Presidente a nomear governador do Banco de Portugal? “É uma boa evolução”, diz Nuno Amado

Nuno Amado diz que a subida do rating do país pela S&P é uma "boa notícia", mas é preciso mais. E está confiante na melhoria na notação do BCP com a recuperação dos resultados.

O presidente do BCP, Nuno Amado, foi eleito “Melhor CEO” nos prémios IRGAPaula Nunes/ECO

Nuno Amado, distinguido como melhor CEO nos IRGA, da Deloitte, vê com bons olhos a proposta de revisão da supervisão financeira, nomeadamente no que respeita à passagem da nomeação do governador pelo Presidente da República. “É uma boa evolução”, diz o presidente executivo do BCP ao ECO, que considera também positivo que o país tenha saído de “lixo” na S&P. Mas alerta: é preciso fazer mais. É preciso seguir um caminho sustentado, algo que acredita estar a conseguir fazer à frente do maior banco privado português.

“A única coisa que vi é que o governador do Banco de Portugal vai ser nomeado pelo Presidente da República. Parece-me bem. O Presidente é um máximo denominador comum entre todos nós“, diz Nuno Amado ao ECO, à margem dos prémios IRGA, entregues no Convento do Beato, em Lisboa. “Acho que isso [a alteração da forma de nomeação] é um passo que, se for verdade, é bom. É uma boa evolução”, remata.

O presidente executivo do BCP não quis comentar o poder acrescido do Governo na resolução de bancos que consta da proposta de revisão da supervisão financeira, mas congratulou-se com a revisão em alta do rating do país por parte da S&P, bem como com as indicações do Governo de que trabalhará para reduzir a dívida pública.

“[A subida do] rating da República foi uma ótima noticia. É importante ser reforçada também com a revisão das outras empresas de rating que ainda não o fizeram. E é fundamental, como já foi dito pelo Governo, o ministro das Finanças [Mário Centeno] e o seu secretário de Estado [Ricardo Mourinho Félix], a diminuição da dívida pública em termos do PIB. Um caminho sustentado nesse sentido é astutamente essencial”, rematou.

Subida do rating do BCP? “Mais mês, menos mês”

Se Amado defende que o Governo aponte num caminho sustentado de redução da dívida, garante que está implementar isso mesmo no BCP, acreditando que “se o trabalho for bem feito, a prazo teremos noticias” quanto ao rating do BCP. “Isso não depende só de nós, também depende das empresas de rating. Mais mês, menos mês, estou confiante de que isso também vai acontecer”, disse o CEO do BCP ao ECO. Isto depois de a S&P ter tirado o BPI e o Santander Totta do “lixo”.

“Penso que se o trabalho que fizermos continuar, se a rentabilidade trimestre a trimestre se mantiver e melhorar”, as agências de notação irão reconhecer isso, mas os investidores também. E a rentabilidade vai melhorar? “Acho que sim. O nosso compromisso com o mercado é que este ano temos uma certa evolução, mas para o ano que vem esperamos recuperar algo mais ainda. Estou confiante que é isso que vai acontecer… um caminho certo e sustentado”.

Investidores satisfeitos. Novos reforços?

“Passámos de break-even no ano passado para, espero eu, lucros muito sustentáveis este ano. E espero que em 2018 este caminho progrida, mas progrida com base e sustentação. O tempo dará, espero eu, algum valor ao trabalho que temos vindo a fazer”, disse Nuno Amado. Essa valorização não se refletiu recentemente no mercado de capitais, com o BCP a ser fortemente penalizado após uma subida expressiva no arranque do ano, mas voltou agora a disparar.

“O BCP tem uma volatilidade de preço relativamente grande e, portanto, sobe mais e desce mais nos momentos de volatilidade. Felizmente, nos últimos dias recuperou”, disse Amado. Os títulos estão a cotar nos 22,23 cêntimos, tendo liderado a recuperação da bolsa nacional desde que a S&P tirou Portugal de “lixo”.

Esta subida das ações, juntamente com a recuperação da rentabilidade, está a ser bem recebida pelos grandes investidores, nomeadamente a Fosun que reforçou a posição para 25,26% do capital do banco. “É um bom sinal o reforço dos grandes acionistas”, disse. A Sonangol tem até ao final do ano para reforçar a sua participação no capital da instituição já que termina a autorização dada pelo Banco Central Europeu.

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Fosun reforça no BCP. Ações aceleram quase 5%

  • Rita Atalaia
  • 12 Setembro 2017

Os investidores estão mais confiantes nos títulos do BCP. Depois de a Fosun ter reforçado a sua participação no banco liderado por Nuno Amado, as ações estão a recuperar. Sobem quase 5%.

O BCP está a recuperar. O banco liderado por Nuno Amado já conseguiu anular as perdas de segunda-feira, subindo mais de 5%. Ganhos que se seguem ao reforço da Fosun no capital social da instituição financeira, num sinal de confiança “no caminho do BCP”, de acordo com o presidente da instituição financeira. Para os analistas, os títulos devem continuar voláteis e a trazer oportunidades aos investidores.

Os títulos do BCP têm oscilado. Caíram durante quatro sessões consecutivas, para depois recuperarem e voltarem a cair 5%. Hoje, o dia é de ganhos. As ações do banco estão a acelerar 4,75% para 21,15 cêntimos. Mas já chegaram a tocar os 21,32 cêntimos durante a sessão desta terça-feira. “Esta volatilidade atrai diversos investidores particulares (pois cria oportunidades de trading de curtíssimo prazo), que por sua vez exacerbam a magnitude dos movimentos dos títulos”, afirmam os analistas do BPI, no Diário de Bolsa.

BCP acelera mais de 5% após queda expressiva

A recuperação acontece depois de a Chiado, filial do grupo Fosun, ter anunciado que passou a deter uma participação de 25,16% no capital social do banco. A filial do grupo Fosun detinha 23,92% do capital social do BCP, registando-se um aumento de 1,24 pontos percentuais. Isto no mesmo dia em que foi anunciado que o Norges Bank reforçou igualmente a sua participação, passando a deter 2,544% do capital social do BCP. Para o CaixaBI, é uma “notícia positiva na medida em que traduz o reforço de confiança do maior acionista do BCP”.

Esta volatilidade atrai diversos investidores particulares (pois cria oportunidades de trading de curtíssimo prazo), que por sua vez exacerbam a magnitude dos movimentos dos títulos.

Analistas do BPI

O presidente da instituição financeira, Nuno Amado, também afirmou que este reforço demonstra confiança no banco. “Este reforço está alinhado com o interesse estratégico que a Fosun oportunamente comunicou ao mercado e demonstra a confiança no caminho que está a ser prosseguido pelo Millennium bcp”, considerou o gestor. Segundo Nuno Amado, o aumento da participação da Fosun “reflete o desempenho económico-financeiro do banco, incluindo a robustez do modelo de negócio e a redução dos NPE [exposição ao crédito malparado]”.

