Aplicações de refeições antecipam forte “aumento da procura” no recolher obrigatório

O estado de emergência introduziu novas restrições à restauração e as aplicações de entregas são das principais alternativas. Uber Eats, Glovo e Bolt Food esperam uma subida expressiva na procura.

As aplicações de entrega de refeições ao domicílio estão a preparar-se para um aumento significativo no número de pedidos, face às restrições do novo estado de emergência decretado no país. Desde quarta-feira que os portugueses não podem sair à rua a partir das 23 horas, restrição agravada aos fins de semana para todo o período da tarde de sábado e domingo nos 121 concelhos de maior risco.

Neste cenário, o setor da restauração, já severamente prejudicado pela pandemia da Covid-19, deverá reforçar a aposta nas plataformas de entrega de refeições. O take-away continua a ser permitido, mas os cidadãos só podem levantar as encomendas até ao início do período do recolher obrigatório, pelo que aplicações como a Uber Eats e a Glovo tornam-se as principais opções no cardápio.

Disponível na generalidade das principais cidades portuguesas, de norte a sul do país, a Uber Eats admite continuar a reforçar a aposta em medidas de incentivo ao consumo por parte dos utilizadores, de forma a puxar pelo negócio dos restaurantes que usam a aplicação como montra.

“Acreditamos que a forma mais eficiente de apoiar o setor é, como temos feito desde o início da pandemia, concentrar o nosso investimento em medidas que aumentem a procura dos nossos parceiros, sabendo que essa é a sua principal preocupação nesta fase, e na segurança, sem a qual nenhum negócio pode operar”, diz ao ECO fonte oficial da Uber Eats. A aplicação “procura dar resposta às necessidades de restaurantes, parceiros de entrega e utilizadores”, sublinha.

A Uber Eats gera receitas aplicando uma taxa sobre o valor das encomendas remetidas pela aplicação aos restaurantes. A taxa varia, mas pode chegar aos 30% do valor total em alguns casos. É ainda cobrada uma taxa adicional aos utilizadores que reverte a favor do estafeta responsável pela entrega, que também varia, mas pode chegar aos 3,90 euros.

"Acreditamos que a forma mais eficiente de apoiar o setor é, como temos feito desde o início da pandemia, concentrar o nosso investimento em medidas que aumentem a procura dos nossos parceiros, sabendo que essa é a sua principal preocupação nesta fase.”

Fonte oficial da Uber Eats

Presente em diversas das principais cidades portuguesas, a aplicação Glovo também tem vindo a preparar-se para um aumento na procura por causa do ressurgimento da pandemia. “Relativamente à evolução do mercado, a expectativa da Glovo é de que haja naturalmente um aumento de encomendas e adesão de novos parceiros”, afirma ao ECO o diretor-geral da empresa em Portugal, Ricardo Batista.

Para o gestor, a tendência é clara: “Em primeiro lugar, porque durante a primeira vaga e confinamento foi possível garantir a continuidade de um conjunto de negócios, através da nossa plataforma, especialmente para restauração e pequenos negócios. Em segundo lugar, porque a Glovo tem vindo a aumentar substancialmente a sua cobertura geográfica e o número de parceiros e de leques de atividades que vieram dar aos clientes finais o acesso a uma variedade muito grande de produtos sem terem de sair das suas casas.”

Ricardo Batista sublinha que a plataforma conta já com 3.500 estabelecimentos disponíveis no catálogo em Portugal. Trata-se de um crescimento de 13% face ao mês passado, e de 150% (2,5 vezes mais) do que no início da pandemia. “A expectativa é de que esta tendência se mantenha”, ressalva o responsável. A empresa segue um modelo de negócio semelhante ao da Uber Eats, mas apostou inicialmente nas entregas não só de refeições como também de outros produtos de conveniência.

Relativamente à evolução do mercado, a expectativa da Glovo é de que haja naturalmente um aumento de encomendas e adesão de novos parceiros.

Ricardo Batista

Diretor-geral da Glovo em Portugal

A alternativa mais recente no mercado português é a Bolt Food, que em outubro arrancou com uma operação de menor dimensão “numa área limitada de Lisboa”, contando já com “centenas de estafetas” e “mais de 260 restaurantes” no catálogo na capital. Três semanas depois do lançamento, fonte oficial da empresa assegura ao ECO que “a procura do novo serviço nestes primeiros dias de lançamento tem sido bastante elevada”.

“Neste momento, a Bolt continua a aumentar o número de estafetas para conseguir dar uma resposta adequada nas próximas semanas, em que se prevê um aumento da procura, visto que as pessoas vão ficar mais tempo em casa”, admite a mesma fonte. Assim, perante o decreto do estado de emergência, a empresa sublinha estar “a trabalhar em campanhas promocionais e descontos” para incentivar o consumo nos restaurantes através da aplicação.

As novas restrições para controlar a Covid-19 entraram em vigor com o estado de emergência na quarta-feira e deverão manter-se pelo menos até ao próximo dia 26 de novembro. O recolher obrigatório deverá condicionar ainda mais a atividade da restauração e, numa carta aberta ao primeiro-ministro, a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) alertou que ameaçam “ferir de morte” o setor.

“Sabemos do difícil e instável cenário que vivemos, sabemos que a atual situação pandémica nos dificulta a vida a todos, mas não é possível continuar neste rumo desastroso para as nossas atividades económicas”, apelou a associação.

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Pandemia parou mais de 1.600 “Ubers” e táxis

Entre janeiro e setembro, mais de 1.600 entidades singulares e coletivas suspenderam a atividade de transporte em automóvel ligeiro, ou já foram totalmente liquidadas, mostram dados do Fisco.

Mais de 1.600 pessoas singulares e coletivas, principalmente “Ubers” e táxis, deixaram de operar no mercado do transporte de passageiros em automóvel ligeiro entre março e setembro, suspendendo o negócio ou avançando para liquidação, num período que foi fortemente marcado pela pandemia. A conclusão resulta dos dados cedidos ao ECO pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT).

