80% dos portugueses estão dispostos a desenvolver novas skills para requalificação profissional

É o sétimo país, a nível global, onde os profissionais mostram maior abertura e vontade de desenvolver competências mais relacionadas com o digital e que permitam novas oportunidades de trabalho.

A crescente disrupção tecnológica, fortemente acentuada pela pandemia da Covid-19, tem levado as pessoas a questionar os seus percursos profissionais. A possibilidade de certas profissões virem a desaparecer num futuro próximo, substituídas pela tecnologia, e o aparecimento de outras — as chamadas profissões do futuro –, faz com que a reconversão profissional seja um dos temas do momento no mercado laboral.

Aprender novas competências, necessárias para desempenhar uma função diferente, é algo que quase sete em cada dez pessoas (68%), a nível global, estariam dispostas a fazer, segundo um estudo elaborado pela Boston Consulting Group (BCG) em parceria com a The Network, cujo representante em Portugal é o Alerta Emprego.

Já a nível nacional, 80% dos profissionais afirmam estar disponíveis para uma reconversão profissional. O valor, acima da média global, aumentou com a pandemia, uma vez que 36,4% dos trabalhadores no país ficaram mais preocupados com a automação da sua função durante a Covid-19.

À frente de Portugal apenas está a República Democrática do Congo (90%), Camarões (87%), Costa do Marfim (87%), Angola (83%), Tailândia (83%) e Senegal (81%). Excluindo a Tailândia, todos estes são países africanos.

"A nível global, quase sete em cada dez pessoas afirmam estar disponíveis para a reconversão profissional permitindo-lhes mudar de funções. Este nível de flexibilidade poderia ajudar os empregadores e os governos que estão preocupados em preparar a sua força de trabalho para o futuro.”

Rainer Strack

Sócio sénior da BCG e um dos autores do estudo

Para Rainer Strack, sócio sénior da BCG e um dos autores do estudo, este nível de flexibilidade demonstrada pela maioria dos profissionais “poderia ajudar os empregadores e os governos que estão preocupados em preparar a sua força de trabalho para o futuro”.

Na ponta oposta, com menos de metade dos profissionais a mostrar abertura e vontade de desenvolver skills mais relacionadas com o digital que permitam novas oportunidades de trabalho, está a Holanda (43%), a Dinamarca (47%) e a Hungria (49%).

Fazendo a mesma análise por setores, algumas das indústrias mais impactadas pela Covid-19 e pela automação são, também, aquelas cujos colaboradores mostram maior vontade de desenvolver novas competências. É o caso dos seguros (94%), energia (90%), instituições financeiras (86%) e telecomunicações, turismo e viagens (83%). No que diz respeito a funções, os trabalhadores em cargos de gestão (91%), IT e tecnologia (89%), setor dos serviços (88%), administração e secretariado (86%) são os que mais mostram predisposição para formação.

Para desenvolver novas competências, o recurso mais utilizado é a formação no trabalho (64%), seguindo-se a autoaprendizagem (54%) e a formação online em instituições de educação (49%). Esta última está a ganhar cada vez mais relevância, tendo subido 21 pontos percentuais face a 2018.

Mais de metade prefere modelo híbrido

De acordo com a BCG, antes da pandemia, 81% dos inquiridos trabalhavam sempre no escritório e apenas 2% seguia um regime fully remote. Agora, num cenário totalmente alterado, e cuja generalidade dos trabalhadores teve oportunidade de experimentar trabalhar remotamente ou, pelo menos, com maior flexibilidade, voltar às percentagens registadas num contexto anterior à pandemia mundial será bastante difícil. Apenas 11% dos inquiridos quer voltar ao escritório a tempo inteiro, 28% gostaria de trabalhar em modo totalmente remoto e 61% prefere um modelo híbrido, conclui o estudo.

As mulheres são quem mais pretende manter o regime de 100% remoto (31% face aos 24% dos homens), mas ambos gostariam de ter um horário total ou parcialmente flexível (70%), um valor novamente acima da média global apurada (64%). Cargos relacionados com a digitalização e automação, marketing e comunicação, artes e trabalho criativo, consultoria e apoio ao cliente mostram maior vontade de estar em modo 100% remoto e estão também entre os que mais desejam este horário de trabalho total ou parcialmente flexível.

Com todas as alterações que a pandemia provocou no mercado de trabalho, também as preferências e prioridades dos colaboradores mudaram significativamente quando comparadas com 2018. Para os trabalhadores portugueses, a boa relação com os colegas de equipa, a valorização do seu trabalho e o equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional são os fatores mais importantes agora mesmo.

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Portugueses aprenderam a reciclar há 21 anos. Ainda se lembra do Gervásio?

  • Capital Verde
  • 12 Maio 2021

A Sociedade Ponto Verde comemora 25 anos e relembra os anúncios do passado. Quanto ao presente, descobriu que plena pandemia as famílias produziram mais resíduos em casa mas também reciclaram mais.

Corria o ano de 2000 — ainda a internet ainda dava os primeiros passos em Portugal e as redes sociais eram uma miragem — quando surgiu no ecrã das televisões das famílias portuguesas uma das campanhas publicitárias que mais marcou toda uma geração. O anúncio mostrava o simpático e prestável chimpanzé Gervásio, que numa experiência em laboratório apreendia a reciclar e a separar o papel, o plástico e o vidro pelos ecopontos das diferentes cores — azul, amarelo e verde, respetivamente. E em apenas uma hora e 12 minutos. No fim, era lançada a provocação: “E você, de quanto tempo mais é que vai precisar?”

Foi desta forma que, de uma forma pouco convencional, a Sociedade Ponto Verde “passou a bola” aos portugueses no que à reciclagem diz respeito: se até um chimpanzé consegue fazê-lo… Uma espécie de estratégia para “envergonhar” os espetadores que parece ter dado frutos, mais de duas décadas depois.

E o que estão hoje os portugueses a fazer em matéria de reciclagem? Para começar, durante o último ano, e em plena pandemia de Covid-19, passaram a produzir mais resíduos em casa, no entanto “estão também preocupados em acompanhar esse aumento com a respetiva separação e reciclagem”, revela o inquérito “Radar da Reciclagem” da Sociedade Ponto Verde.

Realizada em parceria com a Marktest, esta análise veio agora mostrar que 46,4% dos portugueses reciclam mais, comparativamente com o ano anterior, o que se justifica pela maior quantidade de resíduos produzidos em casa (quase metade dos inquiridos afirma ter mais lixo) e também a maior disponibilidade de tempo para fazer a separação e reciclagem.

Mostra a pesquisa que as embalagens familiares de cartão para alimentos líquidos — por exemplo pacotes de leite e sumos — são apontados como os resíduos com maior aumento (57,9%) no último ano, seguidos das embalagens de vidro (44,4%) e das embalagens de cartão, associadas ao aumento das compras online (36,3%).

“Os últimos meses vieram mostrar que as alterações na rotina dos portugueses, em consequência do contexto pandémico, traduziram-se em mudanças nos comportamentos de consumo, com consequentes impactos na gestão de resíduos nos lares portugueses”, explica Isabel Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde, em comunicado.

