Trambolhão do BCP é o Euromilhões destes investidores

Houve quem tivesse lucrado com a desgraça do banco nestas últimas cinco sessões. Estratégias de short selling renderam 25 milhões de euros a quatro investidores internacionais.

O BCP deixou muitos investidores à beira de um ataque de nervos nas últimas cinco sessões, mas houve quem ganhasse o Euromilhões com o tombo das ações do banco português.

Em cinco dias, o valor de mercado do BCP emagreceu 650 milhões de euros por causa da instabilidade política em Espanha e Itália. Isto refletiu uma desvalorização de 15,3% dos títulos desde o fecho da sessão do dia 22 de maio até à sessão desta terça-feira, dia em que afundou mais de 8% para o valor mais baixo desde setembro.

Mas houve quem tivesse lucrado com a desgraça alheia. Quem investiu na queda das ações do BCP tirou um bom prémio pela ousadia. Foi o caso destes quatro investidores: BlackRock, Lansdowne, Marshall Wace e Oceanwood Capital.

Os interesses a descoberto destes fundos internacionais representam 3,79% do capital do banco, o valor mais elevado em quase dois meses, de acordo com as posições curtas relevantes declaradas à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Feitas as contas, embora a ação tivesse perdido valor desde o dia 22, os quatro investidores ganharam 25 milhões de euros com o chamado short-selling, isto considerando apenas os 28,25 cêntimos a que as ações estavam antes do trambolhão e os 23,92 cêntimos a que encerraram a última sessão.

A Marshal Wace registou o maior ganho, isto porque é o fundo que tem a maior posição a descoberto sobre o BCP: tem uma aposta na queda representativa de 1,2% do capital do banco. Logo atrás vem a Oceanwood com 1,03% e a Lansdowne com 0,86%. A BlackRock tem apenas 0,7% do capital a descoberto.

Esta é uma estratégia de risco em que se aposta na desvalorização das ações: o investidor pede as ações emprestadas a um preço (imaginemos dois euros), vende-as no mercado (por dois euros) e espera que desvalorizem para voltar a recomprar títulos a um preço mais baixo (compra a um euro). Devolve as ações emprestadas e realiza uma mais-valia (neste caso, o lucro foi de um euro por ação).

Ações do BCP afundaram. Estão em mínimos de setembro

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Maya assume a liderança do BCP. Quais os desafios do novo CEO?

  • Rita Atalaia
  • 30 Maio 2018

Seis anos depois, Nuno Amado passa o testemunho a Miguel Maya. Assume um banco com lucros, mas com muito ainda por "limpar". E com uma promessa: a de voltar a pagar dividendos.

É hoje que Nuno Amado passa o testemunho a Miguel Maya, mantendo-se como chairman do BCP.Paula Nunes / ECO

Hoje começa um novo capítulo na vida do BCP. Depois de seis anos, Nuno Amado passa o testemunho a Miguel Maya. Mas será uma passagem “parcial” uma vez que o gestor vai continuar a acompanhar a atividade do banco enquanto chairman mais focado no internacional. Já Maya assume a liderança executiva, assim que tiver “luz verde” do Banco Central Europeu, com vários desafios pela frente. E não é por conhecer bem os “cantos à casa” que vai ter uma tarefa mais fácil.

Os anos da crise trouxeram prejuízos ao BCP. Mas isso ficou para trás. Se em 2012, quando Amado entrou no BCP, o banco apresentava resultados negativos de mais de 1.200 milhões de euros, no final do ano passado registou lucros de 186 milhões de euros — reflexo da forte quebra no valor das imparidades assumidas que, no ano passado, ficaram abaixo dos mil milhões de euros. E a recuperação continua: nos primeiros três meses deste ano os lucros dispararam 71%.

Mas Amado não fez este trabalho sozinho. Miguel Maya esteve sempre ao lado. Pode não ser conhecido do público, mas é da casa: está na instituição financeira praticamente desde que saiu da faculdade, onde se formou em gestão. Ou seja, há mais de duas décadas. “Maya é um gestor que não foi feito à pressa”, disse ao ECO uma das pessoas que melhor o conhece profissional e pessoalmente. O homem que vai substituir Nuno Amado no cargo de CEO já passou por várias áreas do banco, tendo ocupado mais recentemente o cargo de vice-presidente da comissão executiva.

“Limpeza” do malparado tem de continuar…

Não é por conhecer bem os “cantos à casa” que vai ter uma vida facilitada na liderança do banco. Tem pela frente uma série de desafios, a começar pelo ainda elevado nível de crédito malparado.

O BCP tem feito um esforço no sentido de acelerar a “limpeza” do balanço. A redução das imparidades com estes ativos, mas também a melhoria da atividade permitiram ao banco aumentar os lucros para 85,6 milhões de euros no primeiro trimestre.

Para este ano, há uma nova meta para os chamados Non Performing Exposure (onde o crédito malparado tem grande peso): “limpar” 1,5 mil milhões de euros, disse Miguel Bragança, CFO do BCP, numa conference call com analistas, deixando o valor final para um novo plano estratégico a apresentar, segundo o Expresso (acesso pago), durante o mês de junho. Ou seja, já com a nova administração validada pelos acionistas.

BCP está a reduzir NPL, mas é preciso continuar

Fonte: Resultados do BCP | Valores em milhões de euros

… mas a rentabilidade tem de acelerar

A “limpeza” do balanço vai prosseguir, podendo até acelerar com o novo plano. Mas é preciso continuar a aumentar a rentabilidade do banco que agora terá um novo líder.

O BCP regressou a resultados positivos, mas a meta ainda não foi alcançada. Nuno Amado estabeleceu para este ano uma rentabilidade dos capitais próprios em torno dos 10%.

“Será por entre o aumento do resultado e alguma redução do custo do risco que iremos conseguir um ROE (Return On Equity) à volta de 10%, que é como quem diz entre os 9,5% ou 10,5%. Os números ainda parecem distantes mas a conjugação dos fatores dará um contexto favorável para o cumprimento”, disse Amado, que agora deixa o cargo. Terá de ser Maya a alcançá-la.