Nesses seis meses de crise pandémica, em que Portugal foi obrigado a confinar, 477 empresas com o CAE referente ao negócio de “Uber” e táxi entraram em liquidação e cessaram em IVA, para deixarem de ter de apresentar as declarações periódicas, ou suspenderam a atividade para posterior retoma. O número é cinco vezes superior às 88 que se registaram em período idêntico de 2019.

Há ainda registo de outras 1.148 entidades singulares e coletivas que foram já efetivamente dissolvidas e liquidadas. Um valor que representa um aumento face às 723 entidades registadas nos seis meses homólogos, de 1 de março a 28 de setembro.

Estes registos do Fisco ajudam a pintar o cenário negro pelo qual passou o negócio das plataformas eletrónicas e o dos táxis. Sem passageiros para transportar, algumas viram as receitas afundar 90% em pleno confinamento, como admitiu à Lusa, na semana passada, o diretor-geral da Bolt, David Ferreira da Silva. O negócio, entretanto, está a recuperar.

O ECO também já noticiou que a receita do Estado com a contribuição sobre essas empresas derrapou 71% no segundo trimestre, sugerindo uma quebra do mercado de igual dimensão. Entre abril e junho, entraram somente 181 mil euros nos cofres públicos por essa via, contra 622,5 mil euros nos mesmos três meses do ano passado.

E se, por um lado, a pandemia precipitou a falência de muitas empresas, por outro, a crise também travou a iniciação desta atividade. De 1 de março a 28 de setembro de 2020, iniciaram atividade com o referido CAE 1.432 entidades. Foram quase menos 5.600 entidades singulares e coletivas a iniciarem atividade, ou uma queda de perto de 80%.

O CAE (Classificação Portuguesa das Atividades Económicas) com o número 49320, que é tido para efeitos dos dados da AT, é amplamente usado por empresas com frotas ao serviço de plataformas como Uber, Bolt e Free Now, mas também de táxis tradicionais.

“Compreende o transporte não regular de passageiros em veículos automóveis ligeiros (em regime de aluguer), com ou sem taxímetro, segundo itinerários, horários e preços a negociar caso a caso” e “inclui aluguer com condutor”, de acordo com a definição formal. Exclui alugueres de viaturas sem condutores, atividades funerárias ou atividades de ambulâncias.

Estes dados são conhecidos no dia em que a Fectrans prevê realizar, a partir das 15h00, uma concentração de trabalhadores deste setor, com a intenção de distribuir por várias entidades um caderno de reivindicações. O objetivo é lutar contra a “desregulamentação” e contra a “autoridade total” das plataformas em “prejuízo” dos trabalhadores.

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Motoristas da Uber vão poder escolher preço das viagens. Podem cobrar até o dobro do normal

Os condutores da Uber em Lisboa podem agora aplicar um "multiplicador" sobre o preço final cobrado aos passageiros. Viagem de 10 euros pode ter um desconto de três euros, ou acabar por custar o dobro.

A Uber Portugal vai dar aos motoristas um maior controlo sobre os preços cobrados aos passageiros em Lisboa. Os condutores ao serviço da plataforma na capital portuguesa podem agora optar por aplicar um “multiplicador” que incide sobre o preço final da corrida. No limite, este pode baixar num fator de 0,7 ou subir até ao dobro do preço que seria normal.

A opção do “multiplicador” é uma novidade no mercado português, onde os preços das viagens na plataforma sempre foram definidos pela multinacional norte-americana. Ao que o ECO apurou, a informação foi comunicada esta quinta-feira à tarde aos motoristas e parceiros da plataforma e, para já, não estará disponível noutras cidades do país.

Contas feitas, uma viagem que normalmente custaria 10 euros ao passageiro pode passar a custar 7 euros no cenário mais favorável, ou 20 euros no cenário mais desfavorável — isto é, o dobro. Já uma viagem que normalmente custaria 15 euros passará a custar, no limite, entre 10,5 euros (um desconto de 4,5 euros) e 30 euros (um acréscimo de 15 euros, para o dobro).

Os motoristas podem ainda decidir não mexer no preço, situação à qual se aplica a tarifa normal. Assim, seguindo o exemplo acima, uma viagem de 15 euros custará os mesmos 15 euros ao passageiro. 25% do valor total da viagem continua a ir para a Uber sob a forma de comissão, constituindo receita própria da empresa como é habitual, não tendo reflexo direto no preço a pagar pelos clientes da empresa de transporte.

Apesar da flexibilidade na definição dos preços, o método de cálculo do preço base mantém-se: são cobrados 90 cêntimos a partir do momento em que começa a viagem, somando-se 9 cêntimos por minuto e 59 cêntimos por quilómetro contabilizados em simultâneo.

No momento de pedirem a boleia, os passageiros verão o preço final da viagem, já com a indicação do multiplicador definido pelo condutor, podendo decidir aceitar ou rejeitar o serviço. Se existirem tarifas dinâmicas mais elevadas do que o “multiplicador” escolhido pelo motorista, é aplicado o preço mais elevado.

À espera de mais regulamentação

Califórnia (EUA) e Suíça são dois dos mercados onde já existe esta funcionalidade da Uber, que agora é também testada em Lisboa, Portugal. Contactada pelo ECO, fonte oficial da empresa em Portugal explica que a nova opção visa permitir que os motoristas decidam os preços, “garantindo mais controlo sobre os seus serviços”. “Este é um passo para aumentar a flexibilidade e escolha que sabemos que os motoristas valorizam”, assegura a empresa liderada por Manuel Pina.