Quanto à gestão dos resíduos associados ao contexto pandémico, como máscaras, luvas descartáveis e toalhitas desinfetantes, o “Radar da Reciclagem” mostra que a maioria dos portugueses (74%) sabe que tem de colocar esses materiais no contentor de lixo indiferenciado.

As luvas descartáveis são as que mais causam diferença de opiniões quanto ao contentor em que devem ser colocadas: 58,6% dos inquiridos considera que, depois de usadas, as luvas descartáveis devem ir para o lixo indiferenciado (que é a opção correta), 21,8% diz que devem ir para o ecoponto amarelo e 11,3% admite ter dúvidas onde as colocar. A mesma incerteza também existe na reciclagem das máscaras, uma vez que há 13,1% de portugueses que não sabe como o deve fazer fazer.

Campanhas de reciclagem em revista

Para assinalar a data, está também a ser divulgada a série “Campanhas que mudaram Portugal”, que apresenta as icónicas campanhas da SPV feitas ao longo dos últimos anos e que marcaram os portugueses e os seus hábitos de reciclagem. E se no primeiro ano a viagem no tempo é até ao ano 2000, com o chimpanzé Gervário, no segundo episódio o regresso é a 2007/2008, “altura em que os criativos por detrás da comunicação da SPV se tornaram convictos de que as crianças, em representação do futuro, têm um papel muito eficaz quando o objetivo é sensibilizar uma sociedade a adotar novos hábitos de reciclagem”.

Esta série, dividida em quatro episódios, relembra os distintos ganchos de comunicação que a Sociedade Ponto Verde criou ao longo de mais de duas décadas, com o propósito de alterar as rotinas da população portuguesa no que toca ao tratamento e separação dos resíduos domésticos.

O primeiro e segundo episódios já estão disponíveis no Empower Brands Channel, o canal oficial da Empower Brands Community, criadora desta série, no YouTube. O terceiro estreia no final de maio e o último será em junho.

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5 coisas que vão marcar o dia

António Costa vai ao Parlamento depois de ter visitado Odemira. Há ainda uma emissão de obrigações do Tesouro e estatísticas do emprego.

Portugal regressa esta quarta-feira ao mercado de dívida, no mesmo dia em que são conhecidos dados do emprego e da evolução orçamental das Administrações Públicas. No Parlamento, há audição ao presidente do Tribunal de Contas sobre o Novo Banco e debate com o primeiro-ministro António Costa.

Portugal emite dívida a 10 e 14 anos

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP vai voltar ao mercado para se financiar. Agendou um leilão duplo de dívida de longo prazo, com emissões a 10 e a 14 anos que serão realizadas esta quarta-feira, pretende obter entre 1.000 milhões e 1.250 milhões de euros. As obrigações do Tesouro atingem a maturidade em 17 de outubro de 2031 e 12 de outubro de 2035.

Desemprego em mínimos de maio de 2020

Em termos de dados económicos, o foco vai estar nas estatísticas do emprego no primeiro trimestre do ano, que serão divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), depois de a taxa de desemprego ter recuado em março para 6,5%, menos 0,3 pontos percentuais do que no mês anterior e no valor mais baixo desde maio de 2020. Há ainda o índice de preços no consumidor em Portugal referente a abril, bem como a produção industrial e o excesso de mortalidade, ambos na Zona Euro.

Evolução orçamental das Administrações Públicas

O Conselho de Finanças Públicas (CFP) divulga esta quarta-feira um relatório sobre a evolução orçamental das Administrações Públicas em 2020. Devido a uma conjugação de quebra nas receitas com impostos e um aumento da despesa pública associada à pandemia, as administrações públicas tiveram um défice orçamental de 5,7% do PIB no ano passado, em vez de 7,3% do PIB que o Governo estimava no OE2021.

TdC fala sobre financiamento público ao Novo Banco

A ​Comissão de Orçamento e Finanças recebe, em audição parlamentar, o presidente do Tribunal de Contas, ​Juiz Conselheiro José Tavares. O principal tema será o Relatório da Auditoria relativo ao financiamento público do Novo Banco, no qual o organismo critica a forma como têm sido feitas as injeções de capital pelo Fundo de Resolução, colocando também na mira o Banco de Portugal e vários Governos.

António Costa vai ao Parlamento

No Parlamento haverá ainda, a partir das 14h30, um debate com o primeiro-ministro António Costa, seguido de debate preparatório do Conselho Europeu. O debate parlamentar acontece após o chefe do Governo se ter deslocado a Odemira, um tema que deverá ser incontornável, tal como a evolução da pandemia e da vacinação. Novo Banco e TAP poderão também ser chamados à conversa pelos deputados.

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Vacinas contra a Covid provocaram mais de 5 mil reações adversas em Portugal

Foram reportados 5.359 casos de suspeitas de reações adversas à vacina contra a Covid-19 em Portugal. Sete em cada 10 reações adversas estão potencialmente associadas à vacina da Pfizer.

Desde que arrancou a campanha de vacinação contra a Covid-19 em Portugal, foram registadas mais de cinco mil reações adversas no portal RAM após a toma de vacinas, em mais de três milhões de doses administradas. Trata-se, portanto, de uma taxa de notificação de apenas 0,15%. A maioria das reações adversas continuam a ser associadas à vacina da Pfizer.

Neste momento, há já quatro vacinas aprovadas pela Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês) e que estão atualmente a ser administradas em Portugal são elas: Pfizer/BioNTech, Moderna e AstraZeneca/Oxford (atualmente apelidada Vaxzevria) e Janssen. Em território nacional, já foram reportadas 5.359 reações adversas notificadas no portal RAM e potencialmente associadas à toma das vacinas contra o novo coronavírus, num universo de mais 3,65 milhões de doses administradas, segundo consta no relatório divulgado pelo Infarmed.

Importa sublinhar que estes são casos “potencialmente associados à vacinação”, pelo que “não têm necessariamente uma relação causal com a vacina administrada”, sublinha a entidade liderada por Rui Ivo. Assim, do total de mais de cinco mil reações notificadas, 3.942 dizem respeito à vacina da Pfizer (73,56%), 1.122 da AstraZeneca (20,94%) e 295 da Moderna, não havendo, para já qualquer reação adversa após a toma da Jassen, em mais de seis mil doses administradas no país da farmacêutica norte-americana.

Sete em cada 10 reações adversas associadas à Pfizer

Neste contexto, e à semelhança do que tem acontecido na generalidade dos países europeus, a maioria das suspeitas de reações adversas detetadas em Portugal continua a referir-se à vacina da Pfizer: 3.942. Trata-se, portanto, de 73,56% do total e um valor ligeiramente abaixo dos 81,1% reportados no início do mês anterior, tal como constava na plataforma europeia de vigilância de reações adversas EudraVigilance. Até à passada sexta-feira, já tinham sido administradas em Portugal mais de 2,5 milhões de doses da Pfizer em Portugal, o que significa que a percentagem de reações adversas notificadas é de apenas 0,16%.