E acrescentou: “A redução [da exposição ao malparado] essa que está a decorrer a um ritmo mais intenso do que o apresentado ao mercado e aos supervisores. Isto confirma a continuada confiança de todos, investidores e reguladores na estratégia apresentada e na execução da mesma”. Isto no mesmo dia em que o secretário de Estado Adjunto e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix, afirmou que o Governo espera que a plataforma de gestão comum de créditos malparados, que será constituída pelas três maiores instituições financeiras (BCP, CGD e Novo Banco), esteja em funcionamento “no início do próximo ano”.

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BCP acusa Banco de Portugal de distorcer concorrência e de “flagrante” violação da lei e das regras

O ECO teve acesso ao processo em que o BCP acusa o Banco de Portugal de violar várias leis. Em causa, a forma escolhida de vender o Novo Banco e a garantia do Fundo de Resolução.

Nuno Amado, presidente do BCP.Paula Nunes / ECO

Deu entrada na semana passada, no Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa, uma ação em que o Banco Comercial Português (BCP) acusa o Banco de Portugal, enquanto autoridade de resolução, de proceder à venda do Novo Banco de forma “ilegal e injusta”, recorrendo a um mecanismo de capitalização contingente que é “flagrantemente violador das regras de concorrência”.

O ECO teve acesso à ação administrativa, que vai com o carimbo da sociedade de advogados Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados, e que chega ao Tribunal carregada de adjetivos: “inaceitável”, “ilegal”, “injusta”, “pesadíssima” e com acusações de violações de dezenas de leis nacionais e europeias e de quase dez princípios que são protegidos pela Constituição.

Tudo começa com um comunicado do Banco de Portugal, com a data de 31 de março, em que o regulador anunciou ter chegado a acordo com o Lone Star para a venda de 75% do capital do Novo Banco. No documento é também anunciado um mecanismo de capitalização contingente, a ser financiado pelo Fundo de Resolução, para cobrir perdas de até 3,9 mil milhões de euros que os norte-americanos possam a vir a ter com a venda de ativos abaixo do valor a que estão registados no balanço.

O BCP sublinha várias vezes que não está contra a venda do Novo Banco, mas sim contra o mecanismo de capitalização contingente que é financiado com contribuições do setor bancário, incluindo naturalmente do próprio BCP. Como tal, a instituição liderada por Nuno Amado revela que tomou a decisão — “não de ânimo leve” — de pedir “a nulidade ou a anulação do ato administrativo” relatado no comunicado de 31 de março do Banco de Portugal a anunciar a venda do Novo Banco. Resumindo, não é contra a venda, mas está contra a forma como a venda é suportada num ato que classifica de ilegal e que está a impugnar, pretendendo que todo o processo seja declarado nulo.

A ação administrativa, com mais de 130 páginas e vários anexos, é uma espécie de tiro ao alvo à instituição liderada por Carlos Costa. Começa por queixar-se de falta de informação (os fundamentos e as deliberações que levaram à escolha do Lone Star) que foi pedida ao Banco Central em abril e até ao final da semana passada não tinha chegado.

O BCP deita mãos a um sem número de argumentos jurídicos para tentar travar o compromisso da capitalização contingente, mas o principal é este: “à luz da lei europeia, como da ordem jurídica nacional, o Fundo de Resolução apenas pode utilizar os recursos financeiros ao seu dispor aquando e para efeitos da aplicação de um instrumento de resolução”. Como esta venda não envolve um processo de resolução, o BCP considera que o Fundo de Resolução não tem nenhuma obrigação de estar a financiar uma instituição que, ademais, é um ‘player’ concorrente.

Quase duas mãos cheias de alegadas violações à Lei Fundamental

O BCP invoca vários alegados vícios formais e de violação da lei e defende que a decisão de colocar o Fundo de Resolução a financiar o ‘side bank’ do Novo Banco/Lone Star viola vários princípios da Constituição:

  • Princípio da proporcionalidade;
  • Princípio da proporcionalidade na vertente da adequação;
  • Princípio da proporcionalidade na vertente da necessidade;
  • Princípio da proporcionalidade na vertente da proibição do excesso;
  • Princípio da segurança jurídica na vertente de tutela da confiança;
  • Princípio da segurança jurídica na vertente de tutela da propriedade privada;
  • Princípio da igualdade;
  • Princípio da proporcionalidade da justiça.

Além disso, considera que a “responsabilidade assumida pelo Fundo de Resolução e pelos bancos distorce ainda a concorrência, violando as regras europeias e nacionais”. E conclui com a tese principal da acusação: “o procedimento que conduziu à seleção da Lone Star para comprador do Novo Banco foi ilegal”.

BCP relembra o princípio do ‘no creditor worse off

Além de acusar o Banco de Portugal de “violação do direito à informação”, o banco presidido por Nuno Amado alega que os bancos, que legalmente são os financiadores do Fundo de Resolução, “foram deixados completamente de fora de todo o processo de tomada das decisões ora impugnadas”.

Além de invocarem a forma — o “desrespeito da garantia constitucional de participação dos interessados nas decisões que lhes dizem respeito”, — os advogados do BCP argumentam que a decisão anunciada a 31 de março está ferida de ilegalidade em termos de conteúdo.

Afirmam que “a lei não admite uma exigência de apoio financeiro por parte do Fundo de Resolução” já depois de vendido o Novo Banco. Recorde-se que a garantia de 3,9 mil milhões de euros terá uma duração de oito anos após a venda do Novo Banco. “Em teoria, isso só seria porventura concebível se se aplicasse formalmente uma medida de resolução, desta feita ao Novo Banco”.

O Novo Banco nasceu, ele próprio, de uma resolução do Banco Espírito Santo (BES) e o que o BCP vem colocar em cima da mesa é uma nova resolução, desta feita do Novo Banco.

A decisão do Banco de Portugal e do seu governador, garante o BCP, também viola o princípio das regras bancárias do ‘no creditor worse off’, ou seja, “nenhum acionista ou credor da instituição de crédito objeto de resolução pode suportar um prejuízo superior ao que suportaria caso essa instituição tivesse entrado em liquidação”. Ora, lembram os advogados, “a opção de liquidação não comportaria custos adicionais para o Fundo de Resolução”.

Máquina de calcular: Prejuízo = 1,9 mil milhões + 831 milhões

A ação administrativa também dedica várias dezenas de páginas ao que chama de “distorção das regras de concorrência”, reclamando que as “decisões impugnadas visariam impor ao Fundo de Resolução, e indiretamente aos bancos, que financiassem uma instituição de crédito sua concorrente, cuja viabilidade não está demonstrada na ausência desse mecanismo”.

Depois, o BCP, que garante que o mecanismo de capitalização contingente é “flagrantemente violador das regras de concorrência”, deita mão à máquina de calcular para determinar o impacto que tal “ajuda” teria nas suas contas.

Conclui que a média (entre 2013 e 2016) das contribuições que suporta para o Fundo de Resolução ronda os 21,4% e relembra os 4,9 mil milhões que já foram injetados em 2014 no BES e os 3,9 mil milhões do mecanismo contingente do Novo Banco, para garantir que “é fácil perceber a dimensão dos estragos” para o BCP: 1,9 mil milhões no passado e mais 831 milhões por causa da capitalização contingente.

