançado Raúl de Tomás ao Espanyol por 20 milhões

Encarnados recuperam investimento no avançado espanhol. Espanyol paga 20 milhões por Raúl de Tomás, com a negócio a poder render mais 2 milhões ao Benfica dependendo do desempenho do jogador e clube.

O Benfica acabou de oficializar a venda do avançado Raúl de Tomás ao Espanyol por 20 milhões de euros. Os encarnados podem ganhar ainda mais dois milhões com a transferência, dependendo do desempenho do jogador. Além disso, o clube português terá direito a receber 20% do valor de uma mais-valia obtida numa futura transferência do atleta.

As informações constam de um comunicado enviado esta quinta-feira de manhã à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Para os encarnados, a alienação do passe do avançado espanhol acaba por compensar o valor investido no passado verão. O Benfica tinha contratado Raúl de Tomás ao Real Madrid por 20 milhões de euros.

O jogador chegou com rótulo de goleador, mas acabou por não convencer na Luz e foi perdendo espaço. Em Portugal, Raúl de Tomás fez 17 jogos e marcou apenas três golos nas várias competições em que o Benfica estava envolvido.

Segundo a imprensa desportiva, os dois milhões adicionais previstos no negócio dependerão do número de jogos e golos de Raúl de Tomás no clube de Barcelona e ainda da capacidade do Espanyol de manter-se na primeira liga espanhola — atualmente ocupa o último lugar da tabela, com 11 pontos.

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Revista de imprensa internacional

A China confirmou que o vice-primeiro-ministro se vai deslocar a Washington para assinar a primeira fase do acordo comercial. O grupo IAG vai ter um novo CEO.

Numa altura em que o conflito entre os Estados Unidos e o Irão domina a atualidade internacional, outras tensões com o país norte-americano são apaziguadas. A China confirmou que o vice-primeiro-ministro se vai deslocar a Washington para assinar a primeira fase do acordo comercial entre as duas potências. No Brasil, foi registada a maior saída de dólares da economia em 38 anos. No grupo AIG também vai haver uma saída, do CEO irlandês Willie Walsh, que será substituído pelo espanhol Luis Gallego. Veja estas e outras notícias que marcam as manchetes internacionais.

Reuters

Vice-primeiro-ministro chinês vai a Washington assinar acordo parcial sobre comércio

O vice-primeiro-ministro chinês Liu He vai a Washington, na próxima semana, para assinar um acordo parcial que visa pôr fim às disputas comerciais entre a China e os Estados Unidos. O Presidente norte-americano já tinha anunciado que um acordo seria assinado no dia 15 de janeiro, na Casa Branca, e só agora é que essa informação foi confirmada pelo ministério chinês do Comércio.

Leia a notícia completa na Reuters (acesso livre, conteúdo em inglês).

Globo

Brasil regista maior saída de dólares da sua economia em 38 anos

A saída de dólares da economia brasileira em 2019 superou a entrada desta divisa em 44,7 mil milhões de dólares (40,1 mil milhões de euros) em 2019, maior saldo registado em 38 anos, segundo a série histórica iniciada em 1982, de acordo com o Banco Central do país. O montante tem em conta tanto as operações financeiras como as operações comerciais.

Leia a notícia completa na Globo (acesso livre).

Cinco Días

IAG vai ter novo CEO espanhol

O irlandês Willie Walsh vai deixar de ser o CEO da IAG, o grupo que inclui as companhias aéreas Iberia e British Airways, para dar lugar a Luis Gallego, líder da transportadora espanhola desde 2014. O irlandês vai sair do cargo a 26 de março. Estas mudanças ocorrem numa altura em que se aproxima o Brexit e após a aquisição da Air Europa pelo grupo.

Leia a notícia aqui no Cinco Días (acesso livre, conteúdo em espanhol).

AFP

Avião ucraniano envolvido em acidente tentou regressar ao aeroporto de Teerão

A tripulação do avião ucraniano que caiu nesta quarta-feira em Teerão não pediu ajuda via rádio e estava a tentar voltar ao aeroporto devido a um “problema” quando a aeronave se despenhou, revela um relatório preliminar da investigação da autoridade de aviação civil do Irão. O avião caiu pouco depois de ter levantado voo do aeroporto da capital iraniana, num acidente que causou 176 mortos.