Em julho, quando a funcionalidade foi alargada a todo o Estado da Califórnia, a imprensa local explicou tratar-se de uma medida que permite à empresa alegar que os motoristas são trabalhadores independentes, ao invés de funcionários da própria plataforma. A regulação do trabalho na chamada “economia da partilha” tem sido um tema quente a nível internacional, sendo que aquela região dos EUA tem marcado a atualidade pelas regras mais apertadas a este nível.

Na semana passada, o Dinheiro Vivo noticiou que o Governo português pretende avançar com a regulação do trabalho a partir de aplicações móveis. O jornal indicou que mais de um décimo dos trabalhadores portugueses retiram parte ou todo o rendimento deste tipo de plataformas digitais.

Preços demasiado altos? Uber vai avisar

Concretamente para os motoristas da Uber, a alteração permitirá que estes optem por rendimentos mais baixos por cada viagem, mas potencialmente mais viagens, ou por uma maior rentabilização do tempo, mas com o risco de executarem um menor volume de corridas. Esta deverá ser a alteração introduzida pela Uber Portugal que mais mexerá com a dinâmica económica do mercado lisboeta, depois da redução dos preços introduzida no início do ano.

Para ajudar à tomada de decisão, “enquanto estiverem online, os motoristas irão receber notificações se estiverem a perder viagens por terem estabelecido uma tarifa acima do que os utilizadores pretendem pagar”. “Agora que podem definir as suas tarifas, o mapa de calor não irá mostrar informações sobre a tarifa dinâmica. Em vez disso irá destacar as áreas de grande procura para informar o local onde os tempos de espera são mais curtos”, lê-se na informação remetida aos motoristas e parceiros.

A definição da tarifa pelos condutores pode ser feita no menu “Preferências de Condução” da aplicação da Uber para motoristas. Os motoristas poderão escolher um “multiplicador” diferente para cada serviço, UberX, UberXL, Uber Star, Uber Green e Uber Comfort. Quando se colocam offline, o “multiplicador” é definido para o nível base de 1.

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“Ubers” estão em recuperação após “grandes quebras” da pandemia

  • Lusa
  • 9 Outubro 2020

O negócio das plataformas de TVDE está em fase de recuperação, depois das "grandes quebras" que chegaram a 90% durante o confinamento. Retoma está a ser mais fácil em Lisboa do que no Algarve.

Os operadores de plataformas TVDE (transporte individual e remunerado de passageiros em veículo descaracterizado) sofreram grandes quebras de serviço com a pandemia de Covid-19, encontrando-se atualmente em fase de recuperação.

Numa ronda pelas três operadoras atualmente a trabalhar em Portugal — Bolt, Uber e Free Now –, todas referiram que, durante o confinamento e sensivelmente até junho, houve um “forte bloqueio à mobilidade nas cidades”, pelo que houve uma queda significativa nos serviços prestados.

“Sentimos uma queda enorme ao nível do negócio, a rondar os 90%. Contudo, em junho começámos a recuperar rapidamente e, neste momento, estamos já com a operação a decorrer a níveis acima do que estava a acontecer em fevereiro”, disse o responsável da Bolt em Portugal, David Ferreira da Silva.

Apesar de a plataforma ter sofrido inicialmente uma “redução significativa do número de motoristas”, recuperou o número de profissionais associados que tinha ativos em fevereiro: “O que é um sinal muito positivo de que as coisas estão de facto a melhorar”, afirmou. Também no número de operadores (empresas, que podem corresponder a um ou a vários motoristas) não foi sentida uma “diminuição significativa”.

Embora sem avançar com números de viagens, o responsável da Bolt referiu que estes já são “semelhantes” aos de antes da pandemia.

Já tendo em conta a recuperação, David Ferreira da Silva explicou que as tendências “têm sido semelhantes em todo o país, exceto no Algarve”, que nesta altura “está fortemente dependente do turismo e das atividades noturnas”.

Também a Uber, a primeira operadora de transporte individual a partir de plataforma eletrónica a operar em Portugal, referiu que com o “gradual desconfinamento do país tem havido uma recuperação”.

“A mobilidade tem uma grande correlação com o dinamismo económico do país e, infelizmente, ainda estamos a atravessar uma crise pronunciada. No entanto, sentimos que muitos portugueses estão a olhar para o TVDE como uma alternativa segura para se deslocarem e uma alternativa ao transporte individual”, sublinhou o diretor-geral da Uber em Portugal, Manuel Pina.

Reconhecendo que o serviço prestado pela plataforma tem “naturalmente maior adesão nas zonas urbanas”, Manuel Pina lembrou que após a expansão dos serviços para todo o território nacional em julho “já foram realizadas viagens TVDE em 17 dos 18 distritos” do continente português.

Em relação ao número de viagens realizadas antes da pandemia e depois do confinamento, o responsável referiu que a operadora (também com serviço de distribuição de comida) “não comenta o impacto da Covid-19 no negócio em nenhum mercado em específico”. A nível global, acrescentou, “o impacto foi de 73% no negócio equivalente ao TVDE”.

Em junho deste ano surgiu a plataforma de mobilidade Free Now, criada a partir da MyTaxi (serviço de transporte em táxis através de uma aplicação de telemóvel) e que integra também os TVDE da Kapten (marca que começou a sua atividade em Portugal como Chauffer Privé).

À Lusa, o diretor-geral da Free Now para Portugal, Sérgio Pereira, reconheceu que a operadora teve “uma razoável apresentação ao mercado”, ainda que, “naturalmente, abaixo do que era expectável”, devido à Covid-19.

Para essa razoabilidade, considerou, contribuíram “a herança e o know-how do mercado” que vieram de ambas as marcas que compõem agora a Free Now.

De acordo com Sérgio Pereira, em geral, a queda do número de viagens na plataforma foi “sensivelmente de 70% no pico da pandemia e atualmente de menos 30% em comparação com 2019”. “Em média estamos com menos 50% no segundo e terceiro trimestre de 2020 comparativamente com o ano passado”, exemplificou.