O banco coloca estes últimos 831 milhões de euros em perspetiva para esclarecer que representam 28% do valor de mercado do banco, ou 63% se se considerar igualmente a injeção de agosto de 2014.

No capítulo dedicado à capitalização contingente, o BCP até faz uma proposta que passaria por dar aos restantes bancos do sistema o direito de preferência quando o Lone Star decidisse alienar os ativos do chamado ‘side bank’, o que para os advogados permitiria compensar financeiramente os outros ‘players’ de uma eventual venda desses bens ao desbarato. Aliás, neste contexto, o banco recorre à teoria económica do “moral hazard” (risco moral).

“Um banco que se não mostra comercialmente viável”. Porque não uma nova resolução?

O BCP não é meigo na escolha das palavras para com o seu concorrente, e argumenta que este mecanismo corresponde a injetar dinheiro durante 8 anos para garantir “a sobrevivência de um banco que se não mostra comercialmente viável, no sentido de que não logrou, sem essa proteção, gerar ou atrair capital privado para assegurar suficientemente por essa via o cumprimento dos mínimos regulamentares a que está obrigado”.

Mais à frente na ação, sugere uma outra alternativa que seria a “promoção de uma outra decisão de resolução do Novo Banco”, que já poderia vir a contar com a ajuda do Fundo Único de Resolução europeu, fazendo naturalmente o ‘bail-in’ do banco.

A ação administrativa termina com mais duas críticas ao Banco de Portugal, que por um lado terá contribuído para a violação do princípio da tutela da confiança porque “criou a confiança na inexistência de solicitações adicionais de apoio financeiros ao Fundo de Resolução”, criticando ainda a forma como foram escolhidos os potenciais compradores do Novo Banco, por convite, “mostrando-se contrária às exigências legais de transparência e tratamento equitativo de todos os interessados”.

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BCP dispara 6%. Bolsa lidera ganhos na Europa

  • ECO
  • 8 Setembro 2017

A bolsa nacional destacou-se das pares pela positiva. A forte recuperação do BCP, que subiu mais de 6%, ditou a primeira sessão de ganhos do PSI-20 após quatro sessões.

Depois de fortes quedas, o Banco Comercial Português (BCP) deu a volta. As ações do banco chegaram a cair mais de 7%, mas acabaram por valorizar mais de 6%, recuperação que permitiu à bolsa nacional voltar aos ganhos. O PSI-20 liderou as subidas entre as principais praças do Velho Continente.

O PSI-20 fechou esta sessão a valorizar 0,54% para os 5.101,67 pontos. Destacou-se na Europa — o Stoxx 600 somou 0,15% para os 375,51 pontos — acabando por conseguir recuperar à boleia do banco liderado por Nuno Amado. Encaminhava-se para a quinta sessão consecutiva de quedas, mas inverteu a tendência mais perto do final do dia.

O BCP vem de uma série de quedas consecutivas (com a liquidez a disparar), tendo chegado a afundar um máximo de mais de 7% durante a negociação para mínimos de abril. Chegou aos 18,9 cêntimos, cotação que atirou a capitalização bolsista para baixo da fasquia dos três mil milhões de euros — 2.803 milhões de euros –, mas disparou no final da negociação. O banco fechou esta sessão com um avanço de 6,12% para os 21,17 cêntimos.

A EDP e a EDP Renováveis deram o seu contributo para o desempenho no índice nacional, com subidas de 0,49% e 0,40%, respetivamente. Por sua vez, a Galp, a Nos e a Jerónimo Martins pesaram no índice com deslizes superiores a 1%. A Sonae também encerrou no vermelho, a desvalorizar 0,64%.

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BCP afunda 5%. Já vale menos de três mil milhões em bolsa

O banco liderado por Nuno Amado continua a perder valor. Desde o último máximo, o valor de mercado encolheu já em mais de mil milhões de euros.

Lembra-se da “linha da vida” de Paulo Teixeira Pinto? Eram 10.000.000.000 de euros. Há muito que o Banco Comercial Português (BCP) está bastante aquém desse patamar, sendo que acabou de baixar mais uma fasquia, após uma série de quedas consecutivas. Os títulos, que já caem mais de 20% desde os máximos de julho, estão abaixo dos 19 cêntimos, levando a capitalização para menos de três mil milhões de euros.

BCP afunda quase 30% desde máximos

Os títulos do banco têm vindo a ceder dia após dia (com a liquidez a disparar). Baixaram dos 20 cêntimos durante esta semana, chegando aos 18,55 cêntimos nesta última sessão, após uma queda de mais de 7% — seguem a perder 5,26% para 18,90 cêntimos. Estão a negociar no valor mais baixo desde o final de abril, sendo que a queda acumulada desde máximos vai já em 28,7%, atirando o banco para “bear market”.

Correção face à escalada no arranque do ano, contexto de juros baixos do BCE, mas também receios de que o banco gaste muito dinheiro com a compra de ativos do banco polaco do Deutsche Bank, explicam uma queda acentuada que retirou mais de mil milhões de euros ao valor de mercado do banco liderado por Nuno Amado. A fatura, neste curto período de tempo, ascende já a 1.130 milhões de euros.

Perante esta perda de valor, a capitalização bolsista do BCP está, agora, em 2.803 milhões de euros. O BCP continua a ser um dos “gigantes” da praça portuguesa, estando em risco a quinta posição no “ranking”. EDP, Galp, Jerónimo e EDP Renováveis são as maiores capitalizações, sendo que com estas quedas sucessivas, o BCP fica a “lutar” com a Nos. A empresa liderada por Miguel Almeida está avaliada em 2.740 milhões de euros.

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Ursos atacam BCP. Ações caem 20% desde o máximo

O banco liderado por Nuno Amado continua a perder valor em bolsa. Afunda mais de 20% desde o último máximo, entrando em "bear market". E os abutres festejam. Estão a ganhar milhões.

O “mercado atravessa um período particularmente difícil”. A frase é de Gabriela Figueiredo Dias, a presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), utilizando-a para contextualizar o comportamento negativo do Banco Comercial Português (BCP) em bolsa. Mas se o momento é difícil, para o banco liderado por Nuno Amado está ainda mais complicado. Queda após queda, os títulos estão já abaixo dos 20 cêntimos, acumulando uma queda de mais de 20%. Os ursos tomaram conta do BCP.

Foi a 13 de julho que os títulos do banco atingiram o último pico em bolsa. Depois de uma queda ligeira no arranque do ano começou a recuperação que levou as ações a praticamente duplicarem de valor em seis meses. Uma escalada que trouxe, no verão, a correção. “A queda na cotação do BCP poderá refletir uma correção, após a forte subida desde os seus mínimos de fevereiro de 2017”, diz Albino Oliveira, gestor da Patris Investimentos. Depois de chegar aos 25,88 cêntimos, o BCP afundou até aos 19,76 cêntimos, um mínimo de abril.