Quanto à vacina da AstraZeneca foram notificadas 1.122 reações adversas em Portugal, o que representa 20,94% do total. Se compararmos com os dados reportados na plataforma europeia até 3 de abril, em termos absolutos, o número notificações mais do que duplicou, já que nessa altura foram reportadas 535 reações. Não obstante, a taxa de notificação de reações adversas relativamente a esta vacina mantém-se baixa: 0,13% do total de doses administradas (834.912).

Por fim, no que concerne à vacina da Moderna foram notificadas 295 reações adversas em Portugal (também quase o dobro das reações notificadas até 3 de abril), de um total de mais de 287 mil doses administradas. Contas feitas, isto significa que do total de reações adversas detetadas no país, apenas 5,5% foram da Moderna, o que poderá também ser explicado pelo facto de haver menos doses disponíveis desta vacina. Trata-se, portanto, de uma taxa de notificação de 0,10%.

Maioria das reações não são graves

Com a chegada de uma a maior disponibilidade de vacinas, o país tenciona entrar agora na velocidade cruzeiro na vacinação. A task force previa começar esta semana a administrar 100 mil doses de vacinas por dia, contudo, esta meta foi antecipada e atingida já na semana passada. Nesse contexto, e dada uma maior quantidade de vacinas administradas é natural que os valores absolutos de reações adversas tendam a aumentar, contudo, no que diz respeito às taxas de notificações é visível que se mantêm estáveis.

Entre os tipos de reações adversas reportadas, a maioria dizem respeito a reações consideradas “não graves”: 2.997 (55,92%), seguindo-se as reações “graves” (2.328, o que representa 43,44% do total 2.328). Em Portugal, apenas foram reportadas 34 reações fatais, que incluem “notificações de casos de morte ocorridos após a vacinação sem relação causal direta demonstrada com a vacina administrada”, aponta o Infarmed, sublinhando que a a maioria ocorrem em idosos cujo historial clínico é mais frágil, alguns dos quais “com diversas comorbilidades”.

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Carga fiscal recorde em ano de crise pandémica. Porquê?

Os impostos diretos e indiretos não subiram e até houve isenção de contribuições para a Segurança Social em alguns apoios. O que explica, então, que a carga fiscal tenha subido em 2020?

Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) relativos a 2020 sugerem que a subida da carga fiscal para um novo recorde é explicado pela resiliência do mercado de trabalho, fruto em grande parte de medidas como o lay-off simplificado. Com o emprego a resistir mais do que a produção (PIB), o IRS e a TSU entregues ao Estado sofreram um impacto muito menor — na realidade, até subiram — do que numa crise “normal” sem estes apoios extraordinários, aplicando apenas os estabilizadores automáticos (como o subsídio de desemprego).

A notícia surpreendeu muitos: ao contrário do esperado, a carga fiscal aumentou para um novo recorde de 34,8% do PIB em 2020, o que veio a ser confirmado pelo INE esta terça-feira. A expectativa de várias instituições, incluindo o Governo, era de uma redução, o que costuma acontecer a este indicador durante as crises, como mostra a sua evolução histórica. O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, chegou a dizer que muitos iam ter saudades da carga fiscal pré-crise, sugerindo que esta refletia mais a atividade económica do que as políticas fiscais do Governo.

Mas não foi desta que a carga fiscal desceu. Em 2020, o volume de impostos cobrados pelo Estado que conta para este indicador desceu 4,7% para os 70.377 milhões de euros, mas o rácio face ao Produto Interno Bruto (PIB) — que caiu 7,6% em termos reais e 5,4% a preços de mercado — aumentou de 34,5% para os 34,8%, ou seja, três décimas. Este valor continua a ficar abaixo da média da carga fiscal da União Europeia — Portugal tem a oitava carga fiscal mais baixa em 27 Estados-membros — e está em linha com a média dos países da OCDE, mas o facto de ter subido no meio da mais severa recessão de que há registo levantou questões.

O que explica, então, este desempenho? Os dados do INE mostram que a explicação está no que aconteceu no mercado de trabalho: a taxa de desemprego fechou o ano nos 6,8%, ligeiramente acima dos 6,5% de 2019, longe de refletir a totalidade da quebra da economia portuguesa. É certo que houve mais desempregados e muitos estão inativos por causa das restrições da pandemia, sem contar já para a taxa de desemprego, mas a relação entre o emprego e o PIB não se manteve como é habitual em crises anteriores, como já explicaram ao ECO especialistas em mercado de trabalho, por causa dos apoios ao emprego.

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (INE). Cálculos do ECO.

Esta resiliência do emprego — que caiu 2%, bastante aquém da quebra do PIB –, somado à subida dos salários (muitas decisões já tinham sido tomadas quando a pandemia chegou), ditou um inédito aumento de 1,2% (mais 237 milhões de euros) das contribuições sociais (TSU) entregues à Segurança Social, no meio de uma crise, para um total de 20.801,4 milhões de euros (o valor mais elevado de sempre). Isto apesar de haver apoios em que as empresas ficaram isentas de pagar a TSU do trabalhador.

Este efeito sentiu-se também na receita de IRS que aumentou 419 milhões de euros em 2020. “O regime de lay-off simplificado implementado pelo Governo, como forma de apoiar as empresas a ultrapassarem o efeito de redução da atividade causada pelas medidas de combate à pandemia Covid-19, ajudou a manter os níveis de emprego e, consequentemente, a sustentar as remunerações declaradas e o respetivo imposto pago“, explica o INE.

Mas há ainda outra explicação de fundo relacionada com a coleta de impostos em Portugal que ajuda a explicar esta evolução: a maioria dos postos de trabalho destruídos foi na franja de salários baixos, que pagam pouco ou nada de IRS, e os setores mais afetados pela pandemia têm empresas de pequena dimensão que também acabam por representar pouco peso no IRC pago em Portugal. Este efeito também se notou numa fase inicial da crise anterior, mas é mais evidente na crise pandémica pelas suas características particulares, tendo alguns setores até beneficiado (ou recuperado rapidamente) da pandemia.

Carga fiscal atinge recorde em 2020

Esta evolução da carga fiscal acontece num ano em que não houve um agravamento generalizado dos impostos, mas em que também não houve uma redução generalizada dos impostos. Do ponto de vista da política fiscal, a opção do Governo tem sido dar liquidez através do adiamento do pagamento de alguns impostos quando a situação epidemiológica piora, mas sem, salvo alguns casos, baixar definitivamente a fatura fiscal das empresas e dos cidadãos.

Medidas do Governo atenuaram subida da carga fiscal

Na análise relativa a 2020, divulgada recentemente no boletim económico de maio, os economistas do banco central reconhecem que esta evolução da carga fiscal em 2020 “contrasta com a observada nas recessões de 2003, 2009 e 2012”, justificando a diferença com as medidas de apoio aos cidadãos e às empresas. O Banco de Portugal foi mais longe para perceber exatamente de onde veio a subida da carga fiscal e concluiu que não foi provocada por alterações legislativas. Pelo contrário: estas contribuíram para a redução deste indicador nos últimos anos, incluindo em 2020.