Pelo facto de ser uma aplicação que junta táxis e TVDE, Sérgio Pereira reconhece ser “expectável que quanto maior for a oferta mais facilmente chega a um número mais elevado de clientes e, ao ser mais completa, mais apelativa será”.

“Temos clientes que preferem TVDE e outros que continuam a preferir o táxi. A Free Now, enquanto plataforma que reúne vários tipos de serviços na mesma aplicação, tem um espetro de atuação mais amplo”, sublinhou.

Lisboa recupera melhor do que o Algarve

António Fernandes, do Sindicato Motoristas TVDE de Portugal, referiu que o setor está a assistir a uma recuperação que “é mais lenta numas zonas e noutras mais rápida”.

“A atividade económica não está como antes da pandemia, as nossas faturações ainda não chegam lá. Em Lisboa, por exemplo, está a ser mais fácil recuperar do que no Algarve, que entrou agora em época baixa, estão com mais dificuldades em recuperar”, adiantou.

Reconhecendo que “uma grande maioria parou durante a pandemia”, António Fernandes avançou que alguns motoristas “acabaram mesmo por abandonar e não estão em atividade”, enquanto outros conseguiram “aguentar-se com o apoio que o Estado disponibilizou”.

De acordo com o Instituto da Mobilidade e dos Transportes, encontram-se licenciados dez operadores de plataformas de TVDE, o que não implica que estejam todos em atividade. Segundo os dados até 30 de setembro deste ano, estavam igualmente licenciados 8.021 operadores de TVDE e certificados 26.971 motoristas.

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Impacto da pandemia nos “Ubers” afunda receita do Estado em 71%

O impacto da pandemia levou o Estado a arrecadar 181 mil euros no segundo trimestre com a contribuição que é paga pelas plataformas como a Uber. O valor representa uma queda de 71% face a 2019.

As receitas das plataformas eletrónicas de transporte, como é o caso da Uber, foram fortemente castigadas pela pandemia. No segundo trimestre, marcado pelo confinamento, o montante arrecadado pelo Estado em contribuições pagas por estas empresas afundou 71% em termos homólogos. Perto de 181 mil euros entraram nos cofres públicos por esta via, o que compara com os mais de 622,5 mil euros arrecadados nos mesmos três meses de 2019.

A informação faz parte de um conjunto de dados cedidos ao ECO pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT). Os valores referem-se à contribuição que as aplicações como a Uber, Bolt e Free Now têm de entregar ao Estado todos os meses, por autoliquidação, contribuição essa que é de 5% e incide sobre o valor das suas receitas (que, por sua vez, representam as comissões cobradas pelas plataformas aos motoristas em cada viagem que realizam).

Ora, com os portugueses fechados em casa por causa da crise pandémica, ou depois com uma retoma bem mais lenta do que se esperava, as receitas das plataformas eletrónicas acabaram por ser cortadas em mais de metade. Analisando o período compreendido entre março e julho de 2020, a quebra no valor arrecadado pela AMT superou os 51%. Nesses quatro meses, o Estado recebeu apenas 510,5 mil euros, que comparam com 1,05 milhões obtidos no período equivalente de 2019.

Receita mensal do Estado com contribuições do setor:

Fonte: Autoridade da Mobilidade e dos Transportes

Os dados cedidos pela AMT ao ECO não vão para lá do mês de julho. Contudo, mostram também o crescimento que este mercado vinha a observar imediatamente antes de a Covid-19 baralhar as contas. Por exemplo, em fevereiro de 2019, o mês em que se inicia a série (coincidindo com a entrada em vigor da “lei da Uber”), a contribuição tinha rendido à AMT pouco mais de 29.500 euros. Volvido um ano, o Estado arrecadou mais de 275,7 mil euros com a contribuição.

Esse crescimento fica também patente na análise semestral. Mesmo com a pandemia a trocar as voltas ao setor, o montante angariado pelo Estado com a taxa sobre os “Ubers” no primeiro semestre de 2020 superou em mais de 45% o montante arrecadado no mesmo período de 2019. A ajudar a esta tendência esteve também o facto de que, no mês de janeiro de 2019, as plataformas ainda não tinham de pagar esta contribuição, pelo que a receita foi zero.

O ECO também solicitou dados sobre o pagamento das contribuições discriminado por cada plataforma, informação que a AMT recusou revelar. Não seria, no entanto, a primeira vez que o regulador a divulgaria. No início do ano, a informação foi cedida em resposta a questões colocadas pelo PCP.

O quadro com as contribuições pagas por cada plataforma acabou por ser publicado no site da Assembleia da República e, pela primeira vez, permitiu inferir as receitas de cada empresa em Portugal. A Uber Portugal, líder de mercado, gerou receitas de mais de 38,6 milhões em 2019, enquanto a Bolt obteve receitas de 5,56 milhões nesse ano. Além disso, a contribuição total de 2,3 milhões de euros no ano passado sugere que os portugueses gastaram cerca de 200 milhões de euros em viagens nestes serviços.

Constituição de empresas trava a fundo

É também possível apurar o impacto da pandemia olhando para a dinâmica de encerramento e constituição de empresas. Analisando a categoria (CAE) do “transporte ocasional de passageiros em veículos ligeiros”, que também inclui as empresas de táxi, é possível observar que encerraram 151 empresas entre março e agosto, contra 95 no mesmo período de 2019.

Já do ponto de vista da dinâmica de nascimento de empresas da mesma categoria, a quebra bem mais expressiva. Enquanto, entre março e agosto de 2019, foram constituídas 1.583 empresas com o CAE referido, este ano, porém, nasceram apenas 322. Estes dados foram compilados a pedido do ECO pela Informa D&B.

“A constituição de empresas de ‘Transporte ocasional de passageiros em veículos ligeiros’ estava a crescer no início do ano de 2020, ao contrário do total do tecido empresarial (todas as atividades), sofrendo, no entanto, uma queda mais abrupta nos primeiros meses da pandemia (março e abril), que se manteve até ao mês de agosto”, indica a análise da Informa D&B aos nascimentos de empresas. “O total das constituições em todos os setores de atividade recuperou desde maio até agosto”, acrescenta.