Os títulos do banco têm vindo a ceder dia após dia (com a liquidez a disparar). Baixaram dos 20 cêntimos (terminaram a última sessão nos 19,95 cêntimos), elevando para 22,91% a queda no espaço de apenas um mês e meio, entrando no que nos mercados financeiros se designa por “bear market”. Uma descida expressiva que arrasou com 887 milhões de euros da capitalização bolsista da instituição, levando o valor de mercado a baixar da fasquia dos três mil milhões. Se cair mais arrisca ser ultrapassado pela Nos (2.740 milhões de euros).

BCP sob pressão. Já chegou a valer menos de três mil milhões

Além da correção, a pesar nas cotações do banco está, segundo os analistas, também o interesse na unidade polaca do Deutsche Bank. Pode estar a “deixar os investidores receosos quanto ao impacto nas contas do banco”, uma vez que a instituição vai desembolsar dinheiro quando “ainda não terminou a fase de estabilização financeira”, explica Paulo Rosa, trader do Banco Carregosa. É uma operação que pode ser “um constrangimento à distribuição de dividendos a partir de 2018/2019”, nota Pedro Lino, da Dif Broker.

Abutres aplaudem…

A “única forma de ter uma sustentabilidade a longo prazo é apresentando resultados e uma evolução favorável”, diz Nuno Amado, confrontado com as quedas recentes em bolsa. “É para isso que estamos a trabalhar”, remata o presidente executivo do BCP. Mas os investidores não parecem estar totalmente convencidos de que o banco conseguirá atingir as metas a que se propôs, nomeadamente em termos de resultados. E os abutres agradecem. Estão a ganhar dezenas de milhões de euros.

O banco sempre foi o alvo preferido dos especuladores na bolsa nacional. E continua a sê-lo, agora mais do que nunca: a percentagem do capital do BCP que está nas mãos de investidores que procuram ganhar com a queda das ações (através da chamada estratégia de short selling) atingiu recentemente um recorde de 3,79%, de acordo com os dados compilados pela CMVM. A AQR Capital Management tem a maior “fatia”: 1,4%.

…bolsa treme (bastante)

A queda do BCP pesa na carteira dos seus acionistas (apesar de fazer sorrir os especuladores), mas também na de outros investidores na bolsa nacional. É que o banco liderado por Nuno Amado é um dos títulos que maior peso tem na ponderação do índice de referência português, o PSI-20, o que faz com que o mau desempenho dos títulos leve muitas vezes a uma queda da praça lisboeta. A correlação entre o BCP e o PSI-20 é, segundo a Bloomberg, de 0,57, sendo 1 uma correlação perfeita.

No acumulado desta semana, o BCP apresenta uma desvalorização de mais de 11%, queda que leva o PSI-20 a apresentar uma descida de 4,6%, a maior semanal desde julho, levando o índice a tocar mínimos de maio. Apesar da queda, a bolsa continua com um saldo positivo de 8,45% desde o início do ano, assim como o BCP, que ganha 8,15%. É, ainda assim, um dos piores desempenhos entre as 19 cotadas do PSI-20.

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Nuno Amado: “Temos o dever de defender os interesses dos acionistas”

  • Rita Atalaia
  • 4 Setembro 2017

O presidente do BCP diz que o banco tem o deve de "criar valor para os acionistas" e clarificar o processo de venda do Novo Banco. "Tomámos uma decisão muito equilibrada", defende Nuno Amado.

O presidente do BCP diz que a decisão de avançar com um processo para travar a garantia de 3,9 mil milhões de euros concedida pelo Fundo de Resolução na venda do Novo Banco aos americanos do Lone Star é “equilibrada”. Nuno Amado refere que é a obrigação do banco “criar valor para os acionistas” e “clarificar os aspetos legais” em torno da alienação do banco de transição ao fundo norte-americano.

“Tomámos uma decisão muito equilibrada”, defende Nuno Amado na sessão que assinala o 30.º aniversário da admissão do BCP na bolsa portuguesa, referindo-se ao facto de o banco ter decidido ir para tribunal contestar a garantia concedida pelo Fundo de Resolução na venda do Novo Banco. “Temos de rentabilizar o nosso negócio, a nossa atividade e, com isso, criar o valor que os acionistas merecem”, afirma. “Temos a obrigação de defender os interesses do banco.” E isto sem suspender a venda do Novo Banco.

“Como sabem, não existe informação suficiente”, por isso “não tivemos alternativa a não ser colocar uma ação para clarificar a decisão tomada”, refere. As declarações são feitas depois de o BCP ter avançado com um processo para travar a garantia de 3,9 mil milhões de euros concedida pelo Fundo de Resolução na venda do Novo Banco aos americanos do Lone Star, como apurou o ECO junto de fontes de mercado. O processo terá sido contra o Banco de Portugal na qualidade de autoridade de resolução, mas não foi possível confirmar oficialmente esta informação.

É uma posição de força do banco liderado por Nuno Amado, que já tinha demonstrado publicamente o seu desagrado pelo envolvimento do Fundo, que integra o universo do Estado, mas é financiado pelos bancos do sistema. Nuno Amado entende que esta garantia deve ser prestada por outra entidade do Estado diretamente e não pelo Fundo de Resolução.

A ação administrativa do BCP tem como objetivo contestar o “mecanismo de capital contingente” que o Estado dá ao Lone Star no âmbito do acordo de venda do Novo Banco e que será acionada em função de perdas a registar no chamado side bank daquela instituição.

Apesar do processo, a instituição liderada por Carlos Costa garantiu que o processo de venda do Novo Banco prossegue sem alterações. O Banco de Portugal assinala que a venda decorrerá no calendário acordado uma vez que o BCP não pretende travar a venda, mas sim a garantia dada pelo Fundo de Resolução de 3,9 mil milhões de euros.

Ações em queda. É para continuar?

Sobre o desempenho das ações, que têm estado em queda nas últimas sessões, Nuno Amado refere que a “única forma de ter uma sustentabilidade a longo prazo é apresentado resultados e uma evolução favorável”. “É para isso que estamos a trabalhar”, refere o presidente do BCP.

No mesmo evento comemorativo, a presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários afirmou que o regulador tem consciência “de que o mercado atravessa um período particularmente difícil. E o BCP insere-se nesse contexto“. Gabriela Figueiredo Dias refere, contudo, que se deve “desdramatizar”. “Todos sabemos que o mercado tem comportamentos cíclicos”, por isso “este não é certamente o fim da história”.

O banco liderado por Nuno Amado não para de cair — recuou 1,55% para 22,30 cêntimos, tendo acumulado uma queda de mais de 10% no último mês. Descidas expressivas que devem refletir um movimento de correção, mas também os receios dos investidores quanto ao impacto financeiro que a eventual compra da unidade polaca do Deutsche Bank possa ter nas contas.