A possibilidade de suspensão parcial dos pagamentos por conta de IRC e a suspensão dos processos de execução fiscal de impostos e contribuições sociais contribuíram, em 0,4 pontos percentuais do PIB, para a redução da coleta“, escreveram os especialistas, explicando que “o aumento estrutural da receita fiscal e contributiva deve-se quase exclusivamente a efeitos de composição positivos associados ao aumento das bases fiscais do IRS e das contribuições sociais”.

Isto é, a massa salarial apresentou “uma evolução mais favorável” do que seria normal, em termos históricos, face à contração do PIB (aquilo a que se chama a “elasticidade orçamental”), “refletindo o efeito das medidas que mitigaram o impacto da pandemia no mercado de trabalho”. O Banco de Portugal também desagrega os vários efeitos em 2020 para os principais impostos, como mostra o próximo gráfico:

PSD ataca Governo. Finanças desvalorizam indicador

A evolução da carga fiscal tem vindo a ser criticada pelo PSD. “Nem em 2020, ano em que o PIB teve uma queda histórica de cerca de 7,5%, a carga fiscal diminuiu“, escreveu Joaquim Miranda Sarmento, presidente do Conselho Estratégico Nacional (CEN) do PSD, no ECO, afirmando que “não deixa de ser curioso que alguns avançaram que o ano passado, sendo marcado por uma fortíssima recessão, teria uma redução da carga fiscal, procurando assim descredibilizar os que criticaram o aumento da carga fiscal dos últimos anos”. “Pois bem, nem no pior ano económico de sempre a voragem fiscal do governo abrandou. Pelo contrário, o Governo continuou a ‘esmifrar’ as famílias e as empresas“, atacou o social-democrata.

Em sua defesa, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais disse em entrevista à Lusa que “a carga fiscal não mede aumentos de impostos”, nem o esforço fiscal das famílias e empresas. O que aconteceu foi que “a atividade económica desceu mais do que aquilo que foi a descida da receita contributiva e da receita fiscal“, apesar de não ter havido em 2020 qualquer aumento de impostos. Para António Mendonça Mendes, a evolução das receitas fiscais e contributiva no ano passado mostraram a resiliência do mercado de trabalho observada, a qual surpreendeu todas as estimativas existentes.

Em abril, em entrevista ao ECO, o governante disse que “é um indicador que não valorizo excessivamente, porque tem sido introduzido no nosso debate político como expressão do esforço fiscal das famílias e das empresas”, o que “não corresponde àquilo que é a realidade”. Nessa altura, Mendonça Mendes não se comprometeu com uma redução da carga fiscal em 2021, mas os números do Governo inscritos no Programa de Estabilidade indicam que espera que tal aconteça.

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Venda da Groundforce pode ir parar ao administrador de insolvência

Prazo está a contar para Casimiro vender a Groundforce antes da decisão do Tribunal. Se for favorável à insolvência, poderá ser feita pelo administrador (com cláusulas impostas pelos credores).

O pedido de insolvência da Groundforce, feito pela TAP, já deu entrada no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, mas o processo ainda deverá demorar alguns meses até que haja uma sentença. Até lá, o acionista Alfredo Casimiro está em contra relógio para vender o negócio pois, caso não o faça e a insolvência seja declarada, já só o administrador de insolvência o poderá fazer (com autorização dos credores).

“Em condições normais, a Groundforce vai ser citada pelo Tribunal nos próximos dias e vai ter 10 dias para se opor à insolvência“, explica Paulo Valério, sócio da sociedade de advogados VFA e diretor da Associação Portuguesa de Direito da Insolvência e Recuperação (APDIR). “Vai ter de explicar que, ao contrário do que a TAP alega, não está em situação de insolvência”.

A Pasogal de Alfredo Casimiro já se mostrou contra a medida, que considera que irá agravar ainda mais o problema da Groundforce, colocando “em risco” uma companhia que diz ser “estratégica” para o país e que, sendo “viável”, “dá emprego a 2.400 pessoas”. Deverá, por isso, contestar a decisão.

"Não é expectável que tenhamos uma declaração de insolvência nos próximos dois meses. E penso que estou a ser otimista dado o grau de litigância que se faz prever. Até lá, continua tudo igual.”

Paulo Valério

Sócio da VFA e diretor da Associação Portuguesa de Direito da Insolvência e Recuperação

Após esse prazo, será feita uma apreciação judicial na qual será avaliado se há critérios como o incumprimento generalizado e sistemático do pagamento de obrigações (incluindo salários ou impostos) ou se o passivo for “manifestamente” superior ao ativo.

Os últimos dados disponíveis dizem respeito a 2019 e, nessa altura, o passivo situava-se em 36,144 milhões de euros e o ativo em 42,5 milhões. Mas desde então chegou a pandemia e a empresa vendeu todos os seus equipamentos à TAP para resolver problemas de tesouraria. Já no que diz respeito a salários, não há atualmente atrasos. No entanto, o Governo informou esta segunda-feira os sindicatos de que não há dinheiro para as remunerações de maio.

Não é expectável que tenhamos uma declaração de insolvência nos próximos dois meses. E penso que estou a ser otimista dado o grau de litigância que se faz prever. Até lá, continua tudo igual”, aponta Valério.

Venda pode ter cláusulas definidas pelos credores. Mas PER pode impedir

Estes dois meses poderão ser o prazo para Casimiro vender a empresa. O empresário anunciou este sábado que contratou o Nomura para assessorar um eventual negócio de venda dos 50,1% do capital e explicou que deu “instruções” para que seja dada “especial atenção” à operadora belga Aviapartner. De acordo com o jurista consultado pelo ECO, nada impede o acionista de avançar com o negócio até que haja decisão do tribunal. Quem comprar tem, no entanto, de garantir os meios necessários para pagar aos credores e reverter o processo.

Se não acontecer até que saia a sentença e se o Tribunal se pronunciar a favor da insolvência, então deixa de estar nas mãos de Casimiro. “Tipicamente nos 45 a 60 dias seguintes à nomeação de um administrador de insolvência, há uma assembleia de credores em que este apresenta um relatório à apreciação e os credores decidem se a empresa é encerrada e liquidada ou sujeita a um plano de recuperação”, revela Valério.

A TAP poderá não ter uma palavra a dizer pois, como é acionista além de credora, os seus créditos deverão ser classificados como subordinados e esta classificação só lhe permite votar um eventual plano de recuperação (caso se decida por esse caminho). O maior credor com poder de voto deverá ser a ANA, a quem a empresa de handling devia, no início do ano, cerca de 10 milhões de euros referente à utilização da plataforma. A deliberação é por maioria de dois terços.

"Mas o mais provável até é um plano de insolvência, que é uma forma convencional de liquidar a empresa respondendo a regras específicas determinadas pelos credores, incluindo cláusulas da venda. Não é expectável que seja uma venda sem um plano.”