E a quota de mercado?

Um dos desafios que Miguel Maya também terá pela frente será recuperar o estatuto de maior banco privado no mercado nacional em ativos, título que perdeu há cerca de um ano para o Santander Totta, depois de o banco liderado por António Vieira Monteiro ter integrado o Banco Popular.

Com a compra do Popular, o valor dos ativos do Santander Totta passou a ser de 53,9 mil milhões de euros, acima dos cerca de 52 mil milhões de euros do BCP só em Portugal. E, apesar de os trimestres passarem, o BCP continua sem conseguir “roubar” o título ao rival controlado por capitais espanhóis.

Para aumentar a quota, o BCP terá, no entanto, que conseguir atrair mais clientes, especialmente aqueles que procuram crédito (sejam particulares, mas a preferência recairá nas empresas tendo em conta os valores mais expressivos dos empréstimos).

Conseguir recuperar a quota de mercado poderá obrigar o BCP a adotar uma política comercial mais agressiva, oferecendo, por exemplo, taxas de juro mais atrativas (ou seja, mais baixas). Mas isso penalizaria a rentabilidade do banco. Maya terá, por isso, pela frente o desafio de encontrar um equilíbrio entre crédito atrativo, mas capaz de gerar margem suficiente para contribuir para a rentabilidade.

Dividendos? Amado prometeu… Maya tem de cumprir

Miguel Maya terá a pairar sobre si uma promessa deixada por Nuno Amado aos acionistas na apresentação dos resultados para o primeiro trimestre: “Poderão ser remunerados com dividendos já em 2019”, com base nos resultados deste ano, disse então o gestor.

"[Os acionistas] poderão ser remunerados com dividendos já em 2019.”

Nuno Amado

CEO do BCP

Segundo Miguel Bragança, CFO do BCP, tudo indica que Maya será capaz de cumprir. “Neste momento, estamos a aproximarmo-nos de um rácio de capital CET1 de 12% (…) estamos a gerar capital orgânico e o que faz sentido é que distribuamos esse capital aos acionistas”, disse o administrador durante uma conference call em resposta a analistas e investidores.

Olhando para os números, a melhoria está à vista. No ano passado, o banco lucrou 186,4 milhões de euros, o que ficou quase oito vezes acima dos 23,9 milhões registados pelo BCP no mesmo período do ano anterior. No arranque deste ano registou um resultado positivo de 85,6 milhões, uma subida de 70% face ao período homólogo. Quando começar a pagar, o que estava definido seria entregar 40% dos lucros.

Gerar retorno… também com as ações

O pagamento de dividendos é uma das formas de gerar retorno aos investidores. Mas não só. Tanto a Fosun como a Sonangol, bem como os outros grandes e pequenos investidores querem conseguir ganhar na bolsa, com as ações do BCP.

Uma parte desse compromisso dependerá da nova administração, que terá nos seus “ombros” a responsabilidade de garantir que o banco continua a recuperação encetada, atingindo as metas de rentabilidade, mas também assegurando lucros que possam ser distribuídos sem afetar os rácios que garantem a estabilidade da instituição.

Mas o mercado… é o mercado. E nem Amado, nem Miguel Maya conseguirão contrariar tendências negativas generalizadas como a que se está a assistir neste momento. Primeiro foi Espanha, agora é Itália a fazer estremecer os mercados. Com os juros da dívida a acelerarem, o risco da banca está a subir, levando os investidores à venda indiscriminada de títulos do setor.

O BCP, sendo praticamente o único banco cotado em Lisboa (o BPI tem apenas 6% em bolsa, estando prestes a sair do mercado de capitais), tem sido fortemente castigado. Afundou nas últimas sessões, tendo mesmo caído mais de 8% antes de Maya ser aprovado pelos acionistas. Está nos 23,92 cêntimos, um mínimo de setembro.

BCP perde mais de 300 milhões em apenas uma sessão

Só na última sessão perdeu 300 milhões, mas em cinco sessões o rombo já vai em 650 milhões de euros. Ainda assim, o banco continua a apresentar uma avaliação de 3,6 mil milhões de euros. Apesar de não ser o título mais valioso da bolsa nacional (é a Galp Energia), é aquele que comanda o destino do PSI-20.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

BCP recupera após tombo de 4%, Lisboa avança

Bolsa nacional arranca semana em zona de ganhos, graças sobretudo ao bom desempenho do BCP: as ações do banco valorizam mais de 1%, após tombo de 4% na passada sexta-feira.

O BCP recupera de parte das perdas acentuadas que teve na passada sexta-feira e dá algum brilho à bolsa portuguesa no arranque da semana. Quase todas as cotadas nacionais seguem em alta.

O PSI-20, o principal índice português, valoriza 0,29% para 5.732,23 pontos. As ações do banco estão em destaque: depois de terem afundado mais de 4% na sessão anterior, devido ao impacto da subida do risco por causa de Itália e à sua exposição ao Sporting, estão esta manhã a subir 1,64% para 0,2785 euros.

Apenas três cotadas seguiam abaixo da linha de água: Galp, Corticeira Amorim e EDP, que perdiam em torno de 0,5% e travaram uma maior valorização do índice de referência nacional. Ainda assim, o dia começa num tom amplamente positivo, com outros destaques a virem do setor do papel: a Semapa ganha quase 1% para 20,6 euros, na semana em que paga os dividendos (será na quinta-feira); a Altri soma 0,92% para 7,69 euros; e a Navigator (ex-Portucel) ganha 0,75%.

“O entendimento alcançado pelos EUA e a China deverá ter um impacto muito limitado na bolsa nacional. Assim sendo, os investidores poderão centrar‐se em tópicos de natureza mais doméstica”, dizem os analistas do BPI no seu Diário de Bolsa online.

“Entre estes temas figuram a evolução da OPA da China Three Gorges sobre a EDP e a EDP Renováveis, o bom desempenho da Altri e da Navigator como reflexo da valorização do dólar e a recente queda do BCP”, acrescentam ainda.