Já do ponto de vista dos encerramentos, “ao contrário do total do tecido empresarial, subiram face ao período homólogo de 2019, mas ainda com números absolutos pouco expressivos (mais 65 encerramentos)”, destaca a Informa D&B, que nota, por fim, que “a idade média dos encerramentos passou para metade (16 anos em 2019 para 8 anos em 2020)”.

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Há “Ubers” com salários bloqueados há semanas por falta de documentos

Alguns parceiros da Uber estão há semanas sem obterem rendimentos, apesar de continuarem a transportar passageiros. Não conseguem transferir os ganhos por dificuldades em atualizar documentação.

“Há grandes operadores que não estão a receber. Eu estou num desses operadores que aguentou três semanas a pagar-nos a nós sem estar a receber da Uber.” O desabafo surge num vídeo posto a circular no WhatsApp. Nele, um presumível motorista da Uber UBER 0,00% garante que, por esse motivo, o patrão decidiu suspender a atividade até que consiga receber os montantes devidos.

O caso não é único. Nas redes sociais, ou em grupos restritos, têm surgido esporadicamente parceiros ou motoristas que dizem estar há semanas sem conseguirem levantar os seus rendimentos. Um proprietário de uma empresa com frota ao serviço da plataforma, que pediu para não ser identificado, garante ao ECO ter 1.700 euros por receber “há três semanas”. Motivo pelo qual pondera abandonar o negócio para se dedicar à sua outra atividade no setor dos transportes.

Alguns parceiros, preocupados e sem saberem o que fazer, disparam acusações mais graves à empresa, para as quais ajuda o desespero de quem tem de pôr pão na mesa. Mas a Uber Portugal, gestora da plataforma, recusa estar a reter dinheiro indevidamente. E aponta para uma diretiva europeia para explicar a situação, mostrando-se, ela própria, impedida de transferir fundos para parceiros que não tenham toda a documentação em conformidade com a legislação.

O email que não chegou, a chamada não atendida

“Há uma diretiva da União Europeia que tem como objetivo regular serviços de pagamento, melhorando a segurança na utilização de sistemas de pagamento e reforçar a proteção dos consumidores”, afirma fonte oficial da Uber, que diz ter de “verificar a identidade dos parceiros”. “Estamos há vários meses a pedir aos parceiros que atualizem a sua informação de pagamento. Ou seja, temos vindo a explicar e a informar que os pagamentos para a conta de parceiro poderão ficar suspensos caso não verifiquem os seus dados de identidade e de pagamento”, continua.

Após diversas tentativas de contacto com o suporte da plataforma, um dos parceiros que reporta problemas com os pagamentos deslocou-se ao balcão presencial da empresa em Lisboa. Ali, foi informado que a Uber lhe telefonou várias vezes, sem sucesso, para dar conta da necessidade de atualizar documentação. Inicialmente, foi explicado que o erro estaria no “cartão de cidadão de um dos sócios”, por não estar “bem visível”.

"Estamos há vários meses a pedir aos parceiros que atualizem a sua informação de pagamento. Ou seja, temos vindo a explicar e a informar que os pagamentos para a conta de parceiro poderão ficar suspensos caso não verifiquem os seus dados de identidade e de pagamento.”

Uber

Corrigido esse eventual problema, a documentação encontra-se a aguardar “uma segunda validação”. Situação que, segundo o parceiro, se prolonga há já algum tempo. Entretanto, continua sem conseguir transferir os rendimentos. “Normalmente, se tiver um elemento caducado, a minha conta fica inativa. Neste caso, há um documento que não está correto, mas deixam-me trabalhar”, queixa-se, referindo-se ao sistema da Uber que inativa as contas dos motoristas quando se verifica um documento caducado ou em falta.

Fonte oficial da Uber promete que “assim que” os parceiros atualizem a documentação, “o pagamento é procedido”. A pedido do ECO, cedeu ainda um exemplar de um dos emails que garante ter enviado aos parceiros. Na mensagem, surge a indicação: “Verifique os seus dados até ao dia 31 de agosto para continuar a receber os seus pagamentos”. O texto é também claro a indicar que os pagamentos “poderão ficar suspensos” caso o parceiro “não verifique os seus dados de identidade e de pagamento”. “Evite a suspensão dos pagamentos para a sua conta e continue a usar a aplicação como sempre”, refere a mensagem. “Ligámos a todos os parceiros para além dos emails”, assegura o mesmo porta-voz.

Sinais díspares e confusão instalada

Fica assim claro que certos parceiros não estão a conseguir retirar os rendimentos já gerados com a aplicação, presumivelmente por complexidades legais relacionadas com documentação. Mas, em alguns casos, depois de contactarem o suporte via chat, um operador admite que a “questão foi identificada e a situação já se encontra em fase de resolução”. Noutro caso, um operador admite ter “conhecimento de que existe um constrangimento com os pagamentos” e diz mesmo que a empresa está a “trabalhar ativamente na solução desta questão”. Uma captura de ecrã de um pagamento com a data de 15 de setembro mostra o estado “erro na transferência”.

Tudo somado, estes fatores contribuem e alimentam a desconfiança de alguns parceiros, que insistem que alguma coisa na Uber não está bem, ainda mais neste contexto de pandemia. Ainda assim, nas informações consultadas pelo ECO, há também uma mensagem que indica ser necessário verificar “a identidade de cada pessoa que detém 25% ou mais da empresa associada” à conta, em linha com o que é justificado pela Uber.