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“Bomba H” assusta bolsas europeias. Lisboa não escapa

  • Juliana Nogueira Santos
  • 4 Setembro 2017

O novo teste balístico levado a cabo pela Coreia do Norte assustou as bolsas europeias, que registaram um dia de perdas. Lisboa não foi exceção, com o BCP e a Jerónimo Martins a pressionar.

A tensão nuclear parecia já ter acalmado, com os mercados a regressarem ao ritmo de negociação habitual, mas o fim de semana trouxe más notícias. A Coreia do Norte anunciou ter testado, com sucesso, uma bomba de hidrogénio, sendo este o maior teste que o país alguma vez levou a cabo. Os receios do início de uma crise nuclear puseram os mercados europeus em sentido e os investidores a procurar refúgio no ouro.

Na Europa, as bolsas pintaram-se de vermelho, registando perdas de 0,2% a 0,7%. O Stoxx 600 caiu 0,50%, enquanto o espanhol Ibex-35 perdeu 0,78%. Em Portugal, o PSI-20 também tremeu, tendo encerrado a sessão desta segunda-feira a perder 0,61%, com apenas quatro cotadas em terreno positivo.

A pressionar o principal índice bolsista português esteve o BCP que, no dia em que comemorou 30 anos de negociação em bolsa, caiu 1,55%. As ações estrearam-se a valer 200 contos — 1.000 euros, sem contabilizar a inflação –, mas encerraram esta sessão comemorativa a valerem 22,3 cêntimos. Seguiu-se a retalhista Jerónimo Martins que perdeu 1,21% para os 16,68 euros e a Corticeira Amorim, que derrapou 2,83% para 11,31 euros.

A Ibersol foi uma das quatro cotadas que conseguiu contornar a pressão vendedora, tendo atingido máximos intradiários. O grupo de restauração, dono de insígnias como a Pizza Hut, a Burguer King e a KFC, avançou 4% para 12,01 euros, mas chegou aos 8,16% de valorização durante esta sessão. Na passada semana foram conhecidos os resultados relativos ao primeiro semestre deste ano, com os lucros a registarem um aumento de 10,2%. O volume de negócios também aumentou 19,4% para os 129 milhões de euros.

PSI-20 segue a Europa

Nas situações de maior tensão geopolítica, os investidores tendem a procurar os ativos mais seguros, como é o caso do ouro. Com o furacão Harvey a provocar danos massivos nos EUA e as ameaças nucleares a adensarem-se, o metal amarelo segue a renovar máximos de junho de 2016, com cada onça a valer 1.334,63 dólares.

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Ação do BCP “não deve impedir a venda” do Novo Banco

  • Rita Atalaia
  • 4 Setembro 2017

Analistas acreditam que a ação judicial do BCP contra a garantia dada na venda do Novo Banco não vai impedir a alienação do banco de transição. Uma certeza que já tinha sido dada pelo próprio BCP.

Os analistas acreditam que o processo judicial do BCP contra a decisão de o Fundo de Resolução dar uma garantia aos donos do Novo Banco não vai impedir a venda do banco de transição. Uma certeza que já tinha sido dada pelo próprio banco liderado por Nuno Amado. E o Banco de Portugal garantiu que a operação não vai derrapar por causa deste processo.

“Realçamos que o comunicado do BCP mencionou que os procedimentos não devem impedir legalmente a venda no prazo previsto”, referem analistas do BPI. Segundo a instituição liderada por Nuno Amado, a ação em tribunal “não visa nem comporta a produção de quaisquer efeitos suspensivos da venda do Novo Banco e, consequentemente, dela não resulta legalmente nenhum impedimento à sua concretização nos prazos previstos, centrando-se exclusivamente naquela obrigação de capitalização”.

"Realçamos que o comunicado do BCP mencionou que os procedimentos não devem impedir legalmente a venda no prazo previsto.”

Analistas do BPI

O BCP avançou no final da semana com um processo para travar a garantia de 3,9 mil milhões de euros concedida pelo Fundo de Resolução na venda do Novo Banco aos americanos do Lone Star, como avançou o ECO em primeira mão. O processo terá sido contra o Banco de Portugal na qualidade de autoridade de resolução, mas não foi possível confirmar oficialmente esta informação. É uma posição de força do banco liderado por Nuno Amado, que já tinha demonstrado publicamente o seu desagrado pelo envolvimento do Fundo, que integra o universo do Estado, mas é financiado pelos bancos do sistema. Nuno Amado entende que esta garantia deve ser prestada por outra entidade do Estado diretamente e não pelo Fundo de Resolução.

Como recordam os analistas do CaixaBI, “as condições acordadas incluem a existência de um ‘mecanismo de capitalização contingente’, nos termos do qual o Fundo de Resolução se compromete a realizar injeções de capital no caso de se materializarem algumas condições cumulativas:

  1. O desempenho de um conjunto delimitado de ativos do Novo Banco.
  2. Com a evolução dos níveis de capitalização do banco”.

A ação administrativa do BCP tem como objetivo contestar o “mecanismo de capital contingente” que o Estado dá ao Lone Star no âmbito do acordo de venda do Novo Banco e que será acionada em função de perdas a registar no chamado ‘side bank’ daquela instituição.

Apesar do processo, a instituição liderada por Carlos Costa garantiu que o processo de venda do Novo Banco prossegue sem alterações. O Banco de Portugal assinala que a venda decorrerá no calendário acordado uma vez que o BCP não pretende travar a venda, mas sim a garantia dada pelo Fundo de Resolução de 3,9 mil milhões de euros.

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A linha da vida do BCP: dos 200 contos aos 20 cêntimos

O BCP estreou-se em bolsa há precisamente 30 anos a valer 200 contos. O ECO foi aos arquivos da Bolsa de Lisboa e mostra-lhe os altos e baixos que marcaram a história do maior banco privado português.

O ECO teve acesso ao primeiro relatório e contas do BCP após a estreia em bolsa, publicado no Boletim de Cotações da Bolsa de Valores de Lisboa no dia 3 de setembro de 1987.Euronext Lisbon

“Aviso: Faz-se público que foram admitidas à cotação no mercado oficial 550.000 acções no valor nominal de 10.000 escudos cada um do Banco Comercial Português, S.A., correspondentes ao actual capital social da empresa e representadas por títulos de 1, 10 e 100 acções. Bolsa de Valores de Lisboa, 2 de Setembro de 1987. O Presidente da Comissão Directiva, António Braz dos Santos“.

Começou assim a vida do BCP na bolsa portuguesa há precisamente 30 anos. É uma história de relativo sucesso no mercado de capitais, marcada por altos e baixos, conflitos e guerras entre acionistas e casos de polícia. Mas também de resiliência face às inúmeras diversidades e obstáculos que foi superando ao longo do tempo e que chega aos dias de hoje com dois grandes acionistas de referência em nova luta pelo controlo do maior banco privado português: os chineses da Fosun e os angolanos da Sonangol.