A bolsa nacional acompanha a tendência europeia nestes primeiros minutos de negociação. Também nas principais praças do Velho Continente os ganhos são modestos, com o índice de referência europeu, o Stoxx 600, a ganha 0,15%. Em Paris e Madrid, as subidas situam-se entre 0,2% e 0,4%.

No mercado petrolífero, o barril de Brent continua a ganhar força esta manhã, apresentando-se em alta de 0,48% para 78,87 dólares. Em Nova Iorque, o crude também aprecia cerca de 0,5% para 71,93 dólares. Recorde-se que por causa do comportamento do preço do petróleo, os preços dos combustíveis nos postos de abastecimento em Portugal estão a subir pela nona semana consecutiva.

(Notícia atualizada às 8h22)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

BCP afunda mais de 4%, a maior queda em oito meses. Energéticas resistem

  • Juliana Nogueira Santos
  • 18 Maio 2018

Os títulos do banco caíram mais de 4%, numa sessão em que apenas três cotadas ficaram acima da linha de água.

O BCP fechou a semana com uma queda em bolsa como já não se via desde setembro de 2017. Os títulos do banco caíram mais de 4%, numa sessão em que apenas cinco cotadas ficaram acima da linha de água. O PSI-20 perdeu quase 1%.

Com 11 cotadas em terreno negativo, o principal índice bolsista nacional perdeu 0,67% para 5.715,42 pontos. Nem a resistência da REN, da EDP e da Galp Energia foram suficientes para equilibrar a balança.

A pesar mais esteve o banco liderado por Nuno Amado, que caiu 4,16% para 27,40 cêntimos, a maior queda em oito meses. Os títulos do banco acabaram por ser contagiados pelas quedas europeias do setor bancário, num dia em que os juros da dívida soberana dos países do sul — Portugal, Espanha, Itália e Grécia — estão a subir.

Esta queda acontece no mesmo dia em que o futuro CEO do BCP, Miguel Maya, afirmou que a banca está preocupada com a situação do Sporting, querendo vê-la resolvida o mais depressa possível. O banco é um dos maiores acionistas da SAD leonina.

BCP regista maior queda em oito meses

A juntar-se ao banco nas quedas esteve ainda a Nos, que deslizou 1,18% para 4,87 euros, a Jerónimo Martins, que desvalorizou 0,86% para 13,80 euros, e a EDP Renováveis, que perdeu 0,49% para 8,18 euros.

No outro prato da balança ficaram as energéticas EDP, com uma subida de 1,68% para 3,45 euros, REN, que avançou 0,15%, e Galp Energia, que valorizou 0,30%. Juntou-se ainda a Sonae, que apresentou esta quinta-feira os resultados do primeiro trimestre. Com os lucros a passarem de oito para os 20 milhões de euros, as ações seguiram a tendência e ganharam 1,13% para 1,16 euros.

Fora do PSI-20, os títulos da SAD do Sporting subiram 4,76%, para os 66 cêntimos na primeira chamada a negociação desta sexta-feira — as ações da SAD são negociadas por chamada, não em contínuo, apenas duas vezes por dia. Esses ganhos, entretanto, intensificaram-se na segunda chamada a negociação dos títulos que fecharam a valorizar 13,49%, para os 71,5 cêntimos. As ações recuperam quase a totalidade da desvalorização de 17,11% registada na última sessão.

(Notícia atualizada às 17h03 com mais informação)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Bancos multiplicam resultados. Ganham 500 milhões em três meses

  • Rita Atalaia
  • 11 Maio 2018

Enquanto uns aumentaram os lucros, outros bancos saíram mesmo do vermelho. As imparidades caíram, as margens subiram e os rácios estão cada vez mais fortes.

A banca portuguesa continua numa trajetória de recuperação. BPI, Santander Totta, BCP e Caixa Geral de Depósitos conseguiram multiplicar os lucros nos primeiros três meses do ano. Isto em comparação com o mesmo período do ano passado. As maiores instituições financeiras — e excluindo o Novo Banco, que ainda não apresentou as contas — colhem assim os frutos dos esforços para regressarem à rentabilidade, beneficiando da quebra das imparidades, mas também do aumento das margens.

No “bolo” de 494 milhões de euros, o BPI é o responsável pela maior “fatia”. Sozinho, lucrou 210 milhões de euros. Isto depois de ter sido também o banco liderado por Pablo Forero o principal “culpado” pelos lucros de apenas 55,6 milhões registados no setor nos primeiros três meses de 2017 — o BPI e o banco estatal foram as únicas entidades a apresentarem prejuízos nesse período.

Bancos regressam todos ao lucro

Fonte: Resultados dos bancos

“Este foi um bom trimestre para o BPI”, afirmou o presidente do banco controlado pelo CaixaBank na apresentação dos resultados para o primeiro trimestre. Para este valor muito contribuiu a atividade em Portugal, que alcançou lucros de 118 milhões de euros. Um desempenho que Forero explicou que se fica a “dever à forte atividade comercial e reflete a atividade económica em Portugal”, mas ao qual não é indiferente o ganho de 60 milhões com a reavaliação da participação da Viacer, que está em processo de venda ao Grupo Violas.

Em segundo lugar neste top dos lucros surge o Santander Totta, com um resultado positivo de 130,5 milhões de euros — já com a integração total do Banco Popular Portugal, seguida do BCP, que ganhou 85,6 milhões de euros. “Temos um banco rentável, com um produto bancário que cresceu 11%”, afirmou o presidente do Santander Totta, António Vieira Monteiro, durante a apresentação das contas trimestrais em que apresentou um crescimento da margem financeira de quase 25%.

O crescimento da margem não é alheio ao forte aumento do crédito a clientes, sendo que neste caso essa variação resulta exclusivamente da compra do Popular em Portugal. Em todos os outros bancos, o crédito continua a cair, num contexto em que os recursos de clientes se mantêm estáveis. As comissões estão a ser o “motor” das contas dos bancos.

A CGD foi a “mais pequena” em termos de lucros, mas quando comparado com o mesmo período do ano passado, é das instituições financeiras que mais recuperou: deixou para trás prejuízos de 39 milhões de euros. E graças ao contributo positivo da atividade em Portugal, o que não há acontecia há vários anos. Foi também em Portugal que as comissões mais cresceram, diz o banco. Se em termos consolidados houve um aumento de 9,4% face ao trimestre homólogo, na CGD Portugal o crescimento destes proveitos foi de 13,8%.