Depois há também situações em que a justificação é menos óbvia. Um parceiro, que também terá tido dificuldades na atualização dos documentos, conseguiu, por fim, resolver o problema, somente para ver uma nova mensagem surgir na área de pagamentos pontuais da aplicação, conhecida por FlexPay: “Os seus rendimentos foram bastante elevados esta semana e isso é ótimo. Mas também significa que não podemos transferir um montante assim tão elevado numa única semana. Receberá os rendimentos restantes juntamente com o seu pagamento semanal normal.”

Também para isto a empresa tem uma justificação. “Temos uma função que é o FlexPay. Esta função permite que os parceiros possam levantar parte do seu rendimento semanal em qualquer altura da semana, não tendo que esperar pelo normal pagamento semanal todas as segundas-feiras. Em alguns casos, o valor que os parceiros gostariam de levantar através da função FlexPay é superior ao que é permitido, no entanto, 100% do valor de rendimentos remanescente é pago no início da semana seguinte”. O valor do caso reportado ao ECO será na ordem dos quatro dígitos, mas a Uber recusou revelar o montante máximo que permite levantar nessas condições, apontando apenas ser “uma quantia elevada”.

Fonte oficial da Uber também se mostrou incapaz de revelar quantos parceiros estão impedidos de transferirem os rendimentos concretamente por questões de documentação. “Não se pode falar de dimensão ou ordem de grandeza, porque estes processos estão permanentemente a correr e, adicionalmente, temos auditorias internas para fazer uma dupla verificação de documentação de parceiros para este efeito. Nos casos em que estas auditorias detetem problemas, os pagamentos serão suspensos até que a situação seja regularizada”, sinalizou.

Mas também, ao que o ECO apurou, estas situações estão longe de ser um problema generalizado. Outro parceiro com frota ao serviço da plataforma garantiu que tem vindo a receber as transferências semanais com normalidade, apesar de conhecer um caso de um colega na situação acima reportada. Instado a opinar sobre o que estará na origem dessas dificuldades, este parceiro não hesitou em levantar a hipótese de eventuais problemas com documentação.

Fonte oficial da Uber sugere, assim, que quem se encontre nestas situações se dirija “ao apoio físico em Lisboa e no Porto”. E, aos mais desconfiados, deixa a garantia: “Não estamos a ficar com os pagamentos ou valores de ninguém. Estamos a pedir que atualizem dados legais que nos são exigidos enquanto plataforma.”

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Uber vence recurso e recupera licença para operar em Londres

A Uber venceu o recurso contra a retirada da sua licença para operar em Londres. A justiça considerou "adequada" a continuidade do funcionamento da plataforma na capital do Reino Unido.

A Uber ganhou o recurso contra a retirada da licença para operar em Londres, uma vitória para a multinacional, que estava em risco de perder o acesso a um dos seus principais mercados. A justiça britânica considerou “adequada” a continuidade do funcionamento do serviço na capital do Reino Unido.

Foi em novembro de 2019 que a autoridade dos transportes local decidiu retirar a licença à Uber. Em causa, alegações de que milhares pessoas conseguiram fazer-se passar por motoristas sem terem licença para tal, transportando passageiros e contornando os mecanismos de prevenção de fraude da empresa.

Apesar de a Uber garantir na altura que já tinha resolvido esse problema, a Transport for London (TfL) decidiu, mesmo assim, retirar a licença à plataforma de transporte privado. Desde então, a empresa continuou a operar enquanto esperava o resultado do recurso, que foi agora conhecido. Não se sabe até quando é válida a nova licença da empresa.

Fonte oficial da plataforma já tinha confirmado em novembro que a empresa iria apresentar recurso de uma decisão que considerava “extraordinária e errada”. “Mudámos fundamentalmente o nosso negócio nos últimos dois anos e estabelecemos um padrão de segurança”, afirmava então a companhia.

Já depois da publicação desta notícia, a companhia reagiu à vitória. Numa declaração, Jamie Heywood, diretor-geral para o Norte e Leste Europeu, afirma: “Esta decisão é um reconhecimento do compromisso da Uber com a segurança e continuaremos a trabalhar de forma construtiva com a TfL.”

(Notícia atualizada às 14h39 com reação da Uber)

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Uber permite teletrabalho até ao verão de 2021

Empresa comunicou esta terça-feira aos trabalhadores que manterá o regime de teletrabalho até junho do próximo ano, seguindo decisões semelhantes por parte de outras tecnológicas.

Manuel Pina é diretor-geral da Uber Portugal.DR

A Uber vai permitir o regime de teletrabalho pelo menos até junho de 2021, tendo comunicado a decisão aos trabalhadores a nível mundial esta terça-feira, avançou a CNBC e confirmou a Pessoas/ECO. Na base da medida está a evolução da pandemia da Covid-19.

A informação foi comunicada pelo presidente executivo da empresa, Dara Khosrowshahi, numa reunião com os funcionários da Uber, tendo o responsável adiantado que a medida não é obrigatória. Significa que a todos os trabalhadores da tecnológica será permitido manterem-se em casa ou regressarem aos escritórios, desde que estes sejam reabertos antes dessa data.

Com esta medida, a tecnológica da área da mobilidade junta-se a outras gigantes como o Facebook, a Google, o Twitter ou a empresa promotora do Web Summit, que vão prolongar o regime de teletrabalho até ao próximo ano, pelo menos. Em Portugal, a Uber contava, antes da pandemia, com uma equipa de 450 trabalhadores.

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“Se já não havia para os táxis, não sei se vai haver para” Ubers, alertam os táxis

A partir de agora, a Uber "funciona" em todo o país. Mas, sem a criação de incentivos, será difícil ter carros em muitas regiões: "Se já não havia para os táxis, não sei se vai haver para eles."

A Uber vai alargar a operação a todo o território nacional, permitindo agora que os motoristas e parceiros levem a cabo o transporte de passageiros em qualquer região de Portugal. Até aqui, a Uber estava apenas disponível em duas dezenas de cidades portuguesas com maior dimensão, do Algarve a Viana do Castelo, de Lisboa a Portalegre, passando por muitas outras.