Aviso no Boletim de Cotações da Bolsa de Valores de Lisboa

Boletim de Cotações da Bolsa de Valores de Lisboa do dia 3 de setembro de 1987. Admissão do BCP foi aprovada no dia anterior.Euronext Lisbon

Estávamos no início de setembro de 1987. Fundado dois anos antes por pouco mais de duas centenas de acionistas em nome individual, entre os quais Américo Amorim, Ferreira da Silva, Jorge Jardim Gonçalves, Pedro Teixeira Duarte e Ângelo Ludgero Marques, aos quais se associaram muitas empresas como a Vista Alegre, Têxtil Manuel Gonçalves, Salvador Caetano e Revigrés, entre outras, o Banco Comercial Português S.A. chegou ao mercado de capitais em plena época de euforia bolsista. Nesse ano, mais de 90 empresas e bancos tinham sido admitidos na bolsa de valores portuguesa.

A 4 de setembro chegaram à praça 110 mil ações do BCP da classe “Portador” e outras 440 mil ações do BCP “Nominativas e Portador Registado”, num total de 550 mil títulos com o valor nominal de dez contos cada (50 euros, sem contar com o efeito da inflação). Mas a primeira sessão de sempre do BCP não registou sequer qualquer movimento: zero ações trocadas porque nenhum dos acionistas quis vender ações naquele dia apesar de ordens acima dos 100 contos, segundo o Boletim de Cotações da Bolsa de Valores de Lisboa relativo aquela sessão e que foi cedido pela Euronext Lisbon ao ECO.

Assim, foi apenas na sessão do dia 9 de setembro que os primeiros papéis começaram a andar de mão em mão. Não foram muitos na verdade: 350 títulos. A que preço? As ações ao portador (cujo detentor não se conhecia) fecharam a sessão nos 200 contos. Sim, 200 contos que convertidos em euros (sem contabilizar a inflação) dão 1.000 euros. As ações “Nominativas e Portador Registado” custavam 160 contos. Eram os títulos mais caros da bolsa nacional, o que condicionava a sua liquidez. O BPI, por exemplo, tinha um preço de 25 contos (Portador) e 15 contos (Nominativas e Portador Registado).

Boletim de cotações no dia 9 de setembro: última ação negociada do BCP valia 200 contos

Boletim de Cotações da Bolsa de Valores de Lisboa do dia 9 de setembro de 1987.Euronext Lisbon

O entusiasmo inicial depressa foi contaminado pela conjuntura internacional. E os primeiros meses de vida na bolsa viriam a revelar-se premonitórios quanto ao resto da história do BCP na bolsa: aumento de capital atrás de aumento de capital, perdas para os acionistas, mas ao mesmo tempo demonstração de resistência mesmo em situações de grave crise. Até hoje.

No final de setembro de 1987, as ações ao portador chegaram a valer cerca de 280 contos (cerca de 1.400 euros), tocando o valor mais elevado de sempre, num período bastante positivo nas bolsas mundiais. Entrou outubro e os mercados colapsaram com um crash na bolsa de Nova Iorque. Numa só sessão, a 19 de outubro, o índice americano Dow Jones afundou 20%. O BCP foi arrastado.

No primeiro relatório e contas apresentado pós-entrada em bolsa, Jardim Gonçalves resumia o ano desta forma: “Não é possível fazer uma referência ao ano económico de 1987 sem nos determos naqueles que terão sido os factos mais marcantes no mundo dos negócios. Refiro-me, bem entendido, à queda do dólar norte-americano e à crise que afetou o mercado de capitais nas praças financeiras mais significativas dos países de economia de mercado. (…) Ao terminar o ano de 1987, as principais bolsas mundiais não se recuperaram ainda da queda sofrida em Outubro…”

Jardim Gonçalves durante uma conferência de imprensa em junho de 1999, na sede do BCP, a propósito da Operação Publica de Troca que lançou sobre as ações da Mundial Confiança.

Para os acionistas do BCP, outubro, novembro e dezembro de 1987 trouxeram uma desvalorização das ações de 70%. No final do ano, um título do BCP ao portador “já só” valia 86 contos — longe dos 280 contos do final de setembro.

Mensagem de Jorge Jardim Gonçalves no relatório e contas de 2017

Mensagem do presidente executivo do BCP no relatório e contas de 1987 apresentado na Bolsa de Valores de Lisboa.Euronext Lisbon

Apesar do mau desempenho bolsista, como reconhecia o presidente executivo, 1987 dificilmente poderia ter corrido melhor para o BCP em termos operacionais. Foi um ano de forte expansão do negócio e de dimensão do banco, seja em termos de recursos obtidos, créditos concedidos, número de trabalhadores até número de… computadores.

Fechou o ano com lucros de 1,7 milhões de contos face aos 80 mil contos registados em 1986, segundo a demonstração de resultados apresentada na Bolsa de Valores de Lisboa e cedida pela Euronext ao ECO. Os recursos de clientes multiplicaram-se por cinco para 105 milhões de contos e funcionários já eram quase 500, o dobro do ano anterior.

Primeira demonstração de resultados do BCP na bolsa

Síntese de indicadores económicos, financeiros e operacionais do BCP em 1987.Euronext Lisbon

No mesmo relatório, Jardim Gonçalves salientou a consolidação do banco nesse ano. “O Banco Comercial Português veio, nesse aspeto, a consolidar uma posição de grande destaque cotando-se, pelo volume de consultas, pelo número e montante das operações realizadas e pela qualidade dos seus interlocutores internacionais, como um dos principais operadores e, como tal, tornando-se um observador privilegiado das tendências de negócio”.

“Uma Palavra do Presidente” assinada por Jardim Gonçalves nas contas de 1987

Uma Palavra do Presidente com a assinatura de Jorge Jardim Gonçalves.Euronext Lisbon

A linha da vida

No final de 1987, o BCP apresentou-se com uma capitalização bolsista de 220 milhões de euros. Só em 1993 superou a fasquia importante dos 1.000 milhões de euros, num período em que o crescimento do banco se fez sobretudo por via orgânica. Aquisições de bancos só no ano a seguir: comprou o Banco Português Atlântico em 1994.

Mais compras surgiram nos anos a seguir, financiadas por sucessivos aumentos de capital que alimentavam o apetite aglutinador do BCP no setor financeiro nacional, e num momento particularmente positivo na economia, em convergência com a União Europeia. Depois do Atlântico em 1994 seguiram-se o Banco Mello e o Banco Pinto & SottoMayor, concretizadas em 2000. Foi precisamente no final desse ano que o BCP atingiu o maior valor de mercado na sua história, acima dos 11.600 milhões de euros.

Valor de mercado do BCP entre 1987 e 2007

Fonte: Bloomberg

O ano de 2002 acabou por marcar um profundo revés (mais um) no valor do banco na bolsa. Passou de um market cap de 10.000 milhões para metade em apenas 12 meses, já a economia dava sinais de forte desaceleração face às taxas apresentadas na década anterior. Nesse ano a economia cresceu menos de 1%. E em 2003 contraiu mesmo.