Há cada vez menos imparidades

O problema do crédito malparado continua a preocupar os bancos. Contudo, graças a todos os esforços para reduzir este “fardo”, os ativos tóxicos pesam agora menos na rentabilidade das instituições financeiras. O total das imparidades reconhecidas nas contas dos primeiros três meses deste ano passou de 243 milhões para 91,7 milhões de euros, segundo cálculos do ECO com base nas contas dos bancos.

No caso do BPI e do Santander Totta, houve mesmo uma reversão das imparidades. Ou seja, os bancos, depois de terem reconhecido imparidades significativas nas suas contas, acabaram por conseguir recuperar mais do que o previsto destes créditos em incumprimento. Isto traduziu-se num impacto positivo nos resultados.

No BCP, apesar de o montante para provisões ainda ser elevado, também caiu para 106 milhões de 148 milhões de euros. Já a CGD registou menos 95 milhões em imparidades — assumiu uma perda de 13 milhões de euros.

Reforçar rácios de capital? Missão cumprida

Neste primeiro teste do ano aos resultados dos bancos, os rácios de capital têm nota positiva. Estão cada vez mais fortes. São estes os rácios que as autoridades analisam para aferir a robustez de uma instituição num cenário de adversidade económica. Quanto mais baixo estiver o rácio, mais desprotegido está o banco.

O Santander Totta continua a ser o “melhor aluno” neste reforço da posição de capital. Tem um rácio de capital CET1, totalmente implementado, de 15,1%. Mas foi a CGD que apresentou a melhoria mais significativa: passou de 12% para 13,6%. Isto é explicado pelos grandes esforços de “limpeza” do balanço do banco. Apesar de menos pronunciada, a recuperação também está à vista tanto no BCP como no BPI, cujos rácios situam-se agora nos 11,8% e 11,4%.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

BCP quer limpar 1,5 mil milhões de ativos tóxicos este ano. Dividendos devem chegar em 2019

  • Rita Atalaia
  • 8 Maio 2018

O banco revelou que quer reduzir os ativos tóxicos em 1,5 mil milhões até ao final deste ano. Prevê ainda começar a distribuir dividendos no próximo ano com base nos lucros de 2018.

O BCP revelou uma nova meta para a redução dos ativos tóxicos: quer “limpar” 1,5 mil milhões até ao final do ano. Os esforços para diminuir este fardo, constituído sobretudo por crédito malparado, foram anunciados durante a conference call com analistas sobre os resultados dos primeiros três meses do ano. Neste período, a instituição financeira lucrou 85,6 milhões de euros.

“É muito difícil ser totalmente preciso sobre a previsão [para a exposição a ativos tóxicos]. Diria que a nossa estimativa em termos de redução de NPE [Non Performing Exposure] seria de 1,5 mil milhões de euros até ao final do ano”, afirmou Miguel Bragança, CFO do BCP, que deixa o valor final para um novo plano estratégico a apresentar em meados do ano. Deste valor, o crédito malparado é o que tem maior peso.

"É muito difícil ser totalmente preciso sobre a previsão [para o malparado]. Diria que a nossa estimativa em termos de redução de NPE seria de 1,5 mil milhões de euros até ao final do ano.”

Miguel Brangança

CFO do BCP

De acordo com os resultados do primeiro trimestre, o banco reduziu os NPE em cerca de 500 milhões durante esse período, para 6,3 mil milhões em Portugal, “com o reforço da cobertura por imparidades para 46% (48% para o Grupo), 105% incluindo garantias”.

Com estes 500 milhões, o BCP superou a meta que tinha para este ano, que era de 3.000 milhões, elevando para 3.500 milhões o valor de ativos tóxicos retirados do balanço desde janeiro de 2016.

O BCP tem feito um esforço no sentido de acelerar a “limpeza” do balanço. A redução das imparidades com estes ativos, mas também a melhoria da atividade permitiram ao banco aumentar os lucros para 85,6 milhões de euros nos primeiros três meses do ano. Este valor representa um crescimento de 70,8% face ao mesmo período do ano passado.

Na mesma conference call, Miguel Bragança afirmou que prevê começar a distribuir dividendos já no próximo ano. “Neste momento, estamos a aproximarmo-nos de um rácio de capital CET de 12% (…) estamos a gerar capital orgânico e o que faz sentido é que distribuamos esse capital aos acionistas”, disse o CFO do BCP em resposta às questões dos analistas e investidores.

"Com base na informação atual, pensamos que até ao final deste ano devemos estar em condições de começar a distribuir dividendos”, referiu, salientando, contudo, que esta é uma decisão dos acionistas.”

Miguel Brangança

CFO do BCP

O banco revelou que o rácio CET1 faseado encolheu face aos 13% registados no final do primeiro trimestre de 2017, passando para 11,9%. Já o rácio totalmente implementado registou um aumento de 57 pontos base, terminando os primeiros três meses deste ano nos 11,8%.

“Com base na informação atual, pensamos que até ao final deste ano devemos estar em condições de começar a distribuir dividendos”, referiu o administrador financeiro da instituição, salientando, contudo, que esta é uma decisão dos acionistas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Que competências têm os 17 gestores que vão mandar no BCP? Da inteligência artificial à capacidade de gerir crises

O que dizem deles próprios? Que competências têm? De onde vêm? Que línguas falam? Quantas ações do BCP têm em carteira? Esta é a lista dos novos administradores do BCP.

De 19, o conselho de administração do BCP emagreceu para 17, tal como o Jornal Económico e o ECO já tinham antecipado. Não por vontade dos maiores acionistas — Fosun e Sonangol — mas por imposição do Banco Central Europeu, sendo que os estatutos do banco preveem um mínimo de 17 e um máximo de 25 administradores a serem eleitos pela assembleia geral (AG).

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a instituição bancária desvendou esta terça-feira os nomes que vão para aprovação na AG de 30 de maio. Outra das novidades é que, se os acionistas assim o entenderem, o mandato passará a ter a duração de quatro anos, face aos atuais três.