A empresa entra, deste modo, numa rota de colisão mais acentuada com os táxis. Mas, do lado deste setor, a dúvida prende-se com a rentabilidade, sobre a qual têm dúvidas.

Para Florêncio de Almeida, presidente da Antral, “era de esperar que fossem alargar onde pudessem”. Mas acrescenta: “Não acredito que nas aldeias mais pequenas vão ter rentabilidade. Se já não havia para o táxi, não sei se vai haver para eles”, remata o responsável setorial.

Não acredito que nas aldeias mais pequenas vão ter rentabilidade. Se já não havia para o táxi, não sei se vai haver para eles.

Florêncio de Almeida

Presidente da Antral

Já a Federação Portuguesa do Táxi (FPT) tem dúvidas semelhantes. “Eu não vejo que possa ser rentável. O próprio setor do táxi já está há tantos anos no interior do país, em zonas mais rurais. E se até para o táxi está mais complicado, não vejo como pode haver interesse para as plataformas operarem nesses meios”, afirma Ana Rita Silva, vice-presidente desta que é outra entidade representante do setor.

“No nosso entender, [esta decisão] só revela que o mal alastra sem controlo e sem a contingentação municipal que nos foi prometida”, destaca a responsável setorial, garantindo que essa foi uma das promessas do Governo aos taxistas na sequência da manifestação de 2018. A contingentação é a prática de limitar a oferta de motoristas num determinado município e tem sido uma bandeira do PCP nesta matéria, bem como uma das principais exigências do setor do táxi. “Foi pedido para que este poder passasse para as autarquias na altura da manifestação. Foi-nos prometido que iria para a frente”, assegura.

Até aqui, o táxi era a única alternativa disponível para o transporte de passageiros do ponto A ao ponto B em muitas regiões onde a Uber não estava presente. Eventualmente, a Uber atrairá um público mais jovem, enquanto o táxi, por ser a opção mais tradicional, continuará a fazer as preferências das camadas mais seniores da população.

Disponível é uma coisa, ter carros é outra

A Uber justificou esta expansão indiscriminada por “permitir mais oportunidades económicas aos motoristas e populações locais e para incentivar os portugueses a explorarem território nacional”. E abre a porta a decisões semelhantes por parte das outras plataformas eletrónicas de transporte, que, de resto, já cobrem uma “fatia” relevante da população neste mercado cada vez mais maduro.

É certo que, ao alargar a operação desta forma, o serviço vai passar a estar disponível em centenas de locais onde ainda não estava presente. Falamos de pequenas cidades a vilas de norte a sul do país, mas também das regiões autónomas. E há vários anos que habitantes destes locais anseiam pela chegada da aplicação.

Mas haverá uma razão para a Uber não ter tomado esta decisão mais cedo. Até aqui, os lançamentos da Uber são organizados de forma a garantir que a empresa dispõe de motoristas em cada cidade. Isso é feito através de trabalho no terreno, com angariação local de motoristas e de parceiros, e a criação de incentivos a quem conduz e de descontos a quem é conduzido. Por outras palavras, apesar do alargamento da operação a todo o país, será difícil — ou mesmo impossível — ter carros em todos os locais.

O diretor-geral da Uber Portugal sabe isso e admite-o numa entrevista ao Público. “Por exemplo, na ilha do Pico [Açores], não garantimos que possa haver já uma viagem dia 14, mas garantimos que caso exista um parceiro TVDE [Transporte em Veículo Descaracterizado ou alguém que tenha interesse em obter a licença na ilha, vai poder passar a fazer esse serviço”, afirmou.

O ECO contactou a Bolt e a Free Now para saber se estas empresas tencionam expandir a operação a todo o território nacional. Ainda não tinha recebido resposta da Free Now a tempo de publicação deste artigo, enquanto a Bolt escusou-se a comentar.

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Uber Eats vai entregar compras do Continente no Porto, Lisboa e Algarve

As lojas do Continente vão passar a contar com o serviço de entregas ao domicilio da Uber Eats. Segundo a empresa, "esta é a primeira grande parceria com uma cadeia de supermercados em Portugal".

O Continente já está disponível na aplicação da Uber Eats no Porto, Lisboa e Algarve. A cadeia de supermercados vai disponibilizar cerca de mil produtos que irão estar disponíveis na aplicação, incluindo artigos de limpeza do lar, higiene, beleza, peixaria, talho e congelados, refeições prontas, frutas e legumes frescos, bem como mercearia, cerveja, vinho e bebidas espirituosas. As entregas não têm valor mínimo e demoram no máximo meia hora.

“É com muito orgulho que anunciamos esta novidade com a aplicação Uber Eats, uma vez que isso significará mais opções de compra para os nossos clientes e uma forma adicional de comodidade para encomendarem os seus produtos, entregues à sua porta. Os clientes podem usar a aplicação da mesma forma que encomendam uma refeição, estando disponíveis cerca de 1.000 produtos, com um plano de alargamento”, refere Pedro Santos, diretor de e-commerce do Continente, citado em comunicado.

A aplicação Uber Eats alargou assim a oferta além das refeições, passando a incluir também produtos de conveniência, supermercado, higiene ou beleza. “Estamos muito orgulhosos por lançar esta parceria com o Continente, esta que é a nossa primeira grande parceria com uma cadeia de supermercados em Portugal”, refere Mariana Ascenção, diretora de comunicação da Uber em Portugal.

Atualmente, a Uber Eats está disponível no norte a sul do país em 47 cidades, o que corresponde a uma cobertura estimada superior a 50% da população portuguesa.

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Uber só aceitará carros “integralmente elétricos” a partir de 16 de julho

A partir de 16 de julho, todos os novos automóveis registados nos serviços UberX e Comfort terão de ser "integralmente elétricos", apurou o ECO.