Paulo Valério

Sócio da VFA e diretor da Associação Portuguesa de Direito da Insolvência e Recuperação

A insolvência permite ao administrador vender os ativos para liquidar os créditos, o que poderá ser feito por partes ou na totalidade. Havendo interessados em comprar a Groundforce, o negócio poderá ser assim mais vantajoso. “Se houver uma venda decidida pelos credores, em princípio esse negócio é concorrencial”.

“Mas o mais provável até é um plano de insolvência, que é uma forma convencional de liquidar a empresa respondendo a regras específicas determinadas pelos credores, incluindo cláusulas da venda. Não é expectável que seja uma venda sem um plano“, continua o diretor da APDIR. O dinheiro da venda seria usado para liquidar dívidas em atraso e — se sobrasse — ressarcir o acionista.

Além da contestação em tribunal, há uma outra forma de Casimiro impedir a insolvência. A Groundforce pode apresentar-se a um Processo Especial de Revitalização (PER), que travaria o pedido de insolvência. Para isso, a empresa precisaria de uma declaração de um revisor oficial de contas (ROC) que declare que a empresa está solvente, bem como de um credor com 10% do passivo que declare que está disponível para negociar.

Também este processo entraria em Tribunal e precisaria de aprovação judicial e dos credores, mas seria mais fácil de aprovar já que um plano de revitalização no âmbito de um PER precisa apenas de um voto além dos 50% para ser aprovado, contra uma maioria de dois terços no caso da insolvência. O processo não é desconhecido de Alfredo Casimiro que tem o seu principal negócio, o Grupo Urbanos, em PER desde 2016.

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Banco de Portugal arrasa reestruturação da dívida de Vieira no Novo Banco

O Banco de Portugal defendeu, numa nota dos serviços consultada pelo ECO, que o plano do Novo Banco para as dívidas de Luís Filipe Vieira é “pouco realista” e tem “pouca aderência à realidade”.

O presidente do Conselho de Administração da Promovalor, Luís Filipe Vieira, fala perante a Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução, na Assembleia da República, em Lisboa.António Cotrim/Lusa 10 maio, 2021

A reestruturação da dívida do grupo de Luís Filipe Vieira no Novo Banco levantou muitas dúvidas ao Banco de Portugal em 2018. Ainda assim, a operação avançou sem a oposição do Fundo de Resolução porque, quando foi chamado a pronunciar-se, no âmbito do acordo de capital contingente negociado com a venda ao Lone Star, já o processo estava em curso (havia iniciado em 2016) e o banco tinha assumido compromissos com a Promovalor, pelo que existiam riscos de reputação e de indemnizações caso tivesse “chumbado” a operação. Para esclarecer as questões levantadas pelos serviços do Banco de Portugal, foi pedida uma auditoria independente a este acordo para avaliar os seus méritos e quais as perspetivas de recuperação das dívidas do presidente do Benfica. Este trabalho está prestes a ser concluído pela BDO.

Entre outras falhas detetadas, os técnicos do Banco de Portugal concluíram que o plano de negócios do fundo de investimento alternativo especial (FIAE) que ficou com os créditos e ativos do grupo imobiliário de Vieira é “ambicioso e pouco realista” e com “pouca aderência à realidade”, nomeadamente no que diz respeito aos projetos a desenvolver no Brasil.

“O plano de negócios do FIAE afigura-se ambicioso e pouco realista, pressupondo novos financiamentos, não sendo seguro que o FIAE venha a ter condições para os obter (tanto quanto mais que o Novo Banco não se comprometeu a conceder esse financiamento, o que é positivo na perspetiva da manutenção da exposição do Novo Banco, mas concorre para a conclusão de que o plano de negócios do FIAE poderá não ser exequível)”, indicava uma nota informativa produzida pelos serviços do Banco de Portugal no dia 14 de novembro de 2018 e que o ECO consultou.

O que está previsto no plano de negócios? Que o fundo vai gerar receitas suficientes para o pagamento integral de todos os financiamentos concedidos pelo banco à Promovalor (mais de 200 milhões), incluindo os 160 milhões de euros dos chamados VMOC (Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis).

Há um calendário e metas para o desempenho do fundo:

  • Ano 5: amortização de 60 milhões de euros de dívida bancária (algo que não vai ser cumprido, devido à pandemia, segundo Vieira);
  • Ano 10: amortização de 250 milhões de euros de dívida bancária e capital subscrito (valores acumulados);
  • Ano 25: amortização de 350 milhões de euros de dívida bancária e capital subscrito (valores acumulados).

Para o Banco de Portugal, é “pouco prudente” assumir que os VMOC vão ser reembolsadas tendo em conta os obstáculos que o plano de negócios vai ter pela frente. Até o Novo Banco tem o valor dos VMOC provisionados a 100% nas suas contas, o que é um indício de “falta de crença” no plano de negócios do FIAE, argumentou o supervisor.

As dúvidas quanto à execução do plano de negócios não ficam aqui. Um dos principais pressupostos do fundo passa pelo desenvolvimento dos projetos imobiliários, o que vai implicar mais financiamento bancário. Ora, “não se considera provável” – disse o Banco de Portugal — que outro banco queira financiar estas iniciativas tendo em conta que os ativos estão hipotecados ao Novo Banco. Nessa medida, terá de ser o Novo Banco a ter de financiar estes projetos sob pena de se perder “a margem de promoção imobiliária” incorporada no plano de negócios.

No âmbito desta reestruturação, foram transferidos créditos na ordem dos 134 milhões de euros do Novo Banco para o FIAE (em troca de 96% das unidades de participação do fundo), tendo sido ainda reestruturados pelo banco financiamentos existentes de 85,8 milhões de euros.

Por seu turno, foram integrados no fundo mais de duas dezenas ativos imobiliários localizados em Portugal Espanha, Brasil e Moçambique, negócios que Vieira acredita que vão pagar todas as dívidas junto do Novo Banco, incluindo os VMOC de 160 milhões. Mas muitos destes projetos ainda se encontram por desenvolver.

Além dos VMOC, também a dívida da Imosteps no valor de 54 milhões ficou de fora desta reestruturação. Esta dívida foi vendida no pacote Nata 2 ao fundo Davidson Kempner por 4 milhões, tendo sido adquirida, entretanto, pelo sócio de Vieira e dono da Valouro, José António dos Santos, numa transação que foi amplamente discutida no Parlamento.

15 milhões em comissões para a Capital Partners

Por outro lado, também a escolha da C2 Capital Partners mereceu observações duras por parte do supervisor: não houve um “processo competitivo e transparente” no processo de seleção da sociedade gestora do FIAE, o que seria o mais adequado tendo em conta a existência de relações de proximidade entre as duas partes.

O Banco de Portugal lembrou que havia “acionistas comuns” e “relações/interesses de índole comercial/profissional comuns” entre a Promovalor e a C2 Capital Partners. Designadamente, apontou o facto de Tiago Vieira, filho do presidente do Benfica, ter participações diretas em ambos os lados e ser também administrador da sociedade gestora, enquanto Nuno Gaioso Ribeiro, fundador da C2 Capital Partners, exercia também o cargo de vice-presidente do clube encarnado. Isso já não acontece atualmente.