Da lista de administradores proposta para aprovação, a mudança mais relevante processa-se na cúpula, com a troca da cadeira de CEO entre Nuno Amado e Miguel Maya. Amado passa a chairman e ocupa o lugar do embaixador António Monteiro. Miguel Maya — que com os seus 22 anos de BCP conhece bem os cantos à casa — passa a CEO por proposta do acionista chinês Fosun, do angolano Sonangol e do Fundo de Pensões da EDP. Recorde-se que António Mexia também deixará de fazer parte do board do BCP.

Dos 17, a esmagadora maioria são homens: 13 contra apenas quatro mulheres. E dos 17, seis vão sentar-se à mesa da comissão executiva: Miguel Maya, João Nuno Palma, José Miguel Pessanha, Maria José Campos, Miguel de Bragança e Rui Miguel Teixeira. Até agora eram oito os executivos: saem José Jacinto Iglésias Soares e Maria da Conceição Callé Lucas.

Na CMVM, o banco também depositou o currículo de cada um dos 17 novos administradores, bem como o número de ações detidas. Esta é a equipa que vai comandar os destinos do maior banco privado português nos próximos quatro anos: uns são poliglotas, outros nem por isso, vêm dos quatro cantos do mundo, têm naturalmente muita experiência em banca e até há um que tem “conhecimento profundo em algoritmos de inteligência artificial”.

Nuno Amado

Presidente do conselho de administração
Nº de ações: 1.025.388

Nuno Amado veio do Banco Santander Totta para o BCP e liderou os destinos do banco nos últimos anos. Passa de CEO a presidente do conselho de administração, devendo ficar com poderes reforçados face a um chairman tradicional. Deve ficar com a pasta da internacionalização. Ainda foi Nuno Amado que deu a cara pelos lucros do BCP no arranque do ano que dispararam 70%.

No CV, Amado puxa dos galões, e enaltece os “fortes conhecimentos do setor e da atividade bancária”. Descreve assim as suas competências relacionadas com o trabalho:

  • “Capacidade de resiliência”;
  • “Capacidade de gestão em situações de crise profunda e prolongada”;
  • “Capacidade de fazer ‘pontes’ em situações de alguma divergência”.

Esta última qualidade será particularmente útil num banco cujos maiores acionistas têm culturas muito diferentes: os chineses da Fosun (com 27,06% do capital) e os angolanos da Sonangol (com 19,49%).

Em relação a línguas, Amado coloca a nota quase máxima — C1 — no domínio das línguas inglesa, francesa e espanhola.

Resultados BCP
Nuno Amado, na apresentação dos resultados do primeiro trimestre de 2018 do BCP.

Norberto Rosa

Presidente da comissão de auditoria
Nº de ações: 0

Norberto Rosa, 63 anos, passou pelo Banco de Portugal e pela Caixa Geral de Depósitos. Também foi secretário de Estado do Orçamento num governo PSD, quando Manuela Ferreira Leite era ministra das Finanças. É dos poucos que ainda apresenta o CV à moda antiga e não no modelo europeu. Como atividades “não lucrativas” destaca a publicação do livro “Vamos conseguir pagar a nossa dívida pública? O que devemos fazer?”

Cidália Lopes

Vogal da comissão de auditoria
Nº de ações: 2.184

Cidália Lopes, 46 anos, é professora na Coimbra Business School — Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra e convidada da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Foi membro dos Grupos de Trabalho para a Simplificação Fiscal e para a Política Fiscal, Competitividade e Eficiência do sistema fiscal em Portugal, do XVII Governo Constitucional.

Valter Barros

Vogal da comissão de auditoria e vice-presidente do conselho de administração
Nº de ações: 0

Segundo uma nota do banco, Valter Barros, 54 anos, “foi responsável pelos departamentos de IT do Banco Comercial Angolano e do Banco Totta de Angola, foi professor na Escola de Economia e Gestão da Universidade Católica de Angola e da ASM – Angola School of Management”.

Wan Sin Long

Vogal da Comissão de Auditoria
Nº de ações: 0

O CV vem com a indicação de “Confidencial”, mas está publicado no site da CMVM. Sin Long Wan, 52 anos, desempenhou, entre outras, funções de gestão e direção no China Construction Bank, foi vice-diretor de divisão do JianSing Bank em Hong Kong e foi assessor do secretário da Economia e Finanças do governo de Macau. Além da língua materna, — o chinês, — diz dominar o inglês.

Miguel Maya

Presidente da Comissão Executiva
Nº de ações: 361.408

É o homem que se segue. Está no BCP desde 1990 e já desempenhou muitos cargos no banco. No CV, Maya destaca 28 cargos que já ocupou no banco ou em empresas associadas. Domina o inglês e espanhol (C1), e o francês mais ou menos (A1).

Miguel Maya, 53 anos, destaca no seu CV a “experiência e boa capacidade de diálogo com as Autoridades (MoF, BdP, BCP, CMVM) e stakeholders”.

E as competências relacionadas com o trabalho? Maya destaca:

  • “Capacidade de resiliência”;
  • “Capacidade de gestão em situações de crise profunda e prolongada”;
  • E, tal como Nuno Amado, destaca a “capacidade de fazer ‘pontes’ em situações de divergência”.
Miguel Maya será o novo CEO do banco.Paula Nunes / ECO

Ana Paula Gray

Administradora não executiva
Nº de ações: 0

Gray, 56 anos, é “diretora não executiva do Banco Angolano de Investimentos. Foi Gestora no Investec Bank em Joanesburgo, Londres e Hong Kong, vice-chairman não executiva do Banco Sul Atlântico, IFI, de Cabo Verde, vice-chairman e diretora executiva do Banco BAI Europa.”

João Nuno Palma

Administrado executivo e vice-presidente da comissão executiva
Nº de ações: 32.695

Foi administrador financeiro da Caixa Geral de Depósitos até 2016 e é gestor do BCP desde 2017. O ser CFO no banco público terá ajudado às “competências de comunicação” de Palma, adquiridas em “conferências de imprensa, reuniões com analistas, reuniões com investidores estrangeiros e road shows”.