Leia a notícia aqui na AFP (acesso livre, conteúdo em inglês).

Engadget

Warner Bros. vai usar inteligência artificial para ajudar a decidir lançamento dos filmes

A produtora e distribuidora norte-americana Warner Bros. assinou um acordo com a Cinelytic para usar um sistema de inteligência artificial de gestão de projetos no processo de decisão sobre o lançamento de filmes. O sistema não terá a palavra final sobre se um filme avança ou não, mas vai ajudar a prever as receitas de um filme, avaliar o valor dos atores que nele participam e determinar quando deve ser a estreia.

Leia a notícia completa na Engadget (acesso livre, conteúdo em inglês).

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Financiamento, preços e leis são os principais riscos para as petrolíferas

  • Lusa
  • 9 Janeiro 2020

As companhias energéticas enfrentam um acesso aos mercados de capitais cada vez mais difícil este ano, o que aumenta os custos e enfraquece a liquidez.

A agência de notação financeira Moody’s considerou esta quinta-feira que os preços das matérias-primas, o acesso ao financiamento nos mercados internacionais e as restrições regulamentares são os maiores riscos para as companhias petrolíferas este ano.

“Os baixos e voláteis preços das matérias-primas tiveram um efeito negativo na geração de fluxos de caixa e adiaram as amortizações da dívida, dificultando o acesso das empresas aos mercados de capitais”, escrevem os analistas da Moody’s, num comentário sobre o setor em 2020.

Os baixos e voláteis preços das matérias-primas tiveram um efeito negativo na geração de fluxos de caixa e adiaram as amortizações da dívida, dificultando o acesso das empresas aos mercados de capitais.

Moody's

No documento, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, a Moody’s diz que o abrandamento económico nos países mais industrializados vai manter os preços do petróleo e gás baixos e alerta que as tensões geopolíticas vão aumentar a volatilidade dos preços.

Para além destes riscos, a Moody’s aponta também que “o aumento da produção num contexto de abrandamento do crescimento da procura vai imprimir mais volatilidade aos preços, com as condições para fusões e aquisições no setor a continuarem difíceis”.

Citado no documento, um dos diretores da Moody’s, Steve Wood, considerou que “as companhias energéticas enfrentam um acesso aos mercados de capitais cada vez mais difícil este ano, o que aumenta os custos e enfraquece a liquidez, ao mesmo tempo que aumenta o risco de incumprimento financeiro [‘default’, no original em inglês] para as empresas com maturidades iminentes”.

O crescimento da produção de petróleo e gás vai ser maior do que a procura este ano, ao mesmo tempo que o setor tem de se ajustar rapidamente às tensões crescentes no Médio Oriente, concluem os analistas da Moody’s.

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Espanhola Merlin estreia-se na bolsa de Lisboa a 15 de janeiro. “Esperamos, mais tarde ou mais cedo, subir ao PSI-20”

A espanhola Merlin Properties vai estrear-se na bolsa de Lisboa a 15 de janeiro, através de um processo de dual-listing. Empresa já opera em Portugal desde 2015 e atua no setor imobiliário.

Cerca de três meses depois de ter anunciado a intenção de entrar na bolsa de Lisboa, a SOCIMI espanhola Merlin Properties já tem data de estreia. É no dia 15 de janeiro que a bolsa vai passar a ter mais uma cotada, especializada no setor imobiliário. Este é o primeiro passo da empresa, que já opera no mercado nacional há cerca de quatro anos, e que pretende criar uma Sociedade de Investimento e Gestão Imobiliária (SIGI).

“Neste dia, quinta-feira, a Euronext Lisbon decidiu admitir a cotação e negociação no mercado regulado da Euronext em Lisboa as ações representativas do capital social da Merlin, mediante o procedimento de cotação direta (dual-listing). A cotação e negociação efetiva das ações na Euronext Lisbon será a 15 de janeiro de 2020″, lê-se no comunicado enviado pela empresa à Comisión Nacional del Mercado de Valores (CNMV).