Entretanto, conforme revelou esta segunda-feira Luís Filipe Vieira no Parlamento, o seu filho deixou a administração da sociedade gestora e vendeu também a sua participação. Sendo que o banco liderado por António Ramalho também já havia justificado junto do Banco de Portugal que a contratação da C2 Capital Criativa se deveu à “capacidade negocial” da sociedade gestora junto “dos acionistas e avalistas da Promovalor”.

Outro reparo deixado pelo Banco de Portugal: as comissões fixas que vão ser pagas à sociedade gestora de Nuno Gaioso Ribeiro podem ascender a 15 milhões de euros ao longo dos 25 anos de vida do fundo (600 mil euros por ano), não havendo um “alinhamento de incentivos” a que prossiga uma estratégia ativa para reembolsar as unidades de participação ao banco.

Também aqui Novo Banco defendeu-se junto do supervisor, argumentando que a remuneração da C2 Capital Criativo se encontra “em linha com a prática do mercado”. Já o Banco de Portugal notou que 600 mil euros de comissões por ano representa um aumento superior a 50% do volume de negócios da C2 Capital Criativo. Isto além da comissão variável em função dos reembolsos do FIAE.

Execução imediata daria perdas de 126 milhões

Apesar de todas as dúvidas quanto a este acordo entre o banco e a Promovalor, o Banco de Portugal reconhece que a alternativa à reestruturação produziria, “com elevada probabilidade”, um “pior resultado” para o Novo Banco, segundo os técnicos do supervisor. Esta ideia já tinha sido partilhada por Nuno Gaioso Ribeiro há poucos dias no Parlamento.

A nota informativa do Banco de Portugal apresenta os números desse cenário alternativo: “Com referência a 30 de setembro de 2018, considerando a exposição do Novo Banco à Promovalor e ao FIAE, o VVI [valor de venda imediata] dos ativos e os limites de dívida que os mesmos garantem, a execução de todas as hipotecas implicaria perdas mínimas de 126 milhões de euros”.

Contas feitas, o impacto no acordo de capital contingente superaria os 300 milhões de euros (a serem suportados pelo Fundo de Resolução), isto tendo em conta que o banco já tinha registado imparidades de 180 milhões de euros — sobretudo relacionadas com os tais 160 milhões das VMOC.

BDO prestes a concluir auditoria independente

Face às dúvidas levantadas, e tendo em conta que o Fundo de Resolução não podia dizer nem sim (pois tratava-se de um ato de gestão que compete ao banco e que não lhe cabe validar) nem não (pois poderia invalidar a operação com encargos que poderiam daí advir), os serviços do Banco de Portugal recomendaram “uma análise independente à operação de reestruturação e à obtenção de uma opinião sobre os seus méritos e sobre o plano de negócios do fundo e as expectativas de recuperabilidade” dos créditos da Promovalor.

É o que está prestes a ser concluído pela auditora BDO, segundo adiantou Luís Filipe Vieira esta segunda-feira. “A auditoria está a terminar”, disse. Será entregue a “breve trecho”, acrescentou o presidente do Novo Banco.

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Governo não pretende construir minas na Rede Natura 2000

  • Lusa
  • 11 Maio 2021

O ministro do Ambiente reiterou que a nova lei das minas “dá um salto enorme” no que diz respeito à qualidade e rigor ambiental com que será feita a prospeção e exploração mineiras.

O ministro do Ambiente disse que o Governo não pretende construir minas em áreas que pertencem à Rede Natura 2000, para a proteção de habitats naturais de fauna e flora silvestres, mas lembrou que já existem algumas naqueles territórios.

“Podem existir minas na Rede Natura 2000. Pretende o Governo construir alguma? A resposta é não, sendo que algumas existem”, afirmou João Pedro Matos Fernandes, que está a ser ouvido na comissão parlamentar de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território.

A regulamentação da denominada lei das minas foi publicada em Diário da República no dia 7 de maio e entrou em vigor no sábado, apesar de contestada pelos ambientalistas e dos “pareceres reticentes” de municípios e regiões autónomas, assinalados pelo Presidente da República aquando da promulgação do diploma.

O ministro do Ambiente reiterou que a nova lei das minas “dá um salto enorme” no que diz respeito à qualidade e rigor ambiental com que será feita a prospeção e exploração mineiras.

“A lei das minas é uma lei muito equilibrada, na repartição dos benefícios que podem resultar da atividade, equilibrada naquilo que é o aumento das regras para a atividade de prospeção, que praticamente não existiam”, defendeu o governante.

Segundo o ministro, a lei estava pronta e foi enviada para promulgação pelo Presidente da República cerca de um mês antes das últimas eleições presidenciais, no final de janeiro, razão pela qual, disse Matos Fernandes, Marcelo Rebelo de Sousa entendeu não ser o momento para a promulgar, tendo sido apenas publicada na semana passada.

“Era nosso desejo que isso tivesse acontecido há uns meses”, admitiu o ministro do Ambiente, dizendo que, assim, a avaliação ambiental estratégica para a o projeto de exploração de lítio em Portugal teria começado mais cedo.

Questionado por alguns deputados sobre o papel dos municípios envolvidos pela atividade mineira, Matos Fernandes lembrou que as câmaras municipais nunca tiveram parecer vinculativo no que diz respeito às licenças para prospeção e atividade mineira e, com a nova lei das minas, passaram a ter, com exceção de projetos designados de interesse nacional.

“Há, de facto, projetos de interesse nacional e nesses projetos de interesse nacional – em que o Estado entende que é relevante para o país explorar um determinado metal, ou determinado minério – não têm as autarquias um parecer vinculativo, como nunca tiveram na vida […] por razões que se metem pelos olhos dentro, senhora deputada”, respondeu Matos Fernandes à deputada Mariana Silva, do Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV).

O diploma publicado na semana passada esteve um mês em consulta pública, durante julho de 2020, e foi promulgado no passado dia 30 de abril pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que não deixou de assinalar, no texto da promulgação, os “pareceres reticentes, designadamente de órgãos de governo próprio das regiões autónomas, da Associação Nacional dos Municípios Portugueses e de outras entidades associativas”.

Aprovado pelo Conselho de Ministros em 14 de outubro de 2020, e sujeito a uma “leitura final” também em Conselho de Ministros em 25 de março deste ano, o diploma foi promulgado por Marcelo Rebelo de Sousa “atendendo a que regulamenta uma Lei da Assembleia da República, mantendo, no essencial, o quadro de disciplina que ela consagra”.

A regulamentação da lei de bases dos recursos geológicos foi contestada por movimentos ambientalistas, que consideram que não salvaguarda interesses ambientais e das populações, e pediram mesmo o veto presidencial da lei, questionando a transparência do processo de aprovação do diploma pelo Governo.

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Governo reitera que AT “está a fazer o seu trabalho” na venda das barragens pela EDP

  • Lusa
  • 11 Maio 2021

Matos Fernandes falou em “politização” da Autoridade Tributária e Aduaneira e acusou o BE de utilizar “um território” para fazer ataques políticos.