Jorge Magalhães Correia

Administrador não executivo
Nº de ações: 88.500

Atualmente é chairman e CEO da Fidelidade e desempenha ou desempenhou vários cargos em empresas como a Multicare, HPP – Hospitais Privados de Portugal, Luz Saúde, REN e Banco Pinto & Sotto Mayor. “Foi assessor da Comissão de Reforma do Tesouro (1990), gestor na CMVM e desempenhou várias funções na área das seguradoras”, diz uma nota biográfica do banco.

É “representante” dos chineses da Fosun em Portugal, o maior acionista do BCP, que o escolheram para liderar a Fidelidade. A Luz Saúde também é dos chineses da Fosun.

José Costa

Administrador não executivo
Nº de ações: 0

José Elias da Costa, 65 anos, foi administrador executivo do Santander Totta e foi ainda secretário de Estado da Construção e Habitação e secretário de Estado das Finanças nos governos de Cavaco Silva.

José Miguel Pessanha

Administrador executivo
Nº de ações: 1.748

É mais uma recondução no board e também tem a carreira feita no BCP onde já desempenhou vários cargos.

Nas competências relacionadas com o trabalho, Pessanha diz ter “conhecimento profundo de técnicas de modelização, de tratamento computacional de dados, desenvolvimento de algoritmos de inteligência artificial, de gestão bancária, de técnicas contabilísticas e da regulamentação que enquadra a atividade bancária”

Maria José Campos

Administradora executiva
Nº de ações: 96.240

Maria José de Campos, 51 anos, foi administradora executiva no Bank Millennium, na Polónia, responsável pela área de tecnologias. Iniciou a carreira nos Correios e Telecomunicações de Macau, tendo passado pelo Banco Comercial de Macau (subsidiária do Millennium bcp).

Tal como Pessanha, também domina a área tecnológica. Diz que é “oradora e participante frequente em painéis sobre tecnologia, banca digital e Fintech” e ganhou o Prémio Market Visionay 2017 “pela aplicação inovadora e estratégica de novas tecnologias à banca”.

Miguel de Bragança

Administrador executivo
Nº de ações: 365.968

É mais um repetente na administração executiva, onde tinha um dos pelouros mais importantes, o de CFO. Veio com Nuno Amado do Santander Totta e chegou ao BCP em 2012.

Além do inglês, francês, e espanhol, Miguel de Bragança domina ainda o alemão. E competências de organização? Destaca a “capacidade de liderança alicerçada numa experiência particularmente variada em termos de funções e mercados, bem como na participação em diferentes projetos empresariais desafiantes, que consistentemente atingiram os respetivos objetivos”.

Miguel de Bragança, o, até agora, CFO do BCP.Paula Nunes / ECO

Rui Miguel Teixeira

Administrador executivo
Nº de ações: 36.336

Mas um gestor “da casa” e com carreira feita no BCP. Tem fortes ligações ao setor dos seguros.

Teófilo da Fonseca

Administrador não executivo
Nº de ações: 36

Mais uma “importação” da Caixa Geral de Depósitos e com experiência internacional. Fonseca, 51 anos, foi coordenador da CGD em Moçambique, vice-diretor-geral da CGD Timor-Leste, deputy chief of corporate development do Banco Caixa Geral Espanha e membro do comité executivo do Banco Caixa Geral Totta Angola. Mais recentemente, foi diretor adjunto da divisão internacional do Grupo CGD.

Xiao Xu Gu (Julia Gu)

Administradora não executiva
Nº de ações: 0

Xiaoxu Gu, 47 anos, é mais um nome indicado pelos chineses da Fosun. Desempenhou vários cargos para o Governo de Shanghai. Foi vice-diretora-geral no Shanghai Huaxia Bank e Managind Director da All in Pay Network Services. É igualmente membro da administração do MYBank, presidente da Zhangxingbao (Shanghai) Network Technology e vice-presidente do Grupo Fosun.

Xu Lingjiang

Administrador não executivo
Nº de ações: 0

Também entra na quota dos chineses e no BCP já desempenhava funções como vogal na comissão de nomeações e remunerações.

Na administração, é dos que pode falar alemão com Miguel de Bragança já que tem o bacharelato em língua alemã da Foreign Studies Unversity, em Pequim.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

BCP propõe pagamento extraordinário de 4,9 milhões de euros para pensões de administradores executivos

  • Lusa
  • 8 Maio 2018

O BCP vai propor aos acionistas o pagamento extraordinário de 4,9 milhões de euros para os fundos de pensões dos administradores.

O Conselho de Remunerações do BCP vai levar à assembleia-geral de 30 de maio uma proposta para o pagamento extraordinário de 4,9 milhões de euros para os fundos de pensões dos atuais administradores executivos do banco. O BCP divulgou esta terça-feira, através da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), as propostas relativas aos 10 pontos da ordem de trabalhos da assembleia-geral a realizar a 30 de maio.

A proposta relativa ao ponto cinco refere que em 2017 foi feito um estudo, pela Mercer, sobre o regime de reforma dos administradores executivos do BCP comparando com outras empresas bancárias e empresas cotadas no índice bolsista PSI20.

Segundo a informação, o estudo concluiu que o “regime de complemento de pensões dos membros da comissão executiva do BCP evidencia que a taxa de reposição dos administradores abrangidos é inferior à taxa de substituição média das empresas do PSI20 com um plano de benefício definido, sendo que no caso do BCP se encontra em vigor um regime de contribuição definida e não um regime de benefício definido”.

Assim, o Conselho de Remunerações e Previdência propõe que os acionistas aprovem um aditamento ao regulamento de reforma dos administradores executivos que permita que em assembleia-geral seja decidido uma contribuição extraordinária para o complemento de reforma desses administradores. E ainda que na mesma reunião magna, “seja aprovado o pagamento de uma contribuição única e extraordinária do BCP para os fundos de pensão dos administradores executivos que desempenharam funções no mandato 2015/2017 no montante total de 4.920.236 euros (quatro milhões, novecentos e vinte mil, duzentos e trinta e seis euros) a acrescer aos montantes já entregues no decurso do exercício a título de contribuição para complemento de reforma”.