O BCP foi recuperando valor nos anos seguintes, à boleia também da internacionalização do negócio — sobretudo Polónia e Grécia e junto das comunidades luso-descendentes, incluindo Angola e Moçambique.

Em 2006, voltou a superar a fasquia dos 10.000 milhões — a fasquia a que Paulo Teixeira Pinto chamava de “linha da vida do BCP” — e deu um sinal de força quando anunciou uma oferta para adquirir a totalidade (oferecia sete euros por ação) do Banco BPI. O processo de OPA encerrou sem sucesso em maio de 2007, ano em que o BCP valorizou ainda mais apesar do público conflito entre os acionistas e administração de Paulo Teixeira Pinto. Em 2008, novo tombo.

Paulo Teixeira Pinto, presidente do Conselho de Administração do BCP, antes da conferência de imprensa sobre a OPA anunciada sobre o BPI, em marco de 2006, no Palácio da Bolsa no Porto.

Guerra pelo poder

Em 1984, numa reunião no Hotel Infante de Sagres, no Porto, que serviu de rampa de lançamento do BCP, ficaram algumas das ideias-chaves acerca do que deveria ser o modelo de governo do banco: “O novo banco não poderia ser uma espécie de self-service dos acionistas, cabendo integralmente aos administradores a responsabilidade e autonomia de gestão, assim como a possibilidade de se prever, nos estatutos, a possibilidade de a Assembleia Geral poder nomear alguns membros para colaborar com o Conselho de Administração, em assuntos relevantes para a sustentabilidade do banco”. (1)

Em 1987, os órgãos sociais estavam assim distribuídos: Jorge Jardim Gonçalves liderava o conselho de administração, onde estavam ainda Eduardo Consiglieri Pedroso, Eurico Ferreira Nunes, Francisco Ferreira da Silva e Luís Mota Freitas; a mesa da Assembleia Geral tinha António Teixeira de Melo como presidente por impedimento de Luís Valente de Oliveira; e Ricardo Bayao Horta era o presidente do Conselho Fiscal do BCP.

Órgãos sociais do BCP em 1987

Apresentação dos órgãos sociais do BCP no relatório e contas de 1987.Euronext Lisbon

Mais de duas décadas depois, em 2007, estes ideais anunciados naquele hotel do Porto foram desvirtuados pela luta de poder entre os acionistas e órgãos sociais do BCP. Foi o período mais quente da vida do banco.

De um lado Jardim Gonçalves, histórico ex-presidente do BCP, e acionistas de referência como a construtora Teixeira Duarte. Do outro Paulo Teixeira Pinto, que havia substituído Jardim Gonçalves dois anos antes, e o grupo dos sete, como ficaria conhecido o grupo composto pelos acionistas Manuel Fino, Vasco Pessanha, Diogo Vaz Guedes, Bernardo Moniz da Maia, Filipe de Botton, João Pereira Coutinho e Joe Berardo.

Foram lançadas propostas para reforçar os poderes do conselho de supervisão liderado por Jardim Gonçalves, incluindo a nomeação do presidente do conselho executivo e reforço da dos mecanismos de blindagem do estatutos do BCP e que os aliados de Teixeira Pinto rejeitaram. Em resposta, os apoiantes de Teixeira Pinto propuseram alterações no governo societário e nos estatutos do banco. Neste impasse, os ataques públicos entre Jardim Gonçalves e Teixeira Pinto subiram de tom. Propôs-se a destituição de administradores.

Mas a assembleia geral de 27 de agosto, que definiria o futuro banco, deixou tudo na mesma. “Foram retiradas, pelos respetivos proponentes, as propostas relativas aos pontos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 da ordem de trabalhos, não tendo sido apresentada qualquer proposta relativa ao ponto 8, pelo que não ocorreu qualquer deliberação sobre os pontos da ordem de trabalhos“, comunicou o BCP ao mercado. Paz no banco? Nem por isso.

Novo afundanço na bolsa e a Sonangol

Ainda que a batalha dos acionistas não tenha beliscado o valor do banco, que fechou 2007 com uma capitalização bolsista de 10.545 milhões de euros, o ano seguinte veio a provocar uma destruição tremenda para os acionistas. Terminou o ano a valer apenas 3.826 milhões de euros, refletindo uma queda de 60% face a 2007.

Foi um ano de terror nas bolsas, fortemente impactada pela crise do subprime que culminou com a falência do Lehman Brothers no dia 15 de setembro de 2008.

E foi precisamente nesse ano que se deu a entrada da petrolífera estatal angolana Sonangol, robustecida pelo elevado preço do petróleo, no BCP. “Em maio e setembro de 2008, o banco celebrou acordos de parcerias estratégicas com a Sonangol e o BPA. O conjunto de instrumentos (…) prevê, designadamente, uma participação indicativa de referência pela Sonangol no capital social do BCP e a apresentação aos acionistas do BCP de proposta de designação de um membro da Sonangol para integrar os corpos sociais do BCP”, lê-se na história do banco publicada no seu site.

Da nacionalização à China

À crise do subprime nos EUA sobrepôs outra: as crises das dívidas soberanas na Zona Euro, que atingiram sobretudo a Grécia (2010) e Portugal (2011), dois dos principais mercados do BCP e onde o banco havia investido bastante em dívida pública, o que deixava a instituição exposta a um elevado risco.

Voltaram a suceder-se os aumentos de capital. Mas, ao invés de financiar o crescimento do banco como na década de 90, estes já só serviram para garantir sua sobrevivência. De resto, o BCP até teve de se socorrer da ajuda do Estado que lhe empresta 3.000 milhões de euros para evitar um outro destino mais fatal, numa altura em que o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco de Portugal apertavam as regras para garantir que a desconfiança do mercado não se alastrava ao sistema financeiro.

O Estado entrou no banco já no final de 2012, com Nuno Amado já na liderança. Ainda antes de ser aprovado o plano de reestruturação, que previa uma redução da dimensão do banco no mercado nacional e internacional em julho de 2013, o BCP vendeu a operação na Grécia, onde detinha o Millenium Bank. Vendeu depois o negócio na Roménia, mantendo o Bank Millenium na Polónia, além das operações estratégicas em Angola e Moçambique.

Ao mesmo tempo, na bolsa, a cotação seguia cada vez mais deprimida. Fechou 2011 a valer menos de 1.000 milhões de euros. Recuperaria nos anos seguintes mas voltaria à casa dos 1.000 milhões em 2016, com o crédito em incumprimento a passar uma fatura pesada no bolso dos acionistas do banco. Por esta altura, o título negociava na casa de um a dois cêntimos.

O final de 2016 marcou um novo capítulo na história do banco. Sem capital, os acionistas foram “obrigados” a abrir a porta à entrada aos chineses da Fosun, de onde vinham os únicos grupos com capacidade financeira. A entrada deu-se em fevereiro de 2017, com o aumento de capital de 1.300 milhões de euros, e que conferiu aos chineses o estatuto de maior acionista do banco. Já detêm um quarto do capital do banco e uma intenção de resposta dos angolanos da Sonangol na disputa pelo título de grande acionista do banco.