O ministro do Ambiente reiterou que a Autoridade Tributária (AT) “está a fazer o seu trabalho” na questão do Imposto do Selo de 110 milhões que a EDP não pagou pelo trespasse da concessão de seis barragens no Douro.

“A Autoridade Tributária está a fazer o seu trabalho. […] É absolutamente notável que o senhor esteja à espera que um ministro, o do Ambiente, venha aqui dizer que é preciso pagar impostos”, respondeu João Pedro Matos Fernandes ao deputado Nelson Peralta, do Bloco de Esquerda (BE).

Em causa está o trespasse da concessão de seis barragens no Douro a um consórcio liderado pela Engie e o facto de a EDP não ter pagado o Imposto do Selo no valor de 110 milhões.

Matos Fernandes, que já foi anteriormente chamado ao parlamento para prestar esclarecimentos pelo assunto, falou hoje em “politização” da Autoridade Tributária e Aduaneira e acusou o BE de utilizar “um território” para fazer ataques políticos.

A EDP considerou, em abril, que a venda da concessão das barragens ao consórcio da Engie não beneficiou de isenção do Imposto do Selo prevista na lei desde 2020 porque a forma como a operação decorreu não está sujeita ao imposto.

“A operação não está sujeita ao Imposto do Selo [IS] por não enquadrar na previsão normativa da verba 27.2 da TGIS [Tabela Geral do Imposto do Selo]”, referiu a EDP, apontando que, “não havendo incidência, não se aplicarão as normas de isenção”.

O entendimento da empresa presidida por Miguel Stilwell d’Andrade consta das respostas da EDP às 17 questões do Bloco de Esquerda e de outras consensualizadas pela comissão parlamentar de Ambiente, num total de 21, sobre o negócio da venda da concessão de seis barragens no Douro.

A diretora-geral da AT, Helena Borges, afirmou, em 14 de abril, perante os deputados da Comissão do Orçamento e Finanças, que, independentemente da discussão pública, a AT teria sempre analisado a operação de venda de barragens pela EDP à Engie.

Em resposta ao deputado do PS João Paulo Correia, Helena Borges referiu que “sim, a Autoridade Tributária e Aduaneira está a tratar deste tema nas etapas que são próprias” e que “sim”, teria “sempre tratado esta operação independente da sua discussão pública”.

Em 13 de novembro de 2020, foi anunciado que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) tinha aprovado a venda de barragens da EDP (Miranda, Bemposta, Picote, Baixo Sabor e Foz-Tua) à Engie.

A EDP concluiu, em 17 de dezembro, a venda por 2,2 mil milhões de euros de seis barragens na bacia hidrográfica do Douro a um consórcio de investidores formados pela Engie, Crédit Agricole Assurances e Mirova.

O BE tem defendido que, à luz deste negócio, deviam ter sido pagos 110 milhões de euros em Imposto do Selo, o que é contestado pela EDP.

O ministro de Estado e das Finanças, João Leão, também ouvido pelos deputados, em março, afirmou que “o tempo de intervenção em matéria fiscal do lado do Estado começa agora”, e reiterou que a AT tem “total autonomia” para atuar, sublinhando que “o Governo não interfere na atividade inspetiva da AT”.

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19 anos depois, Sporting é campeão nacional com a “prata da casa”

Os leões de Rúben Amorim festejam o 19.º título de campeão, numa caminhada que ficou marcada pelo investimento feito nos "miúdos" da Academia e numa política de transferências algo comedida.

Depois de 19 anos de espera, o Sporting volta a conquistar a Liga Nos, ao derrotar os axadrezados do Boavista por 1-0. Um triunfo que deixou o FC Porto, o segundo classificado, a oito pontos e permitiu que festejasse o título de campeão nacional mais cedo.

Com duas jornadas ainda por disputar, o Sporting venceu a competição com 82 pontos na tabela classificativa, mas ainda pode chegar aos 88 pontos na 34.ª jornada. Em 32 jogos realizados, os leões venceram 25 jogos, empataram sete e não somaram qualquer derrota, tornando-se a primeira equipa da história do futebol nacional sem registar qualquer desaire em 32 duelos disputados dentro das quatro linhas.

Com este feito, o clube liderado por Frederico Varandas festeja o 19º título de campeão nacional e, além disso, garantiu um lugar na tão desejada Liga dos Campeões, onde não participa desde a temporada 2017/2018.

Neste regresso à competição mais mediática da Europa, o Sporting já sabe que vai receber entre 25 e 30 milhões de euros só pela presença na fase de grupos da prova.

Juventude foi sinónimo de Sporting

O conjunto leonino ficará na história por conquistar um campeonato, com um plantel composto maioritariamente de atletas oriundos das camadas jovens, neste caso da Academia de Alcochete.

Nomes como Gonçalo Inácio, Tiago Tomás, Daniel Bragança ou Nuno Mendes são algumas das caras que marcaram a transição de “miúdos” da formação, para jovens jogadores que atuam com regularidade no principal escalão do futebol profissional. Devido a esta aposta na “prata da casa”, a média de idades da atual equipa do Sporting está situada nos 24,66 anos, enquanto a do Benfica é de 26,65 e a do FC Porto 25,85.

Idade média dos plantéis dos “três grandes”.

Milhões da Luz não evitaram triunfo leonino

Com o destaque dado aos miúdos da Academia, e por necessidade, o Sporting foi comedido nas duas janelas de transferências, tendo apenas puxado os cordões à bolsa com a compra do avançado Paulinho ao Sp. Braga por 16 milhões de euros, em janeiro passado. Contudo, antes desta compra, os leões tinham gasto no mercado de transferências de verão apenas 12,8 milhões de euros. Pedro Gonçalves tinha sido, na altura, a contratação mais cara (6,5 milhões de euros).

No total, aterraram em Alvalade 11 caras novas: cinco foram contratações (equivaleu a um gasto de 28,9 milhões de euros), dois chegaram por empréstimo e, por fim, quatro vieram para o clube a custo zero.

Valores que ficaram muito próximos do FC Porto — segundo classificado na presente época — que gastou um total de 22,6 milhões de euros em passes de jogadores. O atleta mais caro dos dragões foi o sul-americano Evanilson, custando aos cofres do clube cerca de 8,7 milhões de euros.

Todavia, a história muda de perspetiva quando comparamos os orçamentos para transferências dos dois clubes da segunda circular. O Benfica não olhou a custos este ano desportivo e gastou cerca de 105 milhões de euros em contratações, um valor estratosférico quando comparado com os dois rivais diretos, FC Porto e Sporting. A compra mais avultada da equipa de Jorge Jesus foi a de Darwin Núñez, vindo do UD Almería, que custou 24 milhões de euros e foi desta forma a transferência mais cara do campeonato português.

Valor total que cada clube gastou em transferências na época 2020/21.