“É um passo natural da empresa que, mais do que ter ADN espanhol, quer ter ADN ibérico. Esta presença na bolsa de Lisboa vai ao encontro do nosso ADN e da nossa natureza“, diz ao ECO João Cristina, diretor-geral da Merlin Properties em Portugal.

João Cristina, diretor-geral da Merlin Properties em Portugal, e Inés Arellano, responsável de relações com os investidores.Hugo Amaral/ECO

Com esta operação, a empresa espera ser “vista como um player local”, dado que, atualmente, quase 10% da carteira da Merlin está em Portugal, mas o objetivo é aumentar essa quantidade para 15%. Isto “vai permitir aos investidores comprar as nossas ações através da Euronext Lisbon”, já que os custos de transação seriam significativamente superiores se comprassem através da bolsa espanhola.

Sobre uma possível entrada para o PSI-20, João Cristina explica que “essa admissão não é automática” e não depende apenas da Merlin. Mas há, claro, essa vontade. “Esperamos, mais tarde ou mais cedo, subir ao PSI-20. Mas, inicialmente, não é aí que vamos estar, infelizmente”, sublinha.

A intenção da Merlin em entrar para a bolsa de Lisboa já há muito que era pública e o anúncio oficial foi mesmo feito em outubro. Contudo, a conclusão da operação aconteceu um pouco fora de prazo, dado que a empresa apontava para o final de 2019.

Num encontro com o ECO, nessa altura, João Cristina e Inés Arellano, responsável pelas relações com investidores, afirmaram que esta operação iria dar à imobiliária “maior visibilidade no mercado português”, dado que são atualmente o proprietário “número dois” em termos de metros quadrados de escritórios em Portugal, mas que poucos os conhecem. “Vamos ser uma empresa relevante cá e, então, vamos ser muito mais conhecidos. Viemos para ficar e para aumentar [a carteira]”, disse Inés Arellano.

SIGI são um objetivo mas, “tal como estão regulamentadas, ainda não é possível”

A entrada em bolsa é apenas um “primeiro passo”. O objetivo principal é criar uma SIGI, a ferramenta mais recente criada pelo Governo para investir no imobiliário. A legislação está criada mas, para estes investidores espanhóis, ainda falta clarificação. “As SIGI, tal como está a regulamentação, não nos deixam encaixar. Gostaríamos de ser uma SIGI mas, tal como estão regulamentadas, não nos permite”, disse, em outubro, Inés Arellano ao ECO.

Isto porque, explicou, em países onde o regime dos Real Estate Investment Trust (REIT) vigora, quando uma empresa estrangeira é considerada um REIT e é 100% proprietária de uma empresa noutro país, “automaticamente a subsidiária também é um REIT”. Contudo, a lei portuguesa obriga a que haja mudanças na sociedade para que essa mesma subsidiária possa ser considerada uma SIGI.

“Em Espanha isso aconteceu. A lei das SOCIMI saiu em 2009 e por volta de 2012/2013 houve uma definição da lei. Acreditamos que em Portugal vai acontecer exatamente o mesmo”, perspetivou a responsável. Quando? “Até que o regulador perceba que tem de clarificar a regulamentação”.

João Cristina, diretor-geral da Merlin em Portugal, sublinha essa mesma ideia: “Para já, enquanto não houver alterações à legislação, é mais difícil o investidor estrangeiro conseguir entrar em Portugal através do regime das SIGI”.

A Merlin Properties entrou no mercado nacional em 2015, com a compra do Edifício Caribe, no Parque das Nações, por cerca de 18 milhões de euros e, desde então, tem vindo a somar transações. Da lista fazem parte o famoso Edifício Monumental (que está atualmente a ser reabilitado), a Plataforma Logística Lisboa Norte, em Castanheira do Ribatejo e que vai receber um investimento de 150 milhões de euros, e o Almada Fórum, por mais de 400 milhões de euros. A transação mais recente aconteceu em setembro, com a compra da sede da Nestlé por 12,5 milhões de euros.

(Notícia atualizada às 9h41 com mais informação)

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