Caso esta proposta seja aprovada, será o Conselho de Remunerações a decidir que parte caberá a cada administrador, consoante tempo de mandato e salário fixo.

A atual comissão executiva do BCP tem Nuno Amado como presidente e como vice-presidentes Miguel Maya, Miguel de Bragança e João Nuno Palma. Fazem ainda parte, como vogais, José Jacinto Iglésias Soares, Maria da Conceição Callé Lucas, Rui Teixeira e José Miguel Pessanha.

Esta terça-feira, foi conhecida a proposta para a nova administração do BCP feita pelos acionistas Fosun (grupo chinês), Sonangol (petrolífera angolana) e Fundo de Pensões do Grupo EDP. Assim, é proposto que Nuno Amado deixe de ser presidente executivo e passe a presidente do Conselho de Administração (‘chairman’, não executivo), ficando Miguel Maya como líder da comissão executiva.

Miguel Bragança, João Nuno Palma, José Miguel Pessanha e Rui Teixeira continuarão na comissão executiva, que passa ainda a integrar Maria José Campos (quadro do BCP, ligada ao banco Millennium na Polónia), caso a proposta seja aprovada pela maioria dos acionistas a 30 de maio.

Quanto às pessoas que até agora fazem parte da administração executiva do BCP e que não constam desta proposta estão José Jacinto Iglésias Soares e Maria da Conceição Mota Soares de Oliveira Callé Lucas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Presidente da Fidelidade entra na administração do BCP

  • Juliana Nogueira Santos
  • 8 Maio 2018

O conselho de administração do BCP vai ser mais pequeno, com apenas 17 nomes. Nuno Amado será chairman e Miguel Maya Pinheiro presidente executivo.

Já é conhecida a nova equipa que irá liderar o Millennium BCP. Nuno Amado é proposto para a posição de chairman, enquanto Miguel Maya Pinheiro irá ser presidente executivo. O presidente da Fidelidade, Jorge Magalhães Correia, passa a integrar o conselho de administração, já que a seguradora é agora detida pela Fosun, o maior acionista do banco.

Em comunicado aos mercados, publicado na CMVM, o banco propõe 17 nomes para o conselho de administração, em vez dos 19 que o integram atualmente. A proposta de lista já não inclui Mário Pizarro ex-vice-governador do Banco Nacional de Angola, o representante da Sonangol, nem António Mexia, presidente da EDP, que abandona o banco após oito anos.

A saída de Pizarro, avançada pelo Expresso este fim de semana, poderá estar relacionada com a sua ligação ao grupo Genius — Gestão de Participações Lda —, detido pelo general João de Matos, antigo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas angolanas, que faz dele uma pessoa politicamente exposta, ainda que seja tido como um dos quadros mais competentes da banca angolana.

A desempenhar funções como presidente do conselho de auditoria estará Norberto Rosa, acompanhado dos vogais Cidália Lopes e Wan Sin Long. Na lista estão ainda João Nuno Palma. José Costa, José Miguel Pessanha, Maria José Campos, Miguel de Bragança, Rui Miguel Teixeira, Teófilo Costa, Julia Gu e Xu Lingjiang.

Os outros dois nomes indicados pela petrolífera angolana, que pode nomear até três administradores, são Ana Paula Gray, até agora administradora do Banco Bai, para membro do conselho de remunerações e previdência, e Valter Barros, assessor do ministro das Finanças e ex-funcionário do Banco Totta, que vai ser vogal da comissão de auditoria. Todos estes nomes irão a votos na assembleia geral, marcada para 30 de maio.

Órgãos sociais com mandatos de quatro anos

À mesa da assembleia geral irá também a proposta da alteração da duração dos mandatos dos membros dos corpos sociais dos três anos atuais para os quatro. Segundo o ponto 7 da ordem de trabalhos, também comunicado aos mercados e publicado na CMVM, a alteração ao artigo 10.º do contrato de sociedade tem como objetivo assegurar “maior estabilidade ao desempenho de funções dos membros dos órgãos sociais”.

“Os membros dos corpos sociais são designados para mandatos de quatro anos, podendo ser reeleitos uma ou mais vezes”, lê-se na proposta de alteração.

(Notícia atualizada pela última vez às 8h10)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Amado espera passar a pasta de CEO a Maya “antes do verão”

  • Rita Atalaia
  • 7 Maio 2018

O presidente do BCP revelou que espera passar a pasta a Miguel Maya antes do verão. Isto na conferência de imprensa onde o BCP revelou lucros de 85,6 milhões no primeiro trimestre.

Nuno Amado espera passar a pasta de CEO a Miguel Maya ainda “antes do verão”. A revelação foi feita durante a conferência de imprensa onde o banco revelou lucros de 85,6 milhões de euros. Isto em comparação com os 50 milhões no período homólogo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Lucro do BCP dispara 70%. Ganha 85,6 milhões de euros no primeiro trimestre

O banco liderado por Nuno Amado fechou os primeiros três meses do ano com lucros de 85,6 milhões de euros.

O Banco Comercial Português (BCP) lucrou 85,6 milhões de euros nos primeiros três meses do ano. Este valor representa um crescimento de 70,8% face ao mesmo período do ano passado, refletindo a melhoria da atividade da instituição liderada por Nuno Amado. Mas também traduz a redução das imparidades.

O banco tinha registado lucros de 50 milhões de euros nos primeiros três meses de 2017, ano que terminou com um resultado líquido global de 186,4 milhões de euros. No primeiro trimestre deste ano, o lucro disparou, ascendendo a 85,6 milhões de euros, um valor que ficou em linha com as estimativas dos analistas. O BPI previa um resultado líquido de 84 milhões.

Este resultado foi “impulsionado pelo desempenho da atividade em Portugal, tendo o resultado líquido da atividade internacional permanecido em linha com o do mesmo período de 2017”, diz o BCP no comunicado enviado à CMVM. Na atividade em Portugal, o resultado líquido apresentou um comportamento muito favorável ao aumentar dos 9,0 milhões de euros obtidos nos três primeiros meses de 2017 para 44,5 milhões de euros no primeiro trimestre de 2018, influenciado de forma determinante pela diminuição das imparidades e das provisões”.