O último dinossauro, mas pequeno

Três décadas depois, o BCP resiste na bolsa e o facto não passou despercebido à Euronext, que realiza esta segunda-feira uma cerimónia para celebrar a efeméride. A iniciativa acontece num momento em que o BCP regressa às primeiras páginas dos jornais, já que anunciou na sexta-feira um processo para tentar travar a garantia de 3,9 mil milhões de euros que foi concedida pelo Fundo de Resolução na venda do Novo Banco aos americanos do Lone Star.

Nuno Amado, atual presidente do BCP.Paula Nunes / ECO

O banco fechou o mês de agosto a valer pouco mais de 3.300 milhões de euros na bolsa e é o dinossauro que resta da banca portuguesa no PSI-20, depois de os últimos anos terem levado BES, Banif, BPI e, ao que tudo indica, o Montepio, acentuando o declínio da importância do setor financeiro na representatividade do mercado.

Quem manda no PSI-20?

Fonte: Bloomberg

Longe, bastante longe da capitalização bolsista dos 10.000 milhões de euros de 2000 e 2001 ou 2006 e 2007, a tal linha de vida do banco, o BCP surge assim no quinto lugar de maior cotada em market cap da bolsa nacional, atrás da EDP, Galp, Jerónimo Martins e EDP Renováveis.

Na verdade, depois de se ter estreado nos 200 contos, ou 1.000 euros, a ação chega ao 30.º aniversário em bolsa em baixo de forma e a tentar máximos do ano nos… 26 cêntimos.

Desempenho do BCP desde o início do ano

Fonte: Bloomberg

Em termos de operação, o banco que obteve um lucro de 80 mil contos e que dizia que tinha 200 computadores em 1986 é atualmente o maior banco privado português — ainda que rivalize com o espanhol Santander Totta pelo título de segundo maior banco privado a operar em Portugal. A liderança está entregue ao banco público, a Caixa Geral de Depósitos.

(1) Dicionário de História Empresarial Portuguesa, Séculos XIX e XX, Volume I Instituições Bancárias, da autoria de Miguel Figueira de Faria e José Amado Mendes

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BCP confirma processo em tribunal e contesta garantia ao Novo Banco

O BCP confirmou, em comunicado enviado à CMVM a notícia avançada pelo ECO de que avançou para tribunal contra a decisão de o Fundo de Resolução dar uma garantia aos novos donos do Novo Banco.

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o BCP revela que avançou para tribunal contra a decisão de o Fundo de Resolução dar uma garantia aos novos donos do Novo Banco, uma notícia avançada esta sexta-feira em primeira mão pelo ECO.

No comunicado enviado ao regulador, o banco explica que “após ter transmitido reservas relativamente à obrigação de capitalização contingente pelo Fundo de Resolução que foi anunciado estar incluída em acordo de venda do Novo Banco, decidiu, perante o termo do prazo legal e por cautela, solicitar a apreciação jurídica respetiva em ação administrativa.”

Esta diligência, segundo a instituição liderada por Nuno Amado, “não visa nem comporta a produção de quaisquer efeitos suspensivos da venda do Novo Banco e, consequentemente, dela não resulta legalmente nenhum impedimento à sua concretização nos prazos previstos, centrando-se exclusivamente naquela obrigação de capitalização.”

De acordo com várias fontes contactadas pelo ECO, a decisão foi aprovada esta semana em conselho de administração do BCP e foi formalizada esta sexta-feira.

No comunicado, o banco não especifica contra quem é o processo, mas o ECO sabe que terá sido contra o Banco de Portugal, na qualidade de autoridade de resolução. Mas até agora ainda não foi possível confirmar oficialmente esta informação.

Em causa está a garantia de 3,9 mil milhões de euros concedida pelo Fundo de Resolução na venda do Novo Banco aos americanos do Lone Star. Este mecanismo — designado de capital contingente — prevê que, caso os norte-americanos vendam os ativos mais problemáticos do Novo Banco abaixo do valor a que estejam contabilizados no balanço, e se essa venda provocar uma erosão no valor dos capitais, o Fundo de Resolução possa cobrir a diferença, até um limite de 3,9 mil milhões de euros.

Como o Fundo de Resolução é financiado através de contribuições (regulares e extraordinárias) do setor, os bancos temem o impacto que essa garantia dada ao negócio da venda do Novo Banco possa ter nas suas próprias contas.

A notícia caiu como uma bomba nos meios financeiros e políticos e o ECO sabe que o próprio primeiro-ministro António Costa foi surpreendido com a decisão e já terá mesmo feito saber ao presidente do BCP o seu desagrado por esta iniciativa legal.

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BCP volta a cair e leva Lisboa consigo

Há quatro sessões que as ações do BCP estão em queda. Banco volta a ceder terreno esta quarta-feira, arrastando a bolsa nacional. Lá por fora, dia de acalmia após escalada da crise na Coreia do Norte.

As ações do BCP voltam a cair na bolsa de Lisboa, depois de ontem terem chegado a afundar quase 5%. O banco continua a ser pressionado pelo mercado pela quarta sessão consecutiva, com os analistas a justificarem este sentimento negativo com o impacto da eventual compra das operações do Deutsche Bank na Polónia e com o movimento de correção da cotação depois de a instituição liderada por Nuno Amado ter acumulado ganhos acentuados desde o início do ano.

O BCP cede 1,09% para 0,2176 euros. Na sessão desta terça-feira, os títulos chegaram a cair 4,7%, refletindo a forte aversão ao risco que os mercados internacionais por causa do míssil que a Coreia do Norte disparou contra o mar do Japão.

quatro sessões consecutivas que o BCP segue sob pressão, mas a tendência dos últimos dois meses tem sido negativa. Desde que atingiu máximos do ano em meado de julho, a capitalização bolsista do banco sofreu um revés de 600 milhões de euros, passando de um valor de mercado de 3,9 milhões de euros para 3,3 mil milhões em cerca de mês e meio.

Os analistas ouvidos pelo ECO associam este mau desempenho ao facto de o BCP estar na corrida pela compra das operações do Deutsche Bank na Polónia, considerando que os investidores receiam o impacto que o eventual negócio poderá ter na posição financeira da instituição.

Lisboa também cede

Com este mau desempenho do BCP, Lisboa também segue agora em terreno negativo, depois de um arranque de sessão em alta. O PSI-20, o principal índice português, perde 0,03% para 5.109,89 pontos, sendo a única praça no Velho Continente a negociar em terreno negativo. Destaques em Lisboa para as ações da Mota-Engil, que aceleram 3% para 2,43 euros, depois de ter apresentado resultados positivos no primeiro semestre.

Lá por fora, os ganhos em Madrid, Paris, Frankfurt e Londres não iam muito além dos 0,5%.

“O dia de hoje irá ser importante para perceber se existe força para que a tendência altista continue e se os investidores se sentem mais calmos depois da volatilidade do dia de ontem”, referiu João Tenente, gestor da corretora XTB.

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