A Uber vai passar a exigir que todos os novos automóveis registados na plataforma e afetos aos serviços UberX e Comfort sejam “integralmente elétricos”. A novidade foi comunicada esta quinta-feira de manhã aos motoristas e entrará em vigor a 16 de julho para as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e nos distritos de Braga e Faro, apurou o ECO.

Na nota remetida aos parceiros, a que o ECO teve acesso, a empresa diz estar empenhada “em garantir um futuro em que a mobilidade urbana é cada vez mais sustentável”. “Por isso, a partir de dia 16 de julho, a aplicação Uber apenas aceitará o registo de novos veículos que sejam integralmente elétricos nos produtos UberX e Comfort”, acrescenta.

O UberX é o serviço básico da Uber em Portugal e, também, o mais utilizado. O serviço Comfort é o serviço intermédio, que permite viajar em “carros mais confortáveis” guiados por motoristas com classificações superiores.

Esta novidade não significa que todos os carros destes serviços passem a ser elétricos a partir de 16 de julho. A medida “apenas irá impactar novos veículos, pelo que os veículos atualmente registados na aplicação e os veículos de substituição não serão afetados”, indica a Uber na mensagem que remeteu aos motoristas.

Assim, gradualmente, vão existir cada vez menos automóveis a diesel e a gasolina ao serviço da Uber. No limite, e mantendo tudo constante, os serviços básico e intermédio da Uber em Portugal poderá ser totalmente elétrico a partir de 2027, na medida em que a lei obriga a que os automóveis ao serviço destas plataformas tenham menos de sete anos. Em fevereiro, por exemplo, a empresa “expulsou” da plataforma todos os automóveis com matrícula de 2013.

Mas a transição poderá ser completada ainda mais cedo. Em meados do mês passado, a associação ambiental Zero veio a público exigir que todos os automóveis afetos ao negócio das plataformas eletrónicas sejam 100% elétricos até 2025. A associação realizou também um estudo que concluiu que “em Portugal é mais barato operar veículos elétricos do que recorrer ao gasóleo”.

Entretanto, a Uber Portugal confirmou esta mudança em comunicado. A empresa acredita que a decisão vai acelerar “a descarbonização do setor dos transportes”. “Sabemos o que temos pela frente mas esperamos que iniciativas como esta possam ajudar a mobilizar parceiros privados e autoridades públicas e que este esforço, que tem de ser conjunto, possa fazer a diferença”, sublinha Manuel Pina, diretor-geral da empresa, citado na referida nota.

(Notícia atualizada pela última vez às 10h21)

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Já pode encomendar no Uber Eats sem pagar taxa de entrega. Tem é de ir buscar ao restaurante

A Uber vai lançar uma modalidade que permite encomendar refeições no Uber Eats e ir diretamente ao restaurante para fazer a recolha. O preço fica mais baixo por não incluir a taxa de entrega.

A partir desta quarta-feira vai poder encomendar uma refeição no Uber Eats sem pagar taxa de entrega… desde que a vá buscar diretamente ao restaurante.

A empresa vai anunciar uma funcionalidade de pick-up que permite aos clientes fazerem um pedido antes de saírem de casa ou do escritório. Porém, ao optarem por um restaurante aderente a esta modalidade, são os próprios clientes que se dirigem aos restaurantes para recolher os pedidos, ao contrário da modalidade tradicional, em que é um estafeta da Uber que leva a encomenda à porta.

A vantagem é que estas encomendas do tipo “take-away não incluem a habitual taxa de entrega cobrada pela Uber, que pode chegar a rondar os quatro euros. O resultado é, por isso, um preço mais acessível do que o habitual no Uber Eats, ao mesmo tempo que o pedido feito com antecedência permite evitar filas nos estabelecimentos, de acordo com a empresa.

A informação sobre esta novidade foi cedida ao ECO pela Uber. Além disto, a premissa é a de que a nova funcionalidade de pick-up é também vantajosa para os restaurantes em plena pandemia, na medida em que lhes permite fazerem parte da “montra” do Uber Eats, pagando um preço inferior do que aquele que pagariam no serviço tradicional.

Atualmente, para além da taxa de entrega cobrada pela Uber aos utilizadores (que abrange o custo do estafeta que recolhe a encomenda e a leva a casa do cliente), a Uber cobra uma taxa por encomenda aos estabelecimentos aderentes. O valor da taxa varia, mas pode chegar, em alguns casos, aos 30% do total da encomenda. Ao aderirem ao pick-up, os restaurantes pagam menos, mas podem beneficiar do alcance oferecido pelo Uber Eats.

“Dado que os custos logísticos associados a esta opção são significativamente inferiores à opção de entrega em casa, esta modalidade permite também uma redução substancial da comissão desse serviço cobrada ao restaurante”, garante fonte oficial da Uber. Contas feitas, estes estabelecimentos podem fazer parte do catálogo e, eventualmente, alcançar mais clientes, enquanto retêm uma “fatia” maior da receita.

“Queremos continuar a encontrar novas formas de apoiar a restauração neste momento difícil, para que todos os nossos parceiros possam escolher opções de entrega que façam sentido para o seu caso individual. É por isso que estamos a lançar um novo serviço de pick-up que combina o alcance só possível através da nossa aplicação com um custo substancialmente mais baixo e, claro, sem taxa de entrega para os utilizadores, oferecendo uma oferta mais alargada de serviços”, considera Mariana Ascensão, diretora de comunicação da Uber em Portugal.

A modalidade de pick-up no Uber Eats já estava disponível na aplicação de entrega de refeições da empresa noutros mercados. Os números da Uber apontam para perto de 13.000 restaurantes aderentes em toda a Europa. “Esses restaurantes tiveram um aumento de 200% nos pedidos desde janeiro na região e mais de 42%” em cadeia entre abril e maio de 2020, garante a multinacional norte-americana. A aplicação está disponível para Android e para iPhone.

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