 

Amorim valoriza plantel em 45 milhões

Com uma aposta nas camadas jovens e um investimento moderado no mercado de transferências, não é estranho referir que o Sporting é o clube com menor valor de mercado total dos denominados “três grandes”. De acordo com o site especializado Transfermarkt, a equipa leonina está avaliada em 185,1 milhões de euros — valor que engloba todos os jogadores que integraram o plantel ao longo do ano, mesmo que tenham saído no mercado de janeiro –, um valor bem abaixo dos plantéis de FC Porto (263,1 milhões de euros) e Benfica (261,8 milhões de euros).

Mesmo assim, com o positivo percurso do emblema de Alvalade no campeonato nacional, a equipa constituída essencialmente por “pupilos” da Academia valorizou cerca de 45 milhões de euros desde setembro do ano passado.

O melhor exemplo do exponencial aumento do valor de mercado do Sporting é o lateral Nuno Mendes, de apenas 18 anos. O jogador português foi o atleta que mais valorizou na equipa, estando avaliado em sete milhões de euros no início da temporada e passando a valer atualmente… 25 milhões.

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84% das pessoas entre os 65 e os 79 anos já receberam uma dose da vacina contra a Covid-19

Relatório da vacinação revela que 29% da população portuguesa já recebeu pelo menos uma dose da vacina contra a Covid-19. 17% da população entre os 65 e os 79 anos já tem a vacinação completa.

Mais de um milhão de portugueses já recebeu as duas doses da vacina contra a Covid-19, o correspondente a 11% da população portuguesa, de acordo com o relatório de vacinação revelado esta terça-feira pela Direção-Geral de Saúde (DGS). Os dados revelam que 84% das pessoas entre os 65 e os 79 anos já receberam pelo menos uma dose da vacina, sendo que 17% estão completamente imunizados.

Nesta faixa etária, para quem já foi possível auto-agendar as suas vacinas, já 1.345.608 pessoas levaram a primeira dose, das quais 274.218 completaram a vacinação. Já o grupo etário com maior percentagem de vacinação é o dos mais de 80 anos, com 638,316 com a primeira dose tomada (94% do total), dos quais 588.576 já têm a vacinação completa (87%).

Olhando para os restantes grupos, 556.885 pessoas (26%) com idades entre os 50 e os 64 anos, 375.166 pessoas (11%) entre os 25 anos e os 49 anos, 32.244 pessoas (4%) entre os 18 anos e os 24 anos e 465 pessoas (0%) com idades até 17 anos já tinham recebido também a primeira dose da vacina contra a Covid-19.

Quanto à vacinação completa, as percentagens descem para 5% no grupo dos 50 aos 64, 4% entre aqueles de 25 a 49 anos e 2% na faixa dos 18 a 24 anos. Já 222 crianças com menos de 17 anos têm a vacinação completa.

Veja o relatório de vacinação (dados até 9 de maio):

Desta forma, um total de 2.948.708 pessoas já tomaram pelo menos uma dose da vacina contra a Covid-19, o que corresponde a 29% da população portuguesa. Destes, 1.119826 já têm a vacinação completa, tendo tomado as duas doses do fármaco.

Quanto à distribuição geográfica da vacinação, sobressai o Norte, onde foram administradas 1.376.009 doses da vacina contra a Covid-19, sendo que 28% dos habitantes da região já levaram uma dose e 10% têm a vacinação completa. Já a nível percentual, o destaque vai para o Alentejo onde 35% dos residentes já tomaram a primeira dose e 15% têm a vacinação completa.

(Notícia atualizada às 22h17)

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Willis Corretores de Seguros pode estar a mudar de mãos

  • ECO Seguros
  • 11 Maio 2021

A corretora portuguesa, controlada pela subsidiária espanhola da irlandesa Willis Towers Watson, será um dos negócios em processo de venda para viabilizar a fusão da matriz com Aon Plc.

A Arthur J. Gallager, registada e representada em Portugal através de filial sueca para desenvolver atividade em regime de livre prestação de serviços (LPS), está a negociar a compra de parte dos ativos que Aon e WTW devem vender para conseguirem aprovação da Comissão Europeia à planeada fusão. A corretora portuguesa Willis, sob domínio societário da filial espanhola da WTW, pode estar entre os desinvestimentos.

A corretora Arthur J. Gallagher & Co está em conversações para uma transação estimada em 3 mil milhões de dólares. De acordo com o Insurance Journal, fontes da Bloomberg que pediram anonimato disseram que as negociações com a Gallagher englobam operações em Espanha, Alemanha, França e Holanda, além das atividades de resseguro da Willis Towers Watson. O processo negocial ainda não está concluído, nem é certo que termine em acordo, ressalvaram as fontes.

A Gallagher é a 4ª maior corretora a nível mundial, segundo a agência A.M. Best, com um volume de negócios de cerca de 7 mil milhões de euros em 2019. É parceira da corretora Costa Duarte em Portugal.

A combinação entre Aon e WTW, uma fusão anunciada há pouco mais e um ano por 30 mil milhões de dólares, visa criar o maior grupo mundial na corretagem de seguros e consultoria de risco. A fusão gerou preocupações ao nível da concorrência no mercado e, após análise pela Comissão Europeia à luz dos procedimentos sobre concentrações, as proponentes terão assumido o compromisso de alienar parte dos negócios que têm no espaço económico europeu.

Segundo notícia recente da agência Reuters, as concessões assumidas pelas proponentes junto da DG da Concorrência da UE terão garantido a aprovação da fusão, esperando-se que o aval seja anunciado ainda no primeiro semestre.

A Willis – Corretores de Seguros, entidade distinta da Towers Watson Portugal, é uma sociedade constituída em 1956, e é detida em 99,95% pela Willis Iberia Correduría de Seguros y Reaseguros, por sua vez consolidada pela Willis Towers Watson Plc, com sede na Irlanda. Em consequência, as suas operações, transações e futuro são influenciados pelas decisões que afetem o grupo a que pertence, assume a empresa no documento de contas anuais (2019), divulgado em maio de 2020.

Caso a operação em Portugal seja excluída do pacote desinvestimentos, a corretora Willis será parte da nova Aon, designação da gigante resultante da fusão.

Em 2019, ano do mais recente relatório da corretora sediada em Lisboa e com um escritório no Porto, os
gastos com pessoal (incluindo remunerações dos órgãos sociais) rondaram 4,2 milhões de euros, encerrando o exercício com mais de 70 colaboradores.

Enquanto a despesa com fornecedores e outras contas totalizaram 5,68 milhões, as receitas (honorários e comissões) ascenderam a 8,09 milhões de euros (7,7 milhões em 2018), o resultado líquido ascendeu a cerca de 1,86 milhões, contra 1,8 milhões em 2018, montantes integralmente transferidos para os acionistas (WTW).

Ainda, segundo indica o relatório e contas de 2019, ano em que a corretora foi sétima entre as maiores do mercado nacional, as comissões auferidas provinham, por ordem descendente dos montantes reportados, das seguradoras Fidelidade e Tanquilidade/Generali, em conjunto a pesarem perto de metade dos honorários, seguidas da Allianz e Zurich.

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