“A imparidade do crédito (líquida de recuperações) evidenciou uma diminuição de 28,8% face aos 148,9 milhões de euros contabilizados no primeiro trimestre de 2017, totalizando 106,1 milhões de euros nos três primeiros meses de 2018, ao beneficiar simultaneamente dos desempenhos positivos da atividade em Portugal e da atividade internacional, que neste caso se verificou em todas as subsidiárias, merecendo particular destaque as operações na Polónia e em Moçambique”, diz o banco.

Mais comissões, menos crédito (mas de mais qualidade)

As comissões líquidas aumentaram 4,4%, cifrando-se em 167,8 milhões de euros nos primeiros três meses de 2018, “ao beneficiar do desempenho favorável quer da atividade em Portugal, cujas comissões cresceram 4,5%, quer da atividade internacional que registou um crescimento de 4,1%, impulsionado pela operação na Polónia”, diz o banco.

“O aumento das comissões líquidas no primeiro trimestre de 2018 reflete a evolução tanto das comissões bancárias como das comissões relacionadas com os mercados financeiros que subiram 3,2% e 10,6% respetivamente, face aos valores registados no período homólogo do ano anterior”, explica a instituição liderada por Nuno Amado.

Este crescimento das comissões contrasta com a evolução do crédito, que continua a cair. “O crédito a clientes (bruto) totalizou 50.959 milhões de euros em 31 de março de 2018, que compara com 52.242 milhões de euros apresentados na mesma data do ano anterior, traduzindo a diminuição da atividade em Portugal, parcialmente compensada pelo aumento verificado na atividade internacional”, refere o BCP, que viu os recursos totais de clientes subirem 5,7% para 72.669 milhões de euros em 31 de março de 2018.

Há menos créditos, no entanto, é crédito de mais qualidade segundo o banco. “A qualidade da carteira de crédito evoluiu favoravelmente, conforme evidenciado pela melhoria dos respetivos indicadores, nomeadamente pelo aumento generalizado dos graus de cobertura por imparidades. Neste contexto assume particular relevância o reforço da cobertura de NPE por imparidades que se situou em 48,2% em 31 de março de 2018 face a 40,5% em 31 de março de 2017. Em Portugal o mesmo rácio evoluiu de 39,4% em 31 de março do ano anterior para 46,4% na mesma data de 2018”, remata.

Rácio de capital mais sólido

Perante estes resultados, os rácios de capital do banco deveriam ter aumentado, mas só o core equity Tier 1 (CET1) “fully implemented“. O CET1phased-in” encolheu face aos 13% registados no final do primeiro trimestre de 2017, passando para 11,9%, mas o rácio totalmente implementado registou um aumento de 57 pontos base, terminando os primeiros três meses deste ano nos 11,8%.

“Esta evolução favorável do rácio CET1 fully implemented deveu-se sobretudo à geração orgânica de capital”, diz o banco. “O rácio total fully implemented beneficiou, adicionalmente, da colocação de duas emissões de obrigações subordinadas, na Polónia e em Portugal”, nota a instituição liderada por Nuno Amado.

(Notícia atualizada às 17h23 com mais informação)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Nuno Amado considera que o sistema bancário está mais equilibrado, resiliente e forte

  • Lusa
  • 3 Maio 2018

O presidente da Comissão Executiva do Millennium BCP defendeu esta quarta-feira que “grande parte dos desafios” que existiam no início da crise estão resolvidos.

O presidente da Comissão Executiva do Millennium BCP, Nuno Amado, considerou na quarta-feira que o sistema bancário está “muito mais equilibrado, resiliente e forte” e mais bem preparado para apoiar a Economia portuguesa.

“O sistema bancário está hoje em dia bastante mais forte e muito mais resiliente do que estava quando tivemos a crise passada, porque quando entramos na crise, o sistema bancário e alguns dos bancos tinham um défice de capital, um problema de equilíbrio de balanço e um nível ou qualidade de crédito que se veio a provar que não era exatamente a que devia ser”, disse, durante a abertura do lançamento da 2.ª edição dos prémios Millenium BCP Horizontes, no Porto.

Nuno Amado defendeu que “grande parte dos desafios” que existiam no início da crise estão resolvidos, havendo hoje rácios de capital muito mais fortes, um nível de depósitos mais equilibrado com o nível de crédito e uma carteira de crédito mais bem estruturada, lembrando, contudo, que existem restrições, “como em tudo”.

A banca está mais bem preparada e o BCP está mais bem preparado para apoiar a Economia, sendo necessário haver mais investimento, frisou.

“O país precisa de investimento, podemos ter um crescimento significativo durante uma fase com investimento menor, mas se quisermos ter um crescimento sustentado temos de aumentar o investimento”, salientou.

Sublinhando que é importante haver investimento público e privado, o presidente da Comissão Executiva acredita, no entanto, que o setor privado tem de ser o motor, acrescentando que conta “com os empresários portugueses para reforçarem o investimento”, pois, “com isso o país manterá um nível de sustentabilidade com o modelo de crescimento atual”.

Sobre a apresentação dos resultados do primeiro trimestre, agendada para segunda-feira, Nuno Amado explicou não poder avançar dados, frisando apenas que o BCP está numa “caminhada progressiva” com coisas boas e menos boas.

“Hoje temos rácios de capital mais fortes e estamos a captar clientes, o que já não fazíamos há muitos anos numa dimensão significativa. O primeiro trimestre tem números interessantes, o número de depósitos é maior que o montante de crédito”, afirmou.

O BCP está a fazer bem o trabalho de casa e “esta cá” para apoiar a economia, asseverou.

“Posicionamo-nos como o banco privado de base portuguesa que tem um conjunto de acionistas diversificados, mas temos duas ou três características claras, somos de base portuguesa, consolidamos em Portugal, temos uma base de acionistas em Portugal que mais nenhuma tem e temos esta proximidade aos clientes”, terminou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.